Rafael

Stephen King é um escritor tão vasto que de suas obras já foram extraídos filmes fantásticos e filmes péssimos. Misery é um dos fantásticos, talvez o melhor que já tenha visto de uma adaptação de King. É a evidência cinematográfica de que um roteiro simples, mas bem trabalhado, e com atores de primeira linha, são o que fazem grandes filmes. São poucos os filmes que me instigam a ler os livros do qual foram adaptados; esse com certeza lerei.

Gravidade, na minha opinião, é um marco na história do cinema contemporâneo. Alcançou, na questão técnica, um patamar nunca antes visto no formato 3D. E o essencial do filme é que não se perde na questão técnica, muito pelo contrário, ela se torna apenas um complemento de uma beleza muito mais grandiosa que a história, o cenário e os personagens evocam. Não sei como alguém pode ter dito que esse filme é entediante. É de uma vertigem infinita quando ela fica a deriva girando pelo espaço, perturbador. A analogia com o parto é genial, de dentro daquela roupa, protegida da hostilidade mortal do vácuo, sendo a proteção do útero, acompanhamos o (re)nascimento de uma mulher, até finalmente vir à luz. Não sei, acho que no final do filme senti um amor incondicional pela Terra e pelo abrigo e proteção que ela nos concede.

Filme que tinha tudo pra ser entediante: longo, cansativo, totalmente cantado com breves segundos de diálogo, e mesmo assim FANTÁSTICO. Confesso não ter muita paciência pra superficialidade de alguns musicais como Hairspray, talvez pelas situações absurdas de todos estarem conversando e de uma hora pra outra começarem a cantar e dançar juntos. Os Miseráveis soa muito mais poético e menos irreal sendo totalmente cantado (sim, acredite), como uma ópera soberba. Anne Hathaway faz uma aparição curta e memorável, mas o destaque do filme é mesmo o Hugh Jackman, digno de todos os Oscars possíveis, retratando fielmente a miserabilidade de um homem como poucos o fizeram. O filme talvez seja mais longo do que deveria e depois da metade começa a cansar um pouco, no entanto qualquer cansaço se esvai perante a grandiosidade daquele final com a redimição de Jean Valjean e a adaptação menos simplória de velhos valores que não devem ser esquecidos.