Meu deus, ver as entrevistas dos chilenos raivosos nesse documentário é tipo assistir nos nossos telejornais as panelas sendo amassadas. Obrigatório pros brasileiros, pros latino-americanos e pra qualquer que esteja curtindo a sua democracia neste momento.
Se estende mais do que o necessário, mas no fim das contas nos importamos com os Poplin e com a dinâmica que eles estabelecem com o policial. E, puxa, me emocionei na cena em que eles assistem ao Papa-léguas. Além de mostrar marcas que viriam a ser recorrentes na filmografia do Spielberg, como o reflexo da tela no rosto do personagem, é impossível não pensar "caramba, eles são só duas crianças".
Apesar de ter notado no filme vários defeitos, que vão desde os cortes excessivos à composição pouco simpática do protagonista, não pude deixar de me sentir imerso, de me surpreender com o final (mesmo que este estivesse gritando na minha cara o tempo todo, eu não percebi nada!), de invejar uma vida rebelde que não tenho, de me identificar com a preocupação que sente o personagem do maravilhoso Remo Rocha, enfim, de gostar do filme. Uma análise puramente objetiva não me permite dizer tantos elogios, mas que eu caí como um tolo na pretensão poética do diretor, ah se caí!
Começa bem, mas perde o fôlego por causa do roteiro trôpego. A protagonista é excelente, o filme é visualmente inventivo e muito bem dirigido e musicado, porém os trigêmeos são chatinhos, a simpática bruxa é dispensada sem mais nem menos e o urso-vilão nem tem tempo de assustar, de tão mal desenvolvida que é sua "história". De qualquer forma, Valente surpreende por provocar ótima reflexão acerca do machismo, que não se restringe à era medieval em que o filme se passa, mas se estende até hoje: mulheres são empurradas ao casamento o quanto antes e homens são valorizados por sua virilidade exacerbada - e tratada apropriadamente como ridícula pelo filme. Além disso,
há uma fala da rainha que me chamou a atenção: "Você nos embaraçou, você me envergonhou", algo assim, quando Mérida ganha dos pretendentes no arco e flecha. Elinor está tão condicionada ao ritual dos jovens pavonearem-se para a princesa que nem percebe que, na verdade, eles que estão sendo humilhados. A resolução da trama, infelizmente, reside numa atividade tipicamente associada ao sexo feminino, a costura, mas, apesar disto e da pieguice do momento, tem-se uma ursA vencendo, com sua inteligência e, por que não, força, um ursO.
Muito bem dirigido, roteirizado e montado, como demonstrado pelo contraste entre a cena em que se serve o 'timpano', apropriadamente frenética, e o momento contemplativo em que Stanley Tucci faz, sem corte algum, uma omelete. Filme divertidíssimo e, ao mesmo tempo, sensível. Não pode ser esquecido de jeito nenhum.
Caramba, como esse filme me deixou surpreso. Parte de uma ideia bem simples (a do casamento fingido) e possivelmente adaptada de alguma comédia popularesca, o que não é algo obrigatoriamente ruim. Mas vai se revelando um drama sensível e complexo, além de engraçado, realista e cativante. Obrigatório e subestimado!
Complexo, divertido e intrigante. Fiquei realmente surpreso e impressionado com a elegância da direção do François Ozon, com o ritmo acertado e com a fascinação que todos os personagens despertaram em mim. Proporciona uma ótima reflexão sobre a manipulação e atração que sofremos através da obra de arte. Germain, ao não conseguir pedir para Claude parar de escrever, mesmo estando consciente do perigo representado pelo último, não é igual a todos nós diante da tela do cinema ou das páginas de um livro?
"Eu poderia amar alguém, mesmo que não fosse pago pra isso. Você não me pagou, mas eu te amo". Como são altas as chances de um ator ferrar com essa fala. Mas não River Phoenix, claro. Ele não podia ter morrido tão cedo!
Às vezes me sinto um ser humano terrível quando não simpatizo com crianças em um filme. Pode ser pelo ator, pela má definição do personagem no roteiro, ou pelo filme como um todo ser ruim o suficiente para que eu não ligue para a criança. Nada disso acontece em O Espírito da Colmeia. Todos os elementos do filme funcionam muitíssimo bem, da direção de arte com as "colmeias" nas portas da casa à fotografia que evoca em alguns momentos à de Frankenstein de James Whale, mas acho que tudo seria perdido se Ana Torrent não fosse tão perfeita pro papel. A menina é tão carismática e expressiva... Compare a preocupação dela enquanto assiste ao filme de Whale com a felicidade do sorriso espontâneo quando a mãe penteia seu cabelo. Só aí ela já nos ganha pela verdade e sinceridade que nos passa. E este filme do Victor Erice é tão brilhantemente construído, cheio de atmosfera, e acaba funcionando como um sutil comentário sobre a repressão do Franco, como um estudo de relações familiares, como uma história de Ana buscando sua identidade (que culmina no "Sou Ana" que ela diz). Enfim, é incrível ver um filme que consegue ser tão mais profundo que sua (belíssima, por sinal) superfície e que alcance tão bem suas ambições.
É atrapalhado pela burrice inexplicável dos personagens em algumas situações, mas se supera por mostrar, com um bom humor surpreendente e que não dissolve o suspense, como há pessoas tão desumanas (e como isto é capaz de gerar um filme interessante, já que ele é baseado em uma notícia real) e por não nos poupar em ver imagens mais gráficas, intensas e, no caso, nada gratuitas.
Ainda é mágico ver de Celine e Jesse conversarem enquanto andam por uma bela cidade. Os dois falam da mesma forma como antes, espontâneos e verdadeiros, apesar de agora suas conversas serem mais amargas e confrontantes.
A fotografia e a direção de arte são eficientes ao retratarem a diferença dos momentos vividos durante o dia na Grécia: as cores claras do dia ainda feliz do casal, que caminham e conversam de forma romântica e madura, contrastam bem com os tons melancólicos, sérios e até tensos da noite no hotel. Também, as roupas usadas por Jesse e Celine reforçam estas mudanças: na maior parte do tempo, Jesse, mais brincalhão e feliz, usa uma camisa azul clara, como o céu ensolarado, enquanto Celine, mais impaciente, um vestido escuro, que combina com o céu da noite.
Os toques cômicos do início facilitam nossa imersão no relacionamento dos dois personagens, que continuam complexos e interessantes: Hawke e Delpy se apoiam pouco em suas construções anteriores de Jesse e Celine (o idealismo e a jovialidade aparecem menos e as discussões são em assuntos relacionados aos erros e arrependimentos passados) e a doçura de ambos tem espaço, mas às vezes contrasta com alguma verdade doída que o outro diz.
E o que eles dizem ainda é o aspecto mais interessante (no meio de tantos!): diálogos que parecem reais, fluem e são extremamente reveladores sobre os personagens (tanto sobre o casal principal quanto outros que contribuem para o filme). É certo que, mesmo que não viu os outros dois filmes conseguirá entender tudo o que se passou (se sustentar sozinha é algo fundamental para qualquer continuação), porém, em momento algum os diálogos soam artificialmente expositivos e saem de um jeito natural, poético, dramático e com uma verdade inacreditável.
Richard Linklater, por sua vez, dirige o filme de forma discreta e simples, porém eficaz. Quando segue o casal andando, sua câmera os vê quase sempre de frente e com poucos cortes, e nos permite perceber as reações de cada personagem às palavras do outro. Parece pouco, mas esta decisão, que também funcionava em Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol, ajuda a manter nosso interesse na tela. Muitos cortes atrapalhariam a fluidez dos diálogos, além de correr o risco de se tornarem, quando muito utilizados, um recurso de telenovelas. Linklater também acerta na sufocante cena dentro do hotel, enquadrando mais vezes Celine e Jesse separados, e, além disso, na cena em que os casais conversam à mesa, o diretor procura enquadrar, por muitas vezes, cada par, reforçando a ideia de que são casais felizes e que suas opiniões sobre o amor são importantes.
Se os dois outros filmes já tinham lugar garantido entre filmes que serão lembrados e respeitados por bastante tempo, este terceiro filme faz jus à reputação dos anteriores. Ainda estamos numa época em que continuações costumam dar dinheiro a seus realizadores, mas têm pouco de artisticamente relevante. Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke podem, portanto, nos presentear com mais uma obra complexa e gratificante daqui a nove anos.
A comparação com os Bourne de Doug Liman e Paul Greengrass é inevitável e não há nenhum aspecto em que O Legado Bourne seja melhor. Cenas de ação frenéticas e confusas, pouca atenção aos personagens e atuações histéricas e a caricatas, com exceção de Jeremy Renner, que, além de ser um competente astro de filmes de ação, se esforça para tornar simpático seu Aaron Cross, mas é sabotado pelo roteiro desinteressante e pela direção caótica de Tony Gilroy. Uma pena que tenham sujado a franquia Bourne dessa forma. E tudo indica que ainda vem continuação por aí.
Barbra Streisand está maravilhosa e carismática como de costume e consegue deixar sua personagem bem mais profunda, além da forma excelente que interpreta suas músicas (não apenas cantando, mas seus gestos e suas expressões etc. as tornam ainda melhores). Os figurinos e a direção de arte também são competentes. O filme como um todo, porém, não impressiona muito: é muito longo para um musical com uma história tão simples, o roteiro não é muito interessante e os números músicais são pouco inventivos, especialmente sabendo que Gene Kelly é o diretor. Streisand ilumina a tela, mas não é suficiente.
A história é um pouco familiar, mas Seth Rogen e James Franco dão atuações inspiradas e o desenrolar torna tudo ainda mais engraçado. David Gordon Green acerta também nas cenas de ação, dando energia ao filme e impedindo que pareça apenas uma série de gags.
O elenco é ótimo e todos estão confortáveis com seus personagens. As cenas de ação são muito boas e os efeitos especiais, excelentes. Tecnicamente é surpreendente. Porém, senti um certo descaso com o desenvolvimento dos personagens. Super-heróis são naturalmente intrigantes, mas o filme não mostra isso e está mais preocupado com suas gracinhas dispensáveis, do que suas características próprias. Estas gracinhas aliás, são realmente divertidas, mas não acrescentam nada ao filme e servem pra quebrar qualquer clima de tensão.
E, sinceramente, não acreditei em nenhum momento os Vingadores perderiam. Era muito herói fodão junto e obviamente haverá uma continuação, como mostrou a cena pós-créditos.
O filme é muito bom (é o melhor da Marvel), mas comete alguns erros que os anteriores não haviam cometido.
P.S.: Poupem seu dinheiro e vejam em 2D. O 3D é dispensável, igual a todos os outros filmes convertidos.
História surpreendente, personagens marcantes e atuações maravilhosas. Neil Jordan consegue criar um clima de suspense tão bom quanto o de romance. Ótimo filme!
Ótimos efeitos especiais, boas atuações e personagens surpreendentemente desenvolvidos. O roteiro é bobo, porém é tratado de forma tão interessante por Ruben Fleischer, que isso não se torna algo ruim, mas, sim, um charme a mais pro filme.
Premissa interessante e bom elenco desperdiçados por personagens mal desenvolvidos e um roteiro que se desenrola de forma muito previsível e cheia de clichês. Barbet Schroeder consegue prender a atenção até certo tempo, mas, depois que se percebe que tudo é bem óbvio, todo o suspense que havia sido construído acaba.
Os personagens parecem reais, o que aumenta o potencial dramático já grande do filme, e, apesar de não ter visto pra quê dar tanto destaque à personagem de Rinko Kinkuchi, a atriz dá a melhor performance do filme, o que é um grande mérito, pois todo o elenco é fantástico. O roteiro é ótimo, e Iñárritu consegue, ajudado pela boa montagem, entrelaçar todas as histórias de forma excelente e fluida. Enfim, Babel é um grande filme, mexe com diversas culturas e é muito impactante e realista.
A Batalha do Chile - Primeira Parte: A Insurreição da …
4.6 33Meu deus, ver as entrevistas dos chilenos raivosos nesse documentário é tipo assistir nos nossos telejornais as panelas sendo amassadas. Obrigatório pros brasileiros, pros latino-americanos e pra qualquer que esteja curtindo a sua democracia neste momento.
Killer Joe: Matador de Aluguel
3.6 881 Assista AgoraTenso, violento e engraçado. William Friedkin fez falta... E viva a McConaissance!
Louca Escapada
3.4 78 Assista AgoraSe estende mais do que o necessário, mas no fim das contas nos importamos com os Poplin e com a dinâmica que eles estabelecem com o policial. E, puxa, me emocionei na cena em que eles assistem ao Papa-léguas. Além de mostrar marcas que viriam a ser recorrentes na filmografia do Spielberg, como o reflexo da tela no rosto do personagem, é impossível não pensar "caramba, eles são só duas crianças".
Inquietos
3.9 1,6K Assista AgoraQue desagradável quando um filme grita "indie" e "quirky" no ouvido do espectador o tempo todo.
O Filho da Noiva
4.1 297Deus do céu, como chorei na cena do
casamento dos pais do Rafael
Teus Olhos Meus
4.0 577Apesar de ter notado no filme vários defeitos, que vão desde os cortes excessivos à composição pouco simpática do protagonista, não pude deixar de me sentir imerso, de me surpreender com o final (mesmo que este estivesse gritando na minha cara o tempo todo, eu não percebi nada!), de invejar uma vida rebelde que não tenho, de me identificar com a preocupação que sente o personagem do maravilhoso Remo Rocha, enfim, de gostar do filme. Uma análise puramente objetiva não me permite dizer tantos elogios, mas que eu caí como um tolo na pretensão poética do diretor, ah se caí!
Valente
3.8 2,8K Assista AgoraComeça bem, mas perde o fôlego por causa do roteiro trôpego. A protagonista é excelente, o filme é visualmente inventivo e muito bem dirigido e musicado, porém os trigêmeos são chatinhos, a simpática bruxa é dispensada sem mais nem menos e o urso-vilão nem tem tempo de assustar, de tão mal desenvolvida que é sua "história". De qualquer forma, Valente surpreende por provocar ótima reflexão acerca do machismo, que não se restringe à era medieval em que o filme se passa, mas se estende até hoje: mulheres são empurradas ao casamento o quanto antes e homens são valorizados por sua virilidade exacerbada - e tratada apropriadamente como ridícula pelo filme. Além disso,
há uma fala da rainha que me chamou a atenção: "Você nos embaraçou, você me envergonhou", algo assim, quando Mérida ganha dos pretendentes no arco e flecha. Elinor está tão condicionada ao ritual dos jovens pavonearem-se para a princesa que nem percebe que, na verdade, eles que estão sendo humilhados. A resolução da trama, infelizmente, reside numa atividade tipicamente associada ao sexo feminino, a costura, mas, apesar disto e da pieguice do momento, tem-se uma ursA vencendo, com sua inteligência e, por que não, força, um ursO.
O saldo dos roteirista, portanto, é positivo.
A Grande Noite
3.7 12Muito bem dirigido, roteirizado e montado, como demonstrado pelo contraste entre a cena em que se serve o 'timpano', apropriadamente frenética, e o momento contemplativo em que Stanley Tucci faz, sem corte algum, uma omelete. Filme divertidíssimo e, ao mesmo tempo, sensível. Não pode ser esquecido de jeito nenhum.
Whisky
3.8 111Caramba, como esse filme me deixou surpreso. Parte de uma ideia bem simples (a do casamento fingido) e possivelmente adaptada de alguma comédia popularesca, o que não é algo obrigatoriamente ruim. Mas vai se revelando um drama sensível e complexo, além de engraçado, realista e cativante. Obrigatório e subestimado!
Dentro da Casa
4.1 554 Assista AgoraComplexo, divertido e intrigante. Fiquei realmente surpreso e impressionado com a elegância da direção do François Ozon, com o ritmo acertado e com a fascinação que todos os personagens despertaram em mim. Proporciona uma ótima reflexão sobre a manipulação e atração que sofremos através da obra de arte. Germain, ao não conseguir pedir para Claude parar de escrever, mesmo estando consciente do perigo representado pelo último, não é igual a todos nós diante da tela do cinema ou das páginas de um livro?
Garotos de Programa
3.6 387 Assista Agora"Eu poderia amar alguém, mesmo que não fosse pago pra isso. Você não me pagou, mas eu te amo". Como são altas as chances de um ator ferrar com essa fala. Mas não River Phoenix, claro. Ele não podia ter morrido tão cedo!
O Espírito da Colméia
4.2 145 Assista AgoraÀs vezes me sinto um ser humano terrível quando não simpatizo com crianças em um filme. Pode ser pelo ator, pela má definição do personagem no roteiro, ou pelo filme como um todo ser ruim o suficiente para que eu não ligue para a criança. Nada disso acontece em O Espírito da Colmeia.
Todos os elementos do filme funcionam muitíssimo bem, da direção de arte com as "colmeias" nas portas da casa à fotografia que evoca em alguns momentos à de Frankenstein de James Whale, mas acho que tudo seria perdido se Ana Torrent não fosse tão perfeita pro papel. A menina é tão carismática e expressiva... Compare a preocupação dela enquanto assiste ao filme de Whale com a felicidade do sorriso espontâneo quando a mãe penteia seu cabelo. Só aí ela já nos ganha pela verdade e sinceridade que nos passa.
E este filme do Victor Erice é tão brilhantemente construído, cheio de atmosfera, e acaba funcionando como um sutil comentário sobre a repressão do Franco, como um estudo de relações familiares, como uma história de Ana buscando sua identidade (que culmina no "Sou Ana" que ela diz). Enfim, é incrível ver um filme que consegue ser tão mais profundo que sua (belíssima, por sinal) superfície e que alcance tão bem suas ambições.
Em Rota de Colisão
2.9 109É atrapalhado pela burrice inexplicável dos personagens em algumas situações, mas se supera por mostrar, com um bom humor surpreendente e que não dissolve o suspense, como há pessoas tão desumanas (e como isto é capaz de gerar um filme interessante, já que ele é baseado em uma notícia real) e por não nos poupar em ver imagens mais gráficas, intensas e, no caso, nada gratuitas.
Antes da Meia-Noite
4.2 1,5K Assista AgoraAinda é mágico ver de Celine e Jesse conversarem enquanto andam por uma bela cidade. Os dois falam da mesma forma como antes, espontâneos e verdadeiros, apesar de agora suas conversas serem mais amargas e confrontantes.
A fotografia e a direção de arte são eficientes ao retratarem a diferença dos momentos vividos durante o dia na Grécia: as cores claras do dia ainda feliz do casal, que caminham e conversam de forma romântica e madura, contrastam bem com os tons melancólicos, sérios e até tensos da noite no hotel. Também, as roupas usadas por Jesse e Celine reforçam estas mudanças: na maior parte do tempo, Jesse, mais brincalhão e feliz, usa uma camisa azul clara, como o céu ensolarado, enquanto Celine, mais impaciente, um vestido escuro, que combina com o céu da noite.
Os toques cômicos do início facilitam nossa imersão no relacionamento dos dois personagens, que continuam complexos e interessantes: Hawke e Delpy se apoiam pouco em suas construções anteriores de Jesse e Celine (o idealismo e a jovialidade aparecem menos e as discussões são em assuntos relacionados aos erros e arrependimentos passados) e a doçura de ambos tem espaço, mas às vezes contrasta com alguma verdade doída que o outro diz.
E o que eles dizem ainda é o aspecto mais interessante (no meio de tantos!): diálogos que parecem reais, fluem e são extremamente reveladores sobre os personagens (tanto sobre o casal principal quanto outros que contribuem para o filme). É certo que, mesmo que não viu os outros dois filmes conseguirá entender tudo o que se passou (se sustentar sozinha é algo fundamental para qualquer continuação), porém, em momento algum os diálogos soam artificialmente expositivos e saem de um jeito natural, poético, dramático e com uma verdade inacreditável.
Richard Linklater, por sua vez, dirige o filme de forma discreta e simples, porém eficaz. Quando segue o casal andando, sua câmera os vê quase sempre de frente e com poucos cortes, e nos permite perceber as reações de cada personagem às palavras do outro. Parece pouco, mas esta decisão, que também funcionava em Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol, ajuda a manter nosso interesse na tela. Muitos cortes atrapalhariam a fluidez dos diálogos, além de correr o risco de se tornarem, quando muito utilizados, um recurso de telenovelas. Linklater também acerta na sufocante cena dentro do hotel, enquadrando mais vezes Celine e Jesse separados, e, além disso, na cena em que os casais conversam à mesa, o diretor procura enquadrar, por muitas vezes, cada par, reforçando a ideia de que são casais felizes e que suas opiniões sobre o amor são importantes.
Se os dois outros filmes já tinham lugar garantido entre filmes que serão lembrados e respeitados por bastante tempo, este terceiro filme faz jus à reputação dos anteriores. Ainda estamos numa época em que continuações costumam dar dinheiro a seus realizadores, mas têm pouco de artisticamente relevante. Richard Linklater, Julie Delpy e Ethan Hawke podem, portanto, nos presentear com mais uma obra complexa e gratificante daqui a nove anos.
O Legado Bourne
3.2 885 Assista AgoraA comparação com os Bourne de Doug Liman e Paul Greengrass é inevitável e não há nenhum aspecto em que O Legado Bourne seja melhor.
Cenas de ação frenéticas e confusas, pouca atenção aos personagens e atuações histéricas e a caricatas, com exceção de Jeremy Renner, que, além de ser um competente astro de filmes de ação, se esforça para tornar simpático seu Aaron Cross, mas é sabotado pelo roteiro desinteressante e pela direção caótica de Tony Gilroy.
Uma pena que tenham sujado a franquia Bourne dessa forma. E tudo indica que ainda vem continuação por aí.
Perseguidor Implacável
3.9 266 Assista AgoraInfluenciou 10 em cada 10 filmes policiais depois de seu lançamento. Harry Callahan é um dos melhores tiras do Cinema, fim.
Alô, Dolly!
3.9 67 Assista AgoraBarbra Streisand está maravilhosa e carismática como de costume e consegue deixar sua personagem bem mais profunda, além da forma excelente que interpreta suas músicas (não apenas cantando, mas seus gestos e suas expressões etc. as tornam ainda melhores). Os figurinos e a direção de arte também são competentes. O filme como um todo, porém, não impressiona muito: é muito longo para um musical com uma história tão simples, o roteiro não é muito interessante e os números músicais são pouco inventivos, especialmente sabendo que Gene Kelly é o diretor. Streisand ilumina a tela, mas não é suficiente.
Segurando as Pontas
3.4 565 Assista AgoraA história é um pouco familiar, mas Seth Rogen e James Franco dão atuações inspiradas e o desenrolar torna tudo ainda mais engraçado. David Gordon Green acerta também nas cenas de ação, dando energia ao filme e impedindo que pareça apenas uma série de gags.
Os Vingadores
4.0 6,9K Assista AgoraO elenco é ótimo e todos estão confortáveis com seus personagens. As cenas de ação são muito boas e os efeitos especiais, excelentes. Tecnicamente é surpreendente. Porém, senti um certo descaso com o desenvolvimento dos personagens. Super-heróis são naturalmente intrigantes, mas o filme não mostra isso e está mais preocupado com suas gracinhas dispensáveis, do que suas características próprias. Estas gracinhas aliás, são realmente divertidas, mas não acrescentam nada ao filme e servem pra quebrar qualquer clima de tensão.
E, sinceramente, não acreditei em nenhum momento os Vingadores perderiam. Era muito herói fodão junto e obviamente haverá uma continuação, como mostrou a cena pós-créditos.
P.S.: Poupem seu dinheiro e vejam em 2D. O 3D é dispensável, igual a todos os outros filmes convertidos.
Madrugada dos Mortos
3.5 1,4K Assista AgoraZumbis numa versão atualizada e estilizada, mas ainda muito eficiente e tensa!
Traídos Pelo Desejo
3.8 161História surpreendente, personagens marcantes e atuações maravilhosas. Neil Jordan consegue criar um clima de suspense tão bom quanto o de romance. Ótimo filme!
Zumbilândia
3.7 2,5K Assista AgoraÓtimos efeitos especiais, boas atuações e personagens surpreendentemente desenvolvidos. O roteiro é bobo, porém é tratado de forma tão interessante por Ruben Fleischer, que isso não se torna algo ruim, mas, sim, um charme a mais pro filme.
Cálculo Mortal
3.3 296 Assista AgoraPremissa interessante e bom elenco desperdiçados por personagens mal desenvolvidos e um roteiro que se desenrola de forma muito previsível e cheia de clichês. Barbet Schroeder consegue prender a atenção até certo tempo, mas, depois que se percebe que tudo é bem óbvio, todo o suspense que havia sido construído acaba.
Babel
3.9 996 Assista AgoraOs personagens parecem reais, o que aumenta o potencial dramático já grande do filme, e, apesar de não ter visto pra quê dar tanto destaque à personagem de Rinko Kinkuchi, a atriz dá a melhor performance do filme, o que é um grande mérito, pois todo o elenco é fantástico. O roteiro é ótimo, e Iñárritu consegue, ajudado pela boa montagem, entrelaçar todas as histórias de forma excelente e fluida. Enfim, Babel é um grande filme, mexe com diversas culturas e é muito impactante e realista.