Quem conhece a história do Sam Levinson vai ter uma visão completamente diferente dessa série e o que ela significa. Com total admiração ao talento dele e a essa série que é uma das melhores que vi nos últimos anos - essa obra é o retrato fiel de um cara assumidamente muito perturbado, ex dependente químico (internado por diversas vezes desde muito jovem), com sérios problemas psicológicos - ele mesmo relata isso em quase todas entrevistas sobre a série, e em todas ocasiões que toca no assunto, ele chora, mesmo em frente a grandes plateias, é uma experiência quase catártica.
Suas referências são abomináveis, tipo o primeiro filme que ele assistiu quando pequeno, Pink Flamingos (criei coragem de ver ano retrasado e com muito asco conseguir terminar), ou Réquiem Para um Sonho, que é a bíblia de referência dele (outro filme ótimo, mas deprimente, pesado, cheio de drogas e violência). O roteiro de Euphoria é totalmente baseado nas experiências do Levinson (Rue é ele mesmo), por isso tudo que essa série tem de genial e fidedigno está nessa realidade politicamente incorreta e doentia. Funciona porque não há mentiras, é brutalmente honesto, e isso confronta alguns tabus, cutuca os nossos moralismos e preconceitos. Entendo a revolta de algumas pessoas, entendo pais não querendo que seus filhos vejam, entendo que há um discurso perigoso e delicado escondido debaixo dessa camada maravilhosa de personagens bem escritos, trilha sonora, figurino, maquiagem e fotografia.
Ao final de tudo, é pra isso que o cinema e as séries estão aí, pra nos surpreender com realidades completamente diferentes da qual estamos acostumados, pra nos deixar inquietos no sofá, pra causar terror, empatia ou até mesmo pra sentir ódio. Ódio daquela série "exagerada e apelativa" que "não precisava ter tanto sexo", ou "tanta droga" e que no fundo revela muito mais sobre nós mesmos do que podemos imaginar.
Achei interessante, tem suas falhas e acertos. O filme foi escrito e protagonizado pela própria Alison Brie e acho que o mérito do filme se debruça muito sobre a atuação dela. Me parece que teve um erro de tom, em momentos no começo parece que estamos vendo uma comédia, no terceiro ato vira um thriller. Não sei se gosto ou desgosto disso, mas senti que talvez isso tornou o filme interessante e inesperado.
Achei emocionante a sequência longa próximo do final, onde ela atravessa de uma "realidade" a outra e nos perdemos na noção de tempo e cronologia da história sem saber distinguir o que é uma alucinação dela e o que é verdade - nesse momento entendemos justamente o que se passa na mente da personagem e o que ela está sentindo.
Também achei que teve um desfecho interessante. Já que a avó dela insistia ser uma mulher do futuro, no fim ela se veste exatamente como sua avó, e se prepara para retornar ao passado.
Não dá pra assistir um filme com argumento de universo alterado e esperar uma história realista e naturalista. Ele brinca com a nossa noção do que é real ou não, esse é o êxito do filme.
Meus amigos indianos (inclusive um deles trabalhou na produção desse filme) dizem que o Batra faz um cinema não tipicamente indiano, mas mais ocidentalizado e distante do eixo Bollywood (grandes blockbusters musicais), por isso ele consegue repercutir fora da Índia e quebrar algumas barreiras culturais, rodar em festivais e salas de cinema das Américas. Quem gostou desse filme precisa assistir o Lunchbox também do Batra - é ainda mais lindo. Cinema indiano tem suas peculiaridades e excentricidades, sempre é uma história de amor, de impossibilidades (diferenças de castas, condições sociais). Há uma devoção a figura materna (a vó), dá pra notar que a família e o casamento são elementos de enorme importância na cultura deles e por isso são temas recorrentes em praticamente todos filmes deles.
O final foi MARAVILHOSO. Quem já assistiu a mais filmes indianos vai entender a brincadeira que o Batra fez. Todos filmes, mesmo os clássicos, seguem a mesma estrutura e Rafi menciona que já sabe o que vai acontecer, porque todos filmes são iguais "o mocinho se apaixona pela moça...", via de regra, sempre é um final feliz. Então nós podemos deduzir também qual é o final desse filme, sem precisarmos ver além dessa cena. :)
Interessante, esse filme explora mais uma vez o arquétipo da sombra, do Jung. Quem já assistiu Persona (Bergman), Cisne Negro (Aronofsky), Clube da Luta (Fincher), dentre tantos, deve ter feito essa associação - no caso de Cam, uma abordagem moderna e cibernética. Talvez sem entender essa referência o filme pareça só um low budget hiper sexualizado e nonsense, mas em realidade ele tem esse desenvolvimento arquetípico que, na minha opinião, dá muita validade pra história. :)
"Muitas pessoas reclamam que os filmes de Tarkovsky são difíceis, mas eu não concordo com isso. Seus filmes mostram o quão extraordinariamente sensível ele é. Ele fez um filme chamado "O Espelho" depois de "Solaris". "O Espelho" lida com as lembranças de infância do diretor, e novamente as pessoas falam que é absurdamente difícil de entender. Sim, à primeira vista, seu storytelling parece não ter um desenvolvimento racional. Mas preciso lembrar: é impossível que em nossa alma, nossas memórias de infância se organizem em uma sequência estática e lógica.
Uma sucessão de imagens fragmentadas de lembranças, repartidas em vários pedaços pode trazer poesia à nossa infância. Uma vez que esteja convencido dessa verdade, você sentirá que "O Espelho" é o filme mais fácil de compreender. [...]
Não poderá haver futuro brilhante para aqueles que estão dispostos a explicar tudo sobre seus próprios filmes." - Akira Kurosawa (1977 - sobre Tarkovsky)
Uma análise sobre o filme no Roger Ebert dizia uma coisa bem interessante: bons contadores de histórias conseguem extrair drama de qualquer situação - mesmo de personagens com vidas pacatas, vivendo em uma cidadezinha qualquer. O que achei interessante sobre o filme é a sutileza e o ritmo, e é justamente o que "revolta" a maioria das pessoas que comenta aqui. Um aspecto pertinente sobre esse filme é que a Reichardt, além de diretora e roteirista, foi também a montadora do filme - e isso impacta diretamente o que vemos em termos de resultado final. A tendência do diretor é (quase) sempre achar que todo material é importante pro filme e tem que estar ali, ao dirigir você tem uma certa dificuldade em sacrificar momentos e cenas (por isso os "director cuts" são usualmente mais longos do que o corte do montador).
Kieslowski tinha uma capacidade sublime de retratar os conflitos humanos. Cada episódio é tão minucioso, íntimo, de uma sensibilidade e beleza inexplicável. Tive a oportunidade de ouvir a trilha sonora por muitos anos sem ter assistido aos filmes, então foi uma grande emoção finalmente ver a combinação de imagem com a melodia. :)
Pouco antes de começar a assistir descobri que a Criterion Collection recém restaurou toda a série em 4K. Infelizmente só consegui assistir em uma qualidade pobríssima e com legenda embutida em inglês. :/
A questão d'O Espelho, é que ele é pessoal DEMAIS, e atinge um nível absoluto de subjetividade. Primeiramente, é um filme autobiográfico, então muito do que se vê ali são memórias do próprio Tarkovsky (a réplica da casa onde ele cresceu, onde seus filhos cresceram também, suas memórias em tempos de guerra, sua mãe que trabalhava como tipógrafa em um jornal), e assim aleatoriamente, como memórias surgem em nossa cabeça, o filme as introduz sem uma ordem cronológica. Outra questão chave é entender que atores representam mais de um personagem no filme, por exemplo, o menino que representa o filho de Tarkovsky também é o próprio Tarkovsky quando pequeno, e sua mulher, é sua mãe em outro momento da narrativa. O tempo vai e volta no filme, e isso dificulta demais a nossa compreensão pois estamos bastante condicionados a entender linearmente uma narrativa. A chave talvez é aqui não tentar compreender cronologicamente a história (pois isso nunca foi a intenção do filme) mas compreender que o narrador dessa história, os olhos de quem vê/sonha/lembra tudo isso são os do próprio Tarkovsky. Algumas análises propõem que o único momento em que vemos Tarkovsky representado em cena (sem ver seu rosto ser revelado) é no leito de sua morte, nos momentos finais do filme (a cena do passarinho), que é uma metáfora para sua libertação - o libertar do pássaro - como se o filme todo ocorresse enquanto ele estivesse prestes a morrer, dentro de sua cabeça.
Quanto mais leio sobre esse filme, mais fico maravilhada de quão lindo, enigmático ele consegue ser, com mil e um mistérios, detalhes ocultos. Mas basicamente, não se deve tentar entendê-lo mais do que sentí-lo. Tarkovsky mesmo dizia que quando lançou esse filme, recebia cartas emocionadas de pessoas lhe dizendo que o filme as fez relembrarem de suas próprias vidas, suas infâncias, seus medos, traumas, como se ele fosse um ESPELHO de outras vidas. É aí que o filme funciona, em tocar nossas próprias memórias, através das memórias do diretor. :D
Genial. Dos filmes de Bergman que já assisti, nenhum me deixou tão perplexa e incomodada quanto esse. No início achei difícil de compreender ao tentar interpretar por uma perspectiva linear e literal o que na verdade era pra ser totalmente metafórico. É até meio óbvio/sugestivo, mas na minha opinião, pra ter uma compreensão sintética do filme pode-se começar lendo sobre o conceito de persona na psicologia. Com base nisso já fica mais fácil criar uma analogia com cada personagem e suas ações na narrativa.
P.S: Sueco (original): "Persona" / Inglês: "Persona" / Portugal: "A máscara" / Brasil: "Persona - Quando Duas Mulheres Pecam". Brasil campeão em DESVIRTUAR totalmente a temática dos filmes.
Diálogos são peças fundamentais nas obras do Tarkovsky. São filmes puramente filosóficos, e é uma pena que a maioria das legendas disponíveis em português sejam tão pobres e em muitos momentos até omissas. A semântica se perde completamente e nossa interpretação acaba prejudicada. :(
Escutei a trilha desse filme por uns 4 anos sem tê-lo assistido. A emoção foi maior ainda quando descobri que a trilha sonora é justamente o elemento-chave de toda narrativa, não um recurso meramente auxiliar ao filme, mas inerente ao espaço diegético. Impossível não se emocionar. Kieslowski e sua capacidade de expor todo um universo de significados só com closes do rosto da Binoche. Que atuação brilhante! Ansiosa pra ver os outros filmes da trilogia. :)
Esperei muito tempo pra ver esse filme e não sei descrever exatamente o que eu senti ao assistir. Gostei da fotografia, dos takes intermináveis (hehe), do sincronismo entre as histórias e da crueza com que o diretor apresentou os instantes finais do filme.
É uma pena que se utilizaram desse "triângulo amoroso" pra vender o filme, como se a Charlize e a Penélope se pegando fosse o elemento-chave da trama toda. Pra mim pareceu quase uma alusão, se não tivessem mencionado isso remotamente no filme. É um filme de amor, mas acho que em sentido amplo, é um filme de contexto histórico onde o romance fica sempre interposto à história de guerra e aos ideais dos personagens.
Euphoria (1ª Temporada)
4.3 893Quem conhece a história do Sam Levinson vai ter uma visão completamente diferente dessa série e o que ela significa. Com total admiração ao talento dele e a essa série que é uma das melhores que vi nos últimos anos - essa obra é o retrato fiel de um cara assumidamente muito perturbado, ex dependente químico (internado por diversas vezes desde muito jovem), com sérios problemas psicológicos - ele mesmo relata isso em quase todas entrevistas sobre a série, e em todas ocasiões que toca no assunto, ele chora, mesmo em frente a grandes plateias, é uma experiência quase catártica.
Suas referências são abomináveis, tipo o primeiro filme que ele assistiu quando pequeno, Pink Flamingos (criei coragem de ver ano retrasado e com muito asco conseguir terminar), ou Réquiem Para um Sonho, que é a bíblia de referência dele (outro filme ótimo, mas deprimente, pesado, cheio de drogas e violência). O roteiro de Euphoria é totalmente baseado nas experiências do Levinson (Rue é ele mesmo), por isso tudo que essa série tem de genial e fidedigno está nessa realidade politicamente incorreta e doentia. Funciona porque não há mentiras, é brutalmente honesto, e isso confronta alguns tabus, cutuca os nossos moralismos e preconceitos. Entendo a revolta de algumas pessoas, entendo pais não querendo que seus filhos vejam, entendo que há um discurso perigoso e delicado escondido debaixo dessa camada maravilhosa de personagens bem escritos, trilha sonora, figurino, maquiagem e fotografia.
Ao final de tudo, é pra isso que o cinema e as séries estão aí, pra nos surpreender com realidades completamente diferentes da qual estamos acostumados, pra nos deixar inquietos no sofá, pra causar terror, empatia ou até mesmo pra sentir ódio. Ódio daquela série "exagerada e apelativa" que "não precisava ter tanto sexo", ou "tanta droga" e que no fundo revela muito mais sobre nós mesmos do que podemos imaginar.
Entre Realidades
2.9 307 Assista AgoraAchei interessante, tem suas falhas e acertos. O filme foi escrito e protagonizado pela própria Alison Brie e acho que o mérito do filme se debruça muito sobre a atuação dela. Me parece que teve um erro de tom, em momentos no começo parece que estamos vendo uma comédia, no terceiro ato vira um thriller. Não sei se gosto ou desgosto disso, mas senti que talvez isso tornou o filme interessante e inesperado.
Achei emocionante a sequência longa próximo do final, onde ela atravessa de uma "realidade" a outra e nos perdemos na noção de tempo e cronologia da história sem saber distinguir o que é uma alucinação dela e o que é verdade - nesse momento entendemos justamente o que se passa na mente da personagem e o que ela está sentindo.
Também achei que teve um desfecho interessante. Já que a avó dela insistia ser uma mulher do futuro, no fim ela se veste exatamente como sua avó, e se prepara para retornar ao passado.
Não dá pra assistir um filme com argumento de universo alterado e esperar uma história realista e naturalista. Ele brinca com a nossa noção do que é real ou não, esse é o êxito do filme.
Retrato do Amor
3.1 13 Assista AgoraMeus amigos indianos (inclusive um deles trabalhou na produção desse filme) dizem que o Batra faz um cinema não tipicamente indiano, mas mais ocidentalizado e distante do eixo Bollywood (grandes blockbusters musicais), por isso ele consegue repercutir fora da Índia e quebrar algumas barreiras culturais, rodar em festivais e salas de cinema das Américas. Quem gostou desse filme precisa assistir o Lunchbox também do Batra - é ainda mais lindo. Cinema indiano tem suas peculiaridades e excentricidades, sempre é uma história de amor, de impossibilidades (diferenças de castas, condições sociais). Há uma devoção a figura materna (a vó), dá pra notar que a família e o casamento são elementos de enorme importância na cultura deles e por isso são temas recorrentes em praticamente todos filmes deles.
O final foi MARAVILHOSO. Quem já assistiu a mais filmes indianos vai entender a brincadeira que o Batra fez. Todos filmes, mesmo os clássicos, seguem a mesma estrutura e Rafi menciona que já sabe o que vai acontecer, porque todos filmes são iguais "o mocinho se apaixona pela moça...", via de regra, sempre é um final feliz. Então nós podemos deduzir também qual é o final desse filme, sem precisarmos ver além dessa cena. :)
Cam
3.1 548 Assista AgoraInteressante, esse filme explora mais uma vez o arquétipo da sombra, do Jung. Quem já assistiu Persona (Bergman), Cisne Negro (Aronofsky), Clube da Luta (Fincher), dentre tantos, deve ter feito essa associação - no caso de Cam, uma abordagem moderna e cibernética. Talvez sem entender essa referência o filme pareça só um low budget hiper sexualizado e nonsense, mas em realidade ele tem esse desenvolvimento arquetípico que, na minha opinião, dá muita validade pra história. :)
O Espelho
4.3 264 Assista Agora"Muitas pessoas reclamam que os filmes de Tarkovsky são difíceis, mas eu não concordo com isso. Seus filmes mostram o quão extraordinariamente sensível ele é. Ele fez um filme chamado "O Espelho" depois de "Solaris". "O Espelho" lida com as lembranças de infância do diretor, e novamente as pessoas falam que é absurdamente difícil de entender. Sim, à primeira vista, seu storytelling parece não ter um desenvolvimento racional. Mas preciso lembrar: é impossível que em nossa alma, nossas memórias de infância se organizem em uma sequência estática e lógica.
Uma sucessão de imagens fragmentadas de lembranças, repartidas em vários pedaços pode trazer poesia à nossa infância. Uma vez que esteja convencido dessa verdade, você sentirá que "O Espelho" é o filme mais fácil de compreender. [...]
Não poderá haver futuro brilhante para aqueles que estão dispostos a explicar tudo sobre seus próprios filmes." - Akira Kurosawa (1977 - sobre Tarkovsky)
Certas Mulheres
3.1 76 Assista AgoraUma análise sobre o filme no Roger Ebert dizia uma coisa bem interessante: bons contadores de histórias conseguem extrair drama de qualquer situação - mesmo de personagens com vidas pacatas, vivendo em uma cidadezinha qualquer. O que achei interessante sobre o filme é a sutileza e o ritmo, e é justamente o que "revolta" a maioria das pessoas que comenta aqui. Um aspecto pertinente sobre esse filme é que a Reichardt, além de diretora e roteirista, foi também a montadora do filme - e isso impacta diretamente o que vemos em termos de resultado final. A tendência do diretor é (quase) sempre achar que todo material é importante pro filme e tem que estar ali, ao dirigir você tem uma certa dificuldade em sacrificar momentos e cenas (por isso os "director cuts" são usualmente mais longos do que o corte do montador).
O Decálogo
4.7 108Kieslowski tinha uma capacidade sublime de retratar os conflitos humanos. Cada episódio é tão minucioso, íntimo, de uma sensibilidade e beleza inexplicável. Tive a oportunidade de ouvir a trilha sonora por muitos anos sem ter assistido aos filmes, então foi uma grande emoção finalmente ver a combinação de imagem com a melodia. :)
Pouco antes de começar a assistir descobri que a Criterion Collection recém restaurou toda a série em 4K. Infelizmente só consegui assistir em uma qualidade pobríssima e com legenda embutida em inglês. :/
O Espelho
4.3 264 Assista AgoraA questão d'O Espelho, é que ele é pessoal DEMAIS, e atinge um nível absoluto de subjetividade. Primeiramente, é um filme autobiográfico, então muito do que se vê ali são memórias do próprio Tarkovsky (a réplica da casa onde ele cresceu, onde seus filhos cresceram também, suas memórias em tempos de guerra, sua mãe que trabalhava como tipógrafa em um jornal), e assim aleatoriamente, como memórias surgem em nossa cabeça, o filme as introduz sem uma ordem cronológica. Outra questão chave é entender que atores representam mais de um personagem no filme, por exemplo, o menino que representa o filho de Tarkovsky também é o próprio Tarkovsky quando pequeno, e sua mulher, é sua mãe em outro momento da narrativa. O tempo vai e volta no filme, e isso dificulta demais a nossa compreensão pois estamos bastante condicionados a entender linearmente uma narrativa. A chave talvez é aqui não tentar compreender cronologicamente a história (pois isso nunca foi a intenção do filme) mas compreender que o narrador dessa história, os olhos de quem vê/sonha/lembra tudo isso são os do próprio Tarkovsky. Algumas análises propõem que o único momento em que vemos Tarkovsky representado em cena (sem ver seu rosto ser revelado) é no leito de sua morte, nos momentos finais do filme (a cena do passarinho), que é uma metáfora para sua libertação - o libertar do pássaro - como se o filme todo ocorresse enquanto ele estivesse prestes a morrer, dentro de sua cabeça.
Quanto mais leio sobre esse filme, mais fico maravilhada de quão lindo, enigmático ele consegue ser, com mil e um mistérios, detalhes ocultos. Mas basicamente, não se deve tentar entendê-lo mais do que sentí-lo. Tarkovsky mesmo dizia que quando lançou esse filme, recebia cartas emocionadas de pessoas lhe dizendo que o filme as fez relembrarem de suas próprias vidas, suas infâncias, seus medos, traumas, como se ele fosse um ESPELHO de outras vidas. É aí que o filme funciona, em tocar nossas próprias memórias, através das memórias do diretor. :D
Beasts of No Nation
4.3 831 Assista Agora"Sun, why are you shining on this world?"
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraGenial. Dos filmes de Bergman que já assisti, nenhum me deixou tão perplexa e incomodada quanto esse. No início achei difícil de compreender ao tentar interpretar por uma perspectiva linear e literal o que na verdade era pra ser totalmente metafórico. É até meio óbvio/sugestivo, mas na minha opinião, pra ter uma compreensão sintética do filme pode-se começar lendo sobre o conceito de persona na psicologia. Com base nisso já fica mais fácil criar uma analogia com cada personagem e suas ações na narrativa.
P.S: Sueco (original): "Persona" / Inglês: "Persona" / Portugal: "A máscara" / Brasil: "Persona - Quando Duas Mulheres Pecam". Brasil campeão em DESVIRTUAR totalmente a temática dos filmes.
Stalker
4.3 500 Assista AgoraDiálogos são peças fundamentais nas obras do Tarkovsky. São filmes puramente filosóficos, e é uma pena que a maioria das legendas disponíveis em português sejam tão pobres e em muitos momentos até omissas. A semântica se perde completamente e nossa interpretação acaba prejudicada. :(
A Liberdade é Azul
4.1 649 Assista AgoraEscutei a trilha desse filme por uns 4 anos sem tê-lo assistido. A emoção foi maior ainda quando descobri que a trilha sonora é justamente o elemento-chave de toda narrativa, não um recurso meramente auxiliar ao filme, mas inerente ao espaço diegético. Impossível não se emocionar. Kieslowski e sua capacidade de expor todo um universo de significados só com closes do rosto da Binoche. Que atuação brilhante!
Ansiosa pra ver os outros filmes da trilogia. :)
Ratos e Homens
4.0 70Nunca vou esquecer desse livro. A representação do Malkovich foi incrível. :)
Oldboy: Dias de Vingança
2.8 828 Assista AgoraAssisti só pra confirmar o que eu pensava desde o início: remake que nunca deveria ter sido feito. :\
O Profissional
4.3 2,2K Assista AgoraComo eu vivi 20 anos sem ver isso?
Amor Pleno
3.0 558Poesia em movimento. Quem curte Terrence Malick e curtiu Árvore da Vida vai gostar muito (embora eu prefira Árvore da Vida).
Sociedade Feroz
3.6 55 Assista Agora"we are the sum of all the people we have ever met" (: não esperava nada desse filme, que lindo!
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraEu tava meio desanimada com o Almodóvar depois de Abraços Partidos. Me reconquistou.
Elefante
3.6 1,2K Assista AgoraEsperei muito tempo pra ver esse filme e não sei descrever exatamente o que eu senti ao assistir. Gostei da fotografia, dos takes intermináveis (hehe), do sincronismo entre as histórias e da crueza com que o diretor apresentou os instantes finais do filme.
Casas Brancas
2.2 92CocoRosie *.*
Três Vidas e Um Destino
3.5 64É uma pena que se utilizaram desse "triângulo amoroso" pra vender o filme, como se a Charlize e a Penélope se pegando fosse o elemento-chave da trama toda. Pra mim pareceu quase uma alusão, se não tivessem mencionado isso remotamente no filme. É um filme de amor, mas acho que em sentido amplo, é um filme de contexto histórico onde o romance fica sempre interposto à história de guerra e aos ideais dos personagens.
Vibracall
2.1 74HUAHUAHUAHUA curti. O que vocês estavam esperando além disso? o.O
Aphex Twin: Rubber Johnny
3.1 124Eu curto.
O Escafandro e a Borboleta
4.2 1,2KLindo, lindo. Me lembrou 'Mar Adentro'.