Um filme inspirado num caso real e de facto muito realista na forma como nos mostra esta história, bastante diferente do estilo americano dos dramas prisionais. Seguindo um ritmo um pouco lento mas acertado o filme vai sempre em crescendo e acaba sem dúvida por nos agarrar. Muito bom, embora um degrau abaixo do melhor filme prisional francês que vi e que foi "Le Trou", de Jacques Becker, de 1960, filme que só vi uma vez já há muitos anos mas que ficou sempre na minha memória.
Um bom Thriller-Western do excelente realizador John Sturges, com uma mensagem corajosa, sobretudo à data do filme: o silêncio e conformismo das pessoas, numa subtil crítica aos tempos de "McCarthismo" que se vivia na época do filme. Tem algumas similaridades com "High Noon", realizado 3 anos antes. Spencer Tracy tem uma excelente interpretação (foi nomeada para oscar) bem como os restantes atores do elenco (Robert Ryan, Lee Marvin, Ernest Borgnine, entre outros). O único ponto fraco são algumas sequências do filme que são bastante inverosímeis. Ainda assim, um filme que proporciona um excelente entretenimento com uma bela mensagem.
Este é o segundo filme que vejo do realizador Chang Dong Lee. O primeiro foi "OASIS" (2002), um filme extremamemte "forte" que não esquecemos rapidamente, corajoso diferente de tudo o que já vimos. Este "PEPPERMINT CANDY" (1999) é também um filme "forte", mas não tanto como o citado "OASIS". Um filme também pertinente, difícil, corajoso, com uma excelente performance do ator principal, mas que não atinge o nível do seu anterior trabalho, o referido "OASIS". Vou ver também o "POETRY" deste mesmo realizador, é por muitos considerado o seu melhor filme. Uma verdade seja dita: já vi que Chang Dong Lee faz filmes que não nos deixam indiferentes. Ele tem uma enorme coragem em nos mostrar os seus filmes da forma realista, extremamente "crua" e única com que o faz.
Fiquei muito surpreendido com este filme, ele está muito à frente do seu tempo. Fotografia excecional, imagens visualmente incríveis para a época, montagem absolutamente original, cenas brutais, tudo é uma experiência surpreendente neste filme. Do Sergei Eisenstein ainda só tinha visto o "BATTLESHIP POTEMKIN" que é um filme muito bom, também político, com a mesma temática da opressão sobre as classes operárias, mas acho no entanto este "STRIKE" ainda mais inovador. Não há protagonistas entre os operários grevistas, estes são apresentados como se fossem um único personagem, reforçando a mensagem do filme de que o importante é o coletivo e não o indivíduo. Já os administradores e os espiões são apresentados, propositadamente, como indivíduos. Tudo tem a ver com a citação de Lenine que passa no início do filme. Embora se trate de uma obra com teor de propaganda dos ideais Leninistas e Comunistas, trata-se sem dúvida de um dos filmes mais fascinantes e importantes do cinema mudo e da própria história universal do cinema.
Um dia li qualquer coisa como "O filme "Runaway Train" constitui um dos maiores mistérios da sétima arte". Sem dúvida que este filme é um verdadeiro caso de estudo. Gostava de saber muito mais sobre a forma como tudo aconteceu neste filme, mas, infelizmente, a edição do DVD que tenho não tem quaisquer extras para além de um trailer. Ou seja, o "mistério" que constitui este filme continua por desvendar. Como é que surge uma obra-prima num filme realizado por um desconhecido Russo no Ocidente (apenas tinha realizado no ano anterior o "Maria’s Lovers"), trabalhando com atores Americanos, baseado num argumento do mestre Japonês Akira Kurosawa, escrito a três, entre os quais Edward Bunker, ator que participa no filme como presidiário e que na vida real passou mesmo metade da vida na prisão e sendo produzido pela dupla Golan-Globus, produtores que apostavam em filmes puramente comerciais, com Chuck Norris e companhia, muitos deles série-B, sem qualquer ponta de interesse em investir em personagens repletas de emoções, humanismo (no bom e mau sentido) e existencialismo? a dada altura no filme Roberts pergunta "Porquê este comboio?" ao que Voight responde "Porque eu quero". É desta forma instintiva e animalesca que o destino dos personagens fica traçado. Eu pergunto também: porquê esta conjugação tão improvável de pessoas tão diferentes, até mesmo nas próprias nacionalidades, se terem unido para este projeto? Foi também o destino? a dualidade entre o blockbuster e o arthouse torna o filme extremamente inovador e cativante, uma verdadeira obra de arte. Eu diria que este é um caso único de filme, em toda a história do cinema, que consegue combinar na perfeição e de uma forma inexplicavelmente soberba, conceitos de “cinema super-comercial” com “cinema poesia-arte”. Há 30 anos que continuo a fazer a mim próprio estas questões, depois de já ter visto o filme umas 30 vezes. O mais provável é, para minha tristeza, nunca as ver respondidas e nunca ver desvendado o tal "mistério". Jon Voight tem aqui a melhor interpretação da sua carreira. Ele tem notáveis papéis em outros filmes como “deliverance”, “midnight cowboy” e outros, foi nomeado várias vezes para o oscar de melhor ator, venceu inclusivamente um, mas este é, quanto a mim, o “papel da sua vida” (e também neste filme ele foi nomeado para o oscar mas não venceu). Até digo mais, a atuação de Voight neste filme está entre as melhores interpretações que já vi na história do cinema. Mas também Eric Roberts e Rebecca De Mornay tem ambos neste filme as melhores interpretações das suas carreiras. Rebecca De Mornay não foi nomeada injustamente para o oscar de melhor atriz secundária. Ela nesta altura já era conhecida do grande público devido ao sucesso do filme “risky business”, feito 2 anos antes, em que ela contracena com Tom Cruise. “Runaway Train” é Talvez o único filme da sua carreira em que ela aparece sem qualquer maquilhagem, meia “desarrumada”, interpretando um papel deste tipo, que não tem nada a ver com os seus habituais personagens de ”femme fatale”. Ela está soberba, brilhante e mais linda que nunca (mesmo sem maquilhagem). Eric Roberts (na única nomeação que teve na sua carreira para oscar) também está fantástico, dando credibilidade ao seu personagem de ingénuo com um ligeiro atraso mental. A realização de Konchalovsky é brilhante. O comboio parece uma personagem viva do filme. A música de Trevor Jones é fabulosa. O final é de antologia. A cena em que os três personagens se desentendem e lutam dentro do comboio fica para a memória. A frase final do filme é fabulosa, qualquer coisa como “Até o animal mais feroz sente alguma piedade. Mas eu não sou um animal feroz, eu sou um ser humano, e por isso não sinto piedade nenhuma”, embora quanto a mim esta frase entre em contradição (possivelmente propositada) com o filme. Isto porque até John Ryan, o diretor da prisão e o personagem mais “desumano” do filme, tem na parte final um momento de “humanismo”. É ele que, apercebendo-se do seu destino, se lembra de Roberts e De Mornay e diz para Voight “What about that punk and the girl?”, “salvando” deste modo estas duas personagens pois Voight responde-lhe “Oh no, it’s just you and me”. Aliás, são muitos os diálogos de antologia ao longo do filme, aquele tipo de diálogos que nunca esquecemos. Escrever sobre eles daria um livro, tanta é a beleza e ambiguidade dos mesmos, tanto eles nos estimulam a pensar sobre o seu significado. Foi pena o filme ter passado bastante despercebido. Mas, ao fim de mais de 30 anos, reparo que, aos poucos, o filme vai ganhando estatuto de “cult movie”. Só gostava de ver ainda algum dos intervenientes do filme a falar sobre como tudo surgiu, como tudo aconteceu. Como já referi, uma conjugação destas surge uma vez na vida, ou melhor, surge uma vez na história do cinema. E este (cinema) nasceu muito antes de mim e terá uma vida muito mais longa que a minha.
Tinha visto a ótima versão de 1992, com o Daniel Day Lewis e a Madeleine Stowe. Esta versão de 1920 é muito boa e foi uma surpresa, pois há várias mudanças na parte final do filme em relação ao de 1992, o desenlace é bem mais trágico nesta versão de 1920 (mas igualmente poderosa e realista, talvez até mais) do que na versão mais recente. O cinema mudo continua a ser uma constante (boa) surpresa para mim. Os anos 20 são uma das épocas mais ricas e criativas da história do cinema.
Fiquei surpreendido, pela positiva, com este filme, para mim é um dos melhores da chamada "nouvelle vague". É pena que seja um filme "esquecido", como a grande maioria dos filmes de Claude Chabrol, cineasta que realizou imensos ótimos filmes. Trata-se de uma obra maravilhosa e única. As atuações das quatro atrizes principais são fantásticas. Nota: 9/10
Um filme extremamente diferente do estilo que estamos habituados a ver, ainda mais notório visto estarmos a falar de um filme dos anos 40. Inicialmente, o filme até parece que vai ter uma narrativa e um desenvolvimento convencionais, mas não é isso que acontece. À medida que o filme vai avançando, vamos conhecendo um conjunto de personagens singularmente interessantes, com as mais diferentes motivações. A trajetória do personagem de James Mason também surpreende, pois quando estamos à espera que aconteça algo de concreto ao personagem, a verdade é que ele passa todo o filme andando em fuga, em circunstâncias complicadas pois está gravemente ferido, indo parando em vários locais, que também se nos apresentam e revelam como algo singulares. O filme acaba, pouco a pouco, por entrar numa espécie de "tom" quase existencialista, difícil de definir, algo que não é de esperar nos primeiros 20 minutos. Os atores tem excelentes performances, quer os principais, quer os secundários, sendo que estes últimos têm uma componente extremamente importante no filme, que enriquece o mesmo. Claro que há a destacar o protagonista James Mason (que afirmou ter sido a sua performance neste filme a melhor de toda a sua carreira) e também a estreante Kathleen Ryan, que também tem uma excelente atuação. Resumindo, tudo nos vai surpreendendo ao longo do avançar deste filme. Tudo, com uma exceção: praticamente desde o início, o filme tem uma atmosfera trágica, ficando desde logo à partida o pressuposto de que o final do filme só poderá também ser trágico. Um filme pouco conhecido, realizado pelo consagrado e famoso Carol Reed, que é uma verdadeira pérola do cinema, um filme que constitui um verdadeiro caso de estudo. Muito bom (8.5/10).
Este filme é fabuloso. Há tanto para dizer sobre o filme que neste momento nem consigo dizer nada. Os filmes de Sergio Leone são fabulosos (os 6 que eu vi), este "duck you sucker", ou " a fisful of dynamite", ou "once upon a time a revolution" é o mais subvalorizado filme de Leone. Não dá para entender porquê. Para mim, é o melhor. Além disso, considero a atuação de Rod Steiger entre as melhores interpretações da história do cinema. Ele está simplesmente fenomenal.
Bom filme, com temática muito interessante e intemporal. O filme ainda seria melhor se os personagens (ou alguns deles) estivessem mais bem desenvolvidos. A personagem Rose não deveria existir, não acrescenta absolutamente nada ao filme.
O filme é bom, embora esteja longe de estar entre os meus filmes mudos favoritos. No IMDB diz que o filme tem 93 minutos, mas eu vi uma versão com 103 minutos. Preferia ter visto a de 93, pois a que vi torna o filme um pouco "arrastado" e longo em demasia. Há algumas cenas de antologia, sem dúvida. O ano de 1925 foi, na minha opinião, o melhor do cinema mudo, teve uma série de filmes fantásticos que ficaram para a história. Lon Chaney está brilhante, como sempre, embora considere que a melhor atuação da sua carreira seja no fabuloso filme "the unknown", de Tod Browning, de 1927.
Mais um filme com a "marca Antonioni". Pouca coisa (aparentemente) acontece, ritmo lento, longas cenas sem quaisquer diálogos, técnica aprimorada e obsessiva no som e na imagem. Nós, os que temos mente aberta e que gostamos verdadeiramente de cinema, simplesmente adoramos e ficamos deslumbrados com o que vemos. Excelente atuação de Monica Vitti.
Ainda bem que os Sul-Coreanos agora fazem muito bom cinema, talvez o melhor do mundo neste século, pois isso parece que não acontecia em 1960, pelo menos é a conclusão que se obtém vendo este "hanyo". Até meio, o filme ainda vai sendo razoável, a partir daí torna-se tudo muito mau, a história torna-se chata e inverosímil, o final é do pior que eu já vi (quase dá para rir), as atuações dos atores são fraquíssimas (com exceção da atriz que interpreta a esposa do protagonista). Depois de ter visto dezenas de filmes Coreanos dos últimos 20 anos, foi uma deceção para mim este "hanyo", as minhas expetativas eram altas. E o filme até promete no início, pena que depois se "perca" completamente e, como já li aqui alguém escrever, o filme a partir de meio parece uma autêntica "novela Mexicana".
Provocam-me risos (no mau sentido) a maioria dos atuais filmes de terror Norte-Americanos. Tenho visto filmes de terror (e de outros géneros também) Franceses, Suecos, Italianos, Japoneses, Sul Coreanos, etc, quer atuais, quer mais antigos (como é o caso deste filme da ex-União Soviética). Fizeram-se e fazem-se por esse mudo fora filmes brilhantes. Os Norte-Americanos já fizeram fantásticos filmes, mas (essencialmente) este século estão a passar por uma grande crise de originalidade e criatividade. Veja-se a quantidade de remakes que nos últimos anos eles tem feito de filmes antigos, quer Americanos, quer de outros países. Isso é um claro sinal da crise de ideias do atual cinema Americano. Não adianta ter os maiores orçamentos do mundo quando não há ideias ou a criatividade está em crise. Esta “crise Americana” acontece por vários motivos que eu demoraria muito tempo a explicar por texto. Minha nota para o filme “VIY”: 7/10
Quer o "abre los ojos", quer o "vanilla sky" são filmes muito fracos e cheios de "furos". Quase sempre o original é sempre melhor que o remake (as exceções são muito poucas, mas há, como por exemplo no caso do "cape fear" do Scorsese que é superior ao original, que já era muito bom). Neste caso o que se pode dizer é que o remake Americano é tão medíocre quanto o original Espanhol. Nem entendo a razão de terem sido filmes um pouco sobrevalorizados. Ambos com intriga aborrecida, cheia de "erros" e inverosímil e ambos com interpretações muito fracas e pouco convincentes.
Concordo com a generalidade das críticas e comentários que aqui li, penso que o realizador Je-Kyu Kang brinda-nos com um argumento ótimo e isento, não sendo portanto politicamente correcto e fá-lo de uma forma que merece o meu aplauso porque relata os crimes de guerra de ambas as partes do conflito com uma enorme lucidez. Este filme teve um orçamento de cerca de 12 Milhões USD, dos mais altos que tenho visto na produção Sul-Coreana, que, pelo menos neste século, tem-nos brindado com fantásticos, criativos e originais filmes, dos mais variados géneros, feitos com pouco dinheiro, comparativamente com o que se passa em Hollywood. Imagino que se este filme fosse feito nos EUA, o orçamento iria rondar os cerca de 100 milhões USD. Isto só para dizer que não são necessários orçamentos gigantescos para se fazerem ótimos filmes. O que é preciso é a tal criatividade e originalidade que referi acima. Os Sul-Coreanos tem sido a prova disso. Ah, já agora, o filme teve receitas de cerca de 77 Milhões USD a nível mundial.
Foi muito sobrevalorizando este filme banal. Peter Weir já realizou excelentes filmes. Este não foi um deles. A década de 70 foi absolutamente fantástica, na minha opinião a melhor década do cinema, onde se realizaram filmes de grande criatividade e originalidade, filmes que ficaram na história do cinema. Não é o caso deste. Vou ver o "the last wave", também realizado pelo Peter Weir, também um filme da década de 70. Acredito que o homem que realizou "witness", "dead poets society", "the truman show", entre outros, tenha também realizado um grande filme nos anos 70. Pode ser que tenha sido o "the last wave". Este "picnic..." é que não foi de certeza. Nota: 6/10
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Um Condenado à Morte Escapou
4.4 69Um filme inspirado num caso real e de facto muito realista na forma como nos mostra esta história, bastante diferente do estilo americano dos dramas prisionais. Seguindo um ritmo um pouco lento mas acertado o filme vai sempre em crescendo e acaba sem dúvida por nos agarrar. Muito bom, embora um degrau abaixo do melhor filme prisional francês que vi e que foi "Le Trou", de Jacques Becker, de 1960, filme que só vi uma vez já há muitos anos mas que ficou sempre na minha memória.
Conspiração do Silêncio
3.9 47 Assista AgoraUm bom Thriller-Western do excelente realizador John Sturges, com uma mensagem corajosa, sobretudo à data do filme: o silêncio e conformismo das pessoas, numa subtil crítica aos tempos de "McCarthismo" que se vivia na época do filme. Tem algumas similaridades com "High Noon", realizado 3 anos antes. Spencer Tracy tem uma excelente interpretação (foi nomeada para oscar) bem como os restantes atores do elenco (Robert Ryan, Lee Marvin, Ernest Borgnine, entre outros). O único ponto fraco são algumas sequências do filme que são bastante inverosímeis. Ainda assim, um filme que proporciona um excelente entretenimento com uma bela mensagem.
Peppermint Candy
4.0 23Este é o segundo filme que vejo do realizador Chang Dong Lee. O primeiro foi "OASIS" (2002), um filme extremamemte "forte" que não esquecemos rapidamente, corajoso diferente de tudo o que já vimos. Este "PEPPERMINT CANDY" (1999) é também um filme "forte", mas não tanto como o citado "OASIS". Um filme também pertinente, difícil, corajoso, com uma excelente performance do ator principal, mas que não atinge o nível do seu anterior trabalho, o referido "OASIS". Vou ver também o "POETRY" deste mesmo realizador, é por muitos considerado o seu melhor filme. Uma verdade seja dita: já vi que Chang Dong Lee faz filmes que não nos deixam indiferentes. Ele tem uma enorme coragem em nos mostrar os seus filmes da forma realista, extremamente "crua" e única com que o faz.
A Greve
4.1 62 Assista AgoraFiquei muito surpreendido com este filme, ele está muito à frente do seu tempo. Fotografia excecional, imagens visualmente incríveis para a época, montagem absolutamente original, cenas brutais, tudo é uma experiência surpreendente neste filme. Do Sergei Eisenstein ainda só tinha visto o "BATTLESHIP POTEMKIN" que é um filme muito bom, também político, com a mesma temática da opressão sobre as classes operárias, mas acho no entanto este "STRIKE" ainda mais inovador. Não há protagonistas entre os operários grevistas, estes são apresentados como se fossem um único personagem, reforçando a mensagem do filme de que o importante é o coletivo e não o indivíduo. Já os administradores e os espiões são apresentados, propositadamente, como indivíduos. Tudo tem a ver com a citação de Lenine que passa no início do filme. Embora se trate de uma obra com teor de propaganda dos ideais Leninistas e Comunistas, trata-se sem dúvida de um dos filmes mais fascinantes e importantes do cinema mudo e da própria história universal do cinema.
Expresso Para o Inferno
3.6 86 Assista AgoraUm dia li qualquer coisa como "O filme "Runaway Train" constitui um dos maiores mistérios da sétima arte". Sem dúvida que este filme é um verdadeiro caso de estudo. Gostava de saber muito mais sobre a forma como tudo aconteceu neste filme, mas, infelizmente, a edição do DVD que tenho não tem quaisquer extras para além de um trailer. Ou seja, o "mistério" que constitui este filme continua por desvendar. Como é que surge uma obra-prima num filme realizado por um desconhecido Russo no Ocidente (apenas tinha realizado no ano anterior o "Maria’s Lovers"), trabalhando com atores Americanos, baseado num argumento do mestre Japonês Akira Kurosawa, escrito a três, entre os quais Edward Bunker, ator que participa no filme como presidiário e que na vida real passou mesmo metade da vida na prisão e sendo produzido pela dupla Golan-Globus, produtores que apostavam em filmes puramente comerciais, com Chuck Norris e companhia, muitos deles série-B, sem qualquer ponta de interesse em investir em personagens repletas de emoções, humanismo (no bom e mau sentido) e existencialismo? a dada altura no filme Roberts pergunta "Porquê este comboio?" ao que Voight responde "Porque eu quero". É desta forma instintiva e animalesca que o destino dos personagens fica traçado. Eu pergunto também: porquê esta conjugação tão improvável de pessoas tão diferentes, até mesmo nas próprias nacionalidades, se terem unido para este projeto? Foi também o destino? a dualidade entre o blockbuster e o arthouse torna o filme extremamente inovador e cativante, uma verdadeira obra de arte. Eu diria que este é um caso único de filme, em toda a história do cinema, que consegue combinar na perfeição e de uma forma inexplicavelmente soberba, conceitos de “cinema super-comercial” com “cinema poesia-arte”. Há 30 anos que continuo a fazer a mim próprio estas questões, depois de já ter visto o filme umas 30 vezes. O mais provável é, para minha tristeza, nunca as ver respondidas e nunca ver desvendado o tal "mistério". Jon Voight tem aqui a melhor interpretação da sua carreira. Ele tem notáveis papéis em outros filmes como “deliverance”, “midnight cowboy” e outros, foi nomeado várias vezes para o oscar de melhor ator, venceu inclusivamente um, mas este é, quanto a mim, o “papel da sua vida” (e também neste filme ele foi nomeado para o oscar mas não venceu). Até digo mais, a atuação de Voight neste filme está entre as melhores interpretações que já vi na história do cinema. Mas também Eric Roberts e Rebecca De Mornay tem ambos neste filme as melhores interpretações das suas carreiras. Rebecca De Mornay não foi nomeada injustamente para o oscar de melhor atriz secundária. Ela nesta altura já era conhecida do grande público devido ao sucesso do filme “risky business”, feito 2 anos antes, em que ela contracena com Tom Cruise. “Runaway Train” é Talvez o único filme da sua carreira em que ela aparece sem qualquer maquilhagem, meia “desarrumada”, interpretando um papel deste tipo, que não tem nada a ver com os seus habituais personagens de ”femme fatale”. Ela está soberba, brilhante e mais linda que nunca (mesmo sem maquilhagem). Eric Roberts (na única nomeação que teve na sua carreira para oscar) também está fantástico, dando credibilidade ao seu personagem de ingénuo com um ligeiro atraso mental. A realização de Konchalovsky é brilhante. O comboio parece uma personagem viva do filme. A música de Trevor Jones é fabulosa. O final é de antologia. A cena em que os três personagens se desentendem e lutam dentro do comboio fica para a memória. A frase final do filme é fabulosa, qualquer coisa como “Até o animal mais feroz sente alguma piedade. Mas eu não sou um animal feroz, eu sou um ser humano, e por isso não sinto piedade nenhuma”, embora quanto a mim esta frase entre em contradição (possivelmente propositada) com o filme. Isto porque até John Ryan, o diretor da prisão e o personagem mais “desumano” do filme, tem na parte final um momento de “humanismo”. É ele que, apercebendo-se do seu destino, se lembra de Roberts e De Mornay e diz para Voight “What about that punk and the girl?”, “salvando” deste modo estas duas personagens pois Voight responde-lhe “Oh no, it’s just you and me”. Aliás, são muitos os diálogos de antologia ao longo do filme, aquele tipo de diálogos que nunca esquecemos. Escrever sobre eles daria um livro, tanta é a beleza e ambiguidade dos mesmos, tanto eles nos estimulam a pensar sobre o seu significado. Foi pena o filme ter passado bastante despercebido. Mas, ao fim de mais de 30 anos, reparo que, aos poucos, o filme vai ganhando estatuto de “cult movie”. Só gostava de ver ainda algum dos intervenientes do filme a falar sobre como tudo surgiu, como tudo aconteceu. Como já referi, uma conjugação destas surge uma vez na vida, ou melhor, surge uma vez na história do cinema. E este (cinema) nasceu muito antes de mim e terá uma vida muito mais longa que a minha.
O Último dos Moicanos
3.8 9Tinha visto a ótima versão de 1992, com o Daniel Day Lewis e a Madeleine Stowe. Esta versão de 1920 é muito boa e foi uma surpresa, pois há várias mudanças na parte final do filme em relação ao de 1992, o desenlace é bem mais trágico nesta versão de 1920 (mas igualmente poderosa e realista, talvez até mais) do que na versão mais recente. O cinema mudo continua a ser uma constante (boa) surpresa para mim. Os anos 20 são uma das épocas mais ricas e criativas da história do cinema.
Mulheres Fáceis/Entre Amigas
3.7 9Fiquei surpreendido, pela positiva, com este filme, para mim é um dos melhores da chamada "nouvelle vague". É pena que seja um filme "esquecido", como a grande maioria dos filmes de Claude Chabrol, cineasta que realizou imensos ótimos filmes. Trata-se de uma obra maravilhosa e única. As atuações das quatro atrizes principais são fantásticas. Nota: 9/10
Condenado
3.9 22Um filme extremamente diferente do estilo que estamos habituados a ver, ainda mais notório visto estarmos a falar de um filme dos anos 40. Inicialmente, o filme até parece que vai ter uma narrativa e um desenvolvimento convencionais, mas não é isso que acontece. À medida que o filme vai avançando, vamos conhecendo um conjunto de personagens singularmente interessantes, com as mais diferentes motivações. A trajetória do personagem de James Mason também surpreende, pois quando estamos à espera que aconteça algo de concreto ao personagem, a verdade é que ele passa todo o filme andando em fuga, em circunstâncias complicadas pois está gravemente ferido, indo parando em vários locais, que também se nos apresentam e revelam como algo singulares. O filme acaba, pouco a pouco, por entrar numa espécie de "tom" quase existencialista, difícil de definir, algo que não é de esperar nos primeiros 20 minutos. Os atores tem excelentes performances, quer os principais, quer os secundários, sendo que estes últimos têm uma componente extremamente importante no filme, que enriquece o mesmo. Claro que há a destacar o protagonista James Mason (que afirmou ter sido a sua performance neste filme a melhor de toda a sua carreira) e também a estreante Kathleen Ryan, que também tem uma excelente atuação. Resumindo, tudo nos vai surpreendendo ao longo do avançar deste filme. Tudo, com uma exceção: praticamente desde o início, o filme tem uma atmosfera trágica, ficando desde logo à partida o pressuposto de que o final do filme só poderá também ser trágico. Um filme pouco conhecido, realizado pelo consagrado e famoso Carol Reed, que é uma verdadeira pérola do cinema, um filme que constitui um verdadeiro caso de estudo. Muito bom (8.5/10).
Quando Explode a Vingança
4.1 133 Assista AgoraEste filme é fabuloso. Há tanto para dizer sobre o filme que neste momento nem consigo dizer nada. Os filmes de Sergio Leone são fabulosos (os 6 que eu vi), este "duck you sucker", ou " a fisful of dynamite", ou "once upon a time a revolution" é o mais subvalorizado filme de Leone. Não dá para entender porquê. Para mim, é o melhor. Além disso, considero a atuação de Rod Steiger entre as melhores interpretações da história do cinema. Ele está simplesmente fenomenal.
O Navegador
4.2 15Não é dos melhores filmes de Buster Keaton, mesmo assim tem vários momentos muito engraçados (7/10).
Consciências Mortas
4.2 72Bom filme, com temática muito interessante e intemporal. O filme ainda seria melhor se os personagens (ou alguns deles) estivessem mais bem desenvolvidos. A personagem Rose não deveria existir, não acrescenta absolutamente nada ao filme.
O Fantasma da Ópera
3.9 82 Assista AgoraO filme é bom, embora esteja longe de estar entre os meus filmes mudos favoritos. No IMDB diz que o filme tem 93 minutos, mas eu vi uma versão com 103 minutos. Preferia ter visto a de 93, pois a que vi torna o filme um pouco "arrastado" e longo em demasia. Há algumas cenas de antologia, sem dúvida. O ano de 1925 foi, na minha opinião, o melhor do cinema mudo, teve uma série de filmes fantásticos que ficaram para a história. Lon Chaney está brilhante, como sempre, embora considere que a melhor atuação da sua carreira seja no fabuloso filme "the unknown", de Tod Browning, de 1927.
O Deserto Vermelho
4.0 97Mais um filme com a "marca Antonioni". Pouca coisa (aparentemente) acontece, ritmo lento, longas cenas sem quaisquer diálogos, técnica aprimorada e obsessiva no som e na imagem. Nós, os que temos mente aberta e que gostamos verdadeiramente de cinema, simplesmente adoramos e ficamos deslumbrados com o que vemos. Excelente atuação de Monica Vitti.
Hanyo, a Empregada
3.5 44Ainda bem que os Sul-Coreanos agora fazem muito bom cinema, talvez o melhor do mundo neste século, pois isso parece que não acontecia em 1960, pelo menos é a conclusão que se obtém vendo este "hanyo". Até meio, o filme ainda vai sendo razoável, a partir daí torna-se tudo muito mau, a história torna-se chata e inverosímil, o final é do pior que eu já vi (quase dá para rir), as atuações dos atores são fraquíssimas (com exceção da atriz que interpreta a esposa do protagonista). Depois de ter visto dezenas de filmes Coreanos dos últimos 20 anos, foi uma deceção para mim este "hanyo", as minhas expetativas eram altas. E o filme até promete no início, pena que depois se "perca" completamente e, como já li aqui alguém escrever, o filme a partir de meio parece uma autêntica "novela Mexicana".
Viy: A Lenda do Monstro
3.8 81Provocam-me risos (no mau sentido) a maioria dos atuais filmes de terror Norte-Americanos. Tenho visto filmes de terror (e de outros géneros também) Franceses, Suecos, Italianos, Japoneses, Sul Coreanos, etc, quer atuais, quer mais antigos (como é o caso deste filme da ex-União Soviética). Fizeram-se e fazem-se por esse mudo fora filmes brilhantes. Os Norte-Americanos já fizeram fantásticos filmes, mas (essencialmente) este século estão a passar por uma grande crise de originalidade e criatividade. Veja-se a quantidade de remakes que nos últimos anos eles tem feito de filmes antigos, quer Americanos, quer de outros países. Isso é um claro sinal da crise de ideias do atual cinema Americano. Não adianta ter os maiores orçamentos do mundo quando não há ideias ou a criatividade está em crise. Esta “crise Americana” acontece por vários motivos que eu demoraria muito tempo a explicar por texto. Minha nota para o filme “VIY”: 7/10
Preso na Escuridão
4.2 497 Assista AgoraQuer o "abre los ojos", quer o "vanilla sky" são filmes muito fracos e cheios de "furos". Quase sempre o original é sempre melhor que o remake (as exceções são muito poucas, mas há, como por exemplo no caso do "cape fear" do Scorsese que é superior ao original, que já era muito bom). Neste caso o que se pode dizer é que o remake Americano é tão medíocre quanto o original Espanhol. Nem entendo a razão de terem sido filmes um pouco sobrevalorizados. Ambos com intriga aborrecida, cheia de "erros" e inverosímil e ambos com interpretações muito fracas e pouco convincentes.
A Irmandade da Guerra
4.1 106Concordo com a generalidade das críticas e comentários que aqui li, penso que o realizador Je-Kyu Kang brinda-nos com um argumento ótimo e isento, não sendo portanto politicamente correcto e fá-lo de uma forma que merece o meu aplauso porque relata os crimes de guerra de ambas as partes do conflito com uma enorme lucidez. Este filme teve um orçamento de cerca de 12 Milhões USD, dos mais altos que tenho visto na produção Sul-Coreana, que, pelo menos neste século, tem-nos brindado com fantásticos, criativos e originais filmes, dos mais variados géneros, feitos com pouco dinheiro, comparativamente com o que se passa em Hollywood. Imagino que se este filme fosse feito nos EUA, o orçamento iria rondar os cerca de 100 milhões USD. Isto só para dizer que não são necessários orçamentos gigantescos para se fazerem ótimos filmes. O que é preciso é a tal criatividade e originalidade que referi acima. Os Sul-Coreanos tem sido a prova disso.
Ah, já agora, o filme teve receitas de cerca de 77 Milhões USD a nível mundial.
Picnic na Montanha Misteriosa
3.8 177 Assista AgoraFoi muito sobrevalorizando este filme banal. Peter Weir já realizou excelentes filmes. Este não foi um deles. A década de 70 foi absolutamente fantástica, na minha opinião a melhor década do cinema, onde se realizaram filmes de grande criatividade e originalidade, filmes que ficaram na história do cinema. Não é o caso deste. Vou ver o "the last wave", também realizado pelo Peter Weir, também um filme da década de 70. Acredito que o homem que realizou "witness", "dead poets society", "the truman show", entre outros, tenha também realizado um grande filme nos anos 70. Pode ser que tenha sido o "the last wave". Este "picnic..." é que não foi de certeza. Nota: 6/10