E assim encerra a primeira parte de Boruto. Era algo que eu já estava pedindo há bastante tempo, pois esse é um anime muito falho em diversos aspectos e creio que uma pausa poderia fazer bem para a franquia. Deixa o mangá avançar muito na história e volta a adaptar de uma forma que não tenha tantos fillers. E precisam amadurecer os personagens, melhorar os traços e a animação... enfim. Boruto foi uma decepção de forma geral, mas ainda tem um material interessante que, se bem trabalhado, pode gerar alguns bons momentos.
O começo é meio timido, mas logo a série vai se mostrando como um lugar confortável. É leve e também séria nos momentos certos, e seus personagens são muito carismáticos. Particularmente adorei a Gabby, mas todos ali são ótimos e gostei de ver o cuidado do roteiro em dar destaques para o desenvolvimento de cada núcleo.
Interações maravilhosas, um homor inteligente e dramas reais da vida adulta. O roteiro é muito feliz ao mostrar o processo de luto por diferentes perspectivas, o que só deixou o enredo mais sensível e reflexivo. As ações do Jimmy podem ser questionáveis, mas tudo o que ele faz ao se doar tanto para os outros é também uma forma de tentar se salvar e seguir em frente.
Vai ter segunda temporada, mas se tivesse sido concluída aqui, já estaria satisfeito.
É tudo num nível tão absurdo que chega a ser engraçado, cheio de personagens caricatos e com frases de efeito. Bom pra passar o tempo, mas somente isso. É, eu sei... é ficção, mas a imagem sobre o futebol que esse anime passa é algo completamente distorcido hahahahaha. Mas até dá para se divertir, se você desligar muito qualquer senso crítico.
Uma temporada tensa, cheia de batalhas insanas e revelações importantes. Curti muito a sequência final com o Midoriya passando por todas aquelas questões internas.
The Last of Us consegue mesclar muito bem a ação e o drama, e se tornou uma das melhores experiências em termos de série que já vi nos últimos tempos. Não conheço os jogos (ainda), mas assistir a essa primeira temporada sem o conhecimento prévio foi algo positivo pois fui surpreendido com uma trama cheia de camadas emocionantes e personagens intensos.
A dupla Pedro Pascal e Bella Ramsey (Joel e Ellie, respectivamente) são nossos protagonistas, e que ganharam a internet nos últimos meses. Mas não é para menos. Pedro Pascal entregou uma atuação poderosa, de um pai em luto, que sabe quais são seus pecados e o fardo que precisa carregar. Bella Ramsey, por sua vez, fez uma Ellie de personalidade forte, que embora tenha essa casca grossa, por dentro é alguém que também possui suas dores.
São nesses sentimentos que Joel e Ellie se encontram e se completam, pois ambos, de suas formas particulares, experenciaram a perda de pessoas que amavam.
É um mundo apocalíptico, mas o foco, ao menos nessa primeira temporada, me pareceu
ser apresentar e desenvolver as relações entre personagens que serão importantes para como Joel e Ellie se veem. O terceiro episódio, “Long, Long Time”, que conta a história de Bill e Frank, me destruiu completamente no final. E ali tivemos uma forma responsável e sensível de retratar um relacionamento homoafetivo. “Endure and Survive”, o quinto episódio, nos apresentou os irmãos Henry e Sam. E durante uma hora, vimos uma bela relação sendo construída com nossos protagonistas. Foram duas histórias que me marcaram muito e que me arrancaram algumas (várias) lágrimas.
Gostei muito de como a série desenvolveu a proximidade entre Joel e Ellie após as tragédias que eles passaram. Você nota que a cada episódio há uma preocupação mútua,
algo que começa de uma aparente indiferença termina com o Joel dando seu sangue para salvar a Ellie.
E todo esse enredo, em nove episódios, foi muito bem feito.
A produção da HBO foi incrível, os cenários são maravilhosos e gostei como o roteiro não te coloca em lugares fáceis. É algo que vai além da batalha por sobrevivência, que envolve questões morais e éticas duvidosas e escolhas absurdamente difíceis. Melhor série do ano até aqui, e talvez seja difícil retirá-la desse posto.
Incrível. Caótica. Maravilhosa. Frenética. E absurdamente linda. Essa série foi uma baita surpresa e agora entendo todo o destaque positivo que teve. Funciona muito bem enquanto um drama familiar, e o humor aqui é diferente: as cenas cômicas não são "galhofas", mas sutis e servem para "quebrar" o ritmo acelerado das cenas em alguns momentos ou mesmo para intensifica-las.
Os personagens são muito bons e bem escritos, e vi muitos espaços para desenvolvimento individual na segunda temporada. A proposta, ao que me pareceu, foi mostrar a dinâmica do coletivo e de como eles podem sobreviver como um novo grupo, e isso gera embates intensos. É basicamente esse o caminho da série ao longo do seu primeiro ano. E funciona. A questão não é a culinária, os pratos, o que eles cozinham ou não, mas sim como as relações se dão ali e como tudo volta para os dramas daquelas pessoas. Grande acerto.
Uma série incrível, muita intensa e que sabe bem abordar esses lados sombrios da personalidade humana. Todos os personagens são falhos em algum sentido, quebrados em suas crenças e desesperados por respostas. Chris Evans entregou uma atuação brilhante, segurando muito bem toda a elevada carga dramática do roteiro.
Um pouco melhor que a primeira temporada. Senti a animação um tanto mais fluída, e dessa vez consegui me interessar mais pela história. Mas continua muita conversa e poucas lutas por temporada. Assim fica difícil.
Alguns episódios se destacam, mas outros infelizmente são bem ruins. E mesmo esses que são um pouco melhores, não conseguem passar metade daquele horror que se vê nas páginas de um mangá do Junji Ito. Entendo, é uma adaptação de contos e etc. Mas não conseguiu me prender o suficiente. Ponto positivo que em termos de visuais, os desenhos conseguem transmitir muito do "absurdo" presente nas histórias do autor.
(Poderiam fazer um anime só com Tomie. Agora aguardar a estreia de Uzumaki.)
HunterXHunter não é uma obra como as outras. A forma como o Togashi escolheu para contar sua história e seus personagens seguiu um caminho mais maduro desde o começo, em que esses mesmos personagens (incluindo o protagonista) estivessem passando por constantes testes não só de força física, mas mental e moral.
O Gon somente aparenta seguir essa cartilha de "protagonista inocente" de shonen, porque apesar de sua ingenuidade (ele é só uma criança, também), há momentos em que seu raciocínio brilha de forma rápida, e suas falhas são também humanas. Há momentos em que ele é profundamente egoísta, e até um pouco sádico quando tenta testar toda sua força sem medir as consequências... mas afinal, ele está descobrindo e explorando esse universo novo bem à sua frente, e tudo o que esse mundo pode dar para ele. O seu suporte (e, para mim, o destaque da trama) é uma outra criança que desconhecia qualquer senso de amor e amizade. O Killua, ao ser resgatado pelo Gon, funciona como aquele amigo que nos coloca de volta nos trilhos quando a raiva nos consome, que faz com pensemos no cenário geral das coisas. E ambos se completam em uma jornada que, ao final, o que realmente importa é o que foi feito nela e as pessoas que eles conheceram.
HXH é, acima de tudo, sobre jornadas. Reduzir essa história a "um filho em busca de um pai relapso" é pouco. Reduz a humanidade do Meruem, a proteção e a vontade do Netero, a força do Kurapika, o senso de responsabilidade do Leorio. Cada personagem dessa trama nos ensina algo maior que serve para nossas vidas. É absurdo como isso é tão bem feito, contendo até diálogos existenciais sobre a própria humanidade e suas políticas.
Por enquanto, só tive acesso a esse anime, a esses 148 episódios. E fiquei simplesmente encantado por esses personagens que possuem tantos lados em suas personalidades, que mesmo tendo passado por diversas dores em seus caminhos, ainda são inacabados, ainda são limitados. E eles reconhecem até onde vai essa força. O personagem aqui não vai do ponto A até o ponto B simplesmente porque o autor quer que ele vá e faz sentido que ele vá. Existe um processo. Nem o próprio protagonista ganha poderes em um estalar de dedos, pois ele avança de acordo com a história e através de treinamentos exaustivos. E com isso vem toda uma série de conceitos dos campos de poder do anime, que também são incríveis.
Agora vou ler o mangá, torcendo para que o Togashi continue produzindo por muitos e muitos anos. E, quem sabe, o anime retorne um dia. Pode acontecer.
De forma geral, foi uma temporada "sólida". Não foi tão ousada, mas não achei tão contida também. Apresentou mais lados burocráticos, tanto de Gilead quanto do Canadá, e alguns personagens desejando "mudanças"... mas seriam essas transformações boas? E serviriam para quem? Os interesses de quem coordena Gilead nunca estiveram tão expostos, e essa parte foi interessante. June e Serena entram em dinâmicas que são surreais para as duas personagens, e muito bem sustentadas pelas excelentes atrizes que praticamente carregaram o andamento da temporada nas costas. Todas as tramas passavam por elas em algum nível. E esse final... bom, fazia tempo que não ficava ansioso por uma nova temporada de Handmaid's Tale, e agora mal posso esperar para ver o que vem no sexto ano.
Muito forte e desconfortável, como eu já esperava que fosse. Evan Peters está verdadeiramente espetacular, e ele consegue passar toda a frieza daquela personalidade mórbida e cruel. Há um forte e necessário debate sobre o racismo na época, especialmente partindo da polícia - que foi absurdamente negligente em todo o caso. E a figura da Glenda reforça uma esperança necessária em um mundo cheio de monstros como dahmer. Os esforços dela a tornam a personagem mais interessante e bem construída da série, e passa uma baita mensagem e reflexões sobre perdoar ou não aqueles que cometem esses atos.
Como fica para as famílias? Como lidar com a dor daqui pra frente? Como ser forte, de onde tiramos essa força e essa coragem para seguir? O roteiro foi muito responsável em propor algumas dessas reflexões, em inserir as pessoas que perderam suas vidas em um contexto e, em alguns casos, mostrar suas vivências.
A forma como mostram o desenvolvimento do dahmer também é cuidadosa, desde seus primeiros passos e pensamentos até a criação de um modus operandi e de como ele foi ficando mais experiente. E nesse meio há uma série de agentes (desde a polícia até seus pais) que se mostraram irresponsáveis no seu monitoramento, mesmo após comportamentos perturbadores para qualquer pessoa normal. Como aqueles policiais "devolveram" um garoto que estava desmaiado? E ainda sem checar os antecedentes do dahmer? Como os outros policiais não olharam o que havia dentro das sacolas que o dahmer levava no carro? Porque o juiz no episódio cinco o absolveu tão rapidamente da acusação de agressão sexual? Ah, sim... o dahmer era branco. Estava tudo bem o "namorado voltar para a casa do homem branco" e sim o "jovem branco não abusou sexualmente de um menor por mal" de acordo com a justiça. Esse tipo de pensamento persiste até nos dias de hoje, infelizmente. Esse tipo de ação policial, esse tipo de justiça... pura vergonha. Eles beneficiaram o dahmer e deram ainda mais espaço para que ele matasse mais pessoas.
Grata surpresa. Não esperava muito e fui felizmente surpreendido com uma história que foi além do futebol. Os sentimentos dos personagens e seus objetivos são muito bem aprofundados. A animação é muito boa, cheia de cores vivas. Bom demais.
Ele explora como o homem pode ser doente e egoísta, profundamente irresponsável com relação aos sentimentos de uma mulher em um relacionamento. Ela, por sua vez, acaba pensando que tudo é sua culpa, que "não é boa o suficiente", que se "ele está me traindo, a culpa é minha que não fiz tal coisa", e essa parte fica bem evidente em cada frase e atitude da Katsura. E essa culpa corrói a mente. Enquanto milhares de mulheres estão sofrendo por aí em contextos parecidos, homens saem "livres"... sem julgamentos, pois são privilegiados desde que nascem, se fazem de desentendidos (percebem como o verme do protagonista "desconversa" em vários momentos?), e a sociedade pode até condenar por um tempo, mas para eles nunca dura muito. Para a mulher? É para sempre. Cada atitude, cada pequeno detalhe na fala, na forma de se vestir, na maneira de comer... cada pequeno gesto controlado.
Infelizmente esses pontos são tratados de forma irresponsável, apelando para as imagens e situações que possam chocar. Há zero profundidade e desenvolvimento de personagens aqui.
Era esperado que ele morresse, sim. Era só se atentar aos sinais. Só errei em quem o mataria. Mas não esperava pelas cenas na sequências, que essas sim são bem mais desconfortantes e perturbadoras.
Por ter só doze episódios (e dois OVAs, que podem ser ignorados), passa rápido, mas devo dizer que há alguns gatilhos nesse anime, sim. Eu não o recomendo para ninguém.
É uma série que te deixa com um sentimento de desconforto do começo ao fim, e que mostra que todos os seus personagens possuem sistemas morais profundamente questionáveis. Os tons mais escuros deixam a obra ainda mais densa e triste, e os cenários foram feitos para serem os mais reais possíveis. Em termos técnicos, foi algo realmente desconcertante. A ambientação nas ruas, na cadeia, na policia... tudo me pareceu muito seco, como se fosse de fato para demonstrar que, nesses locais, até mesmo a vida mais inocente e ingênua pode ser destruída.
A imagem inicial que temos do Nas é de um "garoto" que ainda não compreende como as coisas realmente funcionam, que não possui muitas experiências de vida e que acredita cegamente nos outros. É interessante acompanhar como isso muda ao longo dos oito episódios, e a ingenuidade vai dando lugar para um rosto com expressões frias e olhos fundos, para uma mente conturbada e cheia de raiva. Pois como Jack fala em sua declaração final, é isso que o sistema carcerário faz enquanto a pessoa aguarda o julgamento. É necessário que você seja outro para sobreviver lá dentro, e essa corrupção do sistema e do próprio ser humano é muito bem exposta.
O final foi coerente com a "imagem" da série: triste, com o nosso protagonista sem rumo e a família quebrada. Nada mudou para o nosso querido advogado Jack, exceto, talvez, que ele viu ali uma "vitória". Não sabemos o que aconteceu com Chandra, mas provavelmente perderá sua licença. De fato, foi um final com um gosto meio amargo, mas agora interpreto que é como se tivesse que ser daquela forma para ser coerente com os acontecimentos dos personagens. Infelizmente não teremos sempre aquele "final feliz com abraços para todos os lados".
A realidade é bem mais crua, e The Night Of mostrou isso.
Essa temporada foi ainda mais densa que a primeira. Uma história muito macabra e revoltante.
O desenvolvimento da Verônica foi um dos pontos fortes, onde deu pra ver uma personagem mais casca grossa, menos ingênua e bem mais alerta. Taina Muller bem mais a vontade no papel. Klara Castanho simplesmente arrebentou e passou uma personagem muito angustiante.
Já quero muito a terceira temporada. Isso aqui é ouro.
Que série incrível, poderosa, intensa e necessária. Ela explora muito bem a realidade de milhares de mulheres no Brasil, e ainda expõe formas de notar determinados tipos de abusos que, muitas vezes, a pessoa nem sabe que está sendo vítima. A violência doméstica é, em muitas vezes, silenciosa, e as mulheres são muitas vezes silenciadas e ridicularizadas pelo próprio sistema que deveria protege-las.
Os primeiros episódios mostraram como ainda há agentes que possuem um pensamento profundamente arcaico, que olham para a mulher que sofreu agressão como alguém que pediu por isso, quando na realidade ninguém pede para ser violentada. Elas só querem viver e exercer sua liberdade de direito, sem um homem ditando como devem se comportar, sem um homem achando que a forma como uma mulher dança ou mesmo o que ela veste é um "convite" para algo. Elas só querem ter seus corpos respeitados, e infelizmente isso não ocorre onde nós vivemos já que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
Então essa série funciona muito como um alerta necessário, até mesmo para identificar predadores sexuais e a forma como podem agir. Nesse ponto, considero que o enredo foi bastante responsável. E todas as histórias são muito bem amarradas, o roteiro é muito preciso e bem focado naquilo que explora. As atuações de Tainá Müller e Camilo Morgado são emocionantes, e suas personagens são muito carregadas. É impossível não sentir raiva com tudo o que acontece com elas. Quanto ao personagem do Eduardo Moscovis, concordo que houve um problema ao explorar ele,
e a série perde um pouco em conteúdo ao não mostrar o seu passado, se seus pais fizeram algo com ele, como ele foi nutrindo esse ódio por mulheres. Há uma tentativa em um dos episódios, mas não vão muito além. Talvez de fato não tenha sido o objetivo mostrar as "motivações" do assassino em série, mas enquanto um seriado de investigação creio que teria sido um ponto a mas no enredo.
"Bom Dia, Verônica" é densa, e essa primeira temporada trata sobre algo que é uma realidade no nosso cotidiano, algo que infelizmente estamos vendo todos os dias. Quantos "Brandão" estão soltos por aí, apenas esperando a sua próxima vítima?
A adaptação de Sandman foi de uma qualidade absurda em todos os aspectos, com um roteiro muito bem construído, claro em sua narrativa e que soube explorar a riqueza de seus personagens e seu mundo tão fantasioso. Não esperava muito, mas fui surpreendido positivamente pela abordagem da série para temas tão sérios e tratados de forma tão responsável. Mesmo sendo uma "ficção", Sandman traz acontecimentos históricos e também trabalha com a religião, os mitos e lendas populares, e foi bom ver tudo isso sendo bem arquitetado no andamento da história.
Quanto às histórias em quadrinhos, até o momento só li o primeiro volume (da edição definitiva da Panini), então de certa forma é o suficiente para saber o que se passa na primeira temporada, mas não sou um grande conhecedor do universo dos Perpétuos. Mas senti que a série conseguiu explicar muito bem seus conceitos e a base de suas histórias mesmo para quem não tem um conhecimento tão aprofundado na obra do Neil Gaiman. Há algumas mudanças interessantes, especialmente na representação de alguns personagens, e para mim tudo funcionou bem nesses dez episódios.
Imaginem que as histórias são passeios sobre aquilo que pensamos ser o ato de "sonhar", mostrando seus lados obscuros, agonizantes e reconfortantes. O enredo trata de forma precisa questionamentos sobre a subjetividade do homem, até onde vai sua liberdade e qual o seu propósito enquanto ser no mundo. Nós criamos essas ideias de desejo, desespero, sonho, morte e etc. E somos tomados por essas palavras diariamente, somos condicionados por elas ao mesmo tempo em que a determinamos. Esses "conceitos" nos servem ao mesmo tempo em que nós alimentamos eles. É legal o roteiro propor essa reflexão de uma maneira muito madura, sem parecer presunçosa sobre o que seria o homem, mas apenas jogando perguntas.
Devo dizer que essa foi uma boa experiência e que me revelou um pouco sobre algumas das minhas próprias inquietações, afinal é assim que a arte também age. Uma pena que muitos não conseguiram apreciar o que essa adaptação pode dar ao universo criado pelo Neil Gaiman (um outro olhar, outra perspectiva), e infelizmente são as mesmas pessoas que até hoje não entendem as palavras do próprio autor.
Emocionante, brutal, revoltante... são muitas palavras e sentimentos que temos com esse documentário. A produção foi de uma linda riqueza de sensibilidade para com a imagem da Daniella Perez e da Gloria Perez, ao ponto de que é impossível não se emocionar e ao mesmo tempo ficar com raiva de todo o caso.
Os cinco episódios cobrem desde o assassinato premeditado, passando pelas motivações daqueles dois infelizes (psicopatas que me recuso a escrever o nome), como a mídia da época noticiou o acontecimento, a luta da Gloria por justiça e os sentimentos dos familiares e amigos. Esses e outros pontos são abordados em seus mínimos detalhes, e nos leva a pensar e problematizar o frágil sistema judiciário brasileiro, e o quanto ele ainda protege os seres mais covardes e perversos.
Imaginemos a dor de uma mãe ao perder o filho(a), ao saber que uma parte de si foi tragicamente destruída e que nunca mais terá uma felicidade plena, que nunca mais poderá ver aquele rosto. Imagine, agora, quantas mães e quantos pais passaram e passam por isso diariamente, tendo que assistir seus filhos serem vítimas do ódio alheio, e muitas vezes infelizmente sem ter o espaço para gritar por justiça. A Gloria Perez consegue transmitir esse sentimento, e ao final você está chorando junto com ela por ver que o assassino está livre e que, mais uma vez, desonram a memória de sua filha.
Acho que outra questão interessante que deve ser analisada é a forma como a mídia da época tratou de relatar o acontecimento, o sensacionalismo de sempre estampados nas revistas e jornais, e a forma como alguns veículos misturaram a ficção com a realidade ao ponto de até mesmo prejudicar a construção do imaginário popular sobre a Daniella Perez. Ela mesmo nunca teve nenhum tipo de relacionamento amoroso com aquele psicopata, mas mesmo após ser assassinada, revistas do período pegavam fotos dos dois personagens da novela e colocavam na capa para noticiar o andamento do caso. Esse ponto da imagem da Daniella sendo usada de forma tão absurda foi até algo levantado pela mãe, que poderia fazer com que as pessoas pensassem que, em algum momento, houve algum relacionamento. Mas não houve. E essa prática grotesca é infelizmente feita até hoje, de forma até muito mais fácil. O sensacionalismo continua existindo firme, forte e ainda mais moderno.
É revoltante saber que aqueles dois trastes estão livres. Um deles é pastor, o velho "cidadão de bem" (que, por sinal, vejam só... até fez campanha para outro ser igualmente imprestável lá em 2018), está nos holofotes para alimentar seu ego, para saciar o seu "eu", essa necessidade de ter todos apontando para ele, falando dele e, por mais tosco que seja... amando ele. Como alguém consegue seguir um cara desses, eu nunca vou ser capaz de entender. Ele é a personificação da maldade. E não, ele NÃO MERECE SER OUVIDO, NÃO PRECISA SER OUVIDO, NÃO DEVE SER OUVIDO. CHEGA DE DAR ESPAÇO PARA A PERVERSÃO.
Gloria Perez foi de uma enorme força. Que ela continue com essa força para continuar protegendo a memória da filha.
Infelizmente pior que a primeira. Parece que desperdiçaram um espaço bom para melhorar o enredo e os personagens para no final joga-los em mais uma produção teen genérica, e logo não tem identidade. O roteiro atira para todas as direções, e poucos plots são realmente interessantes (o final é legal, mas só isso). Os atores não contribuem, e até sinto que alguns se esforçam (como o cara que faz o Dixon, a atriz da MJ), mas parece tudo muito travado, sem personalidade e carisma.
Pontos altos da temporada: Luka e Dixon. Dois personagens que tiveram um bom desenvolvimento. O resto, infelizmente, não posso dizer o mesmo.
High Card (1ª Temporada)
3.0 1 Assista AgoraO começo foi ruim, o meio foi mais ou menos e o final foi bom. Animação e arte são bonitas, mas os personagens são muito apagados.
Boruto - Naruto Next Generations (12ª Temporada)
3.4 6E assim encerra a primeira parte de Boruto. Era algo que eu já estava pedindo há bastante tempo, pois esse é um anime muito falho em diversos aspectos e creio que uma pausa poderia fazer bem para a franquia. Deixa o mangá avançar muito na história e volta a adaptar de uma forma que não tenha tantos fillers. E precisam amadurecer os personagens, melhorar os traços e a animação... enfim. Boruto foi uma decepção de forma geral, mas ainda tem um material interessante que, se bem trabalhado, pode gerar alguns bons momentos.
Falando a Real (1ª Temporada)
4.1 36 Assista AgoraO começo é meio timido, mas logo a série vai se mostrando como um lugar confortável. É leve e também séria nos momentos certos, e seus personagens são muito carismáticos. Particularmente adorei a Gabby, mas todos ali são ótimos e gostei de ver o cuidado do roteiro em dar destaques para o desenvolvimento de cada núcleo.
Interações maravilhosas, um homor inteligente e dramas reais da vida adulta. O roteiro é muito feliz ao mostrar o processo de luto por diferentes perspectivas, o que só deixou o enredo mais sensível e reflexivo. As ações do Jimmy podem ser questionáveis, mas tudo o que ele faz ao se doar tanto para os outros é também uma forma de tentar se salvar e seguir em frente.
Vai ter segunda temporada, mas se tivesse sido concluída aqui, já estaria satisfeito.
Blue Lock (1ª Temporada)
3.8 13 Assista AgoraÉ tudo num nível tão absurdo que chega a ser engraçado, cheio de personagens caricatos e com frases de efeito. Bom pra passar o tempo, mas somente isso. É, eu sei... é ficção, mas a imagem sobre o futebol que esse anime passa é algo completamente distorcido hahahahaha. Mas até dá para se divertir, se você desligar muito qualquer senso crítico.
My Hero Academia (6ª Temporada)
4.0 22 Assista AgoraUma temporada tensa, cheia de batalhas insanas e revelações importantes. Curti muito a sequência final com o Midoriya passando por todas aquelas questões internas.
The Last of Us (1ª Temporada)
4.4 1,2K Assista AgoraThe Last of Us consegue mesclar muito bem a ação e o drama, e se tornou uma das melhores experiências em termos de série que já vi nos últimos tempos. Não conheço os jogos (ainda), mas assistir a essa primeira temporada sem o conhecimento prévio foi algo positivo pois fui surpreendido com uma trama cheia de camadas emocionantes e personagens intensos.
A dupla Pedro Pascal e Bella Ramsey (Joel e Ellie, respectivamente) são nossos protagonistas, e que ganharam a internet nos últimos meses. Mas não é para menos. Pedro Pascal entregou uma atuação poderosa, de um pai em luto, que sabe quais são seus pecados e o fardo que precisa carregar. Bella Ramsey, por sua vez, fez uma Ellie de personalidade forte, que embora tenha essa casca grossa, por dentro é alguém que também possui suas dores.
São nesses sentimentos que Joel e Ellie se encontram e se completam, pois ambos, de suas formas particulares, experenciaram a perda de pessoas que amavam.
É um mundo apocalíptico, mas o foco, ao menos nessa primeira temporada, me pareceu
ser apresentar e desenvolver as relações entre personagens que serão importantes para como Joel e Ellie se veem. O terceiro episódio, “Long, Long Time”, que conta a história de Bill e Frank, me destruiu completamente no final. E ali tivemos uma forma responsável e sensível de retratar um relacionamento homoafetivo. “Endure and Survive”, o quinto episódio, nos apresentou os irmãos Henry e Sam. E durante uma hora, vimos uma bela relação sendo construída com nossos protagonistas. Foram duas histórias que me marcaram muito e que me arrancaram algumas (várias) lágrimas.
Gostei muito de como a série desenvolveu a proximidade entre Joel e Ellie após as tragédias que eles passaram. Você nota que a cada episódio há uma preocupação mútua,
algo que começa de uma aparente indiferença termina com o Joel dando seu sangue para salvar a Ellie.
A produção da HBO foi incrível, os cenários são maravilhosos e gostei como o roteiro não te coloca em lugares fáceis. É algo que vai além da batalha por sobrevivência, que envolve questões morais e éticas duvidosas e escolhas absurdamente difíceis. Melhor série do ano até aqui, e talvez seja difícil retirá-la desse posto.
O Urso (1ª Temporada)
4.3 414 Assista AgoraIncrível. Caótica. Maravilhosa. Frenética. E absurdamente linda. Essa série foi uma baita surpresa e agora entendo todo o destaque positivo que teve. Funciona muito bem enquanto um drama familiar, e o humor aqui é diferente: as cenas cômicas não são "galhofas", mas sutis e servem para "quebrar" o ritmo acelerado das cenas em alguns momentos ou mesmo para intensifica-las.
Os personagens são muito bons e bem escritos, e vi muitos espaços para desenvolvimento individual na segunda temporada. A proposta, ao que me pareceu, foi mostrar a dinâmica do coletivo e de como eles podem sobreviver como um novo grupo, e isso gera embates intensos. É basicamente esse o caminho da série ao longo do seu primeiro ano. E funciona. A questão não é a culinária, os pratos, o que eles cozinham ou não, mas sim como as relações se dão ali e como tudo volta para os dramas daquelas pessoas. Grande acerto.
Em Defesa de Jacob
4.0 230 Assista AgoraUma série incrível, muita intensa e que sabe bem abordar esses lados sombrios da personalidade humana. Todos os personagens são falhos em algum sentido, quebrados em suas crenças e desesperados por respostas. Chris Evans entregou uma atuação brilhante, segurando muito bem toda a elevada carga dramática do roteiro.
Alguns plots foram esquecidos
(como a obseção do Patz pelo Ben, a Sarah e o Jacob, o Matt)
Quanto ao Jacob:
CRIANÇA IRRITANTE DO CARAMBA. Passei raiva com esse garoto. Mas gostei que o final ficou "aberto". Para mim, ele assassinou o Ben.
E nossa, como as produções da Apple TV são boas, né. Poucas, porém muito boas.
The Morning Show (2ª Temporada)
3.6 68 Assista AgoraUma temporada sem nenhum objetivo claro e definido, o que é uma pena já que a primeira foi muito boa.
Record of Ragnarok (2ª Temporada)
3.6 24 Assista AgoraUm pouco melhor que a primeira temporada. Senti a animação um tanto mais fluída, e dessa vez consegui me interessar mais pela história. Mas continua muita conversa e poucas lutas por temporada. Assim fica difícil.
Junji Ito: Histórias Macabras do Japão (1ª Temporada)
3.1 77Alguns episódios se destacam, mas outros infelizmente são bem ruins. E mesmo esses que são um pouco melhores, não conseguem passar metade daquele horror que se vê nas páginas de um mangá do Junji Ito. Entendo, é uma adaptação de contos e etc. Mas não conseguiu me prender o suficiente. Ponto positivo que em termos de visuais, os desenhos conseguem transmitir muito do "absurdo" presente nas histórias do autor.
(Poderiam fazer um anime só com Tomie. Agora aguardar a estreia de Uzumaki.)
Mob Psycho 100 (3ª Temporada)
4.4 24Vou sentir saudades de Mob. Personagens (e protagonista) adoráveis.
Hunter x Hunter II (Arco 7: Eleição)
4.3 47HunterXHunter não é uma obra como as outras. A forma como o Togashi escolheu para contar sua história e seus personagens seguiu um caminho mais maduro desde o começo, em que esses mesmos personagens (incluindo o protagonista) estivessem passando por constantes testes não só de força física, mas mental e moral.
O Gon somente aparenta seguir essa cartilha de "protagonista inocente" de shonen, porque apesar de sua ingenuidade (ele é só uma criança, também), há momentos em que seu raciocínio brilha de forma rápida, e suas falhas são também humanas. Há momentos em que ele é profundamente egoísta, e até um pouco sádico quando tenta testar toda sua força sem medir as consequências... mas afinal, ele está descobrindo e explorando esse universo novo bem à sua frente, e tudo o que esse mundo pode dar para ele. O seu suporte (e, para mim, o destaque da trama) é uma outra criança que desconhecia qualquer senso de amor e amizade. O Killua, ao ser resgatado pelo Gon, funciona como aquele amigo que nos coloca de volta nos trilhos quando a raiva nos consome, que faz com pensemos no cenário geral das coisas. E ambos se completam em uma jornada que, ao final, o que realmente importa é o que foi feito nela e as pessoas que eles conheceram.
HXH é, acima de tudo, sobre jornadas. Reduzir essa história a "um filho em busca de um pai relapso" é pouco. Reduz a humanidade do Meruem, a proteção e a vontade do Netero, a força do Kurapika, o senso de responsabilidade do Leorio. Cada personagem dessa trama nos ensina algo maior que serve para nossas vidas. É absurdo como isso é tão bem feito, contendo até diálogos existenciais sobre a própria humanidade e suas políticas.
Por enquanto, só tive acesso a esse anime, a esses 148 episódios. E fiquei simplesmente encantado por esses personagens que possuem tantos lados em suas personalidades, que mesmo tendo passado por diversas dores em seus caminhos, ainda são inacabados, ainda são limitados. E eles reconhecem até onde vai essa força. O personagem aqui não vai do ponto A até o ponto B simplesmente porque o autor quer que ele vá e faz sentido que ele vá. Existe um processo. Nem o próprio protagonista ganha poderes em um estalar de dedos, pois ele avança de acordo com a história e através de treinamentos exaustivos. E com isso vem toda uma série de conceitos dos campos de poder do anime, que também são incríveis.
Agora vou ler o mangá, torcendo para que o Togashi continue produzindo por muitos e muitos anos. E, quem sabe, o anime retorne um dia. Pode acontecer.
O Conto da Aia (5ª Temporada)
4.0 177 Assista AgoraDe forma geral, foi uma temporada "sólida". Não foi tão ousada, mas não achei tão contida também. Apresentou mais lados burocráticos, tanto de Gilead quanto do Canadá, e alguns personagens desejando "mudanças"... mas seriam essas transformações boas? E serviriam para quem? Os interesses de quem coordena Gilead nunca estiveram tão expostos, e essa parte foi interessante. June e Serena entram em dinâmicas que são surreais para as duas personagens, e muito bem sustentadas pelas excelentes atrizes que praticamente carregaram o andamento da temporada nas costas. Todas as tramas passavam por elas em algum nível. E esse final... bom, fazia tempo que não ficava ansioso por uma nova temporada de Handmaid's Tale, e agora mal posso esperar para ver o que vem no sexto ano.
Que soco bem dado no Lawrence, hein. Parabéns, Nick. Passou a temporada inteira fazendo absolutamente NADA, mas no final deu o nome. Kingo demais.
Dahmer: Um Canibal Americano
4.0 671 Assista AgoraMuito forte e desconfortável, como eu já esperava que fosse. Evan Peters está verdadeiramente espetacular, e ele consegue passar toda a frieza daquela personalidade mórbida e cruel. Há um forte e necessário debate sobre o racismo na época, especialmente partindo da polícia - que foi absurdamente negligente em todo o caso. E a figura da Glenda reforça uma esperança necessária em um mundo cheio de monstros como dahmer. Os esforços dela a tornam a personagem mais interessante e bem construída da série, e passa uma baita mensagem e reflexões sobre perdoar ou não aqueles que cometem esses atos.
Como fica para as famílias? Como lidar com a dor daqui pra frente? Como ser forte, de onde tiramos essa força e essa coragem para seguir? O roteiro foi muito responsável em propor algumas dessas reflexões, em inserir as pessoas que perderam suas vidas em um contexto e, em alguns casos, mostrar suas vivências.
A forma como mostram o desenvolvimento do dahmer também é cuidadosa, desde seus primeiros passos e pensamentos até a criação de um modus operandi e de como ele foi ficando mais experiente. E nesse meio há uma série de agentes (desde a polícia até seus pais) que se mostraram irresponsáveis no seu monitoramento, mesmo após comportamentos perturbadores para qualquer pessoa normal. Como aqueles policiais "devolveram" um garoto que estava desmaiado? E ainda sem checar os antecedentes do dahmer? Como os outros policiais não olharam o que havia dentro das sacolas que o dahmer levava no carro? Porque o juiz no episódio cinco o absolveu tão rapidamente da acusação de agressão sexual? Ah, sim... o dahmer era branco. Estava tudo bem o "namorado voltar para a casa do homem branco" e sim o "jovem branco não abusou sexualmente de um menor por mal" de acordo com a justiça. Esse tipo de pensamento persiste até nos dias de hoje, infelizmente. Esse tipo de ação policial, esse tipo de justiça... pura vergonha. Eles beneficiaram o dahmer e deram ainda mais espaço para que ele matasse mais pessoas.
Abbott Elementary (1ª Temporada)
4.2 57Que série deliciosa de assistir. Esse final da temporada deixou meu coração quentinho. Muito linda.
Ao Ashi
3.9 7Grata surpresa. Não esperava muito e fui felizmente surpreendido com uma história que foi além do futebol. Os sentimentos dos personagens e seus objetivos são muito bem aprofundados. A animação é muito boa, cheia de cores vivas. Bom demais.
School Days
3.1 119Ruim. Simplesmente... ruim. O pior protagonista (em todos os aspectos, ele é um lixo completo) de um anime que já vi. Mas, por um lado...
Ele explora como o homem pode ser doente e egoísta, profundamente irresponsável com relação aos sentimentos de uma mulher em um relacionamento. Ela, por sua vez, acaba pensando que tudo é sua culpa, que "não é boa o suficiente", que se "ele está me traindo, a culpa é minha que não fiz tal coisa", e essa parte fica bem evidente em cada frase e atitude da Katsura. E essa culpa corrói a mente. Enquanto milhares de mulheres estão sofrendo por aí em contextos parecidos, homens saem "livres"... sem julgamentos, pois são privilegiados desde que nascem, se fazem de desentendidos (percebem como o verme do protagonista "desconversa" em vários momentos?), e a sociedade pode até condenar por um tempo, mas para eles nunca dura muito. Para a mulher? É para sempre. Cada atitude, cada pequeno detalhe na fala, na forma de se vestir, na maneira de comer... cada pequeno gesto controlado.
Infelizmente esses pontos são tratados de forma irresponsável, apelando para as imagens e situações que possam chocar. Há zero profundidade e desenvolvimento de personagens aqui.
Quanto ao final:
Era esperado que ele morresse, sim. Era só se atentar aos sinais. Só errei em quem o mataria. Mas não esperava pelas cenas na sequências, que essas sim são bem mais desconfortantes e perturbadoras.
Por ter só doze episódios (e dois OVAs, que podem ser ignorados), passa rápido, mas devo dizer que há alguns gatilhos nesse anime, sim. Eu não o recomendo para ninguém.
The Night Of
4.3 318 Assista AgoraÉ uma série que te deixa com um sentimento de desconforto do começo ao fim, e que mostra que todos os seus personagens possuem sistemas morais profundamente questionáveis. Os tons mais escuros deixam a obra ainda mais densa e triste, e os cenários foram feitos para serem os mais reais possíveis. Em termos técnicos, foi algo realmente desconcertante. A ambientação nas ruas, na cadeia, na policia... tudo me pareceu muito seco, como se fosse de fato para demonstrar que, nesses locais, até mesmo a vida mais inocente e ingênua pode ser destruída.
A imagem inicial que temos do Nas é de um "garoto" que ainda não compreende como as coisas realmente funcionam, que não possui muitas experiências de vida e que acredita cegamente nos outros. É interessante acompanhar como isso muda ao longo dos oito episódios, e a ingenuidade vai dando lugar para um rosto com expressões frias e olhos fundos, para uma mente conturbada e cheia de raiva. Pois como Jack fala em sua declaração final, é isso que o sistema carcerário faz enquanto a pessoa aguarda o julgamento. É necessário que você seja outro para sobreviver lá dentro, e essa corrupção do sistema e do próprio ser humano é muito bem exposta.
O final foi coerente com a "imagem" da série: triste, com o nosso protagonista sem rumo e a família quebrada. Nada mudou para o nosso querido advogado Jack, exceto, talvez, que ele viu ali uma "vitória". Não sabemos o que aconteceu com Chandra, mas provavelmente perderá sua licença. De fato, foi um final com um gosto meio amargo, mas agora interpreto que é como se tivesse que ser daquela forma para ser coerente com os acontecimentos dos personagens. Infelizmente não teremos sempre aquele "final feliz com abraços para todos os lados".
Bom Dia, Verônica (2ª Temporada)
3.8 262 Assista AgoraEssa temporada foi ainda mais densa que a primeira. Uma história muito macabra e revoltante.
O desenvolvimento da Verônica foi um dos pontos fortes, onde deu pra ver uma personagem mais casca grossa, menos ingênua e bem mais alerta. Taina Muller bem mais a vontade no papel. Klara Castanho simplesmente arrebentou e passou uma personagem muito angustiante.
Já quero muito a terceira temporada. Isso aqui é ouro.
Bom Dia, Verônica (1ª Temporada)
4.2 762 Assista AgoraQue série incrível, poderosa, intensa e necessária. Ela explora muito bem a realidade de milhares de mulheres no Brasil, e ainda expõe formas de notar determinados tipos de abusos que, muitas vezes, a pessoa nem sabe que está sendo vítima. A violência doméstica é, em muitas vezes, silenciosa, e as mulheres são muitas vezes silenciadas e ridicularizadas pelo próprio sistema que deveria protege-las.
Os primeiros episódios mostraram como ainda há agentes que possuem um pensamento profundamente arcaico, que olham para a mulher que sofreu agressão como alguém que pediu por isso, quando na realidade ninguém pede para ser violentada. Elas só querem viver e exercer sua liberdade de direito, sem um homem ditando como devem se comportar, sem um homem achando que a forma como uma mulher dança ou mesmo o que ela veste é um "convite" para algo. Elas só querem ter seus corpos respeitados, e infelizmente isso não ocorre onde nós vivemos já que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
Então essa série funciona muito como um alerta necessário, até mesmo para identificar predadores sexuais e a forma como podem agir. Nesse ponto, considero que o enredo foi bastante responsável. E todas as histórias são muito bem amarradas, o roteiro é muito preciso e bem focado naquilo que explora. As atuações de Tainá Müller e Camilo Morgado são emocionantes, e suas personagens são muito carregadas. É impossível não sentir raiva com tudo o que acontece com elas. Quanto ao personagem do Eduardo Moscovis, concordo que houve um problema ao explorar ele,
e a série perde um pouco em conteúdo ao não mostrar o seu passado, se seus pais fizeram algo com ele, como ele foi nutrindo esse ódio por mulheres. Há uma tentativa em um dos episódios, mas não vão muito além. Talvez de fato não tenha sido o objetivo mostrar as "motivações" do assassino em série, mas enquanto um seriado de investigação creio que teria sido um ponto a mas no enredo.
"Bom Dia, Verônica" é densa, e essa primeira temporada trata sobre algo que é uma realidade no nosso cotidiano, algo que infelizmente estamos vendo todos os dias. Quantos "Brandão" estão soltos por aí, apenas esperando a sua próxima vítima?
Sandman (1ª Temporada)
4.1 589 Assista AgoraA adaptação de Sandman foi de uma qualidade absurda em todos os aspectos, com um roteiro muito bem construído, claro em sua narrativa e que soube explorar a riqueza de seus personagens e seu mundo tão fantasioso. Não esperava muito, mas fui surpreendido positivamente pela abordagem da série para temas tão sérios e tratados de forma tão responsável. Mesmo sendo uma "ficção", Sandman traz acontecimentos históricos e também trabalha com a religião, os mitos e lendas populares, e foi bom ver tudo isso sendo bem arquitetado no andamento da história.
Quanto às histórias em quadrinhos, até o momento só li o primeiro volume (da edição definitiva da Panini), então de certa forma é o suficiente para saber o que se passa na primeira temporada, mas não sou um grande conhecedor do universo dos Perpétuos. Mas senti que a série conseguiu explicar muito bem seus conceitos e a base de suas histórias mesmo para quem não tem um conhecimento tão aprofundado na obra do Neil Gaiman. Há algumas mudanças interessantes, especialmente na representação de alguns personagens, e para mim tudo funcionou bem nesses dez episódios.
Imaginem que as histórias são passeios sobre aquilo que pensamos ser o ato de "sonhar", mostrando seus lados obscuros, agonizantes e reconfortantes. O enredo trata de forma precisa questionamentos sobre a subjetividade do homem, até onde vai sua liberdade e qual o seu propósito enquanto ser no mundo. Nós criamos essas ideias de desejo, desespero, sonho, morte e etc. E somos tomados por essas palavras diariamente, somos condicionados por elas ao mesmo tempo em que a determinamos. Esses "conceitos" nos servem ao mesmo tempo em que nós alimentamos eles. É legal o roteiro propor essa reflexão de uma maneira muito madura, sem parecer presunçosa sobre o que seria o homem, mas apenas jogando perguntas.
Devo dizer que essa foi uma boa experiência e que me revelou um pouco sobre algumas das minhas próprias inquietações, afinal é assim que a arte também age. Uma pena que muitos não conseguiram apreciar o que essa adaptação pode dar ao universo criado pelo Neil Gaiman (um outro olhar, outra perspectiva), e infelizmente são as mesmas pessoas que até hoje não entendem as palavras do próprio autor.
Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez
4.4 416Emocionante, brutal, revoltante... são muitas palavras e sentimentos que temos com esse documentário. A produção foi de uma linda riqueza de sensibilidade para com a imagem da Daniella Perez e da Gloria Perez, ao ponto de que é impossível não se emocionar e ao mesmo tempo ficar com raiva de todo o caso.
Os cinco episódios cobrem desde o assassinato premeditado, passando pelas motivações daqueles dois infelizes (psicopatas que me recuso a escrever o nome), como a mídia da época noticiou o acontecimento, a luta da Gloria por justiça e os sentimentos dos familiares e amigos. Esses e outros pontos são abordados em seus mínimos detalhes, e nos leva a pensar e problematizar o frágil sistema judiciário brasileiro, e o quanto ele ainda protege os seres mais covardes e perversos.
Imaginemos a dor de uma mãe ao perder o filho(a), ao saber que uma parte de si foi tragicamente destruída e que nunca mais terá uma felicidade plena, que nunca mais poderá ver aquele rosto. Imagine, agora, quantas mães e quantos pais passaram e passam por isso diariamente, tendo que assistir seus filhos serem vítimas do ódio alheio, e muitas vezes infelizmente sem ter o espaço para gritar por justiça. A Gloria Perez consegue transmitir esse sentimento, e ao final você está chorando junto com ela por ver que o assassino está livre e que, mais uma vez, desonram a memória de sua filha.
Acho que outra questão interessante que deve ser analisada é a forma como a mídia da época tratou de relatar o acontecimento, o sensacionalismo de sempre estampados nas revistas e jornais, e a forma como alguns veículos misturaram a ficção com a realidade ao ponto de até mesmo prejudicar a construção do imaginário popular sobre a Daniella Perez. Ela mesmo nunca teve nenhum tipo de relacionamento amoroso com aquele psicopata, mas mesmo após ser assassinada, revistas do período pegavam fotos dos dois personagens da novela e colocavam na capa para noticiar o andamento do caso. Esse ponto da imagem da Daniella sendo usada de forma tão absurda foi até algo levantado pela mãe, que poderia fazer com que as pessoas pensassem que, em algum momento, houve algum relacionamento. Mas não houve. E essa prática grotesca é infelizmente feita até hoje, de forma até muito mais fácil. O sensacionalismo continua existindo firme, forte e ainda mais moderno.
É revoltante saber que aqueles dois trastes estão livres. Um deles é pastor, o velho "cidadão de bem" (que, por sinal, vejam só... até fez campanha para outro ser igualmente imprestável lá em 2018), está nos holofotes para alimentar seu ego, para saciar o seu "eu", essa necessidade de ter todos apontando para ele, falando dele e, por mais tosco que seja... amando ele. Como alguém consegue seguir um cara desses, eu nunca vou ser capaz de entender. Ele é a personificação da maldade. E não, ele NÃO MERECE SER OUVIDO, NÃO PRECISA SER OUVIDO, NÃO DEVE SER OUVIDO. CHEGA DE DAR ESPAÇO PARA A PERVERSÃO.
Gloria Perez foi de uma enorme força. Que ela continue com essa força para continuar protegendo a memória da filha.
Rebelde (2ª Temporada)
2.4 82 Assista AgoraInfelizmente pior que a primeira. Parece que desperdiçaram um espaço bom para melhorar o enredo e os personagens para no final joga-los em mais uma produção teen genérica, e logo não tem identidade. O roteiro atira para todas as direções, e poucos plots são realmente interessantes (o final é legal, mas só isso). Os atores não contribuem, e até sinto que alguns se esforçam (como o cara que faz o Dixon, a atriz da MJ), mas parece tudo muito travado, sem personalidade e carisma.
Pontos altos da temporada: Luka e Dixon. Dois personagens que tiveram um bom desenvolvimento. O resto, infelizmente, não posso dizer o mesmo.