Michaela Coel é simplesmente um gênio. Ela criou uma história intensa, dramática e muito realista para milhares de mulheres. "I May Destroy You" foi de uma sensibilidade única e conseguiu, em somente doze episódios de trinta minutos cada, explorar várias temáticas de extrema importância e ainda tocar na ferida da nossa sociedade, em todos aqueles lados que são brutalmente silenciados e esquecidos.
O trauma vivido por Arabella é, infelizmente, real. A violência contra a mulher existe (seja ela verbal ou física), e muitas vezes a própria vítima não nota, ou se sente como a "culpada" por ter sofrido algum abuso. Contribui para isso a forma de controle do corpo da mulher que é exercida sobre ela desde sua criação, ditando o que ela deve vestir, como falar, como se maquiar e etc. E se ela encontra uma liberdade em si para usar o que quiser e ser quem quiser, alguém diz "mas também, olha só a forma como ela se veste... tá pedindo". Nós vivemos em tempos que a liberdade do corpo feminino está cada vez mais ameaçada, e elas ainda tem que lidar com frases desse tipo e com "pessoas" que relativizam esses abusos. É muito importante a forma como a série explorou essas questões (uma das frases do Biagio é exatamente nessa linha de "a culpada é você") e mostrar que a Arabella não é culpada de coisa alguma. A forma como você se veste e o que ou o quanto você bebe não é um convite para o outro te explorar de nenhuma maneira.
E a Michaela, ao mesmo tempo que escreve de uma maneira que toca nessas feridas, ela coloca todos os personagens nesse campo em que eles são... humanos. A Terry, Kwane e a Theo cometeram erros, mas o roteiro não os toma como vilões, mas sim como pessoas que já tem um contexto de muita dor (especialmente após o que aconteceu com o Kwane) e podem sim serem irresponsáveis em algum momento. Ela consegue expor as coerências e hipocrisias dos personagens de uma maneira muito sútil, de uma forma até que você se identifica.
Têm momentos divertidos e o humor é muito inteligente, como quando a Arabella interage nas redes sociais e essa parte mostra que, sim, nós devemos problematizar, mas não 24h por dia. Essa parte do texto mostra que debater é sim importante, mas há pessoas que fazem isso em excesso e podem deixar o assunto vazio e até cansativo para quem realmente quer discuti-lo. E depois estamos falando da internet... ela pode te ajudar ao mesmo tempo que pode lhe destruir.
Essa série é muito linda na questão do simbolismo (os episódios finais são magníficos), e há várias camadas muito interessantes na história e nos personagens. Têm momentos pesados, sim. Têm cenas desconfortáveis, sim. Acredito que possam ser gatilhos para muitos, então cuidado na hora de ver. Mas é preciso dizer: é uma produção impecável.
Ms. Marvel tem uma energia leve, divertida e bem humorada. Estamos falando da primeira heroína muçulmana da Marvel, que ainda é nova pois foi criada em 2014 pela roteirista G. Willow Wilson junto com os artistas Adrian Alphona e Jamie McKelvie. E ela tem essa grande representatividade, num espaço que durante muito tempo foi comandado por heróis "padrões" e que representavam puramente os EUA, a Kamala foi um importante avanço.
Kamala Khan é uma adolescente fã da Capitã Marvel (Carol Danvers), que descobre seus poderes e ao lado do amigo Bruno e passa a tentar controla-los. Ela tem uma melhor amiga chamada Nakia e logo depois conhece Kamran, que também vai ser importante na trama. Zenobia Shroff interpreta brilhantemente a mãe de Kamala, que além de ter uma forte presença em tela, influencia positivamente a filha. A dinâmica entre o elenco é muito boa, e eu não poderia destacar quem é mais carismático (embora eu tenha ficado apaixonado pela Iman Vellani). Absolutamente todos conseguem fazer papeis espetaculares. A série dá espaço para o protagonismo da Kamala, mas não esquece dos conflitos desses outros personagens e, para algo com seis episódios em sua primeira temporada, devo dizer que foi tudo bem arquitetado.
Mas ela ainda é uma adolescente. Ela não entende seus poderes, nem sobre o que está realmente fazendo. Além dos conflitos culturais - nascida e criada nos EUA, mas sendo muçulmana e tendo que respeitar as tradições de sua família (esses pontos são muito reflexivos nos quadrinhos) - ela no fundo é só mais uma adolescente que quer sentir o que todos os adolescentes da sua idade sentem, mas com seus poderes ela sabe que agora tem mais responsabilidades. E isso que é legal nessa série: a seriedade que a Kamala vai encontrando não tira a leveza do seu olhar, apenas adiciona um senso de “obrigação” de ajudar a quem precisa. O humor é sem exageros, os diálogos em proporções certas e nas cenas certas. E a trilha sonora é um espetáculo a parte.
É uma produção com muito humor, mas também com momentos dramáticos, ao mencionar acontecimentos históricos importantes como a independência da Índia e o nascimento do Paquistão, e ao fazer uma representação na forma como as mesquitas nos EUA são tratadas com extrema vigilância no país. São questões essenciais não só para compreender a personagem, mas principalmente ver como uma ficção feita nos EUA apresenta essa parte da História.
Devo dizer que amei essa primeira temporada. A Kamala é atualmente uma das personagens mais ricas em termos de possibilidades do que ela ainda pode fazer no Universo Marvel, então mal posso esperar para poder ver ela novamente e, quem sabe... participando de alguma equipe aí.
Essa série é uma dramatização sobre a construção do Los Angeles Lakers no começo dos anos 80, os caminhos que levaram a equipe de volta ao topo e o início do que ficou conhecido como "showtime", com jogadas rápidas e bonitas comandadas pelos grandiosos Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. A produção, embora trabalhe com muitos nomes e locais reais, têm muita ficção e elementos que foram modificados para se adequar às invenções do roteiro. Mas ainda assim me parece um pequeno e bom começo para quem é curioso sobre a História do esporte.
Essa série tem um formato que lembra um "mockumentary", o que a deixa ainda mais divertida. Ponto muito positivo para a quebra da quarta parece, que é feita sem excesso, de forma bem inteligente e bem humorada. Toda a ambientação é profundamente anos 80, inclusive a fotografia e a imagem, cores que ajudam no processo de imersão como se de fato estivéssemos vendo algo produzido naquela década.
John C. Reilly (Dr. Buss) e Quincy Isaiah (Magic), quando contracenam juntos, fazem uma bela dupla. Não sei dizer qual dos dois se saiu melhor. Outro destaque positivo vai para o Jason Clarke, com uma forte presença interpretando Jerry West (muito embora as vezes parecesse exagerado).
Não espere o foco nos jogos do Lakers em si, pois são pouquíssimas cenas (com exceção dos últimos dois episódios). O objetivo dessa produção é mostrar os bastidores, a mudança na presidência da equipe, a burocracia, aspectos financeiros, de marketing e etc, chegando nas "confusões" entre treinadores e entre os jogadores. E esse aspecto pessoal, embora não seja tão bem trabalhado, mas é interessante ao ver como cada personagem lida com suas angustias, felicidades e medos. O contexto de um país profundamente racista também é trabalhado em alguns personagens, mais através do Kareem que traz a questão para debate.
Muitos desses nomes transcenderam o basquete, e entraram para a História não somente dos esportes. E até podemos não saber nada de basquete em si, suas regras e etc, mas sabemos quem é Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. Vale muito a pena ver e conhecer mais dessa história.
A melhor temporada da série até aqui. Atuações fantásticas, batalhas sensacionais, excelente desenvolvimento de personagens. Prometeu muito... e entregou bem mais. A impressão que fica é que a série atingiu seu nível máximo de qualidade aqui.
Para começar, destaco o desenvolvimento do Mother's Milk e do Frenchie. O primeiro cresceu muito em relação a demonstrar mais de si mesmo e o quão frágil ele é. Seu passado é realmente bem triste e ele claramente sofre com isso. Todos os seus traumas foram muito bem abordados. Quanto ao Francês, ele parecia cada vez mais independente do próprio Butcher. E seu passado também voltou a assombra-lo, mas com a Kimiko do lado as coisas se acertam, e esse relacionamento certamente continua sendo uma das coisas mais fofas da série. Os dois se entendem muito bem. Butcher, Hughie e Starlight não sofreram tantas mudanças agressivas ao meu ver, mas tem um episódio que vai ser muito importante para a relação entre os dois primeiros.
A trama de maneira geral abordou um aspecto político interessante da nossa realidade, o de como a população pode se sentir influenciada e representada na figura de um ser autoritário. Não importava o que o Homelander fazia, ele ainda teria seus fieis seguidores - como ficou bastante claro no final do último episódio, não importa qual tipo de violência ele use, ainda será aplaudido. Isso diz muito sobre nossos tempos, em que supostos líderes (tal como um presidente da república acolá) diz e faz o que quer, comete crimes de responsabilidade, destila ódio contra minorias e, ainda assim, há quem o apoie e acredite cegamente em suas palavras e ações.
As pessoas que apoiam essas ideias completamente retrogradas e um nacionalismo exacerbado, já tem em si um tipo de ódio guardado apenas esperando alguém maior do que elas para colocar tudo isso para fora e que possa, enfim, dar voz para suas agressões. A imagem do Homelander cometendo um crime em praça pública, por exemplo, dá ainda mais um tipo de crédito para que pessoas sem consciência social (ou qualquer outro tipo de empatia ou bom sentimento pelo próximo) queiram fazer algo semelhante. É o absurdo sendo tratado como normal, é a violência em seu estado mais puro sendo aceita como algo "comum" no cotidiano. Homelander é o autoritarismo em sua forma "humana". A História da humanidade está cheio desses seres, que trabalham com o medo da população ao seu favor e fazem de tudo para impor suas vontades, sua moral questionável e suas leis opressivas.
Essa série tem material para, pelo menos, mais duas temporadas em alto nível. E com esse final da terceira, mal posso esperar para ver o que vão fazer na quarta. Vai ser difícil superar essa grande e excelente temporada, mas não impossível. Afinal, "os rapazes" sabem bem como virar o jogo.
Me parece que quando falam de grandes produções da HBO, Big Love sempre fica "no cantinho", isso quando é mencionada. Essa série trouxe temas diversos e complexos para a sua época de exibição - quando nem tudo era "descontruído" ou havia grandes problematizações sobre poligamia e monogamia (foi exibida de 2006 a 2011, então não pegou a explosão das redes sociais). As culturas que essa subestimada série apresentou são lados que nós desconhecemos, seja pela própria ignorância ou porque foram historicamente silenciadas.
É muito interessante como a série expôs a poligamia, os problemas nas comunidades e toda a questão envolvendo a fé - especialmente a fé cega, destinada a uma pessoa ou grupo que se utiliza da fraqueza e do medo dos outros para ganho próprio. A História da humanidade nos mostra como as religiões agem no aspecto social, econômico, político e psicológico, e não somente no campo da espiritualidade. Big Love consegue, ao menos em sua maior parte, mostrar todos esses lados problemáticos de nossa fé, de nossas crenças e doutrinas. Diria que é uma ficção que consegue trabalhar bem o que seriam os pontos positivos e negativos de um casamento plural. Assim, a história vai além de mostrar como é um homem casado com três mulheres, e chega em campos culturais e históricos que são bem levantados pelo roteiro.
Os personagens são interessantes, e a cada temporada aparecem com mais camadas para serem exploradas. Algumas situações puxam para o lado cômico, mas a dramatização é especialmente bem conduzida. Bill Paxton fez um trabalho espetacular no papel de protagonista, muito embora o Bill, as vezes, não seja exatamente um grande exemplo ao falar sobre relacionamentos e responsabilidades. Chloë Sevigny brilhou como Nicki, uma personagem insegura sobre quem ela é, e ainda com problemas não resolvidos sobre seu passado. Jeanne Tripplehorn faz uma Barb consistente, centrada, com foco claro e objetivos bem definidos. E Ginnifer Goodwin, a Margie, vai crescendo a cada arco, ganhando mais vida e independência. A dinâmica entre os quatro beira a perfeição, mas o que se destaca são as situações criadas para testar a união da família, para manter o "lar unido". Conceitos religiosos são muito presentes nesse enredo, nas frases dos personagens, na forma como eles se vestem e vivem.
É uma série que merece muito mais reconhecimento. Apesar das duas últimas temporadas não serem tão boas, e do final não ter me agradado completamente, ainda assim é uma recomendação fácil. Há vários momentos tensos na trama, personagens muito detestáveis e outros que possuem dramas e questionamentos profundos com os quais podemos acabar nos identificando em algum nível.
Foi interessante. Tem uma ideia promissora, é verdade. Mas várias cenas são anticlimáticas, não conseguem transmitir o suspense e a tensão do enredo e os personagens caem em vários lugares comuns. Não sei se vai ter outra temporada, mas certamente tem espaço para melhorar.
Não conhecia o caso, então vi somente a minissérie e ouvi o episódio do podcast Modus Operandi (e agora vou buscar o documentário). É realmente intrigante. Um daqueles casos em que nada é realmente fácil, que possui várias faces e que por isso quanto mais pesquisamos e lemos sobre, mais difícil se torna pensar se Michael é inocente ou não.
A produção da HBO foi muito feliz ao construir um roteiro que não deixasse margem para uma visão única, ou seja, algo que o deixasse como "vilão" ou "mocinho" da narrativa, mas sim trabalhou todas as interpretações - e quem assiste que se vire para tirar a sua. Em alguns momentos pensamos "ele é culpado", em outros... talvez não? Enquanto estava vendo essa minissérie, pesquisei e li algumas coisas sobre e tudo me parecia muito aberto para essas interpretações. E o roteiro sabe trabalhar tudo isso, conduzindo todas as perguntas e segredos daquela família de uma maneira que se torna quase impossível chegar a uma conclusão. Michael Peterson aparenta ser uma figura muito complicada de se decifrar. E não sei se um dia saberemos a verdade.
O elenco é um espetáculo. Só nomes de peso. E aqui o Colin Firth se destaca nas microexpressões, nos olhares, nos gestos. Uma atuação monstruosa que se apresenta pelos detalhes.
Produção true crime muito boa, que certamente vai deixar muitas pessoas curiosas. Vale demais.
Demorei para ver, mas ao concluir toda a (infelizmente curta) série, senti como se um pedaço de mim tivesse sido retirado, como se um velho conhecido estivesse se despedindo. As reflexões sobre o amor, amizade, família e os conflitos da vida fazem com que qualquer um se identifique e crie um vínculo com a nossa protagonista. Parece que ela consegue transmitir com exatidão uma série de medos, angustias e esperanças que temos sobre nós mesmos e como nos relacionamos com o outro. Particularmente, tem um momento no episódio 4 que me tocou bastante e conversou muito com o meu passado. Foi uma baita experiência.
Senti que a segunda temporada puxou para o lado mais cômico, porém ainda produzindo uma elevada carga sentimental e amadurecendo os personagens. Andrew Scott caiu como uma luva nesse roteiro, e sua química com a Phoebe é simplesmente magnifica.
É uma série aconchegante, mas também vai lhe deixar desconfortável (e com alguns momentos de vergonha alheia, porém necessários), ao mostrar pensamentos e ações que são bastante reais, ao mostrar conflitos sobre a forma como lidamos com as responsabilidades do mundo e como estamos nos vendo em meio ao turbilhão de informações e atos dessa modernidade tantas vezes assustadora. E no meio de tudo, temos o esplendor de liberdade que guia Fleabag, na forma como ela traça seus caminhos e se recupera das quedas. Que personagem bem escrita e que série genial.
Sèrie fofinha e gostosa de ver. Personagens carismáticos, histórias muito boas e que se conectam fácil com a realidade. Muito feliz de ver uma série LGBTQIA+ assim, em que seus personagens não sofrem o tempo inteiro. Netflix, não ouse cancelar essa!
Quando fui ver "Kotaro" pensei: "uma comédia simples, leve"... De fato têm vários momentos engraçados, mas nem tudo aqui é leve. Por trás desse traço "infantil" e fofinho, há uma história madura que toca em temáticas muito pesadas relacionadas a violência fisica e mental. Essas questões foram tratadas aqui de forma muito cuidadosa, demonstrando muita empatia e sensibilidade com as vítimas dessas agressões. Para mim, essa produção conseguiu ir além e passou uma bela mensagem de que você definitivamente não está sozinho(a).
Esse anime é capaz de te destruir, mas também te reanimar. Vai te fazer rir, ter esperança, mas também vai fazer com que derrame algumas lagrimas, pois a história do Kotaro é, infelizmente, a história de milhares de crianças negligenciadas em nossa realidade. O próprio Kotaro tem todo um suporte, e vai tocando nos sentimentos de todos os personagens a sua volta que também possuem dramas bastante reais. Ele vai despertando algo que aparentemente estava perdido em cada um, seja o senso de dever, responsabilidade, liberdade... E assim vai criando laços, vai criando sua própria família.
Por vezes, Kotaro demonstra uma inocência sem tamanho, mas na verdade isso nada mais é que sua necessidade de fazer com que o outro se sinta bem. Muito disso vem devido ao triste passado e a solidão que sente, então ele se vê querendo sempre agradar a todos para não ser um problema para ninguém. O medo da rejeição é algo comum, e está nesse personagem. Mas o que vemos ao longo dos dez episódios, é um Kotaro que aprende e ensina, que tem suas vulnerabilidades, mas também é protegido por aqueles que o amam. Mesmo não tendo laços sanguineos, mesmo sendo "desconhecidos", os moradores são cativados pelo jeito de nosso protagonista.
"Kotaro" é incrível, um anime curto e muito necessário para refletirmos sobre vários aspectos da vida
One Piece despertou em mim uma coisa que somente outros dois animes conseguiram (Naruto e Fullmetal Alchemist Brotherhood): o de se emocionar a cada passo da história e dos seus personagens, o de arrancar um sorriso involuntário, chorar até tremer como se aqueles personagens fossem meus amigos. É uma obra rica, de uma diversidade de mundos e seres fantásticos, que consegue ser muito divertida, emocionante e questionadora. Ao ver e sentir os sonhos desses personagens que tanto amamos, podemos até nos sentir renovados quanto a nossas próprias perspectivas. A jornada do Luffy e dos seus companheiros é, porque não dizer, inspiradora: a confiança um no outro e a esperança de que um dia seus sonhos se tornarão reais, enquanto criam um belo laço de amizade que não se desfaz nem com a ação do tempo e do espaço. É uma determinação absurda, de fato. Pode parecer até irreal. Mas, para além do "shonen simples" acredito realmente que ainda há muitas coisas que podemos aprender com o Luffy.
O que precisamos entender sobre "Bel-Air" é que está é uma reletirua dramática sobre The Fresh-Prince e sobre a vida do Will Smith. Assim, definitivamente não é uma comédia. A proposta foi produzir algo mais realista. E felizmente funcionou. Apesar dos problemas de ritmo (falas e cenas deslocadas), a série entregou uma excelente primeira temporada.
A personalidade dos personagens foi modificada, o que também foi bom, pois podemos ver mais facetas deles. Acompanhado a isso, temos a série discutindo questões sérias como racismo, vícios, a espetacularização dos influencers e das mídias sociais. E ainda teve espaço para debater questões LGBQIA+, o que creio será mais bem desenvolvido no futuro. Então é uma série com forte conexão com a nossa realidade social (sendo que a sitcom dos anos 90 também já era bastante crítica). O Will do Jabari Banks convence, sendo esse jovem com consciência dos seus lugares e com sentimentos conflitantes.
Me surpreendeu muito. Já estava muito no hype quando saiu, há algum tempo, um trailer dessa releitura feito por um diretor. O próprio Will Smith (<3) se uniu ao diretor do trailer e tocou o projeto. O resultado foi Bel-Air. Segunda temporada já confirmada.
A história continua boa, e os novos personagens são muito intensos. Aliás, cada partida vai alcançando um novo nível de dificuldade, o que torna tudo ainda mais emocionante. O lado ruim foi para a animação que, em muitos episódios, deixou a desejar. Mas de forma geral, uma temporada muito boa.
Não tenho mais coração para essas coisas! hahahaha
Tinha uma ideia muito errada sobre animes de esportes, mas aos poucos fui vendo um e outro, e quando me dei conta estava entrando na trama, jogando e torcendo junto. Produções como Haikyuu conseguem despertar sentimentos muito intensos. E logo os personagens são muito bem desenvolvidos e ajudam que você se conecte com o anime. Gostei muito em como focaram em outros jogadores nessa temporada, e mostraram mais lados da personalidade de todos eles. É uma enredo muito bem trabalhado.
O começo é muito bom, mas cai um pouco o ritmo da metade para o final. Alguns plots ainda ficaram bastante inexplicados, mas acredito que serão abordados na segunda temporada. A ideia é realmente muito boa, e os personagens, em sua maioria, assustadores. O passado deles, em especial do Ayanokouji, muito me interessa. Nem tudo é o que parece, de fato, e o anime levou isso muito a sério.
Outra coisa muito interessante foram as reflexões propostas sobre igualdade, liberdade, ações no coletivo e o individualismo. Os títulos dos episódios são criativos ao pegar fragmentos de textos de filósofos e etc, títulos que geralmente casam com a proposta do episódio em questão. A estrutura é bem feita, não tem como negar.
Não imaginei que eu fosse gostar de um anime sobre esportes, então assisti "Kuroko no Basket", e amei. E agora dei uma chance para Haikyuu... e amei mais ainda. Animação fantástica, personagens cativantes e bem desenvolvidos, uma história bonita e o drama com a comédia muito bem dosada. Adorei realmente tudo que vi.
Demon Slayer tem sido uma felicidade pra mim. Consegui concluir recentemente a leitura do mangá, e mal posso esperar para ver todo o resto animado. Personagens cativantes, histórias boas e bem contextualizadas, uma animação e trilha sonora de tirar o fôlego. Tudo funciona e flui muito bem.
Esse arco teve muito de desenvolvimento do Tanjirou. Acho incrível como ele é um protagonista bem construído: ele sabe que é fraco, entende o quão "pequeno" ele é, mas ainda assim não desiste. Não desiste pois há uma esperança em ver esses dias de sofrimento passarem, em ver a irmã e os amigos bem e felizes. Ele tem uma empatia e lealdade extraordinárias, e tudo muito bem dosado: não chega ao ponto de te irritar, e nem te deixar "entediado". É a personalidade ideal para um protagonista, que é sensível consigo mesmo e com todos ao seu redor.
Temporada incrível que expandiu um pouco a mitologia em relação as luas superiores, aos poderes da Nezuko e que contou (novamente) com cenas extraordinárias de batalha.
Aqui encerramos uma série que toca em assuntos tão "pesados" para a maioria de nós. After Life proporcionou lindas reflexões sobre o luto e as consequências da perda de alguém querido. A série é feliz ao abordar a depressão e o "direito" que o personagem do Rick Gervais tem em se sentir infeliz, em deixar claro que a tristeza faz parte da vida. As vezes é difícil superar, e para muitos é algo impossível. E isso é simplesmente humano.
A dor e a solidão fazem parte do nosso processo de convivência, mas nem por isso precisamos reduzir tudo a esses sentimentos. Podemos encontrar significado e novas razões para continuar vivendod, para continuar querendo viver e ter amor pelo viver. A pessoa que amamos não retornará, ela será insubstituível. Mas dentro desse vasto universo, podemos encontrar algo que faça sentido para nossa nova jornada. A saudade permanecerá, e as vezes nos sentiremos abatidos e encurralados... mas não podemos perder a esperança e os laços que criamos. Eles sobrevivem. E nós precisamos viver.
Essa série foi tão feliz em vários pontos, tão humana. Não poderia ter concluído de forma melhor. Rick Gervais é um gênio
É uma série densa em seus detalhes. Aqui, mesmo os olhares entre os personagens significam muito. Cada um precisa lidar com sua própria solidão, com seu sentimento de perda e impotência. A narrativa trabalha de forma fantástica a desestruturação do ser humano e o quão quebrado pode ficar.
A dor cravada na face da Mare mostra que, embora cansada de lidar com tudo aquilo, ela se vê incapaz de ser livre e se perdoar pelo passado. É quase como se, ao tentar fazer isso, se sentisse automaticamente culpada. Muitas de suas atitudes são questionáveis, o que a transforma numa protagonista com vários defeitos. E isso é bom, pois não há uma idealização de um ser humano inalcansável, mas sim de um que é problemático, que sofre, que tem dores iguais as nossas.
Kate Winslet simplesmente BRILHOU. Que atuação fenomenal, tão carregada e tão forte emocionalmente. O elenco de apoio não fica atrás e também conseguem transmitir os anseios de seus personagens.
O foco dessa série está nos dramas desses personagens, em suas buscas, nos erros e acertos, em abraçar ou negar a realidade. São escolhas e medos. Adorei essa abordagem mais humanizada em todos os seus personagens em uma série que também é do gênero criminal.
Tem vários problemas, alguns furos de roteiro (pequenos, mas que incomodaram), mas tem potencial. Essa nova versão (ou "continuação") é para um novo público, é mais moderna em vários aspectos, especialmente em sua linguagem. Mas se relevar algumas coisas, os fãs mais antigos vão acabar curtindo. Tem um humor bem despretencioso, o que a deixa bem leve e bacana de assistir. Felizmente não apelaram para uma versão 2.0 de Elite, que confesso era um dos meus receios. Focaram em uma história simples (a seita) e em apresentar e desenvolver os personagens.
Então, acho que oito episódios foram poucos. Tudo acontecia muito rápido e em vários momentos não havia espaço para o espectador sentir algum impacto emocional. Outro ponto é que não curti muito os protagonistas, e a atriz brasileira Giovanna Grigio rouba muito a cena. Ela se destaca bem mais do que eles em algumas partes, e o drama da sua personagem com a Andi é bem feito e foi um dos pontos altos da série.
Outro ponto positivo é que dessa vez a proposta é realmente musical, então expandiram o "mundo RBD" com outros grupos, o que foi bem bacana. Mais vozes e novas músicas. Lembra High School Musical? Talvez. Mas é só lembrança. O próprio roteiro já faz a piada com isso.
Tem espaço para desenvolver melhor suas tramas, talvez deixar tudo um pouco mais intimista que aborde os medos dos personagens de uma forma um pouco mais intensa. Mas de toda forma essa primeira temporada cumpriu sua missão de entreter. Há muito espaço para melhorar.
Gostei bastante desse arco, especialmente a temática sobre colonização e imposição cultural. É muito interessante como esses assuntos são abordados no anime. O vilão é completamente desprezível.
A série expõe uma realidade tão triste e brutal, que é a da violência doméstica. A agressão não ocorre somente de forma física, ela também pode ser psicológica. As vezes, vem de formas tão silenciosas que infelizmente o indivíduo não nota que está sendo silenciado em sua realidade, que suas palavras não são mais suas, que seu corpo se tornou automatizado devido ao medo.
É muito triste saber que tudo que a Alex viveu é exatamente o que muitas mulheres passam ainda hoje, e embora sejam as vítimas, muitas vezes se culpam e perguntam se o problema está nelas. E nunca está. A nossa cultura machista e nossa sociedade construída historicamente no poder do patriarcado impõe essa visão de culpa na vítima, de culpa na pessoa que recebeu o soco, enquanto o agressor é tido como "incompreendido" ou "passando por problemas".
Algumas cenas bastante absurdas envolvendo os "amigos" do Sean e da Alex e especialmente o pai dela mostram bem que muitas vezes as pessoas preferem acreditar na versão do homem. Aquela "amiga" (com gente assim, para quê inimiga?) falou "Alex, você tem sua versão, o Sean tem a dele. Não vou me meter". E o pai dela, que havia agredido a esposa no passado, ficou calado quando o Sean obrigou a Alex a se sentar, sem falar nas absurdas omissões e em nenhum momento disposto a entender a própria filha. Esses acontecimentos lembram a velha frase que ouvimos desde criança "entre briga de marido e mulher, ninguém mete a colher"... e, sim, é para meter a colher, pois sabemos que nessa "briga", mesmo que a mulher tenha toda a razão, a sociedade vai ficar contra ela. E ela? "Que se vire".
Assim, a mulher é tida como uma "louca e desequilibrada", quando na verdade ela só quer sobreviver. Ela não tem as mesmas chances, sua voz não é ouvida pelas pessoas que deveriam apoia-la. E o que mais lhe resta além de lutar? Alex transforma a personagem em uma fortaleza, algo sobre-humano se cria dentro dela para que ela possa cuidar da própria filha. Seu amor pela Maddy é maior do que tudo, e por isso ela suporta tudo aquilo. Mas não sem enfrentar seus traumas, mas não sem enfrentar seus demônios. E nesse meio, conhecemos outras mulheres também fortes, tal como a Regina, que se mostrou uma personagem de suma importância, e que também teve que lidar com um tipo de pressão psicológica e com o medo.
São nesses encontros que elas se fortalecem, que podem se abraçar e pensar num mundo mais seguro, para reconstruir a autoestima que um ser desprezível tentou quebrar. É na empatia exercida pela Alex e por outras personagens que elas podem voltar a sonhar com uma realidade nova e um dia melhor. É com essa poderosa mensagem que a série passa: se você está passando por algum tipo de agressão, denuncie! Você não está sozinha. Há muitas pessoas lá fora prontas para lhe estender a mão.
Aprendi com GOT que existe um "cuidado" maior ao comentar adaptações de livros, até porque tem muito fã que acha realmente que para analisar a série/filme é preciso ler absolutamente TODOS os livros de tal série. E isso não poderia estar mais errado. Como falo, uma mídia que é adaptada deve sobreviver independente do seu material base, e deve ser analisada assim. Dito isso, não conhecia (e ainda não conheço) os livros que deram origem a "A Roda do Tempo", mas falando somente sobre série (que é o caso aqui)... ela foi mais ou menos.
Achei muitos momentos bastante cansativos, e quando finalmente parecia que algo iria acontecer, voltavamos a um ritmo lento e nada atrativo. Esse conceito de abordar a história de uma maneira um pouco mais "contemplativa" não funcionou aqui, pois o roteiro é cheio de frases de efeito que mais parece que foram tiradas de um filme B dos anos 60 e personagens que tem zero carisma. Os atores não contribuem. São fracos. Rosamund Pike consegue segurar o seu lado, mas ela sozinha não faz milagres. Do grupo, os personagens que conseguem algum destaque positivo são o Mat Cauthon e a Nynaeve al'Meara, que foram os mais me interessaram.
Há ideias muito boas, efeitos visuais excelentes, mas as execuções não ficaram boas. Espero que consertem esses problemas para uma segunda temporada, e espero que funcione e seja melhor, afinal é perceptível mesmo para quem nunca leu os livros o vasto universo que essa série oferece. Mas, por hora, foi algo um pouco decepcionante.
Não é exagero dizer que Succession é uma das melhores séries da atualidade. Tudo funciona e flui muito bem, dos diálogos inteligentes, passando pelas atuações estupendas até as reflexões sobre relações familiares, poder e influência. Mais uma temporada, mais um final incrível.
Jeremy Strong e Brian Cox foram lendários. Todo o elenco é fantástico, mas quando eles aparecem a cena passa automaticamente a ser deles. Uma presença forte que toma toda a tela. E quando contracenam juntos, fica ainda mais pesado. É tão bem feito que realmente parece haver recentimentos entre os dois, parece de fato uma relação turbulenta entre pai e filho. É incrível.
Essa temporada toda mostrou muito da vulnerabilidade do Kendall, o que, vendo agora como as coisas terminaram, foi interessante essa "queda" para que ele pudesse se reunir com os irmãos - o momento em que ele se abriu sobre os eventos com o garoto foram importantes para melhorar os laços entre eles. Shiv vendo cada vez mais que nunca teria o reconhecimento do pai, e nunca seria realmente importante para ele. Roman foi o que menos teve desenvolvimento, também por ficar sempre na sombra do pai e ter medo da figura dele. Não gosto dele, mas espero que mudem algumas coisas nessa personalidade. São três temporadas dele lambendo as botas do próprio pai.
Ora... Logan Roy detonando os próprios filhos?! Quem imaginaria isso, não é? Ele sabe que tem o poder e a influência, ele tem consciência plena disso... mas isso vai durar quanto tempo? Porque ele sabe os filhos que "criou" (bem entre aspas, porque ele foi ausente em todos os sentidos), e agora ele tem pelo menos três Roys contra ele. E eu fico pensando: se somente um conseguiu causar muito nessa temporada, o que uma equipe (liderada por uma Shiv Roy com sangue nos olhos) é capaz de fazer? Veremos...
A quarta temporada vai ser explosiva. Acho que agora sim temos uma guerra.
I May Destroy You
4.5 277 Assista AgoraMichaela Coel é simplesmente um gênio. Ela criou uma história intensa, dramática e muito realista para milhares de mulheres. "I May Destroy You" foi de uma sensibilidade única e conseguiu, em somente doze episódios de trinta minutos cada, explorar várias temáticas de extrema importância e ainda tocar na ferida da nossa sociedade, em todos aqueles lados que são brutalmente silenciados e esquecidos.
O trauma vivido por Arabella é, infelizmente, real. A violência contra a mulher existe (seja ela verbal ou física), e muitas vezes a própria vítima não nota, ou se sente como a "culpada" por ter sofrido algum abuso. Contribui para isso a forma de controle do corpo da mulher que é exercida sobre ela desde sua criação, ditando o que ela deve vestir, como falar, como se maquiar e etc. E se ela encontra uma liberdade em si para usar o que quiser e ser quem quiser, alguém diz "mas também, olha só a forma como ela se veste... tá pedindo". Nós vivemos em tempos que a liberdade do corpo feminino está cada vez mais ameaçada, e elas ainda tem que lidar com frases desse tipo e com "pessoas" que relativizam esses abusos. É muito importante a forma como a série explorou essas questões (uma das frases do Biagio é exatamente nessa linha de "a culpada é você") e mostrar que a Arabella não é culpada de coisa alguma. A forma como você se veste e o que ou o quanto você bebe não é um convite para o outro te explorar de nenhuma maneira.
E a Michaela, ao mesmo tempo que escreve de uma maneira que toca nessas feridas, ela coloca todos os personagens nesse campo em que eles são... humanos. A Terry, Kwane e a Theo cometeram erros, mas o roteiro não os toma como vilões, mas sim como pessoas que já tem um contexto de muita dor (especialmente após o que aconteceu com o Kwane) e podem sim serem irresponsáveis em algum momento. Ela consegue expor as coerências e hipocrisias dos personagens de uma maneira muito sútil, de uma forma até que você se identifica.
Têm momentos divertidos e o humor é muito inteligente, como quando a Arabella interage nas redes sociais e essa parte mostra que, sim, nós devemos problematizar, mas não 24h por dia. Essa parte do texto mostra que debater é sim importante, mas há pessoas que fazem isso em excesso e podem deixar o assunto vazio e até cansativo para quem realmente quer discuti-lo. E depois estamos falando da internet... ela pode te ajudar ao mesmo tempo que pode lhe destruir.
Essa série é muito linda na questão do simbolismo (os episódios finais são magníficos), e há várias camadas muito interessantes na história e nos personagens. Têm momentos pesados, sim. Têm cenas desconfortáveis, sim. Acredito que possam ser gatilhos para muitos, então cuidado na hora de ver. Mas é preciso dizer: é uma produção impecável.
Ms. Marvel
3.1 233 Assista AgoraMs. Marvel tem uma energia leve, divertida e bem humorada. Estamos falando da primeira heroína muçulmana da Marvel, que ainda é nova pois foi criada em 2014 pela roteirista G. Willow Wilson junto com os artistas Adrian Alphona e Jamie McKelvie. E ela tem essa grande representatividade, num espaço que durante muito tempo foi comandado por heróis "padrões" e que representavam puramente os EUA, a Kamala foi um importante avanço.
Kamala Khan é uma adolescente fã da Capitã Marvel (Carol Danvers), que descobre seus poderes e ao lado do amigo Bruno e passa a tentar controla-los. Ela tem uma melhor amiga chamada Nakia e logo depois conhece Kamran, que também vai ser importante na trama. Zenobia Shroff interpreta brilhantemente a mãe de Kamala, que além de ter uma forte presença em tela, influencia positivamente a filha. A dinâmica entre o elenco é muito boa, e eu não poderia destacar quem é mais carismático (embora eu tenha ficado apaixonado pela Iman Vellani). Absolutamente todos conseguem fazer papeis espetaculares. A série dá espaço para o protagonismo da Kamala, mas não esquece dos conflitos desses outros personagens e, para algo com seis episódios em sua primeira temporada, devo dizer que foi tudo bem arquitetado.
Mas ela ainda é uma adolescente. Ela não entende seus poderes, nem sobre o que está realmente fazendo. Além dos conflitos culturais - nascida e criada nos EUA, mas sendo muçulmana e tendo que respeitar as tradições de sua família (esses pontos são muito reflexivos nos quadrinhos) - ela no fundo é só mais uma adolescente que quer sentir o que todos os adolescentes da sua idade sentem, mas com seus poderes ela sabe que agora tem mais responsabilidades. E isso que é legal nessa série: a seriedade que a Kamala vai encontrando não tira a leveza do seu olhar, apenas adiciona um senso de “obrigação” de ajudar a quem precisa. O humor é sem exageros, os diálogos em proporções certas e nas cenas certas. E a trilha sonora é um espetáculo a parte.
É uma produção com muito humor, mas também com momentos dramáticos, ao mencionar acontecimentos históricos importantes como a independência da Índia e o nascimento do Paquistão, e ao fazer uma representação na forma como as mesquitas nos EUA são tratadas com extrema vigilância no país. São questões essenciais não só para compreender a personagem, mas principalmente ver como uma ficção feita nos EUA apresenta essa parte da História.
Devo dizer que amei essa primeira temporada. A Kamala é atualmente uma das personagens mais ricas em termos de possibilidades do que ela ainda pode fazer no Universo Marvel, então mal posso esperar para poder ver ela novamente e, quem sabe... participando de alguma equipe aí.
Lakers: Hora de Vencer (1ª Temporada)
4.3 23 Assista AgoraEssa série é uma dramatização sobre a construção do Los Angeles Lakers no começo dos anos 80, os caminhos que levaram a equipe de volta ao topo e o início do que ficou conhecido como "showtime", com jogadas rápidas e bonitas comandadas pelos grandiosos Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. A produção, embora trabalhe com muitos nomes e locais reais, têm muita ficção e elementos que foram modificados para se adequar às invenções do roteiro. Mas ainda assim me parece um pequeno e bom começo para quem é curioso sobre a História do esporte.
Essa série tem um formato que lembra um "mockumentary", o que a deixa ainda mais divertida. Ponto muito positivo para a quebra da quarta parece, que é feita sem excesso, de forma bem inteligente e bem humorada. Toda a ambientação é profundamente anos 80, inclusive a fotografia e a imagem, cores que ajudam no processo de imersão como se de fato estivéssemos vendo algo produzido naquela década.
John C. Reilly (Dr. Buss) e Quincy Isaiah (Magic), quando contracenam juntos, fazem uma bela dupla. Não sei dizer qual dos dois se saiu melhor. Outro destaque positivo vai para o Jason Clarke, com uma forte presença interpretando Jerry West (muito embora as vezes parecesse exagerado).
Não espere o foco nos jogos do Lakers em si, pois são pouquíssimas cenas (com exceção dos últimos dois episódios). O objetivo dessa produção é mostrar os bastidores, a mudança na presidência da equipe, a burocracia, aspectos financeiros, de marketing e etc, chegando nas "confusões" entre treinadores e entre os jogadores. E esse aspecto pessoal, embora não seja tão bem trabalhado, mas é interessante ao ver como cada personagem lida com suas angustias, felicidades e medos. O contexto de um país profundamente racista também é trabalhado em alguns personagens, mais através do Kareem que traz a questão para debate.
Muitos desses nomes transcenderam o basquete, e entraram para a História não somente dos esportes. E até podemos não saber nada de basquete em si, suas regras e etc, mas sabemos quem é Magic Johnson e Kareem Abdul-Jabbar. Vale muito a pena ver e conhecer mais dessa história.
The Boys (3ª Temporada)
4.2 561 Assista AgoraA melhor temporada da série até aqui. Atuações fantásticas, batalhas sensacionais, excelente desenvolvimento de personagens. Prometeu muito... e entregou bem mais. A impressão que fica é que a série atingiu seu nível máximo de qualidade aqui.
Para começar, destaco o desenvolvimento do Mother's Milk e do Frenchie. O primeiro cresceu muito em relação a demonstrar mais de si mesmo e o quão frágil ele é. Seu passado é realmente bem triste e ele claramente sofre com isso. Todos os seus traumas foram muito bem abordados. Quanto ao Francês, ele parecia cada vez mais independente do próprio Butcher. E seu passado também voltou a assombra-lo, mas com a Kimiko do lado as coisas se acertam, e esse relacionamento certamente continua sendo uma das coisas mais fofas da série. Os dois se entendem muito bem. Butcher, Hughie e Starlight não sofreram tantas mudanças agressivas ao meu ver, mas tem um episódio que vai ser muito importante para a relação entre os dois primeiros.
A trama de maneira geral abordou um aspecto político interessante da nossa realidade, o de como a população pode se sentir influenciada e representada na figura de um ser autoritário. Não importava o que o Homelander fazia, ele ainda teria seus fieis seguidores - como ficou bastante claro no final do último episódio, não importa qual tipo de violência ele use, ainda será aplaudido. Isso diz muito sobre nossos tempos, em que supostos líderes (tal como um presidente da república acolá) diz e faz o que quer, comete crimes de responsabilidade, destila ódio contra minorias e, ainda assim, há quem o apoie e acredite cegamente em suas palavras e ações.
As pessoas que apoiam essas ideias completamente retrogradas e um nacionalismo exacerbado, já tem em si um tipo de ódio guardado apenas esperando alguém maior do que elas para colocar tudo isso para fora e que possa, enfim, dar voz para suas agressões. A imagem do Homelander cometendo um crime em praça pública, por exemplo, dá ainda mais um tipo de crédito para que pessoas sem consciência social (ou qualquer outro tipo de empatia ou bom sentimento pelo próximo) queiram fazer algo semelhante. É o absurdo sendo tratado como normal, é a violência em seu estado mais puro sendo aceita como algo "comum" no cotidiano. Homelander é o autoritarismo em sua forma "humana". A História da humanidade está cheio desses seres, que trabalham com o medo da população ao seu favor e fazem de tudo para impor suas vontades, sua moral questionável e suas leis opressivas.
Essa série tem material para, pelo menos, mais duas temporadas em alto nível. E com esse final da terceira, mal posso esperar para ver o que vão fazer na quarta. Vai ser difícil superar essa grande e excelente temporada, mas não impossível. Afinal, "os rapazes" sabem bem como virar o jogo.
Amor Imenso (5ª Temporada)
4.1 21 Assista AgoraMe parece que quando falam de grandes produções da HBO, Big Love sempre fica "no cantinho", isso quando é mencionada. Essa série trouxe temas diversos e complexos para a sua época de exibição - quando nem tudo era "descontruído" ou havia grandes problematizações sobre poligamia e monogamia (foi exibida de 2006 a 2011, então não pegou a explosão das redes sociais). As culturas que essa subestimada série apresentou são lados que nós desconhecemos, seja pela própria ignorância ou porque foram historicamente silenciadas.
É muito interessante como a série expôs a poligamia, os problemas nas comunidades e toda a questão envolvendo a fé - especialmente a fé cega, destinada a uma pessoa ou grupo que se utiliza da fraqueza e do medo dos outros para ganho próprio. A História da humanidade nos mostra como as religiões agem no aspecto social, econômico, político e psicológico, e não somente no campo da espiritualidade. Big Love consegue, ao menos em sua maior parte, mostrar todos esses lados problemáticos de nossa fé, de nossas crenças e doutrinas. Diria que é uma ficção que consegue trabalhar bem o que seriam os pontos positivos e negativos de um casamento plural. Assim, a história vai além de mostrar como é um homem casado com três mulheres, e chega em campos culturais e históricos que são bem levantados pelo roteiro.
Os personagens são interessantes, e a cada temporada aparecem com mais camadas para serem exploradas. Algumas situações puxam para o lado cômico, mas a dramatização é especialmente bem conduzida. Bill Paxton fez um trabalho espetacular no papel de protagonista, muito embora o Bill, as vezes, não seja exatamente um grande exemplo ao falar sobre relacionamentos e responsabilidades. Chloë Sevigny brilhou como Nicki, uma personagem insegura sobre quem ela é, e ainda com problemas não resolvidos sobre seu passado. Jeanne Tripplehorn faz uma Barb consistente, centrada, com foco claro e objetivos bem definidos. E Ginnifer Goodwin, a Margie, vai crescendo a cada arco, ganhando mais vida e independência. A dinâmica entre os quatro beira a perfeição, mas o que se destaca são as situações criadas para testar a união da família, para manter o "lar unido". Conceitos religiosos são muito presentes nesse enredo, nas frases dos personagens, na forma como eles se vestem e vivem.
É uma série que merece muito mais reconhecimento. Apesar das duas últimas temporadas não serem tão boas, e do final não ter me agradado completamente, ainda assim é uma recomendação fácil. Há vários momentos tensos na trama, personagens muito detestáveis e outros que possuem dramas e questionamentos profundos com os quais podemos acabar nos identificando em algum nível.
Tomodachi Game
3.5 4 Assista AgoraFoi interessante. Tem uma ideia promissora, é verdade. Mas várias cenas são anticlimáticas, não conseguem transmitir o suspense e a tensão do enredo e os personagens caem em vários lugares comuns. Não sei se vai ter outra temporada, mas certamente tem espaço para melhorar.
A Escada
3.8 87Não conhecia o caso, então vi somente a minissérie e ouvi o episódio do podcast Modus Operandi (e agora vou buscar o documentário). É realmente intrigante. Um daqueles casos em que nada é realmente fácil, que possui várias faces e que por isso quanto mais pesquisamos e lemos sobre, mais difícil se torna pensar se Michael é inocente ou não.
A produção da HBO foi muito feliz ao construir um roteiro que não deixasse margem para uma visão única, ou seja, algo que o deixasse como "vilão" ou "mocinho" da narrativa, mas sim trabalhou todas as interpretações - e quem assiste que se vire para tirar a sua. Em alguns momentos pensamos "ele é culpado", em outros... talvez não? Enquanto estava vendo essa minissérie, pesquisei e li algumas coisas sobre e tudo me parecia muito aberto para essas interpretações. E o roteiro sabe trabalhar tudo isso, conduzindo todas as perguntas e segredos daquela família de uma maneira que se torna quase impossível chegar a uma conclusão. Michael Peterson aparenta ser uma figura muito complicada de se decifrar. E não sei se um dia saberemos a verdade.
O elenco é um espetáculo. Só nomes de peso. E aqui o Colin Firth se destaca nas microexpressões, nos olhares, nos gestos. Uma atuação monstruosa que se apresenta pelos detalhes.
Produção true crime muito boa, que certamente vai deixar muitas pessoas curiosas. Vale demais.
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 889 Assista AgoraDemorei para ver, mas ao concluir toda a (infelizmente curta) série, senti como se um pedaço de mim tivesse sido retirado, como se um velho conhecido estivesse se despedindo. As reflexões sobre o amor, amizade, família e os conflitos da vida fazem com que qualquer um se identifique e crie um vínculo com a nossa protagonista. Parece que ela consegue transmitir com exatidão uma série de medos, angustias e esperanças que temos sobre nós mesmos e como nos relacionamos com o outro. Particularmente, tem um momento no episódio 4 que me tocou bastante e conversou muito com o meu passado. Foi uma baita experiência.
Senti que a segunda temporada puxou para o lado mais cômico, porém ainda produzindo uma elevada carga sentimental e amadurecendo os personagens. Andrew Scott caiu como uma luva nesse roteiro, e sua química com a Phoebe é simplesmente magnifica.
É uma série aconchegante, mas também vai lhe deixar desconfortável (e com alguns momentos de vergonha alheia, porém necessários), ao mostrar pensamentos e ações que são bastante reais, ao mostrar conflitos sobre a forma como lidamos com as responsabilidades do mundo e como estamos nos vendo em meio ao turbilhão de informações e atos dessa modernidade tantas vezes assustadora. E no meio de tudo, temos o esplendor de liberdade que guia Fleabag, na forma como ela traça seus caminhos e se recupera das quedas. Que personagem bem escrita e que série genial.
Heartstopper (1ª Temporada)
4.4 417 Assista AgoraSèrie fofinha e gostosa de ver. Personagens carismáticos, histórias muito boas e que se conectam fácil com a realidade. Muito feliz de ver uma série LGBTQIA+ assim, em que seus personagens não sofrem o tempo inteiro. Netflix, não ouse cancelar essa!
Kotaro Vai Morar Sozinho
4.3 55 Assista AgoraQuando fui ver "Kotaro" pensei: "uma comédia simples, leve"... De fato têm vários momentos engraçados, mas nem tudo aqui é leve. Por trás desse traço "infantil" e fofinho, há uma história madura que toca em temáticas muito pesadas relacionadas a violência fisica e mental. Essas questões foram tratadas aqui de forma muito cuidadosa, demonstrando muita empatia e sensibilidade com as vítimas dessas agressões. Para mim, essa produção conseguiu ir além e passou uma bela mensagem de que você definitivamente não está sozinho(a).
Esse anime é capaz de te destruir, mas também te reanimar. Vai te fazer rir, ter esperança, mas também vai fazer com que derrame algumas lagrimas, pois a história do Kotaro é, infelizmente, a história de milhares de crianças negligenciadas em nossa realidade. O próprio Kotaro tem todo um suporte, e vai tocando nos sentimentos de todos os personagens a sua volta que também possuem dramas bastante reais. Ele vai despertando algo que aparentemente estava perdido em cada um, seja o senso de dever, responsabilidade, liberdade... E assim vai criando laços, vai criando sua própria família.
Por vezes, Kotaro demonstra uma inocência sem tamanho, mas na verdade isso nada mais é que sua necessidade de fazer com que o outro se sinta bem. Muito disso vem devido ao triste passado e a solidão que sente, então ele se vê querendo sempre agradar a todos para não ser um problema para ninguém. O medo da rejeição é algo comum, e está nesse personagem. Mas o que vemos ao longo dos dez episódios, é um Kotaro que aprende e ensina, que tem suas vulnerabilidades, mas também é protegido por aqueles que o amam. Mesmo não tendo laços sanguineos, mesmo sendo "desconhecidos", os moradores são cativados pelo jeito de nosso protagonista.
"Kotaro" é incrível, um anime curto e muito necessário para refletirmos sobre vários aspectos da vida
One Piece: Saga 8 - Marineford
4.7 54One Piece despertou em mim uma coisa que somente outros dois animes conseguiram (Naruto e Fullmetal Alchemist Brotherhood): o de se emocionar a cada passo da história e dos seus personagens, o de arrancar um sorriso involuntário, chorar até tremer como se aqueles personagens fossem meus amigos. É uma obra rica, de uma diversidade de mundos e seres fantásticos, que consegue ser muito divertida, emocionante e questionadora. Ao ver e sentir os sonhos desses personagens que tanto amamos, podemos até nos sentir renovados quanto a nossas próprias perspectivas. A jornada do Luffy e dos seus companheiros é, porque não dizer, inspiradora: a confiança um no outro e a esperança de que um dia seus sonhos se tornarão reais, enquanto criam um belo laço de amizade que não se desfaz nem com a ação do tempo e do espaço. É uma determinação absurda, de fato. Pode parecer até irreal. Mas, para além do "shonen simples" acredito realmente que ainda há muitas coisas que podemos aprender com o Luffy.
Bel-Air (1ª Temporada)
3.8 42O que precisamos entender sobre "Bel-Air" é que está é uma reletirua dramática sobre The Fresh-Prince e sobre a vida do Will Smith. Assim, definitivamente não é uma comédia. A proposta foi produzir algo mais realista. E felizmente funcionou. Apesar dos problemas de ritmo (falas e cenas deslocadas), a série entregou uma excelente primeira temporada.
A personalidade dos personagens foi modificada, o que também foi bom, pois podemos ver mais facetas deles. Acompanhado a isso, temos a série discutindo questões sérias como racismo, vícios, a espetacularização dos influencers e das mídias sociais. E ainda teve espaço para debater questões LGBQIA+, o que creio será mais bem desenvolvido no futuro. Então é uma série com forte conexão com a nossa realidade social (sendo que a sitcom dos anos 90 também já era bastante crítica). O Will do Jabari Banks convence, sendo esse jovem com consciência dos seus lugares e com sentimentos conflitantes.
Me surpreendeu muito. Já estava muito no hype quando saiu, há algum tempo, um trailer dessa releitura feito por um diretor. O próprio Will Smith (<3) se uniu ao diretor do trailer e tocou o projeto. O resultado foi Bel-Air. Segunda temporada já confirmada.
Haikyuu!! To the Top (4ª Temporada: Parte 1)
4.4 16A história continua boa, e os novos personagens são muito intensos. Aliás, cada partida vai alcançando um novo nível de dificuldade, o que torna tudo ainda mais emocionante. O lado ruim foi para a animação que, em muitos episódios, deixou a desejar. Mas de forma geral, uma temporada muito boa.
Haikyuu!! Karasuno Koukou VS Shiratorizawa Gakuen Koukou (3ª Temporada)
4.7 34Não tenho mais coração para essas coisas! hahahaha
Tinha uma ideia muito errada sobre animes de esportes, mas aos poucos fui vendo um e outro, e quando me dei conta estava entrando na trama, jogando e torcendo junto. Produções como Haikyuu conseguem despertar sentimentos muito intensos. E logo os personagens são muito bem desenvolvidos e ajudam que você se conecte com o anime. Gostei muito em como focaram em outros jogadores nessa temporada, e mostraram mais lados da personalidade de todos eles. É uma enredo muito bem trabalhado.
E que temporada... alucinante.
Youkoso Jitsuryoku Shijou Shugi no Kyoushitsu e (1ª Temporada)
3.8 9 Assista AgoraO começo é muito bom, mas cai um pouco o ritmo da metade para o final. Alguns plots ainda ficaram bastante inexplicados, mas acredito que serão abordados na segunda temporada. A ideia é realmente muito boa, e os personagens, em sua maioria, assustadores. O passado deles, em especial do Ayanokouji, muito me interessa. Nem tudo é o que parece, de fato, e o anime levou isso muito a sério.
Outra coisa muito interessante foram as reflexões propostas sobre igualdade, liberdade, ações no coletivo e o individualismo. Os títulos dos episódios são criativos ao pegar fragmentos de textos de filósofos e etc, títulos que geralmente casam com a proposta do episódio em questão. A estrutura é bem feita, não tem como negar.
Haikyuu!! (1ª Temporada)
4.5 44 Assista AgoraNão imaginei que eu fosse gostar de um anime sobre esportes, então assisti "Kuroko no Basket", e amei. E agora dei uma chance para Haikyuu... e amei mais ainda. Animação fantástica, personagens cativantes e bem desenvolvidos, uma história bonita e o drama com a comédia muito bem dosada. Adorei realmente tudo que vi.
Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba (2ª Temporada)
4.4 94Demon Slayer tem sido uma felicidade pra mim. Consegui concluir recentemente a leitura do mangá, e mal posso esperar para ver todo o resto animado. Personagens cativantes, histórias boas e bem contextualizadas, uma animação e trilha sonora de tirar o fôlego. Tudo funciona e flui muito bem.
Esse arco teve muito de desenvolvimento do Tanjirou. Acho incrível como ele é um protagonista bem construído: ele sabe que é fraco, entende o quão "pequeno" ele é, mas ainda assim não desiste. Não desiste pois há uma esperança em ver esses dias de sofrimento passarem, em ver a irmã e os amigos bem e felizes. Ele tem uma empatia e lealdade extraordinárias, e tudo muito bem dosado: não chega ao ponto de te irritar, e nem te deixar "entediado". É a personalidade ideal para um protagonista, que é sensível consigo mesmo e com todos ao seu redor.
Temporada incrível que expandiu um pouco a mitologia em relação as luas superiores, aos poderes da Nezuko e que contou (novamente) com cenas extraordinárias de batalha.
After Life: Vocês Vão Ter de Me Engolir (3ª Temporada)
4.1 63 Assista AgoraAqui encerramos uma série que toca em assuntos tão "pesados" para a maioria de nós. After Life proporcionou lindas reflexões sobre o luto e as consequências da perda de alguém querido. A série é feliz ao abordar a depressão e o "direito" que o personagem do Rick Gervais tem em se sentir infeliz, em deixar claro que a tristeza faz parte da vida. As vezes é difícil superar, e para muitos é algo impossível. E isso é simplesmente humano.
A dor e a solidão fazem parte do nosso processo de convivência, mas nem por isso precisamos reduzir tudo a esses sentimentos. Podemos encontrar significado e novas razões para continuar vivendod, para continuar querendo viver e ter amor pelo viver. A pessoa que amamos não retornará, ela será insubstituível. Mas dentro desse vasto universo, podemos encontrar algo que faça sentido para nossa nova jornada. A saudade permanecerá, e as vezes nos sentiremos abatidos e encurralados... mas não podemos perder a esperança e os laços que criamos. Eles sobrevivem. E nós precisamos viver.
Essa série foi tão feliz em vários pontos, tão humana. Não poderia ter concluído de forma melhor. Rick Gervais é um gênio
Mare of Easttown
4.4 657 Assista AgoraÉ uma série densa em seus detalhes. Aqui, mesmo os olhares entre os personagens significam muito. Cada um precisa lidar com sua própria solidão, com seu sentimento de perda e impotência. A narrativa trabalha de forma fantástica a desestruturação do ser humano e o quão quebrado pode ficar.
A dor cravada na face da Mare mostra que, embora cansada de lidar com tudo aquilo, ela se vê incapaz de ser livre e se perdoar pelo passado. É quase como se, ao tentar fazer isso, se sentisse automaticamente culpada. Muitas de suas atitudes são questionáveis, o que a transforma numa protagonista com vários defeitos. E isso é bom, pois não há uma idealização de um ser humano inalcansável, mas sim de um que é problemático, que sofre, que tem dores iguais as nossas.
Kate Winslet simplesmente BRILHOU. Que atuação fenomenal, tão carregada e tão forte emocionalmente. O elenco de apoio não fica atrás e também conseguem transmitir os anseios de seus personagens.
O foco dessa série está nos dramas desses personagens, em suas buscas, nos erros e acertos, em abraçar ou negar a realidade. São escolhas e medos. Adorei essa abordagem mais humanizada em todos os seus personagens em uma série que também é do gênero criminal.
Rebelde (1ª Temporada)
3.1 195 Assista AgoraTem vários problemas, alguns furos de roteiro (pequenos, mas que incomodaram), mas tem potencial. Essa nova versão (ou "continuação") é para um novo público, é mais moderna em vários aspectos, especialmente em sua linguagem. Mas se relevar algumas coisas, os fãs mais antigos vão acabar curtindo. Tem um humor bem despretencioso, o que a deixa bem leve e bacana de assistir. Felizmente não apelaram para uma versão 2.0 de Elite, que confesso era um dos meus receios. Focaram em uma história simples (a seita) e em apresentar e desenvolver os personagens.
Então, acho que oito episódios foram poucos. Tudo acontecia muito rápido e em vários momentos não havia espaço para o espectador sentir algum impacto emocional. Outro ponto é que não curti muito os protagonistas, e a atriz brasileira Giovanna Grigio rouba muito a cena. Ela se destaca bem mais do que eles em algumas partes, e o drama da sua personagem com a Andi é bem feito e foi um dos pontos altos da série.
Outro ponto positivo é que dessa vez a proposta é realmente musical, então expandiram o "mundo RBD" com outros grupos, o que foi bem bacana. Mais vozes e novas músicas. Lembra High School Musical? Talvez. Mas é só lembrança. O próprio roteiro já faz a piada com isso.
Tem espaço para desenvolver melhor suas tramas, talvez deixar tudo um pouco mais intimista que aborde os medos dos personagens de uma forma um pouco mais intensa. Mas de toda forma essa primeira temporada cumpriu sua missão de entreter. Há muito espaço para melhorar.
One Piece: Saga 3 - Skypiea
4.1 50Gostei bastante desse arco, especialmente a temática sobre colonização e imposição cultural. É muito interessante como esses assuntos são abordados no anime. O vilão é completamente desprezível.
Maid
4.5 368 Assista AgoraA série expõe uma realidade tão triste e brutal, que é a da violência doméstica. A agressão não ocorre somente de forma física, ela também pode ser psicológica. As vezes, vem de formas tão silenciosas que infelizmente o indivíduo não nota que está sendo silenciado em sua realidade, que suas palavras não são mais suas, que seu corpo se tornou automatizado devido ao medo.
É muito triste saber que tudo que a Alex viveu é exatamente o que muitas mulheres passam ainda hoje, e embora sejam as vítimas, muitas vezes se culpam e perguntam se o problema está nelas. E nunca está. A nossa cultura machista e nossa sociedade construída historicamente no poder do patriarcado impõe essa visão de culpa na vítima, de culpa na pessoa que recebeu o soco, enquanto o agressor é tido como "incompreendido" ou "passando por problemas".
Algumas cenas bastante absurdas envolvendo os "amigos" do Sean e da Alex e especialmente o pai dela mostram bem que muitas vezes as pessoas preferem acreditar na versão do homem. Aquela "amiga" (com gente assim, para quê inimiga?) falou "Alex, você tem sua versão, o Sean tem a dele. Não vou me meter". E o pai dela, que havia agredido a esposa no passado, ficou calado quando o Sean obrigou a Alex a se sentar, sem falar nas absurdas omissões e em nenhum momento disposto a entender a própria filha. Esses acontecimentos lembram a velha frase que ouvimos desde criança "entre briga de marido e mulher, ninguém mete a colher"... e, sim, é para meter a colher, pois sabemos que nessa "briga", mesmo que a mulher tenha toda a razão, a sociedade vai ficar contra ela. E ela? "Que se vire".
Assim, a mulher é tida como uma "louca e desequilibrada", quando na verdade ela só quer sobreviver. Ela não tem as mesmas chances, sua voz não é ouvida pelas pessoas que deveriam apoia-la. E o que mais lhe resta além de lutar? Alex transforma a personagem em uma fortaleza, algo sobre-humano se cria dentro dela para que ela possa cuidar da própria filha. Seu amor pela Maddy é maior do que tudo, e por isso ela suporta tudo aquilo. Mas não sem enfrentar seus traumas, mas não sem enfrentar seus demônios. E nesse meio, conhecemos outras mulheres também fortes, tal como a Regina, que se mostrou uma personagem de suma importância, e que também teve que lidar com um tipo de pressão psicológica e com o medo.
São nesses encontros que elas se fortalecem, que podem se abraçar e pensar num mundo mais seguro, para reconstruir a autoestima que um ser desprezível tentou quebrar. É na empatia exercida pela Alex e por outras personagens que elas podem voltar a sonhar com uma realidade nova e um dia melhor. É com essa poderosa mensagem que a série passa: se você está passando por algum tipo de agressão, denuncie! Você não está sozinha. Há muitas pessoas lá fora prontas para lhe estender a mão.
A Roda do Tempo (1ª Temporada)
3.5 236 Assista AgoraAprendi com GOT que existe um "cuidado" maior ao comentar adaptações de livros, até porque tem muito fã que acha realmente que para analisar a série/filme é preciso ler absolutamente TODOS os livros de tal série. E isso não poderia estar mais errado. Como falo, uma mídia que é adaptada deve sobreviver independente do seu material base, e deve ser analisada assim. Dito isso, não conhecia (e ainda não conheço) os livros que deram origem a "A Roda do Tempo", mas falando somente sobre série (que é o caso aqui)... ela foi mais ou menos.
Achei muitos momentos bastante cansativos, e quando finalmente parecia que algo iria acontecer, voltavamos a um ritmo lento e nada atrativo. Esse conceito de abordar a história de uma maneira um pouco mais "contemplativa" não funcionou aqui, pois o roteiro é cheio de frases de efeito que mais parece que foram tiradas de um filme B dos anos 60 e personagens que tem zero carisma. Os atores não contribuem. São fracos. Rosamund Pike consegue segurar o seu lado, mas ela sozinha não faz milagres. Do grupo, os personagens que conseguem algum destaque positivo são o Mat Cauthon e a Nynaeve al'Meara, que foram os mais me interessaram.
Há ideias muito boas, efeitos visuais excelentes, mas as execuções não ficaram boas. Espero que consertem esses problemas para uma segunda temporada, e espero que funcione e seja melhor, afinal é perceptível mesmo para quem nunca leu os livros o vasto universo que essa série oferece. Mas, por hora, foi algo um pouco decepcionante.
Succession (3ª Temporada)
4.4 191Não é exagero dizer que Succession é uma das melhores séries da atualidade. Tudo funciona e flui muito bem, dos diálogos inteligentes, passando pelas atuações estupendas até as reflexões sobre relações familiares, poder e influência. Mais uma temporada, mais um final incrível.
Jeremy Strong e Brian Cox foram lendários. Todo o elenco é fantástico, mas quando eles aparecem a cena passa automaticamente a ser deles. Uma presença forte que toma toda a tela. E quando contracenam juntos, fica ainda mais pesado. É tão bem feito que realmente parece haver recentimentos entre os dois, parece de fato uma relação turbulenta entre pai e filho. É incrível.
Essa temporada toda mostrou muito da vulnerabilidade do Kendall, o que, vendo agora como as coisas terminaram, foi interessante essa "queda" para que ele pudesse se reunir com os irmãos - o momento em que ele se abriu sobre os eventos com o garoto foram importantes para melhorar os laços entre eles. Shiv vendo cada vez mais que nunca teria o reconhecimento do pai, e nunca seria realmente importante para ele. Roman foi o que menos teve desenvolvimento, também por ficar sempre na sombra do pai e ter medo da figura dele. Não gosto dele, mas espero que mudem algumas coisas nessa personalidade. São três temporadas dele lambendo as botas do próprio pai.
Ora... Logan Roy detonando os próprios filhos?! Quem imaginaria isso, não é? Ele sabe que tem o poder e a influência, ele tem consciência plena disso... mas isso vai durar quanto tempo? Porque ele sabe os filhos que "criou" (bem entre aspas, porque ele foi ausente em todos os sentidos), e agora ele tem pelo menos três Roys contra ele. E eu fico pensando: se somente um conseguiu causar muito nessa temporada, o que uma equipe (liderada por uma Shiv Roy com sangue nos olhos) é capaz de fazer? Veremos...
A quarta temporada vai ser explosiva. Acho que agora sim temos uma guerra.