Em minha interpretação o filme intencionalmente quis ser chato. Oras, as pessoas reclamam que é parado, que nada acontece. Mas o que queriam que ocorresse? Explosões, perseguições, lutas?
Ao assistir A Lista de Schindler, O Pianista, O menino do pijama listrado, A Vida é Bela todo mundo já deve ter se perguntado: "quem são essas pessoas que fizeram isso? Como pode existir alguém assim?"
Zona de Interesse responde essa pergunta. E aí está o terrível do filme, pessoas terrivelmente normais, um pai que ao chegar em casa após o trabalho cuidadosamente se certifica de apagar todas as luzes e lê uma história para os filhos antes de dormir. Uma esposa preocupada com a educação dos filhos. Uma reunião de trabalho em que os envolvidos debatem sobre as metas alcançadas.
É a banalidade do mal, conforme definido por Hannah Arendt. "ah, mas que chato, tudo é banalidade do mal e blá blá blá" vão dizer alguns. Mas o mal é isso daí, é fácil se acostumar quando se é beneficiado.
Filme é muito bem executado com uma narrativa que consegue prender o espectador ao longo de quase 120 minutos, ao nos apresentar a jornada de dois jovens em busca de um sonho.
E aqui é o ponto que nos choca. De tempos em tempos é noticiado naufrágios de barcos/botes com imigrantes tentando atravessar o mediterrâneo com destino à Europa, principalmente Espanha e Itália. Mas nunca é relatado ou divulgado sobre essa ser a etapa final de todo um processo incerto. Esse é o mérito do filme, ao meu ver, apresentar uma das rotas utilizadas e os perigos enfrentados por essas pessoas, onde nada é garantido e a incerteza impera.
Nesse sentido, discordo de alguns comentários mais abaixo, como quem aponta que não é apresentado uma motivação por parte dos dois jovens; que a Europa é apresentada como um sonho perfeito e que não há crítica à política dos países europeus.
Toda jornada nos é apresentada pela lente dos dois jovens, do encanto ao desencanto. Retomando o que argumentei no primeiro parágrafo: quando lemos sobre naufrágio assim tendemos a crer que são somente refugiados de guerra. Mas a motivação dos dois personagens é comum a qualquer outro ser humano, conseguir uma vida melhor para si e ajudar financeiramente os seus (todo mundo conhece alguém que já saiu do Brasil assim). Tem também a questão do sucesso artístico, qual adolescente nunca quiser uma celebridade? Aí estão as motivações dos dois. E conforme nos é apresentado, eles não precisariam sair de Senegal, pois lá conseguiam trabalho, estudavam e possuíam família.
Ainda no início é desconstruída a imagem da Europa como um reino idílico. Ao conversarem na feira com um suposto "atravessador", o mesmo afirma que a Europa não é este sonho, que lá há miséria e desgraça e gente dormindo na rua. E nesse instante Seydour não acredita e até se espanta. Como assim na Europa há gente dormindo na rua? Obs: cabe notar a presença de muitos personagens vestindo camisa de times europeus de futebol.
Retomando outra crítica apresentada, sobre não ser citado a política de nenhum país europeu, como se o diretor do filme atuasse de maneira a ocultar o que os europeus fazem. Cabe mais uma vez relembrar que a ótica do filme é de jovens, não de adultos instruídos politicamente. No último ato do filme, quando já estavam a navegar pelo mediterrâneo e tentar contato com a guarda costeira, Seydour percebe o jogo de empurra-empurra quando solicita socorro para uma grávida. Italianos jogando para Malta; Malta não atendia ao chamado e aí "cai a ficha" e Seydour exclama que já entendeu e que os europeus querem que eles morram. A crítica não precisa ser um panfleto explícito e está ali, nas entrelinhas. Pois, mais uma vez, o filme é sobre sonho e não sobre realidade. A partir, sim, da última cena, poderia ter desdobramento político se o filme continuasse, no sentido de como são tratados os imigrantes na Europa.
Para mim o filme funcionou muito bem, a escalada de tensão me pegou demais, perturbador. Aliás, como o "terror" humano é muito mais cruel do que aquele com monstros/sobrenatural. Senti sensação semelhante de agonia com Soft&Quiet e Hunter Hunter.
A perda do encantamento de um filho para com seu pai. O final e a escolha por aquela alternativa, por parte do diretor, só faz sentido com a construção narrativa do peso da família seus integrantes. No mais, em alguns momentos cai para um thriller meio teen, por assim dizer. Alguns pontos de atenção, ao meu ver:
- O pai é "desmascarado" muito cedo e as provas contra ele são muito contundentes. Fosse em doses homeopáticas, digamos, eu entenderia o conflito interno do filho. Mas foi muito escancarado
- A sagacidade da menina e a facilidade com a qual conseguiram rastrear o pai. Escolhas inverossímeis como não chamarem a polícia.
- Enfim, deu a entender que: 1º o tal tio Rudy, em estado vegetativo, sabia quem era o assassino e sofreu uma tentativa frustrada de assassinato, ficando assim no estado de saúde que se encontrava (o que dá base para este pensamento é a tentativa do pai em matar o próprio filho); 2º A mãe do garoto sabia que seu marido era o assassino. Como esconder da esposa um cômodo embaixo do porão de casa? Em determinado momento o pai fala para o filho que a esposa sabia que ele tinha estes "casos" ao ser encontrado prestes a cometer o assassinato. No final há uma cena em que a mãe, conversando com o garoto, diz que "sabia dos problemas de seu marido mas preferia encarar eles juntos"; 3º A cena final, do garoto mentindo sobre a memória de seu pai, na frente de todos, apresentando frieza e ausência de sentimentos muito se assemelha com o comportamento de seu pai
Há muito que não logava aqui para comentários, mas este precisei fazer. Ainda bem que não me deixei levar pela nota e/ou comentários sobre esse filme. Não sei o que as pessoas esperavam mas para mim funcionou bem demais! Assisti num domingo à tarde, pós almoço, condição perfeita para dormir assistindo alguma coisa, mas não. Algumas horas após e ainda me pego pensando na obra.
Esqueçam a ideia de terror, é somente pano de fundo para uma discussão maior sobre inveja, desejo, disputas e sonhos. Vale muito a pena.
Pelo visto o filme se tornou um tipo "ame ou odeie". Mas busco aqui um meio termo. Não é excelente, mas também não é o pior do gênero. Todavia poderia ter sido muito melhor do que foi. Compreendo que um filme não necessita de mil explicações: se você quer contar uma história com objetivo X, não necessita explicar Y e Z. O que pega que o filme filme teve um desenvolvimento realmente fraco.
Qual a função da irmã dele para a história? Foi dado tempo de tela a ela e no final não ajudou em nada, pois descobriu a casa errada e o Finney conseguiu escapar sozinho. O personagem principal teve a oportunidade de assassinar o sequestrador logo no início do filme, porém não o fez. E no final da história, a alternativa que o último espírito deu foi de assassinar o cara, para isso deu 2 minutos de treinamento de combate
Se o filme não quer se perder em explicações e que somente o que tem sido mostrado em tela seja suficiente, então que o que escolheram mostrar/contar seja bem executado.
Zona de Interesse
3.6 563 Assista AgoraEm minha interpretação o filme intencionalmente quis ser chato. Oras, as pessoas reclamam que é parado, que nada acontece. Mas o que queriam que ocorresse? Explosões, perseguições, lutas?
Ao assistir A Lista de Schindler, O Pianista, O menino do pijama listrado, A Vida é Bela todo mundo já deve ter se perguntado: "quem são essas pessoas que fizeram isso? Como pode existir alguém assim?"
Zona de Interesse responde essa pergunta. E aí está o terrível do filme, pessoas terrivelmente normais, um pai que ao chegar em casa após o trabalho cuidadosamente se certifica de apagar todas as luzes e lê uma história para os filhos antes de dormir. Uma esposa preocupada com a educação dos filhos. Uma reunião de trabalho em que os envolvidos debatem sobre as metas alcançadas.
É a banalidade do mal, conforme definido por Hannah Arendt. "ah, mas que chato, tudo é banalidade do mal e blá blá blá" vão dizer alguns. Mas o mal é isso daí, é fácil se acostumar quando se é beneficiado.
Feriado Sangrento
3.1 394Gorezinho bom, bem divertido.
Achei o último ato corrido, esperei um desfecho mais cruel
Eu, Capitão
4.0 68Filme é muito bem executado com uma narrativa que consegue prender o espectador ao longo de quase 120 minutos, ao nos apresentar a jornada de dois jovens em busca de um sonho.
E aqui é o ponto que nos choca. De tempos em tempos é noticiado naufrágios de barcos/botes com imigrantes tentando atravessar o mediterrâneo com destino à Europa, principalmente Espanha e Itália. Mas nunca é relatado ou divulgado sobre essa ser a etapa final de todo um processo incerto. Esse é o mérito do filme, ao meu ver, apresentar uma das rotas utilizadas e os perigos enfrentados por essas pessoas, onde nada é garantido e a incerteza impera.
Nesse sentido, discordo de alguns comentários mais abaixo, como quem aponta que não é apresentado uma motivação por parte dos dois jovens; que a Europa é apresentada como um sonho perfeito e que não há crítica à política dos países europeus.
Toda jornada nos é apresentada pela lente dos dois jovens, do encanto ao desencanto. Retomando o que argumentei no primeiro parágrafo: quando lemos sobre naufrágio assim tendemos a crer que são somente refugiados de guerra. Mas a motivação dos dois personagens é comum a qualquer outro ser humano, conseguir uma vida melhor para si e ajudar financeiramente os seus (todo mundo conhece alguém que já saiu do Brasil assim). Tem também a questão do sucesso artístico, qual adolescente nunca quiser uma celebridade? Aí estão as motivações dos dois. E conforme nos é apresentado, eles não precisariam sair de Senegal, pois lá conseguiam trabalho, estudavam e possuíam família.
Ainda no início é desconstruída a imagem da Europa como um reino idílico. Ao conversarem na feira com um suposto "atravessador", o mesmo afirma que a Europa não é este sonho, que lá há miséria e desgraça e gente dormindo na rua. E nesse instante Seydour não acredita e até se espanta. Como assim na Europa há gente dormindo na rua? Obs: cabe notar a presença de muitos personagens vestindo camisa de times europeus de futebol.
Retomando outra crítica apresentada, sobre não ser citado a política de nenhum país europeu, como se o diretor do filme atuasse de maneira a ocultar o que os europeus fazem. Cabe mais uma vez relembrar que a ótica do filme é de jovens, não de adultos instruídos politicamente. No último ato do filme, quando já estavam a navegar pelo mediterrâneo e tentar contato com a guarda costeira, Seydour percebe o jogo de empurra-empurra quando solicita socorro para uma grávida. Italianos jogando para Malta; Malta não atendia ao chamado e aí "cai a ficha" e Seydour exclama que já entendeu e que os europeus querem que eles morram. A crítica não precisa ser um panfleto explícito e está ali, nas entrelinhas. Pois, mais uma vez, o filme é sobre sonho e não sobre realidade. A partir, sim, da última cena, poderia ter desdobramento político se o filme continuasse, no sentido de como são tratados os imigrantes na Europa.
Não Fale o Mal
3.6 666Para mim o filme funcionou muito bem, a escalada de tensão me pegou demais, perturbador. Aliás, como o "terror" humano é muito mais cruel do que aquele com monstros/sobrenatural. Senti sensação semelhante de agonia com Soft&Quiet e Hunter Hunter.
Parasita
4.5 3,6K Assista AgoraUm tanto superestimado, porém necessário.
O Assassino de Clovehitch
3.2 260 Assista AgoraDiferente de outras percepções, a minha não foi de que é um filme "parado". Gostei do ritmo, necessário para o que se propõe:
A perda do encantamento de um filho para com seu pai. O final e a escolha por aquela alternativa, por parte do diretor, só faz sentido com a construção narrativa do peso da família seus integrantes. No mais, em alguns momentos cai para um thriller meio teen, por assim dizer. Alguns pontos de atenção, ao meu ver:
- O pai é "desmascarado" muito cedo e as provas contra ele são muito contundentes. Fosse em doses homeopáticas, digamos, eu entenderia o conflito interno do filho. Mas foi muito escancarado
- A sagacidade da menina e a facilidade com a qual conseguiram rastrear o pai. Escolhas inverossímeis como não chamarem a polícia.
- Enfim, deu a entender que: 1º o tal tio Rudy, em estado vegetativo, sabia quem era o assassino e sofreu uma tentativa frustrada de assassinato, ficando assim no estado de saúde que se encontrava (o que dá base para este pensamento é a tentativa do pai em matar o próprio filho); 2º A mãe do garoto sabia que seu marido era o assassino. Como esconder da esposa um cômodo embaixo do porão de casa? Em determinado momento o pai fala para o filho que a esposa sabia que ele tinha estes "casos" ao ser encontrado prestes a cometer o assassinato. No final há uma cena em que a mãe, conversando com o garoto, diz que "sabia dos problemas de seu marido mas preferia encarar eles juntos"; 3º A cena final, do garoto mentindo sobre a memória de seu pai, na frente de todos, apresentando frieza e ausência de sentimentos muito se assemelha com o comportamento de seu pai
Os Rejeitados
4.0 315Faltou um pouco de história.
Toc Toc Toc: Ecos do Além
2.7 227 Assista AgoraDecepcionante.
Noturno
2.9 209 Assista AgoraHá muito que não logava aqui para comentários, mas este precisei fazer. Ainda bem que não me deixei levar pela nota e/ou comentários sobre esse filme. Não sei o que as pessoas esperavam mas para mim funcionou bem demais! Assisti num domingo à tarde, pós almoço, condição perfeita para dormir assistindo alguma coisa, mas não. Algumas horas após e ainda me pego pensando na obra.
Esqueçam a ideia de terror, é somente pano de fundo para uma discussão maior sobre inveja, desejo, disputas e sonhos. Vale muito a pena.
O Telefone Preto
3.5 1,0K Assista AgoraPelo visto o filme se tornou um tipo "ame ou odeie". Mas busco aqui um meio termo. Não é excelente, mas também não é o pior do gênero. Todavia poderia ter sido muito melhor do que foi. Compreendo que um filme não necessita de mil explicações: se você quer contar uma história com objetivo X, não necessita explicar Y e Z. O que pega que o filme filme teve um desenvolvimento realmente fraco.
Qual a função da irmã dele para a história? Foi dado tempo de tela a ela e no final não ajudou em nada, pois descobriu a casa errada e o Finney conseguiu escapar sozinho. O personagem principal teve a oportunidade de assassinar o sequestrador logo no início do filme, porém não o fez. E no final da história, a alternativa que o último espírito deu foi de assassinar o cara, para isso deu 2 minutos de treinamento de combate
Se o filme não quer se perder em explicações e que somente o que tem sido mostrado em tela seja suficiente, então que o que escolheram mostrar/contar seja bem executado.
Hector e a Procura da Felicidade
3.9 228Filme morno. Não vá esperando grandes emoções.
The Power
2.7 36 Assista AgoraComum, nada demais.
Anônimo
3.7 734O filme é bom porque é absurdo. Gosto dessa parada de protagonista que põe terror em meio mundo só pela menção ao seu nome.
Filmaço demais!
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraNão consigo explicar, porém esperava mais do filme. Contudo, não sai do cinema decepcionado. O filme realmente acerta em emocionar.