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Tenho muita dificuldade em dar notas pros filmes, mas sigo tentando.

Últimas opiniões enviadas

  • Rafaella

    "Looking outside the window, I look inside myself."

    Em "Là-Bas", Chantal Akerman foi enviada a Tel-Aviv para fazer um documentário sobre a situação política da região. Chegando lá, a ansiedade e angústia eram tamanhas que ela não conseguiu sair do apartamento.
    Assim se configura o filme, cuja premissa é, já de início, a incapacidade de agir frente a um sentimento paralisante.
    Entra-se, então, em contato com um grande silêncio, e colocamo-nos na posição de quem ao mesmo tempo em que é voyeur, está em introspecção.
    Olhar para fora é, antes de tudo, olhar para dentro.
    A câmera parada na janela que espera ansiosamente por algo nos coloca diante da nossa própria incapacidade de lidar com o que não veio, com o não-dito, com o Outro e, principalmente, com o vazio.
    Estando na Sociedade do Espetáculo, parece não fazer sentido que vejamos as coisas serem como são, existindo sem se fazer aparecer, e que ao mesmo tempo nos é permitido também olhar sem corpo, sem estar ali.
    Toda vez que eu penso nesse filme, que vi há 4 anos, descubro coisas novas e penso que ele é infinito por isso.
    Não é um filme para se assistir acompanhado.

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  • Rafaella

    Tenso, que aborda de um jeito muito singular e curioso como é ser mãe e lidar com o que não veio e com o que está por vir.
    A impressão que me fica é de que a personagem da garotinha personificava os maiores medos de Isabel, os que dizem respeito a, sobretudo, de alguma forma não ter controle sobre a futura filha, e ela se voltar contra a mãe. De alguma forma, destituindo quem ela é enquanto mulher e enquanto indivíduo, controlando sua vida e seu corpo, fazendo com que ela se torne parte de um conjunto de dois corpos (mãe-bebê) e não só uma mulher. Sacrificando-a.
    A cena em que ela está no chuveiro mostra muito claramente um par de opostos curioso, o desespero de se tentar obter prazer quanto está movida claramente por um processo altamente angustiante, de incertezas, de perdas, de ganhos.
    O tema da maternidade tal como ela é me atrai muito.

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  • Rafaella

    Acabei de assistir ao filme e tenho a impressão de que se trata de uma animação romântica com uma mensagem importante a se passar, e apesar de leviana em alguns momentos, mantém-se bem ousada pela temática e pelo roteiro que se destaca com um humor ácido e difícil de ser feito.
    Trata-se de uma sociedade distópica - ou nem tanto - na qual o suicídio é fonte de renda e, como consequência, alimenta a psicologia da família Tuvache. Pouco a pouco, ajudar os outros a se suicidarem faz com que os nossos personagens principais tratem o suicídio sem o tabu que é quase inerente, e tamanha a naturalidade diante da morte faz com que ela seja muito atraente, quase que se mostrando como a única saída.
    O nascimento de uma criança que foge do destino nefasto da família é a esperança e marca a mudança de tonalidade nas cores do filme, é com esse menino que vemos uma luz amarela aparecer e rodear inicialmente os olhos dos seus amigos que também se mostram esperançosos, e lentamente a cor cinza e azul vão fugindo da cidade, para que se termine a narrativa de uma maneira feliz, amarela e romântica, "a vida é sempre melhor do que a morte" e fazendo cantar os mortos que não puderam repensar suas escolhas.
    Acho que dá pra pensar bastante sobre a sociedade ocidental em que vivemos e quanto mais e mais estamos flertando com diversos tipos de suicídios, e também nos resta avaliar o quanto o diálogo aberto sobre a morte ajuda a evitar que ela aconteça como no filme, visto que a ajuda psicoterápica poderia anular o comércio daquela família. Por isso, a construção do roteiro de mostra muito inteligente: ao dizer "adeus" e perguntar como podem ajudar o suicida em potencial, ninguém ali questiona o cliente sobre suas intenções, é apenas comercial. Peça, pague e se mate. O que nos choca porque é nítido que todos ali precisavam de uma boa conversa profissional para que fosse evitado o suicídio, e é talvez essa a grande mensagem que esse filme me deixa, a importância da psicologia para as nossas sociedades.
    Por fim, deixo aqui que me chamaram a atenção a dança e o corpo feminino da irmã serem marcos para a recuperação da sociedade da sua distopia. De repente, o corpo feminino significa vida, assim como o que sai dele - no caso do Alain que protagonizou a revolução com os amigos - e a própria mãe, que desde o início se mostra mais viva do que o pai. Seria essa uma verdade universal ou um fardo feminino, associado à milênios de ideais sagrados e vitais como a fertilidade feminina?

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  • Flávio Raí
    Flávio Raí

    Oi, Rafaella! Motivado pela sua mensagem, revi o filme ontem mesmo! Tinha visto há muito tempo e me lembrava pouco dele, então agora pude apreciá-lo em toda sua grandeza e contexto estético. Particularmente, adoro a câmera de Lanthimos nesse filme, com seus cortes secos, e trilha sonora praticamente inexistente. Sou um aficcionado por Filosofia e o filme é um prato cheio, repleto de metáforas visuais e simbolismos. Acho o melhor filme dele, ainda que eu ame "O sacrifício do cervo sagrado".
    Tem uma editora chamada Madras, que tem uma coleção de livros que abordam filmes associados a temas filosóficos com o subtítulo, "filme tal e a Filosofia"...de forma que esse filme daria um ótimo livro de abordagens, rs. Um filme que teve essa abordagem foi "A paixão de Cristo" de Mel Gibson (já viu?). Minha paixão por esse filme é tamanha que escrevi um TCC sobre ele.

    Obrigado pelo retorno. Abraço!

  • Flávio Raí
    Flávio Raí

    Olá. Passando só mesmo para elogiar seu comentário em Dente Canino. Creio que foi um dos melhores e mais completos comentários que já li no Filmow. Interesso-me bastante por temas associados à Filosofia, portanto vou rever o filme esses dias :)

  • Jivago Achkar
    Jivago Achkar

    Imagine, Rafaella. ;)

    Hmmmm nunca assisti. Vou procurar aqui e já assistir esse final de semana. Aí volto a te procurar. :D

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