O Bruno é o Giordano Bruno, o sábio profeta escomungado (referência clara até na visualidade). A véia é a Igreja Católica, que simboliza a institucionalização do milagre e a legitimação da magia. O filme poderia rumar para uma retomada da história que não fosse mera repetição, que saísse por uma linha-de-fuga não-assimilacionista, que rumasse a envergonhar a instituição frente à profecia e força dos excluídos. Mas o final integra tudo e fortifica o poder instituído. A animação é bonitinha. Saldo final: 4.
Muito boas imagens e bons pontos. O bolsonarismo avaliando mal deve ter simplesmente não visto o filme, pois há nele uma argumentação dificilmente contornável em sua totalidade.
quanto mais eu vejo udigrudi mais desinteresse eu desenvolvo por esse universo. única coisa interessante aí é um certo valor para entender e pensar a história do cinema brasileiro, fora isso é desperdício de vida.
Esse filme é uma vergonha em vários sentidos. Primeiro, porque é muito ruim. Segundo, porque a Norma Bengell se recusou a prestar contas dos gastos de recursos públicos dessa produção caríssima. Até hoje ela serve justificadamente de argumento pra deslegitimar as formas de financiamento vigentes no cinema brasileiro.
Que filme maravilhoso. Planos muito bons esteticamente. Boa captação de som e imagem. Mas as cenas funcionam muito bem também, bons cortes. Que pessoas sábias os sujeitos do documentário. Recomendo muito.
A cena em que um cara (que se identifica como Gordo) fala em um bar, enquanto outros dois jogam sinuca, me arrepiou. Ele fala da vitória de Bolsonaro de uma forma nada melancólica (como acontece muitas vezes), mas em uma perspectiva muito guerreira e confiante.
Chatão. Há uma espécie de culto a Glauber, especialmente em um tipo de cinéfilo tendente à idolatria (como são os beatlemaníacos), que parece tentar construir uma aura de genialidade no entorno de tudo o que Glauber fez. Como se houvesse uma mensagem densa por trás da aparência de desordem nos filmes, mensagem essa que os próprios saudosistas admitem nem sempre captar com clareza, mas que, em sua leitura romântica, seria a prova mesma da genialidade. Contudo, muitas vezes me parece mais provável que tipo, às vezes, ele só tá chapado (ver o documentário "Glauber, Claro" pra sacar como, na direção de certas cenas, a galera tá muito louca, inclusive o Glauber). No que toca a, em Câncer, Glauber tentar realizar a proposta estética do cinema marginal, eu não sei avaliar se ele funcionou ou não dentro da linguagem, porque pra mim essa linguagem mesma já tende ao disfuncional. Ele me lembra também o espontaneísmo de "Uma mulher é uma mulher" (Godard), ou the "On the road" (Kerouac), duas obras que eu acho chatas junto com a maior parte do legado do cinema marginal. Parecem todos exigir uma dose de paciência. A ideia de transe que entrecorta Câncer parece ser o que há de valioso aqui, assim como em boa parte da obra de Glauber, mas que, se essa intenção não captura quem assiste logo de imediato, o resto do filme todo não funciona: o que é uma fragilidade bem grande. Principalmente quando o mesmo princípio é repetido ad nauseam, que é o que acontece na filmografia de Glauber. Câncer é um filme experimental, mas também é um experimento descuidado. O som é péssimo: apenas um microfone direto, muito mal apontado pra boca dos atores, em uma ambiência toda ruidosa, o que faz com que tudo seja muito ininteligível muitas vezes. A última cena, por exemplo, em cima do diálogo tem uma percussão bem embaixo do microfone. Isso até serve um pouco pra disfarçar a improvisação dos diálogos torpes, mas requer certa prestatividade de quem assiste. Então, tirando tudo o que não funciona no filme, o que parece restar mesmo é o experimento de trabalhar com planos longos (o que em si, não sei se posso afirmar que dá um bom resultado) e a ideia de transe, de que o que importa são forças, pulsões, que atravessam a cena. Então legal, há algo aí, mas pouco.
Filme de perturbado. Na última esquete principalmente, a combinação entre a narrativa frouxa e a câmera explícita aproximam da lógica que rege o pornô mais industrial: o foco na imagem intensa. O enredo aparece só como uma plataforma de alavancagem à imagem explícita, ou melhor, um obstáculo no caminho até a imagem explícita. Mas o Zé fantasia além do doentio do pornô industrial, porque é gore. É sádico, mas não nos termos que se entende no BDSM, é um sádico que é não consensual e produz a morte serial, um sádico Sade. O filme me parece dizer muito sobre o imaginário latente do contexto autoritário em que foi feito: a violência, a acriticidade, a sensação de impotência, a conformidade da sociedade com a dominação autoritária. Mas isso reforça meu argumento inicial: é fruto de um contexto e de um imaginário perturbado perturbado. Dei uma estrela inteira em defesa ao cinema brasileiro.
Tem uns planos bons. Mas o ritmo lento e prosaico da arte que se pretende contemporânea, embora eu entenda que esse ritmo tem um público (que não é eu, e talvez nem seja grande).
Maravilha de filme. Um pouco menos de esperança na humanidade depois de assistir. O motor da história do século XXI não é a luta de classes, mas a luta das máquinas humanas contra o mundo não-humano. E dessa perspectiva, tanto os fazendeiros quanto a peonada são a mesma merda.
A cena em que a tal advogada herdeira, ao falar dos indígenas, os compara em analogias ora com "crianças", ora com "bois", escancara, pela boca do próprio ruralismo, o olhar infantilizante, desumanizante e em última instância racista, dos que se auto-denominam "proprietários". É chocante a naturalidade com que ela se considera "proprietária" e considera os indígenas "invasores" e, com a mesma naturalidade, acusa-os de uma "inversão".
os aliens exercem sobre a protagonista uma espécie de manipulação mental, como o filme indicia ao mostrar que eles a fazem sonhar com o futuro, "ver" o futuro, etc. A intenção deles na Terra era passar uma doença rara para a humanidade, ou seja, não são amigáveis como ela crê. Finalmente conseguem fazer isso quando ela entra sozinha e desprotegida na nave. Naquele momento a infectam e a convencem a seguir um suposto "destino" que é ter a filha, etc. Assim, depois daquele contato físico, ela cumpre o passo-a-passo do plano alien ao ter uma filha com o cientista, e os aliens, satisfeitos no cumprimento de sua missão, deixam o planeta. Essa filha ter uma "doença rara" como o filme mostra, e que acaba sendo espalhada para a humanidade. O cientista marido dela, ao perceber esse ato impensado, deixa-a em revolta. A protagonista acredita que cumpriu seu destino, quando na verdade cumpriu o plano que os aliens haviam a convencido de que seria seu destino.
Bob Marley - Só o Tempo Dirá
4.6 10Maravilha de filme!
Encanto
3.8 804O Bruno é o Giordano Bruno, o sábio profeta escomungado (referência clara até na visualidade). A véia é a Igreja Católica, que simboliza a institucionalização do milagre e a legitimação da magia. O filme poderia rumar para uma retomada da história que não fosse mera repetição, que saísse por uma linha-de-fuga não-assimilacionista, que rumasse a envergonhar a instituição frente à profecia e força dos excluídos. Mas o final integra tudo e fortifica o poder instituído. A animação é bonitinha. Saldo final: 4.
O Sonho de Rose - 10 Anos Depois
4.1 4Top 10 filmes da vida. Lindo. Assistam, por favor! Tem de graça no Youtube.
Radical
4.6 1Muito interessante. O filme progride bem. Superou minhas expectativas.
Amigo Secreto
3.5 29Muito boas imagens e bons pontos. O bolsonarismo avaliando mal deve ter simplesmente não visto o filme, pois há nele uma argumentação dificilmente contornável em sua totalidade.
Longe do Vietnã
4.4 11maravilhoso
O Fundo do Ar é Vermelho
4.4 8Excelente. Mas são aproximadamente 3h de duração e não 4, correto?
A Margem
4.0 28artsy, mas entendi foi nada
Copacabana Mon Amour
3.9 77quanto mais eu vejo udigrudi mais desinteresse eu desenvolvo por esse universo. única coisa interessante aí é um certo valor para entender e pensar a história do cinema brasileiro, fora isso é desperdício de vida.
O Guarani
2.0 35Esse filme é uma vergonha em vários sentidos. Primeiro, porque é muito ruim. Segundo, porque a Norma Bengell se recusou a prestar contas dos gastos de recursos públicos dessa produção caríssima. Até hoje ela serve justificadamente de argumento pra deslegitimar as formas de financiamento vigentes no cinema brasileiro.
Porto das Caixas
4.0 20se o feminismo for legalizado
Piripkura
4.4 23maravilha de filme
Palestina do Norte, O Araguaia Passa por Aqui
5.0 1Maravilhoso, impecável, lindo
Entre Nós Talvez Estejam Multidões
4.1 6Que filme maravilhoso. Planos muito bons esteticamente. Boa captação de som e imagem. Mas as cenas funcionam muito bem também, bons cortes. Que pessoas sábias os sujeitos do documentário. Recomendo muito.
A cena em que um cara (que se identifica como Gordo) fala em um bar, enquanto outros dois jogam sinuca, me arrepiou. Ele fala da vitória de Bolsonaro de uma forma nada melancólica (como acontece muitas vezes), mas em uma perspectiva muito guerreira e confiante.
Câncer
3.7 21Chatão. Há uma espécie de culto a Glauber, especialmente em um tipo de cinéfilo tendente à idolatria (como são os beatlemaníacos), que parece tentar construir uma aura de genialidade no entorno de tudo o que Glauber fez. Como se houvesse uma mensagem densa por trás da aparência de desordem nos filmes, mensagem essa que os próprios saudosistas admitem nem sempre captar com clareza, mas que, em sua leitura romântica, seria a prova mesma da genialidade. Contudo, muitas vezes me parece mais provável que tipo, às vezes, ele só tá chapado (ver o documentário "Glauber, Claro" pra sacar como, na direção de certas cenas, a galera tá muito louca, inclusive o Glauber). No que toca a, em Câncer, Glauber tentar realizar a proposta estética do cinema marginal, eu não sei avaliar se ele funcionou ou não dentro da linguagem, porque pra mim essa linguagem mesma já tende ao disfuncional. Ele me lembra também o espontaneísmo de "Uma mulher é uma mulher" (Godard), ou the "On the road" (Kerouac), duas obras que eu acho chatas junto com a maior parte do legado do cinema marginal. Parecem todos exigir uma dose de paciência. A ideia de transe que entrecorta Câncer parece ser o que há de valioso aqui, assim como em boa parte da obra de Glauber, mas que, se essa intenção não captura quem assiste logo de imediato, o resto do filme todo não funciona: o que é uma fragilidade bem grande. Principalmente quando o mesmo princípio é repetido ad nauseam, que é o que acontece na filmografia de Glauber. Câncer é um filme experimental, mas também é um experimento descuidado. O som é péssimo: apenas um microfone direto, muito mal apontado pra boca dos atores, em uma ambiência toda ruidosa, o que faz com que tudo seja muito ininteligível muitas vezes. A última cena, por exemplo, em cima do diálogo tem uma percussão bem embaixo do microfone. Isso até serve um pouco pra disfarçar a improvisação dos diálogos torpes, mas requer certa prestatividade de quem assiste. Então, tirando tudo o que não funciona no filme, o que parece restar mesmo é o experimento de trabalhar com planos longos (o que em si, não sei se posso afirmar que dá um bom resultado) e a ideia de transe, de que o que importa são forças, pulsões, que atravessam a cena. Então legal, há algo aí, mas pouco.
O Estranho Mundo de Zé do Caixão
3.7 57 Assista AgoraFilme de perturbado. Na última esquete principalmente, a combinação entre a narrativa frouxa e a câmera explícita aproximam da lógica que rege o pornô mais industrial: o foco na imagem intensa. O enredo aparece só como uma plataforma de alavancagem à imagem explícita, ou melhor, um obstáculo no caminho até a imagem explícita. Mas o Zé fantasia além do doentio do pornô industrial, porque é gore. É sádico, mas não nos termos que se entende no BDSM, é um sádico que é não consensual e produz a morte serial, um sádico Sade. O filme me parece dizer muito sobre o imaginário latente do contexto autoritário em que foi feito: a violência, a acriticidade, a sensação de impotência, a conformidade da sociedade com a dominação autoritária. Mas isso reforça meu argumento inicial: é fruto de um contexto e de um imaginário perturbado perturbado. Dei uma estrela inteira em defesa ao cinema brasileiro.
Viagem ao Fim do Mundo
4.0 16Legal mas parece que vai perdendo fôlego
Temporada
3.9 145 Assista AgoraTem uns planos bons. Mas o ritmo lento e prosaico da arte que se pretende contemporânea, embora eu entenda que esse ritmo tem um público (que não é eu, e talvez nem seja grande).
Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da Floresta
5.0 1Filme excelente. Mataram boi foi pouco
Keneyuxi(n) - As voltas do KENE
4.0 1O filme está duplicado. Há outro registro mais completo como "Kene Yuxi, as Voltas do Kene".
O Território
4.1 18 Assista AgoraMaravilha de filme. Um pouco menos de esperança na humanidade depois de assistir. O motor da história do século XXI não é a luta de classes, mas a luta das máquinas humanas contra o mundo não-humano. E dessa perspectiva, tanto os fazendeiros quanto a peonada são a mesma merda.
Vento na Fronteira
3.6 3Maravilhoso. Fazia anos que eu não via um filme tão potente e importante.
A cena em que a tal advogada herdeira, ao falar dos indígenas, os compara em analogias ora com "crianças", ora com "bois", escancara, pela boca do próprio ruralismo, o olhar infantilizante, desumanizante e em última instância racista, dos que se auto-denominam "proprietários". É chocante a naturalidade com que ela se considera "proprietária" e considera os indígenas "invasores" e, com a mesma naturalidade, acusa-os de uma "inversão".
Crônica de um Verão
4.2 29 Assista Agoraok
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraLindo. Possibilidade de leitura a contrapelo do filme:
os aliens exercem sobre a protagonista uma espécie de manipulação mental, como o filme indicia ao mostrar que eles a fazem sonhar com o futuro, "ver" o futuro, etc. A intenção deles na Terra era passar uma doença rara para a humanidade, ou seja, não são amigáveis como ela crê. Finalmente conseguem fazer isso quando ela entra sozinha e desprotegida na nave. Naquele momento a infectam e a convencem a seguir um suposto "destino" que é ter a filha, etc. Assim, depois daquele contato físico, ela cumpre o passo-a-passo do plano alien ao ter uma filha com o cientista, e os aliens, satisfeitos no cumprimento de sua missão, deixam o planeta. Essa filha ter uma "doença rara" como o filme mostra, e que acaba sendo espalhada para a humanidade. O cientista marido dela, ao perceber esse ato impensado, deixa-a em revolta. A protagonista acredita que cumpriu seu destino, quando na verdade cumpriu o plano que os aliens haviam a convencido de que seria seu destino.