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Quando vi o trailer de AmarElo, disponível na Netflix, imaginava que seria o registro do show do Emicida no Teatro Municipal de São Paulo. Porém o artista é pretensioso e, neste trabalho, vai além de mostrar seu novo álbum e inspirações. Emicida protagoniza um documentário mostrando toda a história da negritude no Brasil, dos movimentos sociais, artísticos e políticos. É uma baita aula de história vista do ponto de vista dos negros e do artista. Você entende muito bem como ele mistura brilhantemente o samba com o rap e canta para fazer as pessoas desfavorecidas e discriminadas sonharem.
Sua pretensão não é um defeito muitas vezes atribuído a pessoas que querem ir além do que podem ser. Emicida já é. Ele quis ocupar o Teatro Municipal, na maioria das vezes visitado somente pela classe alta e branca, como forma de mostrar que todos podem pisar naquele espaço e naquele palco. Ele tem poder para isso. Suas músicas têm qualidade e História para isso.
É emocionante acompanhar sua trajetória no documentário e terminar a obra de forma catártica com a música AmarElo, quando vemos no palco Emicida, Majur e Pablo Vittar juntos. O Brasil é isso, é a diversidade, é dos pretos, dos gays, das trans, é de todo mundo, ao contrário do que essa era bolsonarista tenta pregar. Emicida sabe que não é possível brigar por uma só causa. Tem que ser por todas as causas e deve-se ter união. "Tudo que nóis tem é nóis".
A catarse feita pelo artista é a reparação de tudo o que foi negado por esses grupos no passado. É como acontece no ditado citado algumas vezes durante a obra "Exu matou um pássaro ontem, com uma pedra que só jogou hoje."
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Com talvez o único plano mais aberto do filme, Joias Brutas se inicia em uma mina na Etiópia quando um trabalhador sofre um grave acidente e tem uma fratura exposta na perna. Desde os primeiros segundos o filme já incomoda. A seguir vemos mineradores extraindo uma pedra e o filme iniciando um plano muito bacana onde as luzes da joia se misturam com as luzes do espaço e culmina no intestino do protagonista, Howard Ratner, em um exame de colonoscopia.
Esse é o tom do filme dos irmãos Safdie, que ganharam notoriedade por Bom Comportamento, e trazem aqui algo frenético como o filme anterior, uma obra que não se cansa de trazer muitas informações ao mesmo tempo, mas que não causa confusão no espectador. Aliás, se tem algo que esse filme causa é ansiedade.
Ratner, composto por Adam Sandler como uma figura ora patética, ora repulsiva, ora digna de pena, é dono de uma joalheria e vive se metendo em apostas, vício que o leva a tomar cada vez mais decisões erradas que vão afetar sua vida, trabalho e família. É um personagem típico da cidade de Nova Iorque, fazendo mil coisas ao mesmo tempo. Em sua loja o vemos vendendo algo, ao mesmo tempo que fala sobre sua nova aquisição, ao mesmo tempo que fala sobre jogo de basquete e recebe o resultado de seu exame, que deveria ser algo importante, mas ele está ocupado demais para tratar o assunto com importância. Reparem logo no início a quantidade de pessoas dentro da loja falando ao mesmo tempo e Ratner tentando atender todas as figuras mais importantes para ele ali.
Esse estilo de vida frenético vai dando o tom do filme, sempre crescendo, onde o personagem tenta sair de um problema, como pagar uma dívida fazendo outras dívidas e apostas e vai cada vez mais se enfiando no fundo no poço. Desprezado pela esposa e filha mais velha, admirado por seu filho mais novo e tendo como cúmplice de seu estilo de vida uma amante, Ratner aposta todas suas fichas e economias na pedra que vimos no começo do filme. Ele acredita que ela tem um valor altíssimo, enquanto um jogador de basquete famoso, Kevin Garnett, interpretando a si mesmo, também acredita que a pedra traz sorte e a quer para si.
O intuito do filme é nos jogar no meio de tantas confusões que você acaba amargurado com os infortúnios de Ratner. Não à toa, o personagem está sempre em ambientes fechados ou com a câmera muito próxima. Apesar de estar na imensa Nova Iorque, ele é um personagem acossado, por isso a produção faz questão de o manter sempre em ambientes claustrofóbicos. É uma saga de personagens escusos, como grandes filmes de mafiosos de Nova Iorque. O nome do Scorsese na produção é uma bênção para a produção...
Se você conseguir manter o fôlego até o final, vai apreciar uma sequência primorosa onde talvez você precise ainda mais de fôlego para chegar até os créditos. O filme vai te fazer, inclusive, torcer para uma partida de basquete que acontece em meio a um dos momentos cruciais da vida de Ratner.
Que jornada louca essa! Que filme excelente! Joias Brutas, o filme, é uma joia bem lapidada que está no catálogo da Netflix.
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Gustavo
Concordo plenamente com sua opinião sobre Boyhood, um filme de momentos, como você escreveu! Só fiquei chocado com a quantidade de dislikes que os comentários positivos como os nossos levam. :(
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Gustavo
Acho que você não irá se arrepender. Virei fã de Ozu no segundo filme que vi dele. Ainda bem que temos uma distribuidora cuidadosa como a Versátil para lançar essas preciosidades!
Cumps.
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Laís Araujo
Obrigada! :)
Estava vendo seus favoritos por aqui e tem muita coisa sensacional, e outras que morro de vontade de assistir, rs.
Eu assisti online com um amiga, a imagem não era das melhores mas mesmo assim vale a pena. Perguntarei pra ela o site direitinho e te passo.
Entrou na Netflix! Assistam esse doc inspirador =D