Até que gostei do clima do começo, me lembro o início da primeira temporada de "The Last Of Us" e entrega boas atuações e bons momentos de tensão, o visual do filme é o grande destaque, ele é assustadoramente lindo e tem cenas de terror muito bem construídas em cenários criativos (É suspense em mercado abandonado, aquela cena no metrô também é tensa pra caramba, cenários abertos como cidades e florestas, e locais claustrofóbicos como dentro do carro, dentro da casa e até dentro de um encanamento de esgoto), com direito a corpos desmembrados espalhados pelos locais e todo o clima de medo apocalíptico é bem entregue aqui, mas toda a parte psicológica da trama que envolve a decadência da sociedade com o aparecimento dos cultos e a volta da "idade média" parece que vai ficando pro escanteio da história. Até o seu derradeiro final, que é assustadoramente sem impacto.
Quando acaba a sensação que fica é que vimos um filme corrido e sem o impacto que merecia pra se tornar memorável, mas que nos deixou tensos do início ao fim com cenários de tensão bem construídos. E quando encerra a cena final é a prova de que fizeram qualquer coisa pra acabar logo e deixar espaço pra uma continuação (que nunca vai chegar, afinal, quem estaria disposto a uma parte 2 de um filme que não aconteceu?).
Mas pra um suspense passageiro pode-se dizer que é um filme que funciona bastante, do nível de "Um Lugar Silencioso", embora não seja tão imersivo no silêncio.
Tentativa da Blumhouse de ser A24, mas fazem isso seguindo todos os clichês possíveis. A história consegue ser tão explicadinha quanto batida, quando acaba ficamos cansados dos personagens e de tantas explicações, a analogia já estava óbvia desde os momentos iniciais, não precisava de tanto explicação sobre o que a mulher no jardim representava, perderam tanto tempo explicando que faltou apenas a emoção, que deveria ser o motor do filme.
Tudo aqui parece apenas um produto feito para o entretenimento barato e por isso o filme é tão esquecível, por não apresentar nenhum tipo de evolução da personagem principal ao longo de sua jornada. E sabem o motivo da mulher estar no jardim? É que ela estava vendo a grama crescer, melhor que ver esse filme.
Já o fim do filme roubou toda a criatividade da história pra ele. Sem dúvidas o maior destaque aqui ficou pro final feliz virando em segundos um encerramento macabro. Mas o que adianta fazer um filme tão fraco e seguindo todos os clichês possíveis apenas pra apresentar um final criativo?
Inclusive o encerramento ficou tão bem bolado que nem parece que faz parte desse filme.
Embora sobre estilo e homenagens ao cinema dos anos 80, falta aquela "luz verde" para transformar o filme em um clássico cult igual os que ele quer homenagear. Pois tudo aqui é muito pretencioso e quando a pretensão fala mais alto do que tudo é como se o filme nunca conseguisse atingir alguma profundidade real, sobrevivendo apenas da nostalgia por uma época, homenageando estilos dos diretores e obras clássicas, mas sem nunca conseguir atingir o tom memorável e revolucionário que esses filmes tiveram.
O elenco está super afiado e o filme tem bons momentos (principalmente quando assume de vez o estilo grindhouse), diria que as duas últimas histórias são bem melhores que as duas primeiras, mesmo achando tudo um pouco apagado e menos intenso do que o filme pensa ter sido, recomendo o filme pra quem curte muito a estética das obras dos anos 80, mas se você não for um grande fã dos filmes desse período vai encontrar aqui apenas um filme de final de noite facilmente esquecível, o que é uma pena, pois essa obra tinha muito potencial pra furar a bolha.
Interessante como o filme começa como uma comédia sem compromisso e trata em tão pouco tempo de temas complexos como independência financeira, sexualidade, traição, mercado de trabalho, maternidade, machismo, sororidade, etc.., mas nenhuma dessas temáticas assume o controle da narrativa, o verdadeiro tema aqui é um filme de amadurecimento que busca fazer uma crítica social a pressão que a sociedade exerce sobre as pessoas.
Shiva é uma entidade fundamental do Hinduísmo associado à destruição como parte do ciclo de criação, manutenção, regeneração e a transformação do universo. Interessante como esse coming of age tinha tudo para dar errado e se perder na falta de foco, mas encontrou na sátira uma forma de refletir como vivemos em uma era de muitos problemas, apesar de termos muitas informações que antes não se tinha acesso, também nunca tivemos tantos conflitos novos. A era da informação é também a mesma era da destruição, nunca vivemos tão informados e tão perdidos ao mesmo tempo.
E é tudo tão caótico que quando o filme termina nem lembramos mais que estávamos o tempo todo parados no mesmo funeral do começo do filme.
O filme não tem ambição e não parece preocupado em criar um vilão interessante ou aprofundar qualquer personagem, tudo soa genérico. É assustador como essa obra não consegue assustar e nem fazer rir, nada parece funcionar direito, é muito pouco violento (a maioria das mortes acontecem fora da câmera, mesmo sendo um filme de censura 18 anos), muito pouco divertido ou intrigante e não tem personagens marcantes para realmente nos importarmos com eles, parecem todos o tempo todo jovens insuportáveis. Pra piorar é fácil demais descobrir a identidade do serial killer e olha que o filme termina sem sabermos nada sobre os reais motivos do vilão.
É o tipo de obra que não se justifica, se a intenção é homenagear o slasher dos anos 80 faltou vontade de fazer algo que fosse novo ou pelo menos memorável, interessante ou então que aderisse aos clichês mas que recriasse o clima gostoso dos acampamentos de verão igual fez o segundo filme da franquia Rua do Medo, pois aqui é insuportável ficar vendo jovens chatos interagindo entre eles o tempo todo, eles parecem estar sempre entediados, como se estivessem acampados à força.
Também é ridículo como todos os personagens do filme parecem estar sempre apaixonados e são romances dispersos e forçados que não fazem sentido na trama e parecem estar lá só pra preencher tabela, assim como as motivações do mascarado. O filme não parece realmente interessado no gênero que ele quer homenagear, é como se o diretor estivesse dirigindo um filme de terror no piloto automático. Colocar o personagem principal para chamar Jason por exemplo me pareceu mais uma piada com os clássicos do terror do que uma homenagem ao gênero, filme bem esquecível.
Eu jurava que iria ter um plot twist envolvendo a equipe do asilo ou pelo menos alguma reflexão um pouco mais profunda sobre o passado de ambos os personagens. É um filme tão cheio de oportunidades perdidas em tantos aspectos, tanto o terror psicológico soa fraco e pouco intrigante quando não aprofunda os dilemas daquelas pessoas, como o drama acaba soando apagado ao não trazer quase nada sobre a vida dos personagens antes do asilo.
É um roteiro que parece que nunca se desenvolve, o filme se contenta em ser o típico suspense de final de noite focado apenas no momento presente e não conhecemos nada do vilão e quase nada do protagonista. A única crítica social eficiente aqui parece ser a sátira ao descaso dos funcionários da instituição, que tratam os idosos como se fossem números, mas o próprio roteiro do filme parece ser assim ao não estar interessado em querer trazer nada muito aprofundado sobre aquelas pessoas e se contentar em ser um suspense momentâneo onde apenas o medo e o caos é priorizado.
O final do filme parece ser o único momento de alívio, onde vemos os idosos rindo e conversando, até que o gato (que simboliza a morte no filme) aparece e olha pro idoso, que faz uma cara de espanto. Fraquinho.
Acho tão incrível o final desse filme, pena que poucas pessoas entendem ele. O labirinto era o tempo todo a própria mente dela e os monstros são os sentimentos, no encerramento ela descobre que não pode viver sem eles de vez em quando, mas não pode ficar com eles o tempo todo, já o grande vilão é o Ego (representado pelo Rei dos Duendes), no encerramento vemos que ele é a coruja na árvore, isso significa que ainda está por perto, rondando a vida dela, mas não sendo agora um perigo, pois não tem mais poder sobre os outros sentimentos dela.
Então vemos a coruja se afastando ao som de "Magic Dance" tocando novamente no filme, mas agora percebemos que a música estava falando dela mesma, do confronto do EGO X ID e a dança mágica ganha ares de complexidade quando percebemos que essa música não estava falando do sequestro do bebê pelo vilão imaginário e sim do abandono dele pela própria menina como forma de punir ela mesma por um erro do passado.
Filme com três diretores não tinha como dar certo, um sempre vai acabar podando ou modificando o trabalho do outro:
- A menina por exemplo, está ali só pra satisfazer um ideal de vida perfeita do interesse masculino, parece mais um sonho juvenil se concretizando, em nenhum momento ela parece uma pessoa real, não tem motivos pra ela estar ali, tem hora que está contra a investigação, logo depois sem nenhum motivo passa a estar a favor, enfim, parece apenas um arquétipo acrescentado ao filme pra trazer aquele ideal de romance tão sonhado pelos adolescentes da época, mas não faz sentido algum na trama tal personagem e tudo parece tão artificial quando ela está em cena.
- O filme tinha tudo pra ter um clima de investigação bem legal, com uma pegada de Stranger Things e Os Goonies, pra não fazemos a menor ideia como será seu desenvolvimento, se é um filme sério ou se seguirá um estilo de humor, mas notamos que o formato de filme sério acaba deixando tudo muito previsível, principalmente quando abrem o filme com aquela cena inicial do menino andando de bike e aquela narração dele meio que contando tudo o que vai acontecer. ALERTA DE SPOILER: que não dá pra confiar nos vizinhos, enfim, um baita spoiler logo nos primeiros segundos de filme.
- Desenvolvimento fraco de todos os personagens em volta do garotinho, mas gostei da química entre eles, no geral é um filme que funciona como entretenimento rápido, mas não vai ficar na sua memória por muito tempo.
Easter Eggs que notei:
- Na cena do fliperama tem um jogo chamado Polybus, isso é baseado em uma lenda urbana de terror dos anos 80 sobre um jogo que foi criado pelo governo como experimento secreto em um fliperama e depois proibido por levar as pessoas para a morte, detalhe que nele tem uma placa : "Fora de Serviço", dei muita risada quando vi.
- Na cena final na ilha mesmo sendo um momento tenso dei risada quando vi que um dos meninos estava vestido igual o Fred do Scooby Doo e o outro igual o Salsicha, adorei a referência, tal desenho sempre teve essa pegada de desvendar mistérios e é a cara dos anos 80.
Nicolas Cage está muito bem nesse filme. O modo como ele surta em vários momentos e vai perdendo o controle aos poucos é digno de um grande ator. Aquela cena dele assistindo TV preocupado que as pessoas vão achar ele louco por causa da entrevista alegando que viu um OVNI é muito divertida e ao mesmo tempo ele se desespera quando descobre o que aconteceu com a esposa na cozinha, um dos poucos atores que consegue misturar terror, drama e comédia em poucos segundos de atuação. Destaque também pra atriz que faz a filha dele, a atuação dela é mais contida, mas muito eficiente pra passar tensão.
Muito divertido, a atmosfera construída é fascinante e o terror é eficiente e não decepciona. O único ponto negativo é que algumas coisas acabam ficando muito perdidas na história (como a relação do personagem do Nicolas Cage com seu falecido pai, que parece ser cheia de traumas, mas não é trabalhada como deveria) e também o fato de algumas cenas de terror aconteceram rápido demais (como no confronto final com o monstro aranha), sem dar tempo da redenção do personagem ficar evidente ou do pano de fundo da história ser trabalhado de forma mais densa.
Acaba sendo um bom filme de terror atmosférico com bons atores e efeitos especiais eficientes, com uma fotografia que não desaponta em nenhum momento, mas sem a profundida que poderia ter alcançado. O terror nacional Abraço de Mãe (2024) também é inspirado na obra de H.P. Lovecraft e achei que atingiu um impacto bem melhor em seu encerramento.
Era o Jack o único morador da casa, todos os irmãos e o pai estavam mortos, por isso os espelhos da casa estavam sempre cobertos, por ele não suportar a realidade que estava vivendo.
Ele criou todas as personalidades como forma de lidar com o luto e o trauma por ter trancado para sempre os irmãos na parte de cima da casa quando teve um surto causado pelo luto após matar o pai com uma facada no pescoço. Diria que o filme é uma mistura de "Ilha do Medo" com "Fragmentado".
Reparem na cena que ele quebra o espelho e aparece o som da irmã de Jack gritando "Paraaaaaa Jack" e gritos e choros de crianças, Mas ao mesmo tempo que é pesado ao colocar o protagonista como o vilão da trama (já que o pai abusivo provavelmente morreu na gruta), o filme não transforma ele em um vilão tradicional e sim em uma pessoa de bom coração em surto psicótico.
Dava pra ver que o "fantasma" não era real, tinha fósforos lá no topo da casa, ele podia ter tacado fogo em tudo e escapado, na cena que ele desafia Jack a abrir a porta dá pra ver que não foi real, pois ele estava com a garganta furada, tudo indica que ele faleceu na gruta mesmo após ser golpeado no pescoço, jorrou muito sangue, tanto é que aquela cena que ele aparece na frente de Jack após ele atravessar o rio e o joga foi imaginação, pois era pra ele estar lá pra trás, não tinha outro caminho sem ser atravessando o rio, provavelmente a partir daí já era tudo imaginação mesmo de Jack e ele assumiu a personalidade do pai abusivo. Tanto é que aquela cena que ele mata o "fantasma" a namorada dele fica gritando pelo nome dele e falando que sabe que ele estava ouvindo, dando a entender que ele era o fantasma o tempo todo.
Aquele final é lindo demais, os irmãos aparecendo após ele olhar a foto, então ele fica olhando de longe os irmãos bem distantes, tudo é ao mesmo tempo feliz e melancólico, mostra que eles ainda estão lá, mas bem distantes pois Jack começou a fazer tratamento psiquiátrico. Embora não tenha tomado os remédios, isso foi meio que um ato de amor dela pra ele não se sentir sozinho. Então ele olha pro retrato dos irmãos mais uma vez, mas agora a imagem dos irmãos não aparecem completamente pois o vidro reflete o rosto de Jack no lugar dos irmãos, deixando claro que era ele o tempo todo, então ele sorri, meio que aceitando que tudo era uma construção da mente dele e a dor da perda não causa mais uma mudança brusca de personalidade e passa a ser apenas boas memórias.
É muito parecido com a ótima comédia de terror Lowlifes, só que sem a comédia sobre conflitos geracionais e sem todo o terror que aprofunda nos personagens e muito mais voltado para a comédia social de choque cultural. Comédia essa de costumes até que bem interessante, que busca fazer uma espécie de crítica ao descaso da maioria dos turistas as tradições e a cultura do local em que visitam.
Pena que o filme não sabe separar a comédia do terror igual Lowlifes e tudo aqui acaba meio esvaziado ao tentar usar as cenas sangrentas como parte dos momentos pra fazer rir, como o filme não se leva a sério em quase nenhum momento e por isso tem muitas cenas voltadas ao terror que acabam ficando repetitivas e vazias, pois quando nada é levado a sério a tensão também desaparece junto com o impacto de crítica social que tudo poderia ter, pois é como se tudo fosse apenas uma boa piada só que estendida ao máximo, diferente de Lowlifes que a cada momento adquire novas camadas quando a hipocrisia da família vai ficando mais evidente.
Termina sendo um filme com uma boa ideia, mas com um roteiro que parece que foi feito as pressas e tudo acaba ficando muito esquecível e repetitivo, sem aquele tempero pra tornar a obra relevante igual Lowlifes conseguiu com êxito. Até gostei bastante do encerramento disso tudo, mas como os membros da família e os conflitos culturais com a comunidade não foram explorados como deveriam acabou apenas sendo uma boa ideia em meio ao vazio.
Embora pareça exagerado em muitos aspectos, principalmente nos momentos finais, é interessante como esse filme flerta com o subgênero de filmes de tribunais e de filmes de seriais killers, mas consegue ir além e acaba não indo por nenhum desses caminhos conhecidos e nem aderindo ao modelo dos típicos filmes sensacionalistas que temos aos montes nos streamings.
Aqui não existe uma busca por seguir um roteiro típico dos filmes comerciais e sim uma obra que brinca com a lógica e quando tudo acaba ficamos intrigados não pelo crime ou pela figura do serial killer, mas sim pelos diferentes tipos de personalidades humanas e suas obsessões, o verdadeiro terror aqui está escondido nos pequenos momentos quando percebemos que o novo normal do mundo digital está de mãos dadas com a alienação, a obsessão, e que a nova lógica do distanciamento frio e calculista da era digital pode criar novos monstros.
O terror é disparado o melhor gênero para mostrar a deterioração psicológica do ser humano, aqui vai mostrando aos poucos a deterioração mental levando a autodestruição.
É verdade que o filme ficaria bem mais completo e muito melhor se falasse mais sobre o passado da protagonista, mas se parar pra pensar aí corria o risco de virar um drama comum e o foco aqui é o terror atmosférico e psicológico. Na minha visão o principal ponto negativo desse filme foi ser explicadinho demais, isso acabou tirando aquela "pulga atrás da orelha" que penso ser quase obrigatório em filmes de terror.
O filme até me fez pensar se essas pessoas que dizem falar com deuses e obter respostas auditivas não possuem algum quadro de esquizofrenia ou outras doenças psicológicas. Também é interessante vermos como o fanatismo religioso caminha junto com a negação do eu, teve até um estudo científico recente que mostrou que quanto mais religiosa for a pessoa maior chance tem de desenvolver alguns distúrbios mentais.
As atuações são contidas, mas muito boas para construir aquele clima de apreensão e tensão crescente, tudo aqui vai caminhando aos poucos rumo ao caos. Até chegar em seu apoteótico encerramento, aliás, que final macabro e bem construído.
Aquela cena do final do filme de "Deus" falando com ela é tão sombria e bem feita que me lembrou um pouco o final do grande clássico de terror "A Bruxa" (2015), penso que esse filme deve ter servido de inspiração.
E o encerramento ao misturar realidade com ficção encerra a obra de forma perfeitamente memorável.
Tudo aqui soa antiquado, o seu exagero pode ser belíssimo, mas por trás de todas aquelas poesias e diálogos filosóficos intermináveis parece ter um roteiro brigando o tempo todo pro filme não cair no superficial. Ao ponto de ficar cansativo os personagens ficarem filosofando e divagando o tempo todo, mas essas filosofias sobre amores parecem nunca levar pra nenhum lugar e sempre acabam mais rasas do que o diretor pensa que são.
Por mais que Parthenope não seja uma pessoa real e sim uma metáfora pra cidade de Nápoles e seus amores. Todo o filme acaba parecendo meio perdido e até mesmo vazio pois não consegue causar alguma identidade ou ligação real com a cidade, não tem nada muito profundo ou humano em uma personagem que sua beleza perturba a todos o tempo todo, é um filme agradável na sua bela fotografia e pela sua excentricidade, mas seus encantos levam ao engano, assim como a mitologia das sereias por trás das lendas da cidade.
Aquele terceiro ato resume como o filme se perde nele mesmo, tudo ali me parece muito apressado, por mais que tenha achado interessante o salto no tempo pra 2023, parece sem sentido e até mesmo uma decisão feita de última hora no roteiro, pois fica impossível se emocionar com aquelas lindas cenas já que ela nunca pareceu ser uma pessoa real e sim um mero simbolismo.
Como o gênero do filme é fantasia e tem todo aquele simbolismo de nascer nas águas, eu jurava que no final do mesmo ela iria..
Pular pro mar igual o irmão, pois tem uma longa tomada dela idosa depressiva refletindo com frases melancólicas de costas pra água, mas ao cair acabaria desaparecendo e uma cena rápida mostraria que tinha virado uma sereia.
Os atores mandam bem, mas esse filme tailandês está muito longe de ser um filme apenas bom e mais longe ainda de ser essa obra-prima toda que estão dizendo.
É um roteiro extremamente preguiçoso, convencional, com humor pastelão e melodramático ao extremo (com direito a piadas que beiram o mau gosto com ironia sobre corpos de idosas sem roupa no começo do filme, seguidas de cenas apelativas de sofrimento e agonia, plot twist exagerado e desnecessário com direito a música extremamente alta pra tentar tirar emoção ao máximo de tudo em todos os momentos), os personagens são todos mal amados ao extremo, isso até lembra aqueles filmes cristãos insuportáveis dos personagens se redimindo quando chegam ao fim da vida e encontram dor e desespero, a diferença é que aqui não é um filme religioso, mas bebe muito da fonte desses filmes que os americanos médios adoram.
Por fim o filme até tenta mostrar um pouco do choque de gerações, mas faz isso de forma sentimentaloide, preguiçosa e exagerada, sem aprofundamento e faz com que sintamos apenas dó da idosa o tempo todo e não conseguimos ver realmente alguma transformação ou redenção real dos personagens, alguns são bem caricaturas mesmo (Tem um que tentam vender ele como um mero trambiqueiro preguiçoso, então o personagem chega a aparecer dormindo até no sofá da recepção do lugar em que está, essa parte eu ri alto, mas de vergonha alheia do roteirista mesmo). Todo o filme fica apenas girando em torno do sentimento de pena exagerado, redenção e na busca por temas comuns (como o amor universal pelas avós), então é o tempo o roteiro jogando várias tentativas de fazer quem assiste chorar e pensarem que por causa disso assistiram um ótimo filme.
Mas por trás dessa "obra-prima" temos um filme ultrapassado e até mesmo cafona em todos os sentidos, que foge de polêmicas e de crítica social rebuscada pra buscar "lágrimas universais", então temos direito a um jovem que não gostava de jogar flores nos túmulos jogando flores pelos cantos ao som de trilha estridente, essa cena é muito de filme religioso e tudo seguido de closes em rostos olhando pro horizonte igual Hollywood adora, haja paciência, pra mim já deu esse tipo de filme.
Mas pensando pelo lado bom, pelo menos ainda não planejam um remake americano disso (Igual fizeram como os lixos atômicos "O Pior Vizinho do Mundo" e "Não Fale o Mal"), aí vai afundar de vez mesmo e jamais perderei meu tempo assistindo, deixa isso pra eles que tem preguiça de lerem as legendas, rs.
Esse filme nos mostra claramente que a Disney é o Thanos, tudo da Marvel que ela está colocando a mão ela está estragando.
É simplesmente insuportável assistir isso, demorei uns 5 dias pra chegar até o fim, parece a série Velma o modo como as piadas são feitas, os outros dois filmes do Deadpool eram bem mais divertidos e tinham alma, aqui só tem piadinhas mesmo. Toda a sátira gira em torno do próprio universo, mais de 2 horas ouvindo a mesma piada várias vezes contada de formas diferentes, é simplesmente insuportável o nível das piadas pois são infantis, não aguentava mais piadas sobre a Disney, mas se parar pra pensar a Disney realmente podou o filme e não abordou nada polêmico igual os outros dois filmes, só ficou fazendo piadas contra ela mesma pra pagar de revolucionária, que piada de lixo atômico esse filme, só marvete pra gostar disso.
Filme de censura de 18 anos com piadinhas pra adolescentes de 13 anos, não tem nada de mais, só colocaram efeitos de tinta vermelha nas cenas de lutas de sempre e o resto é piadas de tios de churrascos dos anos 90, uma ou outra cabeça voando e dancinhas do tico e teco. Dava pra dar uns 14 anos de censura pra esse filme tranquilamente.
Obs: A melhor cena do filme é a do pós créditos que mostra os X-MEN, mas são cenas de outro filme, então não dá pra dar nota ruim pra isso, é péssimo mesmo.
Isso aqui é Looney Tunes em sua mais pura forma, animação 2D lindíssima, personagens divertidíssimos e um vilão clássico que não é o que parece ser.
Embora em alguns momentos possa parecer um episódio comum do desenho estendido, os personagens possuem grande química na tela, a interação do Patolino com o Gaguinho rende ótimas risadas e a interação do Gaguinho com a Petúnia é cheio de momentos fofos (principalmente quando os dois gaguejam juntos) em uma trama que flerta com os filmes malucos de terror de ficção científica dos anos 50.
Pra quem estava com saudades das animações clássicas vai encontrar aqui um prato cheio pra se esbaldar. Em nenhum momento fiquei entediado e isso mostra que as vezes é bom retornar as suas raízes e resgatar a verdadeira essência do universo desse clássico de animação do que criar algo novo em 3D ou um live action que apenas lembre superficialmente a magia desse universo (como fizeram com o péssimo Tom e Jerry).
Achei que não perdeu nada para as animações atuais e é uma bela homenagem a esse clássico da infância de muita gente. Tem momentos totalmente antagônicos que vão da omissão total de diálogos, até um musical que achei divertidíssimo envolvendo um ataque de zumbis ao som de um clássico de rock sobre fim do mundo da banda R.E.M. Mesmo quem nunca assistiu um desenho deles vai se divertir e nem tudo é nostalgia, ainda sobra espaço para os temais atuais como o universo dos influencers digitais e até uma certa crítica ao mundo alienador das fake news e no final ainda temos um divertido plot twist que simplesmente muda toda a história do filme. Esse vale a pena ver nos cinemas, aliás, o filme chegará nessa semana nos EUA e dia 10 de abril no Brasil.
Na última delas tem o clássico desfecho do Gaguinho falando "Isso é tudo pessoal" e quando pensamos que o filme vai acabar de forma clássica e sem espaço para mais inovações, aparece o Patolino esbravejando que não se pode falar isso pois tem que deixar espaço aberto para uma sequência, ri demais.
Parece até aquelas produções de antigamente que eram feitas apenas pra TV.
Acredito que a obra original era boa, mas aqui dá pra ver claramente que picotaram tudo e o romance principal do filme foi jogado pro escanteio e a família é tão sem graça e apagada que até parece que nem era pra fazer parte da história, tanto é que a maior parte do filme é focada no vampiro tiozão (o único personagem do filme um pouco divertido) que chega pra ajudar a família resolver seus problemas (Parece até o brasileiro "Meu Cunhado é um Vampiro").
Triste terem feito um filme tão lento, com muitas cenas longas e paradas em vão, tudo isso pra terminar de forma tão corrida e atribulada, atropelando personagens e resolvendo os conflitos da trama de forma rápida e preguiçosa, parece até que não deu tempo de contar o que queriam.
E o pai do crush do vampiro lá, o policial aposentado obcecado por vampiros, que desperdício de personagem, fica o filme todo investigando e chorando pelos cantos e no final quando aparece a redenção e um momento onde ele poderia ter um pouco de alegria, ele simplesmente desaparece da história.
E o mais triste do filme nem foi isso, foi ver que transformaram o personagem mais legal em um estuprador nos momentos finais pra criar algum conflito e que é resolvido rapidamente da forma mais rápida e sem graça possível, sem tempo pra fazer um comentário social sobre o que levou ele a agir assim (tem dois estupradores no filme e mesmo assim o filme não encontra tempo de refletir na temática da cultura do assédio) assim como a química do casal que poderia voltar com tudo após a morte do vampiro que mantinha ela presa nele, mas o filme termina antes pois aparentemente também não tem tempo ou interesse de aprofundar o casal da família de vampiros.
Já em relação ao romance gay ele aparentemente começou quando o filme acabou, sem comentários.
Esse filme é tão sem energia, a família é tão sem graça e tudo é tão apagado e sem vitalidade, que assistir isso é como se estivesse sendo sugado por um vampiro.
Por mais que seja uma comédia de terror que não se leva a sério, tem cenas que conseguem causar tensão de forma eficiente e são seguidas de comédia quase na mesma medida, esse sem dúvida foi o melhor filme que assisti até agora do Josh Ruben (Dos fracos "Um Lobo Entre Nós" e "Me Assuste"). Pena que as convenções do gênero atrapalham o filme demais e tem horas que parecem que colocam tudo a perder, como quando eles são perseguidos pelo Heart Eyes até o cinema drive-in e o desfecho disso tudo.
É simplesmente ridículo o assassino ser apenas um imitador que surgiu do nada bem no momento que eles estavam fugindo do verdadeiro, tudo não faz sentido e é uma conveniência muito grande do roteiro, quais as chances também do assassino estar em todos os lugares por quais os protagonistas passam o tempo todo, simplesmente não tem lógica em uma cidade tão grande tantas coincidências e conveniências.
Mas sem dúvida esse projeto aqui é bem mais criativo que os anteriores do diretor, o visual do monstro é muito interessante e confesso que em vários momentos achava que o filme iria afundar feio, mas ele conseguia sair das situações e ainda colocando humor nas cenas mais inesperadas e sem tirar o terror e a tensão delas.
O desfecho do filme não era o que eu esperava e não consegui prever os acontecimentos finais, ponto positivo. Embora seja um final clichê pro subgênero slasher, é um arroz e feijão bem feitinho que nunca perde o ritmo e acaba sendo divertido de se assistir até o fim.
Fazia tempo que um filme não me derrubava dessa maneira.
A atuação da Fernanda Torres faz qualquer um chorar, mas não é pelo fato de entregar exageros dramáticos, choros ou mesmo expressões tristes e sim pelo extremo oposto, o que acaba com nosso emocional é vermos ela tentando demonstrar alegria, felicidade e força em praticamente todos os momentos do filme, até mesmo quando as circunstâncias estão todas contra ela.
Ainda Estou Aqui é muito mais que um drama político sobre desaparecimento na ditadura, é um filme sobre luto e resistência, sobre encontrar razões onde menos se espera pra continuar vivendo.
Em vez de colocar o fantasma pra nos assombrar igual os filmes de terror sempre fazem, aqui o diretor nos coloca como se fôssemos a assombração da residência acompanhando a rotina e parece nos perguntar o tempo todo se deveríamos deixar tudo como está ou intervir nas situações.
É um terror muito chocante, mas que faz isso sem nenhuma cena de violência gráfica. É como se nossa própria presença na casa não era pra estar acontecendo e como a omissão ao sofrimento alheio pode nos incomodar e nos devastar e até que ponto isso faz de nós pessoas ruins, talvez por isso os fantasmas tenham um peso tão negativo nas lendas.
Lembra muito o drama Sombras da Vida, só que sem a trilha sonora maravilhosa e sem todo aquele peso filosófico e aqui tudo é mais focado no mistério, terror e suspense, é como se a qualquer momento algo fosse acontecer, ficamos o filme todo tentando entender quem nós somos, o que tanto observamos naquela família, e o que estamos fazendo ali, e o terror que é sutil vai crescendo aos poucos e atinge seu ápice no final, quando acaba só fica a sensação de que finalmente podemos descansar em paz.
Após a revelação no espelho de que o irmão da menina era o fantasma o tempo todo. (Notem que na cena do sofá ele olha certinho pra onde o fantasma está e ainda cumprimenta o mesmo, justamente por ser sua alma, nessa mesma cena do sofá sua alma volta descendo as escadas pra o acordar e ele já vai pra cena da ação sabendo tudo o que está acontecendo, ou na cena do ataque de fúria sua alma destrói todo seu quarto ao ver o mesmo fazendo comentários imaturos, ou mesmo na cena em que ele parece ter uma raiva total do fato da sua irmã ver um fantasma, sem saber explicar de onde vem aquele ódio todo, é uma forma de luto por negação em relação ao seu falecimento futuro, também podemos notar quando a vidente diz que o tempo passa de forma diferente pros fantasmas, então tudo ainda faz mais sentido)
O filme termina em um bonito plano-sequência , como se pela primeira vez estivéssemos saindo da casa (igual os moradores dela), só que enquanto eles vão pro carro, nós subimos em direção as nuvens.
Pamela Anderson mandou muito bem e entregou uma boa atuação, mas não é difícil imaginar os motivos que levaram ela a ser descartada da corrida do Oscar 2025.
Se parar pra pensar a temática sobre envelhecimento, etarismo e descarte da indústria aos artistas mais velhos foi muito melhor trabalhada no filme A Substância, que consegue ser memorável, chocante e com atuações bem mais impactantes. Aqui temos um filme até que bonitinho, mas bem previsível e morno, sendo facilmente esquecido, mesmo cenas mais controversas (quando ela "protesta" no meio de sua performance musical na audição) acabam não atingindo tanto o impacto esperado igual o roteiro parece pensar.
Tudo aqui parece ser corrido demais e os dramas dos personagens são explorados apenas superficialmente (principalmente do elenco coadjuvante), o típico de filme que parece ter sido feito de última hora apenas pra disputar uma das indicações ao Oscar. Rende alguns bons momentos, mas o conjunto da obra acaba sendo apagado demais como um todo, é como se o próprio filme descartasse ela, não tendo conseguido demonstrar a beleza do seu trabalho. Talvez aqui uns flashbacks do passado ajudariam mais do que mostrar ela divagando de um lado pro outro, sem saber aonde ir, igual o roteiro do filme.
Lembrou muito o filme Desobediência, mas aqui achei que a gente demora menos tempo pra se envolver com a trama, enquanto lá demora um pouco pra gente entender o que está acontecendo, quem é quem, aqui o filme já chega chegando. E enquanto naquele filme fazem um retrato da religião judaica, aqui o foco é nas Testemunhas de Jeová.
Como principal ponto negativo achei ruim a pouca exploração do personagem que faz seu melhor amigo, o Nathan, ele parece ser o único elo que mantém ela na realidade, onde ela pode se expressar e ser quem ela realmente é, mas ele parece sempre estar perdido na história. Não apresentando evolução.
Interessante que uma das diretoras cresceu como lésbica nas Testemunhas de Jeová e aqui ele retrata com muita fidelidade a rotina da religião. O filme também apresenta um tom de ameaça constante, como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer e tudo fosse desmoronar, tendo uma atmosfera que lembra um pouco filmes de terror, e eles estão por toda parte, aqui é possível ver cartazes e citações a obras de terror que trazem relacionamentos conturbados pelas circunstâncias como "Almas Gêmeas" e o imbatível "Drácula de Bram Stoker".
Gostei muito das atuações principais, a química das atrizes é bastante convincente, ao ponto de nos preocuparmos com ela e ficarmos nos perguntando até que ponto ela vai deixar se influenciar pela religião do seu novo amor, pois começa virar uma espécie de obsessão, ela passa a se anular cada vez mais e viver a realidade da outra pessoa como se fosse dela. Um baita filme.
O filme não aborda o racismo, ele usa a prática racista pra alívio cômico, por diversão e pra fazer humor cafona, ainda hiper sexualiza a empregada negra e faz ela "rebolar" ao ouvir uma música qualquer e ser usada e abusada com um mero objeto da trama.
Ele não critica a hipocrisia, ele é a hipocrisia em sua mais pura forma, parece que vai criticar o perfil do "puritano", mas ele é o "herói", o filme moldou o roteiro pra agradar o grande público (liberais e conservadores) ao mesmo tempo, a lição de moral aqui é problemática e não se trata de uma ironia ou algo minimamente inteligente, mas sim algo feito propositalmente pra agradar as massas, o que fizeram aqui foi uma tentativa de filme, ele acaba sendo a própria hipocrisia que pensa combater.
O Silêncio
2.5 622 Assista AgoraO Silêncio é um filme que não faz "barulho".
Até que gostei do clima do começo, me lembro o início da primeira temporada de "The Last Of Us" e entrega boas atuações e bons momentos de tensão, o visual do filme é o grande destaque, ele é assustadoramente lindo e tem cenas de terror muito bem construídas em cenários criativos (É suspense em mercado abandonado, aquela cena no metrô também é tensa pra caramba, cenários abertos como cidades e florestas, e locais claustrofóbicos como dentro do carro, dentro da casa e até dentro de um encanamento de esgoto), com direito a corpos desmembrados espalhados pelos locais e todo o clima de medo apocalíptico é bem entregue aqui, mas toda a parte psicológica da trama que envolve a decadência da sociedade com o aparecimento dos cultos e a volta da "idade média" parece que vai ficando pro escanteio da história. Até o seu derradeiro final, que é assustadoramente sem impacto.
Quando acaba a sensação que fica é que vimos um filme corrido e sem o impacto que merecia pra se tornar memorável, mas que nos deixou tensos do início ao fim com cenários de tensão bem construídos. E quando encerra a cena final é a prova de que fizeram qualquer coisa pra acabar logo e deixar espaço pra uma continuação (que nunca vai chegar, afinal, quem estaria disposto a uma parte 2 de um filme que não aconteceu?).
Mas pra um suspense passageiro pode-se dizer que é um filme que funciona bastante, do nível de "Um Lugar Silencioso", embora não seja tão imersivo no silêncio.
A Mulher no Jardim
2.6 53Tentativa da Blumhouse de ser A24, mas fazem isso seguindo todos os clichês possíveis. A história consegue ser tão explicadinha quanto batida, quando acaba ficamos cansados dos personagens e de tantas explicações, a analogia já estava óbvia desde os momentos iniciais, não precisava de tanto explicação sobre o que a mulher no jardim representava, perderam tanto tempo explicando que faltou apenas a emoção, que deveria ser o motor do filme.
Tudo aqui parece apenas um produto feito para o entretenimento barato e por isso o filme é tão esquecível, por não apresentar nenhum tipo de evolução da personagem principal ao longo de sua jornada. E sabem o motivo da mulher estar no jardim? É que ela estava vendo a grama crescer, melhor que ver esse filme.
Já o fim do filme roubou toda a criatividade da história pra ele. Sem dúvidas o maior destaque aqui ficou pro final feliz virando em segundos um encerramento macabro. Mas o que adianta fazer um filme tão fraco e seguindo todos os clichês possíveis apenas pra apresentar um final criativo?
Inclusive o encerramento ficou tão bem bolado que nem parece que faz parte desse filme.
Freaky Tales
3.4 5Embora sobre estilo e homenagens ao cinema dos anos 80, falta aquela "luz verde" para transformar o filme em um clássico cult igual os que ele quer homenagear. Pois tudo aqui é muito pretencioso e quando a pretensão fala mais alto do que tudo é como se o filme nunca conseguisse atingir alguma profundidade real, sobrevivendo apenas da nostalgia por uma época, homenageando estilos dos diretores e obras clássicas, mas sem nunca conseguir atingir o tom memorável e revolucionário que esses filmes tiveram.
O elenco está super afiado e o filme tem bons momentos (principalmente quando assume de vez o estilo grindhouse), diria que as duas últimas histórias são bem melhores que as duas primeiras, mesmo achando tudo um pouco apagado e menos intenso do que o filme pensa ter sido, recomendo o filme pra quem curte muito a estética das obras dos anos 80, mas se você não for um grande fã dos filmes desse período vai encontrar aqui apenas um filme de final de noite facilmente esquecível, o que é uma pena, pois essa obra tinha muito potencial pra furar a bolha.
Shiva Baby
3.8 283 Assista AgoraInteressante como o filme começa como uma comédia sem compromisso e trata em tão pouco tempo de temas complexos como independência financeira, sexualidade, traição, mercado de trabalho, maternidade, machismo, sororidade, etc.., mas nenhuma dessas temáticas assume o controle da narrativa, o verdadeiro tema aqui é um filme de amadurecimento que busca fazer uma crítica social a pressão que a sociedade exerce sobre as pessoas.
Shiva é uma entidade fundamental do Hinduísmo associado à destruição como parte do ciclo de criação, manutenção, regeneração e a transformação do universo. Interessante como esse coming of age tinha tudo para dar errado e se perder na falta de foco, mas encontrou na sátira uma forma de refletir como vivemos em uma era de muitos problemas, apesar de termos muitas informações que antes não se tinha acesso, também nunca tivemos tantos conflitos novos. A era da informação é também a mesma era da destruição, nunca vivemos tão informados e tão perdidos ao mesmo tempo.
E é tudo tão caótico que quando o filme termina nem lembramos mais que estávamos o tempo todo parados no mesmo funeral do começo do filme.
Hell of a Summer
2.0 7O filme não tem ambição e não parece preocupado em criar um vilão interessante ou aprofundar qualquer personagem, tudo soa genérico. É assustador como essa obra não consegue assustar e nem fazer rir, nada parece funcionar direito, é muito pouco violento (a maioria das mortes acontecem fora da câmera, mesmo sendo um filme de censura 18 anos), muito pouco divertido ou intrigante e não tem personagens marcantes para realmente nos importarmos com eles, parecem todos o tempo todo jovens insuportáveis. Pra piorar é fácil demais descobrir a identidade do serial killer e olha que o filme termina sem sabermos nada sobre os reais motivos do vilão.
É o tipo de obra que não se justifica, se a intenção é homenagear o slasher dos anos 80 faltou vontade de fazer algo que fosse novo ou pelo menos memorável, interessante ou então que aderisse aos clichês mas que recriasse o clima gostoso dos acampamentos de verão igual fez o segundo filme da franquia Rua do Medo, pois aqui é insuportável ficar vendo jovens chatos interagindo entre eles o tempo todo, eles parecem estar sempre entediados, como se estivessem acampados à força.
Também é ridículo como todos os personagens do filme parecem estar sempre apaixonados e são romances dispersos e forçados que não fazem sentido na trama e parecem estar lá só pra preencher tabela, assim como as motivações do mascarado. O filme não parece realmente interessado no gênero que ele quer homenagear, é como se o diretor estivesse dirigindo um filme de terror no piloto automático. Colocar o personagem principal para chamar Jason por exemplo me pareceu mais uma piada com os clássicos do terror do que uma homenagem ao gênero, filme bem esquecível.
The Rule of Jenny Pen
2.9 10Eu jurava que iria ter um plot twist envolvendo a equipe do asilo ou pelo menos alguma reflexão um pouco mais profunda sobre o passado de ambos os personagens. É um filme tão cheio de oportunidades perdidas em tantos aspectos, tanto o terror psicológico soa fraco e pouco intrigante quando não aprofunda os dilemas daquelas pessoas, como o drama acaba soando apagado ao não trazer quase nada sobre a vida dos personagens antes do asilo.
É um roteiro que parece que nunca se desenvolve, o filme se contenta em ser o típico suspense de final de noite focado apenas no momento presente e não conhecemos nada do vilão e quase nada do protagonista. A única crítica social eficiente aqui parece ser a sátira ao descaso dos funcionários da instituição, que tratam os idosos como se fossem números, mas o próprio roteiro do filme parece ser assim ao não estar interessado em querer trazer nada muito aprofundado sobre aquelas pessoas e se contentar em ser um suspense momentâneo onde apenas o medo e o caos é priorizado.
O final do filme parece ser o único momento de alívio, onde vemos os idosos rindo e conversando, até que o gato (que simboliza a morte no filme) aparece e olha pro idoso, que faz uma cara de espanto. Fraquinho.
Labirinto: A Magia do Tempo
3.9 611 Assista AgoraQue filme lindo e complexo.
Acho tão incrível o final desse filme, pena que poucas pessoas entendem ele. O labirinto era o tempo todo a própria mente dela e os monstros são os sentimentos, no encerramento ela descobre que não pode viver sem eles de vez em quando, mas não pode ficar com eles o tempo todo, já o grande vilão é o Ego (representado pelo Rei dos Duendes), no encerramento vemos que ele é a coruja na árvore, isso significa que ainda está por perto, rondando a vida dela, mas não sendo agora um perigo, pois não tem mais poder sobre os outros sentimentos dela.
Então vemos a coruja se afastando ao som de "Magic Dance" tocando novamente no filme, mas agora percebemos que a música estava falando dela mesma, do confronto do EGO X ID e a dança mágica ganha ares de complexidade quando percebemos que essa música não estava falando do sequestro do bebê pelo vilão imaginário e sim do abandono dele pela própria menina como forma de punir ela mesma por um erro do passado.
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Verão de 84
3.4 414 Assista AgoraFilme com três diretores não tinha como dar certo, um sempre vai acabar podando ou modificando o trabalho do outro:
- A menina por exemplo, está ali só pra satisfazer um ideal de vida perfeita do interesse masculino, parece mais um sonho juvenil se concretizando, em nenhum momento ela parece uma pessoa real, não tem motivos pra ela estar ali, tem hora que está contra a investigação, logo depois sem nenhum motivo passa a estar a favor, enfim, parece apenas um arquétipo acrescentado ao filme pra trazer aquele ideal de romance tão sonhado pelos adolescentes da época, mas não faz sentido algum na trama tal personagem e tudo parece tão artificial quando ela está em cena.
- O filme tinha tudo pra ter um clima de investigação bem legal, com uma pegada de Stranger Things e Os Goonies, pra não fazemos a menor ideia como será seu desenvolvimento, se é um filme sério ou se seguirá um estilo de humor, mas notamos que o formato de filme sério acaba deixando tudo muito previsível, principalmente quando abrem o filme com aquela cena inicial do menino andando de bike e aquela narração dele meio que contando tudo o que vai acontecer. ALERTA DE SPOILER: que não dá pra confiar nos vizinhos, enfim, um baita spoiler logo nos primeiros segundos de filme.
- Desenvolvimento fraco de todos os personagens em volta do garotinho, mas gostei da química entre eles, no geral é um filme que funciona como entretenimento rápido, mas não vai ficar na sua memória por muito tempo.
Easter Eggs que notei:
- Na cena do fliperama tem um jogo chamado Polybus, isso é baseado em uma lenda urbana de terror dos anos 80 sobre um jogo que foi criado pelo governo como experimento secreto em um fliperama e depois proibido por levar as pessoas para a morte, detalhe que nele tem uma placa : "Fora de Serviço", dei muita risada quando vi.
- Na cena final na ilha mesmo sendo um momento tenso dei risada quando vi que um dos meninos estava vestido igual o Fred do Scooby Doo e o outro igual o Salsicha, adorei a referência, tal desenho sempre teve essa pegada de desvendar mistérios e é a cara dos anos 80.
A Cor que Caiu do Espaço
3.1 354Nicolas Cage está muito bem nesse filme. O modo como ele surta em vários momentos e vai perdendo o controle aos poucos é digno de um grande ator. Aquela cena dele assistindo TV preocupado que as pessoas vão achar ele louco por causa da entrevista alegando que viu um OVNI é muito divertida e ao mesmo tempo ele se desespera quando descobre o que aconteceu com a esposa na cozinha, um dos poucos atores que consegue misturar terror, drama e comédia em poucos segundos de atuação. Destaque também pra atriz que faz a filha dele, a atuação dela é mais contida, mas muito eficiente pra passar tensão.
Muito divertido, a atmosfera construída é fascinante e o terror é eficiente e não decepciona. O único ponto negativo é que algumas coisas acabam ficando muito perdidas na história (como a relação do personagem do Nicolas Cage com seu falecido pai, que parece ser cheia de traumas, mas não é trabalhada como deveria) e também o fato de algumas cenas de terror aconteceram rápido demais (como no confronto final com o monstro aranha), sem dar tempo da redenção do personagem ficar evidente ou do pano de fundo da história ser trabalhado de forma mais densa.
Acaba sendo um bom filme de terror atmosférico com bons atores e efeitos especiais eficientes, com uma fotografia que não desaponta em nenhum momento, mas sem a profundida que poderia ter alcançado. O terror nacional Abraço de Mãe (2024) também é inspirado na obra de H.P. Lovecraft e achei que atingiu um impacto bem melhor em seu encerramento.
O Segredo de Marrowbone
3.7 471 Assista AgoraQue filme sensacional, nunca tinha ouvido falar dele. Alguém sabe se chegou a passar no Brasil?
É o tipo de filme que cada vez que você assiste vai adquirindo novas camadas e ficando cada vez mais misterioso e profundo.
E o plot twist me pegou totalmente de surpresa, jamais imaginaria algo assim, demorei muito pra perceber que..
Era o Jack o único morador da casa, todos os irmãos e o pai estavam mortos, por isso os espelhos da casa estavam sempre cobertos, por ele não suportar a realidade que estava vivendo.
Ele criou todas as personalidades como forma de lidar com o luto e o trauma por ter trancado para sempre os irmãos na parte de cima da casa quando teve um surto causado pelo luto após matar o pai com uma facada no pescoço. Diria que o filme é uma mistura de "Ilha do Medo" com "Fragmentado".
Reparem na cena que ele quebra o espelho e aparece o som da irmã de Jack gritando "Paraaaaaa Jack" e gritos e choros de crianças, Mas ao mesmo tempo que é pesado ao colocar o protagonista como o vilão da trama (já que o pai abusivo provavelmente morreu na gruta), o filme não transforma ele em um vilão tradicional e sim em uma pessoa de bom coração em surto psicótico.
Dava pra ver que o "fantasma" não era real, tinha fósforos lá no topo da casa, ele podia ter tacado fogo em tudo e escapado, na cena que ele desafia Jack a abrir a porta dá pra ver que não foi real, pois ele estava com a garganta furada, tudo indica que ele faleceu na gruta mesmo após ser golpeado no pescoço, jorrou muito sangue, tanto é que aquela cena que ele aparece na frente de Jack após ele atravessar o rio e o joga foi imaginação, pois era pra ele estar lá pra trás, não tinha outro caminho sem ser atravessando o rio, provavelmente a partir daí já era tudo imaginação mesmo de Jack e ele assumiu a personalidade do pai abusivo. Tanto é que aquela cena que ele mata o "fantasma" a namorada dele fica gritando pelo nome dele e falando que sabe que ele estava ouvindo, dando a entender que ele era o fantasma o tempo todo.
Aquele final é lindo demais, os irmãos aparecendo após ele olhar a foto, então ele fica olhando de longe os irmãos bem distantes, tudo é ao mesmo tempo feliz e melancólico, mostra que eles ainda estão lá, mas bem distantes pois Jack começou a fazer tratamento psiquiátrico. Embora não tenha tomado os remédios, isso foi meio que um ato de amor dela pra ele não se sentir sozinho. Então ele olha pro retrato dos irmãos mais uma vez, mas agora a imagem dos irmãos não aparecem completamente pois o vidro reflete o rosto de Jack no lugar dos irmãos, deixando claro que era ele o tempo todo, então ele sorri, meio que aceitando que tudo era uma construção da mente dele e a dor da perda não causa mais uma mudança brusca de personalidade e passa a ser apenas boas memórias.
Get Away
2.5 18 Assista AgoraÉ muito parecido com a ótima comédia de terror Lowlifes, só que sem a comédia sobre conflitos geracionais e sem todo o terror que aprofunda nos personagens e muito mais voltado para a comédia social de choque cultural. Comédia essa de costumes até que bem interessante, que busca fazer uma espécie de crítica ao descaso da maioria dos turistas as tradições e a cultura do local em que visitam.
Pena que o filme não sabe separar a comédia do terror igual Lowlifes e tudo aqui acaba meio esvaziado ao tentar usar as cenas sangrentas como parte dos momentos pra fazer rir, como o filme não se leva a sério em quase nenhum momento e por isso tem muitas cenas voltadas ao terror que acabam ficando repetitivas e vazias, pois quando nada é levado a sério a tensão também desaparece junto com o impacto de crítica social que tudo poderia ter, pois é como se tudo fosse apenas uma boa piada só que estendida ao máximo, diferente de Lowlifes que a cada momento adquire novas camadas quando a hipocrisia da família vai ficando mais evidente.
Termina sendo um filme com uma boa ideia, mas com um roteiro que parece que foi feito as pressas e tudo acaba ficando muito esquecível e repetitivo, sem aquele tempero pra tornar a obra relevante igual Lowlifes conseguiu com êxito. Até gostei bastante do encerramento disso tudo, mas como os membros da família e os conflitos culturais com a comunidade não foram explorados como deveriam acabou apenas sendo uma boa ideia em meio ao vazio.
Red Rooms: Obsessão Doentia
3.6 81 Assista AgoraEmbora pareça exagerado em muitos aspectos, principalmente nos momentos finais, é interessante como esse filme flerta com o subgênero de filmes de tribunais e de filmes de seriais killers, mas consegue ir além e acaba não indo por nenhum desses caminhos conhecidos e nem aderindo ao modelo dos típicos filmes sensacionalistas que temos aos montes nos streamings.
Aqui não existe uma busca por seguir um roteiro típico dos filmes comerciais e sim uma obra que brinca com a lógica e quando tudo acaba ficamos intrigados não pelo crime ou pela figura do serial killer, mas sim pelos diferentes tipos de personalidades humanas e suas obsessões, o verdadeiro terror aqui está escondido nos pequenos momentos quando percebemos que o novo normal do mundo digital está de mãos dadas com a alienação, a obsessão, e que a nova lógica do distanciamento frio e calculista da era digital pode criar novos monstros.
Saint Maud
3.5 347 Assista AgoraO terror é disparado o melhor gênero para mostrar a deterioração psicológica do ser humano, aqui vai mostrando aos poucos a deterioração mental levando a autodestruição.
É verdade que o filme ficaria bem mais completo e muito melhor se falasse mais sobre o passado da protagonista, mas se parar pra pensar aí corria o risco de virar um drama comum e o foco aqui é o terror atmosférico e psicológico. Na minha visão o principal ponto negativo desse filme foi ser explicadinho demais, isso acabou tirando aquela "pulga atrás da orelha" que penso ser quase obrigatório em filmes de terror.
O filme até me fez pensar se essas pessoas que dizem falar com deuses e obter respostas auditivas não possuem algum quadro de esquizofrenia ou outras doenças psicológicas. Também é interessante vermos como o fanatismo religioso caminha junto com a negação do eu, teve até um estudo científico recente que mostrou que quanto mais religiosa for a pessoa maior chance tem de desenvolver alguns distúrbios mentais.
As atuações são contidas, mas muito boas para construir aquele clima de apreensão e tensão crescente, tudo aqui vai caminhando aos poucos rumo ao caos. Até chegar em seu apoteótico encerramento, aliás, que final macabro e bem construído.
Aquela cena do final do filme de "Deus" falando com ela é tão sombria e bem feita que me lembrou um pouco o final do grande clássico de terror "A Bruxa" (2015), penso que esse filme deve ter servido de inspiração.
E o encerramento ao misturar realidade com ficção encerra a obra de forma perfeitamente memorável.
Parthenope: Os Amores de Nápoles
3.2 24Tudo aqui soa antiquado, o seu exagero pode ser belíssimo, mas por trás de todas aquelas poesias e diálogos filosóficos intermináveis parece ter um roteiro brigando o tempo todo pro filme não cair no superficial. Ao ponto de ficar cansativo os personagens ficarem filosofando e divagando o tempo todo, mas essas filosofias sobre amores parecem nunca levar pra nenhum lugar e sempre acabam mais rasas do que o diretor pensa que são.
Por mais que Parthenope não seja uma pessoa real e sim uma metáfora pra cidade de Nápoles e seus amores. Todo o filme acaba parecendo meio perdido e até mesmo vazio pois não consegue causar alguma identidade ou ligação real com a cidade, não tem nada muito profundo ou humano em uma personagem que sua beleza perturba a todos o tempo todo, é um filme agradável na sua bela fotografia e pela sua excentricidade, mas seus encantos levam ao engano, assim como a mitologia das sereias por trás das lendas da cidade.
Aquele terceiro ato resume como o filme se perde nele mesmo, tudo ali me parece muito apressado, por mais que tenha achado interessante o salto no tempo pra 2023, parece sem sentido e até mesmo uma decisão feita de última hora no roteiro, pois fica impossível se emocionar com aquelas lindas cenas já que ela nunca pareceu ser uma pessoa real e sim um mero simbolismo.
Como o gênero do filme é fantasia e tem todo aquele simbolismo de nascer nas águas, eu jurava que no final do mesmo ela iria..
Pular pro mar igual o irmão, pois tem uma longa tomada dela idosa depressiva refletindo com frases melancólicas de costas pra água, mas ao cair acabaria desaparecendo e uma cena rápida mostraria que tinha virado uma sereia.
Como Ganhar Milhões Antes Que a Avó Morra
4.3 87 Assista AgoraOs atores mandam bem, mas esse filme tailandês está muito longe de ser um filme apenas bom e mais longe ainda de ser essa obra-prima toda que estão dizendo.
É um roteiro extremamente preguiçoso, convencional, com humor pastelão e melodramático ao extremo (com direito a piadas que beiram o mau gosto com ironia sobre corpos de idosas sem roupa no começo do filme, seguidas de cenas apelativas de sofrimento e agonia, plot twist exagerado e desnecessário com direito a música extremamente alta pra tentar tirar emoção ao máximo de tudo em todos os momentos), os personagens são todos mal amados ao extremo, isso até lembra aqueles filmes cristãos insuportáveis dos personagens se redimindo quando chegam ao fim da vida e encontram dor e desespero, a diferença é que aqui não é um filme religioso, mas bebe muito da fonte desses filmes que os americanos médios adoram.
Por fim o filme até tenta mostrar um pouco do choque de gerações, mas faz isso de forma sentimentaloide, preguiçosa e exagerada, sem aprofundamento e faz com que sintamos apenas dó da idosa o tempo todo e não conseguimos ver realmente alguma transformação ou redenção real dos personagens, alguns são bem caricaturas mesmo (Tem um que tentam vender ele como um mero trambiqueiro preguiçoso, então o personagem chega a aparecer dormindo até no sofá da recepção do lugar em que está, essa parte eu ri alto, mas de vergonha alheia do roteirista mesmo). Todo o filme fica apenas girando em torno do sentimento de pena exagerado, redenção e na busca por temas comuns (como o amor universal pelas avós), então é o tempo o roteiro jogando várias tentativas de fazer quem assiste chorar e pensarem que por causa disso assistiram um ótimo filme.
Mas por trás dessa "obra-prima" temos um filme ultrapassado e até mesmo cafona em todos os sentidos, que foge de polêmicas e de crítica social rebuscada pra buscar "lágrimas universais", então temos direito a um jovem que não gostava de jogar flores nos túmulos jogando flores pelos cantos ao som de trilha estridente, essa cena é muito de filme religioso e tudo seguido de closes em rostos olhando pro horizonte igual Hollywood adora, haja paciência, pra mim já deu esse tipo de filme.
Mas pensando pelo lado bom, pelo menos ainda não planejam um remake americano disso (Igual fizeram como os lixos atômicos "O Pior Vizinho do Mundo" e "Não Fale o Mal"), aí vai afundar de vez mesmo e jamais perderei meu tempo assistindo, deixa isso pra eles que tem preguiça de lerem as legendas, rs.
Deadpool & Wolverine
3.7 896 Assista AgoraEsse filme nos mostra claramente que a Disney é o Thanos, tudo da Marvel que ela está colocando a mão ela está estragando.
É simplesmente insuportável assistir isso, demorei uns 5 dias pra chegar até o fim, parece a série Velma o modo como as piadas são feitas, os outros dois filmes do Deadpool eram bem mais divertidos e tinham alma, aqui só tem piadinhas mesmo. Toda a sátira gira em torno do próprio universo, mais de 2 horas ouvindo a mesma piada várias vezes contada de formas diferentes, é simplesmente insuportável o nível das piadas pois são infantis, não aguentava mais piadas sobre a Disney, mas se parar pra pensar a Disney realmente podou o filme e não abordou nada polêmico igual os outros dois filmes, só ficou fazendo piadas contra ela mesma pra pagar de revolucionária, que piada de lixo atômico esse filme, só marvete pra gostar disso.
Filme de censura de 18 anos com piadinhas pra adolescentes de 13 anos, não tem nada de mais, só colocaram efeitos de tinta vermelha nas cenas de lutas de sempre e o resto é piadas de tios de churrascos dos anos 90, uma ou outra cabeça voando e dancinhas do tico e teco. Dava pra dar uns 14 anos de censura pra esse filme tranquilamente.
Obs: A melhor cena do filme é a do pós créditos que mostra os X-MEN, mas são cenas de outro filme, então não dá pra dar nota ruim pra isso, é péssimo mesmo.
Looney Tunes - O Filme: O Dia Que A Terra …
3.5 9Isso aqui é Looney Tunes em sua mais pura forma, animação 2D lindíssima, personagens divertidíssimos e um vilão clássico que não é o que parece ser.
Embora em alguns momentos possa parecer um episódio comum do desenho estendido, os personagens possuem grande química na tela, a interação do Patolino com o Gaguinho rende ótimas risadas e a interação do Gaguinho com a Petúnia é cheio de momentos fofos (principalmente quando os dois gaguejam juntos) em uma trama que flerta com os filmes malucos de terror de ficção científica dos anos 50.
Pra quem estava com saudades das animações clássicas vai encontrar aqui um prato cheio pra se esbaldar. Em nenhum momento fiquei entediado e isso mostra que as vezes é bom retornar as suas raízes e resgatar a verdadeira essência do universo desse clássico de animação do que criar algo novo em 3D ou um live action que apenas lembre superficialmente a magia desse universo (como fizeram com o péssimo Tom e Jerry).
Achei que não perdeu nada para as animações atuais e é uma bela homenagem a esse clássico da infância de muita gente. Tem momentos totalmente antagônicos que vão da omissão total de diálogos, até um musical que achei divertidíssimo envolvendo um ataque de zumbis ao som de um clássico de rock sobre fim do mundo da banda R.E.M. Mesmo quem nunca assistiu um desenho deles vai se divertir e nem tudo é nostalgia, ainda sobra espaço para os temais atuais como o universo dos influencers digitais e até uma certa crítica ao mundo alienador das fake news e no final ainda temos um divertido plot twist que simplesmente muda toda a história do filme. Esse vale a pena ver nos cinemas, aliás, o filme chegará nessa semana nos EUA e dia 10 de abril no Brasil.
Obs: Existem várias cenas pós créditos
Na última delas tem o clássico desfecho do Gaguinho falando "Isso é tudo pessoal" e quando pensamos que o filme vai acabar de forma clássica e sem espaço para mais inovações, aparece o Patolino esbravejando que não se pode falar isso pois tem que deixar espaço aberto para uma sequência, ri demais.
Os Radley
1.7 8Parece até aquelas produções de antigamente que eram feitas apenas pra TV.
Acredito que a obra original era boa, mas aqui dá pra ver claramente que picotaram tudo e o romance principal do filme foi jogado pro escanteio e a família é tão sem graça e apagada que até parece que nem era pra fazer parte da história, tanto é que a maior parte do filme é focada no vampiro tiozão (o único personagem do filme um pouco divertido) que chega pra ajudar a família resolver seus problemas (Parece até o brasileiro "Meu Cunhado é um Vampiro").
Triste terem feito um filme tão lento, com muitas cenas longas e paradas em vão, tudo isso pra terminar de forma tão corrida e atribulada, atropelando personagens e resolvendo os conflitos da trama de forma rápida e preguiçosa, parece até que não deu tempo de contar o que queriam.
E o pai do crush do vampiro lá, o policial aposentado obcecado por vampiros, que desperdício de personagem, fica o filme todo investigando e chorando pelos cantos e no final quando aparece a redenção e um momento onde ele poderia ter um pouco de alegria, ele simplesmente desaparece da história.
E o mais triste do filme nem foi isso, foi ver que transformaram o personagem mais legal em um estuprador nos momentos finais pra criar algum conflito e que é resolvido rapidamente da forma mais rápida e sem graça possível, sem tempo pra fazer um comentário social sobre o que levou ele a agir assim (tem dois estupradores no filme e mesmo assim o filme não encontra tempo de refletir na temática da cultura do assédio) assim como a química do casal que poderia voltar com tudo após a morte do vampiro que mantinha ela presa nele, mas o filme termina antes pois aparentemente também não tem tempo ou interesse de aprofundar o casal da família de vampiros.
Já em relação ao romance gay ele aparentemente começou quando o filme acabou, sem comentários.
Esse filme é tão sem energia, a família é tão sem graça e tudo é tão apagado e sem vitalidade, que assistir isso é como se estivesse sendo sugado por um vampiro.
Heart Eyes
2.9 82Por mais que seja uma comédia de terror que não se leva a sério, tem cenas que conseguem causar tensão de forma eficiente e são seguidas de comédia quase na mesma medida, esse sem dúvida foi o melhor filme que assisti até agora do Josh Ruben (Dos fracos "Um Lobo Entre Nós" e "Me Assuste"). Pena que as convenções do gênero atrapalham o filme demais e tem horas que parecem que colocam tudo a perder, como quando eles são perseguidos pelo Heart Eyes até o cinema drive-in e o desfecho disso tudo.
É simplesmente ridículo o assassino ser apenas um imitador que surgiu do nada bem no momento que eles estavam fugindo do verdadeiro, tudo não faz sentido e é uma conveniência muito grande do roteiro, quais as chances também do assassino estar em todos os lugares por quais os protagonistas passam o tempo todo, simplesmente não tem lógica em uma cidade tão grande tantas coincidências e conveniências.
Mas sem dúvida esse projeto aqui é bem mais criativo que os anteriores do diretor, o visual do monstro é muito interessante e confesso que em vários momentos achava que o filme iria afundar feio, mas ele conseguia sair das situações e ainda colocando humor nas cenas mais inesperadas e sem tirar o terror e a tensão delas.
O desfecho do filme não era o que eu esperava e não consegui prever os acontecimentos finais, ponto positivo. Embora seja um final clichê pro subgênero slasher, é um arroz e feijão bem feitinho que nunca perde o ritmo e acaba sendo divertido de se assistir até o fim.
Ainda Estou Aqui
4.5 1,4K Assista AgoraFazia tempo que um filme não me derrubava dessa maneira.
A atuação da Fernanda Torres faz qualquer um chorar, mas não é pelo fato de entregar exageros dramáticos, choros ou mesmo expressões tristes e sim pelo extremo oposto, o que acaba com nosso emocional é vermos ela tentando demonstrar alegria, felicidade e força em praticamente todos os momentos do filme, até mesmo quando as circunstâncias estão todas contra ela.
Ainda Estou Aqui é muito mais que um drama político sobre desaparecimento na ditadura, é um filme sobre luto e resistência, sobre encontrar razões onde menos se espera pra continuar vivendo.
Presença
2.8 131Nunca assisti um terror parecido com isso.
Em vez de colocar o fantasma pra nos assombrar igual os filmes de terror sempre fazem, aqui o diretor nos coloca como se fôssemos a assombração da residência acompanhando a rotina e parece nos perguntar o tempo todo se deveríamos deixar tudo como está ou intervir nas situações.
É um terror muito chocante, mas que faz isso sem nenhuma cena de violência gráfica. É como se nossa própria presença na casa não era pra estar acontecendo e como a omissão ao sofrimento alheio pode nos incomodar e nos devastar e até que ponto isso faz de nós pessoas ruins, talvez por isso os fantasmas tenham um peso tão negativo nas lendas.
Lembra muito o drama Sombras da Vida, só que sem a trilha sonora maravilhosa e sem todo aquele peso filosófico e aqui tudo é mais focado no mistério, terror e suspense, é como se a qualquer momento algo fosse acontecer, ficamos o filme todo tentando entender quem nós somos, o que tanto observamos naquela família, e o que estamos fazendo ali, e o terror que é sutil vai crescendo aos poucos e atinge seu ápice no final, quando acaba só fica a sensação de que finalmente podemos descansar em paz.
Após a revelação no espelho de que o irmão da menina era o fantasma o tempo todo. (Notem que na cena do sofá ele olha certinho pra onde o fantasma está e ainda cumprimenta o mesmo, justamente por ser sua alma, nessa mesma cena do sofá sua alma volta descendo as escadas pra o acordar e ele já vai pra cena da ação sabendo tudo o que está acontecendo, ou na cena do ataque de fúria sua alma destrói todo seu quarto ao ver o mesmo fazendo comentários imaturos, ou mesmo na cena em que ele parece ter uma raiva total do fato da sua irmã ver um fantasma, sem saber explicar de onde vem aquele ódio todo, é uma forma de luto por negação em relação ao seu falecimento futuro, também podemos notar quando a vidente diz que o tempo passa de forma diferente pros fantasmas, então tudo ainda faz mais sentido)
O filme termina em um bonito plano-sequência , como se pela primeira vez estivéssemos saindo da casa (igual os moradores dela), só que enquanto eles vão pro carro, nós subimos em direção as nuvens.
The Last Showgirl
3.1 34 Assista AgoraPamela Anderson mandou muito bem e entregou uma boa atuação, mas não é difícil imaginar os motivos que levaram ela a ser descartada da corrida do Oscar 2025.
Se parar pra pensar a temática sobre envelhecimento, etarismo e descarte da indústria aos artistas mais velhos foi muito melhor trabalhada no filme A Substância, que consegue ser memorável, chocante e com atuações bem mais impactantes. Aqui temos um filme até que bonitinho, mas bem previsível e morno, sendo facilmente esquecido, mesmo cenas mais controversas (quando ela "protesta" no meio de sua performance musical na audição) acabam não atingindo tanto o impacto esperado igual o roteiro parece pensar.
Tudo aqui parece ser corrido demais e os dramas dos personagens são explorados apenas superficialmente (principalmente do elenco coadjuvante), o típico de filme que parece ter sido feito de última hora apenas pra disputar uma das indicações ao Oscar. Rende alguns bons momentos, mas o conjunto da obra acaba sendo apagado demais como um todo, é como se o próprio filme descartasse ela, não tendo conseguido demonstrar a beleza do seu trabalho. Talvez aqui uns flashbacks do passado ajudariam mais do que mostrar ela divagando de um lado pro outro, sem saber aonde ir, igual o roteiro do filme.
Faltou o principal, entusiasmo.
Você Pode Viver Para Sempre
3.6 32Lembrou muito o filme Desobediência, mas aqui achei que a gente demora menos tempo pra se envolver com a trama, enquanto lá demora um pouco pra gente entender o que está acontecendo, quem é quem, aqui o filme já chega chegando. E enquanto naquele filme fazem um retrato da religião judaica, aqui o foco é nas Testemunhas de Jeová.
Como principal ponto negativo achei ruim a pouca exploração do personagem que faz seu melhor amigo, o Nathan, ele parece ser o único elo que mantém ela na realidade, onde ela pode se expressar e ser quem ela realmente é, mas ele parece sempre estar perdido na história. Não apresentando evolução.
Interessante que uma das diretoras cresceu como lésbica nas Testemunhas de Jeová e aqui ele retrata com muita fidelidade a rotina da religião. O filme também apresenta um tom de ameaça constante, como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer e tudo fosse desmoronar, tendo uma atmosfera que lembra um pouco filmes de terror, e eles estão por toda parte, aqui é possível ver cartazes e citações a obras de terror que trazem relacionamentos conturbados pelas circunstâncias como "Almas Gêmeas" e o imbatível "Drácula de Bram Stoker".
Gostei muito das atuações principais, a química das atrizes é bastante convincente, ao ponto de nos preocuparmos com ela e ficarmos nos perguntando até que ponto ela vai deixar se influenciar pela religião do seu novo amor, pois começa virar uma espécie de obsessão, ela passa a se anular cada vez mais e viver a realidade da outra pessoa como se fosse dela. Um baita filme.
O Puritano da Rua Augusta
3.3 22O filme não aborda o racismo, ele usa a prática racista pra alívio cômico, por diversão e pra fazer humor cafona, ainda hiper sexualiza a empregada negra e faz ela "rebolar" ao ouvir uma música qualquer e ser usada e abusada com um mero objeto da trama.
Ele não critica a hipocrisia, ele é a hipocrisia em sua mais pura forma, parece que vai criticar o perfil do "puritano", mas ele é o "herói", o filme moldou o roteiro pra agradar o grande público (liberais e conservadores) ao mesmo tempo, a lição de moral aqui é problemática e não se trata de uma ironia ou algo minimamente inteligente, mas sim algo feito propositalmente pra agradar as massas, o que fizeram aqui foi uma tentativa de filme, ele acaba sendo a própria hipocrisia que pensa combater.