Erick

Surpreendente. Assim defino "A Hora mais Escura".

Confesso que o filme queimou feio a minha língua. Assim que soube tratar-se de um longa sobre a "caça ao Bin Laden", imaginei aquele dramalhão nacionalista, com créditos subindo ao ritmo do hino norte-americano; algo parecido com o que fizeram em Argo. Me enganei!

"A hora mais escura" começa de maneira angustiante com áudios verídicos de telefonemas interceptados feitos pela vítima daquele 11 de setembro. E daí para frente é uma aula de cinema. Um belo suspense.

Há quem diga que o longa é parado. Discordo, mas sou suspeito para falar. Desde pequeno, nutro um enorme fascínio por aquele dia, talvez por acreditar que este tenha sido o único grande fato da história da humanidade que minha geração presenciou até então. O mundo contemporâneo se divide em antes e depois de 11/09.

A história do cinema, certamente, não se divide em antes e depois de "A hora mais escura", mas é inegável que se trata de um belíssimo filme. Acho um absurdo ver gente classificando o longa com "1 estrela". Provavelmente, deve ser aquela pessoa que esqueceu de crescer e sente prazer em desqualificar uma mega produção porque ensinaram para ela na escola que é legal ser "anti-americano".

Que façamos justiça: "A hora mais escura" é elegante. É elegante porque não apela para nacionalismo barato. É elegante porque mostra que durante anos a busca por Bin Laden foi conduzida de maneira displicente pela própria CIA. É elegante porque não omite os inúmeros atentados contra os Direitos Humanos perpetrados pelos soldados norte-americanos. É elegante porque retrata de maneira próxima ao real tudo o que acontecera. Digo "próxima ao real", porque a verdade ninguém jamais saberá, ao menos que o Governo Americano abra os arquivos secretos daqui alguns anos.

Ainda assim, achei positivo o fato de não terem confirmado no filme aquela história nitidamente fantasiosa segundo a qual teriam jogado o corpo do terrorista ao mar após a realização de rituais islâmicos. Para mim, este é o famoso "faz-me rir". Em contraponto, não sei até onde é verdade o fato de o próprio exército americano ter implodido seu helicóptero no interior da residência de Bin Laden. Será que não foi uma forma encontrada de amenizar uma possível resistência capaz de ter gerado uma queda? Jamais saberemos.

O que eu sei, porém, é que "A Hora mais Escura" fez bonito e merece muito ser prestigiado.

As gerações das últimas décadas conseguiram vencer o uso exagerado do tabaco. Entre os jovens, cada vez menos surgem dependentes do fumo. O problema é que, ao longo dos anos, um mal maior ficou esquecido: o alcoolismo. Tenho 23 anos e digo, com toda a certeza, que o uso excessivo de álcool já é o principal problema a ser enfrentado entre aqueles da minha idade (e até mesmo mais jovens). "O Vôo" caminha bem neste sentido, explorando de maneira correta o tema. Durante o filme, merece destaque a ótima atuação do Denzel Washington e pára por aí. O longa está longe de ser brilhante. É um filme correto; nada mais. Ainda assim, reitero: cumpre um papel extremamente importante ao alertar aos jovens sobre o perigo que, cada vez mais, estão correndo.

Eu sei que os fãs xiitas do Tarantino vão espernear, mas uma coisa precisa ser dita: Django não é nem de longe o melhor já feito pelo diretor.

O filme é bom, um pouco acima da média; mas nada justifica esta gritaria toda. "Django" peca por ser exageradamente longo. Tarantino perdeu a mão desta vez. A sensação que fica é que o filme teria melhor êxito caso fosse mais breve. As interpretações são ótimas, a paisagem espetacular, mas realmente o diretor pecou pelo excesso de tempo. Talvez, tenha se empolgado nos sets. Aliás, a empolgação foi nítida: Tarantino exagerou nas cenas de tiro, extrapolando o que dele sempre se espera. Algumas passagens foram absolutamente desnecessárias. Se a missão era "impactar", muito mais do que cabeças explodindo e sangue para todos os lados, o filme já sensibilizaria o espectador pelo simples fato de mostrar de maneira nua e crua as atrocidades que foram perpetradas contra os negros. Fiquei assustado, em algumas cenas, ao ouvir pessoas gargalhando de cenas retratando prática absurdas contra escravos. Um nefasto capítulo da passagem do homem pela Terra. Neste ponto, em especial, Tarantino foi sim genial: mostrou a mediocridade da espécie humana. Dá vergonha ver e ter que aceitar que absurdos daquela monta foram praticados por anos a fio sem nenhum tipo de repreensão.

Sem mais. Django é um bom filme, nada além disso. Desta vez, entendo perfeitamente o fato de não ter sido tão prestigiado pela Academia.