"Unicórnio" se divide em dois focos principais. De um lado temos Maria (Luz), uma jovem garota que mora no campo com a mãe, que vê a chegada na terra ao lado um novo vizinho (Lee Taylor). De outro, acompanhamos a mesma menina trancada em um quarto com ladrilhos brancos ao lado de pai (Machado), num cenário que claramente remete a uma instituição de tratamento.
Patrícia Pillar, o maior nome do elenco, com poucas falas e muito trabalho expressivo, Pillar dá aula de atuação não verbalizada, simplesmente se transforma na personagem e a vive. Temos Lee Taylor sendo o criador de cabras, com um personagem introspectivo, ele distancia-se do seu perfil como ator o deixando bem apático. Zé Carlos Machado, fica com os diálogos mais envolventes e sacanas. Bárbara Luz faz a protagonista Maria, ela entrega o que se espera de seus conflitos, ânsias e martírios. Um maravilhoso começo para sua carreira cinematográfica.
"Unicórnio" é completamente atemporal, temos figurinos de época, às vezes nos deparamos com pequenos detalhes atuais. Há uma linda composição estética em 'Unicórnio', mas o filme dá uma leve escorregada ao oferecer uma trama com poucos diálogos, não se desenvolvendo por completo.
O filme começa de maneira absolutamente deslumbrante, sendo difícil não se envolver com a fotografia de Mauro Pinheiro Jr, com cores fortes e estouradas e com o trabalho de som de Roberto de Oliveira e sua equipe. 'Unicórnio' tem uma poesia visual inquestionável.
Sua mise-en-scène baseada na dualidade entre o confinamento das paredes brancas e a liberdade dos campos, as duas principais locações do filme, no final resulta no mesmo efeito de isolamento e claustrofobia justamente por ser um trabalho tão asfixiado pelas necessidades artísticas do autor.
'Unicórnio' é uma obra que oferece muito ao espectador, mas que claramente poderia oferecer bem mais, ele é por vezes deslumbrante, em outras vazio. O filme é de sensações, onde se respira poesia e se embebeda de uma das fotografias mais impecáveis do cinema nacional.
Embora o filme original, baseado em uma história de Clive Barker, tenha recebido um tratamento cuidadoso do diretor Bernard Rose, Bill Condon rejeitou a ideia de Rose e faz uma típica manobra de franquia de terror, contando a mesma história novamente, embora com um novo protagonista e uma nova localização. No novo filme, dirigido por Bill Condon , há uma tentativa de estabelecer um mundo real em que Candyman não seja possível.
A sequência, dirigida por Bill Condon, coloca outra mulher branca em dúvida encarregada de desvendar as origens do mito do Candyman, apenas para descobrir que ela tem uma profunda conexão pessoal com ele. O filme não se desenvolve, infelizmente, como a paciência e a contenção do filme anterior. Tem uma daquelas trilhas sonoras em que os sons do dia-a-dia são amplificados para constantemente assustamos com alarmes falsos.
Semelhante a outras franquias de terror, os filmes Candyman têm uma mitologia inconsistente. O original descreveu a história de origem do bicho-papão como uma tragédia que se abateu sobre um artista bem-educado que foi confrontado por racistas. A sequência oferece uma explicação diferente: Candyman agora é um escravo chamado Daniel Robitaille. Ele engravidou uma mulher branca e então uma multidão de fazendeiros cortou sua mão e espalhou mel em seu corpo, momento em que um enxame de abelhas anormais o atacou e o picou até a morte. A criança, ao que parece, era ancestral de Annie.
Essa reviravolta leva a algumas possibilidades interessantes, nenhuma das quais os roteiristas Rand Ravich e Mark Kruger estão dispostos a explorar com profundidade. Candyman mata os seus próprios ancestrais, o que não faz sentido e há uma criança que consegue pintar o rosto de Candyman em seus quadros, sem nem sequer ter visto ele. Por que o Candyman visitou Chicago? Por que ele se aproveitou de jovens vítimas negras inocentes que não lhe fizeram mal? O filme deixa tudo no ar sem explicação.
O problema é que ficamos frustrados com a falta de interesse dos cineastas em descobrir o folclore central da história. Candyman merece nossa empatia e se ele estava matando apenas as pessoas responsáveis por sua morte, isso poderia torná-lo um anti-herói do terror. Ainda assim, os cineastas permitem que o personagem mate indiscriminadamente, enquanto as ações de Candyman no original tiveram um objetivo específico: fazer o personagem de Madsen sentir sua dor.
A atuação não é a pior, mas o enredo não ajuda os atores. Tony Todd continua assustador e sua voz profunda e estrondosa é de comando. Kelly Rowan é um pouco mais sólida do que a maioria das “rainhas do grito” e sua personagem não é uma tarefa simples, mesmo que o enredo seja. Veronica Cartwright tem um pequeno papel no filme como a mãe de Rowan e Michael Bergeron retorna como o “especialista” Candyman do primeiro filme.
A história vai longe para desenvolver simpatia pelas terríveis torturas a que foi submetido, como vítima de racismo que ousou amar uma mulher branca. Suponho que Clive Barker ficaria feliz em nos explicar como 'Candyman 2: A Vingança' poderia ser uma declaração contra o racismo. A mensagem pode ser que, porque os escravos foram maltratados, pagamos o preço hoje, talvez toda vez que nos olhemos no espelho e vejamos nosso racismo refletido de volta para nós.
No novo filme, dirigido por Bill Condon, há uma tentativa de estabelecer um mundo real em que Candyman não seja possível. 'Candyman 2: A Vingança' não é um grande filme, mas é um filme adequado. Ele envelheceu melhor do que alguns dos outros filmes de terror do período.
Estilo é o que este filme tem, ‘O Labirinto do Fauno’ é cheio de personalidade. Além de uma história super original, a mistura de fantasia com o terror, te prende com um filme de uma forma sem igual, é isso que torna o filme de Del Toro tão poderoso.
O longa é visualmente deslumbrante. As criaturas não se parecem com criações de filmes, mas como pesadelos. A construção dessas criaturas, graças a Deus, não são feitas com efeito especial, tudo é feito através de maquiagens incríveis e impressionantes bem feitas, isso é um dos motivos desse filme ser tão deslumbrante.
Escuro, retorcido e bonito, isso entrelaça a fantasia de conto de fadas com o horror do filme de guerra a um efeito surpreendente. A produção e fotografia do filme avança da perfeição, o elenco está completamente entregue e mergulhado na trama da história. A trilha sonora é bem colocada, fazendo-se saber quais são as sensações que as cenas querem transmitir.
‘O Labirinto do Fauno’ é um dos melhores filmes, porque é uma fantasia rara que impressiona tanto nas cenas da "realidade" quanto nos vôos da imaginação. O diretor Guillermo del Toro evoca deliberadamente a literatura infantil clássica e o cinema, no seu melhor estilo.
Estilo é o que este filme tem, ‘O Labirinto do Fauno’ é cheio de personalidade. Além de uma história super original, a mistura de fantasia com o terror, te prende com um filme de uma forma sem igual, é isso que torna o filme de Del Toro tão poderoso.
O longa é visualmente deslumbrante. As criaturas não se parecem com criações de filmes, mas como pesadelos. A construção dessas criaturas, graças a Deus, não são feitas com efeito especial, tudo é feito através de maquiagens incríveis e impressionantes bem feitas, isso é um dos motivos desse filme ser tão deslumbrante.
Escuro, retorcido e bonito, isso entrelaça a fantasia de conto de fadas com o horror do filme de guerra a um efeito surpreendente. A produção e fotografia do filme avança da perfeição, o elenco está completamente entregue e mergulhado na trama da história. A trilha sonora é bem colocada, fazendo-se saber quais são as sensações que as cenas querem transmitir.
‘O Labirinto do Fauno’ é um dos melhores filmes, porque é uma fantasia rara que impressiona tanto nas cenas da "realidade" quanto nos voos da imaginação. O diretor Guillermo del Toro evoca deliberadamente a literatura infantil clássica e o cinema, no seu melhor estilo.
Um insulto banal se transforma em tumultos civis e tumultos neste drama do diretor libanês Ziad Doueiri. "O Insulto" é uma divertida mistura de estudo de caráter, impasse entre tribunais e parábola da reconciliação nacional. O filme está enraizado na tensa mistura étnica e religiosa do Líbano e nas cicatrizes não cicatrizadas da Guerra Civil de 15 anos que terminou em 1990.
"O Insulto" é um filme libanês de drama jurídico de 2017 dirigido por Ziad Doueiri e coescrito por Doueiri e Joelle Touma. Foi exibido na seção principal da competição do 74º Festival Internacional de Cinema de Veneza. Em Veneza, Kamel El Basha ganhou a Copa Volpi de Melhor Ator. O longa-metragem foi selecionado para o Melhor Filme em Língua Estrangeira no 90º Oscar.
As performances são sutilmente poderosas aqui, especialmente as de Adel Karam. O seu personagem, Toni, é um homem cuja raiva imprevisível pode ser provocada por um movimento errado, mas o ator infunde o personagem com pathos através dos gestos e expressões faciais sutis.
O filme constrói um bom ritmo entre luta jurídica no tribunal, brigas e ofensas. "O Insulto" perde um pouco sua força quanto abre espaço para um trama familiar e melodramática, embora não seja desperdiçada, entre o casal de personagens Shirine e Toni.
"O Insulto" também decepciona nos seus dez minutos finais, onde uma mensagem sobre a necessidade de unidade nacional que anulou o aguçado instinto dos roteiristas por personagens confiáveis e drama inteligente. Porém, o filme não deixa de ser envolvente.
Ziad Doueiri tem um estilo de direção limpo e visualmente atraente, ele faz filmes no Oriente Médio desde 1998, mas trabalha como assistente de câmera com Quentin Tarantino há anos, e é especialista em desenhar performances coloridas e totalmente investidas de seus protagonistas.
O filme tem muito a dizer sobre a teimosia masculina e a misoginia casual que se esconde por trás da aparente igualdade da sociedade libanesa. O longa-metragem é uma brincadeira ousada e oportuna com o fogo, mas também uma investigação sensível e bem-humorada da fraqueza humana - especialmente do gênero masculino.
'Um Tio Quase Perfeito 2' mais uma vez, abusa do carisma de Marcus Majella, mas o longa se tornou uma fórmula, entregando momentos que perderam fôlego há anos, mesmo nas comédias nacionais. Se o espectador está procurando por algo que ele não precise usar muito o cérebro, o longa é uma ótima opção.
O filme é uma obra simples, tanto do ponto de vista técnico quanto narrativo, optando por enquadramentos estilo televisivo, algo que o cineasta Pedro Antônio Paes tem experiência de sobra, 'Um Tio Quase Perfeito 2' oferece uma trama tão clichê, que tira toda a possível graça que o longa poderia ter, é um filme extremamente previsível.
'Um Tio Quase Perfeito 2' foca no público infantil novamente, porém, tanto público quanto o elenco cresceu, todo o conceito do longa parece ficar um pouco deslocado fazendo a coisa toda soar um pouco esquisita. Sem se aprofundar tanto, o longa traz discussões que acontecem no ambiente de qualquer família.
O roteiro escrito por quatro pessoas tem uma linha argumentativa um pouco problemática, baseada no ciúme de Tio Tony pelo novo “tio” que entra na família, o Tio Beto. Ao longo das uma hora e quarenta de filme o espectador acompanha o comportamento ciumento, infantil e patriarcal do único homem adulto da família, que age como se a irmã devesse precisar de seu consentimento para se casar.
Esse argumento ultrapassado conduz o enredo da comédia até o início do arco final, quando Tony sofre a reviravolta da trama e deve repensar seu ciúme como algo a que ele não tem direito de reclamar a respeito, afinal, sua irmã e seus sobrinhos são donos das próprias vidas. O roteiro é muito baseado naqueles filmes da sessão da tarde dos anos 90 ou 80, é tudo muito bobo.
O filme é simples e nada inovador em todos os sentidos. Com reviravoltas, muitos perdões e redenções, 'Um Tio Quase Perfeito 2' sabe captar o espírito familiar e pode ser divertido para aqueles que estão muito desesperados por entretenimento na pandemia.
É difícil criticar uma obra que é dividida em quatro histórias diferentes e que não se conectam. Eu dividirei essa minha crítica em quatro partes, avaliando as histórias separadamente.
'A Enfermeira e a Paciente' é centrado numa enfermeira, Sameera (Janhvi Kapoor), que é contratada para substituir outra no cuidado a uma senhora, Malik (Surekha Sikri), com grandes problemas de saúde que a impedem de sair da cama e requer ajuda para medicações e banho.
O primeiro conto é simples e se arrasta em sequências descartáveis, não ajudando muito na construção da tensão. Situações insanas e algumas imagens perturbadoras com bons efeitos práticos, garantem um certo desconforto.
A segunda história é 'A Grávida e o Pássaro'. Neha (Sobhita Dhulipala) está grávida de seu primeiro filho, ocupando seus dias no cuidado do sobrinho, Ansh (Zachary Braz), um garoto esquisito que sente muito ciúmes e teme perder o carinho pela chegada da nova criança.
No segundo conto encontramos uma narrativa que explora a mente subjetiva do diretor Anurag Kashyap, na intenção de conseguir um terror psicológico, ele utiliza uma fotografia mórbida. O roteiro aqui não tem a intenção de explicar nada, deixando você livre para interpretar o que está acontecendo.
'A Vila e os Canibais' é o terceiro conto, é a história de um homem (Sukant Goel), que chega a uma cidade fantasma, com apenas dois ocupantes: um menino (Aditya Shetty) e uma garota (Eva Ameet Pardeshi). Eles contam que o pai da menina e os cidadãos de Beesghara devoraram as pessoas daquele lugar, os que não foram devorados tiveram que comer carne humana para viver.
Aqui encontramos uma trama simples. Dibakar Banerjee pareceu fundir todos os filmes do estilo e dessa forma, juntar em uma só obra. 'A Vila e os Canibais' parece uma mistura de uma história dos irmãos Grimm em um cenário pós-apocalíptico cheio de zombies.
Infelizmente, a ambientação não é muito explorada. As cenas são exibidas nuas e cruas, a maquiagem bem cuidada, os bons efeitos práticos, as atuações exageradas e o humor duvidoso ajudam a dar ao conto um clima de produção B. Esse foi o meu melhor conto de 'Quatro Histórias de Fantasmas'.
'A Noiva e a Vovó' é sobre uma jovem recém casada que desconfia que a família de seu noivo pode estar escondendo segredos sombrios. Bem, na verdade eles não fazem muita questão de esconder. Mas nossa doce heroína demora um pouquinho para perceber que sua vida corre perigo.
A última história novamente recorre ao terror tradicional envolvendo fantasmas e contém exatamente o desfecho que todos esperam. O único artifício que salta aos olhos para quem espera um terror inteligente é a falta de jump scares. A maioria das cenas está presente no mundo real, de forma que a tensão não possui o caráter sobrenatural.
Seria muito mais interessante se 'Quatro Histórias de Fantasmas' fosse uma série de quatro capítulos para melhor aproveitar cada história. Se 'Quatro Histórias de Fantasmas' tinha chances de se tornar uma janela curiosa para o cinema indiano, a antologia não fez por merecer.
Somente pelo seu título já dá para adivinhar aonde o filme chegará. 'Um Tio Quase Perfeito' remete a um monte de longas que já foram vistos, revistos e refeitos. O filme utiliza-se de todos os clichês do gênero comédia dos anos 90 ou 80, ele investe em uma clássica comédia e assume essa narrativa com o objetivo de oferecer uma trama fácil com um humor leve.
O roteiro de Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Leandro Muniz até tenta se aprofundar em alguns pontos na intenção de criticar algo, seja sobre política brasileira, o fato do protagonista dever para agiotas ou até mesmo a importância de uma família unida, no entanto, é tudo retratado superficialmente deixando o filme no raso. Sobre humor, pode ser agradável para alguns, para mim a comédia aqui não funcionou em nada, achei o filme bem sem graça.
'Um Tio Quase Perfeito' não consegue alçar voos maiores. O próprio filme compreende seu objetivo, ser uma diversão leve e descompromissada só para passar tempo. Falta imaginação na direção do diretor, com planos fechados, centrando seu humor apenas no texto fílmico e no talento de seus atores; ou na direção de arte que aproxima o longa de um visual bastante televisivo. O filme acerta com as tomadas externas, a produção fica com uma cara mais real e menos artificial do que outros filmes brasileiros.
Marcus Majella tem carisma para fazer os espectadores ficarem grudados na tela. O ator consegue mostrar talento para comédia e finalmente ganhou a chance de brilhar como protagonista que tanto merecia. O elenco infantil dá um show de simpatia mesmo com pouca idade. 'Um Tio Quase Perfeito' tem uma história muito genérica que em nenhum momento consegue ir além do ‘quase’ e ainda sofre com a falta de humor.
A mais recente releitura da mitologia ocidental é uma salada completamente incoerente. O roteiro abertamente politizado dos escritores Ben Chandler e David James Kelly, transformam o nobre Robin em um rebelde contra o avarento e covarde presidente Trump.
Um ponto bem negativo de "Robin Hood: A Origem" é o seu guarda roupa, que parece que saiu de um filme de ficção científica. Todo soldado é blindado, roupas de alta costura, uniformes ninjas, tudo simplesmente parece errado!
O diretor Otto Bathurst tem sorte de ter um trio tão atraente quanto Taron Egerton, Jamie Foxx, Jamie Dornan, que inclusive não conseguem salvar o filme. As copiosas sequências de ação do filme são editadas de maneira tão caótica e ilógica que os olhos rapidamente ficam exaustos.
O problema de 'Robin Hood: A Origem' tentar ser tantas coisas, é que nenhuma de suas tentativas realmente dão certo. Na maior parte do tempo, o filme é pateta o suficiente para se divertir um pouco com ele.
Na década de 1990, quando os filmes adolescentes estavam interessados em adaptar obras clássicas da literatura em histórias sobre as dores de estar no colégio, embora não sejam igualmente recebidos pelos críticos, essas adaptações foram imensamente populares e acabaram se tornando verdadeiros clássicos adolescentes.
Dirigido por Mark Waters, 'Ele é Demais' não se desvia muito do esboço básico do original só atualizado com redes sociais e trazendo o mundo irreal dos influenciadores. É difícil escrever sobre o filme, mas ele é um pesadelo, um comentário triste sobre a adolescência atual em dívida com influenciadores contado através da muleta da nostalgia.
Há uma pequena aparição deliciosa feita pelo igualmente encantador Matthew Lillard (que interpretou o cara por quem Taylor deixa Zack no filme original) como o diretor do ensino médio. Lillard parece estar se divertindo muito como o único ator neste filme que possui a capacidade de ser genuinamente engraçado.
A atuação de Rae é tão misteriosa como se ela fosse uma alienígena fazendo o seu melhor para bancar a humana. Cheshire Cat sorri tanto que parece que há alguém atrás da câmera apontando uma arma para ela. Não acho que seja culpa dela e nem acho que ela não leve jeito para isso, mas ela nunca atuou antes, ela simplesmente foi lançada neste filme na esperança de que a viralidade nas redes sociais de alguma forma influencia o filme.
A cinematografia é rasa e sem emoção, o trabalho de câmera é instável e o design de produção parece ter sido filmado para um episódio de sitcom. Não, nenhum dos personagens é simpático e os atores deixam muito a desejar, o que não ajuda muito.
O longa tenta fazer algum tipo de comentário significativo sobre a vida atrás da tela, soando totalmente vazio enquanto sua estrela TikTok tenta moralizar a fachada da presença da mídia social. 'Ele é Demais' faz algumas alterações inteligentes no original e atinge um equilíbrio benevolente entre o antigo e o novo com um leve toque de referências. Seus sentimentos sobre tecnologia tóxica são obsoletos e superficiais. Levando tudo em consideração, a história parece muito tão ultrapassada.
A diretora de estreia, Aislinn Clarke, entra de cabeça no gênero com "A Maldição da Freira" e emerge com um horror elegante e trêmulo, ambientado na Irlanda na década de 1960. Com ecos sussurrando pelos corredores do convento, este thriller de baixo orçamento é filmado de forma criativa em 16mm em um formato quadrado e desbotado.
A cineasta mostra-se altamente adepta dos aspectos técnicos. A filmagem deliberadamente áspera parece adequadamente realista e os efeitos de som e iluminação proporcionam um efeito alucinador assustadoramente.
A principal razão para ver 'A Maldição da Freira' é o desempenho excepcional de Roddy como o padre mais velho e cansado que parece pronto para jogar a toalha.
Infelizmente, todo o esforço bem elaborado foi gasto em uma história cansada e excessivamente familiar que nunca se registra como nada além de um compêndio de clichês de filmes de terror. 'A Maldição da Freira' é um filme que eu recomendo assistir apesar de ser mediano.
A indústria cinematográfica com foco em filmes adolescentes poderiam dar um pouco de crédito ao seu público, inventando algo melhor do que uma palhaçada boba. Existem adolescentes com cérebros! E uma vez, pelo menos uma vez, adoraria ver um filme adolescente que não mande uma mensagem de que, para ser aceitável, você tem que se conformar.
Embora existam algumas boas piadas ao longo do caminho, a principal impressão deixada por 'Ela é Demais' é o quão entorpecidamente consistente é sua falta de originalidade. A visão de Pic do ensino médio não tem nada que surpreenda e seus personagens são estereótipos. 'Ela é Demais' tem uma porção de jovens atores atraentes e competentes, mas trabalhando com um enredo pouco original, previsível e extremamente monótono.
O longa é essencialmente uma comédia estereotipada, mas tem reflexos suficientes de originalidade e sagacidade para fazer você desejar que fosse muito mais ousado e engraçado do que acaba sendo. Não há nada para se envergonhar aqui, mas também não há nada do que se orgulhar.
'Ela é Demais' é mais um filme adolescente que reforça todos os estereótipos adolescentes negativos. O longa-metragem é mais um produto para os mais jovens, que parece uma brincadeira de colégio com um enredo que parece ter sido escrito automaticamente por um computador.
Adaptado de um romance de John Searles, 'Estranho Mas Verdade', possui uma premissa elegante. Mas o thriller inicialmente tenso sofre uma mudança tonal inesperada em um suspense exagerado, perdendo parte de sua tensão claustrofóbica ao longo do caminho.
O diretor Rowan Athale flerta com a linguagem visual do horror antes mesmo da história desviar para um território mais sombrio. O filme consegue aumentar sua tensão, mas toda a sua credibilidade cai por terra. A tensão é deixada de lado para dar lugar a ação de ritmo muito acelerado, nos desconectando com a história.
Os últimos anos já nos proporcionaram várias oportunidades para refletir sobre os notáveis talentos de Margaret Qualley. Anunciar com um rosto doce e sério que ela está milagrosamente tendo o filho de um menino que morreu cinco anos antes, nos faz acreditarmos totalmente nela, ou pelo menos acreditamos que ela acredita em si mesma. Esse é o presente de Qualley nos dá.
'Estranho Mas Verdade' tem uma mistura séria do melodrama angustiado de Pottery Barn e do suspense histérico, em que até o drama doméstico cotidiano parece artificial, sem falar na sequência de reviravoltas idiotas. Ambicioso e oprimido, o filme não consegue decidir que tipo de coisa estranha ele quer ser.
Esta nova versão do clássico infantil "O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett, é belamente produzida e seriamente representada, especialmente por sua estrela infantil, mas que falta vida, é um exercício gigante de nostalgia familiar em que nenhuma despesa foi poupada para o uso de CGI.
O filme de Munden parece tão impressionante e cinematograficamente majestoso que não podemos deixar de lamentar a perda temporária (embora totalmente necessária) das telas de cinema gigantes hoje em dia, onde este filme pertence e deveria ter sido vivido.
Ao longo do tempo de execução compacto do filme, que habilmente mistura interiores góticos escuros com exteriores brilhantes, o trio de crianças cresce individualmente e se recupera em um sentido visceral com uma pequena ajuda um do outro sob a asa protetora do jardim.
'O Jardim Secreto' é uma história perfeita para 2020, porque mostra um grupo de pessoas traumatizadas que não saem muito, encontram consolo na jardinagem e no ar fresco. Essa versão às vezes prioriza o espetáculo em vez do foco claro do livro em crianças feridas encontrando um novo sopro de vida que nem sempre funciona bem.
O filme pode apenas preencher uma esperança escancarada em suas vidas nos dias de hoje, parecendo um suprimento caloroso e aconchegante de conforto, um santuário de duas horas onde os personagens infantis podem processar as ideias dos adultos em seu próprio ritmo.
A nova versão traz uma história presa ao passado com uma dimensão sombriamente passiva e sem brilho. Não acontece muita coisa aqui. Essas crianças britânicas se queixam umas com as outras. Em seguida, elas saem juntas para o jardim e aí se sentem melhor. Em seguida, elas se insultam e voltam para o jardim.
Mary é interpretada por Dixie Egerickx, de 14 anos, e ela traz o tipo certo de confiança ingênua, moleca e ousadia inocente. A feroz governanta Sra. Medlock, interpretada por Julie Walters, não ganha muitos diálogos. Isis Davies interpreta a empregada Martha, que é simpática. Finalmente, o miserável e corcunda tio Archibald, que é interpretado com um rosnado engolido por Colin Firth.
'O Jardim Secreto' tenta criar um pouco da poesia atmosférica que estava faltando na versão de 1993 de Agnieszka Holland. No entanto, isso apenas o afasta ainda mais da essência do romance. O jardim não é um lugar sobrenatural, mas deveria ser um lugar místico, mas essa nova versão erra ao usar efeitos especiais para dar vida ao famoso jardim.
O filme não confia muito na magia do jardim, adicionando deslumbramento visual e, às vezes, artificialidade, mas quando o filme conta com as crianças e seu relacionamento ainda encontra a magia do livro.
A reinicialização de 'O Grito' de Nicolas Pesce é certamente mais grotesca que o remake americano de Takashi Shimizu em 2004 de seu filme de terror em japonês 'Ju-On: The Grudge'. Nicolas Pesce traz imagens horríveis de cadáveres cheios de vermes, fantasmas vingativos pingando sangue, atos horríveis de violência e suicídios.
'O Grito' é traduzido através de uma paleta de cor amarelo doentio. As entradas lentas da câmera tornam-se menos assustadoras e mais difíceis. O filme tem um elenco incrível de atores, os desempenhos são mais fortes do que se poderia esperar. O diálogo desse terror é seco e sem inspiração.
Embora tente reviver a marca, incluindo novos ingredientes e sangue extra, 'O Grito' é em grande parte, uma reformulação sem novidades. Não há nada empolgante ou particularmente único, o filme é somente mais gore do que os outros filmes anteriores.
Essa trama complicada, com seus fluxos não lineares, parece um recauchutado do remake e um meio barato de aumentar a contagem de corpos e assustar as peças. Todo o salto para frente e para trás pode ser um pouco confuso. O drama policial do filme poderia ser uma forte arma para 'O Grito' sair do clichê, mas só serviu para adiantar o que estava por vir na história.
O filme tem um pouco de foco em seus personagens, há uma tentativa de compartilhar seus dramas, doenças e medos do mundo real. Mas 'O Grito' rapidamente coloca essas preocupações de lado, a fim de se concentrar mais em suas ameaças de terror sobrenaturais. Como resultado, os personagens e a emoção de 'O Grito' acabam apodrecendo junto com seus cadáveres.
As tentativas do filme de expandir a mitologia de 'O Grito' geralmente não funcionam, o filme parece ter ficado sem gás. 'O Grito' é involuntariamente ridículo, mas ainda é possível se divertir com ele.
Alguns "filmes infantis" são apenas para crianças. Alguns podem ser assistidos por toda a família. Outros são tão bons que nem parecem destinados a crianças, e 'O Jardim Secreto' se encaixa nessa categoria.
'O Jardim Secreto' é baseado no romance de 1911 de Frances Hodgson Burnett, e a diretora Agnieszka Holland cuidou para que o roteiro siga o livro. Holland é um fã declarado da história, tendo-a lido várias vezes quando era criança. O cuidado e esforço tem como resultado uma imagem que é mágica para telespectadores de todas as idades.
O filme tem atuações notáveis, Maggie Smith se destaca, sempre a profissional consumada, é excelente como a governanta desagradável. Com uma cinematografia hipnotizante de Roger Deakins, o filme é visualmente deslumbrante, desde o interior misterioso da Mansão Misselthwaite à fotografia do lapso de tempo de flores desabrochando.
O jardim em si é uma oportunidade florescente que nem o designer de produção Stuart Craig nem o diretor de fotografia Roger Deakins perderam. Eles fazem este filme, rodado em várias locações inglesas, constantemente lindo, mesmo no seu aspecto mais sombrio.
Como todas as grandes histórias para crianças, 'O Jardim Secreto' contém verdades poderosas logo abaixo da superfície. Sempre há um nível em que a história conta às crianças mais do que apenas eventos; é contar a eles sobre a natureza da vida.
'O Jardim Secreto' combina drama, fantasia e um pouco de terror gótico leve. Mesmo sem muita história, o longa se destaca em sua qualidade técnica. É um filme infantil com um fino senso de magia (sem fantasia) e uma grande dose de sentimento (sem sentimentalismo). O longa é uma obra de beleza, poesia e profundo mistério.
'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' é um bom, mas não um ótimo filme da Pixar, com um enredo sincero, embora emocionalmente manipulador, há muita magia do cinema para impulsioná-lo adiante.
A história do filme é bastante básica, mas resume o que os filmes da Pixar fazem bem: pegue uma história sincera, simples e coloque-a em um mundo mágico. A Pixar tem um histórico comprovado de combinação de uma boa história com elementos fantásticos para criar filmes que enchem o público de admiração.
'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' não é tão bom em esconder sua intenção para que, quando os momentos sinceros cheguem, mesmo que eles acertem os espectadores, eles sejam facilmente reconhecidos como manipulação emocional.
O filme apresenta personagens bem desenvolvidos e um mundo totalmente mágico que se vira de cabeça para baixo. O que realmente leva os espectadores ao redor desse mundo são Ian e Barley e seu complicado relacionamento fraternal. Por seu lado, Holland e Pratt trazem muito coração e humor aos seus papéis.
O problema com o roteiro de Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin é que nada do que acontece na jornada dos personagens é particularmente engraçado ou emocionante e a escrita é pouco inteligente.
O ritmo de 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' é tão acelerado, que o público mal sente que duas horas se passavam no momento em que os créditos aparecem, já que o filme mergulha tão efetivamente os espectadores na história e no mundo e o mantém em movimento.
Embora 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' possa não ser o filme mais forte da Pixar, ele ainda oferece tudo o que os fãs esperam de um filme de animação produzido pelo estúdio. O filme é um passeio divertido, desde que o público se deixe levar pela magia de 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica'.
'O Homem nas Trevas 2' é uma sequência que não parece entender o que tornou o primeiro filme interessante. No primeiro, alguns jovens ladrões invadiram a casa de um cego pensando que o resultado seria fácil. Infelizmente para eles, o cego era uma espécie de máquina de matar imparável. Ele não pode ver, mas todos os seus outros sentidos estão aguçados e ele os usa para assassinar pessoas brutalmente.
O cego, Norman Nordstrom não é mais um personagem misterioso. O público já conhece seus crimes, Lang é uma presença física efetivamente imponente, mas seu personagem continua sendo um problema que o filme não é capaz de resolver. Um estuprador é menos perverso se cuida de cachorros? Um sequestrador é menos malvado se cuidar de quem sequestrou?
A resposta para todas essas perguntas é um óbvio não, mas talvez um filme mais inteligente tivesse sido capaz de peneirar essa obscuridade moral e sair do outro lado com um final menos adequado do que este. O personagem não é somente um cego imperfeito e limitado, mas em 'O Homem nas Trevas 2' ele se torna quase que um super herói, o que tirou toda a graça do filme.
Existem alguns truques cinematográficos que funcionam bem aqui, proporcionando uma experiência cinética, desorientadora e taciturna. A câmera segue de perto a ação, girando e girando enquanto as pessoas voam pelas janelas, caem das escadas e perseguem umas às outras por portas e corredores escuros como breu.
A cinematografia também é capaz de construir aquela tensão característica que tornou o primeiro filme tão eficaz. A câmera está sempre estrategicamente posicionada para revelar ao espectador quem está na sala e o que está para acontecer, enquanto os próprios personagens não têm ideia do que esperar. Isso funciona em conjunto com o design de som do filme, que é capaz de equilibrar cuidadosamente o uso do silêncio com uma trilha sonora dramática.
Ao combinar essas escolhas de estilo com uma narrativa substantiva prova ser um ato de equilíbrio desafiador para o diretor estreante Rodo Sayagues. Ele se esforça para criar um vínculo emocional entre nós e os personagens, mas ele não consegue atingir esse objetivo.
Em vez de solidificar os tipos de conexões de que precisa para sustentar seus 90 minutos de duração, 'O Homem nas Trevas 2' depende de diálogos desajeitados, personagens subdesenvolvidos e uma série de escolhas previsíveis. No terceiro ato, as reviravoltas reveladas parecem mais piadas de mau gosto do que pontos de trama que aumentam a tensão.
Mesmo que o sangue derramado e a violência seja copiosa, a falta de credibilidade que conduz a decisão de cada personagem deixa as coisas um pouco vazias. 'O Homem nas Trevas 2' não é uma boa sequência, o longa prova que nem sempre precisamos de uma continuação.
Baseado em uma peça de JC Lee 'Luce', o terceiro filme de Julius Onah como diretor, parece um foco dividido. Por um lado, quer dizer algo sobre preconceito racial e conformidade com os padrões de um estabelecimento branco, por outro, aprecia as reviravoltas absurdas e o tom aguçado de um thriller de vingança de campo e sente-se constantemente preso entre esses dois modos.
É o desempenho de Spencer que acaba acumulando a maior parte do calor do filme. Onde as outras caracterizações oscilam ou se agitam, a dela se aprofunda, se intensifica e é abalada pela guerra de ideias.
Mesmo com performances extremamente fortes em geral, muito do diálogo parece exagerado, o filme se torna cada vez mais desequilibrado, à medida que adiciona uma reviravolta após a outra, revelando as verdadeiras (e muitas vezes absurdas) profundidades da decepção de Luce.
Se 'Luce' é parcialmente sobre como as aparências podem enganar, é também sobre como as expectativas podem ser terrivelmente prejudiciais. Todo mundo espera a grandeza de Luce, e ele não os decepcionou até agora. Mas, sob o peso de tanta pressão, podemos sentir o grito quase sufocado de sua alma.
'Luce' é um quebra-cabeça perfeitamente construído, um tecido envolvente de drama suburbano e unidade sociopolítica. É também, sem desculpas, um filme de tese, no qual até pequenas conversas podem acelerar o discurso. O filme não é nada senão um iniciador de discussões, com muitas provocações quentes para ser descartada.
O filme começa com uma reviravolta, a história aqui é contada através da perspectiva de criminosos, não de vítimas. A partir daí, Fede Alvarez segue o que parece um caminho familiar, um jogo de sobrevivência.
O roteiro faz um trabalho sólido com a difícil tarefa de manter a tensão constante em uma situação física e conceitualmente contida, lançando novos desafios desagradáveis aos personagens, um após o outro, sem nunca ficar muito agitado ou exagerado.
Com o silêncio exigido para os protagonistas que sobrevivem a um perseguidor de ouvidos atentos, não há muito diálogo em 'O Homem nas Trevas', permitindo que o diretor e sua equipe limitem totalmente um jogo de gato e rato em termos viscerais.
Os personagens e a câmera de Fede Alvarez navegam em seu mundo como um jogador de algum RPG ou jogo de tiro em terceira pessoa navegaria em um ambiente 3D contínuo, controlando tanto um avatar quanto a própria perspectiva através da qual a ação é vista.
A câmera rodando de Pedro Luque, os interiores decrépitos do designer de produção Naaman Marshall, a trilha sonora de Roque Banos e as contribuições de três editores reconhecidos ajudam a criar uma espécie de jogo de sobrevivência labiríntico que nunca desce ao sadismo estereotipado e enigmático.
Existe uma cena bem legal em 'O Homem nas Trevas'. O Cego tem o bom senso de desligar as luzes do porão enquanto tenta caçar os ladrões que invadiram sua casa. O diretor Alvarez então filma a sequência em um tom acinzentado que parece visão noturna. Os personagens tropeçam com os olhos arregalados e os dedos abertos, tateando em meio à desordem.
Há um ponto de trama terrivelmente estúpido envolvendo estupros e a violência, uma vez que começa, é terrivelmente brutal, prolongada e totalmente não sobrenatural. O roteiro, de Alvarez e Rodo Sayagues, aumenta constante e inventivamente a tensão do roubo e do jogo de gato e rato, pelo menos até que tudo fique um pouco ridículo no final.
Quando Denis Villeneuve assinou contrato para dirigir uma versão do clássico romance de ficção científica de Frank Herbert, ele sem dúvida estava ciente da longa e muitas vezes torturada história do livro em Hollywood. Poderia Villeneuve, finalmente, fazer justiça ao conto de Paul Atreides? Não exatamente. Apesar de todas as suas imagens incríveis e boas interpretações, esta versão de 'Duna' não se aglutina totalmente.
Denis Villeneuve e seus co-roteiristas Jon Spaihts e Eric Roth tomaram a decisão aparentemente sensata de dividir o romance em dois filmes separados. O resultado dessa divisão não é apenas uma licença para permitir que muitos dos momentos menores do livro ou personagens secundários respirem, mas também para ser mais devoto ao trabalho do autor Herbert.
O elenco é sólido e cheio de rostos familiares oferecendo boas interpretações. A escalação de atores carismáticos como Momoa e Brolin ajuda a trazer humor ao filme, aqui o roteiro soube se beneficiar do carisma desses atores para trazer um pouco mais de calor e emoção ao longa.
Denis Villeneuve mais uma vez apresenta o feito mais consistente e impressionante de seus filmes: o design. Do fascínio imponente e anônimo das mulheres da Bene Gesserit, às vastas e variadas paisagens, estranhos espaços e aeronaves, à pura emoção de assistir coisas gigantes explodirem ou até mesmo a própria especiaria enquanto brilha na superfície de Arrakis, nenhum detalhe é poupado para nos imergir neste mundo fantástico.
Sabemos que o que funciona em um romance literário pode não funcionar em forma de filme e vice-versa, é o maior erro de Villeneuve com 'Duna: Parte Um', é que no ato dois tudo parece disforme e trabalhoso, como se o filme não fosse bem saber como ou onde termina. A história perde o pulso e o sentido de que estamos emocionalmente investidos nele.
'Duna: Parte Um' é um triunfo no que diz respeito a seus visuais e som, mas há uma falta de forma na última parte do filme que o arrasta para baixo e o desvia de sua beleza.
"Carros 3" surpreende não por ser muito bom, mas porque assisti ele com uma expectativa baixa. A cena do acidente do Relâmpago McQueen é poética. A escolha de fazer uma cena silenciosa faz a tensão brotar quase que automaticamente. Uma cena muito bem pensada e executada.
Os diálogos são bem feitos, o roteiro tem uma estrutura que funciona legal no começo e da metade do filme para frente é mais ou menos. Na metade do filme já sabemos como será o final dele, é previsível, principalmente nos dias atuais, onde é normal beberem da fonte de protagonista masculino passarem o bastão para protagonistas femininos. "Carros 3" é exatamente igual ao filme "Logan" em suas primícias.
O filme é para os dois públicos crianças e adultos. O filme é dinâmico e colorido, o que funciona para os pequenos. Mas a história de que McQueen está velho e agora precisa se adaptar a uma nova geração, somente quem é adulto consegue se projetar no filme.
A Pixar está errando a mão em seus filmes, mas "Carros 3" dá para colar um selo de qualidade Pixar, mas passa raspando. A criançada vai adorar com certeza, um filme que vale a pena principalmente para quem é amante da história.
A obra-prima vencedora do Oscar de 1930 sobre a insensatez da Primeira Guerra Mundial, "Nada de Novo no Front" de Lewis Milestone, é um filme quase intocável. Sua visão incrivelmente progressista da Grande Guerra como violência inútil em nome de um país que só via você como um par de botas e um rifle era tão universal e atemporal naquela época quanto é agora.
"Im Westen nichts Neues" (Nada de Novo no Front) é um longa-metragem anti-guerra alemão, com coprodução dos Estados Unidos, lançado em 2022, também adaptado do romance homônimo de 1929, de Erich Maria Remarque. Dirigido por Edward Berger, é estrelado por Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Daniel Brühl, Sebastian Hülk, Aaron Hilmer, Edin Hasanovic e Devid Striesow. O filme teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 12 de setembro de 2022, e foi lançado mundialmente no streaming da Netflix em 28 de outubro de 2022.
Em agosto de 2022, o filme foi anunciado como o representante da Alemanha na categoria de Melhor Filme Internacional para o Oscar 2023. O filme foi indicado a nove categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. Venceu 4 categorias: Melhor Filme Internacional, Melhor Trilha Sonora, Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia.
Os roteiristas Ian Stokell, Lesley Paterson e Edward Berger (também diretor) se desviaram significativamente da obra original, mas a estrutura básica da história ainda está em vigor. A versão 2022 de Edward Berger torna-se ainda mais necessária não apenas por suas conquistas cinematográficas, mas porque marca a primeira adaptação cinematográfica em língua alemã do romance de Erich Maria Remarque.
"Nada de Novo no Front" de Edward Berger aproveita ao máximo o que a tecnologia moderna trouxe para o cinema, mantendo a exploração assombrosamente íntima da psique desses soldados. Ele não se perde na emoção de filmar grandes sequências de ação, ou organizar todos os componentes no quadro para que tudo flua como dominós em cascata. Em vez disso, ele se baseia inteiramente nos sentimentos de seus personagens e nos mínimos detalhes.
O longa-metragem sai do campo de batalha e segue Paul e sua equipe, para um par de histórias complementares focadas em Matthias Erzberger (Daniel Brühl) enquanto ele negocia o armistício, e o cruel General Friedrichs (Devid Striesow) – que luta para encontrar uma identidade fora da guerra. Esses dois arcos parecem um tanto supérfluos quando comparados à atração emocional do impulso principal do filme, mas servem ao seu propósito de adicionar um contexto histórico mais amplo ao filme, bem como transmitir o completo distanciamento entre a realidade horrível da linha de frente e os jogos de poder frio dos homens no comando.
"Nada de Novo no Front" é um filme completo, com uma visão clara, uma série de cenas inesquecíveis e uma teia de personagens fantásticos. Ele definitivamente depende mais do poder das imagens e do simbolismo do que das palavras e discursos, o que foi, em última análise, o movimento certo dada a sociedade hiper visual de hoje e a qualidade nítida das câmeras modernas.
O longa-metragem é lindamente filmado e evocativo durante a maior parte de seu tempo de execução, mas fica um pouco repetitivo no final. Estica muito para um final que parece um pouco inventado em comparação com tudo o que veio antes. Ao evocar formas mais tradicionais de tragédia, ela vende um pouco as particularidades de sua própria história. Para uma história sobre a insensatez e o absurdo da guerra, a simetria só diminui isso.
Esse é um filme de guerra quase impecável que preenche todas as caixas do que o gênero exige, mantendo a abordagem anti-guerra subversiva do material de origem. É visualmente impressionante, acima de tudo, o diretor Berger entrega uma experiência cinematográfica arrepiante que deve se tornar obrigatória.
O que Pixar estava na cabeça ao fazer "Carros 2"? Meu Deus um filme Pixar sem qualidade Pixar é até difícil de se acreditar.
A trama de "Carros 2" não é focada e cheio de infelizes clichês em seu roteiro. Colocar o herói McQueen de plano de fundo para deixar aparecer as aventuras de espiões com Mate, não funcionou e o Mate não é um personagem que tem força para sustentar uma história, não uma história de McQueen.
Carros falantes é bem difícil de engolir e a Pixar conseguiu convencer no primeiro filme, mas aqui, ela destrói o mundo adicionando aviões falantes também.
Os personagens não são explorados e o mundo também não. O foco de "Carros 2" é explosões e cenas de ação. Os pequenos vão curtir demais, mas o filme é superficial.
Na verdade, ao ver a quantidade de brinquedos e jogos lançados de "Carros" conseguimos entender o porquê de "Carros 2", sim um filme focado para venda de brinquedos, esse é o motivo dele existir.
Unicórnio
3.0 51"Unicórnio" se divide em dois focos principais. De um lado temos Maria (Luz), uma jovem garota que mora no campo com a mãe, que vê a chegada na terra ao lado um novo vizinho (Lee Taylor). De outro, acompanhamos a mesma menina trancada em um quarto com ladrilhos brancos ao lado de pai (Machado), num cenário que claramente remete a uma instituição de tratamento.
Patrícia Pillar, o maior nome do elenco, com poucas falas e muito trabalho expressivo, Pillar dá aula de atuação não verbalizada, simplesmente se transforma na personagem e a vive. Temos Lee Taylor sendo o criador de cabras, com um personagem introspectivo, ele distancia-se do seu perfil como ator o deixando bem apático. Zé Carlos Machado, fica com os diálogos mais envolventes e sacanas. Bárbara Luz faz a protagonista Maria, ela entrega o que se espera de seus conflitos, ânsias e martírios. Um maravilhoso começo para sua carreira cinematográfica.
"Unicórnio" é completamente atemporal, temos figurinos de época, às vezes nos deparamos com pequenos detalhes atuais. Há uma linda composição estética em 'Unicórnio', mas o filme dá uma leve escorregada ao oferecer uma trama com poucos diálogos, não se desenvolvendo por completo.
O filme começa de maneira absolutamente deslumbrante, sendo difícil não se envolver com a fotografia de Mauro Pinheiro Jr, com cores fortes e estouradas e com o trabalho de som de Roberto de Oliveira e sua equipe. 'Unicórnio' tem uma poesia visual inquestionável.
Sua mise-en-scène baseada na dualidade entre o confinamento das paredes brancas e a liberdade dos campos, as duas principais locações do filme, no final resulta no mesmo efeito de isolamento e claustrofobia justamente por ser um trabalho tão asfixiado pelas necessidades artísticas do autor.
'Unicórnio' é uma obra que oferece muito ao espectador, mas que claramente poderia oferecer bem mais, ele é por vezes deslumbrante, em outras vazio. O filme é de sensações, onde se respira poesia e se embebeda de uma das fotografias mais impecáveis do cinema nacional.
Candyman 2: A Vingança
2.8 74 Assista AgoraEmbora o filme original, baseado em uma história de Clive Barker, tenha recebido um tratamento cuidadoso do diretor Bernard Rose, Bill Condon rejeitou a ideia de Rose e faz uma típica manobra de franquia de terror, contando a mesma história novamente, embora com um novo protagonista e uma nova localização. No novo filme, dirigido por Bill Condon , há uma tentativa de estabelecer um mundo real em que Candyman não seja possível.
A sequência, dirigida por Bill Condon, coloca outra mulher branca em dúvida encarregada de desvendar as origens do mito do Candyman, apenas para descobrir que ela tem uma profunda conexão pessoal com ele. O filme não se desenvolve, infelizmente, como a paciência e a contenção do filme anterior. Tem uma daquelas trilhas sonoras em que os sons do dia-a-dia são amplificados para constantemente assustamos com alarmes falsos.
Semelhante a outras franquias de terror, os filmes Candyman têm uma mitologia inconsistente. O original descreveu a história de origem do bicho-papão como uma tragédia que se abateu sobre um artista bem-educado que foi confrontado por racistas. A sequência oferece uma explicação diferente: Candyman agora é um escravo chamado Daniel Robitaille. Ele engravidou uma mulher branca e então uma multidão de fazendeiros cortou sua mão e espalhou mel em seu corpo, momento em que um enxame de abelhas anormais o atacou e o picou até a morte. A criança, ao que parece, era ancestral de Annie.
Essa reviravolta leva a algumas possibilidades interessantes, nenhuma das quais os roteiristas Rand Ravich e Mark Kruger estão dispostos a explorar com profundidade. Candyman mata os seus próprios ancestrais, o que não faz sentido e há uma criança que consegue pintar o rosto de Candyman em seus quadros, sem nem sequer ter visto ele. Por que o Candyman visitou Chicago? Por que ele se aproveitou de jovens vítimas negras inocentes que não lhe fizeram mal? O filme deixa tudo no ar sem explicação.
O problema é que ficamos frustrados com a falta de interesse dos cineastas em descobrir o folclore central da história. Candyman merece nossa empatia e se ele estava matando apenas as pessoas responsáveis por sua morte, isso poderia torná-lo um anti-herói do terror. Ainda assim, os cineastas permitem que o personagem mate indiscriminadamente, enquanto as ações de Candyman no original tiveram um objetivo específico: fazer o personagem de Madsen sentir sua dor.
A atuação não é a pior, mas o enredo não ajuda os atores. Tony Todd continua assustador e sua voz profunda e estrondosa é de comando. Kelly Rowan é um pouco mais sólida do que a maioria das “rainhas do grito” e sua personagem não é uma tarefa simples, mesmo que o enredo seja. Veronica Cartwright tem um pequeno papel no filme como a mãe de Rowan e Michael Bergeron retorna como o “especialista” Candyman do primeiro filme.
A história vai longe para desenvolver simpatia pelas terríveis torturas a que foi submetido, como vítima de racismo que ousou amar uma mulher branca. Suponho que Clive Barker ficaria feliz em nos explicar como 'Candyman 2: A Vingança' poderia ser uma declaração contra o racismo. A mensagem pode ser que, porque os escravos foram maltratados, pagamos o preço hoje, talvez toda vez que nos olhemos no espelho e vejamos nosso racismo refletido de volta para nós.
No novo filme, dirigido por Bill Condon, há uma tentativa de estabelecer um mundo real em que Candyman não seja possível. 'Candyman 2: A Vingança' não é um grande filme, mas é um filme adequado. Ele envelheceu melhor do que alguns dos outros filmes de terror do período.
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KEstilo é o que este filme tem, ‘O Labirinto do Fauno’ é cheio de personalidade. Além de uma história super original, a mistura de fantasia com o terror, te prende com um filme de uma forma sem igual, é isso que torna o filme de Del Toro tão poderoso.
O longa é visualmente deslumbrante. As criaturas não se parecem com criações de filmes, mas como pesadelos. A construção dessas criaturas, graças a Deus, não são feitas com efeito especial, tudo é feito através de maquiagens incríveis e impressionantes bem feitas, isso é um dos motivos desse filme ser tão deslumbrante.
Escuro, retorcido e bonito, isso entrelaça a fantasia de conto de fadas com o horror do filme de guerra a um efeito surpreendente. A produção e fotografia do filme avança da perfeição, o elenco está completamente entregue e mergulhado na trama da história. A trilha sonora é bem colocada, fazendo-se saber quais são as sensações que as cenas querem transmitir.
‘O Labirinto do Fauno’ é um dos melhores filmes, porque é uma fantasia rara que impressiona tanto nas cenas da "realidade" quanto nos vôos da imaginação. O diretor Guillermo del Toro evoca deliberadamente a literatura infantil clássica e o cinema, no seu melhor estilo.
O Labirinto do Fauno
4.2 2,9KEstilo é o que este filme tem, ‘O Labirinto do Fauno’ é cheio de personalidade. Além de uma história super original, a mistura de fantasia com o terror, te prende com um filme de uma forma sem igual, é isso que torna o filme de Del Toro tão poderoso.
O longa é visualmente deslumbrante. As criaturas não se parecem com criações de filmes, mas como pesadelos. A construção dessas criaturas, graças a Deus, não são feitas com efeito especial, tudo é feito através de maquiagens incríveis e impressionantes bem feitas, isso é um dos motivos desse filme ser tão deslumbrante.
Escuro, retorcido e bonito, isso entrelaça a fantasia de conto de fadas com o horror do filme de guerra a um efeito surpreendente. A produção e fotografia do filme avança da perfeição, o elenco está completamente entregue e mergulhado na trama da história. A trilha sonora é bem colocada, fazendo-se saber quais são as sensações que as cenas querem transmitir.
‘O Labirinto do Fauno’ é um dos melhores filmes, porque é uma fantasia rara que impressiona tanto nas cenas da "realidade" quanto nos voos da imaginação. O diretor Guillermo del Toro evoca deliberadamente a literatura infantil clássica e o cinema, no seu melhor estilo.
O Insulto
4.1 169Um insulto banal se transforma em tumultos civis e tumultos neste drama do diretor libanês Ziad Doueiri. "O Insulto" é uma divertida mistura de estudo de caráter, impasse entre tribunais e parábola da reconciliação nacional. O filme está enraizado na tensa mistura étnica e religiosa do Líbano e nas cicatrizes não cicatrizadas da Guerra Civil de 15 anos que terminou em 1990.
"O Insulto" é um filme libanês de drama jurídico de 2017 dirigido por Ziad Doueiri e coescrito por Doueiri e Joelle Touma. Foi exibido na seção principal da competição do 74º Festival Internacional de Cinema de Veneza. Em Veneza, Kamel El Basha ganhou a Copa Volpi de Melhor Ator. O longa-metragem foi selecionado para o Melhor Filme em Língua Estrangeira no 90º Oscar.
As performances são sutilmente poderosas aqui, especialmente as de Adel Karam. O seu personagem, Toni, é um homem cuja raiva imprevisível pode ser provocada por um movimento errado, mas o ator infunde o personagem com pathos através dos gestos e expressões faciais sutis.
O filme constrói um bom ritmo entre luta jurídica no tribunal, brigas e ofensas. "O Insulto" perde um pouco sua força quanto abre espaço para um trama familiar e melodramática, embora não seja desperdiçada, entre o casal de personagens Shirine e Toni.
"O Insulto" também decepciona nos seus dez minutos finais, onde uma mensagem sobre a necessidade de unidade nacional que anulou o aguçado instinto dos roteiristas por personagens confiáveis e drama inteligente. Porém, o filme não deixa de ser envolvente.
Ziad Doueiri tem um estilo de direção limpo e visualmente atraente, ele faz filmes no Oriente Médio desde 1998, mas trabalha como assistente de câmera com Quentin Tarantino há anos, e é especialista em desenhar performances coloridas e totalmente investidas de seus protagonistas.
O filme tem muito a dizer sobre a teimosia masculina e a misoginia casual que se esconde por trás da aparente igualdade da sociedade libanesa. O longa-metragem é uma brincadeira ousada e oportuna com o fogo, mas também uma investigação sensível e bem-humorada da fraqueza humana - especialmente do gênero masculino.
Um Tio Quase Perfeito 2
2.6 27'Um Tio Quase Perfeito 2' mais uma vez, abusa do carisma de Marcus Majella, mas o longa se tornou uma fórmula, entregando momentos que perderam fôlego há anos, mesmo nas comédias nacionais. Se o espectador está procurando por algo que ele não precise usar muito o cérebro, o longa é uma ótima opção.
O filme é uma obra simples, tanto do ponto de vista técnico quanto narrativo, optando por enquadramentos estilo televisivo, algo que o cineasta Pedro Antônio Paes tem experiência de sobra, 'Um Tio Quase Perfeito 2' oferece uma trama tão clichê, que tira toda a possível graça que o longa poderia ter, é um filme extremamente previsível.
'Um Tio Quase Perfeito 2' foca no público infantil novamente, porém, tanto público quanto o elenco cresceu, todo o conceito do longa parece ficar um pouco deslocado fazendo a coisa toda soar um pouco esquisita. Sem se aprofundar tanto, o longa traz discussões que acontecem no ambiente de qualquer família.
O roteiro escrito por quatro pessoas tem uma linha argumentativa um pouco problemática, baseada no ciúme de Tio Tony pelo novo “tio” que entra na família, o Tio Beto. Ao longo das uma hora e quarenta de filme o espectador acompanha o comportamento ciumento, infantil e patriarcal do único homem adulto da família, que age como se a irmã devesse precisar de seu consentimento para se casar.
Esse argumento ultrapassado conduz o enredo da comédia até o início do arco final, quando Tony sofre a reviravolta da trama e deve repensar seu ciúme como algo a que ele não tem direito de reclamar a respeito, afinal, sua irmã e seus sobrinhos são donos das próprias vidas. O roteiro é muito baseado naqueles filmes da sessão da tarde dos anos 90 ou 80, é tudo muito bobo.
O filme é simples e nada inovador em todos os sentidos. Com reviravoltas, muitos perdões e redenções, 'Um Tio Quase Perfeito 2' sabe captar o espírito familiar e pode ser divertido para aqueles que estão muito desesperados por entretenimento na pandemia.
Quatro Histórias de Fantasmas
2.7 66É difícil criticar uma obra que é dividida em quatro histórias diferentes e que não se conectam. Eu dividirei essa minha crítica em quatro partes, avaliando as histórias separadamente.
'A Enfermeira e a Paciente' é centrado numa enfermeira, Sameera (Janhvi Kapoor), que é contratada para substituir outra no cuidado a uma senhora, Malik (Surekha Sikri), com grandes problemas de saúde que a impedem de sair da cama e requer ajuda para medicações e banho.
O primeiro conto é simples e se arrasta em sequências descartáveis, não ajudando muito na construção da tensão. Situações insanas e algumas imagens perturbadoras com bons efeitos práticos, garantem um certo desconforto.
A segunda história é 'A Grávida e o Pássaro'. Neha (Sobhita Dhulipala) está grávida de seu primeiro filho, ocupando seus dias no cuidado do sobrinho, Ansh (Zachary Braz), um garoto esquisito que sente muito ciúmes e teme perder o carinho pela chegada da nova criança.
No segundo conto encontramos uma narrativa que explora a mente subjetiva do diretor Anurag Kashyap, na intenção de conseguir um terror psicológico, ele utiliza uma fotografia mórbida. O roteiro aqui não tem a intenção de explicar nada, deixando você livre para interpretar o que está acontecendo.
'A Vila e os Canibais' é o terceiro conto, é a história de um homem (Sukant Goel), que chega a uma cidade fantasma, com apenas dois ocupantes: um menino (Aditya Shetty) e uma garota (Eva Ameet Pardeshi). Eles contam que o pai da menina e os cidadãos de Beesghara devoraram as pessoas daquele lugar, os que não foram devorados tiveram que comer carne humana para viver.
Aqui encontramos uma trama simples. Dibakar Banerjee pareceu fundir todos os filmes do estilo e dessa forma, juntar em uma só obra. 'A Vila e os Canibais' parece uma mistura de uma história dos irmãos Grimm em um cenário pós-apocalíptico cheio de zombies.
Infelizmente, a ambientação não é muito explorada. As cenas são exibidas nuas e cruas, a maquiagem bem cuidada, os bons efeitos práticos, as atuações exageradas e o humor duvidoso ajudam a dar ao conto um clima de produção B. Esse foi o meu melhor conto de 'Quatro Histórias de Fantasmas'.
'A Noiva e a Vovó' é sobre uma jovem recém casada que desconfia que a família de seu noivo pode estar escondendo segredos sombrios. Bem, na verdade eles não fazem muita questão de esconder. Mas nossa doce heroína demora um pouquinho para perceber que sua vida corre perigo.
A última história novamente recorre ao terror tradicional envolvendo fantasmas e contém exatamente o desfecho que todos esperam. O único artifício que salta aos olhos para quem espera um terror inteligente é a falta de jump scares. A maioria das cenas está presente no mundo real, de forma que a tensão não possui o caráter sobrenatural.
Seria muito mais interessante se 'Quatro Histórias de Fantasmas' fosse uma série de quatro capítulos para melhor aproveitar cada história. Se 'Quatro Histórias de Fantasmas' tinha chances de se tornar uma janela curiosa para o cinema indiano, a antologia não fez por merecer.
Um Tio Quase Perfeito
2.7 94Somente pelo seu título já dá para adivinhar aonde o filme chegará. 'Um Tio Quase Perfeito' remete a um monte de longas que já foram vistos, revistos e refeitos. O filme utiliza-se de todos os clichês do gênero comédia dos anos 90 ou 80, ele investe em uma clássica comédia e assume essa narrativa com o objetivo de oferecer uma trama fácil com um humor leve.
O roteiro de Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Leandro Muniz até tenta se aprofundar em alguns pontos na intenção de criticar algo, seja sobre política brasileira, o fato do protagonista dever para agiotas ou até mesmo a importância de uma família unida, no entanto, é tudo retratado superficialmente deixando o filme no raso. Sobre humor, pode ser agradável para alguns, para mim a comédia aqui não funcionou em nada, achei o filme bem sem graça.
'Um Tio Quase Perfeito' não consegue alçar voos maiores. O próprio filme compreende seu objetivo, ser uma diversão leve e descompromissada só para passar tempo. Falta imaginação na direção do diretor, com planos fechados, centrando seu humor apenas no texto fílmico e no talento de seus atores; ou na direção de arte que aproxima o longa de um visual bastante televisivo. O filme acerta com as tomadas externas, a produção fica com uma cara mais real e menos artificial do que outros filmes brasileiros.
Marcus Majella tem carisma para fazer os espectadores ficarem grudados na tela. O ator consegue mostrar talento para comédia e finalmente ganhou a chance de brilhar como protagonista que tanto merecia. O elenco infantil dá um show de simpatia mesmo com pouca idade. 'Um Tio Quase Perfeito' tem uma história muito genérica que em nenhum momento consegue ir além do ‘quase’ e ainda sofre com a falta de humor.
Robin Hood: A Origem
2.8 298 Assista AgoraA mais recente releitura da mitologia ocidental é uma salada completamente incoerente. O roteiro abertamente politizado dos escritores Ben Chandler e David James Kelly, transformam o nobre Robin em um rebelde contra o avarento e covarde presidente Trump.
Um ponto bem negativo de "Robin Hood: A Origem" é o seu guarda roupa, que parece que saiu de um filme de ficção científica. Todo soldado é blindado, roupas de alta costura, uniformes ninjas, tudo simplesmente parece errado!
O diretor Otto Bathurst tem sorte de ter um trio tão atraente quanto Taron Egerton, Jamie Foxx, Jamie Dornan, que inclusive não conseguem salvar o filme. As copiosas sequências de ação do filme são editadas de maneira tão caótica e ilógica que os olhos rapidamente ficam exaustos.
O problema de 'Robin Hood: A Origem' tentar ser tantas coisas, é que nenhuma de suas tentativas realmente dão certo. Na maior parte do tempo, o filme é pateta o suficiente para se divertir um pouco com ele.
Ele é Demais
2.6 203 Assista AgoraNa década de 1990, quando os filmes adolescentes estavam interessados em adaptar obras clássicas da literatura em histórias sobre as dores de estar no colégio, embora não sejam igualmente recebidos pelos críticos, essas adaptações foram imensamente populares e acabaram se tornando verdadeiros clássicos adolescentes.
Dirigido por Mark Waters, 'Ele é Demais' não se desvia muito do esboço básico do original só atualizado com redes sociais e trazendo o mundo irreal dos influenciadores. É difícil escrever sobre o filme, mas ele é um pesadelo, um comentário triste sobre a adolescência atual em dívida com influenciadores contado através da muleta da nostalgia.
Há uma pequena aparição deliciosa feita pelo igualmente encantador Matthew Lillard (que interpretou o cara por quem Taylor deixa Zack no filme original) como o diretor do ensino médio. Lillard parece estar se divertindo muito como o único ator neste filme que possui a capacidade de ser genuinamente engraçado.
A atuação de Rae é tão misteriosa como se ela fosse uma alienígena fazendo o seu melhor para bancar a humana. Cheshire Cat sorri tanto que parece que há alguém atrás da câmera apontando uma arma para ela. Não acho que seja culpa dela e nem acho que ela não leve jeito para isso, mas ela nunca atuou antes, ela simplesmente foi lançada neste filme na esperança de que a viralidade nas redes sociais de alguma forma influencia o filme.
A cinematografia é rasa e sem emoção, o trabalho de câmera é instável e o design de produção parece ter sido filmado para um episódio de sitcom. Não, nenhum dos personagens é simpático e os atores deixam muito a desejar, o que não ajuda muito.
O longa tenta fazer algum tipo de comentário significativo sobre a vida atrás da tela, soando totalmente vazio enquanto sua estrela TikTok tenta moralizar a fachada da presença da mídia social. 'Ele é Demais' faz algumas alterações inteligentes no original e atinge um equilíbrio benevolente entre o antigo e o novo com um leve toque de referências. Seus sentimentos sobre tecnologia tóxica são obsoletos e superficiais. Levando tudo em consideração, a história parece muito tão ultrapassada.
A Maldição da Freira
2.4 97 Assista AgoraA diretora de estreia, Aislinn Clarke, entra de cabeça no gênero com "A Maldição da Freira" e emerge com um horror elegante e trêmulo, ambientado na Irlanda na década de 1960. Com ecos sussurrando pelos corredores do convento, este thriller de baixo orçamento é filmado de forma criativa em 16mm em um formato quadrado e desbotado.
A cineasta mostra-se altamente adepta dos aspectos técnicos. A filmagem deliberadamente áspera parece adequadamente realista e os efeitos de som e iluminação proporcionam um efeito alucinador assustadoramente.
A principal razão para ver 'A Maldição da Freira' é o desempenho excepcional de Roddy como o padre mais velho e cansado que parece pronto para jogar a toalha.
Infelizmente, todo o esforço bem elaborado foi gasto em uma história cansada e excessivamente familiar que nunca se registra como nada além de um compêndio de clichês de filmes de terror. 'A Maldição da Freira' é um filme que eu recomendo assistir apesar de ser mediano.
Ela é Demais
3.1 598 Assista AgoraA indústria cinematográfica com foco em filmes adolescentes poderiam dar um pouco de crédito ao seu público, inventando algo melhor do que uma palhaçada boba. Existem adolescentes com cérebros! E uma vez, pelo menos uma vez, adoraria ver um filme adolescente que não mande uma mensagem de que, para ser aceitável, você tem que se conformar.
Embora existam algumas boas piadas ao longo do caminho, a principal impressão deixada por 'Ela é Demais' é o quão entorpecidamente consistente é sua falta de originalidade. A visão de Pic do ensino médio não tem nada que surpreenda e seus personagens são estereótipos. 'Ela é Demais' tem uma porção de jovens atores atraentes e competentes, mas trabalhando com um enredo pouco original, previsível e extremamente monótono.
O longa é essencialmente uma comédia estereotipada, mas tem reflexos suficientes de originalidade e sagacidade para fazer você desejar que fosse muito mais ousado e engraçado do que acaba sendo. Não há nada para se envergonhar aqui, mas também não há nada do que se orgulhar.
'Ela é Demais' é mais um filme adolescente que reforça todos os estereótipos adolescentes negativos. O longa-metragem é mais um produto para os mais jovens, que parece uma brincadeira de colégio com um enredo que parece ter sido escrito automaticamente por um computador.
Estranho Mas Verdade
3.0 81 Assista AgoraAdaptado de um romance de John Searles, 'Estranho Mas Verdade', possui uma premissa elegante. Mas o thriller inicialmente tenso sofre uma mudança tonal inesperada em um suspense exagerado, perdendo parte de sua tensão claustrofóbica ao longo do caminho.
O diretor Rowan Athale flerta com a linguagem visual do horror antes mesmo da história desviar para um território mais sombrio. O filme consegue aumentar sua tensão, mas toda a sua credibilidade cai por terra. A tensão é deixada de lado para dar lugar a ação de ritmo muito acelerado, nos desconectando com a história.
Os últimos anos já nos proporcionaram várias oportunidades para refletir sobre os notáveis talentos de Margaret Qualley. Anunciar com um rosto doce e sério que ela está milagrosamente tendo o filho de um menino que morreu cinco anos antes, nos faz acreditarmos totalmente nela, ou pelo menos acreditamos que ela acredita em si mesma. Esse é o presente de Qualley nos dá.
'Estranho Mas Verdade' tem uma mistura séria do melodrama angustiado de Pottery Barn e do suspense histérico, em que até o drama doméstico cotidiano parece artificial, sem falar na sequência de reviravoltas idiotas. Ambicioso e oprimido, o filme não consegue decidir que tipo de coisa estranha ele quer ser.
O Jardim Secreto
3.0 92 Assista AgoraEsta nova versão do clássico infantil "O Jardim Secreto", de Frances Hodgson Burnett, é belamente produzida e seriamente representada, especialmente por sua estrela infantil, mas que falta vida, é um exercício gigante de nostalgia familiar em que nenhuma despesa foi poupada para o uso de CGI.
O filme de Munden parece tão impressionante e cinematograficamente majestoso que não podemos deixar de lamentar a perda temporária (embora totalmente necessária) das telas de cinema gigantes hoje em dia, onde este filme pertence e deveria ter sido vivido.
Ao longo do tempo de execução compacto do filme, que habilmente mistura interiores góticos escuros com exteriores brilhantes, o trio de crianças cresce individualmente e se recupera em um sentido visceral com uma pequena ajuda um do outro sob a asa protetora do jardim.
'O Jardim Secreto' é uma história perfeita para 2020, porque mostra um grupo de pessoas traumatizadas que não saem muito, encontram consolo na jardinagem e no ar fresco. Essa versão às vezes prioriza o espetáculo em vez do foco claro do livro em crianças feridas encontrando um novo sopro de vida que nem sempre funciona bem.
O filme pode apenas preencher uma esperança escancarada em suas vidas nos dias de hoje, parecendo um suprimento caloroso e aconchegante de conforto, um santuário de duas horas onde os personagens infantis podem processar as ideias dos adultos em seu próprio ritmo.
A nova versão traz uma história presa ao passado com uma dimensão sombriamente passiva e sem brilho. Não acontece muita coisa aqui. Essas crianças britânicas se queixam umas com as outras. Em seguida, elas saem juntas para o jardim e aí se sentem melhor. Em seguida, elas se insultam e voltam para o jardim.
Mary é interpretada por Dixie Egerickx, de 14 anos, e ela traz o tipo certo de confiança ingênua, moleca e ousadia inocente. A feroz governanta Sra. Medlock, interpretada por Julie Walters, não ganha muitos diálogos. Isis Davies interpreta a empregada Martha, que é simpática. Finalmente, o miserável e corcunda tio Archibald, que é interpretado com um rosnado engolido por Colin Firth.
'O Jardim Secreto' tenta criar um pouco da poesia atmosférica que estava faltando na versão de 1993 de Agnieszka Holland. No entanto, isso apenas o afasta ainda mais da essência do romance. O jardim não é um lugar sobrenatural, mas deveria ser um lugar místico, mas essa nova versão erra ao usar efeitos especiais para dar vida ao famoso jardim.
O filme não confia muito na magia do jardim, adicionando deslumbramento visual e, às vezes, artificialidade, mas quando o filme conta com as crianças e seu relacionamento ainda encontra a magia do livro.
O Grito
1.9 332 Assista AgoraA reinicialização de 'O Grito' de Nicolas Pesce é certamente mais grotesca que o remake americano de Takashi Shimizu em 2004 de seu filme de terror em japonês 'Ju-On: The Grudge'. Nicolas Pesce traz imagens horríveis de cadáveres cheios de vermes, fantasmas vingativos pingando sangue, atos horríveis de violência e suicídios.
'O Grito' é traduzido através de uma paleta de cor amarelo doentio. As entradas lentas da câmera tornam-se menos assustadoras e mais difíceis. O filme tem um elenco incrível de atores, os desempenhos são mais fortes do que se poderia esperar. O diálogo desse terror é seco e sem inspiração.
Embora tente reviver a marca, incluindo novos ingredientes e sangue extra, 'O Grito' é em grande parte, uma reformulação sem novidades. Não há nada empolgante ou particularmente único, o filme é somente mais gore do que os outros filmes anteriores.
Essa trama complicada, com seus fluxos não lineares, parece um recauchutado do remake e um meio barato de aumentar a contagem de corpos e assustar as peças. Todo o salto para frente e para trás pode ser um pouco confuso. O drama policial do filme poderia ser uma forte arma para 'O Grito' sair do clichê, mas só serviu para adiantar o que estava por vir na história.
O filme tem um pouco de foco em seus personagens, há uma tentativa de compartilhar seus dramas, doenças e medos do mundo real. Mas 'O Grito' rapidamente coloca essas preocupações de lado, a fim de se concentrar mais em suas ameaças de terror sobrenaturais. Como resultado, os personagens e a emoção de 'O Grito' acabam apodrecendo junto com seus cadáveres.
As tentativas do filme de expandir a mitologia de 'O Grito' geralmente não funcionam, o filme parece ter ficado sem gás. 'O Grito' é involuntariamente ridículo, mas ainda é possível se divertir com ele.
O Jardim Secreto
4.0 1,2K Assista AgoraAlguns "filmes infantis" são apenas para crianças. Alguns podem ser assistidos por toda a família. Outros são tão bons que nem parecem destinados a crianças, e 'O Jardim Secreto' se encaixa nessa categoria.
'O Jardim Secreto' é baseado no romance de 1911 de Frances Hodgson Burnett, e a diretora Agnieszka Holland cuidou para que o roteiro siga o livro. Holland é um fã declarado da história, tendo-a lido várias vezes quando era criança. O cuidado e esforço tem como resultado uma imagem que é mágica para telespectadores de todas as idades.
O filme tem atuações notáveis, Maggie Smith se destaca, sempre a profissional consumada, é excelente como a governanta desagradável. Com uma cinematografia hipnotizante de Roger Deakins, o filme é visualmente deslumbrante, desde o interior misterioso da Mansão Misselthwaite à fotografia do lapso de tempo de flores desabrochando.
O jardim em si é uma oportunidade florescente que nem o designer de produção Stuart Craig nem o diretor de fotografia Roger Deakins perderam. Eles fazem este filme, rodado em várias locações inglesas, constantemente lindo, mesmo no seu aspecto mais sombrio.
Como todas as grandes histórias para crianças, 'O Jardim Secreto' contém verdades poderosas logo abaixo da superfície. Sempre há um nível em que a história conta às crianças mais do que apenas eventos; é contar a eles sobre a natureza da vida.
'O Jardim Secreto' combina drama, fantasia e um pouco de terror gótico leve. Mesmo sem muita história, o longa se destaca em sua qualidade técnica. É um filme infantil com um fino senso de magia (sem fantasia) e uma grande dose de sentimento (sem sentimentalismo). O longa é uma obra de beleza, poesia e profundo mistério.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
3.9 664 Assista Agora'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' é um bom, mas não um ótimo filme da Pixar, com um enredo sincero, embora emocionalmente manipulador, há muita magia do cinema para impulsioná-lo adiante.
A história do filme é bastante básica, mas resume o que os filmes da Pixar fazem bem: pegue uma história sincera, simples e coloque-a em um mundo mágico. A Pixar tem um histórico comprovado de combinação de uma boa história com elementos fantásticos para criar filmes que enchem o público de admiração.
'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' não é tão bom em esconder sua intenção para que, quando os momentos sinceros cheguem, mesmo que eles acertem os espectadores, eles sejam facilmente reconhecidos como manipulação emocional.
O filme apresenta personagens bem desenvolvidos e um mundo totalmente mágico que se vira de cabeça para baixo. O que realmente leva os espectadores ao redor desse mundo são Ian e Barley e seu complicado relacionamento fraternal. Por seu lado, Holland e Pratt trazem muito coração e humor aos seus papéis.
O problema com o roteiro de Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin é que nada do que acontece na jornada dos personagens é particularmente engraçado ou emocionante e a escrita é pouco inteligente.
O ritmo de 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' é tão acelerado, que o público mal sente que duas horas se passavam no momento em que os créditos aparecem, já que o filme mergulha tão efetivamente os espectadores na história e no mundo e o mantém em movimento.
Embora 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica' possa não ser o filme mais forte da Pixar, ele ainda oferece tudo o que os fãs esperam de um filme de animação produzido pelo estúdio. O filme é um passeio divertido, desde que o público se deixe levar pela magia de 'Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica'.
O Homem nas Trevas 2
3.0 467 Assista Agora'O Homem nas Trevas 2' é uma sequência que não parece entender o que tornou o primeiro filme interessante. No primeiro, alguns jovens ladrões invadiram a casa de um cego pensando que o resultado seria fácil. Infelizmente para eles, o cego era uma espécie de máquina de matar imparável. Ele não pode ver, mas todos os seus outros sentidos estão aguçados e ele os usa para assassinar pessoas brutalmente.
O cego, Norman Nordstrom não é mais um personagem misterioso. O público já conhece seus crimes, Lang é uma presença física efetivamente imponente, mas seu personagem continua sendo um problema que o filme não é capaz de resolver. Um estuprador é menos perverso se cuida de cachorros? Um sequestrador é menos malvado se cuidar de quem sequestrou?
A resposta para todas essas perguntas é um óbvio não, mas talvez um filme mais inteligente tivesse sido capaz de peneirar essa obscuridade moral e sair do outro lado com um final menos adequado do que este. O personagem não é somente um cego imperfeito e limitado, mas em 'O Homem nas Trevas 2' ele se torna quase que um super herói, o que tirou toda a graça do filme.
Existem alguns truques cinematográficos que funcionam bem aqui, proporcionando uma experiência cinética, desorientadora e taciturna. A câmera segue de perto a ação, girando e girando enquanto as pessoas voam pelas janelas, caem das escadas e perseguem umas às outras por portas e corredores escuros como breu.
A cinematografia também é capaz de construir aquela tensão característica que tornou o primeiro filme tão eficaz. A câmera está sempre estrategicamente posicionada para revelar ao espectador quem está na sala e o que está para acontecer, enquanto os próprios personagens não têm ideia do que esperar. Isso funciona em conjunto com o design de som do filme, que é capaz de equilibrar cuidadosamente o uso do silêncio com uma trilha sonora dramática.
Ao combinar essas escolhas de estilo com uma narrativa substantiva prova ser um ato de equilíbrio desafiador para o diretor estreante Rodo Sayagues. Ele se esforça para criar um vínculo emocional entre nós e os personagens, mas ele não consegue atingir esse objetivo.
Em vez de solidificar os tipos de conexões de que precisa para sustentar seus 90 minutos de duração, 'O Homem nas Trevas 2' depende de diálogos desajeitados, personagens subdesenvolvidos e uma série de escolhas previsíveis. No terceiro ato, as reviravoltas reveladas parecem mais piadas de mau gosto do que pontos de trama que aumentam a tensão.
Mesmo que o sangue derramado e a violência seja copiosa, a falta de credibilidade que conduz a decisão de cada personagem deixa as coisas um pouco vazias. 'O Homem nas Trevas 2' não é uma boa sequência, o longa prova que nem sempre precisamos de uma continuação.
Luce
3.2 80 Assista AgoraBaseado em uma peça de JC Lee 'Luce', o terceiro filme de Julius Onah como diretor, parece um foco dividido. Por um lado, quer dizer algo sobre preconceito racial e conformidade com os padrões de um estabelecimento branco, por outro, aprecia as reviravoltas absurdas e o tom aguçado de um thriller de vingança de campo e sente-se constantemente preso entre esses dois modos.
É o desempenho de Spencer que acaba acumulando a maior parte do calor do filme. Onde as outras caracterizações oscilam ou se agitam, a dela se aprofunda, se intensifica e é abalada pela guerra de ideias.
Mesmo com performances extremamente fortes em geral, muito do diálogo parece exagerado, o filme se torna cada vez mais desequilibrado, à medida que adiciona uma reviravolta após a outra, revelando as verdadeiras (e muitas vezes absurdas) profundidades da decepção de Luce.
Se 'Luce' é parcialmente sobre como as aparências podem enganar, é também sobre como as expectativas podem ser terrivelmente prejudiciais. Todo mundo espera a grandeza de Luce, e ele não os decepcionou até agora. Mas, sob o peso de tanta pressão, podemos sentir o grito quase sufocado de sua alma.
'Luce' é um quebra-cabeça perfeitamente construído, um tecido envolvente de drama suburbano e unidade sociopolítica. É também, sem desculpas, um filme de tese, no qual até pequenas conversas podem acelerar o discurso. O filme não é nada senão um iniciador de discussões, com muitas provocações quentes para ser descartada.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraO filme começa com uma reviravolta, a história aqui é contada através da perspectiva de criminosos, não de vítimas. A partir daí, Fede Alvarez segue o que parece um caminho familiar, um jogo de sobrevivência.
O roteiro faz um trabalho sólido com a difícil tarefa de manter a tensão constante em uma situação física e conceitualmente contida, lançando novos desafios desagradáveis aos personagens, um após o outro, sem nunca ficar muito agitado ou exagerado.
Com o silêncio exigido para os protagonistas que sobrevivem a um perseguidor de ouvidos atentos, não há muito diálogo em 'O Homem nas Trevas', permitindo que o diretor e sua equipe limitem totalmente um jogo de gato e rato em termos viscerais.
Os personagens e a câmera de Fede Alvarez navegam em seu mundo como um jogador de algum RPG ou jogo de tiro em terceira pessoa navegaria em um ambiente 3D contínuo, controlando tanto um avatar quanto a própria perspectiva através da qual a ação é vista.
A câmera rodando de Pedro Luque, os interiores decrépitos do designer de produção Naaman Marshall, a trilha sonora de Roque Banos e as contribuições de três editores reconhecidos ajudam a criar uma espécie de jogo de sobrevivência labiríntico que nunca desce ao sadismo estereotipado e enigmático.
Existe uma cena bem legal em 'O Homem nas Trevas'. O Cego tem o bom senso de desligar as luzes do porão enquanto tenta caçar os ladrões que invadiram sua casa. O diretor Alvarez então filma a sequência em um tom acinzentado que parece visão noturna. Os personagens tropeçam com os olhos arregalados e os dedos abertos, tateando em meio à desordem.
Há um ponto de trama terrivelmente estúpido envolvendo estupros e a violência, uma vez que começa, é terrivelmente brutal, prolongada e totalmente não sobrenatural. O roteiro, de Alvarez e Rodo Sayagues, aumenta constante e inventivamente a tensão do roubo e do jogo de gato e rato, pelo menos até que tudo fique um pouco ridículo no final.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraQuando Denis Villeneuve assinou contrato para dirigir uma versão do clássico romance de ficção científica de Frank Herbert, ele sem dúvida estava ciente da longa e muitas vezes torturada história do livro em Hollywood. Poderia Villeneuve, finalmente, fazer justiça ao conto de Paul Atreides? Não exatamente. Apesar de todas as suas imagens incríveis e boas interpretações, esta versão de 'Duna' não se aglutina totalmente.
Denis Villeneuve e seus co-roteiristas Jon Spaihts e Eric Roth tomaram a decisão aparentemente sensata de dividir o romance em dois filmes separados. O resultado dessa divisão não é apenas uma licença para permitir que muitos dos momentos menores do livro ou personagens secundários respirem, mas também para ser mais devoto ao trabalho do autor Herbert.
O elenco é sólido e cheio de rostos familiares oferecendo boas interpretações. A escalação de atores carismáticos como Momoa e Brolin ajuda a trazer humor ao filme, aqui o roteiro soube se beneficiar do carisma desses atores para trazer um pouco mais de calor e emoção ao longa.
Denis Villeneuve mais uma vez apresenta o feito mais consistente e impressionante de seus filmes: o design. Do fascínio imponente e anônimo das mulheres da Bene Gesserit, às vastas e variadas paisagens, estranhos espaços e aeronaves, à pura emoção de assistir coisas gigantes explodirem ou até mesmo a própria especiaria enquanto brilha na superfície de Arrakis, nenhum detalhe é poupado para nos imergir neste mundo fantástico.
Sabemos que o que funciona em um romance literário pode não funcionar em forma de filme e vice-versa, é o maior erro de Villeneuve com 'Duna: Parte Um', é que no ato dois tudo parece disforme e trabalhoso, como se o filme não fosse bem saber como ou onde termina. A história perde o pulso e o sentido de que estamos emocionalmente investidos nele.
'Duna: Parte Um' é um triunfo no que diz respeito a seus visuais e som, mas há uma falta de forma na última parte do filme que o arrasta para baixo e o desvia de sua beleza.
Carros 3
3.6 316 Assista Agora"Carros 3" surpreende não por ser muito bom, mas porque assisti ele com uma expectativa baixa. A cena do acidente do Relâmpago McQueen é poética. A escolha de fazer uma cena silenciosa faz a tensão brotar quase que automaticamente. Uma cena muito bem pensada e executada.
Os diálogos são bem feitos, o roteiro tem uma estrutura que funciona legal no começo e da metade do filme para frente é mais ou menos. Na metade do filme já sabemos como será o final dele, é previsível, principalmente nos dias atuais, onde é normal beberem da fonte de protagonista masculino passarem o bastão para protagonistas femininos. "Carros 3" é exatamente igual ao filme "Logan" em suas primícias.
O filme é para os dois públicos crianças e adultos. O filme é dinâmico e colorido, o que funciona para os pequenos. Mas a história de que McQueen está velho e agora precisa se adaptar a uma nova geração, somente quem é adulto consegue se projetar no filme.
A Pixar está errando a mão em seus filmes, mas "Carros 3" dá para colar um selo de qualidade Pixar, mas passa raspando. A criançada vai adorar com certeza, um filme que vale a pena principalmente para quem é amante da história.
Nada de Novo no Front
4.0 614 Assista AgoraA obra-prima vencedora do Oscar de 1930 sobre a insensatez da Primeira Guerra Mundial, "Nada de Novo no Front" de Lewis Milestone, é um filme quase intocável. Sua visão incrivelmente progressista da Grande Guerra como violência inútil em nome de um país que só via você como um par de botas e um rifle era tão universal e atemporal naquela época quanto é agora.
"Im Westen nichts Neues" (Nada de Novo no Front) é um longa-metragem anti-guerra alemão, com coprodução dos Estados Unidos, lançado em 2022, também adaptado do romance homônimo de 1929, de Erich Maria Remarque. Dirigido por Edward Berger, é estrelado por Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Daniel Brühl, Sebastian Hülk, Aaron Hilmer, Edin Hasanovic e Devid Striesow. O filme teve estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 12 de setembro de 2022, e foi lançado mundialmente no streaming da Netflix em 28 de outubro de 2022.
Em agosto de 2022, o filme foi anunciado como o representante da Alemanha na categoria de Melhor Filme Internacional para o Oscar 2023. O filme foi indicado a nove categorias, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. Venceu 4 categorias: Melhor Filme Internacional, Melhor Trilha Sonora, Melhor Design de Produção e Melhor Fotografia.
Os roteiristas Ian Stokell, Lesley Paterson e Edward Berger (também diretor) se desviaram significativamente da obra original, mas a estrutura básica da história ainda está em vigor. A versão 2022 de Edward Berger torna-se ainda mais necessária não apenas por suas conquistas cinematográficas, mas porque marca a primeira adaptação cinematográfica em língua alemã do romance de Erich Maria Remarque.
"Nada de Novo no Front" de Edward Berger aproveita ao máximo o que a tecnologia moderna trouxe para o cinema, mantendo a exploração assombrosamente íntima da psique desses soldados. Ele não se perde na emoção de filmar grandes sequências de ação, ou organizar todos os componentes no quadro para que tudo flua como dominós em cascata. Em vez disso, ele se baseia inteiramente nos sentimentos de seus personagens e nos mínimos detalhes.
O longa-metragem sai do campo de batalha e segue Paul e sua equipe, para um par de histórias complementares focadas em Matthias Erzberger (Daniel Brühl) enquanto ele negocia o armistício, e o cruel General Friedrichs (Devid Striesow) – que luta para encontrar uma identidade fora da guerra. Esses dois arcos parecem um tanto supérfluos quando comparados à atração emocional do impulso principal do filme, mas servem ao seu propósito de adicionar um contexto histórico mais amplo ao filme, bem como transmitir o completo distanciamento entre a realidade horrível da linha de frente e os jogos de poder frio dos homens no comando.
"Nada de Novo no Front" é um filme completo, com uma visão clara, uma série de cenas inesquecíveis e uma teia de personagens fantásticos. Ele definitivamente depende mais do poder das imagens e do simbolismo do que das palavras e discursos, o que foi, em última análise, o movimento certo dada a sociedade hiper visual de hoje e a qualidade nítida das câmeras modernas.
O longa-metragem é lindamente filmado e evocativo durante a maior parte de seu tempo de execução, mas fica um pouco repetitivo no final. Estica muito para um final que parece um pouco inventado em comparação com tudo o que veio antes. Ao evocar formas mais tradicionais de tragédia, ela vende um pouco as particularidades de sua própria história. Para uma história sobre a insensatez e o absurdo da guerra, a simetria só diminui isso.
Esse é um filme de guerra quase impecável que preenche todas as caixas do que o gênero exige, mantendo a abordagem anti-guerra subversiva do material de origem. É visualmente impressionante, acima de tudo, o diretor Berger entrega uma experiência cinematográfica arrepiante que deve se tornar obrigatória.
Carros 2
3.1 858 Assista AgoraO que Pixar estava na cabeça ao fazer "Carros 2"? Meu Deus um filme Pixar sem qualidade Pixar é até difícil de se acreditar.
A trama de "Carros 2" não é focada e cheio de infelizes clichês em seu roteiro. Colocar o herói McQueen de plano de fundo para deixar aparecer as aventuras de espiões com Mate, não funcionou e o Mate não é um personagem que tem força para sustentar uma história, não uma história de McQueen.
Carros falantes é bem difícil de engolir e a Pixar conseguiu convencer no primeiro filme, mas aqui, ela destrói o mundo adicionando aviões falantes também.
Os personagens não são explorados e o mundo também não. O foco de "Carros 2" é explosões e cenas de ação. Os pequenos vão curtir demais, mas o filme é superficial.
Na verdade, ao ver a quantidade de brinquedos e jogos lançados de "Carros" conseguimos entender o porquê de "Carros 2", sim um filme focado para venda de brinquedos, esse é o motivo dele existir.