"Io non so che cos'è una casa. Un cappotto? O è un ombrello se piove? L'ho riempita di bottiglie stracci anatre di legno tende ventagli Sembra che non voglia uscire mai. Allora è una gabbia? Che chiude tutti quelli che passano anche un uccello come te sporco di neve Ma la roba che ci siamo detti è così leggera che non resta chiusa qui"
E a tradução da poesia, contrariando Tarkovsky:
"Não sei o que é uma casa. É um abrigo? Ou um guarda-chuva quando chove? Eu a enchi de garrafas, farrapos, patos de madeira, cortinas, leques Parece que não quero abandoná-la nunca. Então é uma jaula? Que aprisiona qualquer um que passe por ela Inclusive um pássaro como tu, sujo de neve Mas o que contamos um ao outro É tão leve que não pode ser retido no interior."
"Eu não tenho medo pois conheço o lugar onde moram os deuses. A vida da sua mãe já está e sempre vai estar entrelaçada com a sua vida. Essa não é apenas a minha vida. Estamos entrelaçadas. E quando você der a luz a alguém, quando tiver um bebê, ele vai estar entrelaçado também. Por isso não tenho medo."
A qualidade que mais me atrai nos filmes da Naomi Kawase é essa leveza, essa calma com que ela conta as suas histórias. Em momento algum Kawase tenta forçar sentimentos no público, nos guiar por algum caminho predeterminado, rígido (Um defeito comum em tantos diretores). Somos nós, espectadores, que temos que permitir que filmes como Suzaku, Shara, Mogari no Mori ou Hanezu nos toquem, numa relação espontânea. Talvez seja isso que aconteça com os jovens personagens desse filme em particular, um aprendizado espontâneo. Futatsume no Mado, entre outros temas, trata do amadurecimento, crescimento espiritual. Ao longo do filme Kaito e Kyoko exploram seu mundo interior, sua sexualidade, se tornam conscientes da sua própria essência, sua ligação com a natureza, com a sua família. Vivenciam sentimentos de inadequação, amor, rejeição, perda. "Aprendem a ser adultos", de fato.
Assim como Andrei Tarkovsky, seu diretor preferido, Kawase parece cada vez mais interessada em retratar questões do espírito, e nossa profunda ligação com o ambiente. O conhecimento que os protagonistas (e também os espectadores mais atentos) formam ao final desse filme não pode ser facilmente verbalizado, nós acompanhamos a formação de um conhecimento sensorial, uma sensibilidade poética. Acredito que esse seja o elemento principal do filme.
Enquanto Tarkovsky buscava no cristianismo uma sustentação pra sua visão de mundo, creio que Kawase faça o mesmo com o xintoísmo e o budismo zen. As últimas cenas Futatsume no Mado, que talvez sejam as mais belas da carreira da diretora, me lembraram esse trecho de um sermão do Bodhidharma, criador do budismo zen: "Buda, em sânscrito, significa 'consciente', 'miraculosamente consciente'. Responder, perceber, franzir a testa, piscar os olhos, mover suas mãos e pés, tudo isso faz parte da sua natureza miraculosamente consciente. E essa natureza é a mente. E a mente é o Buda. E o Buda é o caminho. E o caminho é zen. Perceber a sua natureza é o único caminho pra atingir o zen. Esse caminho é sublime. Não pode ser expressado através da linguagem."
Futatsume no Mado vai parecer ingênuo pra um espectador que o veja de má vontade. Realmente, o filme tem uma pureza quase infantil, mas não acredito que isso seja um defeito.
Enfim, maravilhoso ver a Kawase evoluindo ainda mais como artista.
"Parece que a arte influencia o público não por contágio, mas por uma espécie de iluminação ética, pelo encontro com o mundo dos artistas... Isso tem tanto impacto na alma humana que provoca mudanças, e alguém que viu ou leu uma obra de arte, não pode mais ser o mesmo de antes."
"É difícil dar conselhos. Mas o mais importante que eu poderia dizer a jovens diretores, é para aprender a não separar seus trabalhos, seus filmes, ou o cinema em geral, da vida como ela é. Uma pessoa deve evitar vácuos entre seus trabalhos, seus filmes, e seus atos. Isso porque um cineasta é como um poeta ou um músico, e o total auto-sacrifício é necessário. Eu gostaria de dizer aos jovens cineastas para serem moralmente responsáveis pelos atos que eles intencionam a passar na tela. Isso é o mais importante. Eles devem se acostumar à idéia de que essa é uma arte séria, difícil, com grandes sacrifícios.
É você que deve pertencer à arte, e não o contrário."
Link pra download: http://kickass.to/sokurov-moskovskaya-elegiya-aka-moscow-elegy-t454576.html
Um pouco triste em ver que a maioria dos homens comentando aqui não conseguiram captar o que Under the Skin tem a dizer sobre relações de gênero, misoginia, auto imagem feminina, o olhar masculino sobre as mulheres. A crise de identidade da personagem da Scarlett Johansson se inicia não só após sua percepção da complexidade das emoções humanas mas também de opressões específicas. Ela passa a se reconhecer como humana e como mulher, e se dá conta de como o seu gênero define o seu lugar no mundo.
É meio ridículo que logo um filme como esse que tem tanto a dizer sobre identidade feminina, e as várias formas de violência sofridas por mulheres, fique conhecido como "aquele da Scarlett Johansson pelada".
Um grande trabalho do Glazer, espero que continue sendo discutido ao longo dos anos.
O Mestre das Marionetes
3.6 5Um filme profundamente subestimado. Fotografia e estrutura narrativa incríveis. Mudou minha forma de enxergar as possibilidades do cinema.
A maior obra do Hou ao lado de A Cidade do Desencanto.
Nostalgia
4.3 185Os versos de Tonino para Andrei:
"Io non so che cos'è una casa. Un cappotto? O è un ombrello se piove?
L'ho riempita di bottiglie stracci anatre di legno tende ventagli
Sembra che non voglia uscire mai. Allora è una gabbia?
Che chiude tutti quelli che passano
anche un uccello come te sporco di neve
Ma la roba che ci siamo detti
è così leggera che non resta chiusa qui"
E a tradução da poesia, contrariando Tarkovsky:
"Não sei o que é uma casa. É um abrigo? Ou um guarda-chuva quando chove?
Eu a enchi de garrafas, farrapos, patos de madeira, cortinas, leques
Parece que não quero abandoná-la nunca. Então é uma jaula?
Que aprisiona qualquer um que passe por ela
Inclusive um pássaro como tu, sujo de neve
Mas o que contamos um ao outro
É tão leve que não pode ser retido no interior."
Faces
4.1 62Poesia bruta.
Hanezu
3.7 13Permanência e transitoriedade. Apego e distância.
A obra prima de Naomi Kawase.
A Mulher da Areia
4.5 96Eiji Okada e Kyôko Kishida certamente a dupla mais g@t@ do cinema japonês.
O Segredo das Águas
3.8 64 Assista Agora"Eu não tenho medo pois conheço o lugar onde moram os deuses. A vida da sua mãe já está e sempre vai estar entrelaçada com a sua vida. Essa não é apenas a minha vida. Estamos entrelaçadas. E quando você der a luz a alguém, quando tiver um bebê, ele vai estar entrelaçado também. Por isso não tenho medo."
A qualidade que mais me atrai nos filmes da Naomi Kawase é essa leveza, essa calma com que ela conta as suas histórias. Em momento algum Kawase tenta forçar sentimentos no público, nos guiar por algum caminho predeterminado, rígido (Um defeito comum em tantos diretores). Somos nós, espectadores, que temos que permitir que filmes como Suzaku, Shara, Mogari no Mori ou Hanezu nos toquem, numa relação espontânea. Talvez seja isso que aconteça com os jovens personagens desse filme em particular, um aprendizado espontâneo. Futatsume no Mado, entre outros temas, trata do amadurecimento, crescimento espiritual. Ao longo do filme Kaito e Kyoko exploram seu mundo interior, sua sexualidade, se tornam conscientes da sua própria essência, sua ligação com a natureza, com a sua família. Vivenciam sentimentos de inadequação, amor, rejeição, perda. "Aprendem a ser adultos", de fato.
Assim como Andrei Tarkovsky, seu diretor preferido, Kawase parece cada vez mais interessada em retratar questões do espírito, e nossa profunda ligação com o ambiente. O conhecimento que os protagonistas (e também os espectadores mais atentos) formam ao final desse filme não pode ser facilmente verbalizado, nós acompanhamos a formação de um conhecimento sensorial, uma sensibilidade poética. Acredito que esse seja o elemento principal do filme.
Enquanto Tarkovsky buscava no cristianismo uma sustentação pra sua visão de mundo, creio que Kawase faça o mesmo com o xintoísmo e o budismo zen. As últimas cenas Futatsume no Mado, que talvez sejam as mais belas da carreira da diretora, me lembraram esse trecho de um sermão do Bodhidharma, criador do budismo zen: "Buda, em sânscrito, significa 'consciente', 'miraculosamente consciente'. Responder, perceber, franzir a testa, piscar os olhos, mover suas mãos e pés, tudo isso faz parte da sua natureza miraculosamente consciente. E essa natureza é a mente. E a mente é o Buda. E o Buda é o caminho. E o caminho é zen. Perceber a sua natureza é o único caminho pra atingir o zen. Esse caminho é sublime. Não pode ser expressado através da linguagem."
Futatsume no Mado vai parecer ingênuo pra um espectador que o veja de má vontade. Realmente, o filme tem uma pureza quase infantil, mas não acredito que isso seja um defeito.
Enfim, maravilhoso ver a Kawase evoluindo ainda mais como artista.
Ao Mar
4.1 19Tudo que vocês precisam saber sobre a vida tá nesse filme. É só prestar atenção.
Melancolia de Moscow
3.9 5Palavras do Tarkovsky:
"Parece que a arte influencia o público não por contágio, mas por uma espécie de iluminação ética, pelo encontro com o mundo dos artistas... Isso tem tanto impacto na alma humana que provoca mudanças, e alguém que viu ou leu uma obra de arte, não pode mais ser o mesmo de antes."
"É difícil dar conselhos. Mas o mais importante que eu poderia dizer a jovens diretores, é para aprender a não separar seus trabalhos, seus filmes, ou o cinema em geral, da vida como ela é. Uma pessoa deve evitar vácuos entre seus trabalhos, seus filmes, e seus atos. Isso porque um cineasta é como um poeta ou um músico, e o total auto-sacrifício é necessário. Eu gostaria de dizer aos jovens cineastas para serem moralmente responsáveis pelos atos que eles intencionam a passar na tela. Isso é o mais importante. Eles devem se acostumar à idéia de que essa é
uma arte séria, difícil, com grandes sacrifícios.
É você que deve pertencer
à arte, e não o contrário."
Link pra download: http://kickass.to/sokurov-moskovskaya-elegiya-aka-moscow-elegy-t454576.html
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraUm pouco triste em ver que a maioria dos homens comentando aqui não conseguiram captar o que Under the Skin tem a dizer sobre relações de gênero, misoginia, auto imagem feminina, o olhar masculino sobre as mulheres. A crise de identidade da personagem da Scarlett Johansson se inicia não só após sua percepção da complexidade das emoções humanas mas também de opressões específicas. Ela passa a se reconhecer como humana e como mulher, e se dá conta de como o seu gênero define o seu lugar no mundo.
É meio ridículo que logo um filme como esse que tem tanto a dizer sobre identidade feminina, e as várias formas de violência sofridas por mulheres, fique conhecido como "aquele da Scarlett Johansson pelada".
Um grande trabalho do Glazer, espero que continue sendo discutido ao longo dos anos.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista Agora... pation.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraI see you shiver with antici...
Gosto de Cereja
4.0 222 Assista Agora"Ser infeliz também é um grande pecado."
Hiroshima, Meu Amor
4.2 313 Assista Agora"Como você, eu sou dotada de memória. Eu sei o que é esquecer.
Como você, eu também tenho lutado com todas as minhas forças, para não esquecer. Como você, eu esqueci.
Como você, eu ansiava por uma memória além de consolação, uma memória de sombras e de pedra."
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraNOTA MIIIIIILLLLLLL
As Coisas Simples da Vida
4.3 119Lindo e delicado <3