"Me chame pelo seu nome" é a cara do cinema europeu: cativante, belas sequências e histórias sem grandes reviravoltas. O que pode ser considerado "chato" para alguns, expressa a arte de um ponto de vista diferente. O romance LGBT entre Elio, muito bem interpretado por Timothee Chalamet, e Oliver (Armie Hammer) é cativante e você torce para acontecer. Eles explodem na tela com muita fofura e cumplicidade. A história é bem simples e somos convidados a degustar de cada etapa do casal, um passo de cada vez, ambientado pelo interior da Itália. Como eu disse antes, o ritmo a trama é lento. Alguns diálogos não me encantaram e tive a impressão em alguns momentos de ter perdido alguma coisa, mas nada disso tira o impacto da beleza do filme. A química entre Chalamet e Hammer é paupável e isso não é fácil de encontrar. É um belo filme e certamente merece as críticas positivas que está recebendo, mas com certeza é um filme que não é para qualquer um.
Todo mundo ama palhaços e muita gente ama Stephen King, certo? Talvez por isso quando o novo "It: A Coisa" estrou causou um frisson entre todo mundo para aclamar o novo grande filme de terror de 2017.
Demorei um pouco para assistir, mas finalmente o fiz e tive uma baita decepção com o longa.
Primeiro de tudo:o filme tem uma direção incrível de Andy Muschietti e atuações muito boas. Isso é incontestável e indiscutível. O problema pra mim é o filme em si.
As mais de duas horas do longa não são suficientes para comportar o enredo e isso resulta em uma série de cenas corridas e cheias de coisas acontecendo. Você percebe de cara que precisa conhecer cada um dos personagens - principalmente os participantes do "Clube dos Perdedores" para que o horror causado por Pennywise (Bill Skarsgård), o palhaço dançarino, tenha efeito. Muito bem, temos 7 crianças que tem seus medos próprios e Pennywise ataca através deles. São 7 medos que temos que absorver rapidamente para que a história possa fluir e, acreditem, isso não é fácil. As cenas de apresentação são tão atropeladas que quando você entende uma já tem mais duas pra você digerir e isso torna a primeira parte do filme confusa. E a confusão rouba o impacto que as cenas causariam. E a bola de neve começa. Aliás, isso eu vejo como um outro problema: filmes de terror dependem do espectador criar empatia com os personagens para que possam assustar e os medos apresentados em "It" são bem específicos. Por exemplo: quem é a entidade que assusta Stanley (Wyatt Oleff)? O medo de leprosos de Eddie (Jack Dylan Grazer) faz sentido? Que trauma assombra Mike (Chosen Jacobs)? Quando essas respostas vem a tona, não tem o impacto necessário, a não ser que você tenha esse medo realmente. E com essa falta de empatia do medo, o filme perde a conexão com o espectador.
Os personagens são rasos e você não consegue entender a lógica deles. O Patrick de Owen Teague é apenas um grande babaca? Há alguma motivação para seus atos? Ele é louco? Ninguém sabe, ninguém viu.
Logicamente que adaptar um livro de quase 1100 páginas não é mole, mas acredito que o roteiro deixou muito a desejar e o trabalho de Andy e dos atores não foi o suficiente para compensar.
"It: A Coisa" é um filme de terror mediano, que carece de impacto e do terror que vende. O maior medo que ele causa é o de se arrepender de estar dedicando duas horas para assisti-lo. Culpa de Pennywise, o palhaço dançarino?
Depois de tantos anos, meu Jigsaw tá vivo. "Jogos mortais: Jigsaw" retoma a franquia de terror iniciada nos anos 2000 com um dos maiores acertos para mim: Tobin Bel participativo demais no filme. Por mais que amamos a Amanda (Shawnee Smith) e detestamos Hoffman (Costas Mandylor) com todas nossas forças, a essência de "Jogos mortais" é o personagem John Kramer. O oitavo filme da franquia parece não ter um hiatus tão grande desde o antecessor, ainda mantém o roteiro ágil e inteligente e surpreende os fãs e os novos espectadores. Como nos filmes anteriores, nada é por acaso. Seja um corte de cena ou na pele das vítimas, Jigsaw é um dos assassinos mais inteligentes do cinema e esse novo filme reafirma isso. Você se perde tentando desvendar o principal enigma do longa e ele te surpreende no final, como a gente espera que aconteça. Há infelizmente alguns furos no roteiro que me deixaram bem confusos.
Por exemplo: se o jogo se passou há 10 anos, por que a gravação está em HD e o Billy tem olhinhos que acendem, se quando o próprio Jigsaw de John estava em atividade seus planos usava um VHS e um boneco mais simples? Não "bate" com as ferramentas da época onde esse jogo ocorreu, que - pela armadilha do urso reversa que está sendo construída - acredito que tenha sido antes do jogo com Amanda.
O longa tem o tamanho exato que contar a história que precisa sem muita enrolação - coisa que Jogos Mortais sempre fez bem. Pela quantidade de vítimas achei que teriam poucas mortes, mas que pretensão a minha, rsrs.
"Jogos Mortais: Jigsaw" coroa a volta de Jigsaw e da franquia e deixa uma brecha ótima para uma nova continuação. Há perguntas que permaneceram suspensas no ar...
Cadê Lawrence (Cary Elwes)? A serra que apareceu no quarto é a serra que foi tirada do alcance de Hoffman no sétimo? Quem eram os dois ajudantes de Lawrence no final do sétimo? Lawrance, Amanda, Hoffman e Logan (Matt Passmore) se conheciam e sabiam que todos eram seguidores de Jigsaw? P.S.: Eu sei que Amanda e Hoffman provavelmente não sabiam de Lawrence, mas será que Logan sabia? Muitas perguntas, rs.
..., mas quem sabe se a resposta não está vindo em breve? Para quem achava que a franquia estava cansada e desgastada, talvez seja a hora de se deixar capturar novamente pela armadilha do filme e valorizar o legado de Jigsaw. Quem sabe onde você poderá despertar logo mais?
Pensa um filme com temática LGBT cuja história não gira no protagonista ser gay. Essa é a pegada de "Handsome Devil". Dirigido por John Butler, o longa mostra a vida e as dificuldade enfrentadas por Ned (Fionn O'Shea) na escola. Ned é um garoto sensível, que curte música, literatura, é esquisito e tem um verdadeiro ranço por esportes, no caso o rugby, esporte oficial de sua escola, o suficiente para ser o "gay" da escola, como em toda escola. Pouco importa se ele é mesmo, o fato que se encaixando nesse perfil, automaticamente ele é e pronto. O mais louco é que em nenhum momento o filme dá certeza sobre a sexualidade dele. Ele pode ser gay realmente ou não. Tudo ia "bem" até ele ser obrigado a dividir seu dormitório com Conor (Nicholas Galitzine), um garoto exatamente o oposto dele. Eles são obrigados a interagir graças ao professor Dan (interpretado pelo apaixonante Andrew Scott) e uma amizade começa. E os problemas, claro. O filme leva em conta todo esse enredo clichê, mas realista das escolas e passa a mensagem de o quanto o preconceito pode ser enganoso. Gays se revelam na trama, nem sempre os que esperávamos, e assim somos cada vez mais surpreendidos e cativados. O filme é uma viagem tocante por vários universos, desde o esporte até musicais, somos induzidos a pensar nosso papel na sociedade (impossível não se ver na pele de algum dos personagens) e a refletir sobre isso. "Handsome Devil" é um filme digno. Fala com os jovens e com os adultos na mesma linguagem e mostra o quanto a sociedade impõe coisas que não importam quando o que fala mais alto é a união. Vale a pena assistir. Até com a família tradicional brasileira.
Comecei a ver "Garotos" esperando uma história leve bem água com açúcar e um final trágico, clichê para filmes com temática LGBT. Acertei na água com açúcar e me surpreendi em como Mischa Kamp conduz a história de Sieger, o filho mais novo de uma casa composta apenas por homens (seu irmão mais velho e seu pai), em sua descoberta sexual. O melhor amigo, a primeira "namorada" meio que por acaso e o real interesse por outro menino. A trama é bem condizente com a realidade, sem os exploratórios pontos obrigatórios que o cinema ama incluir em dramas gays. É um filme padrão Sessão da Tarde. A trama não se aprofunda muito, então você pode acabar se sentindo meio frustrado se esperar grandes tempestades. "Boys" navega em águas calmas. Coloque-se nesse clima antes de dar o play. A fotografia do filme é realmente linda e Kamp abusa de efeitos de desfoque durante todo o filme. Não entendi exatamente qual o propósito, mas achei interessante.
O que dizer sobre "Corra"? A história mostra o relacionamento de Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams). Ele negro, ela branca. Ele fotógrafo, ela com pais ricos. Parece um bom plano de fundo para uma história que trate de preconceitos, certo? Bom, é assim que o filme se vende. A medida que a história avança, tudo parece caminhar para essa visão, já que a família branca "que não tem preconceitos" tem negros em funções de empregados domésticos. Mas Chris percebe que algo está errado. E descobre que sim, há algo bem errado. "Corra" é um filme de suspense com toda essa relação de negros e brancos, mas que afunda assim que tudo acaba e você para para pensar na trama. Você pode pensar que é uma crítica social ao racismo, mas não. Para mim, é mais uma corroboração a mostrar que negros como manipulados pelos brancos.
A grande revelação mostra que a família na verdade busca corpos para realizar um transplante de cérebro. No caso de Chris, ele é um receptáculo para um crítico de arte cego. Chris é fotógrafo e o que pode parecer que o crítico de arte usaria esse dom para voltar a fazer o seu trabalho morre na praia assim que o processo é explicado. A "Visão de fotógrafo" vai para o lixo junto com o cérebro de Chris, enquanto a visão sobre arte (de um branco) vai ocupar seu corpo e olhos perfeitos. Ou seja, o negro nesse caso é só um corpo, de nada importa seu histórico ou talentos. Isso me incomodou no filme. É um arquétipo pelo que os negros passaram e passam até hoje. E não vejo o filme usando isso a favor do protagonista, que começa a ser inserido em cenas tão bizzaras que você fica até confuso de quantas batatinhas foram usadas para o roteirista viajar. O final chega a ser grotesco, porque te dá uma ideia de que vai acontecer a maior injustiça e ela só não ocorre por uma "sorte".
No geral, achei que "Corra" vale mais pelo entretenimento do suspense do que pela trama ou sua pseudo crítica social. Não é memorável em nenhum momento.
O dia em que um amigo do filho morto na guerra de uma família aparece na porta, não há como não transferir o carinho do ente perdido para o desconhecido. Essa é a premissa de "O hóspede". O filme mostra uma família enlutada abrindo as portas de sua casa e vida para David, um soldado que sobreviveu à guerra, trazendo um recado do filho da família Peterson, que não teve a mesma sorte. David é interpretado maravilhosamente por Dan Stevens. Você percebe que tem algo errado com David, mas Dan empresta tanto carisma ao personagem que você se pega alternando entre momentos "meu deus que homão da p..." e "que filho da p...". O filme tem grandes momentos de ação, suspense e comédia, bem medidos e bem dosados, o que torna a história interessante. Há momentos bem clichês, você quase adivinha o que vai acontecer logo na sequência, mas isso não tira o brilho dos planos de Adam Wingard. (A cena do varal é ma ra vi lho sa!). Maika Monroe e Brendan Meyer estão ótimos na pele dos irmãos Petersons, destaque especial para Meyer que interpreta o garoto que sofre bullying na escola e enxerga em David o irmão mais velho que lhe ensina como se defender. O longa é bem interessante e vale a pena ser assistido, mas adianto que não dá de esperar grandes surpresas. Não que precise, com Dan Stevens sorrindo na tela, não é?
Tocante. Pode parecer um trocadilho, já que João, o maestro" é a cinebiografia de um pianista, mas eu não conseguiria escolher outra palavra para descrever esse filme. O longa de Mauro Lima conta a trajetório do menino prodígio no piano, que se tornou um nome conhecido internacionalmente pela arte de dedilhar as teclas de um piano com emoção suficiente para tocar o coração de seus ouvintes. Começando como uma criança lindamente interpretada por Davi Campolongo, a inserção da música clássica na vida de João Carlos Martins pelos pais já começa lembrando a todos que o gosto pela arte é aprendido em casa e a dedicação faz toda diferença. Em seguida, quem assume o papel do maestro é Rodrigo Pandolfo, já conhecido dos brasileiros, mas com uma atuação diferente do que vi nos seus últimos papéis. Pandolfo entrega uma atuação precisa e madura, alternando muito bem entre a seriedade e a descontração que as cenas pedem, causando riso e dor onde necessita. O trabalho de recriar os concertos está incrível. A técnica de Pandolfo ao piano está precisa, da mesma forma que quando Alexandre Nero assume o papel. Aliás, uma bela transição entre os atores. Tal qual Pandolfo, Nero se entrega ao papel lindamente. Ambos interpretam partes difíceis na vida de João: Pandolfo o acidente que fez com que o pianista perdesse o movimento de 3 dedos e Nero o assalto que causou a perca do movimento de sua mão. Você sente que cada cena é embalada com cuidado e moldada em uma partitura com a trilha sonora do próprio João Carlos Martins. A sensibilidade emana da tela e envolve o expectador de forma primorosa. Minha única incerteza foi quanto ao título. Por morar com um profissional que participou do filme, sei que o título seria "Paixão segundo João" e foi mudado para "João, o maestro". Creio que o novo título limita a obra a um trecho tão pequeno do filme, enquanto o original abraçava a trama de forma muito mais calorosa. O resultado é um filme que causa reflexão e nos apresenta um brasileiro ilustre, mas talvez desconhecido pelo seu próprio povo. Um filme de grande qualidade técnica, que representa um grande momento do cinema brasileiro. Vale a pena assistir.
Cercado de nostalgia do início ao fim, "Power Rangers" é um filme feito para os fãs da série que embalou a manhã de muita gente nos programas matinais das TVs. O filme mostra como 5 jovens se descobrem escolhidos para se tornarem heróis e salvarem sua cidade de uma terrível vilã ouromaníaca - Rita Repulsa. O longa é realmente um episodião de "Power Rangers". Muitas das cenas que vimos são muito similares às da série, com uma vilã tal qual vimos nos episódios, o roteiro meio enlatado que você já imagina o que vai rolar e tals, mas nada disso perturba, já que você se sente assistindo um episódio novo e acaba esperando que ele siga a ideia dos anteriores. O problema é que o filme acaba demorando um pouco para se desenvolver enquanto explica toda a origem dos Power Rangers e a história de cada um dos 5 adolescentes. Levemente clichês, aliás. Os melhores pontos para mim são a inserção de um herói autista e a dica de um personagem homossexual. A jornada do herói é usada claramente, mas a forma como o roteiro segue te deixa meio morno em relação à. É legal, mas nada que você já não tenha visto antes. Acho importante o público mais novo conhecer a mitologia dos heróis, de onde eles surgiram e tal, mas creio que deixar muito mastigado não é a melhor forma de apresentar isso na tela. Os personagens são interpretados de forma bacana pelos atores. Rita mesmo é bem caricata como vilã - igual na série - o que é algo que a gente não costuma ver muito no cinema. Eu encaro como uma linguagem, mas em partes pode ter ficado meio destoante com o arredor. O que dá um up no filme é a escolha da trilha sonora. Musicas ótimas que colam com as cenas e te dão um incentivo para continuar. O filme não é ruim. Ele se salva no final com a batalha tradicional de fim de Power Rangers e você grita na hora de "Go go Power Rangers". Ficou meio implícito uma continuação e, se ela sair, eu espero que ela tenha mais fôlego que esse filme.
Lançado em 2016, "A festa da salsicha" lançou uma grande polêmica com a quantidade de desavisados que assumiu que animação é filme para crianças e levou baixinhos para assistir a um pornfood. O filme é bizarro e não falo no sentido ruim. Conrad Vernon e Greg Tiernan, diretores do longa, transformaram o roteiro de Seth Rogen em uma obra que arranca risadas e mais risadas com situações politicamente tão incorretas, mas com uma profunda crítica social, enquanto conta a história da salsicha que descobre que humanos não são deuses e que não levamos comida do mercado para casa para fazer delas parte da família. O longa é puramente drogas, sexo e rock'n'roll (no sentido de rala e rola mesmo) e me deixou "culpado" por ser humano ao mostrar o "sofrimento" da comida sendo preparada. A história é bem amarrada e você mal sente essa hora e meia fluir. É chocante, divertido e perturbador em vários momentos, mas você cria um tipo de empatia pelos personagens mesmo que não queira. O filme tem ótimas sacadas e links com a realidade, como o discurso sobre religião transformar a nossa percepção de realidade (aplicada a realidade dos alimentos, lógico) e que deve chacoalhar os humanos, além de criticar a nossa visão de "precisamos ser saciados" independente do que isso custe. Vale a pena assistir, desde que não haja crianças na sala.
Depois de muuuuito tempo, finalmente assisti "Quando as luzes se apagam". Lembro do trailer passando antes de "Invocação do mal 2" (que fez a minha vizinha de poltrona de cinema virar pra mim e dizer "calma, moço, é só um trailer" depois de alguns sustos) e da minha ansiedade pelo resultado. Originado pelo curta do mesmo David F. Sandberg (2013), o longa homenagea seu pai de forma muito legal e se revela um bom filme de terror. Lógico que você vê os traços de James Wan (Invocação, Jogos Mortais, Sobrenatural e afins) no decorrer da trama, ainda que ele tenha sido apenas produtor. A direção de Sandberg segue os passos do novo mestre do gênero e diversas nuances, seja na forma como a cena é montada até o mistério cercado no fantasma de Diana (Alicia Vela-Bailey), que mal aparece na penumbra e cria ainda mais tensão sobre a entidade. A história criada ao seu redor é boa? É. Se sustenta? Sim. É surpreendente? Não exatamente. O filme é ruim? Não. Os personagens conseguem sustentar o filme e nisso Gabriel Bateman (Martin) Teresa Palmer(Rebecca) foram ótimos como a irmã mais velha que tenta salvar o irmão mais novo da perseguição de uma entidade que se esconde no escuro. Algumas passagens me lembraram um pouco "No Cair da Noite" (2003), mas isso não é ruim. Tira um pouco a surpresa desse novo? Talvez. No geral, o filme tem o tempo certo para não encher linguiça e ficar cansativo, dá mais sustos que muitos filmes badalados que também tiveram dedo de Wan (beijo Anabelle) e entretém como deve ser. Não se iguala aos filmes dirigidos por Wan, mas Sandberg soube aproveitar o material que tinha em mãos. Quem sabe temos uma nova promessa a caminho?
Como falar sobre "Sobre Nós"... Um filme brasileiro, com tremática LGBT, que conta a história de Diego (Thiago Cazado) e Matheus (Rodrigo Bittes), dois jovens que se conhecem e começam um romance que tem tudo para ser daqueles te faz gritar "awnn". O problema é o filme é como um monitor cardíaco desligado. Do início ao fim, não tem qualquer história movendo as cenas, que são na sua grande maioria longos trechos mostrando a intimidade do casal que não acrescentam em nada na trama. O filme se perde mostrando eles lavando louça, cuidando de plantas, vários takes deles transando, mas cada possibilidade de um conflito que acordasse o filme é disperdiçada por mais cenas dele brincando no sofá, assistindo um filme, cuidando de plantas. E houveram várias possíveis tramas apresentadas, seja o relacionamento com uma mãe ultra-moderninha, a possibilidade de um ciúme, uma viagem de quatro anos para fora do Brasil... Todos os conflitos são cortados e no máximo mostra apenas a resolução, não prendendo o público em nenhum momento. A parte técnica do filme é muito bem feita no sentido de produção, mas não senti uma grande química entre Cazado e Bittes. Algumas cenas entre eles tinham diálogos tão rasos e forçados que chegava a ser mecânico, principalmente nos trechos de narração. A melhor personagem do filme em todos os sentidos foi interpretada por Carmem Moretzsohn, que apareceu por 5 minutos e me fez desejar ardentemente que estivesse no filme até o fim. No final, senti que o filme é na verdade um grande documentário de cenas de um casal que talvez existiu, onde o protagonista sempre sonhou em estudar cinema e correr atrás desse sonho lhe custou o casamento, viu que perdeu o grande amor da vida e fez um filme para mostrar o quanto sente muito. Apenas.
Eu estou oficialmente órfão dessa série, quero a segunda temporada para ONTEM! "One day at a time" é uma das séries mais maravilhosas que eu vi nos últimos tempos, daquelas que quero amarrar meus amigos e fazê-los assistir e amar loucamente. O dia a dia de uma família de imigrantes cubanos nos EUA retratados nos episódios pra mim é o novo Friends, pois os episódios são tão reais que você se sente assistindo a sua família. Penélope (Justina Machado), ex veterana da guerra do Afeganistão, cuida da sua família moderna, formada pelos dois filhos Elena (Isabella Gomez (II)) e Alex (Marcel Ruiz) com a ajuda de sua hilária mãe Lydia (Rita Moreno) (de quem quero ser melhor amigo e me despertou a vontade de pôr uma cortina para dividir a sala do corredor). O sotaque español com inglês é incrível e você sente a sorte de ser brasileiro e entender as piadas em nosso idioma irmão. O roteiro da série é tão maravilhoso quanto o trabalho dos atores. Você ri (muito), chora, fica indignado, enterra as unhas no sofá e não sente os episódios passarem. Tudo é muito bem conduzido e dirigido. Além de tudo, é uma trama atual. Tabus são debatidos de forma tão magistral que você pode assistir com sua avó e debater machismo e feminismo, por exemplo, baseado nas cenas dos episódios. As situações apresentadas são tão lindamente trabalhadas que você não se choca ou fica desconfortável ou indiferente. "Onde day at a time" ganhou meu coração e estou ansioso pela próxima temporada. Eu já falei isso? Bom, meu único conselho é: pare o que está fazendo e assista (e ame) essa série. Bam! (isso sou eu fechando as cortinas).
Posso começar com AHMEUDEUSTEMALESSANDRADEUSANEGRINI? "Eu fico loko" é um filme do qual eu tinha baixíssimas expectativas. O sucesso do youtube fez as editoras apostarem nesses "fenômenos" e o cinema, claro, seguiu essa tendência e passou a produzir filmes sobre/com youtubers. Inclusive antes desse passou o trailer de "Internet- O filme" e eu fiquei pretérito em como o trailer é ruim (medo do filme). Fui assistir "Eu fico loko" apenas para prestigiar o trabalho de um amigo (que participou da produção do filme) e pensei que a história de um youtuber renderia um filme chato pra ***. Realmente a trama não é lá grandes coisas. O roteiro mostra situações do dia a dia de qualquer adolescente-nerd-esquisito-incapaz-de-se-situar-em-algum-grupo-na-escola e que que encontra na ascendente internet um jeito de exorcizar seus traumas. Nada de novo. O filme causa alguma identificação (quem não foi o adolescente-nerd... ou conheceu um?), mas é bem clichê. Tem participações maravilhosas (Alessandra ♥ Negrini) no papel de mãe de Christian e a encantadora Suely Franco no papel cativante da avó do moleque. Sério, essa mulher consegue fazer você acreditar que ela é a sua própria avó de tão fofa. Achei que o Filipe Bragança, que interpreta o Christian adolescente, muito bem no papel. Ele conseguiu transparecer tudo que o papel lhe propunha de forma bastante crível. Os demais atores foram bem, mas não diria excepcionais. O filme tem uma qualidade técnica muito boa, foi bem conduzido por Bruno Garotti e tal, mas achei que grande parte do roteiro foi pensado para encher a bola do tal Christian Figueiredo, até então desconhecido para mim. O próprio entra em cena várias vezes (eu juro que no começo achei que fosse o Luan Santana) falando com a câmera como se fosse um vídeo para o youtube. Necessário? Não acho. Sem contar que a cena final - se é que é real - ficou bem forçada. Tipo, bem forçada para ter um "final-feliz-que-todo-filme-americano-tem-que-ter. Tem umas cenas meio bizzaras que eu desejo ardentemente acreditar que foram feitas para o filme e não refletem a realidade, porque foram bem estranhas (a sequência da primeira vez e a dele na primeira festa da vida). Resumindo: não é um filme ruim, ele diverte e entretém. Só. Mas é pra isso que filmes servem, não?
Novas tramas nos mostram o futuro que (talvez) nos aguarda. As histórias continuam de tirar o fôlego e nos deixam de coração (pra não dizer outra coisa) na mão.
Tão perturbador quanto a primeira temporada, a segunda temporada de "Black Mirror" nos apresenta mais três tramas que seguem a nos mostrar o quão dependentes da tecnologia caminhamos para ser. Mas o mal não está nos aparelhos e sim em nós, humanos, que exageramos em tudo. "White Bear" é pra mim o melhor episódio da série e cria toda uma controvérsia sobre justiça e limites.
A primeira temporada de Black Mirror é curta, focada e maravilhosa. As três tramas - independentes - são um prato cheio para quem gosta de decidir como assistir programas de TV. Cheias de críticas à humanidade que se vende cada dia mais para a tecnologia, as histórias mostram que tudo em excesso faz mal e com a tecnologia - tão necessária - não é diferente. O último episódio é tão perturbador que dá vontade de jogar o celular pela janela.
Dona Hermínia está de volta e mais nervosa do que nunca. "Minha mãe é uma peça 2" consegue ser tão bom quanto o anterior, mostrando a vida de Dona Hermínia (interpretado por Paulo Gustavo, que é melhor atriz do que ator, como diria Ferdinando) se dividindo entre apresentar um programa de TV, ex esposa, irmã, mãe e afins. Conhecemos mais a família dela e somos presentados com momentos maravilhosos com Patricya Travassos e Alexandra Richter, que interpretam as irmãs de dona Hermínia. O filme mais uma vez brinca maravilhosamente bem com a homossexualidade de Juliano (Rodrigo Pandolfo), que agora é bi. O discurso da personagem do Paulo Gustavo é militância pura e vale a pena refletir sobre. Fora isso, a trama está mais madura, dividindo-se entre Rio e São Paulo (com uma ponta em Nova York. Ponta para um terceiro filme?).
Só não gostei muito da trama escolhida para Tia Zélia (Suely Franco). Depois de sua participação brilhante e importante no primeiro filme, esse me deu a impressão de que eles queriam se livrar logo da personagem. Foi emocionante, mas não diria que era necessário.
Fora isso, o filme rende muito boas gargalhadas, a mesma identificação com a sua mãe que o primeiro filme causou. A participação singela de Thales, marido do Paulo Gustavo é brilhante. Mais uma comédia nacional que não deixa a desejar às gringas. Pode não ter uma história forte, mas garante risadas e não é a toa que ele é um grande sucesso.
Pensa num filme bom pra assistir despretensiosamente. "4th Man Out" conta a história de Adam, magistralmente representado por Evan Todd, um cara prestes a fazer seu 24º aniversário (há!) e decide que esta é a data perfeita para sair do armário para seus melhores amigos: Chris (Parker Young), Ortu (Jon Gabrus) e Nick (Chord Overstreet). Sob a promessa de "nada mudará entre a gente", os quatro entram em uma série de acontecimentos que mostram que de repente ter um amigo gay não é assim tão fácil, Tudo muda e o filme explora bem a busca pelo "novo ponto de equilíbrio" na amizade entre eles. Os programas "de homem" não são os mesmos, as piadas passam a ser mais cuidadosas no começo e os constrangimentos parecem não ter fim. Pelo menos no início. Além disso, o filme retrata muito bem a vida de um cara solteiro gay, mostra um pouco a futilidade que existe (sim) nesse mundo e a busca de todos pelo seu próprio lugar. Adam passa por todo tipo de constrangimento que um cara gay passa: religioso, social, até moral quando as pessoas acham que ele magicamente passa a ser um "perigo" para os homens ao redor. O filme tem um roteiro recheado de bom humor e os quatro personagens funcionam tão bem junto que você se sente como se os conhecessem há anos. destaque especial para Gabrus e Young que fizeram um grande trabalho com seus personagens. A cena de todos na boate gay é uma das melhores que já vi em um filme de alguém tentando "se ajustar". É divertida e exalta que a amizade é algo essencial quando você passa por uma situação difícil. Aliás, pra mim, essa é a maior mensagem de "4th man out", expressada pelas palavras da personagem "Tracy" (Jennifer Damiano): se seu melhor amigo se assume pra você, ajude ele a passar pelo momento mais difícil de sua vida, porque o mundo dele está prestes a mudar. Eu li muitos comentários falando sobre o estereótipo heteronormativo que o filme representa, mas parando para pensar, caberia outro tipo de personagem ali? Um cara que se mantém no armário por 23 anos, não pode ser afeminado ou ter um pôster da Cher no quarto, não é? A composição dos personagens para mim está bem feita e combina com a proposta da trama apresentada. Pra mim é um bom filme para assistir com a família, amigos ou quando você precisa contar para alguém que... bem, Elton John.
"O furacão Bianca chegou na cidade, ninguém está a salvo" anunciou Bianca del Rio quando chegou no Drag Race. E dito e feito. Ela não só ganhou a coroa, como também tomou o título de uma das queens mais queridas do povo. E agora ela se lança no cinema com um filme de baixo orçamento, sim, mas que mostra mais uma vez o carisma, originalidade, talento e audácia da vencedora da 6ª temporada. O filme tem um enredo simples, um desenrolar previsível, mas nem por isso se torna chato. Bianca em tela é aquela mesma que assistimos no Drag Race, talvez mais contida graças ao roteiro, mas ainda engraçada. O filme não conta com brilhantes interpretações, mas entretém o bastante para que você queira acompanhar a trama do professor gay demitido por ser... gay. Aliás, esse plot é maravilhoso, pois mostra a realidade que muitas pessoas passam por puro preconceito. Nem todos podem "voltar e se vingar" como Bianca, mas todos podem entender que a orientação sexual não afeta o caráter. Infelizmente "Hurricane Bianca" não entrará no mainstream ou passará na Sessão da Tarde, mas é um ótimo filme para assistir com a família (mesmo a tradicional brasileira), já que toca na ferida de forma leve e divertida. Espero que esse furacão volte mais vezes.
O drama de uma jornalista para impedir que o prédio onde ela viveu com sua família sua vida inteira seja implodido para dar lugar a um novo prédio. Parece uma história simples, mas "Aquarius" acaba se mostrando maior que isso. Sonia Braga carrega o filme nas costas (no melhor dos sentidos) com uma maestria digna. Clara, a personagem de Sônia, sobreviveu a um câncer de mama nos anos 80, o que já revela o caráter guerreiro da personagem. Se hoje essa batalha já é árdua, imagine a quase 40 anos atrás. Clara viu sua família crescer naquelas paredes e hoje, viúva e com os filhos criados, vive cercada de música e histórias com a sua amiga e empregada. Até que uma construtora, dona da grande maioria dos aparetamentos do prédio Aquarius, aborda Clara para comprar o seu apartamento, o único que impede a implosão do prédio para a construção de um novo empreendimento que, nas palavras do engenheiro Diego (Humberto Carrão), será mais moderno e seguro. A batalha do filme começa entre Clara e a construtora, que vê sua paz ser roubada por festas de arromba, cultos evangélicos e o furto de sua privacidade patrocinada pela construtora para forçar a jornalista a ceder. Esse cabo-de-guerra seria tudo que você já viu antes, se a personagem de Sônia não fosse tão bem fundamentada. O filme escapa de se tornar chato justamente por quebrar o ritmo com as histórias paralelas de Clara, com suas músicas, leituras, sexo e olhar. O filme é repleto de pequenas críticas ao nosso modo de ver o mundo, mas tão sutis e bem escritas que você só percebe o dedo na ferida depois que ela já está sangrando. Há machismo, há preconceito, há racismo, há desrespeito por idade, mas na forma de um tapa com luvas, suave o suficiente para que você se identifique sem se sentir violentado, mas incômodo o bastante para lhe perturbar. Acho que justamente isso torna "Aquarius" tão diferente de tudo que vemos. O filme foge de ser intenso, padrão. Ele trilha caminhos menos conturbado e isso o faz ser longo, mas não vazio. Cada traço é pensado para envolver quem está assistindo, sutilmente, como um abraço silencioso. Kleber Mendonça Filho nos apresentou um filme recheado de situações cotidianas que nos aproximam dos personagens e que nos deixa com aquela sensação de "falta alguma coisa" quando saímos do cinema, o que nos desperta uma vontade de conversar sobre o filme com alguém, de debater, de comparar pontos de vista, de falar sobre ele. Isso é uma grande sacada.
"Águas rasas" surge com a proposta de ser um filme de suspense/drama onde tudo se limita a uma única situação: uma garota ilhada em uma pedra com um tubarão a cercando. Nada passa além desse linha e o filme passa seus quase 90 minutos nos fazendo perguntar o que pode acontecer afinal de contas.
Para não ficar muito parado, Anthony Jaswinski inclui no roteiro uma simpática gaivota que tem a melhor atuação do filme e rivaliza com Wilson de "Náufrago" na categoria de "melhor personagem sem falas dos últimos tempos".
Jaume Collet-Serra preencheu o filme com imagens deslumbrantes de uma praia paradisíaca e abusou de tomadas lindíssimas, como logo no início quando a personagem Nancy (Blake Lively) passa por debaixo das ondas com sua prancha de surf.
Falando em Blake Lively (eu jurei que era a Gwyneth Paltrow em uma olhada rápida), sua personagem é linda, porém vazia. Não há nada no filme que nos faça torcer por ela além do fato que ninguém merece ser comida por um tubarão. Fica claro essa falta de conexão com os espectadores quando a gente se pega torcendo pra gaivota não ser comida enquanto chega um momento do filme que você olha para a personagem de Blake e diz "vai lá e acaba logo com isso, vai". Acho que grande parte desse pensamento se deve pelo fato de Nancy sofre tudo que uma personagem pode sofrer, uma sequência de azares que me evocaram a personagem de Sandra Bullock em Gravidade (2013).
O ponto alto do filme foi a forma como a tela do celular (usada e abusada na primeira parte do filme) é mostrada para o expectador. Achei genial. Mesmo.
Ponto negativo é certamente a sequência final. A impressão que eu tive é que na hora de escrever o final, Jaswinski olhou para a tela do computador e pensou: "Cansei disso. Como posso terminar o filme de forma rápida?" e foi o que ele fez. Você sai do cinema com a impressão de "esperei pra isso?". Sim, isso mesmo.
"Águas rasas" não é para você mergulhar de cabeça. O filme todo é tão raso quanto seu título em português sugere. Vale a pena em um dia chuvoso de inverno, com a imagem pausada e você se imaginando em um mar transparente.
Pensa um filme tenso. Do começo ao fim, "Hush: A Morte Ouve" te põe no meio de um turbilhão. O roteiro de Mike Flanagan e Kate Siegel (que são casados na vida real) é bem mostrado na tela conforme as cenas vão se desenrolando, talvez pelo fato de Kate interpretar a protagonista e Mike dirigir o filme. Quer dizer: ambos sabiam exatamente o que queriam e o filme ganha com isso, na minha opinião. A trama é simples: uma escritora com deficiência auditiva e de fala vivendo em uma casa no campo, isolada, se não fosse por uma vizinha e seu marido. Tudo ia bem até um mascarado misterioso começar a ameaçá-la sem qualquer razão aparente. A ideia de colocar a falta de som que a personagem vive em evidência, até para o espectador, foi um dos pontos altos que te permitem vivenciar o filme e você se dá conta de como o som é importante, até para sua própria sobrevivência. O filme cresce em uma tensão que te deixa grudado no sofá tentando adivinhar o que acontece a seguir e na maioria das vezes te surpreende com reviravoltas que você não podia esperar. Tudo pareceu bem pensado para causar essas sensações no espectador e eu imagino que a maioria caia nessas "armadilhas". Claro que muitos podem se sentir traídos pela falta de explicação em algumas partes do filme, mas quem disse que a vida é cheia de explicações? "Hush: A Morte Ouve" superou as minhas expectativas e entrou na minha lista de filmes que eu posso recomendar. Então assista. Mesmo. Agora.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista Agora"Me chame pelo seu nome" é a cara do cinema europeu: cativante, belas sequências e histórias sem grandes reviravoltas. O que pode ser considerado "chato" para alguns, expressa a arte de um ponto de vista diferente.
O romance LGBT entre Elio, muito bem interpretado por Timothee Chalamet, e Oliver (Armie Hammer) é cativante e você torce para acontecer. Eles explodem na tela com muita fofura e cumplicidade.
A história é bem simples e somos convidados a degustar de cada etapa do casal, um passo de cada vez, ambientado pelo interior da Itália.
Como eu disse antes, o ritmo a trama é lento. Alguns diálogos não me encantaram e tive a impressão em alguns momentos de ter perdido alguma coisa, mas nada disso tira o impacto da beleza do filme.
A química entre Chalamet e Hammer é paupável e isso não é fácil de encontrar.
É um belo filme e certamente merece as críticas positivas que está recebendo, mas com certeza é um filme que não é para qualquer um.
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraTodo mundo ama palhaços e muita gente ama Stephen King, certo? Talvez por isso quando o novo "It: A Coisa" estrou causou um frisson entre todo mundo para aclamar o novo grande filme de terror de 2017.
Demorei um pouco para assistir, mas finalmente o fiz e tive uma baita decepção com o longa.
Primeiro de tudo:o filme tem uma direção incrível de Andy Muschietti e atuações muito boas. Isso é incontestável e indiscutível. O problema pra mim é o filme em si.
As mais de duas horas do longa não são suficientes para comportar o enredo e isso resulta em uma série de cenas corridas e cheias de coisas acontecendo. Você percebe de cara que precisa conhecer cada um dos personagens - principalmente os participantes do "Clube dos Perdedores" para que o horror causado por Pennywise (Bill Skarsgård), o palhaço dançarino, tenha efeito. Muito bem, temos 7 crianças que tem seus medos próprios e Pennywise ataca através deles. São 7 medos que temos que absorver rapidamente para que a história possa fluir e, acreditem, isso não é fácil. As cenas de apresentação são tão atropeladas que quando você entende uma já tem mais duas pra você digerir e isso torna a primeira parte do filme confusa. E a confusão rouba o impacto que as cenas causariam. E a bola de neve começa.
Aliás, isso eu vejo como um outro problema: filmes de terror dependem do espectador criar empatia com os personagens para que possam assustar e os medos apresentados em "It" são bem específicos. Por exemplo: quem é a entidade que assusta Stanley (Wyatt Oleff)? O medo de leprosos de Eddie (Jack Dylan Grazer) faz sentido? Que trauma assombra Mike (Chosen Jacobs)? Quando essas respostas vem a tona, não tem o impacto necessário, a não ser que você tenha esse medo realmente. E com essa falta de empatia do medo, o filme perde a conexão com o espectador.
Os personagens são rasos e você não consegue entender a lógica deles. O Patrick de Owen Teague é apenas um grande babaca? Há alguma motivação para seus atos? Ele é louco? Ninguém sabe, ninguém viu.
Logicamente que adaptar um livro de quase 1100 páginas não é mole, mas acredito que o roteiro deixou muito a desejar e o trabalho de Andy e dos atores não foi o suficiente para compensar.
"It: A Coisa" é um filme de terror mediano, que carece de impacto e do terror que vende. O maior medo que ele causa é o de se arrepender de estar dedicando duas horas para assisti-lo. Culpa de Pennywise, o palhaço dançarino?
Jogos Mortais: Jigsaw
2.8 706 Assista AgoraDepois de tantos anos, meu Jigsaw tá vivo.
"Jogos mortais: Jigsaw" retoma a franquia de terror iniciada nos anos 2000 com um dos maiores acertos para mim: Tobin Bel participativo demais no filme. Por mais que amamos a Amanda (Shawnee Smith) e detestamos Hoffman (Costas Mandylor) com todas nossas forças, a essência de "Jogos mortais" é o personagem John Kramer.
O oitavo filme da franquia parece não ter um hiatus tão grande desde o antecessor, ainda mantém o roteiro ágil e inteligente e surpreende os fãs e os novos espectadores. Como nos filmes anteriores, nada é por acaso. Seja um corte de cena ou na pele das vítimas, Jigsaw é um dos assassinos mais inteligentes do cinema e esse novo filme reafirma isso. Você se perde tentando desvendar o principal enigma do longa e ele te surpreende no final, como a gente espera que aconteça.
Há infelizmente alguns furos no roteiro que me deixaram bem confusos.
Por exemplo: se o jogo se passou há 10 anos, por que a gravação está em HD e o Billy tem olhinhos que acendem, se quando o próprio Jigsaw de John estava em atividade seus planos usava um VHS e um boneco mais simples? Não "bate" com as ferramentas da época onde esse jogo ocorreu, que - pela armadilha do urso reversa que está sendo construída - acredito que tenha sido antes do jogo com Amanda.
O longa tem o tamanho exato que contar a história que precisa sem muita enrolação - coisa que Jogos Mortais sempre fez bem. Pela quantidade de vítimas achei que teriam poucas mortes, mas que pretensão a minha, rsrs.
"Jogos Mortais: Jigsaw" coroa a volta de Jigsaw e da franquia e deixa uma brecha ótima para uma nova continuação. Há perguntas que permaneceram suspensas no ar...
Cadê Lawrence (Cary Elwes)? A serra que apareceu no quarto é a serra que foi tirada do alcance de Hoffman no sétimo? Quem eram os dois ajudantes de Lawrence no final do sétimo? Lawrance, Amanda, Hoffman e Logan (Matt Passmore) se conheciam e sabiam que todos eram seguidores de Jigsaw?
P.S.: Eu sei que Amanda e Hoffman provavelmente não sabiam de Lawrence, mas será que Logan sabia? Muitas perguntas, rs.
..., mas quem sabe se a resposta não está vindo em breve?
Para quem achava que a franquia estava cansada e desgastada, talvez seja a hora de se deixar capturar novamente pela armadilha do filme e valorizar o legado de Jigsaw. Quem sabe onde você poderá despertar logo mais?
Derrubando Barreiras
3.5 216Pensa um filme com temática LGBT cuja história não gira no protagonista ser gay. Essa é a pegada de "Handsome Devil".
Dirigido por John Butler, o longa mostra a vida e as dificuldade enfrentadas por Ned (Fionn O'Shea) na escola. Ned é um garoto sensível, que curte música, literatura, é esquisito e tem um verdadeiro ranço por esportes, no caso o rugby, esporte oficial de sua escola, o suficiente para ser o "gay" da escola, como em toda escola. Pouco importa se ele é mesmo, o fato que se encaixando nesse perfil, automaticamente ele é e pronto. O mais louco é que em nenhum momento o filme dá certeza sobre a sexualidade dele. Ele pode ser gay realmente ou não.
Tudo ia "bem" até ele ser obrigado a dividir seu dormitório com Conor (Nicholas Galitzine), um garoto exatamente o oposto dele.
Eles são obrigados a interagir graças ao professor Dan (interpretado pelo apaixonante Andrew Scott) e uma amizade começa. E os problemas, claro.
O filme leva em conta todo esse enredo clichê, mas realista das escolas e passa a mensagem de o quanto o preconceito pode ser enganoso. Gays se revelam na trama, nem sempre os que esperávamos, e assim somos cada vez mais surpreendidos e cativados. O filme é uma viagem tocante por vários universos, desde o esporte até musicais, somos induzidos a pensar nosso papel na sociedade (impossível não se ver na pele de algum dos personagens) e a refletir sobre isso.
"Handsome Devil" é um filme digno. Fala com os jovens e com os adultos na mesma linguagem e mostra o quanto a sociedade impõe coisas que não importam quando o que fala mais alto é a união. Vale a pena assistir. Até com a família tradicional brasileira.
Garotos
3.8 604 Assista AgoraComecei a ver "Garotos" esperando uma história leve bem água com açúcar e um final trágico, clichê para filmes com temática LGBT. Acertei na água com açúcar e me surpreendi em como Mischa Kamp conduz a história de Sieger, o filho mais novo de uma casa composta apenas por homens (seu irmão mais velho e seu pai), em sua descoberta sexual. O melhor amigo, a primeira "namorada" meio que por acaso e o real interesse por outro menino. A trama é bem condizente com a realidade, sem os exploratórios pontos obrigatórios que o cinema ama incluir em dramas gays. É um filme padrão Sessão da Tarde.
A trama não se aprofunda muito, então você pode acabar se sentindo meio frustrado se esperar grandes tempestades. "Boys" navega em águas calmas. Coloque-se nesse clima antes de dar o play.
A fotografia do filme é realmente linda e Kamp abusa de efeitos de desfoque durante todo o filme. Não entendi exatamente qual o propósito, mas achei interessante.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraO que dizer sobre "Corra"?
A história mostra o relacionamento de Chris (Daniel Kaluuya) e Rose (Allison Williams). Ele negro, ela branca. Ele fotógrafo, ela com pais ricos.
Parece um bom plano de fundo para uma história que trate de preconceitos, certo?
Bom, é assim que o filme se vende.
A medida que a história avança, tudo parece caminhar para essa visão, já que a família branca "que não tem preconceitos" tem negros em funções de empregados domésticos. Mas Chris percebe que algo está errado. E descobre que sim, há algo bem errado.
"Corra" é um filme de suspense com toda essa relação de negros e brancos, mas que afunda assim que tudo acaba e você para para pensar na trama. Você pode pensar que é uma crítica social ao racismo, mas não. Para mim, é mais uma corroboração a mostrar que negros como manipulados pelos brancos.
SPOILER SPOILER SPOILER
A grande revelação mostra que a família na verdade busca corpos para realizar um transplante de cérebro. No caso de Chris, ele é um receptáculo para um crítico de arte cego. Chris é fotógrafo e o que pode parecer que o crítico de arte usaria esse dom para voltar a fazer o seu trabalho morre na praia assim que o processo é explicado. A "Visão de fotógrafo" vai para o lixo junto com o cérebro de Chris, enquanto a visão sobre arte (de um branco) vai ocupar seu corpo e olhos perfeitos. Ou seja, o negro nesse caso é só um corpo, de nada importa seu histórico ou talentos. Isso me incomodou no filme. É um arquétipo pelo que os negros passaram e passam até hoje. E não vejo o filme usando isso a favor do protagonista, que começa a ser inserido em cenas tão bizzaras que você fica até confuso de quantas batatinhas foram usadas para o roteirista viajar. O final chega a ser grotesco, porque te dá uma ideia de que vai acontecer a maior injustiça e ela só não ocorre por uma "sorte".
No geral, achei que "Corra" vale mais pelo entretenimento do suspense do que pela trama ou sua pseudo crítica social. Não é memorável em nenhum momento.
O Hóspede
3.1 485O dia em que um amigo do filho morto na guerra de uma família aparece na porta, não há como não transferir o carinho do ente perdido para o desconhecido. Essa é a premissa de "O hóspede". O filme mostra uma família enlutada abrindo as portas de sua casa e vida para David, um soldado que sobreviveu à guerra, trazendo um recado do filho da família Peterson, que não teve a mesma sorte.
David é interpretado maravilhosamente por Dan Stevens. Você percebe que tem algo errado com David, mas Dan empresta tanto carisma ao personagem que você se pega alternando entre momentos "meu deus que homão da p..." e "que filho da p...".
O filme tem grandes momentos de ação, suspense e comédia, bem medidos e bem dosados, o que torna a história interessante. Há momentos bem clichês, você quase adivinha o que vai acontecer logo na sequência, mas isso não tira o brilho dos planos de Adam Wingard. (A cena do varal é ma ra vi lho sa!).
Maika Monroe e Brendan Meyer estão ótimos na pele dos irmãos Petersons, destaque especial para Meyer que interpreta o garoto que sofre bullying na escola e enxerga em David o irmão mais velho que lhe ensina como se defender.
O longa é bem interessante e vale a pena ser assistido, mas adianto que não dá de esperar grandes surpresas. Não que precise, com Dan Stevens sorrindo na tela, não é?
João, O Maestro
3.4 43 Assista AgoraTocante.
Pode parecer um trocadilho, já que João, o maestro" é a cinebiografia de um pianista, mas eu não conseguiria escolher outra palavra para descrever esse filme.
O longa de Mauro Lima conta a trajetório do menino prodígio no piano, que se tornou um nome conhecido internacionalmente pela arte de dedilhar as teclas de um piano com emoção suficiente para tocar o coração de seus ouvintes. Começando como uma criança lindamente interpretada por Davi Campolongo, a inserção da música clássica na vida de João Carlos Martins pelos pais já começa lembrando a todos que o gosto pela arte é aprendido em casa e a dedicação faz toda diferença. Em seguida, quem assume o papel do maestro é Rodrigo Pandolfo, já conhecido dos brasileiros, mas com uma atuação diferente do que vi nos seus últimos papéis. Pandolfo entrega uma atuação precisa e madura, alternando muito bem entre a seriedade e a descontração que as cenas pedem, causando riso e dor onde necessita.
O trabalho de recriar os concertos está incrível. A técnica de Pandolfo ao piano está precisa, da mesma forma que quando Alexandre Nero assume o papel. Aliás, uma bela transição entre os atores. Tal qual Pandolfo, Nero se entrega ao papel lindamente. Ambos interpretam partes difíceis na vida de João: Pandolfo o acidente que fez com que o pianista perdesse o movimento de 3 dedos e Nero o assalto que causou a perca do movimento de sua mão.
Você sente que cada cena é embalada com cuidado e moldada em uma partitura com a trilha sonora do próprio João Carlos Martins. A sensibilidade emana da tela e envolve o expectador de forma primorosa.
Minha única incerteza foi quanto ao título. Por morar com um profissional que participou do filme, sei que o título seria "Paixão segundo João" e foi mudado para "João, o maestro". Creio que o novo título limita a obra a um trecho tão pequeno do filme, enquanto o original abraçava a trama de forma muito mais calorosa.
O resultado é um filme que causa reflexão e nos apresenta um brasileiro ilustre, mas talvez desconhecido pelo seu próprio povo. Um filme de grande qualidade técnica, que representa um grande momento do cinema brasileiro. Vale a pena assistir.
Power Rangers
3.2 1,1K Assista AgoraCercado de nostalgia do início ao fim, "Power Rangers" é um filme feito para os fãs da série que embalou a manhã de muita gente nos programas matinais das TVs.
O filme mostra como 5 jovens se descobrem escolhidos para se tornarem heróis e salvarem sua cidade de uma terrível vilã ouromaníaca - Rita Repulsa.
O longa é realmente um episodião de "Power Rangers". Muitas das cenas que vimos são muito similares às da série, com uma vilã tal qual vimos nos episódios, o roteiro meio enlatado que você já imagina o que vai rolar e tals, mas nada disso perturba, já que você se sente assistindo um episódio novo e acaba esperando que ele siga a ideia dos anteriores.
O problema é que o filme acaba demorando um pouco para se desenvolver enquanto explica toda a origem dos Power Rangers e a história de cada um dos 5 adolescentes. Levemente clichês, aliás. Os melhores pontos para mim são a inserção de um herói autista e a dica de um personagem homossexual. A jornada do herói é usada claramente, mas a forma como o roteiro segue te deixa meio morno em relação à. É legal, mas nada que você já não tenha visto antes. Acho importante o público mais novo conhecer a mitologia dos heróis, de onde eles surgiram e tal, mas creio que deixar muito mastigado não é a melhor forma de apresentar isso na tela.
Os personagens são interpretados de forma bacana pelos atores. Rita mesmo é bem caricata como vilã - igual na série - o que é algo que a gente não costuma ver muito no cinema. Eu encaro como uma linguagem, mas em partes pode ter ficado meio destoante com o arredor.
O que dá um up no filme é a escolha da trilha sonora. Musicas ótimas que colam com as cenas e te dão um incentivo para continuar. O filme não é ruim. Ele se salva no final com a batalha tradicional de fim de Power Rangers e você grita na hora de "Go go Power Rangers".
Ficou meio implícito uma continuação e, se ela sair, eu espero que ela tenha mais fôlego que esse filme.
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista AgoraLançado em 2016, "A festa da salsicha" lançou uma grande polêmica com a quantidade de desavisados que assumiu que animação é filme para crianças e levou baixinhos para assistir a um pornfood.
O filme é bizarro e não falo no sentido ruim. Conrad Vernon e Greg Tiernan, diretores do longa, transformaram o roteiro de Seth Rogen em uma obra que arranca risadas e mais risadas com situações politicamente tão incorretas, mas com uma profunda crítica social, enquanto conta a história da salsicha que descobre que humanos não são deuses e que não levamos comida do mercado para casa para fazer delas parte da família.
O longa é puramente drogas, sexo e rock'n'roll (no sentido de rala e rola mesmo) e me deixou "culpado" por ser humano ao mostrar o "sofrimento" da comida sendo preparada.
A história é bem amarrada e você mal sente essa hora e meia fluir. É chocante, divertido e perturbador em vários momentos, mas você cria um tipo de empatia pelos personagens mesmo que não queira. O filme tem ótimas sacadas e links com a realidade, como o discurso sobre religião transformar a nossa percepção de realidade (aplicada a realidade dos alimentos, lógico) e que deve chacoalhar os humanos, além de criticar a nossa visão de "precisamos ser saciados" independente do que isso custe.
Vale a pena assistir, desde que não haja crianças na sala.
Quando as Luzes se Apagam
3.1 1,1K Assista AgoraDepois de muuuuito tempo, finalmente assisti "Quando as luzes se apagam".
Lembro do trailer passando antes de "Invocação do mal 2" (que fez a minha vizinha de poltrona de cinema virar pra mim e dizer "calma, moço, é só um trailer" depois de alguns sustos) e da minha ansiedade pelo resultado.
Originado pelo curta do mesmo David F. Sandberg (2013), o longa homenagea seu pai de forma muito legal e se revela um bom filme de terror. Lógico que você vê os traços de James Wan (Invocação, Jogos Mortais, Sobrenatural e afins) no decorrer da trama, ainda que ele tenha sido apenas produtor. A direção de Sandberg segue os passos do novo mestre do gênero e diversas nuances, seja na forma como a cena é montada até o mistério cercado no fantasma de Diana (Alicia Vela-Bailey), que mal aparece na penumbra e cria ainda mais tensão sobre a entidade.
A história criada ao seu redor é boa? É. Se sustenta? Sim. É surpreendente? Não exatamente. O filme é ruim? Não.
Os personagens conseguem sustentar o filme e nisso Gabriel Bateman (Martin) Teresa Palmer(Rebecca) foram ótimos como a irmã mais velha que tenta salvar o irmão mais novo da perseguição de uma entidade que se esconde no escuro. Algumas passagens me lembraram um pouco "No Cair da Noite" (2003), mas isso não é ruim. Tira um pouco a surpresa desse novo? Talvez.
No geral, o filme tem o tempo certo para não encher linguiça e ficar cansativo, dá mais sustos que muitos filmes badalados que também tiveram dedo de Wan (beijo Anabelle) e entretém como deve ser. Não se iguala aos filmes dirigidos por Wan, mas Sandberg soube aproveitar o material que tinha em mãos. Quem sabe temos uma nova promessa a caminho?
Sobre Nós
2.8 47Como falar sobre "Sobre Nós"...
Um filme brasileiro, com tremática LGBT, que conta a história de Diego (Thiago Cazado) e Matheus (Rodrigo Bittes), dois jovens que se conhecem e começam um romance que tem tudo para ser daqueles te faz gritar "awnn".
O problema é o filme é como um monitor cardíaco desligado. Do início ao fim, não tem qualquer história movendo as cenas, que são na sua grande maioria longos trechos mostrando a intimidade do casal que não acrescentam em nada na trama. O filme se perde mostrando eles lavando louça, cuidando de plantas, vários takes deles transando, mas cada possibilidade de um conflito que acordasse o filme é disperdiçada por mais cenas dele brincando no sofá, assistindo um filme, cuidando de plantas. E houveram várias possíveis tramas apresentadas, seja o relacionamento com uma mãe ultra-moderninha, a possibilidade de um ciúme, uma viagem de quatro anos para fora do Brasil... Todos os conflitos são cortados e no máximo mostra apenas a resolução, não prendendo o público em nenhum momento.
A parte técnica do filme é muito bem feita no sentido de produção, mas não senti uma grande química entre Cazado e Bittes. Algumas cenas entre eles tinham diálogos tão rasos e forçados que chegava a ser mecânico, principalmente nos trechos de narração. A melhor personagem do filme em todos os sentidos foi interpretada por Carmem Moretzsohn, que apareceu por 5 minutos e me fez desejar ardentemente que estivesse no filme até o fim.
No final, senti que o filme é na verdade um grande documentário de cenas de um casal que talvez existiu, onde o protagonista sempre sonhou em estudar cinema e correr atrás desse sonho lhe custou o casamento, viu que perdeu o grande amor da vida e fez um filme para mostrar o quanto sente muito. Apenas.
Sobrenatural (11ª Temporada)
4.1 351 Assista AgoraUma das melhores temporadas dos últimos tempos. Envolvente, com aquele gás das primeiras, ligações com temporadas passadas e muito mais.
Um Dia de Cada Vez (1ª Temporada)
4.5 219 Assista AgoraEu estou oficialmente órfão dessa série, quero a segunda temporada para ONTEM!
"One day at a time" é uma das séries mais maravilhosas que eu vi nos últimos tempos, daquelas que quero amarrar meus amigos e fazê-los assistir e amar loucamente.
O dia a dia de uma família de imigrantes cubanos nos EUA retratados nos episódios pra mim é o novo Friends, pois os episódios são tão reais que você se sente assistindo a sua família. Penélope (Justina Machado), ex veterana da guerra do Afeganistão, cuida da sua família moderna, formada pelos dois filhos Elena (Isabella Gomez (II)) e Alex (Marcel Ruiz) com a ajuda de sua hilária mãe Lydia (Rita Moreno) (de quem quero ser melhor amigo e me despertou a vontade de pôr uma cortina para dividir a sala do corredor). O sotaque español com inglês é incrível e você sente a sorte de ser brasileiro e entender as piadas em nosso idioma irmão.
O roteiro da série é tão maravilhoso quanto o trabalho dos atores. Você ri (muito), chora, fica indignado, enterra as unhas no sofá e não sente os episódios passarem. Tudo é muito bem conduzido e dirigido.
Além de tudo, é uma trama atual. Tabus são debatidos de forma tão magistral que você pode assistir com sua avó e debater machismo e feminismo, por exemplo, baseado nas cenas dos episódios. As situações apresentadas são tão lindamente trabalhadas que você não se choca ou fica desconfortável ou indiferente.
"Onde day at a time" ganhou meu coração e estou ansioso pela próxima temporada. Eu já falei isso?
Bom, meu único conselho é: pare o que está fazendo e assista (e ame) essa série.
Bam! (isso sou eu fechando as cortinas).
Eu Fico Loko
2.9 142 Assista AgoraPosso começar com AHMEUDEUSTEMALESSANDRADEUSANEGRINI?
"Eu fico loko" é um filme do qual eu tinha baixíssimas expectativas. O sucesso do youtube fez as editoras apostarem nesses "fenômenos" e o cinema, claro, seguiu essa tendência e passou a produzir filmes sobre/com youtubers. Inclusive antes desse passou o trailer de "Internet- O filme" e eu fiquei pretérito em como o trailer é ruim (medo do filme). Fui assistir "Eu fico loko" apenas para prestigiar o trabalho de um amigo (que participou da produção do filme) e pensei que a história de um youtuber renderia um filme chato pra ***.
Realmente a trama não é lá grandes coisas. O roteiro mostra situações do dia a dia de qualquer adolescente-nerd-esquisito-incapaz-de-se-situar-em-algum-grupo-na-escola e que que encontra na ascendente internet um jeito de exorcizar seus traumas. Nada de novo. O filme causa alguma identificação (quem não foi o adolescente-nerd... ou conheceu um?), mas é bem clichê.
Tem participações maravilhosas (Alessandra ♥ Negrini) no papel de mãe de Christian e a encantadora Suely Franco no papel cativante da avó do moleque. Sério, essa mulher consegue fazer você acreditar que ela é a sua própria avó de tão fofa. Achei que o Filipe Bragança, que interpreta o Christian adolescente, muito bem no papel. Ele conseguiu transparecer tudo que o papel lhe propunha de forma bastante crível. Os demais atores foram bem, mas não diria excepcionais.
O filme tem uma qualidade técnica muito boa, foi bem conduzido por Bruno Garotti e tal, mas achei que grande parte do roteiro foi pensado para encher a bola do tal Christian Figueiredo, até então desconhecido para mim. O próprio entra em cena várias vezes (eu juro que no começo achei que fosse o Luan Santana) falando com a câmera como se fosse um vídeo para o youtube. Necessário? Não acho. Sem contar que a cena final - se é que é real - ficou bem forçada. Tipo, bem forçada para ter um "final-feliz-que-todo-filme-americano-tem-que-ter. Tem umas cenas meio bizzaras que eu desejo ardentemente acreditar que foram feitas para o filme e não refletem a realidade, porque foram bem estranhas (a sequência da primeira vez e a dele na primeira festa da vida).
Resumindo: não é um filme ruim, ele diverte e entretém. Só. Mas é pra isso que filmes servem, não?
Black Mirror (3ª Temporada)
4.5 1,3K Assista AgoraNovas tramas nos mostram o futuro que (talvez) nos aguarda.
As histórias continuam de tirar o fôlego e nos deixam de coração (pra não dizer outra coisa) na mão.
Black Mirror (2ª Temporada)
4.4 753 Assista AgoraTão perturbador quanto a primeira temporada, a segunda temporada de "Black Mirror" nos apresenta mais três tramas que seguem a nos mostrar o quão dependentes da tecnologia caminhamos para ser. Mas o mal não está nos aparelhos e sim em nós, humanos, que exageramos em tudo. "White Bear" é pra mim o melhor episódio da série e cria toda uma controvérsia sobre justiça e limites.
Black Mirror (1ª Temporada)
4.4 1,3K Assista AgoraA primeira temporada de Black Mirror é curta, focada e maravilhosa. As três tramas - independentes - são um prato cheio para quem gosta de decidir como assistir programas de TV.
Cheias de críticas à humanidade que se vende cada dia mais para a tecnologia, as histórias mostram que tudo em excesso faz mal e com a tecnologia - tão necessária - não é diferente.
O último episódio é tão perturbador que dá vontade de jogar o celular pela janela.
Minha Mãe é Uma Peça 2
3.5 807Dona Hermínia está de volta e mais nervosa do que nunca.
"Minha mãe é uma peça 2" consegue ser tão bom quanto o anterior, mostrando a vida de Dona Hermínia (interpretado por Paulo Gustavo, que é melhor atriz do que ator, como diria Ferdinando) se dividindo entre apresentar um programa de TV, ex esposa, irmã, mãe e afins. Conhecemos mais a família dela e somos presentados com momentos maravilhosos com Patricya Travassos e Alexandra Richter, que interpretam as irmãs de dona Hermínia.
O filme mais uma vez brinca maravilhosamente bem com a homossexualidade de Juliano (Rodrigo Pandolfo), que agora é bi. O discurso da personagem do Paulo Gustavo é militância pura e vale a pena refletir sobre.
Fora isso, a trama está mais madura, dividindo-se entre Rio e São Paulo (com uma ponta em Nova York. Ponta para um terceiro filme?).
Só não gostei muito da trama escolhida para Tia Zélia (Suely Franco). Depois de sua participação brilhante e importante no primeiro filme, esse me deu a impressão de que eles queriam se livrar logo da personagem. Foi emocionante, mas não diria que era necessário.
Fora isso, o filme rende muito boas gargalhadas, a mesma identificação com a sua mãe que o primeiro filme causou. A participação singela de Thales, marido do Paulo Gustavo é brilhante.
Mais uma comédia nacional que não deixa a desejar às gringas. Pode não ter uma história forte, mas garante risadas e não é a toa que ele é um grande sucesso.
Fourth Man Out
3.3 227Pensa num filme bom pra assistir despretensiosamente. "4th Man Out" conta a história de Adam, magistralmente representado por Evan Todd, um cara prestes a fazer seu 24º aniversário (há!) e decide que esta é a data perfeita para sair do armário para seus melhores amigos: Chris (Parker Young), Ortu (Jon Gabrus) e Nick (Chord Overstreet). Sob a promessa de "nada mudará entre a gente", os quatro entram em uma série de acontecimentos que mostram que de repente ter um amigo gay não é assim tão fácil, Tudo muda e o filme explora bem a busca pelo "novo ponto de equilíbrio" na amizade entre eles. Os programas "de homem" não são os mesmos, as piadas passam a ser mais cuidadosas no começo e os constrangimentos parecem não ter fim. Pelo menos no início.
Além disso, o filme retrata muito bem a vida de um cara solteiro gay, mostra um pouco a futilidade que existe (sim) nesse mundo e a busca de todos pelo seu próprio lugar. Adam passa por todo tipo de constrangimento que um cara gay passa: religioso, social, até moral quando as pessoas acham que ele magicamente passa a ser um "perigo" para os homens ao redor.
O filme tem um roteiro recheado de bom humor e os quatro personagens funcionam tão bem junto que você se sente como se os conhecessem há anos. destaque especial para Gabrus e Young que fizeram um grande trabalho com seus personagens.
A cena de todos na boate gay é uma das melhores que já vi em um filme de alguém tentando "se ajustar". É divertida e exalta que a amizade é algo essencial quando você passa por uma situação difícil. Aliás, pra mim, essa é a maior mensagem de "4th man out", expressada pelas palavras da personagem "Tracy" (Jennifer Damiano): se seu melhor amigo se assume pra você, ajude ele a passar pelo momento mais difícil de sua vida, porque o mundo dele está prestes a mudar.
Eu li muitos comentários falando sobre o estereótipo heteronormativo que o filme representa, mas parando para pensar, caberia outro tipo de personagem ali? Um cara que se mantém no armário por 23 anos, não pode ser afeminado ou ter um pôster da Cher no quarto, não é? A composição dos personagens para mim está bem feita e combina com a proposta da trama apresentada.
Pra mim é um bom filme para assistir com a família, amigos ou quando você precisa contar para alguém que... bem, Elton John.
Hurricane Bianca
2.9 206"O furacão Bianca chegou na cidade, ninguém está a salvo" anunciou Bianca del Rio quando chegou no Drag Race. E dito e feito. Ela não só ganhou a coroa, como também tomou o título de uma das queens mais queridas do povo. E agora ela se lança no cinema com um filme de baixo orçamento, sim, mas que mostra mais uma vez o carisma, originalidade, talento e audácia da vencedora da 6ª temporada.
O filme tem um enredo simples, um desenrolar previsível, mas nem por isso se torna chato. Bianca em tela é aquela mesma que assistimos no Drag Race, talvez mais contida graças ao roteiro, mas ainda engraçada. O filme não conta com brilhantes interpretações, mas entretém o bastante para que você queira acompanhar a trama do professor gay demitido por ser... gay.
Aliás, esse plot é maravilhoso, pois mostra a realidade que muitas pessoas passam por puro preconceito. Nem todos podem "voltar e se vingar" como Bianca, mas todos podem entender que a orientação sexual não afeta o caráter.
Infelizmente "Hurricane Bianca" não entrará no mainstream ou passará na Sessão da Tarde, mas é um ótimo filme para assistir com a família (mesmo a tradicional brasileira), já que toca na ferida de forma leve e divertida.
Espero que esse furacão volte mais vezes.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraO drama de uma jornalista para impedir que o prédio onde ela viveu com sua família sua vida inteira seja implodido para dar lugar a um novo prédio. Parece uma história simples, mas "Aquarius" acaba se mostrando maior que isso.
Sonia Braga carrega o filme nas costas (no melhor dos sentidos) com uma maestria digna. Clara, a personagem de Sônia, sobreviveu a um câncer de mama nos anos 80, o que já revela o caráter guerreiro da personagem. Se hoje essa batalha já é árdua, imagine a quase 40 anos atrás. Clara viu sua família crescer naquelas paredes e hoje, viúva e com os filhos criados, vive cercada de música e histórias com a sua amiga e empregada. Até que uma construtora, dona da grande maioria dos aparetamentos do prédio Aquarius, aborda Clara para comprar o seu apartamento, o único que impede a implosão do prédio para a construção de um novo empreendimento que, nas palavras do engenheiro Diego (Humberto Carrão), será mais moderno e seguro.
A batalha do filme começa entre Clara e a construtora, que vê sua paz ser roubada por festas de arromba, cultos evangélicos e o furto de sua privacidade patrocinada pela construtora para forçar a jornalista a ceder. Esse cabo-de-guerra seria tudo que você já viu antes, se a personagem de Sônia não fosse tão bem fundamentada. O filme escapa de se tornar chato justamente por quebrar o ritmo com as histórias paralelas de Clara, com suas músicas, leituras, sexo e olhar.
O filme é repleto de pequenas críticas ao nosso modo de ver o mundo, mas tão sutis e bem escritas que você só percebe o dedo na ferida depois que ela já está sangrando. Há machismo, há preconceito, há racismo, há desrespeito por idade, mas na forma de um tapa com luvas, suave o suficiente para que você se identifique sem se sentir violentado, mas incômodo o bastante para lhe perturbar. Acho que justamente isso torna "Aquarius" tão diferente de tudo que vemos.
O filme foge de ser intenso, padrão. Ele trilha caminhos menos conturbado e isso o faz ser longo, mas não vazio. Cada traço é pensado para envolver quem está assistindo, sutilmente, como um abraço silencioso.
Kleber Mendonça Filho nos apresentou um filme recheado de situações cotidianas que nos aproximam dos personagens e que nos deixa com aquela sensação de "falta alguma coisa" quando saímos do cinema, o que nos desperta uma vontade de conversar sobre o filme com alguém, de debater, de comparar pontos de vista, de falar sobre ele. Isso é uma grande sacada.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista Agora"Águas rasas" surge com a proposta de ser um filme de suspense/drama onde tudo se limita a uma única situação: uma garota ilhada em uma pedra com um tubarão a cercando. Nada passa além desse linha e o filme passa seus quase 90 minutos nos fazendo perguntar o que pode acontecer afinal de contas.
Para não ficar muito parado, Anthony Jaswinski inclui no roteiro uma simpática gaivota que tem a melhor atuação do filme e rivaliza com Wilson de "Náufrago" na categoria de "melhor personagem sem falas dos últimos tempos".
Jaume Collet-Serra preencheu o filme com imagens deslumbrantes de uma praia paradisíaca e abusou de tomadas lindíssimas, como logo no início quando a personagem Nancy (Blake Lively) passa por debaixo das ondas com sua prancha de surf.
Falando em Blake Lively (eu jurei que era a Gwyneth Paltrow em uma olhada rápida), sua personagem é linda, porém vazia. Não há nada no filme que nos faça torcer por ela além do fato que ninguém merece ser comida por um tubarão. Fica claro essa falta de conexão com os espectadores quando a gente se pega torcendo pra gaivota não ser comida enquanto chega um momento do filme que você olha para a personagem de Blake e diz "vai lá e acaba logo com isso, vai". Acho que grande parte desse pensamento se deve pelo fato de Nancy sofre tudo que uma personagem pode sofrer, uma sequência de azares que me evocaram a personagem de Sandra Bullock em Gravidade (2013).
O ponto alto do filme foi a forma como a tela do celular (usada e abusada na primeira parte do filme) é mostrada para o expectador. Achei genial. Mesmo.
Ponto negativo é certamente a sequência final. A impressão que eu tive é que na hora de escrever o final, Jaswinski olhou para a tela do computador e pensou: "Cansei disso. Como posso terminar o filme de forma rápida?" e foi o que ele fez. Você sai do cinema com a impressão de "esperei pra isso?". Sim, isso mesmo.
"Águas rasas" não é para você mergulhar de cabeça. O filme todo é tão raso quanto seu título em português sugere. Vale a pena em um dia chuvoso de inverno, com a imagem pausada e você se imaginando em um mar transparente.
Hush: A Morte Ouve
3.5 1,5KPensa um filme tenso.
Do começo ao fim, "Hush: A Morte Ouve" te põe no meio de um turbilhão. O roteiro de Mike Flanagan e Kate Siegel (que são casados na vida real) é bem mostrado na tela conforme as cenas vão se desenrolando, talvez pelo fato de Kate interpretar a protagonista e Mike dirigir o filme. Quer dizer: ambos sabiam exatamente o que queriam e o filme ganha com isso, na minha opinião.
A trama é simples: uma escritora com deficiência auditiva e de fala vivendo em uma casa no campo, isolada, se não fosse por uma vizinha e seu marido. Tudo ia bem até um mascarado misterioso começar a ameaçá-la sem qualquer razão aparente.
A ideia de colocar a falta de som que a personagem vive em evidência, até para o espectador, foi um dos pontos altos que te permitem vivenciar o filme e você se dá conta de como o som é importante, até para sua própria sobrevivência.
O filme cresce em uma tensão que te deixa grudado no sofá tentando adivinhar o que acontece a seguir e na maioria das vezes te surpreende com reviravoltas que você não podia esperar.
Tudo pareceu bem pensado para causar essas sensações no espectador e eu imagino que a maioria caia nessas "armadilhas". Claro que muitos podem se sentir traídos pela falta de explicação em algumas partes do filme, mas quem disse que a vida é cheia de explicações?
"Hush: A Morte Ouve" superou as minhas expectativas e entrou na minha lista de filmes que eu posso recomendar. Então assista. Mesmo. Agora.