Tarantino ter se tornado um ícone pop foi sua consagração e desgraça. Exemplo disso é que ele acostumou seu público a um ritmo que ele abandona em Era Uma Vez.. Tarantino resolveu tocar o foda-se e fazer o seu filme sobre filmes, fazer o seu "8 e 1/2", seu "A Noite Americana", mais pra sua satisfação do que para seu "público". Era Uma Vez... me deixou comovido como nunca me senti ao término de um dos filmes desse cara. E era uma vez... é um filme que exige de você paciência, e certa bagagem, até de conhecimento do caso Sharon Tate. Caso você não disponha disso, talvez você precise ficar no Kill Bill mesmo.
I Drink Your Blood e Satan's Sadists encontram Enter the Void e nasce essa obra de arte! O filho do homem não decepcionou! George P. Cosmatos deve estar sorrindo no inferno com o filme do seu filho.
Em geral a crítica costuma descer o pau nessa sequência. O próprio Don Mancini admite não ser o seu melhor trabalho, já que teve que escreve-lo as pressas, para ser lançado apenas nove meses após o filme anterior. Eu tenho uma memória afetiva deste filme. Daqueles marcantes da infância. Ainda me vejo sentando em frente a tv, meu pais dormindo, e eu tomando alguns cagaços com Chucky . Então recentemente decidi o revisitar. Dessa vez o analisando friamente, sem deixar o aspecto nostálgico interferir na obra. E realmente não entendo os deméritos a ele atribuídos. É eficiente e tem seus momentos divertidos. Okey, como um slasher deixa a desejar. Já que o boneco, ao invés de matar garotas semi-nuas, como é regra no gênero, prefere acabar com a raça de ... senhores de meia-idade. Claro que isso não é nada atrativo. Mas a franquia nunca foi muito fiel aos "critérios" do slasher. Porém, Brinquedo Assassino 3 é interessante e aproveita o cenário, e clima, "Nascido para Matar" para sair do lugar comum. E mesmo que o terceiro ato questionável, e que destoa completamente do resto do filme, seja apressado, eu ainda acho divertido.
Repulsa ao Sexo tem tanto subtexto e tanto veneno a destilar que rende boas horas de conversa de boteco. Seja no seu referencial estilístico, uma mistura de surrealismo, expressionismo e nouvelle vague, ou nas suas críticas subliminares (por vezes, explicitas) ao machismo e misoginia (quem diria, hein, senhor Polanski, a vida é irônica, não?). Um filme com primeiro ato arrastadíssimo e propositalmente cansativo, que irá certamente desinteressar o espectador médio. Esses 40 minutos iniciais, que para alguns podem mostrar deslumbre técnico e construção de personagem, vai ser um teste aos mais afobados e habituados ao imediatismo do horror fácil e moderno. Repulsa ao Sexo é uma obra-prima do terror primevo, e que vai além da ingenuidade de muito dos seus pares da década de 1960.
O terror é um gênero que sofre tanto com a enxurrada de porcarias lançadas que quando um filme tem uma proposta um pouco fora do habitual já causa burburinho entre os fãs e alguns já o promovem a obra-prima da semana. Pretensioso, O Culto cita Lovecraft, se apropria do terror cósmico, abre questões e morre na praia. Por mais que seu orçamento seja parco, nada justifica oo CGI nível sharkado, e isso atrapalha, e muito, a imersão. Além de deixar o tom involuntariamente cômico. Maldito seja o "pós-horror" que alguns descolados e pós-modernos andam disseminando por aí. Aaron Moorhead e Justin Benson, vou guardar esses nomes... e passar bem longe na próxima.
Hellbound divide mesmo opiniões. Alguns espectadores vão sentir estranheza perante o excesso de informação (nem todas certeiras em sua execução, admito) que o longa se propõe a explorar. Alguns sentirão falta do simplismo e a pretensão contida do primeiro, sendo que essa sequência se mostra megalomaníaca em sua grandeza. A apresentação de Leviatãn, o deus dos Cenobitas, mitologia própria, labirintos do inferno, ou seja, a criatividade de Clive Baker sem freio. Tem seus erros, mas eu a classifico digna, e ainda, superior ao primeiro capítulo em pontos técnicos. O orçamento maior rende uma dose cavalar de gore, um refinamento plástico lindo nos cenários infernais e uma cena de uma beleza ímpar, na qual dois personagens criam tensão sexual mesmo uma delas estando totalmente sem pele. A partir do segundo ato de Hellbound toda e qualquer cena vai conter algo de bizarro, o absurdo brota na tela lindamente. E okey, a partir do ato final, muita coisa se perde, e os detratores tem lá suas razões. Porém, Hellbound é uma sequência foda, e a defenderemos!
É perfeitamente compreensível que alguns espectadores tenham resistência em assisti-lo devido a (que preguiça desse assunto, mas okey, vamos lá de novo) ... mortes dos animais. Compreensível. Mas se vê que o público que tanto sublinha esse fato tem um conhecimento raso do próprio ciclo de cinema canibal italiano. Afinal, por mais incorreta que seja a prática utilizada por Deodato, e a qual eu discordo, não era exclusividade dele. Ou seja, boicotar apenas Canibal Holocaust não é apenas inútil e ridículo , como também, atesta a ignorância do espectador sobre o tema exploitation.
Hereditário (Hereditary, 2018) | Dir: Ari Aster As comparações e "puxa-saquismos" da mídia em torno do longa de Ari Aster, bradam: Hereditário é o novo Exorcista! O Filme de Terror do Século! O Mais assustador desde blá blá blá...Você aí, gato e gata escaldado(a), não vai cair nessa, não é mesmo? Pois bem. Excetuando todo o hype em cima da obra, o que sobra é sim um filme interessante e acima da média do que chega até as grandes salas comerciais. Isso é um elogio? De certa forma. Afinal, uma produção do calibre de Hereditário ser exibido em shopping center já é algo a ser louvado. Longe de ser uma obra-prima do horror, um longa que deixa a platéia (de blockbusters) em um silêncio incômodo por mais de duas horas já vale o ingresso. Os pontos negativos, pra mim, são justamente as concessões que Ari Aster abre aos que buscam o "horror comercial", com recursos já batidos e de fácil assimilação. E o timing... Hereditário pretende cansar o espectador, compreensível, mas parece perder o momento de "dar o bote" e adentrar o bizarro, e finalmente quando o faz, soa tardio. Enfim, assista, mas sem esperar a reinvenção da roda do terror.
O promissor Pascal Laugier, outrora expoente do new french extremity, do incômodo (e corajoso) Mártires, parece rendido a linguagem americana de cinema de horror contemporâneo. Sério que um diretor desse calibre aposta em jumpscares previsíveis e vagabundos como recurso? O que seria esperado de um Andy Muschietti visto no filme de Laughier decepciona e deve ter como alvo os fãs de IT - A Coisa, Rob Zombie ou Annabelle. E por favor, não cite Lovecraft em vão.
Uma trama que poderia ser envolvente se houvesse mais carisma em tela. O tom do filme é de tamanha sobriedade que até os momentos onde deveria haver emoção se tornam inertes. Você não sente ligação alguma com o drama da livreira, não sente a ameaça da "vilã". E quando isso acontece, um filme se torna um fardo a ser carregado lentamente pelo espectador. Tanta exuberância de cenários naturais, tão bela cinematografia, qualidades desperdiçadas numa produção tão empolgante quanto assistir o crescimento de grama.
Silent Night, Deadly Night tem momentos de puro vigor e genialidade dentro do subgênero slasher. Exemplifico: um detalhe que pode passar batido aos desatentos ou não familiarizados com a estrutura narrativa de roteiro (3 atos: introdução/conflito/conclusão): Natal Sangrento é composto de pequenos atos (no mínimo 5) que se enlaçam, dando dinamismo na história, e ao término conclui no mesmo ponto (local - internato) de início. Somos apresentados a novos personagens a todo momento, e isso revigora nosso interesse, e nos prende, a cada sequência. O carisma de Billy, e seu calvário até se tornar um assassino, deixa um background crível, e nos faz ter não só piedade pelos seus atos, mas também simpatia pela sua "vingança". Enfim, Silent Night, Deadly Night é um slasher incrível, subversivo, incorreto e fora da mesmice.
Projeto Flórida retrata o chamado "White Trash" americano com a mesma verve que Harmony korine usou para construir sua carreira e linguagem. Mérito ou demérito, isso fica por conta do espectador, e da sua sensibilidade. Tecnicamente, é uma produção de qualidades limitadas (uma delas, sem dúvidas, é sua paleta de cores), e seu tom quase documental pode causar estranheza ao primeiro contato. Porém, é um exemplar inspirado de um cinema cru, e ao mesmo tempo, delicado quanto à infância.
Antes de mais nada, é preciso saber que Batman Ninja não se baseia apenas no visual das produções japonesas para montar seu estilo. O longa absorve bastante da linguagem oriental, e com isso, muito exagero e surrealismo vão surgir ao longo dos 85 minutos, e isso, pode sim, incomodar o espectador que espera algo mais "comum" ao universo tradicional de Bruce Wayne. Cheio de referências, principalmente aos tokusatsus, Batman Ninja apesar de um roteiro fraco, tem bons momentos de luta e visualmente é um trabalho lindíssimo. Mais indicado aos fãs de animes do que aos fãs do morcegão.
O novo trabalho do japonês Ryuhei Kitamura (de Midnight Train e Azumi) tem uma premissa interessante, e que devido a sua simplicidade, cai como uma luva na produção de orçamento limitado. Durante uma viagem, a qual em momento algum do filme é citado o motivo para que ela aconteça, um grupo de jovens (calma, não é mais um slasher) precisa parar na estrada devido a um pneu furado. Ao ficarem dando sopa em meio ao nada, um sniper começa a disparar seu rifle contra eles, e pronto, temos nossa carnificina. Se a ideia original de Downrange é promissora e permite uma gama de possibilidades, o mesmo já não se pode falar de sua execução e suas (diversas) pisadas na bola. Um filme que inicialmente não perde tempo com lenga lenga e parte logo para a matança perde muito o impacto quando, no seu segundo ato, devaneia em sentimentalismos rasos (e com interpretações tragicômicas). Ainda exige de você, espectador, muito da sua suspensão de descrença para aceitar que algumas cenas possam fazer o mínimo de sentido. Sério, alguns momentos parecem saídos de Todo Mundo em Pânico. Porém, Downrange até tem lá seus méritos. O gore é competente, o assassino é bem trabalhado, com uma atmosfera de suspense em sua construção, e utilizando apenas um cenário natural, e excetuando suas cagadas, o roteiro te segura até o fim (afinal, se você já deu o play né?! Agora foda-se). Downrange não entrega um resultado final espetacular, mas não custa nada dar uma conferida.
Quando os detratores usam o ritmo lento de O Dia dos Mortos como argumento para o desqualificar, eles até estão certos. Realmente, Dia dos Mortos tem os seus dois atos iniciais extremamente arrastados. A primeira vítima de um zumbi é atacada somente aos 58 minutos. Porém, essa lentidão se justifica perante o que está por vir no ato final. Os 40 minutos finais irão recompensar, e muito, os que até ali chegaram. O Dia dos Mortos tem algo único na, até então, trilogia de Romero, recebe a influencia do Splatter italiano, e assim como em Zombie, de Lucio Fulci, o sangue jorra na tela, aos litros. Além disso, as críticas de George Romero, como de praxe, se fazem presentes. Militarismo e abuso de poder (assunto que já havia sido abordado pelo diretor em Crazies, de 1973), conflito na ciência, cobaias e extermínio, machismo, e outros subtextos são explorados nas entrelinhas deste, que pra mim, é um dos melhores exemplares do subgênero já feitos (e meu favorito da trilogia).
Que a produção carrega consigo uma representatividade racial e carga de etnia é inquestionável, e por si só já basta como argumento para que esse filme exista. Porém, como filme apenas, excetuando todo esse contexto, não me desce muito. E como se tratando de obra cinematográfica, um blockbuster, e não um manifesto sociocultural, avalio baseado nas suas qualidades fílmicas. Essas, em matéria de roteiro, cgi e carisma, são rasas. No entanto, um filme necessário à esses tempos. Pela sua abordagem.
Considerado por fãs e críticos (procure listas as gringas na web) o melhor da franquia, o capitulo 4 realmente é um esplendor de slasher. Esse é o filme que se lembra quando se fala em Sexta-Feira 13. Ainda longe do caminho ridículo que a série tomaria. Tom Savini nos efeitos, Corey Feldman e Crispin Glover, que são a cara dos anos 1980, no elenco. Meu favorito da série e um dos meus slashers favoritos de todos os tempos.
S. Craig Zahler é um cineasta que soube assimilar a estética exploitation nos seus dois filmes até o momento: a estréia Bone Tomahawk, homenageando o ciclo canibal italiano e os westerns, e agora, em Brawl in Cell Block 99. Uma mistura de prison movie (com direito a diretor de cadeia nazista), e ação do estilo exército de um homem só. Longe dos maneirismo e caricaturas de Tarantino e Rodriguez, Zahler não cai na paródia. Faz exploitation sem palhaçada e piadinhas. Indicado aos fãs do cinema grindhouse dos anos 60 e 70 (Jack Hill, Melvin Van Peebles e Mchael Winner), se não for o caso, provavelmente não é a sua praia, e você ainda corre o risco de ser um sabe-nada que vem aqui comentar um monte de besteiras.
Por razões pessoais a homenagem aos musicais clássicos tornou a produção cansativa em certos momentos, mas isso é como disse, pessoal. Já o design de produção, a criação de mundo e a estética são fantásticos, que como sempre Del Toro entrega. Quanto ao roteiro, lúdico, porém, previsível em certos aspectos. De fábula até a conclusão é influenciada.
Um Argento tentando de se reinventar nos anos oitenta. Utilizando os meios do cinema horror europeu da década passada, dos giallos, do sobrenatural à italiana... Phenomena no fim das contas se apresenta como uma produção confusa em ritmo e argumentos. Tudo bem que pela suspensão da descrença podemos aceitar tudo, mas a questão da mosca, do macaco beiram o hilário, e a piada perde a graça bem rápido aqui. Na dúvida, assista as obras-primas Suspira, Prelúdio para Matar e Tenebre.
Os 96 minutos do corte final poderiam ser resumidos se editadas as encheções de linguiça do primeiro ato, que se repete á exaustão. Aliás, o moleque, que ganha destaque até o meio do filme, não tem função nenhuma na trama a não ser alonga-la. Mas aí começam as mortes e a história de fato, que fazem valer (um pouco) a pena a espera. A sequência da final girl é interessante. Tobe Hooper nunca se superou, após o Massacre da Serra Elétrica, mas não chega a passar vergonha em Pague para Entrar, Reze para Sair.
Se a intenção de Eli Roth era prestar tributo aos clássicos filmes de canibal italianos dos anos 70, essa homenagem se perde em atuações dignas de "malhação" e um terror adolescente que beira a vergonha alheia. Em quesito violência, essa que seria o mote pra venda da produção e que tanto se cogitou, não chega aos pés dos mesmos filmes de canibal citados acima. Em momento algum é levada a sério. Tentando reviver um estilo, soa como um plágio, vide a cena final roubada descaradamente de Cannibal Ferox. Ruggero Deodato e Umberto Lenzi não mereciam esse tipo de "homenagem" canastrona.
Que John Carpenter já esteve mais inspirado, isso é inegável. Porém, Fuga de NY é um filme sincero e digno. Em momento algum se mostra pretensioso e se compromete apenas com a diversão. Um filme de ação mais baseado em visual do que explosões, e um herói sem atos heroicos, longe do arquétipo "Rambo" ou um "John McClane". Assim como Warriors, vale pela lembrança de filmes feitos na "garra" e trabalho duro. E... Snake, você não estava morto?...
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraTarantino ter se tornado um ícone pop foi sua consagração e desgraça. Exemplo disso é que ele acostumou seu público a um ritmo que ele abandona em Era Uma Vez.. Tarantino resolveu tocar o foda-se e fazer o seu filme sobre filmes, fazer o seu "8 e 1/2", seu "A Noite Americana", mais pra sua satisfação do que para seu "público". Era Uma Vez... me deixou comovido como nunca me senti ao término de um dos filmes desse cara. E era uma vez... é um filme que exige de você paciência, e certa bagagem, até de conhecimento do caso Sharon Tate. Caso você não disponha disso, talvez você precise ficar no Kill Bill mesmo.
Como Falar com Garotas em Festas
3.2 204 Assista AgoraTava bão, não tava tão bão, tava ruim, agora parece que piorou...
Mandy: Sede de Vingança
3.3 536 Assista AgoraI Drink Your Blood e Satan's Sadists encontram Enter the Void e nasce essa obra de arte! O filho do homem não decepcionou! George P. Cosmatos deve estar sorrindo no inferno com o filme do seu filho.
Brinquedo Assassino 3
2.9 400 Assista AgoraEm geral a crítica costuma descer o pau nessa sequência. O próprio Don Mancini admite não ser o seu melhor trabalho, já que teve que escreve-lo as pressas, para ser lançado apenas nove meses após o filme anterior. Eu tenho uma memória afetiva deste filme. Daqueles marcantes da infância. Ainda me vejo sentando em frente a tv, meu pais dormindo, e eu tomando alguns cagaços com Chucky . Então recentemente decidi o revisitar. Dessa vez o analisando friamente, sem deixar o aspecto nostálgico interferir na obra. E realmente não entendo os deméritos a ele atribuídos. É eficiente e tem seus momentos divertidos. Okey, como um slasher deixa a desejar. Já que o boneco, ao invés de matar garotas semi-nuas, como é regra no gênero, prefere acabar com a raça de ... senhores de meia-idade. Claro que isso não é nada atrativo. Mas a franquia nunca foi muito fiel aos "critérios" do slasher. Porém, Brinquedo Assassino 3 é interessante e aproveita o cenário, e clima, "Nascido para Matar" para sair do lugar comum. E mesmo que o terceiro ato questionável, e que destoa completamente do resto do filme, seja apressado, eu ainda acho divertido.
Repulsa ao Sexo
4.0 461 Assista AgoraRepulsa ao Sexo tem tanto subtexto e tanto veneno a destilar que rende boas horas de conversa de boteco. Seja no seu referencial estilístico, uma mistura de surrealismo, expressionismo e nouvelle vague, ou nas suas críticas subliminares (por vezes, explicitas) ao machismo e misoginia (quem diria, hein, senhor Polanski, a vida é irônica, não?). Um filme com primeiro ato arrastadíssimo e propositalmente cansativo, que irá certamente desinteressar o espectador médio. Esses 40 minutos iniciais, que para alguns podem mostrar deslumbre técnico e construção de personagem, vai ser um teste aos mais afobados e habituados ao imediatismo do horror fácil e moderno. Repulsa ao Sexo é uma obra-prima do terror primevo, e que vai além da ingenuidade de muito dos seus pares da década de 1960.
O Culto
3.2 200 Assista AgoraO terror é um gênero que sofre tanto com a enxurrada de porcarias lançadas que quando um filme tem uma proposta um pouco fora do habitual já causa burburinho entre os fãs e alguns já o promovem a obra-prima da semana. Pretensioso, O Culto cita Lovecraft, se apropria do terror cósmico, abre questões e morre na praia. Por mais que seu orçamento seja parco, nada justifica oo CGI nível sharkado, e isso atrapalha, e muito, a imersão. Além de deixar o tom involuntariamente cômico. Maldito seja o "pós-horror" que alguns descolados e pós-modernos andam disseminando por aí. Aaron Moorhead e Justin Benson, vou guardar esses nomes... e passar bem longe na próxima.
Hellraiser II: Renascido das Trevas
3.4 304 Assista AgoraHellbound divide mesmo opiniões. Alguns espectadores vão sentir estranheza perante o excesso de informação (nem todas certeiras em sua execução, admito) que o longa se propõe a explorar. Alguns sentirão falta do simplismo e a pretensão contida do primeiro, sendo que essa sequência se mostra megalomaníaca em sua grandeza. A apresentação de Leviatãn, o deus dos Cenobitas, mitologia própria, labirintos do inferno, ou seja, a criatividade de Clive Baker sem freio. Tem seus erros, mas eu a classifico digna, e ainda, superior ao primeiro capítulo em pontos técnicos. O orçamento maior rende uma dose cavalar de gore, um refinamento plástico lindo nos cenários infernais e uma cena de uma beleza ímpar, na qual dois personagens criam tensão sexual mesmo uma delas estando totalmente sem pele. A partir do segundo ato de Hellbound toda e qualquer cena vai conter algo de bizarro, o absurdo brota na tela lindamente. E okey, a partir do ato final, muita coisa se perde, e os detratores tem lá suas razões. Porém, Hellbound é uma sequência foda, e a defenderemos!
Holocausto Canibal
3.1 831É perfeitamente compreensível que alguns espectadores tenham resistência em assisti-lo devido a (que preguiça desse assunto, mas okey, vamos lá de novo) ... mortes dos animais. Compreensível. Mas se vê que o público que tanto sublinha esse fato tem um conhecimento raso do próprio ciclo de cinema canibal italiano. Afinal, por mais incorreta que seja a prática utilizada por Deodato, e a qual eu discordo, não era exclusividade dele. Ou seja, boicotar apenas Canibal Holocaust não é apenas inútil e ridículo , como também, atesta a ignorância do espectador sobre o tema exploitation.
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraHereditário (Hereditary, 2018) | Dir: Ari Aster
As comparações e "puxa-saquismos" da mídia em torno do longa de Ari Aster, bradam: Hereditário é o novo Exorcista! O Filme de Terror do Século! O Mais assustador desde blá blá blá...Você aí, gato e gata escaldado(a), não vai cair nessa, não é mesmo? Pois bem. Excetuando todo o hype em cima da obra, o que sobra é sim um filme interessante e acima da média do que chega até as grandes salas comerciais. Isso é um elogio? De certa forma. Afinal, uma produção do calibre de Hereditário ser exibido em shopping center já é algo a ser louvado. Longe de ser uma obra-prima do horror, um longa que deixa a platéia (de blockbusters) em um silêncio incômodo por mais de duas horas já vale o ingresso. Os pontos negativos, pra mim, são justamente as concessões que Ari Aster abre aos que buscam o "horror comercial", com recursos já batidos e de fácil assimilação. E o timing... Hereditário pretende cansar o espectador, compreensível, mas parece perder o momento de "dar o bote" e adentrar o bizarro, e finalmente quando o faz, soa tardio. Enfim, assista, mas sem esperar a reinvenção da roda do terror.
A Casa do Medo: Incidente em Ghostland
3.5 749O promissor Pascal Laugier, outrora expoente do new french extremity, do incômodo (e corajoso) Mártires, parece rendido a linguagem americana de cinema de horror contemporâneo. Sério que um diretor desse calibre aposta em jumpscares previsíveis e vagabundos como recurso? O que seria esperado de um Andy Muschietti visto no filme de Laughier decepciona e deve ter como alvo os fãs de IT - A Coisa, Rob Zombie ou Annabelle. E por favor, não cite Lovecraft em vão.
A Livraria
3.6 218 Assista AgoraUma trama que poderia ser envolvente se houvesse mais carisma em tela. O tom do filme é de tamanha sobriedade que até os momentos onde deveria haver emoção se tornam inertes. Você não sente ligação alguma com o drama da livreira, não sente a ameaça da "vilã". E quando isso acontece, um filme se torna um fardo a ser carregado lentamente pelo espectador. Tanta exuberância de cenários naturais, tão bela cinematografia, qualidades desperdiçadas numa produção tão empolgante quanto assistir o crescimento de grama.
Natal Sangrento
3.1 153 Assista AgoraSilent Night, Deadly Night tem momentos de puro vigor e genialidade dentro do subgênero slasher. Exemplifico: um detalhe que pode passar batido aos desatentos ou não familiarizados com a estrutura narrativa de roteiro (3 atos: introdução/conflito/conclusão): Natal Sangrento é composto de pequenos atos (no mínimo 5) que se enlaçam, dando dinamismo na história, e ao término conclui no mesmo ponto (local - internato) de início. Somos apresentados a novos personagens a todo momento, e isso revigora nosso interesse, e nos prende, a cada sequência. O carisma de Billy, e seu calvário até se tornar um assassino, deixa um background crível, e nos faz ter não só piedade pelos seus atos, mas também simpatia pela sua "vingança". Enfim, Silent Night, Deadly Night é um slasher incrível, subversivo, incorreto e fora da mesmice.
Projeto Flórida
4.1 1,0KProjeto Flórida retrata o chamado "White Trash" americano com a mesma verve que Harmony korine usou para construir sua carreira e linguagem. Mérito ou demérito, isso fica por conta do espectador, e da sua sensibilidade. Tecnicamente, é uma produção de qualidades limitadas (uma delas, sem dúvidas, é sua paleta de cores), e seu tom quase documental pode causar estranheza ao primeiro contato. Porém, é um exemplar inspirado de um cinema cru, e ao mesmo tempo, delicado quanto à infância.
Batman Ninja
2.8 250 Assista AgoraAntes de mais nada, é preciso saber que Batman Ninja não se baseia apenas no visual das produções japonesas para montar seu estilo. O longa absorve bastante da linguagem oriental, e com isso, muito exagero e surrealismo vão surgir ao longo dos 85 minutos, e isso, pode sim, incomodar o espectador que espera algo mais "comum" ao universo tradicional de Bruce Wayne. Cheio de referências, principalmente aos tokusatsus, Batman Ninja apesar de um roteiro fraco, tem bons momentos de luta e visualmente é um trabalho lindíssimo. Mais indicado aos fãs de animes do que aos fãs do morcegão.
Downrange
2.8 90O novo trabalho do japonês Ryuhei Kitamura (de Midnight Train e Azumi) tem uma premissa interessante, e que devido a sua simplicidade, cai como uma luva na produção de orçamento limitado. Durante uma viagem, a qual em momento algum do filme é citado o motivo para que ela aconteça, um grupo de jovens (calma, não é mais um slasher) precisa parar na estrada devido a um pneu furado. Ao ficarem dando sopa em meio ao nada, um sniper começa a disparar seu rifle contra eles, e pronto, temos nossa carnificina. Se a ideia original de Downrange é promissora e permite uma gama de possibilidades, o mesmo já não se pode falar de sua execução e suas (diversas) pisadas na bola. Um filme que inicialmente não perde tempo com lenga lenga e parte logo para a matança perde muito o impacto quando, no seu segundo ato, devaneia em sentimentalismos rasos (e com interpretações tragicômicas). Ainda exige de você, espectador, muito da sua suspensão de descrença para aceitar que algumas cenas possam fazer o mínimo de sentido. Sério, alguns momentos parecem saídos de Todo Mundo em Pânico. Porém, Downrange até tem lá seus méritos. O gore é competente, o assassino é bem trabalhado, com uma atmosfera de suspense em sua construção, e utilizando apenas um cenário natural, e excetuando suas cagadas, o roteiro te segura até o fim (afinal, se você já deu o play né?! Agora foda-se). Downrange não entrega um resultado final espetacular, mas não custa nada dar uma conferida.
Dia dos Mortos
3.7 306 Assista AgoraQuando os detratores usam o ritmo lento de O Dia dos Mortos como argumento para o desqualificar, eles até estão certos. Realmente, Dia dos Mortos tem os seus dois atos iniciais extremamente arrastados. A primeira vítima de um zumbi é atacada somente aos 58 minutos. Porém, essa lentidão se justifica perante o que está por vir no ato final. Os 40 minutos finais irão recompensar, e muito, os que até ali chegaram. O Dia dos Mortos tem algo único na, até então, trilogia de Romero, recebe a influencia do Splatter italiano, e assim como em Zombie, de Lucio Fulci, o sangue jorra na tela, aos litros. Além disso, as críticas de George Romero, como de praxe, se fazem presentes. Militarismo e abuso de poder (assunto que já havia sido abordado pelo diretor em Crazies, de 1973), conflito na ciência, cobaias e extermínio, machismo, e outros subtextos são explorados nas entrelinhas deste, que pra mim, é um dos melhores exemplares do subgênero já feitos (e meu favorito da trilogia).
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraQue a produção carrega consigo uma representatividade racial e carga de etnia é inquestionável, e por si só já basta como argumento para que esse filme exista. Porém, como filme apenas, excetuando todo esse contexto, não me desce muito. E como se tratando de obra cinematográfica, um blockbuster, e não um manifesto sociocultural, avalio baseado nas suas qualidades fílmicas. Essas, em matéria de roteiro, cgi e carisma, são rasas. No entanto, um filme necessário à esses tempos. Pela sua abordagem.
Sexta-Feira 13, Parte 4: O Capítulo Final
3.3 376 Assista AgoraConsiderado por fãs e críticos (procure listas as gringas na web) o melhor da franquia, o capitulo 4 realmente é um esplendor de slasher. Esse é o filme que se lembra quando se fala em Sexta-Feira 13. Ainda longe do caminho ridículo que a série tomaria. Tom Savini nos efeitos, Corey Feldman e Crispin Glover, que são a cara dos anos 1980, no elenco. Meu favorito da série e um dos meus slashers favoritos de todos os tempos.
Confronto no Pavilhão 99
3.7 217 Assista AgoraS. Craig Zahler é um cineasta que soube assimilar a estética exploitation nos seus dois filmes até o momento: a estréia Bone Tomahawk, homenageando o ciclo canibal italiano e os westerns, e agora, em Brawl in Cell Block 99. Uma mistura de prison movie (com direito a diretor de cadeia nazista), e ação do estilo exército de um homem só. Longe dos maneirismo e caricaturas de Tarantino e Rodriguez, Zahler não cai na paródia. Faz exploitation sem palhaçada e piadinhas. Indicado aos fãs do cinema grindhouse dos anos 60 e 70 (Jack Hill, Melvin Van Peebles e Mchael Winner), se não for o caso, provavelmente não é a sua praia, e você ainda corre o risco de ser um sabe-nada que vem aqui comentar um monte de besteiras.
A Forma da Água
3.9 2,7KPor razões pessoais a homenagem aos musicais clássicos tornou a produção cansativa em certos momentos, mas isso é como disse, pessoal. Já o design de produção, a criação de mundo e a estética são fantásticos, que como sempre Del Toro entrega. Quanto ao roteiro, lúdico, porém, previsível em certos aspectos. De fábula até a conclusão é influenciada.
Phenomena
3.7 246Um Argento tentando de se reinventar nos anos oitenta. Utilizando os meios do cinema horror europeu da década passada, dos giallos, do sobrenatural à italiana... Phenomena no fim das contas se apresenta como uma produção confusa em ritmo e argumentos. Tudo bem que pela suspensão da descrença podemos aceitar tudo, mas a questão da mosca, do macaco beiram o hilário, e a piada perde a graça bem rápido aqui. Na dúvida, assista as obras-primas Suspira, Prelúdio para Matar e Tenebre.
Pague Para Entrar, Reze Para Sair
3.1 345Os 96 minutos do corte final poderiam ser resumidos se editadas as encheções de linguiça do primeiro ato, que se repete á exaustão. Aliás, o moleque, que ganha destaque até o meio do filme, não tem função nenhuma na trama a não ser alonga-la. Mas aí começam as mortes e a história de fato, que fazem valer (um pouco) a pena a espera. A sequência da final girl é interessante. Tobe Hooper nunca se superou, após o Massacre da Serra Elétrica, mas não chega a passar vergonha em Pague para Entrar, Reze para Sair.
Canibais
2.6 517 Assista AgoraSe a intenção de Eli Roth era prestar tributo aos clássicos filmes de canibal italianos dos anos 70, essa homenagem se perde em atuações dignas de "malhação" e um terror adolescente que beira a vergonha alheia. Em quesito violência, essa que seria o mote pra venda da produção e que tanto se cogitou, não chega aos pés dos mesmos filmes de canibal citados acima. Em momento algum é levada a sério. Tentando reviver um estilo, soa como um plágio, vide a cena final roubada descaradamente de Cannibal Ferox. Ruggero Deodato e Umberto Lenzi não mereciam esse tipo de "homenagem" canastrona.
Fuga de Nova York
3.5 299 Assista AgoraQue John Carpenter já esteve mais inspirado, isso é inegável. Porém, Fuga de NY é um filme sincero e digno. Em momento algum se mostra pretensioso e se compromete apenas com a diversão. Um filme de ação mais baseado em visual do que explosões, e um herói sem atos heroicos, longe do arquétipo "Rambo" ou um "John McClane". Assim como Warriors, vale pela lembrança de filmes feitos na "garra" e trabalho duro. E... Snake, você não estava morto?...