E no mesmo dia que terminei esse documentário avistei, ao voltar da praça em um fim da tarde numa rua de pedra, uma senhora catando pets na frente de uma casa cuja dona perguntava se ela também cata papelão. Ouvi e não resisti, conversei com a senhora e a convidei para vir na minha casa buscar os lixos pessoais que acumulo há mais de um ano dentro de uma grande caixa com o propósito de doar para algum reciclador. Essencial e impecável para todo mundo que está no movimento lixo zero.
Surrealismo maravilhoso danificado pelo 'aguismo com açúcar' dos animes Ghibli, perdão, mas apesar de emocionantes esses encerramentos românticos e suavezinhos não me tragam bem porque gostaria que o inusitado ocorrido ao longo de toda a metragem se mantivesse até o fim. A minha cena favorita é quando a Yubaba humilha a pobre Chihiro oferecendo um emprego deplorável, angustiante.
As emergências do Sem-Face são belíssimas. Pensei que haveria um grande mistério em torno dele, e tem, só que infindável. Ele é como uma esponja: vê uma menina passando por dificuldades, a ajuda. É chamado, vai. Vê ganância, se torna ganancioso. É bem-vindo, se mantém no local. Uma presença sombria que, além de visualmente bela, intensifica a dramaticidade dos ocorridos mesmo tendo alterado praticamente em nada a sucessão de acontecimentos.
Seria ótimo se terminasse no final clímax de assassinato triplo e aquela carta lipidamente emocionante, mas decidiram transformar um personagem que estava se tornando mais um no meio da podridão noturna que tanto desgostava para um herói sem sequelas que venceu a solidão e que dominou todas as técnicas de sedução pela autoconfiança adquirida, vagante desempedido por ruas perigosas sem nenhuma consequência com a polícia e com a máfia pelo que fez. Se a loucura e a perturbação foram tão facilmente superadas, então se trata só de uma inocência desvirtualizada por experiências pessoais e de observação e envolvimento social? Isso seria subentendido caso terminasse na parte que citei, mas só que na medida certa, pois creio que não seja o suficiente para justificar com bom senso a tentativa de matar um político por causa do rancor traumático de tomar um fora por achar - com muita inocência pela falta de noção das coisas, eu sei - que pornografia num primeiro encontro seria por grandes hipóteses romanticamente agradável sem torná-lo um mongoloide aos olhos da mulher. Citei isso pra futilizar a tentativa falha de assassinato dele e ressaltar que ele não é um homem realmente de altos valores para o filme lecionar que ele se apropriou do crime para concretizar seus valores pessoais, o que não é algo ruim, mas algo que torna aquele final feliz ainda mais desnecessário e mastigado.
Poderia ser um ótimo exemplar de desgraçamento urbano, mas acabou como algo mais tradicional e centrado em 'força de atitude'.
Ahhh, a anaconda fêmea devorando aquele homem explicitamente... prazer vore total. Não tivemos crocobras aqui, mas confesso que gosto de assistir cobras gigantes de aparência normal tanto quanto híbridas. Talvez até mais, na verdade.
Temos aqui algo que falta muito nesse tipo de filme e que colabora com o humor proposital: múltiplos personagens carismáticos. E a gótica(?) debochando da futilidade dos adolescentes de irmandade enquanto os usa como objeto de estudo psicoacadêmico?
Como muitos aqui, a cena inicial se tornou marcante e nostálgica pra mim também. Acho que assisti ela numa noite em que minha mãe trocou de canal por ter sido pesada demais ou coisa do tipo. Ela é uma tragédia súbita diante de um canto harmonioso, um luxo pacífico, trauma absoluto.
Reassistindo hoje, vejo que a horrorosa trilha sonora soou tão adolescente que de nada combinou com a beleza fantasmagórica que o navio tinha para oferecer abundantemente.
Que vilão tosco e sem personalidade, um local completamente único e perfeitamente propício ao morto merecia algo à altura, final mais ainda. A exposição do massacre foi legal (mais uma vez, apesar da trilha), foi estiloso imaginar crimes de alto porte naquele crème de la crème isolado, porém faz com que a tragédia da cena inicial perca parte de seu impacto: ser um acidente por motivo técnico é mais perturbador do que ser propositalmente, pois tira parcela da banalidade da causa das mortes. Morreram por causa de dinheiro e poder, não porque um marinheiro deixou de se certificar de um cabo. Mas bem, seria impossível matar todos os passageiros dessa forma e logo o barco nunca ficaria 'perdido', sendo assim entendo completamente o enredo ter partido para uma história com segredos da alta sociedade da área.
Pedir desculpas ao Kevin, mesmo que num breve instante. Isso mostraria a consciência pesada de tê-lo colocado na prisão que consequentemente o transformou em um traficante, mudando sua personalidade por gerir autodefesas restritivas perante o mundo. Penso que resultaria num encerramento dramático mais suave, mas quem sabe esta pendência não densificou o cafuné do final acertadamente, simbolizando a percepção do trauma sexual com um perdão sincero que frisou uma inocência resgatada?
A ambientação fúnebre de Rússia vitoriana é excepcional, fotografia mui promissora de obscuridade gótica. Tinha tudo pra ser um inspirador sobrenatural, uma família memorável, mas a quantidade de conveniências furadas foi tão grande que acabou prejudicando essa ambientação... e todos com o intuito de forçar clímaces bem aceleradamente 'americanizados'. Já que assim foi, seria muitíssimo melhor que se passasse no passado do início ao fim. A morbidade daquela cena inicial é façanhosa e nada replicável com personagens urbanos do novo milênio que mais desdenhariam do que frutificariam tal situações.
Mesmo sabendo que a destruição do fotograma findaria o espírito, houve uma postergação até irritante da tomada dessa atitude. Acho que o objetivo era abrir vão para uma continuação mesmo, já que o cogitar que ela não destruiu por medo de alguma última reação num momento de desespero é de se questionar.
Na primeira metade só estava me entediando com tantos garotos falando e fazendo sucessivamente e antologicamente coisas tão negativamente estereotipáveis de adolescentes. Mas ao anoitecer, quando o filme começa a mudar o foco dos personagens para uma demonstração quase pueril de vivências sendo nitidamente experienciadas com altas doses de endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina, como as descobertas capazes e ápices de aventuras dentro das possibilidades da naturalidade, enfocando com bastante vigor nerds, maconheiros e garotas, possibilitando até uma alta captação do experimentalismo, UAU! Se tornou aconchegante e engraçado, sem o pesar social de um besteirol escolar popular, mas ainda assim um tanto deprimente por saber que nunca pude viver uma noite com este nível de loucura e anarquia formulada por uma jovialidade ardente e desajustada com a tranquilidade do cotidiano, mesmo tendo completa noção que nem mesmo nos Estados Unidos a geração de hoje conseguiria convocar a mesma intensidade de uma geração setentista.
Lembrou Renascida do Inferno, outro terror da Blumhouse que combina sobrenatural com elementos de ficção científica. Achei bastante acima da média para o subgênero contemporâneo, às vezes é ótimo um sobrenatural com protagonismos maduros e informados que não sejam padres, o que talvez tenha sido essencial para a formulação dramática do lado psicanalítico que o filme quis trazer de modo mais realista do que teológico. A manifestação demoníaca também não ocorre de forma besta, possuídos que se movimentam o mínimo necessário sempre dão certo.
Decidi reassistir há alguns anos atrás para incluir nos meus vistos e por ser sobre um esqueleto ambulante cristão que trabalha pro Mefistófeles 🤔 Se ele realmente aceitasse deixar de ser caveirão, passaria o resto da vida em prisão perpétua por múltiplo homicídio e não teria família alguma, dá pra entender.
E nada disso teria acontecido se o Cavaleiro Fantasma tivesse percebido o quão e tão fácil seria acabar com o vilão depois do contrato de San Venganza ser despertado. Tudo o que ele tentou fazer com exceção de entregar a papelada foi absolutamente em vão e cenográfico, independente da coragem do caveirão o vilão teria o mesmo fim. 'Não se pode viver com medo' ...arrisque-se e faça os desejos do inimigo, esteja bem informado e obtenha uma vitória sem esforço! Ridicularizável.
Acredito que o horror tenha funcionado tanto nas primeiras cenas devido a mistura de sobrenaturalidade com CORPOS FÍSICOS, distorcidos e levemente sujos, mas ainda assim sem efeitos especiais surreais, contorções impossíveis ou fumaças - e é o que exatamente começa a manifestar-se nas cenas finais, decaindo em pavorosidade e morbidez. É uma pena que um horror tão promissor tenha desandado tanto após focar em um personagem tão nhé, que só foi dado enfoque provavelmente por causa de problemas cardíacos. Esse filme tentou até se explicar bastante, contando até com doutores espirituais, e vocês ainda reclamando que faltaram respostas... O roteiro, se nos poupasse de tentar elucidar os mistérios de algo tão naturalmente incógnito como o post mortem, resultaria em um horror de maior superioridade, já que boa parte da tensão é destruída quando o mistério se esmaece.
Ah, e o pôster é bem bonito, apesar de mais parecer ser de um filme de ficção científica do que de de um horror sobrenatural, o que aliás pontua o 'body horror' que elogiei no início desta minha crítica. Este curta-metragem do diretor possui várias semelhanças com o filme e demonstra que Demián Rugna esteve com o projeto em mente desde 2002: filmow.com/tiene-miedo-t293842
'What it does feels like to kill a man?' desenvoltura de Esmeralda Villalobos que ficou na minha cabeça por dias. O exagero, o carisma e a sensualidade desta breve femme fatale se estende para o restante dos personagens: absolutamente aliciadores em histórias apelativas que estranhamente nunca perdem o cerne de maturidade. Fabianne e Butch passam um acolhimento adulto muito amável e nada forçado mesmo opostos ao extremo em personalidade, mais uma vez fortalecendo o exagero, o carisma e a sensualidade. Na cena do submundo BDSM, por exemplo, só pela trilha sonora dá pra donotar o quão estilizado é. Uma genial coletânea que contrai os entretenimentos mais puros de pulps de crime que hoje podem ser encontrados nas estantes mais baratas de um sebo de tão vistos como cafonas, datados e desgastados que geralmente são.
O que mais me prendeu foi a exploração dos limites de possibilidades do quarto. Aquele furo, a conexão do celular com a fiação, o gás explodindo no duto. É uma sensação prazerosa de visionaridade, como se cada detalhe daquele ambiente extremamente restritivo tivesse sido analisado e espremido até não restar mais nenhuma alternativa para se oferecer a não ser sair.
A cena final na praça foi bem suave e soou como uma lição para não se desejar exageros, mas se fizessem o último take com os documentos voando pelo ar e com o ladrão que não quis ficar com peso na consciência pela morte da garota sendo preso, entregariam um encerramento bem mais brutal e impactante.
Claro que soa menos brutal que filmes antigos mondo de tribos canibais, mas achei bem bom. Aqui há uma hostilidade acelerada pela agilidade dos indígenas, eles atacam como ninjas e isso dá um aspecto de poder e força muito grande além da sensação de perigo sempre contínua. A fotografia é de se encher os olhos, os corpos avermelhados em detalhes com um idioma oculto e indiferença ao gore tornam as intenções e pensamentos daquele povoado muito amendrontadoras. A pureza das crianças é humanizadora e dá uma quebrada que tira o exagero dessa violência, mas tal pureza é inevitável por ser uma obviedade do ciclo de vida, encaixa de modo natural.
A nossa protagonista ser reverenciada pela tribo e ter decidido se tornar uma real salvadora deles tem uma ótima mensagem para todos que seguem uma ética que não se reconhece como selvagem: não é porque seu filho foi morto por leopardos que você estará sendo racional em deixar de proteger um grupo de leopardos em seu habitat natural de caçadores mexendo no que não devem, é apenas um trauma pessoal fraquejando conduta. Claro que ao contrário de animais exigir comportamento de indígenas é aceitável e possível, mas o nível de selvageria deve ser levado em conta e ação e reação é algo que existe até nas civilizações ocidentais mais genéricas, como o caipira que mata o ladrão de galinha com espingarda de caça. Invasão em território selvagem onde o único meio de se defender é através da brutalidade e do confronto é o que a natureza deixou para nós em primeiro lugar, e contraditório seria para a nossa civilidade esculpida em séculos brutalizar em nome de imposição gananciosa.
A vingança se concretizando após um assassinato em massa onde o personagem do Lee esteve ausente lembrou bastante o excelente FÚRIA DO DRAGÃO, onde ocorreu algo muito parecido, assim como cair nas garras da polícia no encerramento separando-se da amada. Outra enorme semelhança é que ambos os personagens reprimiam seus dons de luta inicialmente, um pela mãe e outro pelo mestre. São filmes que não poupam sangue, o menino explicitamente assassinado por exemplo, violentos como devem ser para assim aumentar o suspense e crueza do kung fu aplicado, mesmo que o maior prazer esteja nos talentos da marcialidade bem feita do que no receio do Bruce atuar um personagem que ¡conseguisse! ser surrado.
Admirável o quão insistente e tático ele foi para conquistar emprego num lugar que considerou tão especial e aconchegante, mas prepotente e raso o suficiente para não ser admirável como pessoa. Não sei ao certo se o mar de gavetinhas com restos mortais esquecidos como poeira o impactaram de modo vazio e seco ou com camadas emocionais de perturbação pessoal, mas sei que o velho cremador tem muito o que ensiná-lo.
É bom, mas os diálogos não me soaram naturais. Acho que de tanto trabalharem com áudio e comunição, se tornaram caricatos e prolixos até mesmo em momentos de desespero. Mas por qual motivo um filme que enfoca palavras iria cultivar personagens com diálogos genéricos, não é? Será que é o meu sadismo se incomodando com falas descontraídas, mesmo que ainda assim não humorísticas, em situações de desistência e injustiça? Na verdade, gostaria de ver um filme com esse plot onde a contaminação não se desse por meio de palavras, para assim considerar o enredo mais tenso do que 'interligadinho'. A complexidade do entendimento das palavras como uma subjetividade reconhecida de modo padronizado em diferentes cérebros abrindo portas para a infecção, não querendo subestimar a inovatividade e conceitualidade, é tão absurda que você entende o porquê da história ser contada estritamente no âmbito profissional radialista. No caso do cadastro deste filme, me perdoem os cegos, ainda bem que o Filmow não possui aquela opção de escutar comentários com 'leitura' automática de voz artificial. Pensei que poderia ser perigoso, mas aí lembrei que não há riscos no português.
A cena onde encontram um esconderijo novo me fez relembrar o quanto lugares extremamente especiais podem ser descobertos onde já não se há esperanças de existirem. Só me vi imaginando a sensação de, abaixo de uma rua tão movimentada e barulhenta, abaixo de um túnel tão nojento e asqueroso, uma passagem que o tempo tornou secreta revelar um lugar tão claro, divino nos detalhes, silenciosamente abandonado há tantos anos só esperando receber o olhar de alguém que saiba extrair o que há de bom dele. Aqueles vitrais fazem o local parecer sacro, combinando com o renascentismo dos nomes das Tartarugas Ninjas, o trem abandonado sendo usado como um cômodo à parte soa como uma improvisação urbana sem acompanhar modernidades, finalizando, um templo equiparavelmente digno ao Splinter e sua sabedoria.
Valeu pelos efeitos especiais do alienígena, a forma como ele se movimentou realmente ficou esquisita a ponto de parecer um organismo interplanetário. Os pés e garras mal encostavam no chão, como se ele tivesse uma consciência de estar e presença material ainda não compreendidas pela nossa ciência e lógica espacial. A forma como ele feriu o menino, por exemplo, saltos com uma agilidade que notavelmente não evoluiu na atmosfera terrestre.
A tribo indígena acabou se tornando apenas figurino, talvez até conseguiram distrair a criatura com as lanças - só isso pra explicar a demora de um ser daquela magnitude para atacar um simples homem -, gostaria que pelo menos o veneno com o besouro tivesse sido útil pra alguma coisa. Ou então que se abrissem mais com o lado teológico do tal Balakai, mas aparentemente o roteirista já acreditava que a maioria do público estaria nem aí pra essa parte e que só usou a entrada arqueológica pra justificar o acesso ao DNA da espécime. A falta de uma melhor fundamentação ao menos tornou divertido o desandar pra ação explosiva depois de seríssimas tensões claustrofóbicas de horror, estadias pacíficas em tribos misteriosas e belíssimos céus arroxados.
Não importa onde pensassem que estavam, tentar sempre valeria mais a pena do que se suicidar sem SEQUER SAIR DO VEÍCULO. Poderiam muito bem ter tentado pegar um carro abandonado pelo caminho, ou algum posto de gasolina, até mesmo uma casa abandonada, armas, enfim. Buscarem sair do carro para preencherem aquela pequena esperança que sim, no desespero falaria mais alto do que desistir tão fácil das próprias vidas. Se os 'suicídios' acontecessem fora do carro, com todas as tentativas feitas e então subsequentemente com os militares aparecendo, seria muito mais impactante. Ou pelo menos depois de esperarem no carro por um longo período de tempo mesmo, com a esperança de receberem ajuda. Eles sabiam que estavam seguros dentro do carro afinal, essa pressa artificializou muito, inclusive na questão do amor paterno do protagonista - sangue frio pra matar o filho sem ter tentado de tudo? Desesperança que não me desceu. Andar pela névoa não era veredito absoluto de morte.
Mas belíssimas as cenas do veículo navegando na névoa, etéreo como uma nuvem infernal exercendo sua grandeza, opressiva pelo claro embaçado e domimante. Fico feliz pela presença dessa poética que desejei logo nas primeiras cenas, até torna perdoável o sentimento de absurda desesperança e desistência. Para quem tem tendência suicida ele alerta: muitas vezes o que incomoda já está prestres a acabar e nem tem como saber. Supor é sempre importante.
Senti muita falta dele ter tomado um grande sermão da família. Digo, todos foram rigorosos na metragem toda, a mãe avisou que o pai iria 'cuidar dele' apenas por ter insistindo em querer entregar o caderno, qual o sentido de tratá-lo com carinho depois dele ter chegado em casa tão tarde e ainda sem pão? Isso diminuiu a intensidade da crítica educacional que o filme almejou passar. A suavidade já havia se perdido assim que o velho explicou que seu ideal de disciplina é surrar a criança a cada 2 semanas mesmo sem motivo para tal. Existe até uma tensão embutida pelo grande excesso de repetições de palavras, tanto dos adultos tão ignorantes que chega a ser agoniante, quanto do menino continuamente insistente apesar das inúmeras frustrações, mas com uma determinação que rebarba a fofura.
Então, se assim fosse, a cena final seria o respiro final, em que a criança finalmente não recebesse ou causasse o sofrimento injusto que tanto a fazia temer. Mostraria o quanto seu esforço foi em vão por ter sido tão ignorado tendo sua educação colocada como pouco importante, além de aprender que certas coisas podem ser mais simples do que parecem, algo que torna qualquer mente mais forte. A linda cena em que a porta se abre com a ventania poderia representar as violências do mundo e o refúgio da educação que é constantemente dificultada por esse mundo. Foi um filme um tantinho mais leve do que deveria ser, já que afinal, a inocência infantil continuaria presente independente do quanto de rigidez fosse escancarada.
Não que o segundo já não tenha sido, mas o excesso de explicações caricatas ditas por um personagem carismático e paradoxos absurdistas acompanhados de retrofuturismo e duplicações de existências corporais definitivamente foram os mais prazerosos de se ver e se exaltar. Aqui é mais aventura e comédia típica do final dos anos 80 / começo dos anos 90, quase paródico, e menos disso. O segundo continua sendo meu favorito. Finalizo com elogios ao trem steampunk voador com a moral de que nosso futuro não está escrito e que podemos transformá-lo em qualquer coisa.
Envolvendo-se na ditadura do imperador dos mortos, selecionadas pela princesa das trevas, mulheres de sensualidades radiadas pelo contentamento do luar cheio dançam em névoa penumbrosa
a adoradora de chamas que morreu em chamas, cujos amantes eram mortos pelas chamas
aquela que percorria as ruas solitárias à noite e que agora é obrigada a vagar pela eternidade
aquela que na vida adorava ser reverenciada com ouro acima de tudo
a que para ser amada se tornou felina
a escrava em tortura, torture torture it pleasures me
aquela que dançava para que se destruíssem, e que agora dança para sua própria destruição, e que foi concebida no día de los muertos
a veneradora de cobras que se jogou no vulcão após a perda de seu amor
a que matou seu marido na noite de casamento, e que agora dança com seu esqueleto
aquela que viveu como uma zumbi em vida, e que irá permanecer zumbi em morte
e, por fim, a que morreria por plumas, e que assim foi
Adavi Donga
1Com selvageria e estridência, responsável por esta memorosíssima cena musical: https://www.youtube.com/watch?v=wnspfa8h5p0&ab_channel=VolgaVideo
Os Catadores e Eu
4.4 52 Assista AgoraE no mesmo dia que terminei esse documentário avistei, ao voltar da praça em um fim da tarde numa rua de pedra, uma senhora catando pets na frente de uma casa cuja dona perguntava se ela também cata papelão. Ouvi e não resisti, conversei com a senhora e a convidei para vir na minha casa buscar os lixos pessoais que acumulo há mais de um ano dentro de uma grande caixa com o propósito de doar para algum reciclador.
Essencial e impecável para todo mundo que está no movimento lixo zero.
A Viagem de Chihiro
4.5 2,3K Assista AgoraSurrealismo maravilhoso danificado pelo 'aguismo com açúcar' dos animes Ghibli, perdão, mas apesar de emocionantes esses encerramentos românticos e suavezinhos não me tragam bem porque gostaria que o inusitado ocorrido ao longo de toda a metragem se mantivesse até o fim. A minha cena favorita é quando a Yubaba humilha a pobre Chihiro oferecendo um emprego deplorável, angustiante.
As emergências do Sem-Face são belíssimas. Pensei que haveria um grande mistério em torno dele, e tem, só que infindável. Ele é como uma esponja: vê uma menina passando por dificuldades, a ajuda. É chamado, vai. Vê ganância, se torna ganancioso. É bem-vindo, se mantém no local. Uma presença sombria que, além de visualmente bela, intensifica a dramaticidade dos ocorridos mesmo tendo alterado praticamente em nada a sucessão de acontecimentos.
Taxi Driver
4.2 2,5K Assista AgoraSeria ótimo se terminasse no final clímax de assassinato triplo e aquela carta lipidamente emocionante, mas decidiram transformar um personagem que estava se tornando mais um no meio da podridão noturna que tanto desgostava para um herói sem sequelas que venceu a solidão e que dominou todas as técnicas de sedução pela autoconfiança adquirida, vagante desempedido por ruas perigosas sem nenhuma consequência com a polícia e com a máfia pelo que fez. Se a loucura e a perturbação foram tão facilmente superadas, então se trata só de uma inocência desvirtualizada por experiências pessoais e de observação e envolvimento social? Isso seria subentendido caso terminasse na parte que citei, mas só que na medida certa, pois creio que não seja o suficiente para justificar com bom senso a tentativa de matar um político por causa do rancor traumático de tomar um fora por achar - com muita inocência pela falta de noção das coisas, eu sei - que pornografia num primeiro encontro seria por grandes hipóteses romanticamente agradável sem torná-lo um mongoloide aos olhos da mulher. Citei isso pra futilizar a tentativa falha de assassinato dele e ressaltar que ele não é um homem realmente de altos valores para o filme lecionar que ele se apropriou do crime para concretizar seus valores pessoais, o que não é algo ruim, mas algo que torna aquele final feliz ainda mais desnecessário e mastigado.
Pânico No Lago: Projeto Anaconda
1.6 95 Assista AgoraAhhh, a anaconda fêmea devorando aquele homem explicitamente... prazer vore total. Não tivemos crocobras aqui, mas confesso que gosto de assistir cobras gigantes de aparência normal tanto quanto híbridas. Talvez até mais, na verdade.
Temos aqui algo que falta muito nesse tipo de filme e que colabora com o humor proposital: múltiplos personagens carismáticos. E a gótica(?) debochando da futilidade dos adolescentes de irmandade enquanto os usa como objeto de estudo psicoacadêmico?
Navio Fantasma
2.8 824 Assista AgoraComo muitos aqui, a cena inicial se tornou marcante e nostálgica pra mim também. Acho que assisti ela numa noite em que minha mãe trocou de canal por ter sido pesada demais ou coisa do tipo. Ela é uma tragédia súbita diante de um canto harmonioso, um luxo pacífico, trauma absoluto.
Reassistindo hoje, vejo que a horrorosa trilha sonora soou tão adolescente que de nada combinou com a beleza fantasmagórica que o navio tinha para oferecer abundantemente.
Que vilão tosco e sem personalidade, um local completamente único e perfeitamente propício ao morto merecia algo à altura, final mais ainda. A exposição do massacre foi legal (mais uma vez, apesar da trilha), foi estiloso imaginar crimes de alto porte naquele crème de la crème isolado, porém faz com que a tragédia da cena inicial perca parte de seu impacto: ser um acidente por motivo técnico é mais perturbador do que ser propositalmente, pois tira parcela da banalidade da causa das mortes. Morreram por causa de dinheiro e poder, não porque um marinheiro deixou de se certificar de um cabo. Mas bem, seria impossível matar todos os passageiros dessa forma e logo o barco nunca ficaria 'perdido', sendo assim entendo completamente o enredo ter partido para uma história com segredos da alta sociedade da área.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraFiquei com uma forte necessidade de querer ter visto o Chiron fazendo algo que não fez:
Pedir desculpas ao Kevin, mesmo que num breve instante. Isso mostraria a consciência pesada de tê-lo colocado na prisão que consequentemente o transformou em um traficante, mudando sua personalidade por gerir autodefesas restritivas perante o mundo. Penso que resultaria num encerramento dramático mais suave, mas quem sabe esta pendência não densificou o cafuné do final acertadamente, simbolizando a percepção do trauma sexual com um perdão sincero que frisou uma inocência resgatada?
A Noiva
1.9 262 Assista AgoraA ambientação fúnebre de Rússia vitoriana é excepcional, fotografia mui promissora de obscuridade gótica. Tinha tudo pra ser um inspirador sobrenatural, uma família memorável, mas a quantidade de conveniências furadas foi tão grande que acabou prejudicando essa ambientação... e todos com o intuito de forçar clímaces bem aceleradamente 'americanizados'. Já que assim foi, seria muitíssimo melhor que se passasse no passado do início ao fim. A morbidade daquela cena inicial é façanhosa e nada replicável com personagens urbanos do novo milênio que mais desdenhariam do que frutificariam tal situações.
Mesmo sabendo que a destruição do fotograma findaria o espírito, houve uma postergação até irritante da tomada dessa atitude. Acho que o objetivo era abrir vão para uma continuação mesmo, já que o cogitar que ela não destruiu por medo de alguma última reação num momento de desespero é de se questionar.
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraNa primeira metade só estava me entediando com tantos garotos falando e fazendo sucessivamente e antologicamente coisas tão negativamente estereotipáveis de adolescentes. Mas ao anoitecer, quando o filme começa a mudar o foco dos personagens para uma demonstração quase pueril de vivências sendo nitidamente experienciadas com altas doses de endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina, como as descobertas capazes e ápices de aventuras dentro das possibilidades da naturalidade, enfocando com bastante vigor nerds, maconheiros e garotas, possibilitando até uma alta captação do experimentalismo, UAU! Se tornou aconchegante e engraçado, sem o pesar social de um besteirol escolar popular, mas ainda assim um tanto deprimente por saber que nunca pude viver uma noite com este nível de loucura e anarquia formulada por uma jovialidade ardente e desajustada com a tranquilidade do cotidiano, mesmo tendo completa noção que nem mesmo nos Estados Unidos a geração de hoje conseguiria convocar a mesma intensidade de uma geração setentista.
Dominação
2.2 170Lembrou Renascida do Inferno, outro terror da Blumhouse que combina sobrenatural com elementos de ficção científica. Achei bastante acima da média para o subgênero contemporâneo, às vezes é ótimo um sobrenatural com protagonismos maduros e informados que não sejam padres, o que talvez tenha sido essencial para a formulação dramática do lado psicanalítico que o filme quis trazer de modo mais realista do que teológico. A manifestação demoníaca também não ocorre de forma besta, possuídos que se movimentam o mínimo necessário sempre dão certo.
Motoqueiro Fantasma
2.7 1,1K Assista AgoraDecidi reassistir há alguns anos atrás para incluir nos meus vistos e por ser sobre um esqueleto ambulante cristão que trabalha pro Mefistófeles 🤔 Se ele realmente aceitasse deixar de ser caveirão, passaria o resto da vida em prisão perpétua por múltiplo homicídio e não teria família alguma, dá pra entender.
E nada disso teria acontecido se o Cavaleiro Fantasma tivesse percebido o quão e tão fácil seria acabar com o vilão depois do contrato de San Venganza ser despertado. Tudo o que ele tentou fazer com exceção de entregar a papelada foi absolutamente em vão e cenográfico, independente da coragem do caveirão o vilão teria o mesmo fim.
'Não se pode viver com medo' ...arrisque-se e faça os desejos do inimigo, esteja bem informado e obtenha uma vitória sem esforço! Ridicularizável.
Aterrorizados
3.0 253Acredito que o horror tenha funcionado tanto nas primeiras cenas devido a mistura de sobrenaturalidade com CORPOS FÍSICOS, distorcidos e levemente sujos, mas ainda assim sem efeitos especiais surreais, contorções impossíveis ou fumaças - e é o que exatamente começa a manifestar-se nas cenas finais, decaindo em pavorosidade e morbidez. É uma pena que um horror tão promissor tenha desandado tanto após focar em um personagem tão nhé, que só foi dado enfoque provavelmente por causa de problemas cardíacos. Esse filme tentou até se explicar bastante, contando até com doutores espirituais, e vocês ainda reclamando que faltaram respostas... O roteiro, se nos poupasse de tentar elucidar os mistérios de algo tão naturalmente incógnito como o post mortem, resultaria em um horror de maior superioridade, já que boa parte da tensão é destruída quando o mistério se esmaece.
Ah, e o pôster é bem bonito, apesar de mais parecer ser de um filme de ficção científica do que de de um horror sobrenatural, o que aliás pontua o 'body horror' que elogiei no início desta minha crítica. Este curta-metragem do diretor possui várias semelhanças com o filme e demonstra que Demián Rugna esteve com o projeto em mente desde 2002: filmow.com/tiene-miedo-t293842
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista Agora'What it does feels like to kill a man?' desenvoltura de Esmeralda Villalobos que ficou na minha cabeça por dias. O exagero, o carisma e a sensualidade desta breve femme fatale se estende para o restante dos personagens: absolutamente aliciadores em histórias apelativas que estranhamente nunca perdem o cerne de maturidade. Fabianne e Butch passam um acolhimento adulto muito amável e nada forçado mesmo opostos ao extremo em personalidade, mais uma vez fortalecendo o exagero, o carisma e a sensualidade. Na cena do submundo BDSM, por exemplo, só pela trilha sonora dá pra donotar o quão estilizado é. Uma genial coletânea que contrai os entretenimentos mais puros de pulps de crime que hoje podem ser encontrados nas estantes mais baratas de um sebo de tão vistos como cafonas, datados e desgastados que geralmente são.
O Quarto do Pânico
3.4 958O que mais me prendeu foi a exploração dos limites de possibilidades do quarto. Aquele furo, a conexão do celular com a fiação, o gás explodindo no duto. É uma sensação prazerosa de visionaridade, como se cada detalhe daquele ambiente extremamente restritivo tivesse sido analisado e espremido até não restar mais nenhuma alternativa para se oferecer a não ser sair.
A cena final na praça foi bem suave e soou como uma lição para não se desejar exageros, mas se fizessem o último take com os documentos voando pelo ar e com o ladrão que não quis ficar com peso na consciência pela morte da garota sendo preso, entregariam um encerramento bem mais brutal e impactante.
Canibais
2.6 518 Assista AgoraClaro que soa menos brutal que filmes antigos mondo de tribos canibais, mas achei bem bom. Aqui há uma hostilidade acelerada pela agilidade dos indígenas, eles atacam como ninjas e isso dá um aspecto de poder e força muito grande além da sensação de perigo sempre contínua. A fotografia é de se encher os olhos, os corpos avermelhados em detalhes com um idioma oculto e indiferença ao gore tornam as intenções e pensamentos daquele povoado muito amendrontadoras. A pureza das crianças é humanizadora e dá uma quebrada que tira o exagero dessa violência, mas tal pureza é inevitável por ser uma obviedade do ciclo de vida, encaixa de modo natural.
A nossa protagonista ser reverenciada pela tribo e ter decidido se tornar uma real salvadora deles tem uma ótima mensagem para todos que seguem uma ética que não se reconhece como selvagem: não é porque seu filho foi morto por leopardos que você estará sendo racional em deixar de proteger um grupo de leopardos em seu habitat natural de caçadores mexendo no que não devem, é apenas um trauma pessoal fraquejando conduta. Claro que ao contrário de animais exigir comportamento de indígenas é aceitável e possível, mas o nível de selvageria deve ser levado em conta e ação e reação é algo que existe até nas civilizações ocidentais mais genéricas, como o caipira que mata o ladrão de galinha com espingarda de caça. Invasão em território selvagem onde o único meio de se defender é através da brutalidade e do confronto é o que a natureza deixou para nós em primeiro lugar, e contraditório seria para a nossa civilidade esculpida em séculos brutalizar em nome de imposição gananciosa.
O Dragão Chinês
3.6 108 Assista AgoraA vingança se concretizando após um assassinato em massa onde o personagem do Lee esteve ausente lembrou bastante o excelente FÚRIA DO DRAGÃO, onde ocorreu algo muito parecido, assim como cair nas garras da polícia no encerramento separando-se da amada. Outra enorme semelhança é que ambos os personagens reprimiam seus dons de luta inicialmente, um pela mãe e outro pelo mestre. São filmes que não poupam sangue, o menino explicitamente assassinado por exemplo, violentos como devem ser para assim aumentar o suspense e crueza do kung fu aplicado, mesmo que o maior prazer esteja nos talentos da marcialidade bem feita do que no receio do Bruce atuar um personagem que ¡conseguisse! ser surrado.
O Crematório
2.6 56 Assista AgoraAdmirável o quão insistente e tático ele foi para conquistar emprego num lugar que considerou tão especial e aconchegante, mas prepotente e raso o suficiente para não ser admirável como pessoa. Não sei ao certo se o mar de gavetinhas com restos mortais esquecidos como poeira o impactaram de modo vazio e seco ou com camadas emocionais de perturbação pessoal, mas sei que o velho cremador tem muito o que ensiná-lo.
Pontypool
3.1 222 Assista AgoraÉ bom, mas os diálogos não me soaram naturais. Acho que de tanto trabalharem com áudio e comunição, se tornaram caricatos e prolixos até mesmo em momentos de desespero. Mas por qual motivo um filme que enfoca palavras iria cultivar personagens com diálogos genéricos, não é? Será que é o meu sadismo se incomodando com falas descontraídas, mesmo que ainda assim não humorísticas, em situações de desistência e injustiça? Na verdade, gostaria de ver um filme com esse plot onde a contaminação não se desse por meio de palavras, para assim considerar o enredo mais tenso do que 'interligadinho'. A complexidade do entendimento das palavras como uma subjetividade reconhecida de modo padronizado em diferentes cérebros abrindo portas para a infecção, não querendo subestimar a inovatividade e conceitualidade, é tão absurda que você entende o porquê da história ser contada estritamente no âmbito profissional radialista. No caso do cadastro deste filme, me perdoem os cegos, ainda bem que o Filmow não possui aquela opção de escutar comentários com 'leitura' automática de voz artificial. Pensei que poderia ser perigoso, mas aí lembrei que não há riscos no português.
As Tartarugas Ninja II: O Segredo do Ooze
3.1 130 Assista AgoraA cena onde encontram um esconderijo novo me fez relembrar o quanto lugares extremamente especiais podem ser descobertos onde já não se há esperanças de existirem. Só me vi imaginando a sensação de, abaixo de uma rua tão movimentada e barulhenta, abaixo de um túnel tão nojento e asqueroso, uma passagem que o tempo tornou secreta revelar um lugar tão claro, divino nos detalhes, silenciosamente abandonado há tantos anos só esperando receber o olhar de alguém que saiba extrair o que há de bom dele. Aqueles vitrais fazem o local parecer sacro, combinando com o renascentismo dos nomes das Tartarugas Ninjas, o trem abandonado sendo usado como um cômodo à parte soa como uma improvisação urbana sem acompanhar modernidades, finalizando, um templo equiparavelmente digno ao Splinter e sua sabedoria.
DNA: Caçada ao Predador
2.3 64 Assista AgoraValeu pelos efeitos especiais do alienígena, a forma como ele se movimentou realmente ficou esquisita a ponto de parecer um organismo interplanetário. Os pés e garras mal encostavam no chão, como se ele tivesse uma consciência de estar e presença material ainda não compreendidas pela nossa ciência e lógica espacial. A forma como ele feriu o menino, por exemplo, saltos com uma agilidade que notavelmente não evoluiu na atmosfera terrestre.
A tribo indígena acabou se tornando apenas figurino, talvez até conseguiram distrair a criatura com as lanças - só isso pra explicar a demora de um ser daquela magnitude para atacar um simples homem -, gostaria que pelo menos o veneno com o besouro tivesse sido útil pra alguma coisa. Ou então que se abrissem mais com o lado teológico do tal Balakai, mas aparentemente o roteirista já acreditava que a maioria do público estaria nem aí pra essa parte e que só usou a entrada arqueológica pra justificar o acesso ao DNA da espécime. A falta de uma melhor fundamentação ao menos tornou divertido o desandar pra ação explosiva depois de seríssimas tensões claustrofóbicas de horror, estadias pacíficas em tribos misteriosas e belíssimos céus arroxados.
O Nevoeiro
3.5 2,6K Assista AgoraNão gostei do desfecho porque não soou realista, um previsível que antes de acontecer já achei que seria estúpido caso se cumprisse, e foi.
Não importa onde pensassem que estavam, tentar sempre valeria mais a pena do que se suicidar sem SEQUER SAIR DO VEÍCULO. Poderiam muito bem ter tentado pegar um carro abandonado pelo caminho, ou algum posto de gasolina, até mesmo uma casa abandonada, armas, enfim. Buscarem sair do carro para preencherem aquela pequena esperança que sim, no desespero falaria mais alto do que desistir tão fácil das próprias vidas. Se os 'suicídios' acontecessem fora do carro, com todas as tentativas feitas e então subsequentemente com os militares aparecendo, seria muito mais impactante. Ou pelo menos depois de esperarem no carro por um longo período de tempo mesmo, com a esperança de receberem ajuda. Eles sabiam que estavam seguros dentro do carro afinal, essa pressa artificializou muito, inclusive na questão do amor paterno do protagonista - sangue frio pra matar o filho sem ter tentado de tudo? Desesperança que não me desceu. Andar pela névoa não era veredito absoluto de morte.
Mas belíssimas as cenas do veículo navegando na névoa, etéreo como uma nuvem infernal exercendo sua grandeza, opressiva pelo claro embaçado e domimante. Fico feliz pela presença dessa poética que desejei logo nas primeiras cenas, até torna perdoável o sentimento de absurda desesperança e desistência. Para quem tem tendência suicida ele alerta: muitas vezes o que incomoda já está prestres a acabar e nem tem como saber. Supor é sempre importante.
Onde Fica a Casa do Meu Amigo?
4.2 145 Assista AgoraSenti muita falta dele ter tomado um grande sermão da família. Digo, todos foram rigorosos na metragem toda, a mãe avisou que o pai iria 'cuidar dele' apenas por ter insistindo em querer entregar o caderno, qual o sentido de tratá-lo com carinho depois dele ter chegado em casa tão tarde e ainda sem pão? Isso diminuiu a intensidade da crítica educacional que o filme almejou passar. A suavidade já havia se perdido assim que o velho explicou que seu ideal de disciplina é surrar a criança a cada 2 semanas mesmo sem motivo para tal. Existe até uma tensão embutida pelo grande excesso de repetições de palavras, tanto dos adultos tão ignorantes que chega a ser agoniante, quanto do menino continuamente insistente apesar das inúmeras frustrações, mas com uma determinação que rebarba a fofura.
Então, se assim fosse, a cena final seria o respiro final, em que a criança finalmente não recebesse ou causasse o sofrimento injusto que tanto a fazia temer. Mostraria o quanto seu esforço foi em vão por ter sido tão ignorado tendo sua educação colocada como pouco importante, além de aprender que certas coisas podem ser mais simples do que parecem, algo que torna qualquer mente mais forte. A linda cena em que a porta se abre com a ventania poderia representar as violências do mundo e o refúgio da educação que é constantemente dificultada por esse mundo. Foi um filme um tantinho mais leve do que deveria ser, já que afinal, a inocência infantil continuaria presente independente do quanto de rigidez fosse escancarada.
De Volta Para o Futuro 3
4.1 742 Assista AgoraBobinho né?
Não que o segundo já não tenha sido, mas o excesso de explicações caricatas ditas por um personagem carismático e paradoxos absurdistas acompanhados de retrofuturismo e duplicações de existências corporais definitivamente foram os mais prazerosos de se ver e se exaltar. Aqui é mais aventura e comédia típica do final dos anos 80 / começo dos anos 90, quase paródico, e menos disso. O segundo continua sendo meu favorito. Finalizo com elogios ao trem steampunk voador com a moral de que nosso futuro não está escrito e que podemos transformá-lo em qualquer coisa.
Orgia da Morte
1.9 18 Assista AgoraEnvolvendo-se na ditadura do imperador dos mortos, selecionadas pela princesa das trevas, mulheres de sensualidades radiadas pelo contentamento do luar cheio dançam em névoa penumbrosa
a adoradora de chamas que morreu em chamas, cujos amantes eram mortos pelas chamas
aquela que percorria as ruas solitárias à noite e que agora é obrigada a vagar pela eternidade
aquela que na vida adorava ser reverenciada com ouro acima de tudo
a que para ser amada se tornou felina
a escrava em tortura, torture torture it pleasures me
aquela que dançava para que se destruíssem, e que agora dança para sua própria destruição, e que foi concebida no día de los muertos
a veneradora de cobras que se jogou no vulcão após a perda de seu amor
a que matou seu marido na noite de casamento, e que agora dança com seu esqueleto
aquela que viveu como uma zumbi em vida, e que irá permanecer zumbi em morte
e, por fim, a que morreria por plumas, e que assim foi