Thrillers espanhóis sempre me chamam atenção. Esse aqui passou despercebido, apesar de ter ganho prêmio no Goya, o Oscar Espanhol. Do mesmo diretor do elogiado Stockholm (Que tem no Netflix e verei em breve), esse novo filme de Rodrigo Sorogoyen é um thriller cru e realista que segue os passos de Seven e mais recentemente La Isla Mínima e True Detective. Dois policiais de comportamentos distintos investigam um serial killer que assassina e estupra idosas em pleno calor da Madri de 2011, ano em que o Papa Bento XVI visitou a capital espanhola e uma época de crise econômica européia. Esse pano de fundo nos chama atenção e a trama é muito bem conduzida pelo diretor, com ótimas atuações e cenas fortes de se assistir, já que as vítimas são idosas indefesas. Antonio de la Torre e Roberto Álamo brilham em seus papéis, o primeiro um policial gago, introspectivo e com dificuldade em relacionamentos e o segundo um homem explosivo e com dificuldade em controlar suas emoções. O filme funciona muito bem até sua metade, em que determinados acontecimentos dão uma quebra no ritmo do filme, com subtramas desnecessárias e que deviam desenvolver melhor seus personagens, mas que no fim fazem é atrasar a história. Logo depois possui mais cenas que nos reconectam à trama principal com competência, o que é um alívio. Um bom e forte thriller espanhol que segue a cartilha dos pesados suspenses sul-coreanos. Sem reviravoltas, mas direto ao ponto, apesar de pequenos empecilhos que impedem o ritmo do filme de fluir melhor.
Uma das surpresas de 2017, Projeto Flórida é um trabalho primoroso em todos os seus aspectos. Desde a sua fotografia belíssima que utiliza as cores dos apartamentos e condomínios do filme até mesmo da própria natureza mostrada no filme é uma obra aparentemente simples, mas esconde uma grande crítica ao estilo de vida americano. Sean Baker, diretor egresso do também elogiado Tangerine escreveu o roteiro junto a Chris Bergoch e retrata párias da sociedade assim como seu filme anterior. Famílias pobres, desestruturadas que vivem em condomínios próximos ao luxo da Disney em Orlando. O contraste é bastante visível. Mas o mundo de pobreza no filme é retratado com cores vivas e nomes que remetem à própria Disney, como o Magic Kingdom, um universo particular dos residentes. Não sei se o diretor foi influenciado por Harmony Korine, diretor cult americano, mas provavelmente sim, pois seus personagens estão à margem da sociedade, o que gerou o termo chamado White Trash e a fotografia assim como a personagem Halley (Bria Vinaite) que é a mãe de Moonee lembram bastante Spring Breakers. O estilo de vida irresponsável da mãe lembra muito o das meninas do filme do Korine. O elenco está excelente com destaque para o indicado ao Oscar Willem Dafoe, que interpreta um paciente gerente do condomínio e a revelação Brooklynn Prince, injustamente esquecida pela Academia. Sua personagem exala a inocência dessa idade e também transparece a má educação familiar, já que sua mãe não se preocupa muito com isso. Muitos problemas acontecendo e Moonee vive seu conto de fadas. Quando sua inocência é parcialmente perdida gera uma cena muito tocante, num dos finais mais comoventes do ano. Um excelente trabalho, criativo e crítico na medida certa.
Um documentário extremamente elogiado e não é para menos. Fãs de cinema e de fotografia ficarão deslumbrados com o projeto de Varda e JR. Varda, uma das mais importantes diretoras da história do cinema se une a JR, um artista plástico em busca de memórias e de deixar ambientes mortos com vida através de colagens criadas por uma impressora especial acoplada ao veículo de JR. Um imóvel que sua detentora guarda lembranças e não quer se livrar dele, as mulheres de estivadores que são tão esquecidas relembradas através de imagens coladas nos contêineres, um bunker abandonado na praia, enfim, situações cotidianas que ganham vida através da visão de Varda e talento de JR. E ao mesmo tempo em que conhece novas pessoas Varda escava o seu próprio passado. A recorrente semelhança de JR a Godard jovem, suas desilusões e doçura para com as pessoas. Um documentário que segue a cartilha de um road movie que encanta com as suas imagens. Cada rosto tem uma vida e merece ser estampado nos confins do tempo e da lembrança. Cada face calejada pelo tempo, cada ruga e ausência de dentes mostra uma vida sofrida, uma poesia consegue ser extraída de onde menos se espera. Pretendo conhecer mais o trabalho dessa diretora, que conheço muitos trabalhos apenas por nome.
Apaixonado e esforçado filme do Spielberg. É uma obra importante por expor o verdadeiro sentido da imprensa que é publicar e ter liberdade para fazer isso, com imparcialidade e disposta a informar a nação sem vilipendiar a verdade. Tem toda aquele ar de filme do Oscar. Narrativamente falando preferi seu filme anterior Ponte dos Espiões, em que até o Tom Hanks estava melhor. Mas tematicamente esse é mais importante, apesar de não ser um filme definitivo sobre o papel da imprensa. O andamento do filme é mais lento e não envolve tanto o espectador e quem rouba mais as cenas é Meryl Streep mesmo, apesar de sua atuação não ser das melhores da carreira. Um bom, honesto e importante filme que é necessário assisti-lo mas que não vai permanecer tanto na mente do espectador por muito tempo.
Atmosférico thriller islandês baseado em um livro. O ritmo é bastante lento, mas é eficiente para deixar alguns sustos no caminho e nos instigar a raciocinar sobre a história que envolve 2 narrativas paralelas as quais se encontram em determinado momento. Tudo isso seria ainda melhor se ao final as histórias se conectassem de uma maneira menos dúbia, porque do jeito que ficou gera mais dúvidas que respostas. Uma pena a trama ser tão confusa e insatisfatória ao seu final para algo relativamente simples. Um bom thriller/terror da Islândia, país que aumenta cada vez mais suas produções cinematográficas a cada ano.
O estilo de Todd Haynes é diferente. Não vi toda a sua filmografia, mas o diretor é criativo não há dúvidas, desde sua estranha biografia de Bob Dylan em "Eu não Estou Lá" até o visualmente impecável Carol. Em seu novo filme Wonderstruck, baseado em um livro do Brian Selznick (A Invenção de Hugo Cabret), assim como o filme do Scorsese esse também tem foco em crianças como protagonistas. O modo que o diretor optou em contar a história é muito estiloso, balanceando bem o som com imagem, as cores com o preto e branco, o mudo com o falado e isso gera uma homenagem sincera ao cinema. Temos duas linhas cronológicas que se unem: 1927 e 1977, uma diferença de 50 anos. Nova York na época de transição do cinema mudo para o falado e a época setentista da black music, dos hippies, da contracultura, de David Bowie. A ótima trilha sonora de Carter Burwell nos ajuda ainda mais a imergir naquela jornada de um garoto que fica surdo em uma época tão barulhenta e de uma garota já surda em um tempo em que o som estava aparecendo no cinema. De um garoto em busca de seu pai e de uma menina em busca da atenção de sua mãe. No entanto o filme vale mais por essa experiência visual e sonora, pois sua história mesmo é previsível e o que deveria causar nostalgia ou emoção não consegue o seu intento, assim como não consegui sentir tanta empatia assim por seu filme anterior Carol. Além disso no último ato o filme se explica por demais em algo que já era óbvio. O elenco está muito bom, com destaque óbvio para as crianças Millicent Simmonds (Estreante), Oakes Fegley e Jaden Michael. Haynes ainda utiliza outras técnicas para ajudar na narrativa, como excelentes animações com maquetes. Wonderstruck é uma experiência imersiva e um trabalho honesto e bonito, mas que não passa muito disso.
I, Tonya é um trabalho que tenta ser diferente, tanto pela bizarra história real quanto pelas constantes e humorísticas quebras da quarta parede que acontecem no filme, mas é uma biografia que segue a mesma cartilha das feitas em Hollywood. É bem feito, tem uma reconstituição de época impressionante (Principalmente quando vimos alguns vídeos reais) e excelentes atuações. Margot Robbie prova que não é só um rosto bonito e tem uma atuação muito intensa e esforçada (Apesar de achar que ela é muito mais bonita que a Tonya original), mas o destaque maior vai pra Allison Janney. No papel da megera mãe de Tonya é um trabalho que causa raiva, mas que mostra a grande performance dessa atriz. O bom diretor Craig Gillespie aproveita a história para alfinetar organizações olímpicas, principalmente dos Estados Unidos, que preferem aquela americana princesinha, branca, rica e que possua um exemplo de família bem construída. Tonya, uma mulher branca, talentosa, mas pobre e de família desestruturada e mesmo assim não conseguiu apoio, talvez por fazer parte do White Trash, família pobre, desestruturada e sem influências. Tonya pode ter feito algo errado, mas ela também foi vítima da vida, mãe abusiva e namorado agressor. A trilha sonora do filme é deliciosa, repleta de hits do rock oitentista. Apesar de todas as qualidades citadas é uma biografia que segue aquele padrão. Tem quarta parede, emulação de documentário, narrações, mas não traz novidades.
Filme injustamente esquecido nas premiações do Oscar e Globo de Ouro que poderia muito bem concorrer a melhor filme e melhor ator. Harry Dean Stanton, um grande ator subestimado teve um grande ano em 2017, apesar de sua morte e avançada idade. David Lynch o chamou para a nova temporada de Twin Peaks e aqui o diretor faz uma participação hilária, um típico personagem de suas histórias surrealistas e trabalhou novamente com o ator, em uma história que lembra The Straight Story, também do Lynch. O tema aqui é o mesmo, trata sobre a velhice e a sensação de vida se esvaindo devido à idade. O ator John Carroll Lynch (Que não tem parentesco com David Lynch) tem aqui um grande debut na direção. É um filme simples, retrata a rotina de um idoso em uma cidadezinha ensolarada que parece ser perto da fronteira Estados Unidos com México. Mas sua simplicidade permite extrair lindas lições sobre a capacidade de sorrir, aceitar o destino, a idade, a morte chegar. Independente de crenças religiosas, a capacidade da pessoa partilhar momentos com amigos, ouvir, respeitar. O filme mostra muito bem isso na figura do personagem-título interpretado brilhantemente por Harry Dean Stanton, em um papel que desde o início parecia ser sua despedida. Seu legado fica conosco, um grande ator que se vai e deixa com a gente seu sorriso.
Clássico policial pouco conhecido e com ritmo diferenciado, com muitos diálogos e pouca ação, o que lembra filmes do Martin Scorsese e a série Família Soprano. A trama vai se desenrolando aos poucos, apresentando seus personagens e o panorama de toda a história vai se formando. Baseado em uma obra literária do mesmo autor do livro que o filme Killing Them Softly foi baseado, é um filme de traições, delações e nada é o que parece. O título do filme pode-se dizer que seja uma ironia, pois ninguém tem amigos no mundo do crime. Robert Mitchum brilha aqui e todo o elenco esteve muito bem.
Um filme que presenteia o espectador mais paciente e atento aos detalhes, pois é uma obra cadenciada e possui um ritmo que pode afastar aquele que quer respostas fáceis e muita tensão num filme do gênero. O misto de drama com thriller psicológico nos deixa ainda mais curiosos sobre a trajetória da personagem título, interpretada por uma Elizabeth Olsen ainda desconhecida, mas aqui tem o seu melhor papel. A tormenta que a personagem sofre, a evolução de sua paranóia e sua introspecção são muito bem externados pela atriz. O elenco é muito bom, com destaque para Sarah Paulson que interpreta a irmã mais velha e John Hawkes, que é um líder de um estranho culto que nos remete àquele liderado por Charles Manson, em que alguém com influência faz uma verdadeira lavagem cerebral em pessoas fragilizadas emocionalmente. Cultos assim existem e existiram e temos muitos exemplos pelos Estados Unidos, repletos de abusos e tendências perigosas, já retratados em diversos outros filmes, como em Faults e The Invitation, exemplos mais recentes. O filme tem um roteiro hábil em apresentar detalhes que têm respostas para suas ações, inclusive ao abrupto e aberto final, um ponto positivo para o diretor e roteirista Sean Durkin. Respostas essas que podem ser transformadas em muitas perguntas, mas isso instiga ainda mais o espectador, não deixando tudo mastigado.
Um grande clássico do cinema policial americano do saudoso Don Siegel. A cena inicial do roubo ao banco é muito bem conduzida pelo diretor. Baseado em um romance do escritor John Reese, o filme tem um roteiro bem escrito em que os planos do personagem-título (Walter Matthau, que além da comédia fez alguns filmes de ação) são pré-determinados e executados de uma maneira inteligente que não parece inverossímil ao espectador. Além de Matthau como destaque temos Joe Don Baker intimidador como Molly, o perseguidor de Charley, em um jogo de gato e rato. A excelente trilha de Lalo Schifrin traz toda a tensão e ambientação dos anos 70 e impossível não notar a homenagem à Intriga Internacional do mestre Hitchcock em determinada cena (Assim como no cartaz). Entretenimento de primeira.
Diferente de outros diretores coreanos mais consagrados, como Chan-Wook Park, Ji-Woon Kim, Sang-soo Hong, Joon-ho Bong, Hong-jin Na, dentre os mais celebrados, o diretor Hun Jang segue a cartilha dos melodramas coreanos para contar uma história real com seus devidos efeitos heróicos realçados. Aí tome chororô, musiquinha triste, atos de coragem. Só que isso não tira os méritos do filme. Ele é bem dirigido e conta uma história necessária, na qual podemos ver os efeitos de um golpe ditatorial e como a Coréia do Norte principalmente desvirtua hoje todas as notícias que tentem manchar ainda mais o nome da nação. O astro coreano Kang-ho Song em mais uma ótima atuação, que alia humor ao drama e seu companheiro estrangeiro Thomas Kretschmann (Em um personagem que realmente existiu) tem uma boa química, apesar de parecer estar bem estranho diante dos coreanos, em uma atuação mais contida. O filme ainda é recheado de cenas de ação bem conduzidas, mas que realçam e exageram nos atos heróicos de simples homens que possibilitaram que a verdade fosse mostrada ao mundo.
Um filme esteticamente lindo, com uma temática interessante, mas de má execução. Isso vindo do mesmo diretor de Oslo, 31 de Agosto é um grande passo atrás. Um Carrie, A Estranha melhor que o remake com uma aparente complexidade filosófica e metafórica para tratar de temas como religião, descobertas sexuais, mas que ao seu final torna-se um filme bobo. A química entre o casal não causa empatia no espectador e as resoluções dadas pela família à garota são péssimas.
Ótimo filme do finlandês Aki Kaurismäki que só o conhecia por O Homem sem Passado (Que vi há muito tempo). Aqui ele conta com bom humor o intrincado tema dos refugiados sírios ou de qual país seja (A crise em Aleppo na Síria é mais evidente no filme, mas encontramos africanos e iraquianos também) que pedem asilo político na Finlândia. Um país que é conhecido por dar oportunidades a todos, de inclusão social justa, mas vimos no filme e o diretor mostra que não é bem assim. Grupos de skinheads existem e querem estrangeiros e refugiados fora do país, assim como tudo é mais difícil pra quem vem de fora. Kaurismäki se assemelha bastante ao excelente americano Jim Jarmusch (Diretor que aprecio muito) em relação à narrativa, permeada por um humor estranho, mas que nos faz rir diante do absurdo das situações, algo que Wes Anderson também faz a sua maneira. Assim como Anderson e Jarmusch, Kaurismäki também utiliza muito da música como transição de cenas, com canções excelentes executadas por ótimos músicos anônimos. Um pequeno grande filme que trata de um tema tão espinhoso com leveza e por que não esperança nas pessoas e em dias melhores?
Um belo e intimista filme com diálogos maduros e uma passagem de tempo que lembra muito A Ghost Story com suas elipses que não precisam explicar os porquês dos acontecimentos do filme. Simplesmente é a vida. Unindo elementos de ficção-científica lembra um episódio um pouco mais extenso de Black Mirror, com os prós e contras da tecnologia em nossas vidas. Ótimas atuações principalmente de Geena Davis e Tim Robbins, dois artistas meio ausentes do cinema ultimamente. Lois Smith também brilha com sua naturalidade e ciente do peso da idade. Apesar de todos os elementos muito bem vindos à narrativa, com uma trilha sonora muito bela e fotografia que evocam um sentimento de pertencimento e vida, o desenrolar da trama não causa tantos questionamentos e apesar de belo e melancólico é um filme que passa rápido e também não ficará tanto na memória. Um belo filme, competente e que merece a conferida, mas que não me arrebatou tanto.
Povo tudo quer colocar Bíblia e alegoria a Deus nesses filmes. Dá uma preguiça. Já não basta mãe! (Que se sai melhor que esse filme, por sinal). Yorgos Lanthimos ainda admiro você, mas volte a fazer obras mais reflexivas como Lobster e Dente Canino. Não queira ser Haneke ou Lars Von Trier.
Decepcionado. O novo filme do Yorgos Lanthimos provoca, causa raiva, choca, mas diferente de Dente Canino que é um inteligente estudo sobre a educação familiar e The Lobster ter sido um estudo sobre o marasmo dos relacionamentos modernos nesse seu novo trabalho ele usa uma metáfora dos pecados do passado, mas de uma forma que não nos causa tantos questionamentos ou relações com a vida real. É pesado, carregado, tem uma trilha sonora inquietante de horror e a trama lembra algo feito por Michael Haneke e até mesmo Lars Von Trier (Ecos de Anticristo, Funny Games e Caché são vistos aqui). Porém, apesar do impactante final, com o término não me causou questionamentos sobre as metáforas em relação à vida real, algo tão bem utilizado nos filmes anteriores do diretor. De cinema de autor apenas a bizarrice e inquietação, não marcando tanto. Queria ter gostado mais
Queria muito ter gostado desse filme. Diferente de Easy Riders que é bastante conhecido, Corrida sem Fim é um filme cult também, integrante dos primórdios do movimento da Nova Hollywood, mas é mais desconhecido. Fui ver e me decepcionei. É um típico road movie, mas se o intuito do filme era criticar o vazio dos jovens daquela época deveria ao menos despertar um interesse no espectador em acompanhar aqueles jovens hippies motorizados. É minimalista, mas não possui uma trilha marcante, nem diálogos fortes, é tudo aleatório. Destaque para a direção de Monte Hellman acompanhando todos os veículos em seus rachas. Mas não encontrei nenhum sentido maior e não me envolveu.
Filme inicia promissor, com uma ótima trilha sonora de Jerry Goldsmith e belos enquadramentos do Richard Attenborough. Rimas visuais que misturam passado e presente do personagem são bem editadas e montadas. E dá a entender que vai mostrar o anonimato, a ascensão e a queda de um artista que teve reconhecimento através de uma técnica maligna ou algo do tipo, mas o filme vai por outro caminho mais psicológico. O título que o filme recebeu no Brasil foi muito infeliz, pois deixa uma má impressão no espectador. O aspecto psicológico não é bem trabalhado pelo roteiro, meio preguiçoso, tudo jogado, além de a montagem em alguns momentos parecer muito apressada, não no sentido de uma elipse bem feita ou algo assim, mas algo corrido mesmo, sem se dedicar ao seu desenvolvimento. O quesito romance também é muito superficial, não gera empatia no espectador, além dos atores Anthony Hopkins e da bela Ann-Margret não possuirem nenhuma química. De bom no filme a ótima performance de Hopkins e o boneco Fats é repleto de tiradas sarcásticas, muito bem feito. Fora isso, um filme que apenas prometia, mas que não consegue ser tão eficiente. Vale a curiosidade
Grande atuação do Sam Elliott, em um filme que remete à carreira do ator e ele praticamente carrega sozinho, apesar da boa atuação de Laura Prepon. A finitude da vida e redenção retratadas de uma forma sóbria pelo diretor Brett Haley.
Achei o início sensacional, depois a trama fica muito desconexa, o que me desviou bastante do filme. Extremamente confusa. Não cheguei a terminar o filme, quando terminar dou a nota e comento mais.
Mais uma boa adaptação de Stephen King desse ano de 2017. Diferente de It e de Gerald's Game, 1922 tem o seu próprio ritmo, de andamento lento e muita narração. Baseado em um conto, é um filme redondo que não traz muitas novidades. Apesar do esforço do Thomas Jane é um filme que não se preocupa em criar empatia de seus personagens para com o espectador. E isso é um dos fatores negativos do longa. Apesar do protagonista ser detestável e fazer algo horrendo, o seu drama não é tão crível assim. Não causa um impacto quando deveria causar. A esposa interpretada por Molly Parker é alguém que está cansada da vida rural e pretende uma nova vida, o que é impedida pelo marido preso ao campo e quer que seu filho siga o mesmo caminho. Faltaram maiores conflitos entre pai e filho e algumas das consequências dos atos vis observados em cena são bacanas, mas superficiais. Destaque para a direção de Zak Hilditch, correta, sem muitos virtuosismos, mas que dá conta do recado, com uma cinematografia que funciona. O ano de 1922 passa através de suas estações e o trabalho de fotografia é exemplar. A trilha sonora composta por Mike Patton, do Faith No More e quinhentos outros projetos se sobressai, ao criar um clima ainda mais denso e pesado à história. E Thomas Jane encarna muito bem o brutamontes do campo, caipira sem remorso. As cenas de terror são poucas, concentra-se mais no drama e psicológico, mas são eficientes. 1922 é um bom trabalho, mas não espere a adaptação definitiva de King, esta que continua sendo It: A Coisa em relação a esse ano.
S. Craig Zahler já demonstrara talento no excelente Bone Tomahawk e aqui só o consagra como uma das maiores revelações de cineastas que seguem os passos de Tarantino. Amante de subgêneros obscuros de filmes, Zahler em seu debut, que já fez um mix de western com canibais agora faz uma mistura de filme de prisão e Blaxspoitation (Ou seria Whitesploitation?), o que o torna em uma grande homenagem ao Grindhouse. Vince Vaughn impressionante como nunca se viu antes, em um papel que foge de tudo que ele já fizera e talvez seja sua melhor performance até então. Extremamente divertido, violento e tosco propositadamente, Brawl in Cell Block 99 é diversão pura.
Que Dios nos perdone
3.6 31Thrillers espanhóis sempre me chamam atenção. Esse aqui passou despercebido, apesar de ter ganho prêmio no Goya, o Oscar Espanhol. Do mesmo diretor do elogiado Stockholm (Que tem no Netflix e verei em breve), esse novo filme de Rodrigo Sorogoyen é um thriller cru e realista que segue os passos de Seven e mais recentemente La Isla Mínima e True Detective. Dois policiais de comportamentos distintos investigam um serial killer que assassina e estupra idosas em pleno calor da Madri de 2011, ano em que o Papa Bento XVI visitou a capital espanhola e uma época de crise econômica européia. Esse pano de fundo nos chama atenção e a trama é muito bem conduzida pelo diretor, com ótimas atuações e cenas fortes de se assistir, já que as vítimas são idosas indefesas. Antonio de la Torre e Roberto Álamo brilham em seus papéis, o primeiro um policial gago, introspectivo e com dificuldade em relacionamentos e o segundo um homem explosivo e com dificuldade em controlar suas emoções. O filme funciona muito bem até sua metade, em que determinados acontecimentos dão uma quebra no ritmo do filme, com subtramas desnecessárias e que deviam desenvolver melhor seus personagens, mas que no fim fazem é atrasar a história. Logo depois possui mais cenas que nos reconectam à trama principal com competência, o que é um alívio. Um bom e forte thriller espanhol que segue a cartilha dos pesados suspenses sul-coreanos. Sem reviravoltas, mas direto ao ponto, apesar de pequenos empecilhos que impedem o ritmo do filme de fluir melhor.
Projeto Flórida
4.1 1,0KUma das surpresas de 2017, Projeto Flórida é um trabalho primoroso em todos os seus aspectos. Desde a sua fotografia belíssima que utiliza as cores dos apartamentos e condomínios do filme até mesmo da própria natureza mostrada no filme é uma obra aparentemente simples, mas esconde uma grande crítica ao estilo de vida americano. Sean Baker, diretor egresso do também elogiado Tangerine escreveu o roteiro junto a Chris Bergoch e retrata párias da sociedade assim como seu filme anterior. Famílias pobres, desestruturadas que vivem em condomínios próximos ao luxo da Disney em Orlando. O contraste é bastante visível. Mas o mundo de pobreza no filme é retratado com cores vivas e nomes que remetem à própria Disney, como o Magic Kingdom, um universo particular dos residentes. Não sei se o diretor foi influenciado por Harmony Korine, diretor cult americano, mas provavelmente sim, pois seus personagens estão à margem da sociedade, o que gerou o termo chamado White Trash e a fotografia assim como a personagem Halley (Bria Vinaite) que é a mãe de Moonee lembram bastante Spring Breakers. O estilo de vida irresponsável da mãe lembra muito o das meninas do filme do Korine. O elenco está excelente com destaque para o indicado ao Oscar Willem Dafoe, que interpreta um paciente gerente do condomínio e a revelação Brooklynn Prince, injustamente esquecida pela Academia. Sua personagem exala a inocência dessa idade e também transparece a má educação familiar, já que sua mãe não se preocupa muito com isso. Muitos problemas acontecendo e Moonee vive seu conto de fadas. Quando sua inocência é parcialmente perdida gera uma cena muito tocante, num dos finais mais comoventes do ano. Um excelente trabalho, criativo e crítico na medida certa.
Visages, Villages
4.4 161 Assista AgoraUm documentário extremamente elogiado e não é para menos. Fãs de cinema e de fotografia ficarão deslumbrados com o projeto de Varda e JR. Varda, uma das mais importantes diretoras da história do cinema se une a JR, um artista plástico em busca de memórias e de deixar ambientes mortos com vida através de colagens criadas por uma impressora especial acoplada ao veículo de JR. Um imóvel que sua detentora guarda lembranças e não quer se livrar dele, as mulheres de estivadores que são tão esquecidas relembradas através de imagens coladas nos contêineres, um bunker abandonado na praia, enfim, situações cotidianas que ganham vida através da visão de Varda e talento de JR. E ao mesmo tempo em que conhece novas pessoas Varda escava o seu próprio passado. A recorrente semelhança de JR a Godard jovem, suas desilusões e doçura para com as pessoas. Um documentário que segue a cartilha de um road movie que encanta com as suas imagens. Cada rosto tem uma vida e merece ser estampado nos confins do tempo e da lembrança. Cada face calejada pelo tempo, cada ruga e ausência de dentes mostra uma vida sofrida, uma poesia consegue ser extraída de onde menos se espera. Pretendo conhecer mais o trabalho dessa diretora, que conheço muitos trabalhos apenas por nome.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraApaixonado e esforçado filme do Spielberg. É uma obra importante por expor o verdadeiro sentido da imprensa que é publicar e ter liberdade para fazer isso, com imparcialidade e disposta a informar a nação sem vilipendiar a verdade. Tem toda aquele ar de filme do Oscar. Narrativamente falando preferi seu filme anterior Ponte dos Espiões, em que até o Tom Hanks estava melhor. Mas tematicamente esse é mais importante, apesar de não ser um filme definitivo sobre o papel da imprensa. O andamento do filme é mais lento e não envolve tanto o espectador e quem rouba mais as cenas é Meryl Streep mesmo, apesar de sua atuação não ser das melhores da carreira. Um bom, honesto e importante filme que é necessário assisti-lo mas que não vai permanecer tanto na mente do espectador por muito tempo.
Fantasmas do Passado
3.1 74 Assista AgoraAtmosférico thriller islandês baseado em um livro. O ritmo é bastante lento, mas é eficiente para deixar alguns sustos no caminho e nos instigar a raciocinar sobre a história que envolve 2 narrativas paralelas as quais se encontram em determinado momento. Tudo isso seria ainda melhor se ao final as histórias se conectassem de uma maneira menos dúbia, porque do jeito que ficou gera mais dúvidas que respostas. Uma pena a trama ser tão confusa e insatisfatória ao seu final para algo relativamente simples. Um bom thriller/terror da Islândia, país que aumenta cada vez mais suas produções cinematográficas a cada ano.
Sem Fôlego
3.0 76 Assista AgoraO estilo de Todd Haynes é diferente. Não vi toda a sua filmografia, mas o diretor é criativo não há dúvidas, desde sua estranha biografia de Bob Dylan em "Eu não Estou Lá" até o visualmente impecável Carol. Em seu novo filme Wonderstruck, baseado em um livro do Brian Selznick (A Invenção de Hugo Cabret), assim como o filme do Scorsese esse também tem foco em crianças como protagonistas. O modo que o diretor optou em contar a história é muito estiloso, balanceando bem o som com imagem, as cores com o preto e branco, o mudo com o falado e isso gera uma homenagem sincera ao cinema. Temos duas linhas cronológicas que se unem: 1927 e 1977, uma diferença de 50 anos. Nova York na época de transição do cinema mudo para o falado e a época setentista da black music, dos hippies, da contracultura, de David Bowie. A ótima trilha sonora de Carter Burwell nos ajuda ainda mais a imergir naquela jornada de um garoto que fica surdo em uma época tão barulhenta e de uma garota já surda em um tempo em que o som estava aparecendo no cinema. De um garoto em busca de seu pai e de uma menina em busca da atenção de sua mãe. No entanto o filme vale mais por essa experiência visual e sonora, pois sua história mesmo é previsível e o que deveria causar nostalgia ou emoção não consegue o seu intento, assim como não consegui sentir tanta empatia assim por seu filme anterior Carol. Além disso no último ato o filme se explica por demais em algo que já era óbvio. O elenco está muito bom, com destaque óbvio para as crianças Millicent Simmonds (Estreante), Oakes Fegley e Jaden Michael. Haynes ainda utiliza outras técnicas para ajudar na narrativa, como excelentes animações com maquetes. Wonderstruck é uma experiência imersiva e um trabalho honesto e bonito, mas que não passa muito disso.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraI, Tonya é um trabalho que tenta ser diferente, tanto pela bizarra história real quanto pelas constantes e humorísticas quebras da quarta parede que acontecem no filme, mas é uma biografia que segue a mesma cartilha das feitas em Hollywood. É bem feito, tem uma reconstituição de época impressionante (Principalmente quando vimos alguns vídeos reais) e excelentes atuações. Margot Robbie prova que não é só um rosto bonito e tem uma atuação muito intensa e esforçada (Apesar de achar que ela é muito mais bonita que a Tonya original), mas o destaque maior vai pra Allison Janney. No papel da megera mãe de Tonya é um trabalho que causa raiva, mas que mostra a grande performance dessa atriz. O bom diretor Craig Gillespie aproveita a história para alfinetar organizações olímpicas, principalmente dos Estados Unidos, que preferem aquela americana princesinha, branca, rica e que possua um exemplo de família bem construída. Tonya, uma mulher branca, talentosa, mas pobre e de família desestruturada e mesmo assim não conseguiu apoio, talvez por fazer parte do White Trash, família pobre, desestruturada e sem influências. Tonya pode ter feito algo errado, mas ela também foi vítima da vida, mãe abusiva e namorado agressor. A trilha sonora do filme é deliciosa, repleta de hits do rock oitentista. Apesar de todas as qualidades citadas é uma biografia que segue aquele padrão. Tem quarta parede, emulação de documentário, narrações, mas não traz novidades.
Lucky
4.1 193 Assista AgoraFilme injustamente esquecido nas premiações do Oscar e Globo de Ouro que poderia muito bem concorrer a melhor filme e melhor ator. Harry Dean Stanton, um grande ator subestimado teve um grande ano em 2017, apesar de sua morte e avançada idade. David Lynch o chamou para a nova temporada de Twin Peaks e aqui o diretor faz uma participação hilária, um típico personagem de suas histórias surrealistas e trabalhou novamente com o ator, em uma história que lembra The Straight Story, também do Lynch. O tema aqui é o mesmo, trata sobre a velhice e a sensação de vida se esvaindo devido à idade. O ator John Carroll Lynch (Que não tem parentesco com David Lynch) tem aqui um grande debut na direção. É um filme simples, retrata a rotina de um idoso em uma cidadezinha ensolarada que parece ser perto da fronteira Estados Unidos com México. Mas sua simplicidade permite extrair lindas lições sobre a capacidade de sorrir, aceitar o destino, a idade, a morte chegar. Independente de crenças religiosas, a capacidade da pessoa partilhar momentos com amigos, ouvir, respeitar. O filme mostra muito bem isso na figura do personagem-título interpretado brilhantemente por Harry Dean Stanton, em um papel que desde o início parecia ser sua despedida. Seu legado fica conosco, um grande ator que se vai e deixa com a gente seu sorriso.
Os Amigos de Eddie Coyle
3.7 8Clássico policial pouco conhecido e com ritmo diferenciado, com muitos diálogos e pouca ação, o que lembra filmes do Martin Scorsese e a série Família Soprano. A trama vai se desenrolando aos poucos, apresentando seus personagens e o panorama de toda a história vai se formando. Baseado em uma obra literária do mesmo autor do livro que o filme Killing Them Softly foi baseado, é um filme de traições, delações e nada é o que parece. O título do filme pode-se dizer que seja uma ironia, pois ninguém tem amigos no mundo do crime. Robert Mitchum brilha aqui e todo o elenco esteve muito bem.
Martha Marcy May Marlene
3.4 270Um filme que presenteia o espectador mais paciente e atento aos detalhes, pois é uma obra cadenciada e possui um ritmo que pode afastar aquele que quer respostas fáceis e muita tensão num filme do gênero. O misto de drama com thriller psicológico nos deixa ainda mais curiosos sobre a trajetória da personagem título, interpretada por uma Elizabeth Olsen ainda desconhecida, mas aqui tem o seu melhor papel. A tormenta que a personagem sofre, a evolução de sua paranóia e sua introspecção são muito bem externados pela atriz. O elenco é muito bom, com destaque para Sarah Paulson que interpreta a irmã mais velha e John Hawkes, que é um líder de um estranho culto que nos remete àquele liderado por Charles Manson, em que alguém com influência faz uma verdadeira lavagem cerebral em pessoas fragilizadas emocionalmente. Cultos assim existem e existiram e temos muitos exemplos pelos Estados Unidos, repletos de abusos e tendências perigosas, já retratados em diversos outros filmes, como em Faults e The Invitation, exemplos mais recentes. O filme tem um roteiro hábil em apresentar detalhes que têm respostas para suas ações, inclusive ao abrupto e aberto final, um ponto positivo para o diretor e roteirista Sean Durkin. Respostas essas que podem ser transformadas em muitas perguntas, mas isso instiga ainda mais o espectador, não deixando tudo mastigado.
O Homem que Burlou a Máfia
3.9 31 Assista AgoraUm grande clássico do cinema policial americano do saudoso Don Siegel. A cena inicial do roubo ao banco é muito bem conduzida pelo diretor. Baseado em um romance do escritor John Reese, o filme tem um roteiro bem escrito em que os planos do personagem-título (Walter Matthau, que além da comédia fez alguns filmes de ação) são pré-determinados e executados de uma maneira inteligente que não parece inverossímil ao espectador. Além de Matthau como destaque temos Joe Don Baker intimidador como Molly, o perseguidor de Charley, em um jogo de gato e rato. A excelente trilha de Lalo Schifrin traz toda a tensão e ambientação dos anos 70 e impossível não notar a homenagem à Intriga Internacional do mestre Hitchcock em determinada cena (Assim como no cartaz). Entretenimento de primeira.
Boneco de Neve
2.4 462 Assista AgoraQue porcaria é essa? É um filme digno de estudo. Como um livro bacana, com um bom diretor, bom elenco vira essa tralha? Putz, bem pior que imaginava
O Motorista de Táxi
4.3 159 Assista AgoraDiferente de outros diretores coreanos mais consagrados, como Chan-Wook Park, Ji-Woon Kim, Sang-soo Hong, Joon-ho Bong, Hong-jin Na, dentre os mais celebrados, o diretor Hun Jang segue a cartilha dos melodramas coreanos para contar uma história real com seus devidos efeitos heróicos realçados. Aí tome chororô, musiquinha triste, atos de coragem. Só que isso não tira os méritos do filme. Ele é bem dirigido e conta uma história necessária, na qual podemos ver os efeitos de um golpe ditatorial e como a Coréia do Norte principalmente desvirtua hoje todas as notícias que tentem manchar ainda mais o nome da nação. O astro coreano Kang-ho Song em mais uma ótima atuação, que alia humor ao drama e seu companheiro estrangeiro Thomas Kretschmann (Em um personagem que realmente existiu) tem uma boa química, apesar de parecer estar bem estranho diante dos coreanos, em uma atuação mais contida. O filme ainda é recheado de cenas de ação bem conduzidas, mas que realçam e exageram nos atos heróicos de simples homens que possibilitaram que a verdade fosse mostrada ao mundo.
Thelma
3.5 342 Assista AgoraUm filme esteticamente lindo, com uma temática interessante, mas de má execução. Isso vindo do mesmo diretor de Oslo, 31 de Agosto é um grande passo atrás. Um Carrie, A Estranha melhor que o remake com uma aparente complexidade filosófica e metafórica para tratar de temas como religião, descobertas sexuais, mas que ao seu final torna-se um filme bobo. A química entre o casal não causa empatia no espectador e as resoluções dadas pela família à garota são péssimas.
O Outro Lado da Esperança
3.8 35Ótimo filme do finlandês Aki Kaurismäki que só o conhecia por O Homem sem Passado (Que vi há muito tempo). Aqui ele conta com bom humor o intrincado tema dos refugiados sírios ou de qual país seja (A crise em Aleppo na Síria é mais evidente no filme, mas encontramos africanos e iraquianos também) que pedem asilo político na Finlândia. Um país que é conhecido por dar oportunidades a todos, de inclusão social justa, mas vimos no filme e o diretor mostra que não é bem assim. Grupos de skinheads existem e querem estrangeiros e refugiados fora do país, assim como tudo é mais difícil pra quem vem de fora. Kaurismäki se assemelha bastante ao excelente americano Jim Jarmusch (Diretor que aprecio muito) em relação à narrativa, permeada por um humor estranho, mas que nos faz rir diante do absurdo das situações, algo que Wes Anderson também faz a sua maneira. Assim como Anderson e Jarmusch, Kaurismäki também utiliza muito da música como transição de cenas, com canções excelentes executadas por ótimos músicos anônimos. Um pequeno grande filme que trata de um tema tão espinhoso com leveza e por que não esperança nas pessoas e em dias melhores?
Marjorie Prime
3.4 43 Assista AgoraUm belo e intimista filme com diálogos maduros e uma passagem de tempo que lembra muito A Ghost Story com suas elipses que não precisam explicar os porquês dos acontecimentos do filme. Simplesmente é a vida. Unindo elementos de ficção-científica lembra um episódio um pouco mais extenso de Black Mirror, com os prós e contras da tecnologia em nossas vidas. Ótimas atuações principalmente de Geena Davis e Tim Robbins, dois artistas meio ausentes do cinema ultimamente. Lois Smith também brilha com sua naturalidade e ciente do peso da idade. Apesar de todos os elementos muito bem vindos à narrativa, com uma trilha sonora muito bela e fotografia que evocam um sentimento de pertencimento e vida, o desenrolar da trama não causa tantos questionamentos e apesar de belo e melancólico é um filme que passa rápido e também não ficará tanto na memória. Um belo filme, competente e que merece a conferida, mas que não me arrebatou tanto.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraPovo tudo quer colocar Bíblia e alegoria a Deus nesses filmes. Dá uma preguiça. Já não basta mãe! (Que se sai melhor que esse filme, por sinal). Yorgos Lanthimos ainda admiro você, mas volte a fazer obras mais reflexivas como Lobster e Dente Canino. Não queira ser Haneke ou Lars Von Trier.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraDecepcionado. O novo filme do Yorgos Lanthimos provoca, causa raiva, choca, mas diferente de Dente Canino que é um inteligente estudo sobre a educação familiar e The Lobster ter sido um estudo sobre o marasmo dos relacionamentos modernos nesse seu novo trabalho ele usa uma metáfora dos pecados do passado, mas de uma forma que não nos causa tantos questionamentos ou relações com a vida real. É pesado, carregado, tem uma trilha sonora inquietante de horror e a trama lembra algo feito por Michael Haneke e até mesmo Lars Von Trier (Ecos de Anticristo, Funny Games e Caché são vistos aqui). Porém, apesar do impactante final, com o término não me causou questionamentos sobre as metáforas em relação à vida real, algo tão bem utilizado nos filmes anteriores do diretor. De cinema de autor apenas a bizarrice e inquietação, não marcando tanto. Queria ter gostado mais
Corrida Sem Fim
3.9 59Queria muito ter gostado desse filme. Diferente de Easy Riders que é bastante conhecido, Corrida sem Fim é um filme cult também, integrante dos primórdios do movimento da Nova Hollywood, mas é mais desconhecido. Fui ver e me decepcionei. É um típico road movie, mas se o intuito do filme era criticar o vazio dos jovens daquela época deveria ao menos despertar um interesse no espectador em acompanhar aqueles jovens hippies motorizados. É minimalista, mas não possui uma trilha marcante, nem diálogos fortes, é tudo aleatório. Destaque para a direção de Monte Hellman acompanhando todos os veículos em seus rachas. Mas não encontrei nenhum sentido maior e não me envolveu.
Magia Negra
3.6 94Filme inicia promissor, com uma ótima trilha sonora de Jerry Goldsmith e belos enquadramentos do Richard Attenborough. Rimas visuais que misturam passado e presente do personagem são bem editadas e montadas. E dá a entender que vai mostrar o anonimato, a ascensão e a queda de um artista que teve reconhecimento através de uma técnica maligna ou algo do tipo, mas o filme vai por outro caminho mais psicológico. O título que o filme recebeu no Brasil foi muito infeliz, pois deixa uma má impressão no espectador. O aspecto psicológico não é bem trabalhado pelo roteiro, meio preguiçoso, tudo jogado, além de a montagem em alguns momentos parecer muito apressada, não no sentido de uma elipse bem feita ou algo assim, mas algo corrido mesmo, sem se dedicar ao seu desenvolvimento. O quesito romance também é muito superficial, não gera empatia no espectador, além dos atores Anthony Hopkins e da bela Ann-Margret não possuirem nenhuma química. De bom no filme a ótima performance de Hopkins e o boneco Fats é repleto de tiradas sarcásticas, muito bem feito. Fora isso, um filme que apenas prometia, mas que não consegue ser tão eficiente. Vale a curiosidade
O Herói
3.5 32Grande atuação do Sam Elliott, em um filme que remete à carreira do ator e ele praticamente carrega sozinho, apesar da boa atuação de Laura Prepon. A finitude da vida e redenção retratadas de uma forma sóbria pelo diretor Brett Haley.
A Vilã
3.6 224 Assista AgoraAchei o início sensacional, depois a trama fica muito desconexa, o que me desviou bastante do filme. Extremamente confusa. Não cheguei a terminar o filme, quando terminar dou a nota e comento mais.
1922
3.2 798 Assista AgoraMais uma boa adaptação de Stephen King desse ano de 2017. Diferente de It e de Gerald's Game, 1922 tem o seu próprio ritmo, de andamento lento e muita narração. Baseado em um conto, é um filme redondo que não traz muitas novidades. Apesar do esforço do Thomas Jane é um filme que não se preocupa em criar empatia de seus personagens para com o espectador. E isso é um dos fatores negativos do longa. Apesar do protagonista ser detestável e fazer algo horrendo, o seu drama não é tão crível assim. Não causa um impacto quando deveria causar. A esposa interpretada por Molly Parker é alguém que está cansada da vida rural e pretende uma nova vida, o que é impedida pelo marido preso ao campo e quer que seu filho siga o mesmo caminho. Faltaram maiores conflitos entre pai e filho e algumas das consequências dos atos vis observados em cena são bacanas, mas superficiais. Destaque para a direção de Zak Hilditch, correta, sem muitos virtuosismos, mas que dá conta do recado, com uma cinematografia que funciona. O ano de 1922 passa através de suas estações e o trabalho de fotografia é exemplar. A trilha sonora composta por Mike Patton, do Faith No More e quinhentos outros projetos se sobressai, ao criar um clima ainda mais denso e pesado à história. E Thomas Jane encarna muito bem o brutamontes do campo, caipira sem remorso. As cenas de terror são poucas, concentra-se mais no drama e psicológico, mas são eficientes. 1922 é um bom trabalho, mas não espere a adaptação definitiva de King, esta que continua sendo It: A Coisa em relação a esse ano.
Confronto no Pavilhão 99
3.7 218 Assista AgoraS. Craig Zahler já demonstrara talento no excelente Bone Tomahawk e aqui só o consagra como uma das maiores revelações de cineastas que seguem os passos de Tarantino. Amante de subgêneros obscuros de filmes, Zahler em seu debut, que já fez um mix de western com canibais agora faz uma mistura de filme de prisão e Blaxspoitation (Ou seria Whitesploitation?), o que o torna em uma grande homenagem ao Grindhouse. Vince Vaughn impressionante como nunca se viu antes, em um papel que foge de tudo que ele já fizera e talvez seja sua melhor performance até então. Extremamente divertido, violento e tosco propositadamente, Brawl in Cell Block 99 é diversão pura.