Um filme que aguardava bastante, de um diretor que se tornou promissor após sua obra Los Cronocrímenes, mas que infelizmente depois dele não conseguiu emplacar mais nenhum trabalho relevante. Nacho Vigalondo em seu novo filme tenta até fazer piadas visuais e metafóricas sobre um tema tão complexo como o alcoolismo e relacionamentos abusivos, mas acaba morrendo na praia. A obra apesar de seu baixo orçamento apresenta bons efeitos visuais para representar os gigantes e a destruição da cidade de Seul, em um trabalho de respeito, mas a trama não ajuda. Anne Hathaway em uma bela atuação como de costume interpreta Gloria, uma escritora em frangalhos com seu relacionamento e um problema sério de alcoolismo que é expulsa de casa e resolve voltar a sua cidade natal para tentar clarear a mente. Lá ela vai ter que enfrentar seus demônios interiores de uma forma que o diretor tenta aliar criatividade visual com metáforas, mas que não consegue cativar o espectador com seus diálogos pobres e personagens desinteressantes, com exceção da própria Hathaway e do Jason Sudeikis, que interpreta um amigo de infância de Gloria e mostra aos poucos sua persona real. Dan Stevens também está no elenco, mas seu papel não tem importância. O maior pecado do filme é o desenvolvimento do seu roteiro escrito pelo próprio Vigalondo, que não cativa o espectador e não consegue extrair de suas metáforas algo relevante ou que se faça refletir sobre temas tão sensíveis. Ao final acaba sendo apenas uma obra boba e esquecível, apesar dos esforços da Hathaway e Sudeikis.
Australianos gostam mesmo de filme de cativeiro. Só esse ano vi 2 de lá (Hounds of Love e esse). Berlin Syndrome conta a história de Clare (Teresa Palmer), uma fotógrafa australiana que decide ter uma experiência de viver uns dias em outro país, registrando tudo com sua câmera. O país que ela escolhe é a Alemanha, Berlim mais precisamente. Lá ela conhece o belo professor de inglês e esportes Andi (Max Riemelt) e se envolve normalmente com ele. Um belo dia ela acorda no apartamento de Andi e se vê trancada. Aos poucos a realidade cruel aparece e ela se vê vítima do sequestrador que não tem um motivo específico para fazer isso. A trama se desenvolve lentamente, se estende por demais (As cenas envolvendo o pai de Andi pra mim ficaram desnecessárias na trama) e tem um desfecho meio incoerente, mas ainda assim provoca boas cenas de tensão e o casal tem química apesar da situação constrangedora do filme. Teresa e Max têm boas atuações que ajudam a carregar o filme. Terceiro filme da diretora Cate Shortland pretendo ver seus anteriores.
Impressionante debut da Julia Ducournau. Tudo funciona no filme: Atuações, direção, roteiro e simbolismos. A ligação da sexualidade com a carne, com a descoberta sexual achei muito bem trabalhada. Tem algumas cenas mais fortes, mas nada para desmaiar. O final fecha o ciclo de uma maneira eficaz. Gostei bastante
Acabei de ver. Bem anárquico, com um fiapo de história, quando ele não começa a se levar a sério fica bem divertido, uma mistura de Cães de Aluguel com tiroteio sem fim entre feridos se arrastando no chão hahaha. Lembra algo do Tarantino mesmo ou Guy Ritchie, mas sem os diálogos espirituosos do primeiro e com estilo parecido com o segundo. A trilha sonora é outro destaque, a direção é segura e tem como produtor executivo o Martin Scorsese. O elenco é ótimo, mas sem espaço pra desenvolver a trama ou seus personagens, o que torna o filme não tão além do que a média. De qualquer forma, um filme divertido
Acabei de ver, sinceramente não entendi muito não ao final. Falo na ligação de todas as pistas. Tem umas 50 reviravoltas perto do final que me confundiram legal. Acho que vou rever
A Austrália sempre ficou conhecida por trazer um cinema mais cru, sujo e Hounds of Love não é diferente. Trata-se de uma bad trip, um filme difícil de se assistir, mas é tão bem orquestrado pelo diretor Ben Young (Em seu debut) que é impossível ficar indiferente. Levemente baseado em fatos reais, o filme se passa na cidade de Perth, Austrália em 1987 e segue uma dupla de sociopatas que observam colegiais a fim de sequestrá-las e posteriormente matá-las, sem motivo aparente a não ser o sadismo. Isso nos é apresentado logo no início com uma grande elegância na câmera de Young, em câmera lenta dando closes nas colegiais e já sabemos que aquilo vai dar início a algo muito aterrador, até que o título do filme apareça. A partir daí somos apresentados a Vicky (Ashleigh Cummings), uma jovem que está desiludida após a separação dos pais e logo transforma-se em vítima da dupla de assassinos. Ela é sequestrada e passa a sofrer no seu cativeiro, sendo abusada e torturada, física e psicologicamente. O filme tem vários planos abertos, tomadas aéreas, algumas partes em câmera lenta contemplativas a fim de fugir de todo o horror que está entre quatro paredes e é de uma elegância exemplar. O filme ainda nos oferece um trio de atuações intensas por parte da já citada Ashleigh e dos dois vilões Evelyn e John (Emma Booth e Stephen Curry, respectivamente). Evelyn é o elo fraco da monstruosidade, frágil, um misto de amor pelo companheiro e ódio pelas suas atitudes e não passamos a saber muito sobre o background deles envolvendo os seus filhos. John por outro lado é aquele sujeito frio, que não pensa duas vezes ao ter que usar a violência, ameaça com o olhar, enquanto fora daquele cubículo ele se mostre uma pessoa frágil até. O filme então se concentra nas relações entre esses três personagens e as buscas por parte da família da Vicky ficam em segundo plano. Apesar de mostrar muitas cenas violentas, elas são mais em off, o que não deixam de ser perturbadoras mesmo assim. A trilha sonora também é magnífica, ora representada por batidas eletrônicas que criam uma tensão à flor da pele até clássicos como Nights in White Satin da banda Moody Blues. Enfim, Hounds of Love é selvagem como um cão no cio e prova que a Austrália é não só um país desenvolvido nos mais diversos setores de um Estado, mas também mostra um cinema avassalador e realista a cada obra lançada.
Quando vi "Produzido por Álex de la Iglesia" e que tinha no elenco Macarena Gómez me veio à mente outro filme espanhol que gostei bastante chamado Musarañas, também produzido por Iglesia e com Gómez no elenco. Gosto muito do cinema espanhol e resolvi conferir essa curiosa produção na Netflix. O principal destaque do filme é a sua coragem, em tratar de temas tão desviados como a deformidade e a beleza fora do padrão e o jovem diretor Eduardo Casanova entrega no seu debut em longa-metragem uma obra que vale a pena ser vista. O filme lembra em certos aspectos o primeiro longa-metragem do Iglesia chamado Ação Mutante. Não em relação a ser uma sci-fi (Esse filme é um drama com humor negro), mas sim em relação aos seus personagens marginalizados e talvez o diretor espanhol tenha enxergado a si mesmo em Eduardo Casanova, o que resultou na produção do filme. Os personagens são interligados a lá um Crash ou Amores Brutos a situações cotidianas. Troque as deformidades por pessoas normais e seria um filme comum. Mas o diretor utliza aqui uma jovem com um ânus no lugar da boca (E vice-versa), um triângulo amoroso entre uma pessoa "normal", uma de face "derretida" e outro com a pele queimada, um garoto que deseja amputar suas pernas para virar uma sereia, uma anã, uma cega prostituta e uma obesa. Sim, os personagens são fora do padrão e isso é uma novidade bem vinda ao filme, lembrando o clássico Monstros (Freaks). O filme é belo, com uma tonalidade de cores sempre rosa e lilás por todo o filme, o que dá um aspecto kitsch a lá Almodóvar, além de sua trilha sonora brega e chiclete. Uma obra ousada, feita para chocar no bom sentido e que mostra que todos nós merecemos a felicidade. Um diretor emulando o anarquismo e escatologia de um John Waters nos dias de hoje sempre é bom.
Altamente aclamado pela crítica, Get Out é um filme diferenciado. Um thriller psicológico com um subtexto racial que é extremamente bem realizado pelo comediante Jordan Peele. Aquela música dos créditos iniciais com sussurros já dá o clima para a história de Chris (Daniel Kaluuya), um jovem negro que namora Rose (Allison Williams), uma caucasiana. Ela pretende apresentar o namorado à sua família e desde já deixa o rapaz paranóico. Será que vão aceitá-lo por ser negro? E o diretor desenvolve esse tema de uma forma ácida e crítica. Achei em alguns momentos algo superficial nessa tentativa de falar sobre o racismo, algumas atitudes do personagem principal são meio duvidosas, mas no geral o filme é redondinho, muito bem conduzido, com um climax que provocou em mim um misto de surpresa com decepção, por ser tudo muito apressado. Não é uma obra-prima, mas com certeza é mais um bom fruto dessa nova safra do horror norte-americano. Uma mistura de Adivinhe quem vem para Jantar e O Bebê de Rosemary.
Prometheus faz parte de um novo arco na história do Alien. Ridley Scott volta à direção e aqui ele tentou criar uma prequel ao Alien de 1979. Só que não somente uma prequel, mas praticamente um spin-off, porque o filme é tudo, menos Alien. Parece uma ficção-científica à parte sobre a busca do nosso criador e tem pouquíssimas ligações com o original. O principal destaque do filme é o seu lado estético, simplesmente maravilhoso. O David interpretado por Michael Fassbender é uma boa adição, um sintético que não sabe muito bem qual o seu propósito. Tem um elenco exemplar, Noomi Rapace funciona bem, tem uma cena de aborto muito bem realizada e tensa, mas produz mais perguntas que respostas.
Depois do fiasco que foi Alien 3, a clonagem estava em alta em 1997, após as notícias da Ovelha Dolly e resolveram utilizar essa premissa para trazer a Ripley de volta. Com um diretor europeu e que não sabia falar patavinas o inglês (Jean-Pierre Jeunet), o filme tem problema no seu roteiro novamente, escrito por Joss Whedon, mas mudado ao bel prazer do diretor. É um Alien mais descompromissado, com a inserção de um humor negro já característico nas obras do Jeunet e não é de todo ruim. É o mais gore dos Alien até então, possui pelo menos duas cenas que gosto bastante (A complicada cena debaixo d'água e a do clones descartados), é estiloso, tem um bom elenco e de certa forma segue a cronologia da série, mas o roteiro é uma palhaçada.
Eis aqui a maldição do terceiro filme. Com um roteiro escrito a 10 mãos (Algo que nunca é bom sinal), o filme passou por vários diretores até passarem a batata quente para um novato David Fincher (Que na época era egresso de videoclipes e não era o diretor tão respeitado que é hoje). O longa é problemático, descarta personagens importantes do filme anterior (Newt e Hicks), apresenta uns conceitos interessantes (Como a religião e uma penitenciária espacial), mas o roteiro é muito problemático. A primeira hora funciona, em que somos apresentados àquele novo universo. O personagem do Charles Dance é de longe um dos melhores no elenco. Porém no segundo ato, atitudes dos personagens, efeitos especiais fracos e uma condução burocrática conferem à Alien 3 um ar sombrio, mas decepcionante.
Após o sucesso do filme de 1979 inevitável sua sequência, dessa vez nas mãos de James Cameron, recém saído de Exterminador do Futuro, outra obra importantíssima para o gênero ação/sci-fi. James Cameron é mestre em comandar a ação e aqui não foi diferente, gerando uma sequência à altura do original (Alguns acham até superior). O foco aqui é a guerra, o militarismo e anos mais tarde talvez Verhoeven tenha se inspirado nesse filme para criar o seu Tropas Estelares. O filme é repleto de tensão, principalmente no seu final apoteótico.
Clássico absoluto do gênero sci-fi com horror, Alien ainda hoje prova o quão ambicioso era. Prezando pelo horror psicológico, sugestivo e com elementos que seriam incorporados à franquia (Facehuggers, xenomorfos, seres sintéticos) é uma obra seminal. Ripley é apresentada a nós espectadores e conferimos a luta de uma humana contra uma besta, tudo em corredores escuros e muita tensão. Obrigatório.
A amizade é um tema universal e já retratada das mais diferentes formas possíveis pelo cinema. E quando envolve a morte também se conduzido por um diretor não acostumado pode cair rapidamente no melodrama. Felizmente não é o caso de Truman, filme co-produção Espanha-Argentina dirigido por Cesc Gay. O filme conta a história de dois amigos separados por continentes. Jávier Camara interpreta Tomás, que vive no Canadá e após uma notícia não tão animadora referente a um amigo de longa data (Julián, interpretado por Ricardo Darín) ele decide viajar até a Espanha visitá-lo. O filme então passa a seguir dois amigos em uma situação delicada. Truman é o nome do cão de Julián e ele é peça importante, um elo de amizade entre os dois homens. O filme trata de um tema delicado e como já mencionado não cai nas armadilhas do melodrama. É humano, tocante e conta com duas atuações realistas e fortes por conta de Darín e Camara.
Primeiro grande filme de Michael Mann, mestre do cinema policial, Profissão:Ladrão é um trabalho que mostra toda competência do diretor ao se dedicar a ações que são meios para se atingir um fim. A própria introdução do filme mostra minuciosamente a ação de bandidos ao tentar arrombar um cofre, altamente profissionais. e Mann enquadra diversos planos a fim de conceber passo a passo de um crime. Embalado por uma trilha oitentista magnífica do Tangerine Dream, James Caan brilha no papel de um ladrão consciente do seu serviço e sua competência que tenta viver de forma digna, arrumar um grande amor, ter filhos, constituir família. E abandonar o crime. Só que sabemos que quem entra por esse caminho não fica tão fácil de fugir. O filme é muito bem construído a partir de seus diálogos que detalham os vindouros planos de assalto e possui um clímax tenso como o Mann é especialista em conceber. Um excelente filme que ainda conta com o James Belushi no papel do parceiro de crime do Frank (Caan).
A fama tem seus prós e contras. Começa com reconhecimento, elevação da auto-estima, ambição e pode aos poucos nos transformar, para pior ou melhor. Amizades podem ser desfeitas, a inveja pode pairar como uma sombra, a cobiça, o desejo. E tudo isso é muito bem retratado nesse thriller psicológico independente chamado Always Shine, dirigido por Sophia Takal. Desde os créditos iniciais que lembram muito algo de Brian de Palma até a história de duas mulheres em busca do estrelato que pode lembrar o clássico moderno Cidade dos Sonhos (David Lynch), o filme é competente ao que se propõe. Com atuações magníficas da dupla principal (Mackenzie Davis e Caitlin FitzGerald) e uma trilha sonora que dá o clima de suspense, o filme desde seu início dá uma prévia do que virá a seguir e tal fato não podemos esperar algo de bom. Ele antecipa que uma tensão vai acontecer entre as duas amigas atrizes, uma mais bem sucedida e a outra em busca de seu horizonte no cinema. Uma amizade que é pra ser reconstruída aos poucos é estilhaçada de vez, com diversos eventos inesperados que acontecem. Sophia Takal constrói um clima perfeito até o seu terceiro arco que perde um pouco a força da narrativa, mas Always Shine não deixa de ser um belo exemplar de um thriller que não apela para a violência, mas sim para o psicológico, para os diálogos e atuações. Mostra um pouco o papel machista que Hollywood ainda reserva às mulheres e o porquê que muitas fazem um sucesso fácil e outras não, mesmo que ambas as atrizes sejam semelhantes na questão física, na beleza (A frase inicial do filme resume tudo).
Esses irmãos Mo são muito fraquinhos. Já não gostei muito do filme anterior Killers e agora esse genérico de The Raid. Já disse: Irmãos Mo não são Gareth Evans. Primeira hora tem nenhuma cena de ação memorável, uma trama clichê e previsível, uma médica com tantos pacientes e dorme no sofá perto do Ishmael, acorda perto dele, total atenção para um desconhecido e o resto dos pacientes que se fodam. Uma construção amorosa desnecessária. Aí perto do fim acontece uma luta bacana com o ator que fez o assassino do baseball e uma com a linda Julie Estelle, ou seja, até quis emular aqui a Hammer Girl também. Aí vem o final com uns capangas super burros e uma luta bem marromeno com melodrama. Se esse fosse o Raid 3 seria decepcionante
Filme muito esquisito, pretensioso e de certa forma me surpreendeu por não saber nada sobre antes de ver. Possui algumas boas tentativas de extrair suspense das cenas, mas tudo não tem um propósito certo. Tipo, nos intriga para no seu final ser um banho de água fria. Posso destacar também a atuação da Kristen Stewart, mas não conseguimos sentir todo o peso emocional que um luto ocasionaria.
Não gostei tanto de Amantes Eternos, mas Paterson é Jarmusch em alto nível. Simplesmente delicioso esse filme. Muito bonito, extrai a beleza do trivial. Difícil não se encantar.
Magnífico Noir e o melhor trabalho do diretor Jacques Tourneur. Uma narrativa que prende a atenção, diálogos sensacionais e grandes interpretações de Robert Mitchum, Jane Greer (Uma das maiores femme fatales do cinema) e Kirk Douglas.
Tentativa de homenagear Lovecraft, Carpenter, Stuart Gordon, Clive Barker e tem até algo de O Nevoeiro, mas o filme só é bom mesmo nessas tentativas de homenagem e por conta de seus efeitos práticos realmente muito bons. O restante não tem nada a acrescentar, além de ter um péssimo roteiro
A exemplo do filme C.R.A.Z.Y: Loucos de Amor e o sueco Nós Somos as Melhores, Mulheres do Século 20 se passa nos anos 70, mais precisamente 1979 em Santa Bárbara, Estados Unidos e retrata algo bem pessoal do seu diretor, sua convivência com a mãe e as mulheres de sua juventude. Em seu filme anterior, Mike Mills retratou sua relação paterna em Beginners e nesse novo trabalho Annette Bening interpreta Dorothea, uma senhora de 55 anos de idade que não sabe lidar com a mudança de década, com toda aquela revolução sexual e musical setentista. E principalmente não sabe lidar com o seu filho adolescente Jamie (Lucas Jade Zumann, provavelmente o diretor nessa turbulenta idade). Separada e morando numa casa que está só os frangalhos, Dorothea pede ajuda a Julie (Elle Fanning) e Abbie (Greta Gerwig), como forma de criar o filho da forma que ela não consegue. Julie, paixao platônica de Jamie, é uma garota aparentemente recatada, mas que guarda em si toda uma vontade de viver e de aventurar-se, enquanto Abbie é a personificação do Punk Rock que muitos diriam estar morto naquela época. De cabelos vermelhos e de uma criatividade ímpar, Abbie guarda em si todo um feminismo que estava praticamente engatinhando e tenta passar isso para o jovem Jamie, a ideia de valorização das mulheres. Com suas três "mães" Jamie vê uma mudança não só em seu comportamente, mas também em uma nova era. O diretor utiliza sabiamente diversas passagens literárias e audiovisuais como ritos de passagem para um novo século que chegaria, já que a história do filme se prolonga além dos anos 70 até o final do século 20. Observamos então a mudança de um século, principais acontecimentos sob o olhar daquelas mulheres tão importantes para Jamie, assim como vemos o seu desenrolar rumo à vida adulta. Interpretações impecáveis, principalmente de Annette Bening, que nos dá uma Dorothea calejada pelo tempo, mas que não perde sua vivacidade, apesar da solidão fazer parte do seu cotidiano, mesmo rodeada de pessoas. Elle Faning mostra que está escolhendo sabiamente seus projetos e Greta Gerwig em um papel de destaque que não chama atenção apenas pelo seu cabelo curto e ruivo. O jovem Lucas Jade Zumann foi um achado e não irrita em nenhum momento. Um adolescente que apesar da imaturidade mostra uma humanidade e sagacidade invejáveis. Além disso, a montagem do filme é exemplar, entrecortada por capítulos ao conta a história de cada mulher que faz parte da vida de Jamie e obviamente imagens e videos de acontecimentos do século 20. A trilha sonora então é espetacular. Enfim, revoltante não terem incluído esse filme entre os 10 melhores na categoria do Oscar 2017, pois com certeza ele bateria de frente com qualquer um ali. Excelente e nos faz pensar sobre o papel da mulher na sociedade.
Fantástica ficção-científica com ação do mestre John Carpenter. Demorei para assistir, mas não envelheceu de forma alguma. Sua trama crítica à sociedade e ao consumismo não é boba e o diretor utiliza muito bem o orçamento para criar sequências na raça e criatividade. Utiliza a estética do Filme B com um conteúdo provocativo que nem todos os diretores dos tempos modernos teriam coragem de colocar em tela. Não se preocupe em entender como os óculos são feitos ou suas lentes, embarque apenas nessa viagem e perceba muito bem a crítica ao consumismo através de mensagens subliminares e à opressão dos mais fracos pelos mais fortes. Em uma criticada cena de luta, que dura mais que o normal vi muitos desgostando, mas eu achei muito bem feita e não incomodou de forma alguma. Clássico absoluto e subestimado.
Aguardava muito esse filme, já que é do diretor Charlie McDowell, mesmo do excelente filme The One I Love, uma inventiva ficção-científica com romance. E quando The Discovery foi anunciado para o Festival de Sundance e logo depois a Netflix comprou seus direitos aguardava para conferir. The Discovery segue a mesma inventividade do diretor em relação ao tema: E se em um futuro próximo descobrisse que existe vida após a morte, uma descoberta científica? O resultado disso é desolador: O número de suicídios aumenta em grandes proporções, o que é desesperador. A cena inicial retrata bem o sentimento de uma descoberta dessa magnitude, em que muitas pessoas infelizes com a vida atual preferem ver o que tem do outro lado a ter que viver de uma forma triste. Podemos fazer até uma alusão ao mito da Caverna de Platão nesse sentido. Acompanhamos depois Will (Jason Segel), um neurocirurgião que está em viagem para uma ilha remota e lá no barco ele conhece Isla (Rooney Mara), uma estranha mulher que vai para o mesmo local que ele. Descobrimos depois que o Dr. Thomas (Robert Redford), que aparecera no início do filme. é o pai do Will. Após um evento, Isla se junta a Will e Thomas e juntos estudam a máquina e o procedimento utilizado para o cientista para investigar a vida após a morte. O filme nos chama atenção, com um belo clima e é intrigante. O final com seu mind-blowing e plot twist pode decepcionar muitos, mas eu achei um algo a mais para nos confundir e nos questionar acerca de tudo o que se passara no filme.
Colossal
3.1 340 Assista AgoraUm filme que aguardava bastante, de um diretor que se tornou promissor após sua obra Los Cronocrímenes, mas que infelizmente depois dele não conseguiu emplacar mais nenhum trabalho relevante. Nacho Vigalondo em seu novo filme tenta até fazer piadas visuais e metafóricas sobre um tema tão complexo como o alcoolismo e relacionamentos abusivos, mas acaba morrendo na praia. A obra apesar de seu baixo orçamento apresenta bons efeitos visuais para representar os gigantes e a destruição da cidade de Seul, em um trabalho de respeito, mas a trama não ajuda. Anne Hathaway em uma bela atuação como de costume interpreta Gloria, uma escritora em frangalhos com seu relacionamento e um problema sério de alcoolismo que é expulsa de casa e resolve voltar a sua cidade natal para tentar clarear a mente. Lá ela vai ter que enfrentar seus demônios interiores de uma forma que o diretor tenta aliar criatividade visual com metáforas, mas que não consegue cativar o espectador com seus diálogos pobres e personagens desinteressantes, com exceção da própria Hathaway e do Jason Sudeikis, que interpreta um amigo de infância de Gloria e mostra aos poucos sua persona real. Dan Stevens também está no elenco, mas seu papel não tem importância. O maior pecado do filme é o desenvolvimento do seu roteiro escrito pelo próprio Vigalondo, que não cativa o espectador e não consegue extrair de suas metáforas algo relevante ou que se faça refletir sobre temas tão sensíveis. Ao final acaba sendo apenas uma obra boba e esquecível, apesar dos esforços da Hathaway e Sudeikis.
A Síndrome de Berlim
3.2 165 Assista AgoraAustralianos gostam mesmo de filme de cativeiro. Só esse ano vi 2 de lá (Hounds of Love e esse). Berlin Syndrome conta a história de Clare (Teresa Palmer), uma fotógrafa australiana que decide ter uma experiência de viver uns dias em outro país, registrando tudo com sua câmera. O país que ela escolhe é a Alemanha, Berlim mais precisamente. Lá ela conhece o belo professor de inglês e esportes Andi (Max Riemelt) e se envolve normalmente com ele. Um belo dia ela acorda no apartamento de Andi e se vê trancada. Aos poucos a realidade cruel aparece e ela se vê vítima do sequestrador que não tem um motivo específico para fazer isso. A trama se desenvolve lentamente, se estende por demais (As cenas envolvendo o pai de Andi pra mim ficaram desnecessárias na trama) e tem um desfecho meio incoerente, mas ainda assim provoca boas cenas de tensão e o casal tem química apesar da situação constrangedora do filme. Teresa e Max têm boas atuações que ajudam a carregar o filme. Terceiro filme da diretora Cate Shortland pretendo ver seus anteriores.
Grave
3.4 1,1KImpressionante debut da Julia Ducournau. Tudo funciona no filme: Atuações, direção, roteiro e simbolismos. A ligação da sexualidade com a carne, com a descoberta sexual achei muito bem trabalhada. Tem algumas cenas mais fortes, mas nada para desmaiar. O final fecha o ciclo de uma maneira eficaz. Gostei bastante
Free Fire: O Tiroteio
3.0 121 Assista AgoraAcabei de ver. Bem anárquico, com um fiapo de história, quando ele não começa a se levar a sério fica bem divertido, uma mistura de Cães de Aluguel com tiroteio sem fim entre feridos se arrastando no chão hahaha. Lembra algo do Tarantino mesmo ou Guy Ritchie, mas sem os diálogos espirituosos do primeiro e com estilo parecido com o segundo. A trilha sonora é outro destaque, a direção é segura e tem como produtor executivo o Martin Scorsese. O elenco é ótimo, mas sem espaço pra desenvolver a trama ou seus personagens, o que torna o filme não tão além do que a média. De qualquer forma, um filme divertido
Um Contratempo
4.2 2,0KAcabei de ver, sinceramente não entendi muito não ao final. Falo na ligação de todas as pistas. Tem umas 50 reviravoltas perto do final que me confundiram legal. Acho que vou rever
Predadores do Amor
3.5 79A Austrália sempre ficou conhecida por trazer um cinema mais cru, sujo e Hounds of Love não é diferente. Trata-se de uma bad trip, um filme difícil de se assistir, mas é tão bem orquestrado pelo diretor Ben Young (Em seu debut) que é impossível ficar indiferente. Levemente baseado em fatos reais, o filme se passa na cidade de Perth, Austrália em 1987 e segue uma dupla de sociopatas que observam colegiais a fim de sequestrá-las e posteriormente matá-las, sem motivo aparente a não ser o sadismo. Isso nos é apresentado logo no início com uma grande elegância na câmera de Young, em câmera lenta dando closes nas colegiais e já sabemos que aquilo vai dar início a algo muito aterrador, até que o título do filme apareça. A partir daí somos apresentados a Vicky (Ashleigh Cummings), uma jovem que está desiludida após a separação dos pais e logo transforma-se em vítima da dupla de assassinos. Ela é sequestrada e passa a sofrer no seu cativeiro, sendo abusada e torturada, física e psicologicamente. O filme tem vários planos abertos, tomadas aéreas, algumas partes em câmera lenta contemplativas a fim de fugir de todo o horror que está entre quatro paredes e é de uma elegância exemplar. O filme ainda nos oferece um trio de atuações intensas por parte da já citada Ashleigh e dos dois vilões Evelyn e John (Emma Booth e Stephen Curry, respectivamente). Evelyn é o elo fraco da monstruosidade, frágil, um misto de amor pelo companheiro e ódio pelas suas atitudes e não passamos a saber muito sobre o background deles envolvendo os seus filhos. John por outro lado é aquele sujeito frio, que não pensa duas vezes ao ter que usar a violência, ameaça com o olhar, enquanto fora daquele cubículo ele se mostre uma pessoa frágil até. O filme então se concentra nas relações entre esses três personagens e as buscas por parte da família da Vicky ficam em segundo plano. Apesar de mostrar muitas cenas violentas, elas são mais em off, o que não deixam de ser perturbadoras mesmo assim. A trilha sonora também é magnífica, ora representada por batidas eletrônicas que criam uma tensão à flor da pele até clássicos como Nights in White Satin da banda Moody Blues. Enfim, Hounds of Love é selvagem como um cão no cio e prova que a Austrália é não só um país desenvolvido nos mais diversos setores de um Estado, mas também mostra um cinema avassalador e realista a cada obra lançada.
Peles
3.4 590 Assista AgoraQuando vi "Produzido por Álex de la Iglesia" e que tinha no elenco Macarena Gómez me veio à mente outro filme espanhol que gostei bastante chamado Musarañas, também produzido por Iglesia e com Gómez no elenco. Gosto muito do cinema espanhol e resolvi conferir essa curiosa produção na Netflix. O principal destaque do filme é a sua coragem, em tratar de temas tão desviados como a deformidade e a beleza fora do padrão e o jovem diretor Eduardo Casanova entrega no seu debut em longa-metragem uma obra que vale a pena ser vista. O filme lembra em certos aspectos o primeiro longa-metragem do Iglesia chamado Ação Mutante. Não em relação a ser uma sci-fi (Esse filme é um drama com humor negro), mas sim em relação aos seus personagens marginalizados e talvez o diretor espanhol tenha enxergado a si mesmo em Eduardo Casanova, o que resultou na produção do filme. Os personagens são interligados a lá um Crash ou Amores Brutos a situações cotidianas. Troque as deformidades por pessoas normais e seria um filme comum. Mas o diretor utliza aqui uma jovem com um ânus no lugar da boca (E vice-versa), um triângulo amoroso entre uma pessoa "normal", uma de face "derretida" e outro com a pele queimada, um garoto que deseja amputar suas pernas para virar uma sereia, uma anã, uma cega prostituta e uma obesa. Sim, os personagens são fora do padrão e isso é uma novidade bem vinda ao filme, lembrando o clássico Monstros (Freaks). O filme é belo, com uma tonalidade de cores sempre rosa e lilás por todo o filme, o que dá um aspecto kitsch a lá Almodóvar, além de sua trilha sonora brega e chiclete. Uma obra ousada, feita para chocar no bom sentido e que mostra que todos nós merecemos a felicidade. Um diretor emulando o anarquismo e escatologia de um John Waters nos dias de hoje sempre é bom.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraAltamente aclamado pela crítica, Get Out é um filme diferenciado. Um thriller psicológico com um subtexto racial que é extremamente bem realizado pelo comediante Jordan Peele. Aquela música dos créditos iniciais com sussurros já dá o clima para a história de Chris (Daniel Kaluuya), um jovem negro que namora Rose (Allison Williams), uma caucasiana. Ela pretende apresentar o namorado à sua família e desde já deixa o rapaz paranóico. Será que vão aceitá-lo por ser negro? E o diretor desenvolve esse tema de uma forma ácida e crítica. Achei em alguns momentos algo superficial nessa tentativa de falar sobre o racismo, algumas atitudes do personagem principal são meio duvidosas, mas no geral o filme é redondinho, muito bem conduzido, com um climax que provocou em mim um misto de surpresa com decepção, por ser tudo muito apressado. Não é uma obra-prima, mas com certeza é mais um bom fruto dessa nova safra do horror norte-americano. Uma mistura de Adivinhe quem vem para Jantar e O Bebê de Rosemary.
Prometheus
3.1 3,4K Assista AgoraPrometheus faz parte de um novo arco na história do Alien. Ridley Scott volta à direção e aqui ele tentou criar uma prequel ao Alien de 1979. Só que não somente uma prequel, mas praticamente um spin-off, porque o filme é tudo, menos Alien. Parece uma ficção-científica à parte sobre a busca do nosso criador e tem pouquíssimas ligações com o original. O principal destaque do filme é o seu lado estético, simplesmente maravilhoso. O David interpretado por Michael Fassbender é uma boa adição, um sintético que não sabe muito bem qual o seu propósito. Tem um elenco exemplar, Noomi Rapace funciona bem, tem uma cena de aborto muito bem realizada e tensa, mas produz mais perguntas que respostas.
Alien: A Ressurreição
3.1 488 Assista AgoraDepois do fiasco que foi Alien 3, a clonagem estava em alta em 1997, após as notícias da Ovelha Dolly e resolveram utilizar essa premissa para trazer a Ripley de volta. Com um diretor europeu e que não sabia falar patavinas o inglês (Jean-Pierre Jeunet), o filme tem problema no seu roteiro novamente, escrito por Joss Whedon, mas mudado ao bel prazer do diretor. É um Alien mais descompromissado, com a inserção de um humor negro já característico nas obras do Jeunet e não é de todo ruim. É o mais gore dos Alien até então, possui pelo menos duas cenas que gosto bastante (A complicada cena debaixo d'água e a do clones descartados), é estiloso, tem um bom elenco e de certa forma segue a cronologia da série, mas o roteiro é uma palhaçada.
Alien 3
3.2 540 Assista AgoraEis aqui a maldição do terceiro filme. Com um roteiro escrito a 10 mãos (Algo que nunca é bom sinal), o filme passou por vários diretores até passarem a batata quente para um novato David Fincher (Que na época era egresso de videoclipes e não era o diretor tão respeitado que é hoje). O longa é problemático, descarta personagens importantes do filme anterior (Newt e Hicks), apresenta uns conceitos interessantes (Como a religião e uma penitenciária espacial), mas o roteiro é muito problemático. A primeira hora funciona, em que somos apresentados àquele novo universo. O personagem do Charles Dance é de longe um dos melhores no elenco. Porém no segundo ato, atitudes dos personagens, efeitos especiais fracos e uma condução burocrática conferem à Alien 3 um ar sombrio, mas decepcionante.
Aliens: O Resgate
4.0 810 Assista AgoraApós o sucesso do filme de 1979 inevitável sua sequência, dessa vez nas mãos de James Cameron, recém saído de Exterminador do Futuro, outra obra importantíssima para o gênero ação/sci-fi. James Cameron é mestre em comandar a ação e aqui não foi diferente, gerando uma sequência à altura do original (Alguns acham até superior). O foco aqui é a guerra, o militarismo e anos mais tarde talvez Verhoeven tenha se inspirado nesse filme para criar o seu Tropas Estelares. O filme é repleto de tensão, principalmente no seu final apoteótico.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraClássico absoluto do gênero sci-fi com horror, Alien ainda hoje prova o quão ambicioso era. Prezando pelo horror psicológico, sugestivo e com elementos que seriam incorporados à franquia (Facehuggers, xenomorfos, seres sintéticos) é uma obra seminal. Ripley é apresentada a nós espectadores e conferimos a luta de uma humana contra uma besta, tudo em corredores escuros e muita tensão. Obrigatório.
Truman
3.9 151 Assista AgoraA amizade é um tema universal e já retratada das mais diferentes formas possíveis pelo cinema. E quando envolve a morte também se conduzido por um diretor não acostumado pode cair rapidamente no melodrama. Felizmente não é o caso de Truman, filme co-produção Espanha-Argentina dirigido por Cesc Gay. O filme conta a história de dois amigos separados por continentes. Jávier Camara interpreta Tomás, que vive no Canadá e após uma notícia não tão animadora referente a um amigo de longa data (Julián, interpretado por Ricardo Darín) ele decide viajar até a Espanha visitá-lo. O filme então passa a seguir dois amigos em uma situação delicada. Truman é o nome do cão de Julián e ele é peça importante, um elo de amizade entre os dois homens. O filme trata de um tema delicado e como já mencionado não cai nas armadilhas do melodrama. É humano, tocante e conta com duas atuações realistas e fortes por conta de Darín e Camara.
Profissão, Ladrão
3.9 74Primeiro grande filme de Michael Mann, mestre do cinema policial, Profissão:Ladrão é um trabalho que mostra toda competência do diretor ao se dedicar a ações que são meios para se atingir um fim. A própria introdução do filme mostra minuciosamente a ação de bandidos ao tentar arrombar um cofre, altamente profissionais. e Mann enquadra diversos planos a fim de conceber passo a passo de um crime. Embalado por uma trilha oitentista magnífica do Tangerine Dream, James Caan brilha no papel de um ladrão consciente do seu serviço e sua competência que tenta viver de forma digna, arrumar um grande amor, ter filhos, constituir família. E abandonar o crime. Só que sabemos que quem entra por esse caminho não fica tão fácil de fugir. O filme é muito bem construído a partir de seus diálogos que detalham os vindouros planos de assalto e possui um clímax tenso como o Mann é especialista em conceber. Um excelente filme que ainda conta com o James Belushi no papel do parceiro de crime do Frank (Caan).
Brilho Eterno
3.2 37 Assista AgoraA fama tem seus prós e contras. Começa com reconhecimento, elevação da auto-estima, ambição e pode aos poucos nos transformar, para pior ou melhor. Amizades podem ser desfeitas, a inveja pode pairar como uma sombra, a cobiça, o desejo. E tudo isso é muito bem retratado nesse thriller psicológico independente chamado Always Shine, dirigido por Sophia Takal. Desde os créditos iniciais que lembram muito algo de Brian de Palma até a história de duas mulheres em busca do estrelato que pode lembrar o clássico moderno Cidade dos Sonhos (David Lynch), o filme é competente ao que se propõe. Com atuações magníficas da dupla principal (Mackenzie Davis e Caitlin FitzGerald) e uma trilha sonora que dá o clima de suspense, o filme desde seu início dá uma prévia do que virá a seguir e tal fato não podemos esperar algo de bom. Ele antecipa que uma tensão vai acontecer entre as duas amigas atrizes, uma mais bem sucedida e a outra em busca de seu horizonte no cinema. Uma amizade que é pra ser reconstruída aos poucos é estilhaçada de vez, com diversos eventos inesperados que acontecem. Sophia Takal constrói um clima perfeito até o seu terceiro arco que perde um pouco a força da narrativa, mas Always Shine não deixa de ser um belo exemplar de um thriller que não apela para a violência, mas sim para o psicológico, para os diálogos e atuações. Mostra um pouco o papel machista que Hollywood ainda reserva às mulheres e o porquê que muitas fazem um sucesso fácil e outras não, mesmo que ambas as atrizes sejam semelhantes na questão física, na beleza (A frase inicial do filme resume tudo).
Headshot
3.2 87 Assista AgoraEsses irmãos Mo são muito fraquinhos. Já não gostei muito do filme anterior Killers e agora esse genérico de The Raid. Já disse: Irmãos Mo não são Gareth Evans. Primeira hora tem nenhuma cena de ação memorável, uma trama clichê e previsível, uma médica com tantos pacientes e dorme no sofá perto do Ishmael, acorda perto dele, total atenção para um desconhecido e o resto dos pacientes que se fodam. Uma construção amorosa desnecessária. Aí perto do fim acontece uma luta bacana com o ator que fez o assassino do baseball e uma com a linda Julie Estelle, ou seja, até quis emular aqui a Hammer Girl também. Aí vem o final com uns capangas super burros e uma luta bem marromeno com melodrama. Se esse fosse o Raid 3 seria decepcionante
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraFilme muito esquisito, pretensioso e de certa forma me surpreendeu por não saber nada sobre antes de ver. Possui algumas boas tentativas de extrair suspense das cenas, mas tudo não tem um propósito certo. Tipo, nos intriga para no seu final ser um banho de água fria. Posso destacar também a atuação da Kristen Stewart, mas não conseguimos sentir todo o peso emocional que um luto ocasionaria.
Paterson
3.9 353 Assista AgoraNão gostei tanto de Amantes Eternos, mas Paterson é Jarmusch em alto nível. Simplesmente delicioso esse filme. Muito bonito, extrai a beleza do trivial. Difícil não se encantar.
Fuga do Passado
4.0 86 Assista AgoraMagnífico Noir e o melhor trabalho do diretor Jacques Tourneur. Uma narrativa que prende a atenção, diálogos sensacionais e grandes interpretações de Robert Mitchum, Jane Greer (Uma das maiores femme fatales do cinema) e Kirk Douglas.
A Seita Maligna
3.0 292Tentativa de homenagear Lovecraft, Carpenter, Stuart Gordon, Clive Barker e tem até algo de O Nevoeiro, mas o filme só é bom mesmo nessas tentativas de homenagem e por conta de seus efeitos práticos realmente muito bons. O restante não tem nada a acrescentar, além de ter um péssimo roteiro
Mulheres do Século XX
4.0 415 Assista AgoraA exemplo do filme C.R.A.Z.Y: Loucos de Amor e o sueco Nós Somos as Melhores, Mulheres do Século 20 se passa nos anos 70, mais precisamente 1979 em Santa Bárbara, Estados Unidos e retrata algo bem pessoal do seu diretor, sua convivência com a mãe e as mulheres de sua juventude. Em seu filme anterior, Mike Mills retratou sua relação paterna em Beginners e nesse novo trabalho Annette Bening interpreta Dorothea, uma senhora de 55 anos de idade que não sabe lidar com a mudança de década, com toda aquela revolução sexual e musical setentista. E principalmente não sabe lidar com o seu filho adolescente Jamie (Lucas Jade Zumann, provavelmente o diretor nessa turbulenta idade). Separada e morando numa casa que está só os frangalhos, Dorothea pede ajuda a Julie (Elle Fanning) e Abbie (Greta Gerwig), como forma de criar o filho da forma que ela não consegue. Julie, paixao platônica de Jamie, é uma garota aparentemente recatada, mas que guarda em si toda uma vontade de viver e de aventurar-se, enquanto Abbie é a personificação do Punk Rock que muitos diriam estar morto naquela época. De cabelos vermelhos e de uma criatividade ímpar, Abbie guarda em si todo um feminismo que estava praticamente engatinhando e tenta passar isso para o jovem Jamie, a ideia de valorização das mulheres. Com suas três "mães" Jamie vê uma mudança não só em seu comportamente, mas também em uma nova era. O diretor utiliza sabiamente diversas passagens literárias e audiovisuais como ritos de passagem para um novo século que chegaria, já que a história do filme se prolonga além dos anos 70 até o final do século 20. Observamos então a mudança de um século, principais acontecimentos sob o olhar daquelas mulheres tão importantes para Jamie, assim como vemos o seu desenrolar rumo à vida adulta. Interpretações impecáveis, principalmente de Annette Bening, que nos dá uma Dorothea calejada pelo tempo, mas que não perde sua vivacidade, apesar da solidão fazer parte do seu cotidiano, mesmo rodeada de pessoas. Elle Faning mostra que está escolhendo sabiamente seus projetos e Greta Gerwig em um papel de destaque que não chama atenção apenas pelo seu cabelo curto e ruivo. O jovem Lucas Jade Zumann foi um achado e não irrita em nenhum momento. Um adolescente que apesar da imaturidade mostra uma humanidade e sagacidade invejáveis. Além disso, a montagem do filme é exemplar, entrecortada por capítulos ao conta a história de cada mulher que faz parte da vida de Jamie e obviamente imagens e videos de acontecimentos do século 20. A trilha sonora então é espetacular. Enfim, revoltante não terem incluído esse filme entre os 10 melhores na categoria do Oscar 2017, pois com certeza ele bateria de frente com qualquer um ali. Excelente e nos faz pensar sobre o papel da mulher na sociedade.
Eles Vivem
3.7 734 Assista AgoraFantástica ficção-científica com ação do mestre John Carpenter. Demorei para assistir, mas não envelheceu de forma alguma. Sua trama crítica à sociedade e ao consumismo não é boba e o diretor utiliza muito bem o orçamento para criar sequências na raça e criatividade. Utiliza a estética do Filme B com um conteúdo provocativo que nem todos os diretores dos tempos modernos teriam coragem de colocar em tela. Não se preocupe em entender como os óculos são feitos ou suas lentes, embarque apenas nessa viagem e perceba muito bem a crítica ao consumismo através de mensagens subliminares e à opressão dos mais fracos pelos mais fortes. Em uma criticada cena de luta, que dura mais que o normal vi muitos desgostando, mas eu achei muito bem feita e não incomodou de forma alguma. Clássico absoluto e subestimado.
A Descoberta
3.3 388 Assista AgoraAguardava muito esse filme, já que é do diretor Charlie McDowell, mesmo do excelente filme The One I Love, uma inventiva ficção-científica com romance. E quando The Discovery foi anunciado para o Festival de Sundance e logo depois a Netflix comprou seus direitos aguardava para conferir. The Discovery segue a mesma inventividade do diretor em relação ao tema: E se em um futuro próximo descobrisse que existe vida após a morte, uma descoberta científica? O resultado disso é desolador: O número de suicídios aumenta em grandes proporções, o que é desesperador. A cena inicial retrata bem o sentimento de uma descoberta dessa magnitude, em que muitas pessoas infelizes com a vida atual preferem ver o que tem do outro lado a ter que viver de uma forma triste. Podemos fazer até uma alusão ao mito da Caverna de Platão nesse sentido. Acompanhamos depois Will (Jason Segel), um neurocirurgião que está em viagem para uma ilha remota e lá no barco ele conhece Isla (Rooney Mara), uma estranha mulher que vai para o mesmo local que ele. Descobrimos depois que o Dr. Thomas (Robert Redford), que aparecera no início do filme. é o pai do Will. Após um evento, Isla se junta a Will e Thomas e juntos estudam a máquina e o procedimento utilizado para o cientista para investigar a vida após a morte. O filme nos chama atenção, com um belo clima e é intrigante. O final com seu mind-blowing e plot twist pode decepcionar muitos, mas eu achei um algo a mais para nos confundir e nos questionar acerca de tudo o que se passara no filme.