Um filme bem fraquinho e ao contrário do esperado, bem pouco engraçado. Talvez os muitos quilos a menos de Renée Zellweger além de deixá-la feia, tenha também deixado-a menos engraçada. Uma executiva que tem a chance de sua vida, numa missão administrativa numa cidade do interior, entretanto as coisas não correm como esperado – a receptividade na cidade não é como esperava, o estilo de vida parece inadaptável, e a situação que terá que enfrentar, lhe reserva boas surpresas, que terão impacto na sua vida afetiva, amorosa e principalmente profissional -. Ufa! Parece imperdível, mas não é. Se estiver procurando uma boa comédia romântica está não será a melhor opção. A cena seguinte é sempre anunciada e situações cinematograficamente corriqueiras. Em contrapartida os personagens secundários são cativantes, o que faz você resistir até o final.
O filme não é ruim, mas deixa bastante a desejar, principalmente por ser baseado em fatos reais. Os trailers, sinopses e imagens divulgadas pela mídia prometem algo revolucionário, que vai mexer com a mente do telespectador, mas só prometem. As coisas acontecem em intensidades que não justificam os fatos e os diálogos são fracos, tornando-se incoerentes para o enredo. Ponto positivo para fotografia, bons atores desconhecidos (ao menos para mim), temática que pode ser explorada em debates, seminários, grupos estudantis e uma trilha sonora legal. Recomendo a professores e pedagogos!
Sabe aquela Sessão da Tarde perfeita, para assistir naqueles dias em que se faltou trabalho? Taí, esse filme é exatamente assim, uma história de amor bem gostosinha e madura - o que é melhor. Dustin Hoffman como sempre, esbanja simpatia e dá show de interpretação no papel do pai abandonado e do homem apagado pela borracha da vida. Para os seguidores de Sérgio Reis, vale à pena conferir a beleza “vinhística” de Emma Thompson que está maravilhosa, cotidianamente amável e sensual. Se confundir a personagem dela com alguém que ver todos os dias no seu dia-a-dia, não é mera coincidência.
Uma produção espanhola que vale a pena ser vista, logo no início cheira a Sessão da Tarde mal feita, mas com o decorrer da história o telespectador ambienta-se ao clima do roteiro e tudo acaba se encaixando e é possível relaxar em companhia de Sofia, interpretada simplesmente, sem nenhum mérito ou "desmérito" por Olivia Molina, que não está ruim, está apenas "ela" - uma espécie de Murilo Benício espanhol. Já os seus “contracenantes” são mais enérgicos: Toni (Paco León), um pacato e adorável interiorano que pensa em viver a sua vida no lugar onde nasceu sem maiores ambições que não as de qualquer simples mortal: casar, ter filhos e ser feliz e Frank (Alfonso Bassave), um sonhador aventureiro que busca dinheiro, fama e aventuras mundo afora na sua profissão de agente hoteleiro. A parte interessante da história começa quando Sofia já namorando Toni, apaixonada por Frank (ambos amigos de infância) e pelos segredos da culinária decide contra todos seguir a profissão de seus sonhos indo para uma cidade grande trabalhar na cozinha de um grande hotel, indicado por Frank - com quem ela já havia tido algo e ainda nutria calores. Toni inconformado com partida da amada resolve ir atrás dela que a essa altura já esta novamente envolvida com Frank. Conseguindo seu objeto de desejo, Toni vive feliz na sua cidade natal junto com Sofia e Três filhos, trabalhando como corretor de imóveis enquanto sua esposa desenvolve sua paixão por culinária de forma frustrada na cozinha do pequeno restaurante dos pais, interpretados pela grande Carmen Balagué e por Roberto Álvarez que juntos garantem boas partes do filme. Quando tudo parecia bem, surge mais uma vez Frank com uma nova proposta para transformar Sofia numa grande chefe de cozinha, à partir daí surge então o triangulo amoroso, culinário e empreendedor, formando uma completa sociedade familiar entre os três, regida por uma dieta de sentimentos e respeito mútuo. Desta forma o filme aborda paixões em suas abrangências pela culinária e pelo viver, discriminação, segredos de família, comportamento sexuais, cultura local e a necessidade de autoafirmação e aceitação quando se é realmente feliz e sem dívidas com o mundo. Tudo isso é contado com uma dose de humor certeira, belas paisagens e boas interpretações. A produção deixa a desejar na trilha sonora que não condiz com clima das locações, é como se colocasse música caribenha num filme de ficção científica, mas certamente vale à pena conferir.
Uma comédia romântica como todas as outras, com temas e cenas hiper, mega, ultra batidas que faz o telespectador “tendenciar” a adivinhar o que vai acontecer... ou não. É isso mesmo, Ah...o amor é o mesmo blá, blá, blá, arroz com feijão, receita pronta, bolo de caixa que pode ser uma comédia romântica, mas mesmo assim é valoroso, um filme hilário, gostoso de ser assistido com amigos, sozinho e quem sabe até com o(a) Ex. Excelentes atores veteranos e outros novos criam uma atmosfera intimista e confortável nas interpretações de seis casais que certamente vão mexer com todos, pois torna-se quase impossível alguém na idade adulta ou até mesmo adolescente não ter passado por qualquer uma das situações vividas pelos personagens. Seja um desgaste de uma relação de muitos anos, separação pela distância, um divórcio para descobrir que se ama, ameaças de um ex violento da atual namorada, amores guardados, filhas adolescentes e tudo que possa ocorrer em tais situações. As histórias se passam entre o Natal e o dia dos Namorados em Roma, Paris e Nova Zelândia, com situações esdrúxulas e diálogos reais contando desde os dias felizes às turbulências e seus respectivos finais, o que não significa finais felizes, mas finais maduros que incitam crescimento e aprendizado, pois nas artes de amar e Ex's nunca há previsibilidade total. Vale uma atenção toda especial ao caso do personagem Sergio (Claudio Bisio) que após a separação torna-se um garanhão, cujo desfecho da história pode fazer você pegar o telefone e ligar para seu(a) Ex. O roteiro pecou em alguns momentos na escolha da trilha sonora, pois sendo um filme com origens e locações livre dos EUA, insistiram em colocar músicas escancaradas cantadas em inglês na trilha, inclusive na cena final doce, que revela o destino dos personagens - o que nos faz ter certeza que não somos os únicos “babacasmericaniza-dos" do planeta. O maior mérito deste filme foi tornar algo tão costumeiro, tão superficialmente tra-tado em algo diferente e em alguns pontos extremamente profundo. Até a tão famigerada cena do encontro na escada rolante do aeroporto ou do "não" no altar, tornaram-se úni-cas. Então corra e vá se ver em Ah...o amor (Ex).
"O que é muito verdadeiro se torna referência, mas não pode ser repetido."
Acabei de chegar do cinema e além de uma enorme e "brilhante" bagagem cultural, voltei também com um diploma honorífico de "Bocó" - logo eu que sempre fui metidinho a antigo, a conhecedor de tribos e tribais, nessa "mifu" e com extremo prazer - isso mesmo fui assisti Dzi Croquettes, sem saber exatamente do que se tratava, apenas por indicação de um colega, leitura de sinopses em folders de salas de artes e com uma vaga lembrança de já ter escutado esse nome em algum lugar, não sei onde, quando ou como, mas já havia ouvido ou visto aquele nome, pronúncia em algum lugar que não na padaria ou num boteco. O filme-documentário atinge ao ponto de perfeição de uma produção cinematográfica - não é à toa que já faturou dezenas de prêmios -, absolutamente completo sem a necessidade de pôr ou acrescentar absolutamente nada. Num formato dinâmico que envolve cenas da época (apresentações, memórias, vídeos caseiros etc.), depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris de artistas influenciados, agregados e admiradores do grupo de uma forma que não soou nada falso como acontece em inúmeros documentários, todos os depoimentos trazem informação precisas, importantes, curiosas, no mínimo engraçadas e maximamente envoltas em carga positiva de emoções e saudades. Entre os depoentes estão: Liza Minnelli, Ron Lewis, Miguel Falabella, Nelson Motta, , Ney Mato-grosso, Betty Faria, Miéle, Marília Pêra, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Maria Zil-da, Gilberto Gil, César Camargo Mariano, Lindoka, Pedro Cardoso, Norma Bengell, entre tantos outros que não são menos importantes e ainda os integrantes remanescente originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda. Dessa forma os diretores e roteirista Tatiana Issa (agregada consaguínea do grupo) e Raphael Alvarez fazem uma panorâmica altamente eficiente, contando o coito, gestação, nascimento em 1972 e desenvolvimento dessa família de machos barbudos, cabeludos, andrógenos e epicenos que não eram "nem homens, nem mulheres, só gente", de forma magistral, com fatos sequenciados e bem esquematizados que fazem até "Bocós" como eu compreender inteiramente a importância desse fenômeno para a cultura de um país, seus impactos e suas vivências. E não para por aí, o documentário faz um paralelo com a história do Brasil e do desmantelamento da cultura na época da ditadura, pois infelizmente como foi / é / e continuará a ser feito, a história do Brasil é contada (não deveria) sem citar evidências épicas da cultura como os Dzi Croquettes, mas o inverso é impossível, pois os esquecidos, temidos, gloriosos e sublimes da arte e cultura mesmo que na contramão geram abalos sísmicos cósmicos. Sendo assim abstive-me de falar sobre o tema, pois conforme diplomação não seria adequado, mas posso dizer que devido a um filme excepcional passei a conhecer não um pouco, mas o substancial desse Cometa de Purpurina que passou pelo mundo. Se você viveu, conheceu, ouviu falar ou é diplomado como eu não perca em hipótese alguma esse documento da cultura brasileira. Como poderia deixar de ser, mas não deixou, o documentário se finda com o "fim", de forma “emotivo-ético” e verdadeira, sem excessos ou omissões, mostrando o rompimento da família depois de energias "avisarem" o ocorrido, o retorno, inclusão de novos membros, o "câncer gay" e a grande despedida dos palcos e de parte dos Dzi Croquettes da vida. Do prato -palco - que antes traziam 13 croquettes, hoje restaram 5 que eram / são / e sempre serão Dzi croquettes, pois como cita Rogério de Poly: "não existe Ex-Dzi Croquettes". Despeço-me aqui com a impressão de que "só o amor constrói" - ou pelo menos construía - e de que "se somos todos ignorantes! Enlouqueçamos pois...", pois enquanto não tomarmos noção e "crençamento" de que a arte e o amor são essenciais para se viver, seremos apenas palitos de carne, "porque somos um croquete é só isso que somos, um palito de carne!" - e ainda assim, se algum dia tivermos essa sabedoria continuaremos a ser meros "croquetes", só que mas bem fritos, macios e felizes, prontos para ser devorados pela boca que chamam de Vida.
"Psiu, Elvira, Elvira, aqui, sou eu... o liquidificador" é assim que começa o extravagante relacionamento entre Elvira (Ana Lúcia Torre) e seu Liquidificador (Voz de Selton Melo), que logicamente pensa que está caduca, mas ao ter que explicar o que é caduquice ao seu novo amigo, descobre que arranjou realmente um diferente e sagaz aliado. Um filme quimérico, como poucos feitos aqui no Brasil, atípico certamente muito diferente das coisas que os telespectadores brasileiros estão acostumados a degustar. Reflexões de um Liquidificador é um filme irreverente e absurdamente surpreendente em tudo que se possa imaginar. Um elenco pequeno, mas que não deixa nada a desejar. Cheguei a imaginar outra pessoa no lugar de Ana Lúcia Torre, talvez Laura Cardoso, mas aos poucos fica claro que não há mudança necessária, essa atriz da um show de interpretação e torna-se insubstituível nesse longa. Um liquidificador que depois de ter uma de suas peças trocadas, ganha vida e desencadeia a particularidade de ver, ouvir, pensar e refletir sobre o mundo ao seu redor. Passa os dias fazendo vitaminas e sucos dos mais variados tipos e para um grande número de fregueses da lanchonete que seus donos possuem - Dona Elvira e Seu Onofre. Depois do fechamento da lanchonete ele passa a ser um utensílio doméstico e se sentindo cada vez mais solitário resolve se apresentar a sua dona, que por sua vez, leva uma vida de dona de casa num bairro periférico, só tendo contato com seu esposo, que após o fechamento da lanchonete, conseguiu um emprego de vigia noturno, o Carteiro, sua vizinha muito bem interpretada por Fabíula Nascimento e o seu liquidificador. A intensificação da relação entre os dois se dá em torno do desaparecimento de Onofre, o esposo de Elvira, que agora fica em casa o dia todo sozinha com o liquidificar, tendo apenas as visitas da vizinha Milena, do Carteiro e do Investigador que fora designado para cuidar do caso do desaparecimento. Na medida em que a trama vai se desenrolando, não se sente falta de outros personagens, pois os diálogos entre o liquidificador e sua dona são mais que suficientes para manter o telespectador saciado diante da tela e ao ser desvendado o desaparecimento de seu Onofre é revelada a ligação macabra entre Elvira e seu cúmplice eletrodoméstico em uma das cenas mais excitantes, sádica, perversas e excêntricas que o cinema brasileiro certamente até hoje já pôde produzir, a coisa é tão bem feita, mas tão bem feita que o que poderia ser chocante, escandaloso e hediondo, torna-se totalmente agradável, leve, necessária, reveladora e inspiradora. Reflexões de um Liquidificar traz planos, enquadramento e montagem de cenário perfeitas, humor negro, diálogos contundentes filosóficos de um motor e uma atmosfera cômica sombria sobre toda a situação inusitada, mas em momento alguma faz parecer "absurda ou exorbitante". Como diz o Liquidificar, "ser máquina, ser motor, aliás, não ser gente já é uma forma de ser feliz.", e isso é passado delicadamente aos telespectadores, afinal "moer é pensar, pensar é moer" e certamente esse filme garantirá a certeza de moer muita coisa além de altas gargalhadas.
Está aí mais um ótimo filme brasileiro. Atuação carnal de Ana Paula Arósio, muito bem acompanhada de Murilo Rosa, ótima fotografia, bons argumentos com diálogos concisos e fortes (o que definitivamente não é nosso forte). Como Esquecer fala da história de Júlia, uma professora universitária que após romper o relacionamento de anos com sua parceira, vê seu mundo desabar de todos os lados, principalmente por dentro. Dependente sentimental confessa, Júlia mostra as facetas da solidão e da dependência amorosa, na qual uma pessoa só se sente completa e feliz quando tem a quem amar e seja amada. O personagem sofre na amplitude mais alta passando o verdadeiro mel negro das perdas sentimentais e a necessidade e dificuldade de se deixar e permitir ser ajudada, impossibilitando as águas de tomarem seu curso. Após a separação o amigo, Hugo, interpretado por Murilo Rosa, decide ir morar com ela e quando vê que isso não está surtindo efeitos decide comprar uma nova casa e ir morar junto com a amiga e Lisa, personagem de Natália Lage que é amiga comum dos dois, livrando-se assim do fantasma do apartamento da ex, das contas altas e iniciando laços de amizades e intimidade até então impossíveis para Júlia. Uma casa próximo ao mar, com jardim a ser cultivado e três inquilinos com algo em comum - perdas e o sofrer -, pois Hugo perdeu seu parceiro num acidente há algum tempo, mas ainda não havia se recuperado por completo (se é que isso é possível), Lisa, abandonada pelo namorado quando anunciou sua gravidez e Júlia perdeu sua capacidade de continuar a respirar. O filme se divide entre a convivência dos três amigos dentro da casa e a rotina de Júlia na faculdade, em que é professora de literatura. Dessa forma a história vai mostrando o convívio de cada personagem com suas dificuldades, as limitações, a inanição, a fraqueza e a interrelacionalidade entre esses sentimentos tão iguais em pessoas tão diferentes. Como Esquecer é um filme morno, no melhor sentido da palavra, pois torna o clima totalmente confortável ao telespectador, que se perde e se acha nas divagações e atitudes dos personagens que deixam bem claro que não existe uma fórmula mágica ou um padrão a ser seguido de Como Esquecer. O que existe é o ato honroso e corajoso de se continuar a viver tentado.
A única coisa realmente engraçada nesse filme é o fato dele ser catalogado como comédia, depois que começou a ser exibido percebi que em algumas salas a sua classificação foi mudada para "Comédia Dramática". O roteiro é bem escrito, com bons diálogos e argumentos fortes que infelizmente não podem ser compreendidos por todos e pode até não justificar os atos do personagem muito bem interpretado por Michael Douglas, mas fará o telespectador compreender a particularidade que cada um tem de enfrentar seus problemas. Ben Kalmen tinha um vida boa, com esposa (Susan Saradon), filha, neto e sua própria empresa depois de ter uma carreira sólida no ramo de vendas de automóveis, até que em um belo dia normal, como qualquer outro um Check-up anual revela que há algo errado com o seu coração, o médico solicita exames detalhados para poder diagnosticar com precisão, mas esses exames nunca foram feitos. A partir daquele momento Ben kalmen vai a um bar enche a cara e transa com a primeira jovem que lhe queira, depois disso dedica sua vida aos prazeres e ações que até então nunca havia experimentado, desencadeando uma série de casos com garotas com um terço de sua idade, e passa a aplicar golpes na firma que é proprietário, o que o faz perder a firma, sujar seu nome e se divorciar. Assim Kalmen vai se afundando dentro de si e afastando cada vez mais quem tenta se aproximar ou ajudar. Falido, sem esposa, amigos e sem autoestima Kalmen regressa a sua cidade natal, encontra um amigo de infância, aprende coisas com pessoas inusitadas e tem a possibilidade de repensar nos verdadeiros valores da amizade, vida, família e literalmente de escolher o rumo que quer dar ao seu coração tanto anatomicamente quanto emocionalmente. Um filme forte que certamente vai fazer o telespectador lembrar alguém ou muito pior, de si mesmo. O Solteirão mostra uma das faces da verdadeira solidão e desespero pela vida.
Um daqueles filmes que ao terminar você vai dizer: "Puta que pariu pra que porra fui assistir isso?" Filme de 1979 baseado no livro "O Vidiota" de Jerzy Kosinski. No papel principal Peter Sellers, “desinterpreta” a vida e interpreta Chance, um jardineiro que ao que nada indica nasceu e viveu toda sua vida na casa de seu patrão sem nenhum contato com o mundo exterior que não a televisão que ele aprendeu a amar, endeusar e vivenciar. Sem registros, sem histórico, sem parentes, sem dinheiro, sem maldade ou bondade, munido de humanidade/humanismo, Chance vive sua vida entre seu quarto, sua TV, o jardim e as refeições servidas pela governanta da casa, até que seu patrão - o velho, como o chamava - morre. Despejado do lugar em que sempre viveu e nunca saiu perambula pelas ruas, descobrindo a vida que nunca havia visto, que não, pela TV. Até ser "semiatropelado" pelo carro pertencente a família Rand, que num ato de bondade e pré-pacificação a senhora Rand (Eve Randa) interpretada por Shirley MacLaine - absolutamente, sensual, linda, solitária e carente -, resolve levá-lo a sua mansão, já que lá existe um centro médico de última geração montado para atender ao seu marido, o multimilionário Benjamin Rand, que em sua velhice está à beira da morte por conta de uma doença de jovem. Neste contexto, Chance sendo quem sempre foi, pois nunca teve oportunidade e nem poderia ser alguém diferente, contagia transcendentalmente e hibridamente a todos que tem contatos, desde Eve, funcionários da mansão e Benjamim que o acolhe como um grande sábio que trata as ações da vida com sutileza e sobriedade que deveria ser. Como a única coisa que Chance teve contato além da TV em toda sua vida, foi o jardim ele trata de absolutamente tudo que lhe é perguntado como tal, assim nasce a política do "jardim da vida", que contagia o até então Presidente americano interpretado por Jack Warden, que o acata com a mesma perspicácia que Benjamim, porém com um tanto de oportunismo e esperteza. Com sua pureza desabrasiva Chance alcança popularidade notória no meio político e social, vai a TV, dá entrevistas, conquista admiradores e o amor de Eve, com o consentimento do moribundo Benjamin, que em suas últimas palavras pede-o que tome conta e a faça feliz - nesta cena é possível se ver uma mareação ocular deslocada da cena. No final do filme duas cenas extraordinárias e chocantes - enterro e lago - não para a época, mas para o sempre, que abrem um leque de interpretações infinitas para serem debatidas e que para mim talvez, seja a prova de que anjos não são criaturas celestiais com poderes místicos ou qualquer coisa desse tipo, mas sim criaturas desprovidas de maldades, criaturas que atingiram um nível tão absurdo de pureza, não de inocência, mas de pureza, que se convertem em tal. Muito além do Jardim vai muito além do que seus olhos podem ver.
Mais um daqueles filmes que cagam a obra literária, sim, ele caga mesmo de verdade, será que não enxergam a necessidade de se criar uma espécie de comissão julgadora para avaliar covers musicais, remakes ou adaptações de livros? Pois bem, o filme é estrelado por Ben Barnes, uma versão emo de Keanu Reeves que parece ter saído diretamente de Malhação, talvez seja o Fiuk gringo com mais prestígio e currículo. Atores ruins, cenas lentas, efeitos especiais anacrônicos, trilha sonora forçada, cenografia amadora e direção de cenas estúpidas, pois não passam absolutamente nada do que tentam passar: medo, excitação, frustração, desejo, suspense, absolutamente NADA, talvez a sonoplastia geral mereça um crédito. Não percam seu tempo, não vão ao cinema, vá a livraria ou biblioteca mais próxima e leiam o livro e pronto.
Taí mais um excelente documentário brasileiro e de um ilustre brasileiro - ilustre de verdade. Com direção de Rogério Velloso, produção de Carol Dantas e roteiro de George Queiroz, o filme faz jus a obra deixada pelo compositor, cantor, instrumentista, arranjador, sonhador e sofredor Itamar de Assumpção. Lembrando toda sua energia sonora e poética, o longa mostra momentos celebres do cantor em shows, ensaios, entre amigos e com sua válvula de escape do mundo cão: sua família. Um louco, aprisionado, maltratado e amaldiçoado por uma nação com retardo cultural que enaltece e exalta Chimbinhas e Luans Santanas da vida, alguém, que para muitos foi ninguém, com "cara de mal, falava tudo que tinha na cabeça; tinha cabelo duro, mas não tinha miolo mole". Fica registrado toda a indignação de Itamar em saber que tinha o que dizer e que poucos tinham vontade/acesso de escutar e sua não aceitação em "ter nascido para ser póstumo" - conforme a poeta e parceira musical Alice Ruiz, que junto a outros músicos, parceiros, amigos e família recheiam o filme com depoimentos arrebatadores, saudosos, entristecidos, enaltecedores e realistas sobre o homem, artista, amigo e pai que foi o Ita-mar. Dentre as imagens contidas, tem apresentações na Alemanha, França, o seu último show e dezenas de verdadeiras memórias dele com a Banda Isca de Polícia e Orquídea, que, aliás, junto com a música e família era uma de suas paixões - orquídeas, plantas e a natureza de modo geral. Do ponto de vista técnico a sonoplastia pode dar a entender uma confusão, mas do ponto de vista poético-artístico, compreende-se perfeitamente (para quem conhece o som) que essa confusão, mistura de elementos é nada mais que uma referência ao "pirex". Partindo do processo criativo de suas canções ao processo degenerativo de reco-nhecimento de sua obra em vida, fica a cada minuto mais claro a obscuridade de seu desejo em desejar, desconfiar e negar tudo aquilo que ele queria, mas somente da forma que ele queria. "Não devia ser fácil ser Itamar Assumpção" - Dessa forma a dificuldade em tudo insistia em fazer parte de sua vida. Morreu sem o devido reconhecimento, sem ter casa própria, sem ter todo seu trabalho lançado, sem ser reconhecido, sem ser acla-mado, sem ter a vasta obra utilizada como deveria e gostaria, uma mente pensante, elé-trica, além, altamente produtiva, massacrada, holocausteada pelo destino, pela vida, mal aproveitado, exceto, por ele mesmo, que sempre acreditou em si e seguiu em frente, e por aqueles que o acompanharam e souberam e sabem o seu incalculável valor para a cultura aculturada brasileira. Assim como Raul e tantos outros artistas amargos, dissolvi-dos, Itamar não morreu de câncer ou de outra doença específica qualquer, ele(s) morre-ram.consumidos pelo tédio, pelo cansaço da inquietude, pelo amargor das regras da vida. Aqui fica a dica de um documentário feito não para celebrar, ou não somente, para celebrar, mas para avisar, esclarecer que o Brasil tem muito a ser descoberto, aproveitado e justiçado. Se você conhece algo, ou não, mas possui uma sensata loucura vale muito a pena.
Foda-se, a série é velha terminou em maio de 2003, mas minha pobreza e falta de tempo só me permitiram terminar de assisti-la ontem: 25 de junho de 2011. - depois que terminei, rezei duas Ave Marias para o cara que inventou internet - Assumo o fato de ser um retardado, imbecil, Zé Buceta de carteirinha que ficou apreensivo, curtiu pra caralho e até lacrimejou os olhos durante esta maravilhosa epopéia de um grupo de adolescentes rumo a vida adulta - como pentelhos em virilhas lisas -, na paradisíaca e remansa cidade de Capeside. Como uma série voltada para adolescente, feita nos EUA não poderia deixar de ter centenas de clichês, furos, dramalhões, baboseiras etc. Mas isso não tira nem um pouquinho todo o conteúdo embalsamado de dramas "pré-juvenis-adultos-eternos", por quais todos já passaram, irão passar e morrerão passando. A trupe é composta por Dawson Leery, Joey Potter, Pacey Witter, que são amigos de infância tendo D.L. inocentemente apaixonado por J.P., que corresponde igualmente, entretanto os hormônios e a turbulência das idades não permitem deixar isso claro. Quando J.P. resolve se declarar, D.L. está apaixonado por Jen Lindley, uma nova vizinha que pinta na parada. Quando D.L. esquece J.L. e resolve de declarar a J.P. ela se apaixona por Jack McPhee, que depois se descobre gay, gay, gay, assim J.P. se entrega a P.W. que depois de anos de amizade apaixona-se por J.P. e por aí vai, vai e vai. Entendeu? Confuso? Assista! Além de diálogos ácidos diluídos em refrigerante que nem todos psicoativos, masturbação e espinhas espremidas do mundo fariam adolescentes reais tê-los, a saga traz amores, amizades, sexo, conduta ética, drogas, opção sexual, sonhos, frustrações, morte, vida, valores, carreira profissional, dúvidas, vergonhas, retaliações, convívio, causas, consequências, família e vários outros temas abordados em nossas vidas e nas vidas dos protagonistas de Dawson’s Creek, que tem um final surpreendente, frustrante para alguns, mas bem razoável e compreensivo para os mais aprumados e observadores, que dosaram a quantidade de refrigerante na sua mistura. Não que tenha sido final feliz para todos, mas um final, que alcançou o que toda a série tentou passar e o que os personagens em suas vivências buscavam: crescimento e amadurecimento. Mesmo que para isso uns chorem, outros riam, uns morram e outros vivam e consigam se libertarem de suas algemas, mas jamais de suas marcas. Afinal o mundo esta cheio de Dawsons com muitos poucos Creeks. (esse trocadilho só vai entender quem conhece a série). Não tenha vergonha, assista, tenha paciência em alguns momentos e surpreenda-se com um universo indissolúvel da complexibilidade pubiana juvenil inteligente.
Um filme de memórias, conclusões e pensares em torno da perda, da mutilação genética e relações humanas familiares. A história gira em torno de uma família americana, típica e feliz, com três filhos criados nas trincheiras do amor incondicional solitário e materno (Jessica Chastain) e o amor truncado misturados a arrogância e seriedade do pai (Brad Pitt), que traja um figurino quase impecável, desde vestimentas a movimentos e manias comportamentais (corte de cabelo, postura, roupas e até uma espécie de prognatismo mandibular ocasional. Até feio conseguiram deixar ele). Mérito total para a preparação de lenco que traz crianças em atuações excelentes e semelhanças assustadoras com seus pais fictícios. O desabrochar da árvore se dá com a notícia da morte de um dos filhos, a partir daí uma enxurrada de memórias desde a concepção, nascimento, infância e momentos atuais, sequencia as imagens fazendo o telespectador entrar numa adorável e reflexiva sensação de paz com paisagens e sons das mais variadas formas de vida e criação existentes no nosso planeta. Em algumas passagens há longos minutos sem qualquer diálogo, parecendo que está se assistindo a um dos episódio do National Geographic, o que fazem alguns telespectadores desistir do filme - na sessão que assisti, seis pessoas jogaram a toalha. As imagens da vida no universo se confundem com as memórias abordadas no filme, conflitando, como se fossem a mesma coisa, o ciclo, do nascimento, desenvolvimento e fim - e talvez seja. Ou não? - Esse é o objetivo. Não é um filme ruim, excelente ou para poucos, é apenas um filme denso, mas confortável cuja atmosfera criada não foi projetada para grandes salas de shoppings, para ser assistido depois de um dia exaustivo de cansado, para convidar aquela garota, ou vê-lo em grupo, é um filme para ser assistindo quando o universo lhe conceber o mínimo de sintonia com algo puro, um fim de tarde com roupas e alimentação leve, café espresso, seiva de alfazema e um dia livre, depois dele para pensar e perambular pelas ruas. Compreendi a Árvore da Vida como uma resposta altamente pessoal e subjetiva, sobre umas das perguntas mais sombrias do universo "O que é a vida? O que é a morte?".
Filme bem bobinho, Sessão da Tarde mal feita, que dá para se assistir não tendo nada melhor para fazer. O que fica claro – novamente - é o declínio Hollywoodiano, ano após ano, com aquisições de importantes adeptos. Cada vez mais, torna-se comum, bons atores aceitarem papéis que não acrescentam nada a sua carreira, que não, altíssimas cifra$. O filme que tem roteiro, direção e produção de Tom Hanks, tem como protagonistas ele mesmo e Julia Roberts. Larry Crowne (Tom Hanks) após uma dedicada vida a seu emprego numa grande rede de supermercado é demitido, por não ter ambições na vida e nunca ter se inscrito numa faculdade. Desempregado, com casa na hipoteca e idade avançada para o mercado de trabalho, resolve começar a estudar e é lá que conhece Mercedes Tainot (Julia Roberts), que será sua professora de Observação Informal, uma mulher mal amada, indisposta e entediada com a vida. A partir daí é sé seguir o ABCD, os dois se estranham, depois se gostam, etc e tal e coisa. Em alguns momentos realmente tem cenas engraçadas, e o que impede o filme de ser perda total são os atores coadjuvantes, paralelos a história, como o vizinho (Cedric the Entertainer ), alguns alunos da turma entre eles Mack (Malcolm Barrett), um negão que em 3X4 já é engraçado, a participação da vocalista do Kid Abelha como a moça da financeira e a interpretação de Julia Roberts que não é modorra como muitas outras dela em filmes de grande sucesso.
Não é sangrento do começo ao fim, não é o mais violento do mundo, existem piores, mas o fato é que este filme possui muita ação, sangue, cenas de lutas muito bem dirigidas , sem gente voando aleatoriamente pra tudo que é lado, boas atuações e um roteiro bem coerente e preciso. A história se passa em torno de um evento incomum, uma competição entre assassinos, que acontece a cada sete anos em uma cidade qualquer do mundo, totalmente monitorada por câmeras, GPS e toda tecnologia possível que permita a transmissão em tempo real dos combates. O país da vez é a Grã-Bretanha, onde milionários se reúnem e fazem apostas mínimas de cem mil em seus preferidos dentre os 39 participantes de todo o mundo. O torneio paga ao ganhador 10 milhões e possui apenas uma regra: matar ou morrer. Após convocados, os assassinos ao chegar no local do torneio recebem um implante subcutâneo de um rastreador e um aparelho que indica a localização dos outros competidores, dessa forma eles vão a caça e são caçados. Além dessa adrenalina tem o drama pessoal de Joshua Harlow(Vig Rhames), que após vencer o último torneio - ocorrido no Brasil - resolve levar uma vida tranquila e se aposentar, mas tem sua esposa assassinada, fazendo-o participar da caçada em busca de vingança para descobrir quem a matou. Se você gosta de uma boa ação e cenas violentas bem dirigidas não perca esse filme.
E lá vou eu novamente pro cinema assistir uma comédia romântica - sim eu fui, sou descarado de carteirinha. Lá está eu com uma Amiga e "Kazammmm!", grande surpresa, Amizade Colorida é uma grande pedida para aqueles que apreciam uma verdadeira comédia romântica. Ao contrário da maioria esmagadora das últimas safras do gênero, esse foge a regra e traz um trabalho com ritmo empolgante, enredo e roteiro coerentes, diálogos reais sem lengalenga e acreditem: inteligentes. As atuações sem exceções, desde os protagonistas aos secundários são excelentes e cativam o telespectador desde a primeira cena até o final. O filme começa com uma cena bem montada de encontros passionais nas vidas dos protagonistas, que são as mesmas situações e apesar de ocorrem em locais diferentes, levam às mesmas perguntas: "por que um relacionamento é tão difícil?", "por que não se pode ter sexo e pronto?", "podemos ser amigos?" - clichê né? É sim. Mas com um bom roteiro, diálogos roubados do nosso cotidiano, boa fotografia e atuações, isso se torna uma adorável e prazerosa repetição que não culmina no "mais do mesmo e mal feito" como os milhares de comédias românticas por aí. É aquela velha historinha do bolo... qualquer imbecil sabe fazer um bolo, a receita é padrão, mas se você o faz de uma forma especial e com bons ingredientes não será mais "só" um bolo, será "o, aquele" bolo. Dylan (Justin Timberlake) é um blogueiro bem sucedido em Los Angeles, que recebe uma proposta de emprego em Nova York, tendo como mediadora da situação, Jamie (Mila Kunis), uma captadora de recursos humanos promissores para empresas. A princípio ele vai a uma entrevista e depois de aprovado, sob influência de Jamie, aceita o cargo de Diretor de Artes de uma revista, mudando-se assim para N.Y. onde tem apenas como referência ela, que aos poucos vai lhe apresentando as várias facetas da cidade. Os dois tornam-se amigos e numa noite, após expor seus pensamentos semelhantes sobre relacionamentos decidem fazer um acordo sob juramento de uma Bíblia digital, que farão sexo sem compromisso, nada, além disso. Daí a história se desenvolve, com os pesares e delícias de uma relação deste tipo, cenas cadenciadas, sagazes, inteligentes e realmente hilárias. Vale uma ressalva toda especial, para a mãe de Jamie (Patricia Clarkson) que está casualmente gostosíssima e atraente, dando um show na pele de Lorna, uma mãe relax, que curte a vida sem compromissos ou estresses; Tommy (Woody Harrelson), na serelepe atuação de um editor de esportes do tipo "gay-cara homem"; e de Richard Jenkins, que faz o pai de Dylan, um jornalista aposentado e bem sucedido, assombrado pela Alzheimer e pelo amor perdido, o que traz de forma rápida, mas não, evasiva ou desconexa, conflitos de família e pessoais. Até a dublagem tá perfeita – ponto pra gente. Fica então a esperança que os outros diretores e roteirista inspirem-se e parem de produzir merdas cinematográficas. Sem dúvidas este deve ser uma das comédias românticas do ano, se não "A" do ano. Desde "Minha Mãe Quer Que Eu Case" e “Ah! O Amor” que não vejo algo do tipo, tão interessante.
Brasileiro é foda, quando não caga na entrada, caga na saída. Depois de uma safra de boas e até excelentes filmes nacionais "voltamos" às origens com o Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle, com elenco convidativo. Logo na primeira cena, o telespectador se ajeita na poltrona e pensa "opa lá vem coisa boa", mas 20 minutos depois, "caralho, será que devolvem o dinheiro?". O filme conta a história de Walter (Lázaro Ramos), um médico anestesista, atormentado pelos pesares de uma vida urbana, sem emoções, autonomia, prazeres e desconforto pela sua incapacidade de não saber lidar com sua timidez e não conseguir dizer "não". Casado com a gostosinha Solange (Fernanda Machado) vive um casamento insosso cercado de "desculpas" e "o que eu podia fazer?". A coisa segue durante uma noite em que Walter, em virote de plantão, tem a missão, de pegar um bolo na confeiteira e levar no horário para a festa de sua filha, encarando todos os micros infortúnios e catástrofes que possam lhe ocorrer. E aí vai, vai, vai, vai e vai, até que acaba e você pensa "não é possível, é muita sacanagem... mas ainda bem que acabou". As únicas coisas aproveitáveis são algumas fotografias e montagem de cenas e a tentativa de Lázaro Ramos e Maria Luisa Mendonça, Fernanda Machado, Milhem Cortaz, Luis Miranda tentarem salvar o filme, sem sucesso. Nem os fodões Arnaldo Antunes e Abujamra acertaram na música. Amanhã Nunca Mais, nunca mais!
A grande atração da noite: O Fodástico Circo Esperança, "Sim-sim -salabim-sim-sim", não pensem em hipótese alguma perder este filmaço, de Direção, Roteiro e Atuação estupenda de Selton Mello, mostrando um avanço sapiente em relação ao seu primeiro trabalho atrás das câmeras - Feliz Natal.- que não é ruim, apenas demasiadamente denso e vazio. O Palhaço é um daqueles filmes em que você se sente confortável, cruzas as pernas e espera só sair dali depois do apocalipse. No Roteiro, dele e de Marcelo Vindicatto, a coisa se desenvolve de forma exoticamente simples, sim, simplicidade e dedicação é a exorbitância máxima deste longa, completo, sem furos, coerente, de fácil interpretação e emoções e sem os "desejares". Maquiagem, figurino, iluminação, montagem, som direto – intactos, e uma trilha sonora sob o comando de Plínio Profeta, que parece não ter sido feita para o filme, mas sim parida por ele, são unha e carne sem pôr nem tirar nenhum "esmalte ou cutícula". Na porta do circo estão Paulo José e Selton Mello, nas intocáveis interpretações dos Palhaços Puro Sangue e Pangaré, pai e filho, na guerrilha da sobrevivência pelo amor a arte e pelo conflito de fazer graça sem se ter "autograça" - parecem ter feito mestrado em Palhaço. Isso não é segredo, é resultado de trabalho duro, bons atores, direção e preparação de elenco - no apoio do espetáculo um time destruidor, não somente de estrelas consagradas ou que já brilharam, mas de interpretações com luz própria, que faz o telespectador pensar "caralho, por que me fazem assistir aquilo nas novelas?". Absolutamente todos os atores secundários, coadjuvantes, etc. Fazem do Circo Esperança um "Cirque du soleil", tornando tarefa árdua a preferência de uma atuação ou personagem. Somado a isso, as participações especiais, são ultra especiais, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem, Jorge Loredo, Fabiana Karla, Tonico Pereira entre outros. Com essa trupe você vai conhecer uma história quase boba de esperança, sonhos, conflitos, inocência, esperteza e de decisões que por menores e mais estúpidas que possam parecer, podem afetar a cada um, de uma forma especial e inclusive alterar algo sem que ele seja modificado, apenas visto de outra forma. Se você é do interior, é de circo, de família de artistas, se não é, se tem algum sonho esquecido, se tem algo que te incomoda, sê vê balões em preto em branco e uma folha de papel em branco colorida, vai gostar desse filme. Porque rir é bom, mas rir de tudo é desespero. Pois o gato bebe leite, o rato come queijo e você do que gosta? Que cada um possa encontrar seu ventilador.
Um filme de Jean-François Pouliot, escrito por Ken Scott que retrata com muito bom humor a luta dos moradores de uma ilha de pescadores chamada Saint Marie La Mauderne, que já teve tempos áureos de fertilidade, entretanto, há muito tempo os moradores daquela pacata cidadezinha são mantidos pelo seguro-desemprego oferecido pelo governo, o que para os moradores mais antigos é uma ofensa e vergonha, já que são fortes e se sentem aptos e dispostos a produzirem, mas sem incentivos ou suportes. Toda a história se desenrola a partir do momento em que uma fábrica demonstra interesse em abrir uma filial na ilha, só que para isso algumas exigências são feitas, entre elas, a residência fixa de um médico na cidade, que nunca teve um, e um número de moradores maior que 200, quando o total real aproxima-se dos 120. Todos reunidos liderados por Germain, o antigo Prefeito da cidade, montam uma graciosa e bem humorada farsa para conseguir um médico e fazer com que em um mês ele se encante pela cidade e decida assinar um contrato de cinco anos, além de quase duplicar a quantidade de habitantes e maquiar a cidade para que pareça irresistivelmente sedutora. Vale à pena conferir esse filme delicioso, num fim de tarde.
Brandon (Michael Fassbender) é um homem simpático, na casa dos 40, que conquistou algumas realizações (emprego estável e casa própria) em Nova York. Solitário, divide seus dias entre seu trabalho num escritório, seu apartamento e sexo das mais variadas formas possíveis. Não como lazer, mas como uma penitência perniciosa. Gradativamente o longa vai revelando a faceta da vergonha na vida de uma pessoa viciada, seja em que for. No caso de Brandon, um sexólatra que se deteriora dia a dia em busca, não de seu objeto de desejo, mas do de sua escravidão. Ele não consegue se livrar da pornografia nem no trabalho e quando em casa, blinda-se em seu mundo com chats eróticos, revistas, filmes e prostitutas. A rotina de Brandon é abalada com a chegada repentina, porém previsível, de sua irmã Cissy (Carey Mulligan), uma cantora com histórico suicida, que após inúmeras tentativas fracassadas de contato com seu irmão, aparece para ficar por uns dias. O convívio diário com uma pessoa que tende a ter intimidades e a penetrar nas suas, desestabiliza ainda mais a vida de Brandon que não consegue manter a mascara social por muito tempo e desaba do seu castelo pornográfico, mostrando o apego pelo desapego e a incapacidade de se relacionar emotivamente com quem quer que seja. Para completar seu quadro, surge com uma colega de trabalho a oportunidade de um relacionamento "normal" não somente baseado em sexo, o que só faz afirmar seus medos. O filme consegue manter um clima pastoso, obscuro necessário para abordagem da espessa humilhação a que se submetem os viciados, que para sustentar seu vicio, põe em jogo sua vida social, integridade física e mental, uma trilha sonora não impecável, mas perfeita em algumas passagens, boa fotografia e atuações. Shame, não é mais um filme sem fim, mas uma história que não pode terminar enquanto a vida do personagem persista.
Eu Odeio o Dia dos Namorados
2.6 441 Assista AgoraNão assistam essa porra não!
Recém-Chegada
2.9 340Um filme bem fraquinho e ao contrário do esperado, bem pouco engraçado. Talvez os muitos quilos a menos de Renée Zellweger além de deixá-la feia, tenha também deixado-a menos engraçada.
Uma executiva que tem a chance de sua vida, numa missão administrativa numa cidade do interior, entretanto as coisas não correm como esperado – a receptividade na cidade não é como esperava, o estilo de vida parece inadaptável, e a situação que terá que enfrentar, lhe reserva boas surpresas, que terão impacto na sua vida afetiva, amorosa e principalmente profissional -. Ufa! Parece imperdível, mas não é. Se estiver procurando uma boa comédia romântica está não será a melhor opção. A cena seguinte é sempre anunciada e situações cinematograficamente corriqueiras. Em contrapartida os personagens secundários são cativantes, o que faz você resistir até o final.
A Onda
4.2 1,9KO filme não é ruim, mas deixa bastante a desejar, principalmente por ser baseado em fatos reais. Os trailers, sinopses e imagens divulgadas pela mídia prometem algo revolucionário, que vai mexer com a mente do telespectador, mas só prometem. As coisas acontecem em intensidades que não justificam os fatos e os diálogos são fracos, tornando-se incoerentes para o enredo.
Ponto positivo para fotografia, bons atores desconhecidos (ao menos para mim), temática que pode ser explorada em debates, seminários, grupos estudantis e uma trilha sonora legal. Recomendo a professores e pedagogos!
Tinha que Ser Você
3.2 293Sabe aquela Sessão da Tarde perfeita, para assistir naqueles dias em que se faltou trabalho? Taí, esse filme é exatamente assim, uma história de amor bem gostosinha e madura - o que é melhor. Dustin Hoffman como sempre, esbanja simpatia e dá show de interpretação no papel do pai abandonado e do homem apagado pela borracha da vida. Para os seguidores de Sérgio Reis, vale à pena conferir a beleza “vinhística” de Emma Thompson que está maravilhosa, cotidianamente amável e sensual. Se confundir a personagem dela com alguém que ver todos os dias no seu dia-a-dia, não é mera coincidência.
Dieta Mediterrânea
3.7 71Uma produção espanhola que vale a pena ser vista, logo no início cheira a Sessão da Tarde mal feita, mas com o decorrer da história o telespectador ambienta-se ao clima do roteiro e tudo acaba se encaixando e é possível relaxar em companhia de Sofia, interpretada simplesmente, sem nenhum mérito ou "desmérito" por Olivia Molina, que não está ruim, está apenas "ela" - uma espécie de Murilo Benício espanhol. Já os seus “contracenantes” são mais enérgicos: Toni (Paco León), um pacato e adorável interiorano que pensa em viver a sua vida no lugar onde nasceu sem maiores ambições que não as de qualquer simples mortal: casar, ter filhos e ser feliz e Frank (Alfonso Bassave), um sonhador aventureiro que busca dinheiro, fama e aventuras mundo afora na sua profissão de agente hoteleiro.
A parte interessante da história começa quando Sofia já namorando Toni, apaixonada por Frank (ambos amigos de infância) e pelos segredos da culinária decide contra todos seguir a profissão de seus sonhos indo para uma cidade grande trabalhar na cozinha de um grande hotel, indicado por Frank - com quem ela já havia tido algo e ainda nutria calores. Toni inconformado com partida da amada resolve ir atrás dela que a essa altura já esta novamente envolvida com Frank. Conseguindo seu objeto de desejo, Toni vive feliz na sua cidade natal junto com Sofia e Três filhos, trabalhando como corretor de imóveis enquanto sua esposa desenvolve sua paixão por culinária de forma frustrada na cozinha do pequeno restaurante dos pais, interpretados pela grande Carmen Balagué e por Roberto Álvarez que juntos garantem boas partes do filme. Quando tudo parecia bem, surge mais uma vez Frank com uma nova proposta para transformar Sofia numa grande chefe de cozinha, à partir daí surge então o triangulo amoroso, culinário e empreendedor, formando uma completa sociedade familiar entre os três, regida por uma dieta de sentimentos e respeito mútuo.
Desta forma o filme aborda paixões em suas abrangências pela culinária e pelo viver, discriminação, segredos de família, comportamento sexuais, cultura local e a necessidade de autoafirmação e aceitação quando se é realmente feliz e sem dívidas com o mundo. Tudo isso é contado com uma dose de humor certeira, belas paisagens e boas interpretações. A produção deixa a desejar na trilha sonora que não condiz com clima das locações, é como se colocasse música caribenha num filme de ficção científica, mas certamente vale à pena conferir.
Ah... O Amor!
3.7 40 Assista AgoraUma comédia romântica como todas as outras, com temas e cenas hiper, mega, ultra batidas que faz o telespectador “tendenciar” a adivinhar o que vai acontecer... ou não. É isso mesmo, Ah...o amor é o mesmo blá, blá, blá, arroz com feijão, receita pronta, bolo de caixa que pode ser uma comédia romântica, mas mesmo assim é valoroso, um filme hilário, gostoso de ser assistido com amigos, sozinho e quem sabe até com o(a) Ex. Excelentes atores veteranos e outros novos criam uma atmosfera intimista e confortável nas interpretações de seis casais que certamente vão mexer com todos, pois torna-se quase impossível alguém na idade adulta ou até mesmo adolescente não ter passado por qualquer uma das situações vividas pelos personagens. Seja um desgaste de uma relação de muitos anos, separação pela distância, um divórcio para descobrir que se ama, ameaças de um ex violento da atual namorada, amores guardados, filhas adolescentes e tudo que possa ocorrer em tais situações.
As histórias se passam entre o Natal e o dia dos Namorados em Roma, Paris e Nova Zelândia, com situações esdrúxulas e diálogos reais contando desde os dias felizes às turbulências e seus respectivos finais, o que não significa finais felizes, mas finais maduros que incitam crescimento e aprendizado, pois nas artes de amar e Ex's nunca há previsibilidade total. Vale uma atenção toda especial ao caso do personagem Sergio (Claudio Bisio) que após a separação torna-se um garanhão, cujo desfecho da história pode fazer você pegar o telefone e ligar para seu(a) Ex.
O roteiro pecou em alguns momentos na escolha da trilha sonora, pois sendo um filme com origens e locações livre dos EUA, insistiram em colocar músicas escancaradas cantadas em inglês na trilha, inclusive na cena final doce, que revela o destino dos personagens - o que nos faz ter certeza que não somos os únicos “babacasmericaniza-dos" do planeta.
O maior mérito deste filme foi tornar algo tão costumeiro, tão superficialmente tra-tado em algo diferente e em alguns pontos extremamente profundo. Até a tão famigerada cena do encontro na escada rolante do aeroporto ou do "não" no altar, tornaram-se úni-cas. Então corra e vá se ver em Ah...o amor (Ex).
Dzi Croquettes
4.4 244"O que é muito verdadeiro se torna referência, mas não pode ser repetido."
Acabei de chegar do cinema e além de uma enorme e "brilhante" bagagem cultural, voltei também com um diploma honorífico de "Bocó" - logo eu que sempre fui metidinho a antigo, a conhecedor de tribos e tribais, nessa "mifu" e com extremo prazer - isso mesmo fui assisti Dzi Croquettes, sem saber exatamente do que se tratava, apenas por indicação de um colega, leitura de sinopses em folders de salas de artes e com uma vaga lembrança de já ter escutado esse nome em algum lugar, não sei onde, quando ou como, mas já havia ouvido ou visto aquele nome, pronúncia em algum lugar que não na padaria ou num boteco.
O filme-documentário atinge ao ponto de perfeição de uma produção cinematográfica - não é à toa que já faturou dezenas de prêmios -, absolutamente completo sem a necessidade de pôr ou acrescentar absolutamente nada. Num formato dinâmico que envolve cenas da época (apresentações, memórias, vídeos caseiros etc.), depoimentos colhidos no Rio de Janeiro, Nova York e Paris de artistas influenciados, agregados e admiradores do grupo de uma forma que não soou nada falso como acontece em inúmeros documentários, todos os depoimentos trazem informação precisas, importantes, curiosas, no mínimo engraçadas e maximamente envoltas em carga positiva de emoções e saudades. Entre os depoentes estão: Liza Minnelli, Ron Lewis, Miguel Falabella, Nelson Motta, , Ney Mato-grosso, Betty Faria, Miéle, Marília Pêra, Elke Maravilha, Cláudia Raia, Maria Zil-da, Gilberto Gil, César Camargo Mariano, Lindoka, Pedro Cardoso, Norma Bengell, entre tantos outros que não são menos importantes e ainda os integrantes remanescente originais do grupo: Claudio Tovar, Ciro Barcelos, Bayard Tonelli, Rogério de Poly e Benedito Lacerda.
Dessa forma os diretores e roteirista Tatiana Issa (agregada consaguínea do grupo) e Raphael Alvarez fazem uma panorâmica altamente eficiente, contando o coito, gestação, nascimento em 1972 e desenvolvimento dessa família de machos barbudos, cabeludos, andrógenos e epicenos que não eram "nem homens, nem mulheres, só gente", de forma magistral, com fatos sequenciados e bem esquematizados que fazem até "Bocós" como eu compreender inteiramente a importância desse fenômeno para a cultura de um país, seus impactos e suas vivências. E não para por aí, o documentário faz um paralelo com a história do Brasil e do desmantelamento da cultura na época da ditadura, pois infelizmente como foi / é / e continuará a ser feito, a história do Brasil é contada (não deveria) sem citar evidências épicas da cultura como os Dzi Croquettes, mas o inverso é impossível, pois os esquecidos, temidos, gloriosos e sublimes da arte e cultura mesmo que na contramão geram abalos sísmicos cósmicos.
Sendo assim abstive-me de falar sobre o tema, pois conforme diplomação não seria adequado, mas posso dizer que devido a um filme excepcional passei a conhecer não um pouco, mas o substancial desse Cometa de Purpurina que passou pelo mundo. Se você viveu, conheceu, ouviu falar ou é diplomado como eu não perca em hipótese alguma esse documento da cultura brasileira.
Como poderia deixar de ser, mas não deixou, o documentário se finda com o "fim", de forma “emotivo-ético” e verdadeira, sem excessos ou omissões, mostrando o rompimento da família depois de energias "avisarem" o ocorrido, o retorno, inclusão de novos membros, o "câncer gay" e a grande despedida dos palcos e de parte dos Dzi Croquettes da vida. Do prato -palco - que antes traziam 13 croquettes, hoje restaram 5 que eram / são / e sempre serão Dzi croquettes, pois como cita Rogério de Poly: "não existe Ex-Dzi Croquettes".
Despeço-me aqui com a impressão de que "só o amor constrói" - ou pelo menos construía - e de que "se somos todos ignorantes! Enlouqueçamos pois...", pois enquanto não tomarmos noção e "crençamento" de que a arte e o amor são essenciais para se viver, seremos apenas palitos de carne, "porque somos um croquete é só isso que somos, um palito de carne!" - e ainda assim, se algum dia tivermos essa sabedoria continuaremos a ser meros "croquetes", só que mas bem fritos, macios e felizes, prontos para ser devorados pela boca que chamam de Vida.
Reflexões de um Liquidificador
3.8 583 Assista Agora"Psiu, Elvira, Elvira, aqui, sou eu... o liquidificador" é assim que começa o extravagante relacionamento entre Elvira (Ana Lúcia Torre) e seu Liquidificador (Voz de Selton Melo), que logicamente pensa que está caduca, mas ao ter que explicar o que é caduquice ao seu novo amigo, descobre que arranjou realmente um diferente e sagaz aliado. Um filme quimérico, como poucos feitos aqui no Brasil, atípico certamente muito diferente das coisas que os telespectadores brasileiros estão acostumados a degustar. Reflexões de um Liquidificador é um filme irreverente e absurdamente surpreendente em tudo que se possa imaginar. Um elenco pequeno, mas que não deixa nada a desejar. Cheguei a imaginar outra pessoa no lugar de Ana Lúcia Torre, talvez Laura Cardoso, mas aos poucos fica claro que não há mudança necessária, essa atriz da um show de interpretação e torna-se insubstituível nesse longa.
Um liquidificador que depois de ter uma de suas peças trocadas, ganha vida e desencadeia a particularidade de ver, ouvir, pensar e refletir sobre o mundo ao seu redor. Passa os dias fazendo vitaminas e sucos dos mais variados tipos e para um grande número de fregueses da lanchonete que seus donos possuem - Dona Elvira e Seu Onofre. Depois do fechamento da lanchonete ele passa a ser um utensílio doméstico e se sentindo cada vez mais solitário resolve se apresentar a sua dona, que por sua vez, leva uma vida de dona de casa num bairro periférico, só tendo contato com seu esposo, que após o fechamento da lanchonete, conseguiu um emprego de vigia noturno, o Carteiro, sua vizinha muito bem interpretada por Fabíula Nascimento e o seu liquidificador. A intensificação da relação entre os dois se dá em torno do desaparecimento de Onofre, o esposo de Elvira, que agora fica em casa o dia todo sozinha com o liquidificar, tendo apenas as visitas da vizinha Milena, do Carteiro e do Investigador que fora designado para cuidar do caso do desaparecimento. Na medida em que a trama vai se desenrolando, não se sente falta de outros personagens, pois os diálogos entre o liquidificador e sua dona são mais que suficientes para manter o telespectador saciado diante da tela e ao ser desvendado o desaparecimento de seu Onofre é revelada a ligação macabra entre Elvira e seu cúmplice eletrodoméstico em uma das cenas mais excitantes, sádica, perversas e excêntricas que o cinema brasileiro certamente até hoje já pôde produzir, a coisa é tão bem feita, mas tão bem feita que o que poderia ser chocante, escandaloso e hediondo, torna-se totalmente agradável, leve, necessária, reveladora e inspiradora.
Reflexões de um Liquidificar traz planos, enquadramento e montagem de cenário perfeitas, humor negro, diálogos contundentes filosóficos de um motor e uma atmosfera cômica sombria sobre toda a situação inusitada, mas em momento alguma faz parecer "absurda ou exorbitante". Como diz o Liquidificar, "ser máquina, ser motor, aliás, não ser gente já é uma forma de ser feliz.", e isso é passado delicadamente aos telespectadores, afinal "moer é pensar, pensar é moer" e certamente esse filme garantirá a certeza de moer muita coisa além de altas gargalhadas.
Como Esquecer
3.6 659 Assista AgoraEstá aí mais um ótimo filme brasileiro. Atuação carnal de Ana Paula Arósio, muito bem acompanhada de Murilo Rosa, ótima fotografia, bons argumentos com diálogos concisos e fortes (o que definitivamente não é nosso forte). Como Esquecer fala da história de Júlia, uma professora universitária que após romper o relacionamento de anos com sua parceira, vê seu mundo desabar de todos os lados, principalmente por dentro. Dependente sentimental confessa, Júlia mostra as facetas da solidão e da dependência amorosa, na qual uma pessoa só se sente completa e feliz quando tem a quem amar e seja amada. O personagem sofre na amplitude mais alta passando o verdadeiro mel negro das perdas sentimentais e a necessidade e dificuldade de se deixar e permitir ser ajudada, impossibilitando as águas de tomarem seu curso. Após a separação o amigo, Hugo, interpretado por Murilo Rosa, decide ir morar com ela e quando vê que isso não está surtindo efeitos decide comprar uma nova casa e ir morar junto com a amiga e Lisa, personagem de Natália Lage que é amiga comum dos dois, livrando-se assim do fantasma do apartamento da ex, das contas altas e iniciando laços de amizades e intimidade até então impossíveis para Júlia.
Uma casa próximo ao mar, com jardim a ser cultivado e três inquilinos com algo em comum - perdas e o sofrer -, pois Hugo perdeu seu parceiro num acidente há algum tempo, mas ainda não havia se recuperado por completo (se é que isso é possível), Lisa, abandonada pelo namorado quando anunciou sua gravidez e Júlia perdeu sua capacidade de continuar a respirar. O filme se divide entre a convivência dos três amigos dentro da casa e a rotina de Júlia na faculdade, em que é professora de literatura. Dessa forma a história vai mostrando o convívio de cada personagem com suas dificuldades, as limitações, a inanição, a fraqueza e a interrelacionalidade entre esses sentimentos tão iguais em pessoas tão diferentes. Como Esquecer é um filme morno, no melhor sentido da palavra, pois torna o clima totalmente confortável ao telespectador, que se perde e se acha nas divagações e atitudes dos personagens que deixam bem claro que não existe uma fórmula mágica ou um padrão a ser seguido de Como Esquecer. O que existe é o ato honroso e corajoso de se continuar a viver tentado.
O Solteirão
2.6 156A única coisa realmente engraçada nesse filme é o fato dele ser catalogado como comédia, depois que começou a ser exibido percebi que em algumas salas a sua classificação foi mudada para "Comédia Dramática". O roteiro é bem escrito, com bons diálogos e argumentos fortes que infelizmente não podem ser compreendidos por todos e pode até não justificar os atos do personagem muito bem interpretado por Michael Douglas, mas fará o telespectador compreender a particularidade que cada um tem de enfrentar seus problemas. Ben Kalmen tinha um vida boa, com esposa (Susan Saradon), filha, neto e sua própria empresa depois de ter uma carreira sólida no ramo de vendas de automóveis, até que em um belo dia normal, como qualquer outro um Check-up anual revela que há algo errado com o seu coração, o médico solicita exames detalhados para poder diagnosticar com precisão, mas esses exames nunca foram feitos. A partir daquele momento Ben kalmen vai a um bar enche a cara e transa com a primeira jovem que lhe queira, depois disso dedica sua vida aos prazeres e ações que até então nunca havia experimentado, desencadeando uma série de casos com garotas com um terço de sua idade, e passa a aplicar golpes na firma que é proprietário, o que o faz perder a firma, sujar seu nome e se divorciar. Assim Kalmen vai se afundando dentro de si e afastando cada vez mais quem tenta se aproximar ou ajudar. Falido, sem esposa, amigos e sem autoestima Kalmen regressa a sua cidade natal, encontra um amigo de infância, aprende coisas com pessoas inusitadas e tem a possibilidade de repensar nos verdadeiros valores da amizade, vida, família e literalmente de escolher o rumo que quer dar ao seu coração tanto anatomicamente quanto emocionalmente. Um filme forte que certamente vai fazer o telespectador lembrar alguém ou muito pior, de si mesmo. O Solteirão mostra uma das faces da verdadeira solidão e desespero pela vida.
Muito Além do Jardim
4.1 267 Assista AgoraUm daqueles filmes que ao terminar você vai dizer: "Puta que pariu pra que porra fui assistir isso?" Filme de 1979 baseado no livro "O Vidiota" de Jerzy Kosinski. No papel principal Peter Sellers, “desinterpreta” a vida e interpreta Chance, um jardineiro que ao que nada indica nasceu e viveu toda sua vida na casa de seu patrão sem nenhum contato com o mundo exterior que não a televisão que ele aprendeu a amar, endeusar e vivenciar. Sem registros, sem histórico, sem parentes, sem dinheiro, sem maldade ou bondade, munido de humanidade/humanismo, Chance vive sua vida entre seu quarto, sua TV, o jardim e as refeições servidas pela governanta da casa, até que seu patrão - o velho, como o chamava - morre.
Despejado do lugar em que sempre viveu e nunca saiu perambula pelas ruas, descobrindo a vida que nunca havia visto, que não, pela TV. Até ser "semiatropelado" pelo carro pertencente a família Rand, que num ato de bondade e pré-pacificação a senhora Rand (Eve Randa) interpretada por Shirley MacLaine - absolutamente, sensual, linda, solitária e carente -, resolve levá-lo a sua mansão, já que lá existe um centro médico de última geração montado para atender ao seu marido, o multimilionário Benjamin Rand, que em sua velhice está à beira da morte por conta de uma doença de jovem. Neste contexto, Chance sendo quem sempre foi, pois nunca teve oportunidade e nem poderia ser alguém diferente, contagia transcendentalmente e hibridamente a todos que tem contatos, desde Eve, funcionários da mansão e Benjamim que o acolhe como um grande sábio que trata as ações da vida com sutileza e sobriedade que deveria ser. Como a única coisa que Chance teve contato além da TV em toda sua vida, foi o jardim ele trata de absolutamente tudo que lhe é perguntado como tal, assim nasce a política do "jardim da vida", que contagia o até então Presidente americano interpretado por Jack Warden, que o acata com a mesma perspicácia que Benjamim, porém com um tanto de oportunismo e esperteza.
Com sua pureza desabrasiva Chance alcança popularidade notória no meio político e social, vai a TV, dá entrevistas, conquista admiradores e o amor de Eve, com o consentimento do moribundo Benjamin, que em suas últimas palavras pede-o que tome conta e a faça feliz - nesta cena é possível se ver uma mareação ocular deslocada da cena. No final do filme duas cenas extraordinárias e chocantes - enterro e lago - não para a época, mas para o sempre, que abrem um leque de interpretações infinitas para serem debatidas e que para mim talvez, seja a prova de que anjos não são criaturas celestiais com poderes místicos ou qualquer coisa desse tipo, mas sim criaturas desprovidas de maldades, criaturas que atingiram um nível tão absurdo de pureza, não de inocência, mas de pureza, que se convertem em tal. Muito além do Jardim vai muito além do que seus olhos podem ver.
O Retrato de Dorian Gray
3.2 1,5K Assista AgoraMais um daqueles filmes que cagam a obra literária, sim, ele caga mesmo de verdade, será que não enxergam a necessidade de se criar uma espécie de comissão julgadora para avaliar covers musicais, remakes ou adaptações de livros? Pois bem, o filme é estrelado por Ben Barnes, uma versão emo de Keanu Reeves que parece ter saído diretamente de Malhação, talvez seja o Fiuk gringo com mais prestígio e currículo. Atores ruins, cenas lentas, efeitos especiais anacrônicos, trilha sonora forçada, cenografia amadora e direção de cenas estúpidas, pois não passam absolutamente nada do que tentam passar: medo, excitação, frustração, desejo, suspense, absolutamente NADA, talvez a sonoplastia geral mereça um crédito.
Não percam seu tempo, não vão ao cinema, vá a livraria ou biblioteca mais próxima e leiam o livro e pronto.
Novos Baianos F.C.
4.3 55O filme deixa um bocado a desejar, mas passa longe de ser ruim, afinal qualquer coisa que nos faça reviver os velhos Novos Baianos, já é válido.
Daquele Instante em Diante
4.4 25Taí mais um excelente documentário brasileiro e de um ilustre brasileiro - ilustre de verdade. Com direção de Rogério Velloso, produção de Carol Dantas e roteiro de George Queiroz, o filme faz jus a obra deixada pelo compositor, cantor, instrumentista, arranjador, sonhador e sofredor Itamar de Assumpção. Lembrando toda sua energia sonora e poética, o longa mostra momentos celebres do cantor em shows, ensaios, entre amigos e com sua válvula de escape do mundo cão: sua família. Um louco, aprisionado, maltratado e amaldiçoado por uma nação com retardo cultural que enaltece e exalta Chimbinhas e Luans Santanas da vida, alguém, que para muitos foi ninguém, com "cara de mal, falava tudo que tinha na cabeça; tinha cabelo duro, mas não tinha miolo mole".
Fica registrado toda a indignação de Itamar em saber que tinha o que dizer e que poucos tinham vontade/acesso de escutar e sua não aceitação em "ter nascido para ser póstumo" - conforme a poeta e parceira musical Alice Ruiz, que junto a outros músicos, parceiros, amigos e família recheiam o filme com depoimentos arrebatadores, saudosos, entristecidos, enaltecedores e realistas sobre o homem, artista, amigo e pai que foi o Ita-mar. Dentre as imagens contidas, tem apresentações na Alemanha, França, o seu último show e dezenas de verdadeiras memórias dele com a Banda Isca de Polícia e Orquídea, que, aliás, junto com a música e família era uma de suas paixões - orquídeas, plantas e a natureza de modo geral. Do ponto de vista técnico a sonoplastia pode dar a entender uma confusão, mas do ponto de vista poético-artístico, compreende-se perfeitamente (para quem conhece o som) que essa confusão, mistura de elementos é nada mais que uma referência ao "pirex".
Partindo do processo criativo de suas canções ao processo degenerativo de reco-nhecimento de sua obra em vida, fica a cada minuto mais claro a obscuridade de seu desejo em desejar, desconfiar e negar tudo aquilo que ele queria, mas somente da forma que ele queria. "Não devia ser fácil ser Itamar Assumpção" - Dessa forma a dificuldade em tudo insistia em fazer parte de sua vida. Morreu sem o devido reconhecimento, sem ter casa própria, sem ter todo seu trabalho lançado, sem ser reconhecido, sem ser acla-mado, sem ter a vasta obra utilizada como deveria e gostaria, uma mente pensante, elé-trica, além, altamente produtiva, massacrada, holocausteada pelo destino, pela vida, mal aproveitado, exceto, por ele mesmo, que sempre acreditou em si e seguiu em frente, e por aqueles que o acompanharam e souberam e sabem o seu incalculável valor para a cultura aculturada brasileira. Assim como Raul e tantos outros artistas amargos, dissolvi-dos, Itamar não morreu de câncer ou de outra doença específica qualquer, ele(s) morre-ram.consumidos pelo tédio, pelo cansaço da inquietude, pelo amargor das regras da vida.
Aqui fica a dica de um documentário feito não para celebrar, ou não somente, para celebrar, mas para avisar, esclarecer que o Brasil tem muito a ser descoberto, aproveitado e justiçado. Se você conhece algo, ou não, mas possui uma sensata loucura vale muito a pena.
Dawson's Creek (6ª Temporada)
4.0 139Foda-se, a série é velha terminou em maio de 2003, mas minha pobreza e falta de tempo só me permitiram terminar de assisti-la ontem: 25 de junho de 2011. - depois que terminei, rezei duas Ave Marias para o cara que inventou internet - Assumo o fato de ser um retardado, imbecil, Zé Buceta de carteirinha que ficou apreensivo, curtiu pra caralho e até lacrimejou os olhos durante esta maravilhosa epopéia de um grupo de adolescentes rumo a vida adulta - como pentelhos em virilhas lisas -, na paradisíaca e remansa cidade de Capeside. Como uma série voltada para adolescente, feita nos EUA não poderia deixar de ter centenas de clichês, furos, dramalhões, baboseiras etc. Mas isso não tira nem um pouquinho todo o conteúdo embalsamado de dramas "pré-juvenis-adultos-eternos", por quais todos já passaram, irão passar e morrerão passando.
A trupe é composta por Dawson Leery, Joey Potter, Pacey Witter, que são amigos de infância tendo D.L. inocentemente apaixonado por J.P., que corresponde igualmente, entretanto os hormônios e a turbulência das idades não permitem deixar isso claro. Quando J.P. resolve se declarar, D.L. está apaixonado por Jen Lindley, uma nova vizinha que pinta na parada. Quando D.L. esquece J.L. e resolve de declarar a J.P. ela se apaixona por Jack McPhee, que depois se descobre gay, gay, gay, assim J.P. se entrega a P.W. que depois de anos de amizade apaixona-se por J.P. e por aí vai, vai e vai. Entendeu? Confuso? Assista!
Além de diálogos ácidos diluídos em refrigerante que nem todos psicoativos, masturbação e espinhas espremidas do mundo fariam adolescentes reais tê-los, a saga traz amores, amizades, sexo, conduta ética, drogas, opção sexual, sonhos, frustrações, morte, vida, valores, carreira profissional, dúvidas, vergonhas, retaliações, convívio, causas, consequências, família e vários outros temas abordados em nossas vidas e nas vidas dos protagonistas de Dawson’s Creek, que tem um final surpreendente, frustrante para alguns, mas bem razoável e compreensivo para os mais aprumados e observadores, que dosaram a quantidade de refrigerante na sua mistura. Não que tenha sido final feliz para todos, mas um final, que alcançou o que toda a série tentou passar e o que os personagens em suas vivências buscavam: crescimento e amadurecimento. Mesmo que para isso uns chorem, outros riam, uns morram e outros vivam e consigam se libertarem de suas algemas, mas jamais de suas marcas. Afinal o mundo esta cheio de Dawsons com muitos poucos Creeks. (esse trocadilho só vai entender quem conhece a série). Não tenha vergonha, assista, tenha paciência em alguns momentos e surpreenda-se com um universo indissolúvel da complexibilidade pubiana juvenil inteligente.
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraUm filme de memórias, conclusões e pensares em torno da perda, da mutilação genética e relações humanas familiares. A história gira em torno de uma família americana, típica e feliz, com três filhos criados nas trincheiras do amor incondicional solitário e materno (Jessica Chastain) e o amor truncado misturados a arrogância e seriedade do pai (Brad Pitt), que traja um figurino quase impecável, desde vestimentas a movimentos e manias comportamentais (corte de cabelo, postura, roupas e até uma espécie de prognatismo mandibular ocasional. Até feio conseguiram deixar ele). Mérito total para a preparação de lenco que traz crianças em atuações excelentes e semelhanças assustadoras com seus pais fictícios.
O desabrochar da árvore se dá com a notícia da morte de um dos filhos, a partir daí uma enxurrada de memórias desde a concepção, nascimento, infância e momentos atuais, sequencia as imagens fazendo o telespectador entrar numa adorável e reflexiva sensação de paz com paisagens e sons das mais variadas formas de vida e criação existentes no nosso planeta. Em algumas passagens há longos minutos sem qualquer diálogo, parecendo que está se assistindo a um dos episódio do National Geographic, o que fazem alguns telespectadores desistir do filme - na sessão que assisti, seis pessoas jogaram a toalha. As imagens da vida no universo se confundem com as memórias abordadas no filme, conflitando, como se fossem a mesma coisa, o ciclo, do nascimento, desenvolvimento e fim - e talvez seja. Ou não? - Esse é o objetivo.
Não é um filme ruim, excelente ou para poucos, é apenas um filme denso, mas confortável cuja atmosfera criada não foi projetada para grandes salas de shoppings, para ser assistido depois de um dia exaustivo de cansado, para convidar aquela garota, ou vê-lo em grupo, é um filme para ser assistindo quando o universo lhe conceber o mínimo de sintonia com algo puro, um fim de tarde com roupas e alimentação leve, café espresso, seiva de alfazema e um dia livre, depois dele para pensar e perambular pelas ruas. Compreendi a Árvore da Vida como uma resposta altamente pessoal e subjetiva, sobre umas das perguntas mais sombrias do universo "O que é a vida? O que é a morte?".
Larry Crowne: O Amor Está de Volta
3.0 714 Assista AgoraFilme bem bobinho, Sessão da Tarde mal feita, que dá para se assistir não tendo nada melhor para fazer. O que fica claro – novamente - é o declínio Hollywoodiano, ano após ano, com aquisições de importantes adeptos. Cada vez mais, torna-se comum, bons atores aceitarem papéis que não acrescentam nada a sua carreira, que não, altíssimas cifra$. O filme que tem roteiro, direção e produção de Tom Hanks, tem como protagonistas ele mesmo e Julia Roberts. Larry Crowne (Tom Hanks) após uma dedicada vida a seu emprego numa grande rede de supermercado é demitido, por não ter ambições na vida e nunca ter se inscrito numa faculdade. Desempregado, com casa na hipoteca e idade avançada para o mercado de trabalho, resolve começar a estudar e é lá que conhece Mercedes Tainot (Julia Roberts), que será sua professora de Observação Informal, uma mulher mal amada, indisposta e entediada com a vida. A partir daí é sé seguir o ABCD, os dois se estranham, depois se gostam, etc e tal e coisa.
Em alguns momentos realmente tem cenas engraçadas, e o que impede o filme de ser perda total são os atores coadjuvantes, paralelos a história, como o vizinho (Cedric the Entertainer ), alguns alunos da turma entre eles Mack (Malcolm Barrett), um negão que em 3X4 já é engraçado, a participação da vocalista do Kid Abelha como a moça da financeira e a interpretação de Julia Roberts que não é modorra como muitas outras dela em filmes de grande sucesso.
Vingança Entre Assassinos
3.3 203Não é sangrento do começo ao fim, não é o mais violento do mundo, existem piores, mas o fato é que este filme possui muita ação, sangue, cenas de lutas muito bem dirigidas , sem gente voando aleatoriamente pra tudo que é lado, boas atuações e um roteiro bem coerente e preciso. A história se passa em torno de um evento incomum, uma competição entre assassinos, que acontece a cada sete anos em uma cidade qualquer do mundo, totalmente monitorada por câmeras, GPS e toda tecnologia possível que permita a transmissão em tempo real dos combates. O país da vez é a Grã-Bretanha, onde milionários se reúnem e fazem apostas mínimas de cem mil em seus preferidos dentre os 39 participantes de todo o mundo. O torneio paga ao ganhador 10 milhões e possui apenas uma regra: matar ou morrer.
Após convocados, os assassinos ao chegar no local do torneio recebem um implante subcutâneo de um rastreador e um aparelho que indica a localização dos outros competidores, dessa forma eles vão a caça e são caçados. Além dessa adrenalina tem o drama pessoal de Joshua Harlow(Vig Rhames), que após vencer o último torneio - ocorrido no Brasil - resolve levar uma vida tranquila e se aposentar, mas tem sua esposa assassinada, fazendo-o participar da caçada em busca de vingança para descobrir quem a matou. Se você gosta de uma boa ação e cenas violentas bem dirigidas não perca esse filme.
Amizade Colorida
3.5 3,0K Assista AgoraE lá vou eu novamente pro cinema assistir uma comédia romântica - sim eu fui, sou descarado de carteirinha. Lá está eu com uma Amiga e "Kazammmm!", grande surpresa, Amizade Colorida é uma grande pedida para aqueles que apreciam uma verdadeira comédia romântica. Ao contrário da maioria esmagadora das últimas safras do gênero, esse foge a regra e traz um trabalho com ritmo empolgante, enredo e roteiro coerentes, diálogos reais sem lengalenga e acreditem: inteligentes. As atuações sem exceções, desde os protagonistas aos secundários são excelentes e cativam o telespectador desde a primeira cena até o final.
O filme começa com uma cena bem montada de encontros passionais nas vidas dos protagonistas, que são as mesmas situações e apesar de ocorrem em locais diferentes, levam às mesmas perguntas: "por que um relacionamento é tão difícil?", "por que não se pode ter sexo e pronto?", "podemos ser amigos?" - clichê né? É sim. Mas com um bom roteiro, diálogos roubados do nosso cotidiano, boa fotografia e atuações, isso se torna uma adorável e prazerosa repetição que não culmina no "mais do mesmo e mal feito" como os milhares de comédias românticas por aí. É aquela velha historinha do bolo... qualquer imbecil sabe fazer um bolo, a receita é padrão, mas se você o faz de uma forma especial e com bons ingredientes não será mais "só" um bolo, será "o, aquele" bolo.
Dylan (Justin Timberlake) é um blogueiro bem sucedido em Los Angeles, que recebe uma proposta de emprego em Nova York, tendo como mediadora da situação, Jamie (Mila Kunis), uma captadora de recursos humanos promissores para empresas. A princípio ele vai a uma entrevista e depois de aprovado, sob influência de Jamie, aceita o cargo de Diretor de Artes de uma revista, mudando-se assim para N.Y. onde tem apenas como referência ela, que aos poucos vai lhe apresentando as várias facetas da cidade. Os dois tornam-se amigos e numa noite, após expor seus pensamentos semelhantes sobre relacionamentos decidem fazer um acordo sob juramento de uma Bíblia digital, que farão sexo sem compromisso, nada, além disso. Daí a história se desenvolve, com os pesares e delícias de uma relação deste tipo, cenas cadenciadas, sagazes, inteligentes e realmente hilárias. Vale uma ressalva toda especial, para a mãe de Jamie (Patricia Clarkson) que está casualmente gostosíssima e atraente, dando um show na pele de Lorna, uma mãe relax, que curte a vida sem compromissos ou estresses; Tommy (Woody Harrelson), na serelepe atuação de um editor de esportes do tipo "gay-cara homem"; e de Richard Jenkins, que faz o pai de Dylan, um jornalista aposentado e bem sucedido, assombrado pela Alzheimer e pelo amor perdido, o que traz de forma rápida, mas não, evasiva ou desconexa, conflitos de família e pessoais. Até a dublagem tá perfeita – ponto pra gente.
Fica então a esperança que os outros diretores e roteirista inspirem-se e parem de produzir merdas cinematográficas. Sem dúvidas este deve ser uma das comédias românticas do ano, se não "A" do ano. Desde "Minha Mãe Quer Que Eu Case" e “Ah! O Amor” que não vejo algo do tipo, tão interessante.
Noite de Ano Novo
3.1 1,2K Assista AgoraSem dúvida uma das melhores comédias românticas contemporâneas.
Amanhã Nunca Mais
2.8 166Brasileiro é foda, quando não caga na entrada, caga na saída. Depois de uma safra de boas e até excelentes filmes nacionais "voltamos" às origens com o Amanhã Nunca Mais, de Tadeu Jungle, com elenco convidativo. Logo na primeira cena, o telespectador se ajeita na poltrona e pensa "opa lá vem coisa boa", mas 20 minutos depois, "caralho, será que devolvem o dinheiro?". O filme conta a história de Walter (Lázaro Ramos), um médico anestesista, atormentado pelos pesares de uma vida urbana, sem emoções, autonomia, prazeres e desconforto pela sua incapacidade de não saber lidar com sua timidez e não conseguir dizer "não". Casado com a gostosinha Solange (Fernanda Machado) vive um casamento insosso cercado de "desculpas" e "o que eu podia fazer?". A coisa segue durante uma noite em que Walter, em virote de plantão, tem a missão, de pegar um bolo na confeiteira e levar no horário para a festa de sua filha, encarando todos os micros infortúnios e catástrofes que possam lhe ocorrer. E aí vai, vai, vai, vai e vai, até que acaba e você pensa "não é possível, é muita sacanagem... mas ainda bem que acabou". As únicas coisas aproveitáveis são algumas fotografias e montagem de cenas e a tentativa de Lázaro Ramos e Maria Luisa Mendonça, Fernanda Machado, Milhem Cortaz, Luis Miranda tentarem salvar o filme, sem sucesso. Nem os fodões Arnaldo Antunes e Abujamra acertaram na música. Amanhã Nunca Mais, nunca mais!
O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraA grande atração da noite: O Fodástico Circo Esperança, "Sim-sim -salabim-sim-sim", não pensem em hipótese alguma perder este filmaço, de Direção, Roteiro e Atuação estupenda de Selton Mello, mostrando um avanço sapiente em relação ao seu primeiro trabalho atrás das câmeras - Feliz Natal.- que não é ruim, apenas demasiadamente denso e vazio. O Palhaço é um daqueles filmes em que você se sente confortável, cruzas as pernas e espera só sair dali depois do apocalipse. No Roteiro, dele e de Marcelo Vindicatto, a coisa se desenvolve de forma exoticamente simples, sim, simplicidade e dedicação é a exorbitância máxima deste longa, completo, sem furos, coerente, de fácil interpretação e emoções e sem os "desejares". Maquiagem, figurino, iluminação, montagem, som direto – intactos, e uma trilha sonora sob o comando de Plínio Profeta, que parece não ter sido feita para o filme, mas sim parida por ele, são unha e carne sem pôr nem tirar nenhum "esmalte ou cutícula". Na porta do circo estão Paulo José e Selton Mello, nas intocáveis interpretações dos Palhaços Puro Sangue e Pangaré, pai e filho, na guerrilha da sobrevivência pelo amor a arte e pelo conflito de fazer graça sem se ter "autograça" - parecem ter feito mestrado em Palhaço. Isso não é segredo, é resultado de trabalho duro, bons atores, direção e preparação de elenco - no apoio do espetáculo um time destruidor, não somente de estrelas consagradas ou que já brilharam, mas de interpretações com luz própria, que faz o telespectador pensar "caralho, por que me fazem assistir aquilo nas novelas?". Absolutamente todos os atores secundários, coadjuvantes, etc. Fazem do Circo Esperança um "Cirque du soleil", tornando tarefa árdua a preferência de uma atuação ou personagem. Somado a isso, as participações especiais, são ultra especiais, Moacyr Franco, Jackson Antunes, Ferrugem, Jorge Loredo, Fabiana Karla, Tonico Pereira entre outros.
Com essa trupe você vai conhecer uma história quase boba de esperança, sonhos, conflitos, inocência, esperteza e de decisões que por menores e mais estúpidas que possam parecer, podem afetar a cada um, de uma forma especial e inclusive alterar algo sem que ele seja modificado, apenas visto de outra forma. Se você é do interior, é de circo, de família de artistas, se não é, se tem algum sonho esquecido, se tem algo que te incomoda, sê vê balões em preto em branco e uma folha de papel em branco colorida, vai gostar desse filme. Porque rir é bom, mas rir de tudo é desespero. Pois o gato bebe leite, o rato come queijo e você do que gosta? Que cada um possa encontrar seu ventilador.
A Grande Sedução
4.0 27 Assista AgoraUm filme de Jean-François Pouliot, escrito por Ken Scott que retrata com muito bom humor a luta dos moradores de uma ilha de pescadores chamada Saint Marie La Mauderne, que já teve tempos áureos de fertilidade, entretanto, há muito tempo os moradores daquela pacata cidadezinha são mantidos pelo seguro-desemprego oferecido pelo governo, o que para os moradores mais antigos é uma ofensa e vergonha, já que são fortes e se sentem aptos e dispostos a produzirem, mas sem incentivos ou suportes. Toda a história se desenrola a partir do momento em que uma fábrica demonstra interesse em abrir uma filial na ilha, só que para isso algumas exigências são feitas, entre elas, a residência fixa de um médico na cidade, que nunca teve um, e um número de moradores maior que 200, quando o total real aproxima-se dos 120. Todos reunidos liderados por Germain, o antigo Prefeito da cidade, montam uma graciosa e bem humorada farsa para conseguir um médico e fazer com que em um mês ele se encante pela cidade e decida assinar um contrato de cinco anos, além de quase duplicar a quantidade de habitantes e maquiar a cidade para que pareça irresistivelmente sedutora.
Vale à pena conferir esse filme delicioso, num fim de tarde.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraBrandon (Michael Fassbender) é um homem simpático, na casa dos 40, que conquistou algumas realizações (emprego estável e casa própria) em Nova York. Solitário, divide seus dias entre seu trabalho num escritório, seu apartamento e sexo das mais variadas formas possíveis. Não como lazer, mas como uma penitência perniciosa. Gradativamente o longa vai revelando a faceta da vergonha na vida de uma pessoa viciada, seja em que for. No caso de Brandon, um sexólatra que se deteriora dia a dia em busca, não de seu objeto de desejo, mas do de sua escravidão. Ele não consegue se livrar da pornografia nem no trabalho e quando em casa, blinda-se em seu mundo com chats eróticos, revistas, filmes e prostitutas.
A rotina de Brandon é abalada com a chegada repentina, porém previsível, de sua irmã Cissy (Carey Mulligan), uma cantora com histórico suicida, que após inúmeras tentativas fracassadas de contato com seu irmão, aparece para ficar por uns dias. O convívio diário com uma pessoa que tende a ter intimidades e a penetrar nas suas, desestabiliza ainda mais a vida de Brandon que não consegue manter a mascara social por muito tempo e desaba do seu castelo pornográfico, mostrando o apego pelo desapego e a incapacidade de se relacionar emotivamente com quem quer que seja. Para completar seu quadro, surge com uma colega de trabalho a oportunidade de um relacionamento "normal" não somente baseado em sexo, o que só faz afirmar seus medos.
O filme consegue manter um clima pastoso, obscuro necessário para abordagem da espessa humilhação a que se submetem os viciados, que para sustentar seu vicio, põe em jogo sua vida social, integridade física e mental, uma trilha sonora não impecável, mas perfeita em algumas passagens, boa fotografia e atuações. Shame, não é mais um filme sem fim, mas uma história que não pode terminar enquanto a vida do personagem persista.