Iuri Cisa Domício

A cena do discurso irônico apontando as falhas da nossa democracia já vale o filme.

Trilha sonora muito boa, obrigado The Blasters e Titto & Tarantula. A música que embala o abrir de caixas no depósito, "opening boxes", é muito foda (http://www.youtube.com/watch?v=8yHR9HvtsZE).

Acho que Romero foi mal interpretado neste filme. Ele abordou a temática zumbi de uma forma diferente, e, não obstante, abordou também a temática humana de forma profunda. Ele apresenta as relações de forma extremamente antimaniqueísta, não há o "bem" e o "mal", e, como no pensamento de Maquiavel, mostra que uma atitude não é ruim nem boa por si só, saber-se-ia sua natureza apenas após a análise de seus resultados. Os personagens passam do cinismo à loucura, da maturidade à infantilidade, da insistência à dúvida, do isolamento à emoção. Talvez Romero não foi tão feliz na sua tentativa de evoluir o conceito de zumbi, não do ponto de vista do novo conceito em si - da capacidade dos "mortos-vivos" de utilizar resquícios de sua memória corporal, mas da má aceitação do píublico familiarizado com o tema. O filme, se visto de forma crua, soa um tanto "maluco", mas se visto sem pressa e com uma atenção maior, é uma experiência um tanto enriquecedora.