Em Condenação (Damnation,1987), Béla Tarr mostra as ruínas de um ambiente devastado. Em que semelhante a paisagem chuvosa, homens e mulheres vagam suscetíveis a degradação. Nesse mundo angustiante, a cantora do bar lança sua ultima lamúria contra essa realidade animalesca. O ápice da comunicação se dá com um cachorro. O contato efetivo entre homem e besta. A desumanização. Ali, estão todos condenados, arrastando-se junto com a câmera num ritmo lento, registrando a intemporalidade, tragando a luminosidade e regurgitando a escuridão caótica.
Os irmãos Dardenne desenvolvendo um longa com uma simplicidade incrível, não distanciando da humanidade de qualquer outro dos seus filmes anteriores e mostrando de forma seca e sem apelar para maiores tons melodramáticos, a intensidade de seu protagonista, o Cyril, que tenta ser capturado por uma câmera que se movimenta acelerada, que se adere a ele e toda a agitação numa história dramática e densa.
Almodóvar enfim se libertando dos cacoetes e maneirismos que imperavam seus filmes, para contar uma historia intensa e bizarra que ecoa “Os Olhos Sem Rosto”, de Franju. Elena Anaya, a vitima do experimento psicótico desempenha maravilhosamente o papel. Existe ainda as marcas estilísticas do diretor, mas o fato é claro: nessa trama de horror encontramos afinal o frescor e a consciência de um Almodóvar que há tempos se escondia.
O filme trata basicamente da indecisão, o viver ou o sacrifício. Abordando a vida ritualística daqueles monges, o diretor Xavier Beauvois abdica de grandes tons melodramáticos e usa a secura e frieza do mundo real e cruel para compor planos e tratar da escolha, da religiosidade e da devoção.
Mais do que um tratado sobre a vingança, Bravura Indômita se desenvolve num ambiente seco e bruto para falar do amadurecimento. Não só de comportamento, mas também de valores, num ambiente onde a hostilidade e a violência são tão comuns quanto a aridez presente naquilo tudo, temos que perceber que não há saída nesse universo onde a derrota e o orgulho estão tão atrelados. Os Coen mais uma vez fazendo um grande filme.
Contando a historia de Angélica, que morre deixando um sorriso e aparece em espírito para um fotografo que se apaixona por ela através de uma foto, Manoel de Oliveira constrói um cinema mais vivo do que nunca. Num mundo com cronologia própria, uma foto hipnótica pode ser um portal tênue entre o sobrenatural de uma viagem espiritual e a realidade de cavadores de terra.
Se a cena dos créditos iniciais de Os Homens que não Amavam as Mulheres já afirma que aquilo será um mergulho pesado num mundo violento, coberto de negrura densa e incendiária, o que se seguirá será a tentativa de revelar de vez essa perversidade escondida por trás do poder e das inúmeras fachadas que as pessoas daquela história tentam a todo o momento impor para si. Do empresário corrupto ao assassino meticuloso, talvez até mesmo além disso. A grande ambição do filme é trespassar todos esses fatos pela figura insana que ressoa a intensidade dos créditos perdida no desenvolvimento narrativo, Lisbeth Salander (Rooney Mara ) cultiva na sua “incapacidade de viver socialmente” – a qual o Estado a condena, uma força alucinada na sua devida estranheza de ser. Sua impenetrabilidade marca o filme, ou talvez este último se molda a ela.
E é na curiosidade jornalística de Mikael e na impetuosidade particular de Lisbeth que o filme todo se desenvolve, não só no desejo de Blomkvist de descobrir a verdade e tentar provar para si mesmo afinal de contas que ainda é um profissional capaz num universo injusto, mas também numa mulher afligida por inúmeras crueldades, longe da inocência, mas que encontra na busca por um assassino de mulheres o anseio de exterminar essa escória de homens que a maltrataram, ecoando fantasmas de natais passados que o filme não revela, mas sugere. Salander é essa força propulsora que o longa possui, afetando Mikael e a tensão crescente, que se avoluma, numa investigação de um passado que até hoje ecoa.
David Fincher aqui se encontra no mesmo apuro técnico de “Rede Social”, mas que se faz superior ao ressoar a obra-prima do diretor que é “Zodíaco”. Ele consegue desenvolver sua obra respeitando a genialidade do suspense que o Stieg Larsson escreve no texto ao mesmo tempo que se aprofunda nas personalidades dos seus personagens intrigantes, partindo de uma base familiar decadente que transpira amargura, perversidade e misoginia aos protagonistas que se marcam por serem justamente ao contrário, seja o feminismo transgressor de Lisbeth ou o rompimento dessa estrutura da família representado por Mikael, tudo isso inscrito agora num cinema consciente e bem pensado.
melhor Fincher disparado. Apuro técnico, atmosfera destruidora e foco em um personagem que não se desvenda, mas que está presente em cada ação, em cada frame,até mesmo na mente do Robert Graysmith. Zodíaco é exercício de um cinema construído por anti-clímax, numa cidade que pari todos os seus monstros impiedosos.
nesse filme se torna evidente que o Nolan quer é mais se afundar nos convencionalismos cinematográficos, sim, pode até ser um blockbuster bastante diferente e bem melhor que os usuais, mas é fato que falta uma ousadia que o Nolan simplesmente nega.pena que ao invés de ser mestre, ele escolhe a opção mais fácil pra ser só mais um diretor bom.
Uma das coisas mais geniais, perturbadoras e dementes já filmadas. A intensidade é enorme, o horror é sexual, a atmosfera é absurda.A câmera não para quieta, procurando, encontrando, abandonando, desejando. Cinema carnal e esquizofrênico.
meu preferido do haneke. o que ele faz aqui é prender seres humanos num espaço pequeno, deteriorando o meio para ver o que vai acontecer. O resultado é absurdo, a desumanização, a bestialidade, a selvageria.No final, o mundo continua ali, mas os homens...vai saber!
Danação
4.1 51Em Condenação (Damnation,1987), Béla Tarr mostra as ruínas de um ambiente devastado. Em que semelhante a paisagem chuvosa, homens e mulheres vagam suscetíveis a degradação. Nesse mundo angustiante, a cantora do bar lança sua ultima lamúria contra essa realidade animalesca. O ápice da comunicação se dá com um cachorro. O contato efetivo entre homem e besta. A desumanização. Ali, estão todos condenados, arrastando-se junto com a câmera num ritmo lento, registrando a intemporalidade, tragando a luminosidade e regurgitando a escuridão caótica.
O Garoto da Bicicleta
3.7 323 Assista AgoraOs irmãos Dardenne desenvolvendo um longa com uma simplicidade incrível, não distanciando da humanidade de qualquer outro dos seus filmes anteriores e mostrando de forma seca e sem apelar para maiores tons melodramáticos, a intensidade de seu protagonista, o Cyril, que tenta ser capturado por uma câmera que se movimenta acelerada, que se adere a ele e toda a agitação numa história dramática e densa.
O Beijo Amargo
4.2 54 Assista Agorafilme mais foda, amoral, crítico. e a cena das crianças aleijadas cantando como queriam andar...só Fuller mesmo!
Casa de Bambu
3.6 18Fuller em Scope. coisa mais linda e genial possível.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraAlmodóvar enfim se libertando dos cacoetes e maneirismos que imperavam seus filmes, para contar uma historia intensa e bizarra que ecoa “Os Olhos Sem Rosto”, de Franju. Elena Anaya, a vitima do experimento psicótico desempenha maravilhosamente o papel. Existe ainda as marcas estilísticas do diretor, mas o fato é claro: nessa trama de horror encontramos afinal o frescor e a consciência de um Almodóvar que há tempos se escondia.
Os Olhos Sem Rosto
4.0 232coisa de gênio.
Sangue de Pantera
3.7 102 Assista AgoraTourneur mestre das sombras!
Homens e Deuses
3.8 124O filme trata basicamente da indecisão, o viver ou o sacrifício. Abordando a vida ritualística daqueles monges, o diretor Xavier Beauvois abdica de grandes tons melodramáticos e usa a secura e frieza do mundo real e cruel para compor planos e tratar da escolha, da religiosidade e da devoção.
Bravura Indômita
3.9 1,4K Assista AgoraMais do que um tratado sobre a vingança, Bravura Indômita se desenvolve num ambiente seco e bruto para falar do amadurecimento. Não só de comportamento, mas também de valores, num ambiente onde a hostilidade e a violência são tão comuns quanto a aridez presente naquilo tudo, temos que perceber que não há saída nesse universo onde a derrota e o orgulho estão tão atrelados. Os Coen mais uma vez fazendo um grande filme.
O Estranho Caso de Angélica
3.4 40Contando a historia de Angélica, que morre deixando um sorriso e aparece em espírito para um fotografo que se apaixona por ela através de uma foto, Manoel de Oliveira constrói um cinema mais vivo do que nunca. Num mundo com cronologia própria, uma foto hipnótica pode ser um portal tênue entre o sobrenatural de uma viagem espiritual e a realidade de cavadores de terra.
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet
3.9 2,2K Assista AgoraTim Burton e seus cacoetes estilísticos, que impedem seu cinema de ter aquele mesmo frescor e consciência de um Ed Wood ou Edward Mãos de Tesoura.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraSe a cena dos créditos iniciais de Os Homens que não Amavam as Mulheres já afirma que aquilo será um mergulho pesado num mundo violento, coberto de negrura densa e incendiária, o que se seguirá será a tentativa de revelar de vez essa perversidade escondida por trás do poder e das inúmeras fachadas que as pessoas daquela história tentam a todo o momento impor para si. Do empresário corrupto ao assassino meticuloso, talvez até mesmo além disso. A grande ambição do filme é trespassar todos esses fatos pela figura insana que ressoa a intensidade dos créditos perdida no desenvolvimento narrativo, Lisbeth Salander (Rooney Mara ) cultiva na sua “incapacidade de viver socialmente” – a qual o Estado a condena, uma força alucinada na sua devida estranheza de ser. Sua impenetrabilidade marca o filme, ou talvez este último se molda a ela.
E é na curiosidade jornalística de Mikael e na impetuosidade particular de Lisbeth que o filme todo se desenvolve, não só no desejo de Blomkvist de descobrir a verdade e tentar provar para si mesmo afinal de contas que ainda é um profissional capaz num universo injusto, mas também numa mulher afligida por inúmeras crueldades, longe da inocência, mas que encontra na busca por um assassino de mulheres o anseio de exterminar essa escória de homens que a maltrataram, ecoando fantasmas de natais passados que o filme não revela, mas sugere. Salander é essa força propulsora que o longa possui, afetando Mikael e a tensão crescente, que se avoluma, numa investigação de um passado que até hoje ecoa.
David Fincher aqui se encontra no mesmo apuro técnico de “Rede Social”, mas que se faz superior ao ressoar a obra-prima do diretor que é “Zodíaco”. Ele consegue desenvolver sua obra respeitando a genialidade do suspense que o Stieg Larsson escreve no texto ao mesmo tempo que se aprofunda nas personalidades dos seus personagens intrigantes, partindo de uma base familiar decadente que transpira amargura, perversidade e misoginia aos protagonistas que se marcam por serem justamente ao contrário, seja o feminismo transgressor de Lisbeth ou o rompimento dessa estrutura da família representado por Mikael, tudo isso inscrito agora num cinema consciente e bem pensado.
Zodíaco
3.7 1,3K Assista Agoramelhor Fincher disparado. Apuro técnico, atmosfera destruidora e foco em um personagem que não se desvenda, mas que está presente em cada ação, em cada frame,até mesmo na mente do Robert Graysmith. Zodíaco é exercício de um cinema construído por anti-clímax, numa cidade que pari todos os seus monstros impiedosos.
O Diabo
3.7 28a câmera do Zulawski é absurda.
A Origem
4.4 5,9K Assista Agoranesse filme se torna evidente que o Nolan quer é mais se afundar nos convencionalismos cinematográficos, sim, pode até ser um blockbuster bastante diferente e bem melhor que os usuais, mas é fato que falta uma ousadia que o Nolan simplesmente nega.pena que ao invés de ser mestre, ele escolhe a opção mais fácil pra ser só mais um diretor bom.
Possessão
3.9 592Uma das coisas mais geniais, perturbadoras e dementes já filmadas. A intensidade é enorme, o horror é sexual, a atmosfera é absurda.A câmera não para quieta, procurando, encontrando, abandonando, desejando. Cinema carnal e esquizofrênico.
A Dupla Vida de Véronique
4.1 276 Assista Agoralindão demais.
Horror em Amityville
3.2 815 Assista Agoraé péssimo mas eu adoro.
Alta Tensão
3.5 571pura intensidade.
O Tempo do Lobo
3.6 72 Assista Agorameu preferido do haneke. o que ele faz aqui é prender seres humanos num espaço pequeno, deteriorando o meio para ver o que vai acontecer. O resultado é absurdo, a desumanização, a bestialidade, a selvageria.No final, o mundo continua ali, mas os homens...vai saber!
Amor
4.2 2,2K Assista Agorabastante ansioso.
Caravana da Coragem
3.3 214 Assista Agoraum dos filmes da minha infância.
O Gigante de Ferro
4.1 508 Assista Agorauma das melhores animações. incrível o nível de sinceridade numa trama fantástica.
Machete
3.6 1,5K Assista Agora“Machete Don't Text, Machete Improvises”