Extremamente decepcionada. O que vale do filme são as cenas dos créditos, mérito da cidade e sua atmosfera melancólica e sensorial de proporções infinitas. Merecia uma história e roteiro que fizessem jus. Ao invés disso, ficamos com esse trabalho de atuações medíocres e diálogos broxantes, beirando ora o clichê, ora o ridículo do inverossímel.
Sério que é tão fácil assim redimir um agressor extremamente racista homofóbico com uma cartinha amorosa? Esse roteiro tem inúmeros furos absurdos para compor sua sequência de fatos romantizados sobre todos os assuntos políticos que estão em voga sem se aprofundar em absolutamente nenhum deles. Surreal. Uma fanfic política. Um coletânea de textão do facebook. - Um ex policial com corpo queimado no mesmo quarto que o paciente que ele agrediu há dias atrás? E ninguém do hospital da pequena cidade percebeu? - O assunto pouquissimo discutido do pai agressor, que ameaça estrangular a ex esposa e logo depois agimos como se nada houvesse acontecido. É quase como se disséssemos "ele só exaltou, afinal, coitado, perdeu uma filha." E que namora uma menina muito mais nova e desnecessariamente estúpida. Mas ela é fofa, afinal. Tomara que eles sejam felizes. Mesmo ele sendo um agressor nojento. - A redenção do delegado ao mostrar que ele sofre de câncer, mesmo tendo desempenhado um péssimo trabalho e encobrindo casos de agressão racistas e prisões arbitrárias. Mas ele é um bom pai e tem uma esposa lindíssima com sotaque britânico. Ele merece nosso perdão. - A prisão da mulher negra com posse FORJADA de maconha passa totalmente batido e ela sai da cadeia como se tivesse passado férias. E imediatamente começa a namorar outro negro do elenco. Porque é óbvio, pessoas negras namoram imediatamente assim que se conhecem! - As mulheres são no geral SUPER ESTEREOTIPADAS. As mulheres tidas como bonitas são estúpidas, as mais inteligentes são masculinizadas. QUE DESSERVIÇO.
Muito boa a atuação de Frances McDorman, realmente, mas nem isso salva o absurdo que é esse filme, e a contradição que carrega inclusive sua personagem. Eu to chocada.
Tô é embasbacada com a delicadeza de analogias tão bem amarradas. Se em um momento inicial, podemos refletir sobre a exploração dos animais na vaquejada logo nos deparamos com a verdadeira questão da narrativa: vacas e peões comendo, dormindo e viajando no mesmo espaço nos mostram que eles ocupam a mesma posição naquele ambiente social. Quando a Égua Lady Di é leiloada com adereços do vestuário de feminino e evocada como se fosse uma mulher, ela nos remete logo a cena de Galega dançando para homens (como stripper ?) com sua roupa decotada e uma máscara de cavalo, extremamente fetichizada através de estereótipos femininos sexualizados. Galega também é mutilada ao se depilar no caminhão, arrancando seus pelos tal qual as vacas violentadas nas vaquejadas ou marcadas à ferro pro Iremar. Os rabos dos animais serão reaproveitados e tingidos por Iremar para a confecção de sua roupas, e Galega agora, depilada, está pronta para transar com Júnior, tendo que recorrer a essa prática agressiva para que se sinta desejável. Os animais amontoados são alocados e realocados conforme a vontade dos peões, que são nada mais do que isso: peões designados a obedecer a ordem de outrem, no caso, do fazendeiro que decide mudar o ofício de um deles sem ao menos questionar suas preferências pessoais e profissionais; um fazendeiro que designou o mesmo espaço para os funcionários e para as vacas realizarem suas refeições.
Não bastasse essa perspicácia poética narrativa, a sutileza da quebra de estereótipo de gêneros é algo que me emocionou e que eu gostaria de ver mais no cinema. Acredito ser uma forma interessantíssima de se fazer política sem ser panfletária, de se explorar as subjetividade dos personagens para além do arquétipo esperado e criar novas construções de personalidade pouquíssimo exploradas na maioria dos roteiros. Mesmo no circuito alternativo, que varia ou dos violentos recursos de cinema verdade de Cláudio Assis (que exploram estupro, pedofilia, prostituição etc) ; ou para um cinema assumidamente militante e/ou documental sobre grupos e minorias marginalizadas. O que importa aqui é o que há de irreverente no cotidiano e na maioria mesmo. O dia a dia não é tão normativo como diz ser; as coisas não são tão óbvias assim. Também é uma menina Cacá que gosta de cavalo e põe a mão na bosta, é uma Galega mecânica, é um Júnior vaidoso, e por fim, um Iremar que se interessa por moda, por costura, e acha mais interessante criar uma peça do vestuário do que tocar uma punheta para revista de mulher pelada.
Jeito Varda de fazer cinema: retrato simultâneo do micro e do macro, retratos pessoais e estruturais de um período, abordagem abrangente e ao mesmo tempo concisa e sensível. Diretora, câmera, personagem, fazendo cinema político sem deixar que esse título a sufoque em algum gênero específico que tire sua liberdade de ser uma artista completa. Agnès Varda sempre foi uma mulher a frente de seu tempo.
Uma tarde eu levo uma amiga em casa, a primeira amiga que eu fiz depois de meses. Começo a mostrar nossa casa para ela, a sala, os quartos, até que chega no seu. Bato na porta e entro com a menina. Você tá toda coberta, só o rosto para fora. Seus olhos estão vermelhos. Talvez da cama você tenha falado alguma palavra, não lembro. Lembro que a gente saiu do quarto, minha amiga com olhar angustiado perguntou o que você tinha.
Roteiro, direção e atuações impecáveis. Fiquei de queixo caído pela forma como prendeu a minha atenção do inicio ao fim em um thriller com temáticas nada palatáveis, cenários e personagens nada usuais. Filme lindo. E essa sinopse está péssima,
Incrível como foi construída a narrativa no passar dos dias sem tornar o filme maçante com a repetição dos cenários, graças ao recurso de mudança de posição da câmera e da fotografia das cenas. Inclusive, fotografia impecável em todas as sequências. Me impressionou também como os personagens foram bem trabalhados e aprofundados mesmo com pouco diálogo. Histórias que só existem quando lembradas (aliás, que nome incrível) é poesia visual.
- Você não é do tipo que fica, você é do tipo que vai embora. - Para onde se meu lugar é aqui? - Para qualquer lugar meu filho, qualquer lugar que te faça sentir saudade dessa prisão aqui. Aqui você vai virar um fóssil, fossilizar. [...] O sertanejo forte é aquele que parte. não aquele que fica parado cheia de mosca nas venta rolando bosta numa vida sem sentido.
"Eu fui até a casa da minha mãe almoçar com ela, e ela me disse assim: ah, não sei o que, que cristo tinha morrido na cruz para salvar a gente. [...] E eu falei: então não adiantou nada né. Porque o mundo continua desse jeito, tudo errado. Ela falou: ah eu também. Eu queria um dia acordar e encontrar o mundo totalmente diferente. Eu falei: eu queria acordar e estar morto".
Como conseguiram transformar biografias tão empolgantes de genialidades, dentro de um período histórico efervescente, com imensas referências artísticas e politicas que poderiam ser melhor exploradas... e fazer um filme tão sem graça?
A liberdade plena, talvez só seja possível através da morte. Da completa libertação do material e do carnal, dos apegos, das relações, dos desejos. Por duas vezes Julie quase alcançou: no acidente e na tentativa frustada de suicídio. Sua única escolha era portanto, recomeçar livre de bens materiais, pessoas e memórias, já que terá que se manter viva. Busca então na solidão uma ressignificação do que lhe é caro, do que lhe é cotidiano, do que chama de lar. Os encontros de sua vida mostram os insights que Julie tinha à respeito de suas buscas. Por mais que tentasse se desvincilhar do passado, continuava sendo puxada para uma realidade de luto, em que teria que lidar com sentimentos de perda, de medo, de traição. Alguns ratos temos que matar (e limpar) sozinhos.
*
Me assusta e me encanta a forma como os europeus (mas principalmente, franceses) lidam com o amor nos filmes. De forma quase condescendente. "Você ainda me ama?" "Sim, te amo". Não há expectativa ou ansiedade. "Eu ia perguntar se ele te amava, mas já sei que sim." Compreensão de que os sentimentos não tem fronteiras, que podem surgir de diferentes formas, arranjos e intensidades sem necessariamente significar uma traição. Não é uma passividade, mas condescendência, motivada não pela fraqueza mas por um sentimento corajoso, motivada por empatia.
A vergonha de ser quem ele sempre foi só se torna latente quando ela pode ser notada, no caso, pela sua irmã. Sissy invade a bolha criada por ele, que de inicio pode ter sido pensada para manter seus maus hábitos escondidos das pessoas de seu convívio, mas na verdade servia para ele escondê-los de si mesmo. A iminência de seu problema com relações interpessoais faz com que ele se sinta nu pela primeira vez (ao menos, pela primeira vez naquele contexto). Fora de seu habitat (fora da cama) ele não sabe lidar com o que lhe é posto a prova. É colocado que ele lide com os sentimentos de sua irmã, tão carente de atenção e ajuda. É colocado que ele se relacione, de verdade, com alguém. E são obstáculos tão gigantescos que ele prefere o escapismo, o esdrúxulo. Essa fuga machuca Brandon durante todo o filme. Ele não sabe como lidar com o que ele se tornou e não consegue mais fingir que não vê. Abordagem existencialista genial de Steve McQueen, que fez com que fosse possível sentir identificação com uma personagem tão distante da realidade de muitos. Temos todos algo de comum, afinal.
O objetivo de alguns filmes é causar a reflexão através de sentimentos de catarse, angústia, nojo, raiva, ódio. Te coloca em uma posição de alteridade para com as personagens, não há mais distinção entre ator-espectador, eu sou a vítima e eu sou o vilão. E isso é um recurso maravilhoso do cinema que o Cláudio Assis sempre soube usar. Mas depois do ocorrido esse ano, onde Cláudio Assis ficou bêbado em um evento e soltou frases extremamente machistas, eu tenho muita dificuldade de analisar a intencionalidade e o posicionamento dele em sua obra. Ou pelo menos A REAL intencionalidade e o REAL posicionamento dele. Quando o Everaldo quebra a quarta parede e diz "Sabe o que é o melhor no cinema? É que no cinema você pode fazer o que quiser" eu não tenho como não ler isso de forma fetichizada, onde ele (Cláudio Assis) pode fazer o que quiser com as mulheres dos filmes deles, que ele pode mostrar uma realidade sem se posicionar claramente que os críticos vão achar tudo lindo e "cru", simplesmente porque "é a realidade", simplesmente porque ele é um cineasta, etc. Fica o questionamento: como saber e como considerar a real intencionalidade e potencialidade de uma obra? Como analisar isso de forma crítica e política?
De qualquer forma, Cláudio Assis, talvez Everaldo possa fazer o que quiser, mas você não. Machistas não passarão.
A angústia de ver a história sob os olhos da criança e desconhecer o real paradeiro dos pais me fez notar o quão pouco revelamos às nossas crianças. Não os deixamos saber da histórias completas, das verdades, porque achamos que elas não estarão preparadas, que elas não saberiam lidar. Será que Mauro não ficaria melhor sem aquele medo do abandono, sem aquele medo do desconhecido? Será que temos que tratar as crianças como seres humanos incompletos? De qualquer forma, a história é majestosa por ser quase infantil, no sentido em que é leve e apenas contorna o terror da ditadura. Sob os olhares daqueles que não estavam diretamente relacionados ou preocupados, mas que não tiveram como não se envolver num contexto marcado pela repressão e perseguição policial da época.
Porto, Uma História de Amor
3.1 17Extremamente decepcionada. O que vale do filme são as cenas dos créditos, mérito da cidade e sua atmosfera melancólica e sensorial de proporções infinitas. Merecia uma história e roteiro que fizessem jus. Ao invés disso, ficamos com esse trabalho de atuações medíocres e diálogos broxantes, beirando ora o clichê, ora o ridículo do inverossímel.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraSério que é tão fácil assim redimir um agressor extremamente racista homofóbico com uma cartinha amorosa? Esse roteiro tem inúmeros furos absurdos para compor sua sequência de fatos romantizados sobre todos os assuntos políticos que estão em voga sem se aprofundar em absolutamente nenhum deles. Surreal. Uma fanfic política. Um coletânea de textão do facebook.
- Um ex policial com corpo queimado no mesmo quarto que o paciente que ele agrediu há dias atrás? E ninguém do hospital da pequena cidade percebeu?
- O assunto pouquissimo discutido do pai agressor, que ameaça estrangular a ex esposa e logo depois agimos como se nada houvesse acontecido. É quase como se disséssemos "ele só exaltou, afinal, coitado, perdeu uma filha." E que namora uma menina muito mais nova e desnecessariamente estúpida. Mas ela é fofa, afinal. Tomara que eles sejam felizes. Mesmo ele sendo um agressor nojento.
- A redenção do delegado ao mostrar que ele sofre de câncer, mesmo tendo desempenhado um péssimo trabalho e encobrindo casos de agressão racistas e prisões arbitrárias. Mas ele é um bom pai e tem uma esposa lindíssima com sotaque britânico. Ele merece nosso perdão.
- A prisão da mulher negra com posse FORJADA de maconha passa totalmente batido e ela sai da cadeia como se tivesse passado férias. E imediatamente começa a namorar outro negro do elenco. Porque é óbvio, pessoas negras namoram imediatamente assim que se conhecem!
- As mulheres são no geral SUPER ESTEREOTIPADAS. As mulheres tidas como bonitas são estúpidas, as mais inteligentes são masculinizadas. QUE DESSERVIÇO.
Muito boa a atuação de Frances McDorman, realmente, mas nem isso salva o absurdo que é esse filme, e a contradição que carrega inclusive sua personagem. Eu to chocada.
O Formidável
3.7 66 Assista AgoraO filme construiu Anne como uma bolsa cara do Godard. Sempre impecável, pelada o tempo todo e sem o menor vestígio de personalidade e opinião própria.
Boi Neon
3.6 461 Assista AgoraTô é embasbacada com a delicadeza de analogias tão bem amarradas.
Se em um momento inicial, podemos refletir sobre a exploração dos animais na vaquejada logo nos deparamos com a verdadeira questão da narrativa: vacas e peões comendo, dormindo e viajando no mesmo espaço nos mostram que eles ocupam a mesma posição naquele ambiente social. Quando a Égua Lady Di é leiloada com adereços do vestuário de feminino e evocada como se fosse uma mulher, ela nos remete logo a cena de Galega dançando para homens (como stripper ?) com sua roupa decotada e uma máscara de cavalo, extremamente fetichizada através de estereótipos femininos sexualizados.
Galega também é mutilada ao se depilar no caminhão, arrancando seus pelos tal qual as vacas violentadas nas vaquejadas ou marcadas à ferro pro Iremar. Os rabos dos animais serão reaproveitados e tingidos por Iremar para a confecção de sua roupas, e Galega agora, depilada, está pronta para transar com Júnior, tendo que recorrer a essa prática agressiva para que se sinta desejável.
Os animais amontoados são alocados e realocados conforme a vontade dos peões, que são nada mais do que isso: peões designados a obedecer a ordem de outrem, no caso, do fazendeiro que decide mudar o ofício de um deles sem ao menos questionar suas preferências pessoais e profissionais; um fazendeiro que designou o mesmo espaço para os funcionários e para as vacas realizarem suas refeições.
Não bastasse essa perspicácia poética narrativa, a sutileza da quebra de estereótipo de gêneros é algo que me emocionou e que eu gostaria de ver mais no cinema. Acredito ser uma forma interessantíssima de se fazer política sem ser panfletária, de se explorar as subjetividade dos personagens para além do arquétipo esperado e criar novas construções de personalidade pouquíssimo exploradas na maioria dos roteiros. Mesmo no circuito alternativo, que varia ou dos violentos recursos de cinema verdade de Cláudio Assis (que exploram estupro, pedofilia, prostituição etc) ; ou para um cinema assumidamente militante e/ou documental sobre grupos e minorias marginalizadas. O que importa aqui é o que há de irreverente no cotidiano e na maioria mesmo. O dia a dia não é tão normativo como diz ser; as coisas não são tão óbvias assim. Também é uma menina Cacá que gosta de cavalo e põe a mão na bosta, é uma Galega mecânica, é um Júnior vaidoso, e por fim, um Iremar que se interessa por moda, por costura, e acha mais interessante criar uma peça do vestuário do que tocar uma punheta para revista de mulher pelada.
Rio, 40 Graus
3.9 85 Assista AgoraVai chegar o dia em que nós deixaremos de ser mercadoria!
Os Catadores e Eu
4.4 52 Assista AgoraJeito Varda de fazer cinema: retrato simultâneo do micro e do macro, retratos pessoais e estruturais de um período, abordagem abrangente e ao mesmo tempo concisa e sensível. Diretora, câmera, personagem, fazendo cinema político sem deixar que esse título a sufoque em algum gênero específico que tire sua liberdade de ser uma artista completa. Agnès Varda sempre foi uma mulher a frente de seu tempo.
Elena
4.2 1,3K Assista AgoraUma tarde eu levo uma amiga em casa, a primeira amiga que eu fiz depois de meses. Começo a mostrar nossa casa para ela, a sala, os quartos, até que chega no seu. Bato na porta e entro com a menina.
Você tá toda coberta, só o rosto para fora. Seus olhos estão vermelhos. Talvez da cama você tenha falado alguma palavra, não lembro. Lembro que a gente saiu do quarto, minha amiga com olhar angustiado perguntou o que você tinha.
Ela é assim, respondi. Ela é assim.
Pamilya Ordinaryo
5.0 1 Assista AgoraRoteiro, direção e atuações impecáveis. Fiquei de queixo caído pela forma como prendeu a minha atenção do inicio ao fim em um thriller com temáticas nada palatáveis, cenários e personagens nada usuais. Filme lindo.
E essa sinopse está péssima,
Poesia Sem Fim
4.3 89Vendi meu diabo à alma.
Histórias Que Só Existem Quando Lembradas
4.1 283 Assista AgoraIncrível como foi construída a narrativa no passar dos dias sem tornar o filme maçante com a repetição dos cenários, graças ao recurso de mudança de posição da câmera e da fotografia das cenas. Inclusive, fotografia impecável em todas as sequências. Me impressionou também como os personagens foram bem trabalhados e aprofundados mesmo com pouco diálogo.
Histórias que só existem quando lembradas (aliás, que nome incrível) é poesia visual.
Big Jato
3.4 76- Você não é do tipo que fica, você é do tipo que vai embora.
- Para onde se meu lugar é aqui?
- Para qualquer lugar meu filho, qualquer lugar que te faça sentir saudade dessa prisão aqui. Aqui você vai virar um fóssil, fossilizar. [...] O sertanejo forte é aquele que parte. não aquele que fica parado cheia de mosca nas venta rolando bosta numa vida sem sentido.
A Paixão de JL
4.5 72"Eu fui até a casa da minha mãe almoçar com ela, e ela me disse assim: ah, não sei o que, que cristo tinha morrido na cruz para salvar a gente. [...]
E eu falei: então não adiantou nada né. Porque o mundo continua desse jeito, tudo errado.
Ela falou: ah eu também. Eu queria um dia acordar e encontrar o mundo totalmente diferente.
Eu falei: eu queria acordar e estar morto".
Toda Forma de Amor
4.0 1,0K Assista AgoraOur good fortune allowed us to feel a sadness that our parents didn't have time for and a happiness that I never saw with them.
Adaptação.
3.9 707 Assista Agora"What I came to understand is that change is not a choice. Not for a species of plant, and not for me."
Adaptação.
3.9 707 Assista AgoraEu me apaixono por uma metalinguagem bem feita.
Pequeno Segredo
3.3 118 Assista AgoraApelativo, atuações horrorosas, roteiro mal feito, trilha sonora extremamente irritante e desnecessária. Parece uma novela ruim da globo.
Poucas Cinzas: Salvador Dalí
3.4 316Como conseguiram transformar biografias tão empolgantes de genialidades, dentro de um período histórico efervescente, com imensas referências artísticas e politicas que poderiam ser melhor exploradas... e fazer um filme tão sem graça?
She’s Beautiful When She’s Angry
4.6 152FEMINISMO RADICAL RESISTE!
A Igualdade é Branca
4.0 366 Assista AgoraA igualdade é um branco meio encardido.
A Liberdade é Azul
4.1 650 Assista AgoraA liberdade plena, talvez só seja possível através da morte. Da completa libertação do material e do carnal, dos apegos, das relações, dos desejos. Por duas vezes Julie quase alcançou: no acidente e na tentativa frustada de suicídio. Sua única escolha era portanto, recomeçar livre de bens materiais, pessoas e memórias, já que terá que se manter viva. Busca então na solidão uma ressignificação do que lhe é caro, do que lhe é cotidiano, do que chama de lar.
Os encontros de sua vida mostram os insights que Julie tinha à respeito de suas buscas. Por mais que tentasse se desvincilhar do passado, continuava sendo puxada para uma realidade de luto, em que teria que lidar com sentimentos de perda, de medo, de traição. Alguns ratos temos que matar (e limpar) sozinhos.
*
Me assusta e me encanta a forma como os europeus (mas principalmente, franceses) lidam com o amor nos filmes. De forma quase condescendente. "Você ainda me ama?" "Sim, te amo". Não há expectativa ou ansiedade.
"Eu ia perguntar se ele te amava, mas já sei que sim." Compreensão de que os sentimentos não tem fronteiras, que podem surgir de diferentes formas, arranjos e intensidades sem necessariamente significar uma traição.
Não é uma passividade, mas condescendência, motivada não pela fraqueza mas por um sentimento corajoso, motivada por empatia.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraA vergonha de ser quem ele sempre foi só se torna latente quando ela pode ser notada, no caso, pela sua irmã. Sissy invade a bolha criada por ele, que de inicio pode ter sido pensada para manter seus maus hábitos escondidos das pessoas de seu convívio, mas na verdade servia para ele escondê-los de si mesmo. A iminência de seu problema com relações interpessoais faz com que ele se sinta nu pela primeira vez (ao menos, pela primeira vez naquele contexto). Fora de seu habitat (fora da cama) ele não sabe lidar com o que lhe é posto a prova. É colocado que ele lide com os sentimentos de sua irmã, tão carente de atenção e ajuda. É colocado que ele se relacione, de verdade, com alguém. E são obstáculos tão gigantescos que ele prefere o escapismo, o esdrúxulo.
Essa fuga machuca Brandon durante todo o filme. Ele não sabe como lidar com o que ele se tornou e não consegue mais fingir que não vê.
Abordagem existencialista genial de Steve McQueen, que fez com que fosse possível sentir identificação com uma personagem tão distante da realidade de muitos. Temos todos algo de comum, afinal.
Jogo de Cena
4.4 336Que força tem nossas mulheres.
Baixio das Bestas
3.5 397O objetivo de alguns filmes é causar a reflexão através de sentimentos de catarse, angústia, nojo, raiva, ódio. Te coloca em uma posição de alteridade para com as personagens, não há mais distinção entre ator-espectador, eu sou a vítima e eu sou o vilão. E isso é um recurso maravilhoso do cinema que o Cláudio Assis sempre soube usar.
Mas depois do ocorrido esse ano, onde Cláudio Assis ficou bêbado em um evento e soltou frases extremamente machistas, eu tenho muita dificuldade de analisar a intencionalidade e o posicionamento dele em sua obra. Ou pelo menos A REAL intencionalidade e o REAL posicionamento dele. Quando o Everaldo quebra a quarta parede e diz "Sabe o que é o melhor no cinema? É que no cinema você pode fazer o que quiser" eu não tenho como não ler isso de forma fetichizada, onde ele (Cláudio Assis) pode fazer o que quiser com as mulheres dos filmes deles, que ele pode mostrar uma realidade sem se posicionar claramente que os críticos vão achar tudo lindo e "cru", simplesmente porque "é a realidade", simplesmente porque ele é um cineasta, etc. Fica o questionamento: como saber e como considerar a real intencionalidade e potencialidade de uma obra? Como analisar isso de forma crítica e política?
De qualquer forma, Cláudio Assis, talvez Everaldo possa fazer o que quiser, mas você não. Machistas não passarão.
O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias
3.7 455A angústia de ver a história sob os olhos da criança e desconhecer o real paradeiro dos pais me fez notar o quão pouco revelamos às nossas crianças. Não os deixamos saber da histórias completas, das verdades, porque achamos que elas não estarão preparadas, que elas não saberiam lidar. Será que Mauro não ficaria melhor sem aquele medo do abandono, sem aquele medo do desconhecido? Será que temos que tratar as crianças como seres humanos incompletos?
De qualquer forma, a história é majestosa por ser quase infantil, no sentido em que é leve e apenas contorna o terror da ditadura. Sob os olhares daqueles que não estavam diretamente relacionados ou preocupados, mas que não tiveram como não se envolver num contexto marcado pela repressão e perseguição policial da época.