Jonas Mekas na veia. Azul e mar têm significados quase que opostos para cada um desses dois personagens. Fez-me lembrar uma das grandes músicas do Tim Maia, a qual deixo transcrita abaixo, que faz sentido para ambos.
"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir Tenho muito pra contar Dizer que aprendi E na vida a gente tem que entender Que um nasce pra sofrer Enquanto o outro ri Mas quem sofre sempre tem que procurar Pelo menos vir achar Razão para viver Ver na vida algum motivo pra sonhar Ter um sonho todo azul Azul da cor do mar."
Ou um então um pequeno trecho da música mais batida de Scorpions:
Your pride has built a wall So strong that I can't get through Is there really no chance To start once again? I'm loving you (...) I need your love I'm still loving you
Na minha opinião as críticas à escolha noventista/oitentista da trilha sonora são infundadas, Começando pelo fato de que a música escolhida qualquer que seja no final das contas não importa muito, pois todas elas vão falar de aspectos inerentes a qualquer relação humana, com efeitos bastante parecidos e que acabarão por fazer sentido se colocarmos em uma obra cinematográfica extremamente aconchegante, tal qual a metáfora do tapete. Não é exagero falar que Aftersun dá outro significado a qualquer que seja a musica que você pense aí, pois a intenção é muito mais do que uma canção querendo ser a ferramenta de manipulação emocional do diretor. Sem falar da natureza humana que faz nos identificar mesmo é com esses "modões" atemporais e genéricos. É exatamente isso que conecta até mesmo duas pessoas de idades e momentos diferentes, e nós espectadores com eles também. Isso não torna a relação de ambos menos poderosa ou menos intimista, pelo contrário, caso a escolha fosse mais underground ou algo original, aí sim, na minha opinião, seria um erro, um desperdício.
E como é fácil se conectar com qualquer abordagem que você queira fazer relacionado a esse filme. É sobre memórias e como elas funcionam, é sobre não conseguir fazer tudo que queremos, é sobre paternidade e infância, é sobre personas, sobre inocência e suas descobertas, é sobre aqueles que já se foram e os que ficam, é sobre ferir quem amamos, e principalmente, sobre como estamos nos reduzindo ao que temos e não ao que realmente somos.
Para Tarkosvky, artista é aquele que dirige e escreve seus próprio filme. Sendo assim, Charlotte Wells: artista. Aliás, uma estreia em longa que muito me empolga. A melhor desde Hu Bo (impressionante como até mesmo lembrar dele gera uma outra ligação com o que esse filme conversa).
Quando se lança um filme de guerra, é certo que ouviremos recomendações para ir vê-lo no cinema afim de ter a melhor experiência possível, principalmente por conta dos efeitos sonoros, muita gritaria, bombas e metralhadoras no máximo volume é o que esperamos. Vou me limitar a comentar sobre essa expectativa, apesar do filme possuir outros aspectos incríveis.
Em Zona de Interesse, ir ao cinema e buscar uma melhor qualidade no som continua sendo recomendado, mas dessa vez os áudios esperados dos conflitos soam como se estivessem sendo negativados (assim como um trecho do filme em que a fotografia sofre essa alteração), é abafado, escondido, não deveria estar acontecendo, pois não é interessante para a família nazista. Não é a subversão de gênero pela subversão, como está na moda fazer por aí. É recurso narrativo para contar da melhor forma a história e acaba resultando em um dos melhores trabalhos de som e trilha do ano, originalíssimo. Resumindo os elogios pra não ficar muito extenso, uma obra impecável.
Alô você, alô Brasil, chegando! É você mesmo! Itálica campeã mundial de futebol. Com todos os méritos. Com todas as justiças. É claro, é claro que eu também estou inconformado com você Porque poderia ser, hoje, o Brasil comemorando o título...
Se... se é fácil perder, perder do jeito que nós perdemos... hein? Ainda é muito mais difícil. Ma muito mais difícil mesmo. É difícil perder sabendo que a gente não pode esquecer, é difícil esquecer isso. Tempo nós vamos ter para esquecer, sem dúvida. Esta Copa do Mundo de 2006 mais por quatro anos, no mínimo ela vai ficar aqui com a gente. E talvez para sempre. 1950, que jamais foi esquecida pelo grande favoritismo do Brasil e pelo desastre na final do Maracanã. Agora é a hora que os craques decidiram não jogar... Isso é verdade, ma muita verdade, não teve espetáculo E o resultado poderia ser o que aconteceu exatamente.
Agora é hora de reverenciar Cannavaro, Totti, Zambrotta! Aeerghhh Itália! Campeã mundial, pra nós É hora da gente pensar no futuro. Futuro. É hora da gente reformular, reformular É hora da gente mudar, ou mudar de vez Vamos colocar o castelo de areia abaixo, abaixo! E iniciar uma construção sólida para 2010 Copa 2010! África do Sul também não é assim tão longe É logo ali! Caso contrário nós seremos comida de leões.
Subiu na fila da minha watchlist graças ao novo vídeo do EntrePlanos.
Uma pena o áudio, pelo menos na versão que vi, ter qualidade ruim, baixo nos diálogos. Decidi ver mesmo assim, e foi possível aproveitar outros aspectos interessantes. O tempo todo, transpira brasilidade, de um país ora distante, ora próximo de nossos dias atuais.
Para que a realidade se recupere do caos, o ator precisa voltar a ser ator, o personagem a ser personagem e a sonhadora a ser sonhadora.
O livre-arbítrio que os personagens do filme em preto e branco dizem ser a principal característica humana para mim soa como uma ironia do Woody Allen, não passa de ilusão que temos sobre nós mesmos. Prova disso é a apatia da Cecília.
Ao final de tudo, ilusões são só ilusões e o cinema é só cinema, não há prestações de contas com a realidade. Woody convida o espectador a descer das nuvens, em queda livre, daquela possível história de amor e a colocar os dois pés bem firmes no chão. De uma cena para outra, somos virados de cabeça para baixo quando percebemos o rumo final do enredo. E agora? Chora no cinema que é lugar quente. A mensagem é clara, honesta e livre de demagogia e enfeites: O cinema não vai resolver todos os seus problemas ou todos os problemas do mundo, mas esses mesmos problemas podem esperar, por algum par de horas, do lado de fora da sala do cinema.
Solaris. Solo Aris. Solo Hary. Solo Kris. Que o Tarkovsky, conhecido por não gostar que interpretem suas obras, me perdoe, mas refleti um pouco sobre o filme e pois bem, vamos lá.
Gosto de imaginar Solaris como sendo a última chance de curar os solitários, ao passo que também é uma punição. A estação seria uma espécie de internato ou uma prisão. O que eu quero dizer é que os humanos que vão para lá precisam pagar por serem solitários demais e só serão capazes de voltar se aprenderem a lidar com isso e com seus traumas do passado. Kris não se encaixa com seus iguais na Terra, não consegue se conectar com a natureza, sua alma transborda amargura e enquanto ele permanecer por aqui estará fazendo mal para os outros e para ele mesmo. É um humano sem conexões e atitudes humanas.
Talvez, a solarística esteja sendo abandonada pois a maioria dos homens que ficam na terra finalmente evoluíram e entenderam "que o homem precisa do homem e não de outros mundos(verso citado do longa)". Enxergo como sendo um desses "homens bons" o pai do Kelvin Kris, pois, ainda na Terra, ajuda um amigo que pede pra cuidar de suas crianças, por exemplo. Mas nem todos os seres evoluíram, aí que entra na história o nosso protagonista e os outros cosmonautas, em especial o Dr Snaut.
Na estação de Solaris, Dr. Snaut é o paciente ou preso mais próximo a ter alta. Parece dominar muito bem a rotina e explicações daquele lugar, já não é influenciado pela materialização de seus pensamentos (nunca foi mostrado quem seria a "copia fantasma" dele no filme) e também tem o que parece ser seu jantar de despedida, de aniversário, em que ele de forma poética explicita tudo que aprendeu nessa experiência. Ao que parece, no dia seguinte, Dr Snaut voltará à Terra e será reintegrado a sociedade. Ele cumpriu seu tempo de prisão e pagou pelo seu crime, ser solitário.
No final, Kris ainda não curado de sua solidão, não pode voltar. Pode ser que até aqui acompanhamos ele superando o suicídio da esposa. Mas há ainda uma questão a resolver, a distante relação com o seu pai (Ou duas pelo menos, visto que subjetivamente ele ainda parece desconexo com a natureza). Nota-se que o Pai reage entranhamente ao abraço do filho na última cena do filme. É mais uma cópia que precisa ser resolvida, mais um "crime" que ele precisa pagar.
É muito interessante ver um protagonista tão fechado em si e ao mesmo tempo Solaris ser esse filme tão aberto.
Dificilmente será mais melancólico que torcer para um certo time que virou SAF de americanos perdidos, gastou 20 milhões num bagre argentino, somou 9 pontos em 13 jogos e está virtualmente rebaixado para mais uma série B. Mas tô no aguardo e no hype.
Kim tinha um memorável estilo pra escovar os dentes, era um hábito que ela fazia com um prazer até fora do comum. Ainda havia muitos motivos pra mostrar seu sorriso durante o resto do dia.
Quando vi no flashfoward a troca pela escova automática, simbolizando sua nova vida também em preto e branco como a do Gene, já poderia acabar o episódio ali. É impressionante olhar pra trás e saber que essa simples ação dela foi repetida em episódios passados, para só agora construir essa sutileza. Sem palavras
O carro, além de possuir um simbolismo muito forte sendo essa zona de conforto vermelha, quase sempre com as janelas fechadas, em meio ao cinza predominante do filme, representava também a culpa, o medo e a solidão do Yusuke. Tenho a impressão clara de que ele tinha condições financeiras para substitui-lo por modelos mais novos e confortáveis, mas não o fazia. Provavelmente, o personagem achava que não merecia ter um carro novo ou estava aguardando por muito tempo o momento certo. Sabe o deixa pra depois que nunca chega? Yusuke postergou por muito tempo sua felicidade, evitando as freadas ou acelerações bruscas do carro. O fato do Saab 900 não estar mais em sua posse mostra que ele percebeu que aquela culpa, aquele medo e a solidão não precisam mais acompanhá-lo nessa jornada da vida, a motorista por sua vez ainda irá carregar esse peso por algum tempo, precisa que alguém(ou até mesmo o pet que apareceu no final) "drive your car" para ela conseguir parar, refletir e chegar a maturidade que o Yusuke chegou.
Drive My Car tem uma vibe bem Morangos Silvestres, do Bergman. Gostei bastante. Isak e Yusuke quase são homônimos homofonos e também possuem significados parecidos (respectivamente: aquele que ri, aquele que é tranquilo), não à toa possuem personalidades semelhantes. Fazem parte daqueles tipos de pessoas que pagam para não entrar em uma confusão,
mesmo diante de traições amorosas que ambos os personagens passam
acreditam que conflitos devem ser evitados para assim evitarem sofrimentos ainda maiores, se apegam a velhos objetos materiais e mantém uma rotina meticulosa. Entretanto, um pequeno road movie e novas amizades forçarão novas reflexões...
É isso, Drive My Car não é um filme dos mais originais(quem liga?). Até mesmo Manchester à Beira-mar recentemente veio com essa pegada, tratando muito bem a solidão e o luto reprimido. Pode-se dizer que, fazendo um comparativo no geral, este filme japonês e Manchester estão em níveis próximos, porém ainda abaixo do clássico do Bergman. A parte da passividade entoxicando um relacionamento também não é novidade, vimos isso em Midsommar. Apesar disso, não sei se pelo estereótipo frio dos orientais, foi fácil comprar as atitudes e diálogos do enredo do filme do Ryusuki Hamaguchi. Há também histórias secundárias muito interessantes e cenas belíssimas como a última com a linguagem de sinais e a do cigarro no carro. Atuações de grande nível, destacando a Toko Miura. As indicações ao Oscar são muito justas.
O pior dos sentimentos são aqueles que não conseguimos nem nomear. O que sente a personagem da Nina e Leda? Algo que não existe no nosso vocabulário e nem mesmo uma professora universitária de línguas conseguiu substantivar. É como tentar pensar em uma cor que não existe.
The Lost Daughter pode ser resumido com uma cena de 3 segundos em que a Leda observa as frutas com aparência boa por fora e podre por dentro, assim como a boneca perdida. Não que ela seja uma vilã, há muita profundidade e justificativa em cada uma de suas ações, mas Leda não consegue amar, leva uma vida amarga, hedonista, egocêntrica e doentia.
Cenas na praia, sorvete, rivalidade com a irmã, bonecas e a personalidade difícil da personagem me fizeram lembrar o clássico "Quem matou baby Jane?".
Fico feliz da diretora estreante ter ido além da já tão debatida romantização da maternidade. A Maggie Gyllenhaal tem tudo sobre controle. Os cortes acontecem exatamente quando tem que acontecer, algumas cenas se tivessem alguns segundos a mais diriam muito mais do que deveriam. Uma habilidade dessa costuma vir quando se tem mais experiências em longas. Ajuda muito no nível de atuação dos atores, na atmosfera carregada e é impressionante ela ter mostrado isso já em seu primeiro filme.
Olha, surpreendente. Para começar, acho que alguns críticos bateram mais do que deveriam no filme. Quem questiona e acha que deveria ter uma suposta participação maior de outros países nesse fênomeno global(vale lembrar que há um número reduzidissimo de países que investem hoje em defesa espacial) ou não entendeu a proposta do filme ou está com má vontade com o Adam Mckay. Ao contrário, eu acharia pretensioso e soberbo demais se o diretor optasse por esse caminho sem saber direito a singularidade de cada país, a ideia aqui é completamente inverso a isso. Veja ao seu redor o que é comparável com Dont Look Up e aí sim reflita, imagine o comportamento de seus representantes frente a isso. Esse é o exercício proposto.
Acho o filme quase impecável nos dois primeiros atos, no terceiro é que começa a tropeçar e fazer escolhas de roteiro realmente comprometedoras. Porém tem uma satira poderosa, rapidamente a gente entende o que quer ser transmitido a cada cena. A caricatura é proposital e por natureza de fácil compreensão, busca atingir o maior número de pessoas. O filme é um grito de socorro daqueles desesperados para serem ouvidos. Olhar ou não é uma escolha sua, mas a realidade não se importa com isso. Minta pra si mesmo, escolha não ser maduro, faça meme, se deixe ser enganado ou acredite que o abacaxi irá um dia se chamar mamão. A verdade será sempre verdade.
Filme tão intimista e narcisista que dá impressão de sermos intrusos numa festa em que não fomos convidados.
Entendo que a intenção do Paolo Sorrentino era contar sua autobiografia com lembranças nostálgicas de formas fragmentadas, mas causa estranheza e passa do ponto quando por exemplo, se coloca uma música criada em 2018, pela hinchada argentina, na copa do mundo e o pior que nem é um canto exclusivo do Maradona, sendo mais direcionado ao Messi ao ser entoada. Por vezes, quer fazer afagos demais aos hermanos de luto. Acaba soando como gratuito e desconectado da realidade do próprio enredo.
Por outro lado, é um bom filme principalmente nos seus diálogos. Deve batalhar nomeação no Oscar. Existe uma gostosa sensação de efeito borboleta agindo naqueles cidadãos de Nápoles com a chegada do Maradona, deve ter sido um local/época incrível e mágico para um fã de futebol estar.
JOsh + DANi + Pelle = Jordan Peele. Troca de figurinhas entre diretores dessa nova safra de terror. Acredito que esse filme fala principalmente sobre renovação e vejo como uma metáfora para o momento que o gênero terror passa ganhando um fôlego novo. O sinal com a boca que as mulheres fazem por exemplo em Midsommar, significa, para mim, uma pequena terapia, como se tivessem encerrando e iniciando um novo ciclo de respiração.
Além disso, é admirável a coragem do Ari Aster spoilar seu próprio filme com um segundo, mas quando ele decide usar o mesmo recurso a cada 30 minutos o filme perde a sutileza e se torna repetitivo e previsível demais. Temo que essa fórmula se torne o jumpscare da nova geração, pois esse mesmo recurso com quadros anunciativos e tudo mais é utilizado de forma parecida em Us, Hereditário e Corra. Apenas uma observação: Sem arrogância aqui quanto ao uso de jumpscare, minha alusão é apenas comparando ao número de repetições em várias cenas, o que pouco agrega ao filme, seja o jumpscares, seja a sugestão do medo do que está por vir atráves de pintura.
Mas isso não tira a qualidade do longa. A história é tão bem contada que nos faz repetir internamente: É só um filme. Como eu gostaria que todo o roteiro de filmes fossem fechados, concisos e direto ao ponto como em Midsommar! E a direção consegue ser ainda o melhor do filme, destaque para a primeira cena de horror e
a que Dani finalmente encontra empatia, no 3° ato.
A angústia que em alguns momentos Ari Aster nos faz passar buscando o rosto da personagem principal em planos abertos e desfocados, mostra o total controle que ele tem do filme. Absolutamente nada é gratuito. A recompensa pela angústia acontece no exato momento que deve acontecer, nenhum segundo a mais ou a menos. Florence Pugh parece ser bastante talentosa e entrega uma das atuações mais surpreendentes que já vi. Senti falta apenas do desenvolvimento de um ou outro personagem, mas não estou certo se isso causou grandes prejuízos.
Senti falta do documentario abordando o comportamento de atletas limpos em meio a tudo isso. São as maiores vítimas e acabam sendo completamente ignorados.
Aliás, ridículo o argumento do bryan defendendo seu amigo na sala... Seu apadrinhado mafioso largou a família na russia para expor a verdade? Não. Expôs a verdade pois a delação do esquema era o único caminho para salvar o próprio pescoço. Sem um pingo de remorso ,o cara se oferece no começo do filme para burlar a urina de um atleta de quem nunca ouviu falar antes em campeonato amador de bike da frança e, mesmo assim, no final do filme, ele acredita fielmente possuir a última reserva moral do mundo. Não dá pra acreditar.
Infelizmente, obras assim me deixam paranoico. Se até mesmo não podemos confiar no processo de antidoping para garantir a honestidade em eventos esportivos, vamos acreditar na lisura do que em nossas vidas? A corrupção é simplesmente um dos piores crimes que existem, nenhum ser humano consegue conviver e tolerar injustiças!
Um absurdo de documentário. A edição merece pelo menos um prêmio rookie of the year.
Uma produção que foi competente e surpreendente ao mostrar um Michael Jordan perdido fora das quadras, mas dominante dentro delas. Além disso, foi ambiciosa. MJ flutuava muitas vezes em segundo plano e não se perdia o ritmo da série, todos personagens tinham por igual uma importancia para se adicionar aos acontecimentos mostrados.
The Last Dance é sobre nba, fama, juventude, liderança, decisões ruins, decisões boas. Mesmo quem não é muito chegado a esportes(não é o meu caso) recomendo experimentar!
Ouvi alguns comentários que o tal monstro do filme foi de fato personificado e que posteriormente o diretor, produtores e atores acharam que a tal figura não agradaria o publico e o mesmo foi retirado da gravação. Atitude que vi ser comemorada por alguns aqui e exaltada por até mesmo críticos renomados que eu acompanho.
Não é por nada não, mas essa tendencia que muitos filmes do genero vem seguindo de não optar por mostrar o "monstro-personagem" as vezes dá no saco. No meu ver, isso acaba atrapalhando todo o processo criativo do filme, deixando, no minimo, os responsáveis pela criação desencorajados ou até mesmo preguiçosos para sair da zona de conforto. Tá, até pode ser que a figura do tal bebe verde gigante pra algumas pessoas faria perder o tom do filme, mas por que raios parar por aí? Existe outros caminhos a serem explorados e o diretor simplesmente desistiu de melhorar a ideia. Filmes como Jurassic Park, ET ( Spielberg) e Senhor dos Aneis não tiveram medo de arriscar seus arquétipos. Suas figuras de dinossauros, extra-terrestres e magos ultrapassaram a sala do cinema e se fixaram em nossa imaginação para sempre.
Não, não prefiro Guerra dos Mundos ou os filmes dos predadores à Birdbox. Apesar dessas minhas considerações achei um bom filme com varias camadas bastante relevantes para discussão. Definitivamente é, finalmente, algo de bom que saiu da netflix desde algum tempo. O marketing e todo o hype pra mim se justificaram, vale a pena sim assistir.
Assim como muitos considero que mãe! tem inúmeras camadas e pontos de vista diferentes para serem analisados. Não podemos nos prender em nenhuma cena apenas a camada religiosa, ambientalista, fama, etc. do filme. É preciso abstrair, assistir na intenção de aproveita-lo em sua integralidade.
O bebê que para alguns colegas cinéfilos se trata de jesus prefiro ver como ele é, uma criação da natureza. Deus, retratado como personagem extremamente narcisista e egocêntrico, não suporta que outra divindade como a mãe- natureza também, assim como Ele, "crie" algo humano, ou até quem sabe outra divindade. Não dá pra saber ao certo.
O Dialogo que retrata muito bem isso é o que o Javier Bardem e a Jennifer Lawrence rebatem um ao outro. "Eu sou o pai dele" " Eu sou a mãe dele". Eu interpretei que o diretor quis mostrar que nesse momento ela ganha a discussão, sendo assim o filho ou melhor a criação é realmente dela, ou pelo menos, ela é a maior responsável.
Essa visão explica a obsessão de Deus em dar aos homens a criança para sacrifício, ele não suportaria a ideia da mãe natureza ter desenvolvido o mesmo dom que ele (pode ser visto como questão feminista se essa é a ótica que pretende analisar) isso também explica porque a humanidade consome o que a natureza dá, a criação de deus parece ter tesão em destruir tudo que é parte da natureza. Fomos criados para isso.
Gosto de Cereja
4.0 224 Assista AgoraPaulo Bracks após sua demissão do Vasco da Gama SAF
Aftersun
4.1 700Jonas Mekas na veia.
Azul e mar têm significados quase que opostos para cada um desses dois personagens. Fez-me lembrar uma das grandes músicas do Tim Maia, a qual deixo transcrita abaixo, que faz sentido para ambos.
"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir
Tenho muito pra contar
Dizer que aprendi
E na vida a gente tem que entender
Que um nasce pra sofrer
Enquanto o outro ri
Mas quem sofre sempre tem que procurar
Pelo menos vir achar
Razão para viver
Ver na vida algum motivo pra sonhar
Ter um sonho todo azul
Azul da cor do mar."
Ou um então um pequeno trecho da música mais batida de Scorpions:
Your pride has built a wall
So strong that I can't get through
Is there really no chance
To start once again?
I'm loving you
(...) I need your love
I'm still loving you
Na minha opinião as críticas à escolha noventista/oitentista da trilha sonora são infundadas, Começando pelo fato de que a música escolhida qualquer que seja no final das contas não importa muito, pois todas elas vão falar de aspectos inerentes a qualquer relação humana, com efeitos bastante parecidos e que acabarão por fazer sentido se colocarmos em uma obra cinematográfica extremamente aconchegante, tal qual a metáfora do tapete. Não é exagero falar que Aftersun dá outro significado a qualquer que seja a musica que você pense aí, pois a intenção é muito mais do que uma canção querendo ser a ferramenta de manipulação emocional do diretor. Sem falar da natureza humana que faz nos identificar mesmo é com esses "modões" atemporais e genéricos. É exatamente isso que conecta até mesmo duas pessoas de idades e momentos diferentes, e nós espectadores com eles também. Isso não torna a relação de ambos menos poderosa ou menos intimista, pelo contrário, caso a escolha fosse mais underground ou algo original, aí sim, na minha opinião, seria um erro, um desperdício.
E como é fácil se conectar com qualquer abordagem que você queira fazer relacionado a esse filme. É sobre memórias e como elas funcionam, é sobre não conseguir fazer tudo que queremos, é sobre paternidade e infância, é sobre personas, sobre inocência e suas descobertas, é sobre aqueles que já se foram e os que ficam, é sobre ferir quem amamos, e principalmente, sobre como estamos nos reduzindo ao que temos e não ao que realmente somos.
Para Tarkosvky, artista é aquele que dirige e escreve seus próprio filme. Sendo assim, Charlotte Wells: artista. Aliás, uma estreia em longa que muito me empolga. A melhor desde Hu Bo (impressionante como até mesmo lembrar dele gera uma outra ligação com o que esse filme conversa).
Zona de Interesse
3.6 578 Assista AgoraQuando se lança um filme de guerra, é certo que ouviremos recomendações para ir vê-lo no cinema afim de ter a melhor experiência possível, principalmente por conta dos efeitos sonoros, muita gritaria, bombas e metralhadoras no máximo volume é o que esperamos. Vou me limitar a comentar sobre essa expectativa, apesar do filme possuir outros aspectos incríveis.
Em Zona de Interesse, ir ao cinema e buscar uma melhor qualidade no som continua sendo recomendado, mas dessa vez os áudios esperados dos conflitos soam como se estivessem sendo negativados (assim como um trecho do filme em que a fotografia sofre essa alteração), é abafado, escondido, não deveria estar acontecendo, pois não é interessante para a família nazista. Não é a subversão de gênero pela subversão, como está na moda fazer por aí. É recurso narrativo para contar da melhor forma a história e acaba resultando em um dos melhores trabalhos de som e trilha do ano, originalíssimo. Resumindo os elogios pra não ficar muito extenso, uma obra impecável.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 797 Assista AgoraAlô você, alô Brasil, chegando! É você mesmo!
Itálica campeã mundial de futebol. Com todos os méritos. Com todas as justiças.
É claro, é claro que eu também estou inconformado com você
Porque poderia ser, hoje, o Brasil comemorando o título...
Se... se é fácil perder, perder do jeito que nós perdemos... hein?
Ainda é muito mais difícil. Ma muito mais difícil mesmo.
É difícil perder sabendo que a gente não pode esquecer,
é difícil esquecer isso.
Tempo nós vamos ter para esquecer, sem dúvida.
Esta Copa do Mundo de 2006 mais por quatro anos, no mínimo
ela vai ficar aqui com a gente. E talvez para sempre. 1950, que jamais foi esquecida pelo grande favoritismo do Brasil
e pelo desastre na final do Maracanã.
Agora é a hora que os craques decidiram não jogar...
Isso é verdade, ma muita verdade, não teve espetáculo
E o resultado poderia ser o que aconteceu exatamente.
Agora é hora de reverenciar Cannavaro, Totti, Zambrotta!
Aeerghhh Itália! Campeã mundial, pra nós
É hora da gente pensar no futuro. Futuro.
É hora da gente reformular, reformular
É hora da gente mudar, ou mudar de vez
Vamos colocar o castelo de areia abaixo, abaixo!
E iniciar uma construção sólida para 2010
Copa 2010!
África do Sul também não é assim tão longe
É logo ali!
Caso contrário nós seremos comida de leões.
Macunaíma
3.3 274 Assista AgoraSubiu na fila da minha watchlist graças ao novo vídeo do EntrePlanos.
Uma pena o áudio, pelo menos na versão que vi, ter qualidade ruim, baixo nos diálogos. Decidi ver mesmo assim, e foi possível aproveitar outros aspectos interessantes. O tempo todo, transpira brasilidade, de um país ora distante, ora próximo de nossos dias atuais.
A Rosa Púrpura do Cairo
4.1 591 Assista AgoraMais que as óbvias piadas com a metalinguagem, o filme também é sobre estarmos presos a papéis, a personagens, destino.
Para que a realidade se recupere do caos, o ator precisa voltar a ser ator, o personagem a ser personagem e a sonhadora a ser sonhadora.
O livre-arbítrio que os personagens do filme em preto e branco dizem ser a principal característica humana para mim soa como uma ironia do Woody Allen, não passa de ilusão que temos sobre nós mesmos. Prova disso é a apatia da Cecília.
Ao final de tudo, ilusões são só ilusões e o cinema é só cinema, não há prestações de contas com a realidade. Woody convida o espectador a descer das nuvens, em queda livre, daquela possível história de amor e a colocar os dois pés bem firmes no chão. De uma cena para outra, somos virados de cabeça para baixo quando percebemos o rumo final do enredo. E agora? Chora no cinema que é lugar quente. A mensagem é clara, honesta e livre de demagogia e enfeites: O cinema não vai resolver todos os seus problemas ou todos os problemas do mundo, mas esses mesmos problemas podem esperar, por algum par de horas, do lado de fora da sala do cinema.
Solaris
4.2 368 Assista AgoraSolaris. Solo Aris. Solo Hary. Solo Kris.
Que o Tarkovsky, conhecido por não gostar que interpretem suas obras, me perdoe, mas refleti um pouco sobre o filme e pois bem, vamos lá.
Gosto de imaginar Solaris como sendo a última chance de curar os solitários, ao passo que também é uma punição. A estação seria uma espécie de internato ou uma prisão. O que eu quero dizer é que os humanos que vão para lá precisam pagar por serem solitários demais e só serão capazes de voltar se aprenderem a lidar com isso e com seus traumas do passado. Kris não se encaixa com seus iguais na Terra, não consegue se conectar com a natureza, sua alma transborda amargura e enquanto ele permanecer por aqui estará fazendo mal para os outros e para ele mesmo. É um humano sem conexões e atitudes humanas.
Talvez, a solarística esteja sendo abandonada pois a maioria dos homens que ficam na terra finalmente evoluíram e entenderam "que o homem precisa do homem e não de outros mundos(verso citado do longa)". Enxergo como sendo um desses "homens bons" o pai do Kelvin Kris, pois, ainda na Terra, ajuda um amigo que pede pra cuidar de suas crianças, por exemplo. Mas nem todos os seres evoluíram, aí que entra na história o nosso protagonista e os outros cosmonautas, em especial o Dr Snaut.
Na estação de Solaris, Dr. Snaut é o paciente ou preso mais próximo a ter alta. Parece dominar muito bem a rotina e explicações daquele lugar, já não é influenciado pela materialização de seus pensamentos (nunca foi mostrado quem seria a "copia fantasma" dele no filme) e também tem o que parece ser seu jantar de despedida, de aniversário, em que ele de forma poética explicita tudo que aprendeu nessa experiência. Ao que parece, no dia seguinte, Dr Snaut voltará à Terra e será reintegrado a sociedade. Ele cumpriu seu tempo de prisão e pagou pelo seu crime, ser solitário.
No final, Kris ainda não curado de sua solidão, não pode voltar. Pode ser que até aqui acompanhamos ele superando o suicídio da esposa. Mas há ainda uma questão a resolver, a distante relação com o seu pai (Ou duas pelo menos, visto que subjetivamente ele ainda parece desconexo com a natureza). Nota-se que o Pai reage entranhamente ao abraço do filho na última cena do filme. É mais uma cópia que precisa ser resolvida, mais um "crime" que ele precisa pagar.
É muito interessante ver um protagonista tão fechado em si e ao mesmo tempo Solaris ser esse filme tão aberto.
Fale Comigo
3.6 960 Assista AgoraAh! A mãozinha responsável por enlouquecer Dibu Martinez, quando ele a recebeu no prêmio de melhor goleiro da última copa.
Vidas Passadas
4.2 721 Assista AgoraDificilmente será mais melancólico que torcer para um certo time que virou SAF de americanos perdidos, gastou 20 milhões num bagre argentino, somou 9 pontos em 13 jogos e está virtualmente rebaixado para mais uma série B. Mas tô no aguardo e no hype.
Better Call Saul (6ª Temporada)
4.7 406Kim tinha um memorável estilo pra escovar os dentes, era um hábito que ela fazia com um prazer até fora do comum. Ainda havia muitos motivos pra mostrar seu sorriso durante o resto do dia.
Quando vi no flashfoward a troca pela escova automática, simbolizando sua nova vida também em preto e branco como a do Gene, já poderia acabar o episódio ali. É impressionante olhar pra trás e saber que essa simples ação dela foi repetida em episódios passados, para só agora construir essa sutileza. Sem palavras
Que venha o último!
Arremessando Alto
3.7 284 Assista AgoraUm scouter da nba, que trabalha há 30 anos viajando e vendo jogos da euroliga e afins in loco, sem saber falar um espanhol é duro de engolir.
Drive My Car
3.8 381 Assista AgoraMinha interpretação simples do final:
O carro, além de possuir um simbolismo muito forte sendo essa zona de conforto vermelha, quase sempre com as janelas fechadas, em meio ao cinza predominante do filme, representava também a culpa, o medo e a solidão do Yusuke. Tenho a impressão clara de que ele tinha condições financeiras para substitui-lo por modelos mais novos e confortáveis, mas não o fazia. Provavelmente, o personagem achava que não merecia ter um carro novo ou estava aguardando por muito tempo o momento certo. Sabe o deixa pra depois que nunca chega? Yusuke postergou por muito tempo sua felicidade, evitando as freadas ou acelerações bruscas do carro. O fato do Saab 900 não estar mais em sua posse mostra que ele percebeu que aquela culpa, aquele medo e a solidão não precisam mais acompanhá-lo nessa jornada da vida, a motorista por sua vez ainda irá carregar esse peso por algum tempo, precisa que alguém(ou até mesmo o pet que apareceu no final) "drive your car" para ela conseguir parar, refletir e chegar a maturidade que o Yusuke chegou.
Drive My Car
3.8 381 Assista AgoraDrive My Car tem uma vibe bem Morangos Silvestres, do Bergman. Gostei bastante.
Isak e Yusuke quase são homônimos homofonos e também possuem significados parecidos (respectivamente: aquele que ri, aquele que é tranquilo), não à toa possuem personalidades semelhantes. Fazem parte daqueles tipos de pessoas que pagam para não entrar em uma confusão,
mesmo diante de traições amorosas que ambos os personagens passam
acreditam que conflitos devem ser evitados para assim evitarem sofrimentos ainda maiores, se apegam a velhos objetos materiais e mantém uma rotina meticulosa. Entretanto, um pequeno road movie e novas amizades forçarão novas reflexões...
É isso, Drive My Car não é um filme dos mais originais(quem liga?). Até mesmo Manchester à Beira-mar recentemente veio com essa pegada, tratando muito bem a solidão e o luto reprimido. Pode-se dizer que, fazendo um comparativo no geral, este filme japonês e Manchester estão em níveis próximos, porém ainda abaixo do clássico do Bergman. A parte da passividade entoxicando um relacionamento também não é novidade, vimos isso em Midsommar. Apesar disso, não sei se pelo estereótipo frio dos orientais, foi fácil comprar as atitudes e diálogos do enredo do filme do Ryusuki Hamaguchi. Há também histórias secundárias muito interessantes e cenas belíssimas como a última com a linguagem de sinais e a do cigarro no carro. Atuações de grande nível, destacando a Toko Miura.
As indicações ao Oscar são muito justas.
A Filha Perdida
3.6 573O pior dos sentimentos são aqueles que não conseguimos nem nomear. O que sente a personagem da Nina e Leda? Algo que não existe no nosso vocabulário e nem mesmo uma professora universitária de línguas conseguiu substantivar. É como tentar pensar em uma cor que não existe.
The Lost Daughter pode ser resumido com uma cena de 3 segundos em que a Leda observa as frutas com aparência boa por fora e podre por dentro, assim como a boneca perdida. Não que ela seja uma vilã, há muita profundidade e justificativa em cada uma de suas ações, mas Leda não consegue amar, leva uma vida amarga, hedonista, egocêntrica e doentia.
Cenas na praia, sorvete, rivalidade com a irmã, bonecas e a personalidade difícil da personagem me fizeram lembrar o clássico "Quem matou baby Jane?".
Fico feliz da diretora estreante ter ido além da já tão debatida romantização da maternidade. A Maggie Gyllenhaal tem tudo sobre controle. Os cortes acontecem exatamente quando tem que acontecer, algumas cenas se tivessem alguns segundos a mais diriam muito mais do que deveriam. Uma habilidade dessa costuma vir quando se tem mais experiências em longas. Ajuda muito no nível de atuação dos atores, na atmosfera carregada e é impressionante ela ter mostrado isso já em seu primeiro filme.
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraOlha, surpreendente.
Para começar, acho que alguns críticos bateram mais do que deveriam no filme. Quem questiona e acha que deveria ter uma suposta participação maior de outros países nesse fênomeno global(vale lembrar que há um número reduzidissimo de países que investem hoje em defesa espacial) ou não entendeu a proposta do filme ou está com má vontade com o Adam Mckay. Ao contrário, eu acharia pretensioso e soberbo demais se o diretor optasse por esse caminho sem saber direito a singularidade de cada país, a ideia aqui é completamente inverso a isso. Veja ao seu redor o que é comparável com Dont Look Up e aí sim reflita, imagine o comportamento de seus representantes frente a isso. Esse é o exercício proposto.
Acho o filme quase impecável nos dois primeiros atos, no terceiro é que começa a tropeçar e fazer escolhas de roteiro realmente comprometedoras. Porém tem uma satira poderosa, rapidamente a gente entende o que quer ser transmitido a cada cena. A caricatura é proposital e por natureza de fácil compreensão, busca atingir o maior número de pessoas. O filme é um grito de socorro daqueles desesperados para serem ouvidos. Olhar ou não é uma escolha sua, mas a realidade não se importa com isso. Minta pra si mesmo, escolha não ser maduro, faça meme, se deixe ser enganado ou acredite que o abacaxi irá um dia se chamar mamão. A verdade será sempre verdade.
A Mão de Deus
3.6 190Filme tão intimista e narcisista que dá impressão de sermos intrusos numa festa em que não fomos convidados.
Entendo que a intenção do Paolo Sorrentino era contar sua autobiografia com lembranças nostálgicas de formas fragmentadas, mas causa estranheza e passa do ponto quando por exemplo, se coloca uma música criada em 2018, pela hinchada argentina, na copa do mundo e o pior que nem é um canto exclusivo do Maradona, sendo mais direcionado ao Messi ao ser entoada. Por vezes, quer fazer afagos demais aos hermanos de luto. Acaba soando como gratuito e desconectado da realidade do próprio enredo.
Por outro lado, é um bom filme principalmente nos seus diálogos. Deve batalhar nomeação no Oscar. Existe uma gostosa sensação de efeito borboleta agindo naqueles cidadãos de Nápoles com a chegada do Maradona, deve ter sido um local/época incrível e mágico para um fã de futebol estar.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraJOsh + DANi + Pelle = Jordan Peele. Troca de figurinhas entre diretores dessa nova safra de terror. Acredito que esse filme fala principalmente sobre renovação e vejo como uma metáfora para o momento que o gênero terror passa ganhando um fôlego novo. O sinal com a boca que as mulheres fazem por exemplo em Midsommar, significa, para mim, uma pequena terapia, como se tivessem encerrando e iniciando um novo ciclo de respiração.
Além disso, é admirável a coragem do Ari Aster spoilar seu próprio filme com um segundo, mas quando ele decide usar o mesmo recurso a cada 30 minutos o filme perde a sutileza e se torna repetitivo e previsível demais. Temo que essa fórmula se torne o jumpscare da nova geração, pois esse mesmo recurso com quadros anunciativos e tudo mais é utilizado de forma parecida em Us, Hereditário e Corra. Apenas uma observação: Sem arrogância aqui quanto ao uso de jumpscare, minha alusão é apenas comparando ao número de repetições em várias cenas, o que pouco agrega ao filme, seja o jumpscares, seja a sugestão do medo do que está por vir atráves de pintura.
Mas isso não tira a qualidade do longa. A história é tão bem contada que nos faz repetir internamente: É só um filme. Como eu gostaria que todo o roteiro de filmes fossem fechados, concisos e direto ao ponto como em Midsommar! E a direção consegue ser ainda o melhor do filme, destaque para a primeira cena de horror e
a que Dani finalmente encontra empatia, no 3° ato.
A angústia que em alguns momentos Ari Aster nos faz passar buscando o rosto da personagem principal em planos abertos e desfocados, mostra o total controle que ele tem do filme. Absolutamente nada é gratuito. A recompensa pela angústia acontece no exato momento que deve acontecer, nenhum segundo a mais ou a menos. Florence Pugh parece ser bastante talentosa e entrega uma das atuações mais surpreendentes que já vi. Senti falta apenas do desenvolvimento de um ou outro personagem, mas não estou certo se isso causou grandes prejuízos.
No mais, filme muito bom.
Ícaro
4.0 125 Assista AgoraSenti falta do documentario abordando o comportamento de atletas limpos em meio a tudo isso. São as maiores vítimas e acabam sendo completamente ignorados.
Aliás, ridículo o argumento do bryan defendendo seu amigo na sala... Seu apadrinhado mafioso largou a família na russia para expor a verdade? Não. Expôs a verdade pois a delação do esquema era o único caminho para salvar o próprio pescoço. Sem um pingo de remorso ,o cara se oferece no começo do filme para burlar a urina de um atleta de quem nunca ouviu falar antes em campeonato amador de bike da frança e, mesmo assim, no final do filme, ele acredita fielmente possuir a última reserva moral do mundo. Não dá pra acreditar.
Infelizmente, obras assim me deixam paranoico. Se até mesmo não podemos confiar no processo de antidoping para garantir a honestidade em eventos esportivos, vamos acreditar na lisura do que em nossas vidas? A corrupção é simplesmente um dos piores crimes que existem, nenhum ser humano consegue conviver e tolerar injustiças!
Arremesso Final
4.7 187 Assista AgoraUm absurdo de documentário. A edição merece pelo menos um prêmio rookie of the year.
Uma produção que foi competente e surpreendente ao mostrar um Michael Jordan perdido fora das quadras, mas dominante dentro delas. Além disso, foi ambiciosa. MJ flutuava muitas vezes em segundo plano e não se perdia o ritmo da série, todos personagens tinham por igual uma importancia para se adicionar aos acontecimentos mostrados.
The Last Dance é sobre nba, fama, juventude, liderança, decisões ruins, decisões boas. Mesmo quem não é muito chegado a esportes(não é o meu caso) recomendo experimentar!
Caixa de Pássaros
3.4 2,3K Assista AgoraOuvi alguns comentários que o tal monstro do filme foi de fato personificado e que posteriormente o diretor, produtores e atores acharam que a tal figura não agradaria o publico e o mesmo foi retirado da gravação. Atitude que vi ser comemorada por alguns aqui e exaltada por até mesmo críticos renomados que eu acompanho.
Não é por nada não, mas essa tendencia que muitos filmes do genero vem seguindo de não optar por mostrar o "monstro-personagem" as vezes dá no saco. No meu ver, isso acaba atrapalhando todo o processo criativo do filme, deixando, no minimo, os responsáveis pela criação desencorajados ou até mesmo preguiçosos para sair da zona de conforto. Tá, até pode ser que a figura do tal bebe verde gigante pra algumas pessoas faria perder o tom do filme, mas por que raios parar por aí? Existe outros caminhos a serem explorados e o diretor simplesmente desistiu de melhorar a ideia. Filmes como Jurassic Park, ET ( Spielberg) e Senhor dos Aneis não tiveram medo de arriscar seus arquétipos. Suas figuras de dinossauros, extra-terrestres e magos ultrapassaram a sala do cinema e se fixaram em nossa imaginação para sempre.
Não, não prefiro Guerra dos Mundos ou os filmes dos predadores à Birdbox. Apesar dessas minhas considerações achei um bom filme com varias camadas bastante relevantes para discussão. Definitivamente é, finalmente, algo de bom que saiu da netflix desde algum tempo. O marketing e todo o hype pra mim se justificaram, vale a pena sim assistir.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraApenas um detalhe, pensamento meu que não vi ninguém notar e gostaria de compartilhar:
O bebê não é apenas Jesus
Assim como muitos considero que mãe! tem inúmeras camadas e pontos de vista diferentes para serem analisados. Não podemos nos prender em nenhuma cena apenas a camada religiosa, ambientalista, fama, etc. do filme. É preciso abstrair, assistir na intenção de aproveita-lo em sua integralidade.
O bebê que para alguns colegas cinéfilos se trata de jesus prefiro ver como ele é, uma criação da natureza. Deus, retratado como personagem extremamente narcisista e egocêntrico, não suporta que outra divindade como a mãe- natureza também, assim como Ele, "crie" algo humano, ou até quem sabe outra divindade. Não dá pra saber ao certo.
O Dialogo que retrata muito bem isso é o que o Javier Bardem e a Jennifer Lawrence rebatem um ao outro. "Eu sou o pai dele" " Eu sou a mãe dele". Eu interpretei que o diretor quis mostrar que nesse momento ela ganha a discussão, sendo assim o filho ou melhor a criação é realmente dela, ou pelo menos, ela é a maior responsável.
Essa visão explica a obsessão de Deus em dar aos homens a criança para sacrifício, ele não suportaria a ideia da mãe natureza ter desenvolvido o mesmo dom que ele (pode ser visto como questão feminista se essa é a ótica que pretende analisar) isso também explica porque a humanidade consome o que a natureza dá, a criação de deus parece ter tesão em destruir tudo que é parte da natureza. Fomos criados para isso.
O Último Programa do Mundo
4.6 38Eis que surge ele, seu grande amigo!
Ele te ajuda a levantar. Olha nos seus olhos e diz.
Já chegou fazendo merda ein.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraDe um talento tão grande quanto sua fragilidade.
Um Homem Entre Gigantes
3.8 323 Assista Agora"Temos um djoko."
- Paulo Antunes.