Fetichização do sofrimento feminino, narrativa baseada na bíblia, estética baseada em constantes close-ups, câmeras na mão e planos sequencia que se propõem ser "esteticamente belos"... todos esses elementos confluindo para um grande pedaço de nada mascarado de reflexão sobre alguma coisa.
É tanto choque, tantas metáforas e personagens, e uma narrativa liquidificada de tão saturada e atropelada de informações, que se torna inevitável o ponto que se passa a considerar tudo uma piada de mau gosto, e ainda por cima mal contada. Atirando para o ambientalismo, o feminismo, o extremismo religioso, Mãe! se propõe discutir algo sobre qualquer coisa e acaba errando em todas as suas propostas.
Se na primeira metade, ainda existia uma esperança para desenvolvimento narrativo e de personagem, criação de atmosfera e um verdadeiro receio para com o desconhecido, a segunda metade, e em especial a última meia hora, se torna um verdadeiro circo de gratuidades, na melhor linha de "tragédia pouca é bobagem". A única sensação que me ocorreu ao sair da sessão foi se Aronofsky realmente se sentiu inteligente ao condensar e adaptar superficialmente metade da bíblia e mais um pouco num filme de duas horas.
Será que alguém já pode dar todos os prêmios do mundo para a Carrie Coon? Mal consigo pensar em adjetivos para descrever a verdadeira maravilha que foi essa temporada, em cada pequeno aspecto, sem falar naquele final completamente destruidor. The Leftovers fará uma falta imensa, pois não é todo dia que uma obra-prima dessas chega em qualquer lugar.
Não entendi o porque do frisson em cima de Get Out, como se ele fosse de algum modo a revolução que o cinema de horror estivesse procurando. O filme é bom, principalmente na primeira metade quando a ameaça é muito mais sutil e poderosa, rendendo alguns momentos assustadores pela estranha distorção (e semelhança) com a realidade. Mas, a medida que o filme segue para uma conclusão, tudo acaba se transformando num simples, mas eficiente horror de sobrevivência, direto na ação mas um pouco falho no suspense.
Horror social, como muitos andam falando? Não sei, já que a intenção de Peele parece provocar mais do que discutir, com sua série de ideias tanto bem mastigadas quanto bem trabalhadas.
Se todo mundo pensava que depois de Pacific Rim não seria mais possível fazer outro filme de kaiju maravilhoso, Colossal é a prova existente de que é possível, só é seguir pelo caminho completamente oposto. Se na primeira metade, o que domina é a regra do fascínio pelo fascínio e o ato quase infantil de encantamento frente a esse elemento fantástico, logo depois Vigalondo trata de por tudo no chão (ou seria elevá-lo ainda mais?) com uma sacada genial de tão simples.
E o que antes seria levado apenas como um divertido exercício de gênero passa por uma transformação muito mais profunda, em que movimentos e planos aparentemente simples instantaneamente passam a ter uma importância muito maior (literalmente). Ao soprar vida nos místicos monstros orientais e ao inflar a realidade de grandiosa imaginação, Colossal é um poço de criatividade e eficiência, de forma que poucos grandes filmes ainda possuem coragem de fazer.
Achei a ideia de chamar diversos atores para intepretar os diversos papeis do caso de JonBenet Ramsey simplesmente incrível e já estava preparado para uma verdadeira piração de forma e linguagem. O filme é sobretudo sobre o ato de olhar para um fato tão confuso quanto multifacetado, e as diversas versões e narrativas que cada um pode retirar dali.
Para aqueles que esperam uma abordagem mais clássica do que aconteceu com JonBenet, com entrevistas e investigações, irá se decepcionar já que a proposta aqui é muito mais confundir percepções do que necessariamente apontar culpados. E é absolutamente fascinante ver o quanto tal história pode revelar sobre as pessoas, sobre a cidade de Boulder e sobre toda uma coletividade de pensamento que permeia a sociedade norte-americana.
Mesmo com apenas 3 episódios, já se percebe que The Handmaid's Tale é provavelmente não só o melhor lançamento da temporada, como a melhor série distópica já criada. E melhor pelo perturbador fato de parecer tão próxima da nossa realidade. Se em outros produtos, o medo do futuro se cria pelas impossibilidades imaginadas a partir do corriqueiro, The Handmaid's Tale leva tais semelhanças a um nível muito mais profundo e assustadoramente próximo do presente. Não só aterrorizante, mas nauseante em toda sua construção.
Lembra The OA misturado com Brilho Eterno... misturado com todos as ficções espiritualistas já lançadas. Talvez seja um mal sinal ver um filme com tantas conexões mas que no final não consegue respirar muita coisa própria. Tem momentos interessantíssimos, principalmente as situações envolvendo o assustador contexto em que a humanidade se encontra durante os acontecimentos. Acaba caindo numa situação em que segue criando cenas, relações e conceitos verdadeiramente instigantes mas que acabam sendo apagadas pela falta de ousadia do diretor em seguir adiante com essas ideias.
A única coisa de definitivo que eu consigo dizer agora é como é maravilhoso ver Kristen Wiig tão desprendida do seu registro cômico habitual. De resto, é tudo um mistério tão estranho que ainda nem sei como reagir frente a ele.
A aparente "genialidade" de Kaufman se baseia apenas na crença de que não existe trama,por mais estranha que ela seja,que não possa ser transcrita num roteiro.E ao brincar com as possibilidades desse tipo de escrita,nascem essas pequenas diversões que são seus roteiros.
Embora se proponha como uma biografia acerca de uma assassina e dos seus (possíveis) motivos para cometer seus atos, o filme acaba por não revelar bastante coisa, se transformando num discurso quase oco. Se na primeira metade,o filme se resume em tratar sua protagonista como um saco de pancadas nesse verdadeiro teatro da violência, a medida que o filme tenta lançar as motivações de Olga ele vai se afundando lentamente na mesma abstração que é a vida da sua personagem. Tenta se destacar pelo preto e branco e falta de trilha sonora (como se isso fosse alguma novidade) mas acaba sem discutir muita coisa de verdadeiramente concreto.
É estranho como os filmes religiosos feitos por Scorsese sempre parecem faltar uma coisa a mais. E justamente quando a visão católica do diretor prometia um vigor e norte maior ao que está sendo contado, o filme acaba não saindo do plano das promessas. Além é claro de ter um discurso que simplesmente se contradiz com a proposta do livro.
Maravilhoso em suas bizarrices e na sua crença no poder do trash e do grotesco. É sempre bom ver alguém se divertindo num filme de terror de vez em quando nesse tempo em que a seriedade parece ser sinônimo de qualidade.
Aquele caso de quando a pessoa tem preguiça de adaptar uma peça e deixa ela do jeito que tá mesmo, sem tirar nem por. E pra completar tudo, diálogos bregas até dizer chega e uma direção bem qualquer coisa. Seria mais honesto se fosse realmente filmado num teatro.
Achei apenas maravilhosa toda essa coisa do lado não tão conhecido do mundo de ballet e toda a competitividade e até uma certa psicopatia por parte das bailarinas que querem chegar no seu momento de glória.Algumas tramas secundárias poderiam ter sido facilmente ocultadas já que dão a sensação que estão ali apenas pra alongar o episódio ao mesmo tempo em que resta aquela sensação de querer ver mais,já que a série é bem pequena.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraFetichização do sofrimento feminino, narrativa baseada na bíblia, estética baseada em constantes close-ups, câmeras na mão e planos sequencia que se propõem ser "esteticamente belos"... todos esses elementos confluindo para um grande pedaço de nada mascarado de reflexão sobre alguma coisa.
É tanto choque, tantas metáforas e personagens, e uma narrativa liquidificada de tão saturada e atropelada de informações, que se torna inevitável o ponto que se passa a considerar tudo uma piada de mau gosto, e ainda por cima mal contada. Atirando para o ambientalismo, o feminismo, o extremismo religioso, Mãe! se propõe discutir algo sobre qualquer coisa e acaba errando em todas as suas propostas.
Se na primeira metade, ainda existia uma esperança para desenvolvimento narrativo e de personagem, criação de atmosfera e um verdadeiro receio para com o desconhecido, a segunda metade, e em especial a última meia hora, se torna um verdadeiro circo de gratuidades, na melhor linha de "tragédia pouca é bobagem". A única sensação que me ocorreu ao sair da sessão foi se Aronofsky realmente se sentiu inteligente ao condensar e adaptar superficialmente metade da bíblia e mais um pouco num filme de duas horas.
The Leftovers (3ª Temporada)
4.5 427 Assista AgoraSerá que alguém já pode dar todos os prêmios do mundo para a Carrie Coon? Mal consigo pensar em adjetivos para descrever a verdadeira maravilha que foi essa temporada, em cada pequeno aspecto, sem falar naquele final completamente destruidor. The Leftovers fará uma falta imensa, pois não é todo dia que uma obra-prima dessas chega em qualquer lugar.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraNão entendi o porque do frisson em cima de Get Out, como se ele fosse de algum modo a revolução que o cinema de horror estivesse procurando. O filme é bom, principalmente na primeira metade quando a ameaça é muito mais sutil e poderosa, rendendo alguns momentos assustadores pela estranha distorção (e semelhança) com a realidade. Mas, a medida que o filme segue para uma conclusão, tudo acaba se transformando num simples, mas eficiente horror de sobrevivência, direto na ação mas um pouco falho no suspense.
Horror social, como muitos andam falando? Não sei, já que a intenção de Peele parece provocar mais do que discutir, com sua série de ideias tanto bem mastigadas quanto bem trabalhadas.
Colossal
3.1 339 Assista AgoraSe todo mundo pensava que depois de Pacific Rim não seria mais possível fazer outro filme de kaiju maravilhoso, Colossal é a prova existente de que é possível, só é seguir pelo caminho completamente oposto. Se na primeira metade, o que domina é a regra do fascínio pelo fascínio e o ato quase infantil de encantamento frente a esse elemento fantástico, logo depois Vigalondo trata de por tudo no chão (ou seria elevá-lo ainda mais?) com uma sacada genial de tão simples.
E o que antes seria levado apenas como um divertido exercício de gênero passa por uma transformação muito mais profunda, em que movimentos e planos aparentemente simples instantaneamente passam a ter uma importância muito maior (literalmente). Ao soprar vida nos místicos monstros orientais e ao inflar a realidade de grandiosa imaginação, Colossal é um poço de criatividade e eficiência, de forma que poucos grandes filmes ainda possuem coragem de fazer.
Quem é JonBenet
3.1 47 Assista AgoraAchei a ideia de chamar diversos atores para intepretar os diversos papeis do caso de JonBenet Ramsey simplesmente incrível e já estava preparado para uma verdadeira piração de forma e linguagem. O filme é sobretudo sobre o ato de olhar para um fato tão confuso quanto multifacetado, e as diversas versões e narrativas que cada um pode retirar dali.
Para aqueles que esperam uma abordagem mais clássica do que aconteceu com JonBenet, com entrevistas e investigações, irá se decepcionar já que a proposta aqui é muito mais confundir percepções do que necessariamente apontar culpados. E é absolutamente fascinante ver o quanto tal história pode revelar sobre as pessoas, sobre a cidade de Boulder e sobre toda uma coletividade de pensamento que permeia a sociedade norte-americana.
O Conto da Aia (1ª Temporada)
4.7 1,5K Assista AgoraMesmo com apenas 3 episódios, já se percebe que The Handmaid's Tale é provavelmente não só o melhor lançamento da temporada, como a melhor série distópica já criada. E melhor pelo perturbador fato de parecer tão próxima da nossa realidade. Se em outros produtos, o medo do futuro se cria pelas impossibilidades imaginadas a partir do corriqueiro, The Handmaid's Tale leva tais semelhanças a um nível muito mais profundo e assustadoramente próximo do presente. Não só aterrorizante, mas nauseante em toda sua construção.
A Descoberta
3.3 385 Assista AgoraLembra The OA misturado com Brilho Eterno... misturado com todos as ficções espiritualistas já lançadas. Talvez seja um mal sinal ver um filme com tantas conexões mas que no final não consegue respirar muita coisa própria. Tem momentos interessantíssimos, principalmente as situações envolvendo o assustador contexto em que a humanidade se encontra durante os acontecimentos. Acaba caindo numa situação em que segue criando cenas, relações e conceitos verdadeiramente instigantes mas que acabam sendo apagadas pela falta de ousadia do diretor em seguir adiante com essas ideias.
Amor Fora da Lei
3.1 91 Assista AgoraNão sei se é um ótimo faroeste de impossibilidades ou um drama bobinho sobre perdas e reencontros. Talvez seja as duas coisas.
Fragmentado
3.9 3,0K Assista AgoraShyamalan more, para de pisar tanto.
Power Rangers
3.2 1,1K Assista AgoraMe senti ofendido por esse filme.
Garoto
3.2 16Estranho.Estranhissimo na verdade.
Amores Inversos
2.9 77 Assista AgoraA única coisa de definitivo que eu consigo dizer agora é como é maravilhoso ver Kristen Wiig tão desprendida do seu registro cômico habitual. De resto, é tudo um mistério tão estranho que ainda nem sei como reagir frente a ele.
Bruxa de Blair
2.4 1,0K Assista AgoraMeu coração não aguenta mais essas coisas.
Personal Shopper
3.1 384 Assista AgoraAssayas batendo o recorde de chat espiritual mais longo do mundo.
Adaptação.
3.9 707 Assista AgoraA aparente "genialidade" de Kaufman se baseia apenas na crença de que não existe trama,por mais estranha que ela seja,que não possa ser transcrita num roteiro.E ao brincar com as possibilidades desse tipo de escrita,nascem essas pequenas diversões que são seus roteiros.
Eu, Olga Hepnarová
3.5 36 Assista AgoraEmbora se proponha como uma biografia acerca de uma assassina e dos seus (possíveis) motivos para cometer seus atos, o filme acaba por não revelar bastante coisa, se transformando num discurso quase oco. Se na primeira metade,o filme se resume em tratar sua protagonista como um saco de pancadas nesse verdadeiro teatro da violência, a medida que o filme tenta lançar as motivações de Olga ele vai se afundando lentamente na mesma abstração que é a vida da sua personagem. Tenta se destacar pelo preto e branco e falta de trilha sonora (como se isso fosse alguma novidade) mas acaba sem discutir muita coisa de verdadeiramente concreto.
Silêncio
3.8 576É estranho como os filmes religiosos feitos por Scorsese sempre parecem faltar uma coisa a mais. E justamente quando a visão católica do diretor prometia um vigor e norte maior ao que está sendo contado, o filme acaba não saindo do plano das promessas. Além é claro de ter um discurso que simplesmente se contradiz com a proposta do livro.
As Senhoras de Salem
2.5 405Maravilhoso em suas bizarrices e na sua crença no poder do trash e do grotesco. É sempre bom ver alguém se divertindo num filme de terror de vez em quando nesse tempo em que a seriedade parece ser sinônimo de qualidade.
Irmã
3.3 50Escola Joe Swanberg de ser.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraAquele caso de quando a pessoa tem preguiça de adaptar uma peça e deixa ela do jeito que tá mesmo, sem tirar nem por. E pra completar tudo, diálogos bregas até dizer chega e uma direção bem qualquer coisa. Seria mais honesto se fosse realmente filmado num teatro.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
3.9 1,1K Assista AgoraAção como coreografia e maravilhoso justamente por ser tão delirante e simples ao mesmo tempo.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraTrês curtas bem normais juntados de uma forma mais ou menos.Embora merecesse o Oscar.
Ave, César!
3.2 311 Assista AgoraEmbora seja um filme para se apreciar mais os momentos do que o conjunto,continua sendo ainda uma ótima comédia que apenas os Coen sabem fazer.
Flesh and Bone
4.1 46 Assista AgoraAchei apenas maravilhosa toda essa coisa do lado não tão conhecido do mundo de ballet e toda a competitividade e até uma certa psicopatia por parte das bailarinas que querem chegar no seu momento de glória.Algumas tramas secundárias poderiam ter sido facilmente ocultadas já que dão a sensação que estão ali apenas pra alongar o episódio ao mesmo tempo em que resta aquela sensação de querer ver mais,já que a série é bem pequena.