Por um lado, finalmente nessa temporada entendi todas as escolhas estéticas e narrativas da série em comparação aos quadrinhos: não estamos mais nos anos 90, nem na linguagem das HQ. Ou seja, brutamontes sarados ou mulheres malhadas e torneadas não são parte dessa representação imagética cinematográfica do século XXI; e, se é para satirizar e ridicularizar, isso será feito até na imagem que temos dos personagens: os exemplos de Jody, TC e Deus são bem representativos disso. Pensando assim, as escolhas de representação da série foram impecáveis. Tudo é um tanto repugnante, ridículo, brega. Deus é um cosplay mal feito, Starr é um galã feio, os anjos não são nada divinos. Tudo isso foi perfeito até o fim. Porém, a última temporada tinha tudo para ser a melhor, mas falhou principalmente no seu episódio final. O episódio 9 certamente foi o de mais personalidade em toda a temporada, mas a series finale foi um tanto decepcionante. Tirando alguns momentos dos quadrinhos que queríamos ver na tela e a bela cena final, muita coisa foi ou desnecessária ou sub-utilizada. Todo o plot do fim do mundo terminou de forma pouco satisfatória, assim como as jornadas de Hitler, Eugene e Jesus. A participação de Jesus de Sade rendeu uma ótima cena de luta, mas foi pouquíssimo tempo do personagem em tela. Pelo menos, nessa reta final, Jesse retomou as rédeas da narrativa, e Cassidy continuou sendo um dos melhores personagens. Todas as desventuras de Herr Starr foram também bastante hilárias e fizeram valer a pena. Para um encerramento, ficou a desejar, mas, no final, não perdeu o espírito da coisa. Afinal, até o encerramento da série de HQ não é tão épica quanto se espera, então a série televisiva seguiu essa lógica. De qualquer forma, fez jus. Preacher é uma série que representa muito bem o século XXI.
Acaba dando empate com a primeira temporada porque, por um lado acerta em diminuir o número e a duração dos episódios, fazendo com que seja um tanto menos cansativo e dê pra engatar uns dois episódios e sequência. Também a chegada de Anthony Mackie e da Simone Missick ao elenco dá uma elevada na qualidade das atuações, assim como as cenas de ação continuam bastante empolgantes. Entretanto, a mudança de protagonista traz também uma grande mudança na personalidade do Kovacs, muito diferente do que foi entregue por Kinnaman na temporada anterior, e personagens cativantes não retornam. Além disso, o roteiro é um tanto confuso no mau sentido, introduzindo muitas coisas que acabam sendo um tanto mal trabalhadas, pois o lado detetivesco e noir que deu tão certo antes foi substituído pelas cenas de ação (não que tenham sido poucas na primeira temporada, mas aqui elas são mais utilizadas pelo roteiro para resolução dos problemas, ou o lado mais investigativo fica a cargo das IAs). O plot envolvendo Poe e Dig em certos momentos funciona, em outros beira à pieguice. E em relação ao fim de temporada, além da cena linda do Fogo do Anjo, não empolga tanto. O que ficou em aberto para dar sequência não tem tanta força assim, podendo funcionar ainda melhor como series finale. A questão é que para o tanto de coisas que poderiam ser trabalhadas, a série acaba se podando muito e entrega um roteiro que arrisca e indaga muito pouco, ficando presa a conspirações, abusos de poder, revoluções frustradas e ação genérica, sem partir pro lado mais crítico da ficção científica.
Impecável e impressionante. Vai a fundo no mais polêmico julgamento da história americana, sendo extremamente fiel aos fatos. A direção dos episódios, tal qual a fotografia, a reprodução de época e a trilha sonora, estão formidáveis. O roteiro sabe dosar o lado da promotoria e o da defesa, e deixa claro que não é imparcial, mas sobre a injustiça de um caso que foi redirecionado para uma discussão paralela a fim de inflamar os ânimos sociais e provocar a inocência do réu (impossível ele não ser o culpado, depois de tudo que aconteceu depois, principalmente). A frase de Darden para Cochran no último episódio resume tudo muito bem. Quanto aos atores, escolha de elenco impecável. Além de atuações grandiosas (difícil citar os nomes mais fortes, pois todos pegaram a essência, mas Cuba Gooding Jr., Sterling K. Brown, Courtney B. Vance e Sarah Paulson estão de cair o queixo), a maquiagem e penteados transformam completamente os atores, de forma que eles ficam muito semelhantes aos personagens reais. Ryan Murphy criou aqui algo ímpar, importante e necessário. Trazer às novas gerações o caso O.J. é colocar holofotes sobre o machismo e racismo da sociedade americana, os perigos do uso das bandeiras sociais no julgamento das ações individuais, os danos que a imprensa causa com a super-cobertura de casos famosos e a questão da diferença entre raça e classe, onde um negro bem-sucedido separa-se de sua comunidade para ser aceito entre os brancos de sua classe social.
Esperei ansioso pela nova temporada, e tudo indicava que as coisas iam definitivamente mudar. Felizmente, tudo mudou, dando novo fôlego à série e liberdade para expandir a narrativa, já que o mundo é o limite. A primeira temporada é ainda a mais memorável, por introduzir uma ficção científica tão intrincada e filosófica no formato de série, que brincava com as múltiplas linhas do tempo e confundia muito a mente do espectador. Na segunda, o mesmo formato se repete em escala reduzida, mas vemos a violência deixar de ser bel-prazer dos visitantes para se tornar a arma libertadora dos anfitriões, tendo no final uma promessa: não estaremos mais no parque. Nessa terceira temporada, o piloto dá o tom: Caleb é introduzido, o mundo do futuro é revelado e descobrimos que Dolores está atrás não só da Delos, mas de uma nova companhia, a Incite. Agora não é mais só sobre os anfitriões descobrindo a natureza de sua existência, mas sobre como não só eles, mas os humanos também são controlados, presos em loops e inseridos nas narrativas que alguns querem. Perde-se um pouco da beleza filosófica das duas temporadas iniciais, mas essa abordagem já tinha perdido o fôlego. Agora, era hora de expandir os horizontes e respirar um pouco a mente para ter mais ação. Disparada a temporada com mais cenas de ação (que muitos viram como desnecessária, mas achei bem sintomático da comparação entre o parque e o mundo real que era controlado), dando um tempo das confusões temporais para inserir novos personagens, novos conflitos, dar novas resoluções aos veteranos e estabelecer caminhos e reviravoltas, a grande maioria delas reservadas para o final. Gostei muito da temporada, e acho que a série manteve o nível, só mudou de cara. Não porque era difícil demais e precisava ficar mais palatável, mas porque precisava dar uma freada para tentar encontrar novos caminhos para a temporada 4. A troca de bastão da season finale honra a história dos personagens envolvidos, Aaron Paul como Caleb foi uma escolha acertadíssima, Serac foi um vilão bastante incômodo e difícil e o conflito entre Dolores e "Charlotte" dá um gás para que a coisa fique muito louca na sequência. Gostei de ter mais espaço pro Stubbs, do enredo de Bernard e da resolução dada ao Homem de Preto. Tem coisas que não sei se são furos ou se ficaram pendentes, como a questão da mãe do Caleb ou da própria Charlotte, mas agora estou muito ansioso para ver o que vem pela frente, pois nenhuma temporada anterior deixou tantas narrativas em aberto para serem resolvidas mais à frente. Westworld finalmente cresceu.
Mais do que uma ampliação do universo no mesmo nível da obra original, impressiona como a linguagem da série é extremamente semelhante à do próprio quadrinho, tanto em sua fotografia quanto nas cores, na excelente trilha sonora, na violência, no sarcasmo, nas críticas e na postura cínica dos personagens. Regina King, Jeremy Irons e Jean Smart fazem atuações fantásticas, se sobressaindo do elenco que é todo excelente. A direção dos episódios é algo que consegue transpor o efeito do cartum adulto para as telas, de forma que tudo parece extremamente irreal, para que saibamos muito claramente que estamos presenciando outro mundo, mas sem perder o realismo. Acima de tudo, o roteiro é muito bem escrito, pois consegue reunir todos os pontos, fechá-los, inserir fortes discussões e críticas sociais, abordar o racismo, os movimentos supremacistas e os riscos do poder, além de brincar com o futuro, o fim de mundo e a esperança de algo melhor. A utilização dos personagens originais é muito acurada, sabendo delimitar bem suas personalidades, condizentes com as estabelecidas por Alan Moore, e os novos personagens são igualmente complexos, carismáticos e memoráveis. Encerrou muito bem, e se finalizar como minissérie, fica perfeito do jeito que está. Se vier uma nova temporada, que ampliem os horizontes, porque vai ser difícil manter essa qualidade de roteiro para uma sequência dessa mesma situação.
Acabou sendo bem abaixo das temporadas anteriores, e só prende pela curiosidade. O último episódio foi o único com o espírito da série, e o episódio 6 foi também muito bom. Porém, ficou dramático demais, cheio de discussões sem sentido em momentos inoportunos, flashbacks bastante desnecessários só para trazer de volta o personagem de Berlim, forçação de barra na introdução de temáticas progressistas muito mal desenvolvidas ou mal abordadas (pra que colocar uma personagem trans se não é interpretado uma pessoa realmente trans?) e furos de roteiro gritantes, como as cenas de ação ótimas, mas ainda mais inverossímeis, personagens agindo em desacordo com suas histórias (como Mónica ficou surpresa com a violência de Denver?) e planos ainda mais mirabolantes que teriam que contar muito com a sorte para dar alguma coisa certo na vida real (não que não fosse sempre assim, mas aqui tá ainda maior). Até o teor político da série se perdeu um pouco no meio dessa tentativa de dramatizar mais as relações entre os personagens, e no fim ainda se perde um dos melhores personagens da série toda, só para ter um motivo "válido" para fazer uma quinta (e quem sabe até sexta) temporada. Decepcionante, porque esperava que fosse ficar no nível da terceira, mas já mostra desgaste e falta bases fortes para que a série se sustente por mais tempo sem estragar de vez.
Sei nem direito como começar a falar sobre a série, porque estou totalmente surpreso com a forma como tudo é perfeito. Jean-Marc Vallé merece muito todos os méritos por conduzir de forma tão sensível e chocante esse roteiro impecável, contando com um elenco maravilhoso, onde cada ator, por menor ou mais novo que seja, dá um show de atuação (as crianças estão assustadoras de tão boas, principalmente as que fizeram Chloe e Ziggy). Reese Witherspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley comandam tudo de forma exemplar, entregando muito provavelmente as melhores atuações que já fizeram, assim como Laura Dern e Alexander Skarsgard mostram resultados formidáveis. A fotografia meio esverdeada, remetendo sempre ao clima litorâneo de Monterrey, confere uma personalidade visual marcante e bastante séria à obra, assim como o uso e escolha da trilha sonora foi simplesmente perfeito. Mesmo com a sensualidade presente em Bonnie, o que mais impressiona é a cautela e sensatez do olhar de Vallé sobre o feminino, sem apelar a saídas fáceis, objetificação ou sexualização exacerbada dos corpos das mulheres, mostrando uma maturidade cinematográfica que poucos diretores possuem. Abordar traumas, relações e sororidade da forma como foi feito aqui é algo raríssimo, e é realmente muito gratificante poder conferir algo feito com tanta entrega por parte de toda a equipe envolvida e tanto cuidado.
Continua no mesmo nível da temporada anterior (provavelmente um degrau acima), mas mantém o mesmo problema de ritmo. Diferente das temporadas na Colômbia, é muito difícil maratonar Narcos: México, pois tanto a temporada quanto os episódios apresentam ritmos bastante oscilantes, indo do extasiante e frenético ao entediante num piscar de olhos. O início e o fim da temporada são excelentes e eletrizantes, mas há alguns episódios centrais que parecem tão longas que a temporada parece não ter somente 10, mas 15 episódios. Em contrapartida, a história cresce e se expande, desenvolve seus personagens, desloca protagonismos, apresenta excelentes backgrounds e entrega cenas de violência magníficas. O jogo de poder entre México e Colômbia, assim como entre Félix e os chefes das praças, além de todas as jogadas políticas escusas, mostram muito bem a relação histórica entre EUA, México e drogas, relação muito bem sucedida em vários momentos. Diego Luna está brilhante, mas os personagens de Walt e Pablo Acosta comandam a temporada. Para as próximas temporadas, El Chapo e Amado Carrillo Fuentes prometem muito, e espero que a coisa esquente ainda mais.
Uma minissérie que definitivamente me surpreendeu. A fotografia assemelha-se bastante a produções televisivas como novelas, mas conta com um ótimo uso da paleta de cores para diferenciar as cenas em Israel e na Europa ("vida real", com uma paleta acinzentada e pouca variedade de cores), e as cenas na Síria ("vida falsa", com cores vivas e fortes). Toda a produção é bastante cuidadosa, com ótimos cenários e figurinos, fazendo uma reconstrução de época bastante fiel. O roteiro e direção de Gideon Raff casam muito bem toda a trama, culminando em cenas incríveis, como o início do episódio 5, as cenas de comunicação via código Morse e vários momentos da season finale. Por ser uma obra israelense, obviamente Eli Cohen será apresentado como alguém íntegro, mas ainda há certas nuances que o colocam como falho e humano. Levando-se em conta o propósito da produção e quem a fez, fica fácil entender todas as escolhas do roteiro, fazendo com que o resultado final seja bastante coerente e preciso. Sacha Baron Cohen realmente surpreende num papel fora da comédia, mostrando que é um ator excelente com grande conhecimento da veia dramática. No fim, O Espião é uma série excelente para se entender um período da Guerra Fria, deslocar o olhar do conflito EUA x URSS, entender como se deu parte da relação entre Israel e Síria na década de 1960 e ver como os israelenses se veem dentro de todo aquele conflito.
Não se trata só de uma série excelente, mas genial. Certamente uma das melhores de comédia dos últimos anos - e talvez de todos os tempos -, lado a lado ali com Atlanta em todos os quesitos. O texto afiadíssimo de Phoebe Waller-Bridge é o que torna a série única, tanto pelo seu enredo metalinguístico, pelas constantes quebras da quarta parede e a própria atuação da personagem título, o que nos faz sentir muito próximos de todos os acontecimentos. O elenco tá impecável, assim como a edição, a direção e a excelente trilha sonora. Olivia Colman tá impressionante como a madrinha, odiável até o fio do cabelo, e essa primeira temporada não só estabeleceu todos os conflitos essenciais da trama, como soube aprofundar a personalidade de sua protagonista e alguns dos principais coadjuvantes. Série fascinante, onde o drama funciona ainda melhor que a comédia, sem deixar que a obra perca a sua sagacidade, sua acidez hilária e diálogos absurdamente inteligentes, rápidos e bem escritos.
Impressionante como a série cresce de forma tão natural entre a primeira e a segunda temporada. O espaço de tempo pulado, os conflitos estabelecidos na season finale da season 1 e os iniciados com o primeiro episódio da 2 conduzem todos os acontecimentos da temporada de forma bastante orgânica, de forma que o roteiro nem parece uma criação, mas só uma documentação do dia a dia de uma mulher moderna solteira, independente, com problemas familiares, de relacionamentos e muitos traumas a lidar. É uma série que sabe brincar sério com o machismo cotidiano e profissional, com as dificuldades do se relacionar na modernidade, com as pressões familiares e as cobras e lagartos que temos que engolir pela boa convivência, com a empatia e falta dela, com depressão e suicídio, com fé e paixão, entre tantas coisas... Incrível como consegue ser tão profunda e complexa em apenas seis episódios de menos de 30 minutos. Phoebe Waller-Bridge é um desses gênios da nova geração que merece todos os holofotes e mais um pouco.
Totalmente abaixo das expectativas. Parece uma grande reunião dos maiores clichês do terror, sem apresentar qualquer novidade ou pior twist realmente interessante - o que chega mais perto é em Escritor do Mal. O nome da série não serve pra absolutamente nada, pois não é como se o coletivo estivesse de qualquer forma conectado às histórias, mas é somente uma facilitação cênica para reunir os personagens dos episódios dentro de um mesmo espaço. E de terror não tem nada mesmo, nem susto consegue dar. Mas os episódios Escritor do Mal, Cobaias e Três Irmãos se saíram melhor que os outros, seja por algum grau de originalidade, condução ou atuação.
Tudo na medida certa: acertou no tom, na dramaticidade, na abordagem, na temática, na estética e nas atuações. Shira Haas como protagonista sustenta a série com maestria, ao mesmo tempo em que a representação do mundo judeu ortodoxo dispensa qualquer didatismo, mas estabelece sua lógica pouco a pouco. Belíssima história sobre se rebelar, se conhecer e correr atrás de seu lugar no mundo. Uma belíssima surpresa, com um desfecho emocionante.
A série tem um elenco maravilhoso, com Patricia Arquette e Joey King dando um show, assim como tem ótimos momentos da direção. A história original é sombria o suficiente para gerar uma ótima obra audiovisual. Mas o ritmo e a quantidade de episódios acabam tornando a experiência cansativa; a série poderia ter dois episódios a menos, o que deixaria tudo mais conciso e menos entediante em certos momentos. Ainda assim, foi uma ótima produção trazida pelo Hulu em 2019.
No piloto, é bem irritante a semelhança com The End of The F***ing World (por razões óbvias), mas a partir do segundo episódio ganha vida própria, e tem talvez o melhor efeito cliffhanger de séries que já vi: foi impossível parar de ver, e por ser tão curtinha você termina numa sentada. É uma série meio leve que aborda temáticas pesadas, mas que quando pega pesado, vai fundo. Sophia Lillis e Wyatt Oleff mostraram aqui o nível altíssimo deles como atores, e prometem ser gigantes dessa geração se mantiverem atuações dessa qualidade. A trilha sonora é uma delícia, acaba lembrando muito (o único aspecto bom de) 13 Reasons Why, além da série estar repleta de referências a filmes como Carrie, A Estranha, Curtindo A Vida Adoidado, Clube dos Cinco e outros filmes dos anos 80 do John Hughes, recriando bem essa estética de época, mesclada com uma fotografia menos colorida para dar o tom dos personagens. A season finale foi primorosa, e a abordagem sobre traumas, problemas familiares e relacionais, autodescobrimento (físico e sexual) e transtornos hereditários são excelentes, sabendo ser ao mesmo tempo duras, mas não pesadas a ponto de serem desgastantes. Tá teen e adulta na medida certa, assim como leve e violenta quando deve ser. No final, as semelhanças com The End of The F***ing World me fizeram gostar ainda mais dessa série.
Depois que vi os três primeiros episódios, fui ver o piloto de versão britânica para comparar, e a americana consegue acertar na escolha dos atores, principalmente Steve Carell e B. J. Novak, para dar um ar mais humorístico e um pouco - não muito - menos constrangedor que a versão UK (pois nela você se sente na maior parte do tempo constrangido, como se fosse os próprios personagens). De início não parece tão engraçada, mas quando você pega a proposta da série - acompanhar o cotidiano de um escritório sob as lentes de um suposto documentário -, você entende porque a maior parte do tempo a sensação é de vergonha alheia e constrangimento, e nesse sentido os atores, a direção e o roteiro sabem como criar isso muito bem. É uma série realmente diferente e fantástica, com um humor bem próprio - copiado dos britânicos.
Não vou mentir, eu gosto dessas obras confusas que fazem você ficar muito tempo pensando, criando teorias, pesquisando e tentando ligar pontos. Talvez nenhuma consiga melhor isso do que Neon Genesis: Evangelion. Claro que o final tem seus óbvios deslizes devido à falta de verbas, algo que o The End of Evangelion meio que resolve, mas a forma como falta de grana é transformada em subjetividade subconsciente, metalinguagem, filosofia e autopercepção é algo realmente de gênio. Hideaki Anno é, verdadeiramente, um gênio. Não só por compor um anime cujo enredo é um caldeirão de simbologias, religiões, espiritualidades, filosofias, psicologia, com uma abordagem totalmente voltada às problemáticas humanas e a (in)capacidade da solidão e do amor; também não se resume a subverter o gênero mecha, marcado pelas lutas megalomaníacas e muita destruição, dando a esses aspectos um foco secundário, sendo que o desenvolvimento dos traumas e neuroses dos personagens é o que realmente move a série; muito menos é sobre a perfeição técnica do anime, que usa das cores como poucas obras conseguem e sabe compor verdadeiras obras de arte com a simplicidade, e criar uma forte carga dramática, psicológica e filosófica com elementos isoladamente comuns. Anno é uma mente produtiva de uma geração que começa a florescer a partir de Akira e do cyberpunk, que nasce com traumas pesados como as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, a ameaça constante de uma guerra nuclear e ainda presencia o terror de Chernobyl. Evangelion é sobre uma sociedade de pessoas que têm medo de se relacionar, que projetam seus traumas no outro ou se fecham em seus próprios mundos, que confiam na ciência como a um deus, ou na religião como a solução de todos os problemas; sobre um mundo desesperado por paz, por aceitação, por amor, que não consegue encontrar isso dentro de si e no seu semelhante, e apela ao divino ou à ciência, a fim de se tornar Deus e fazer com que o ato divino se consume; sobre uma juventude que já nasce perdida, traumatizada, vazia, sem expectativas, e que a duras penas encontra o sentido de viver, descobre quem é, que mesmo sofrendo nas relações diárias, percebe que a vida em sociedade é a única forma de ser alguém, de existir, pois não há crescimento ou autopercepção sem o outro para nos dar um parâmetro. Acho que, acima de tudo, Hideaki Anno, com seu Neon Genesis: Evangelion, faz um apelo ao mundo, grita para ser ouvido, mas não podia ser tão claro. Afinal, só poderemos ser humanos se assim o quisermos, e pra entender a obra dele, somente com esforço se pega certas nuances, certas discussões, certas abordagens. Não é só um anime teen com crianças choronas e robôs gigantes, mas algo riquíssimo que só dá pra ter um bom vislumbre quando se é adulto. E, mesmo assim, acho que nunca será possível compreender tudo. Isso é o que torna tudo melhor. A vida é meio que isso mesmo.
Uma temporada tão divertida quanto a anterior, que não perdeu o fôlego por ter um número mais conciso de episódios, mas que perde por apostar em tanto musical e clichê de "o amor vence tudo". Não dá muito espaço pra um exagero de fillers, o que faz com que a história pouco a pouco vá andando. A adição das ameaças mágicas foi bem legal, mas senti que o vilão da temporada, Neron, perdeu força lá pro final e deixou de ter aquele ar de ameaça que tinha no início da temporada. Ainda assim, foi uma temporada bem divertida, com episódios genuinamente engraçados e com relações legais entre os personagens. Constantine e Charlie são muito bem-vindos. O pai do Nate também se mostrou um personagem bem legal e gostei muito de ver o Gary participando mais.
Uma pena a decisão da Netflix de finalizar com Bojack, mas dava pra sentir que tinha muito mais a vir. De qualquer forma, a série acabou sendo a melhor de animação que já vi, e não à toa vou chamá-la novamente de "The Sopranos das animações". O encerramento, como esperado, estabelece novos rumos que não serão acompanhados, representando bem a incerteza que a série sempre quis passar, mostrando as idas e vindas da vida e como as falhas, os erros, os traumas, as alegrias e os acertos nos guiam e nos moldam. Foi uma temporada magistral, e a segunda parte da temporada foi especialmente pungente, principalmente quando chegam os episódios 14 e 15 (que espetáculo visual e narrativo o episódio 15!). A season finale soa como somente um dia na vida, e acerta exatamente por isso: a história não acaba, nós só deixamos de ser seus espectadores. Começou grande e encerrou gigantesca. Bojack Horseman é uma série inesquecível, que nos transforma e nos ensina coisas demais para não ser considerada uma das melhores já feitas.
Sabe quando uma série acaba e fica aquela sensação de vazio porque você não poderá ver mais o que aconteceu com seus personagens favoritos? Aqui é ainda pior porque realmente não há mais o que acontecer, e isso é o que torna tudo mais bonito. Acho que essa é uma das séries mais fortes que já assisti, talvez até a mais, pois através da comédia traz reflexões tão profundas e pertinentes sobre o sentido da vida, quem somos e quem devemos ser, o que é felicidade e amor, sobre plenitude, jornada, seguir em frente, aceitar os problemas para aprender com eles... E, no final, tudo é tão poético que a temporada final é como o último refrão de uma música perfeita. A season finale é disparado o episódio mais triste e reflexivo da série, pois realmente fecha todas as histórias, e apesar do tom de paz, você se sente triste por ver personagens com quem você passou um bom tempo resolvendo de vez a sua jornada. E nem se trata de morte, pois todos já estão mortos desde o início da série, não? Pensar vida após a morte da forma como The Good Place fez, introduzindo tantos conceitos filosóficos sobre moral, justiça, ética, responsabilidade e vida, é algo único e especial, altamente construtivo e transformador. Jason, Tahani, Chidi, Eleanor, Janet e Michael são personagens que ficarão para sempre no meu coração. E The Good Place é certamente uma das séries mais valiosas que tive o prazer de acompanhar.
Tendo em vista o nível limitado das séries da CW, o crossover foi excelente, e souberam trabalhar com todos os personagens bem, dando uma resolução interessante à saga e estabelecendo novos paradigmas para o Arrowverse. Fiquei muito feliz de ver atores dos filmes e séries antigas da DC fazendo uma ponta, e adorei principalmente o encontro do dois Flashs na Força de Aceleração, o Superman de Brandon Routh e a resolução que deram ao Clark Kent de Tom Welling.
É uma série bastante engraçada, que desliza aqui e ali em certos momentos em que força muito e acaba não conseguindo atingir o riso, mas que brinca muito bem com os estereótipos de seus personagens, tendo na protagonista Tracey as maiores contradições - e os melhores momentos de comédia.
É, rapaz... Foi complicado esse episódio 3. Mesmo com certos momentos da direção que buscavam fazer referências aos clássicos do vampirão e acabaram ficando meio bregas, os dois primeiros episódios foram muito bons, principalmente o primeiro, mais sanguinolento e mais tenso. Quando chega ao final do segundo episódio, gostei muito da ideia de renovação da lenda, de uma nova abordagem, e inocentemente pensei que a maioria das reclamações era uma aversão à modernização dos clássicos - o que defendo se for bem feito. Mas... não foi bem assim. O roteiro do episódio 3 parece ter sido feito na correria e de qualquer jeito, só para ter algo para concluir a temporada. Pareceu até o final horrível de Game of Thrones, quando um monte de soluções sem sentido foram empurradas goela abaixo do espectador e ficou por isso mesmo.
Aceitei bem o Drácula se modernizando, entrando no universo tecnológico e usando isso para se alimentar, mas forçaram muito com o advogado chamado por Skype (deus ex machina preguiçoso o da senha do wifi), com a Fundação Jonathar Harker que ninguém sabe por quem é financiado, com a solução idiota do celular do Jack onde Drácula vê a foto da "maravilhosa" Lucy, o motivo pelo qual o vampiro ficou gamado na mulher, a forçação de colocar a mesma atriz pra fazer uma descendente da Agatha Van Helsing (seria muito melhor se fosse a mesma, que virou vampira e sobreviveu até os dias atuais), e, por fim e talvez o pior de tudo, jogar no lixo toda a mitologia do Conde Drácula para estabelecer um solução psicológica furada das superstições que envolvem o monstro, que ainda morre no final com a Zoe (mais forçado impossível).
Eu amei a interpretação de Claes Bang, acho que ele, inclusive, merece um filme digno para esse Drácula sarcástico, cínico e cheio de piadinhas, que acabaram se encaixando muito bem na personalidade egocêntrica, violenta e sedutora do personagem original. Dolly Wells como Agatha (não como Zoe) também foi algo incrível, estabelecendo uma dinâmica fascinante entre mocinha e vilão e criando um jogo de gato e rato muito gostoso de se assistir. A fotografia e a direção de arte são legais, e os figurinos muito bons, mas os efeitos práticos é que dão um show de verdade. Se fosse por isso e pelos dois primeiros episódios, daria uma nota 4 ou 4,5, mas o último episódio foi tão mal feito que não dá pra dar uma nota alta, infelizmente.
Não tenho como comparar com o material original, já que ainda não li os livros (mas já os tenho em mãos, só questão de tempo), mas como série de fantasia, é um dos grandes lançamentos do ano. Primeiro que não tem ganas de ser "a nova Game of Thrones" ou algo parecida, assumindo uma identidade própria bem característica da parceria da HBO com a BBC, conseguindo imprimir uma fotografia bem própria, um ritmo super britânico e uma abordagem um pouco mais lenta, mas sem perder a agitação. Gostei dessa dosagem entre cenas de puro diálogo e expressões e cenas épicas que investiam em muito CGI, pois tanto economiza nos custos quanto exige mais do elenco, que por sinal está ótimo. Dafne Keen, para a proposta da personagem adaptada pelo excelente Jack Thorne, cai como uma luva (apesar de eu saber que é bem diferente em certos aspectos da personalidade), assim como Ruth Wilson (a verdadeira dona da série até agora, atuação monstruosa) e James McAvoy (quando acionado, faz valer o nome que tem). Não só o trio principal, mas todo o elenco manda bem demais, com destaque para Lewyn Lloyd, Lin-Manuel Mirada e Ariyon Bakare. O roteiro de Jack Thorne é bem inteligente em como conduz, como introduz cada personagem e em trabalhar de forma cronológica, introduzindo coisas do segundo livro na primeira temporada, como o próprio Will, a fim de deixar a história mais palatável para os que não leram a obra original. Os efeitos especiais estão ótimos, Iorek Byrnison e Pan que o digam. Gostei bastante da direção dos episódios, especialmente dos dois últimos da temporada, e da forma como trabalharam com as cenas de ação, usando de menos recursos, mas que foram bastante funcionais. Agora só esperando pela próxima temporada, porque o gancho deixado foi de torar.
Preacher (4ª Temporada)
3.7 66 Assista AgoraPor um lado, finalmente nessa temporada entendi todas as escolhas estéticas e narrativas da série em comparação aos quadrinhos: não estamos mais nos anos 90, nem na linguagem das HQ. Ou seja, brutamontes sarados ou mulheres malhadas e torneadas não são parte dessa representação imagética cinematográfica do século XXI; e, se é para satirizar e ridicularizar, isso será feito até na imagem que temos dos personagens: os exemplos de Jody, TC e Deus são bem representativos disso. Pensando assim, as escolhas de representação da série foram impecáveis. Tudo é um tanto repugnante, ridículo, brega. Deus é um cosplay mal feito, Starr é um galã feio, os anjos não são nada divinos. Tudo isso foi perfeito até o fim. Porém, a última temporada tinha tudo para ser a melhor, mas falhou principalmente no seu episódio final. O episódio 9 certamente foi o de mais personalidade em toda a temporada, mas a series finale foi um tanto decepcionante. Tirando alguns momentos dos quadrinhos que queríamos ver na tela e a bela cena final, muita coisa foi ou desnecessária ou sub-utilizada. Todo o plot do fim do mundo terminou de forma pouco satisfatória, assim como as jornadas de Hitler, Eugene e Jesus. A participação de Jesus de Sade rendeu uma ótima cena de luta, mas foi pouquíssimo tempo do personagem em tela. Pelo menos, nessa reta final, Jesse retomou as rédeas da narrativa, e Cassidy continuou sendo um dos melhores personagens. Todas as desventuras de Herr Starr foram também bastante hilárias e fizeram valer a pena. Para um encerramento, ficou a desejar, mas, no final, não perdeu o espírito da coisa. Afinal, até o encerramento da série de HQ não é tão épica quanto se espera, então a série televisiva seguiu essa lógica. De qualquer forma, fez jus. Preacher é uma série que representa muito bem o século XXI.
Altered Carbon (2ª Temporada)
3.5 82 Assista AgoraAcaba dando empate com a primeira temporada porque, por um lado acerta em diminuir o número e a duração dos episódios, fazendo com que seja um tanto menos cansativo e dê pra engatar uns dois episódios e sequência. Também a chegada de Anthony Mackie e da Simone Missick ao elenco dá uma elevada na qualidade das atuações, assim como as cenas de ação continuam bastante empolgantes. Entretanto, a mudança de protagonista traz também uma grande mudança na personalidade do Kovacs, muito diferente do que foi entregue por Kinnaman na temporada anterior, e personagens cativantes não retornam. Além disso, o roteiro é um tanto confuso no mau sentido, introduzindo muitas coisas que acabam sendo um tanto mal trabalhadas, pois o lado detetivesco e noir que deu tão certo antes foi substituído pelas cenas de ação (não que tenham sido poucas na primeira temporada, mas aqui elas são mais utilizadas pelo roteiro para resolução dos problemas, ou o lado mais investigativo fica a cargo das IAs). O plot envolvendo Poe e Dig em certos momentos funciona, em outros beira à pieguice. E em relação ao fim de temporada, além da cena linda do Fogo do Anjo, não empolga tanto. O que ficou em aberto para dar sequência não tem tanta força assim, podendo funcionar ainda melhor como series finale. A questão é que para o tanto de coisas que poderiam ser trabalhadas, a série acaba se podando muito e entrega um roteiro que arrisca e indaga muito pouco, ficando presa a conspirações, abusos de poder, revoluções frustradas e ação genérica, sem partir pro lado mais crítico da ficção científica.
American Crime Story: O Povo Contra O.J. Simpson (1ª Temporada)
4.5 583 Assista AgoraImpecável e impressionante. Vai a fundo no mais polêmico julgamento da história americana, sendo extremamente fiel aos fatos. A direção dos episódios, tal qual a fotografia, a reprodução de época e a trilha sonora, estão formidáveis. O roteiro sabe dosar o lado da promotoria e o da defesa, e deixa claro que não é imparcial, mas sobre a injustiça de um caso que foi redirecionado para uma discussão paralela a fim de inflamar os ânimos sociais e provocar a inocência do réu (impossível ele não ser o culpado, depois de tudo que aconteceu depois, principalmente). A frase de Darden para Cochran no último episódio resume tudo muito bem. Quanto aos atores, escolha de elenco impecável. Além de atuações grandiosas (difícil citar os nomes mais fortes, pois todos pegaram a essência, mas Cuba Gooding Jr., Sterling K. Brown, Courtney B. Vance e Sarah Paulson estão de cair o queixo), a maquiagem e penteados transformam completamente os atores, de forma que eles ficam muito semelhantes aos personagens reais. Ryan Murphy criou aqui algo ímpar, importante e necessário. Trazer às novas gerações o caso O.J. é colocar holofotes sobre o machismo e racismo da sociedade americana, os perigos do uso das bandeiras sociais no julgamento das ações individuais, os danos que a imprensa causa com a super-cobertura de casos famosos e a questão da diferença entre raça e classe, onde um negro bem-sucedido separa-se de sua comunidade para ser aceito entre os brancos de sua classe social.
Westworld (3ª Temporada)
3.6 322Esperei ansioso pela nova temporada, e tudo indicava que as coisas iam definitivamente mudar. Felizmente, tudo mudou, dando novo fôlego à série e liberdade para expandir a narrativa, já que o mundo é o limite. A primeira temporada é ainda a mais memorável, por introduzir uma ficção científica tão intrincada e filosófica no formato de série, que brincava com as múltiplas linhas do tempo e confundia muito a mente do espectador. Na segunda, o mesmo formato se repete em escala reduzida, mas vemos a violência deixar de ser bel-prazer dos visitantes para se tornar a arma libertadora dos anfitriões, tendo no final uma promessa: não estaremos mais no parque. Nessa terceira temporada, o piloto dá o tom: Caleb é introduzido, o mundo do futuro é revelado e descobrimos que Dolores está atrás não só da Delos, mas de uma nova companhia, a Incite. Agora não é mais só sobre os anfitriões descobrindo a natureza de sua existência, mas sobre como não só eles, mas os humanos também são controlados, presos em loops e inseridos nas narrativas que alguns querem. Perde-se um pouco da beleza filosófica das duas temporadas iniciais, mas essa abordagem já tinha perdido o fôlego. Agora, era hora de expandir os horizontes e respirar um pouco a mente para ter mais ação. Disparada a temporada com mais cenas de ação (que muitos viram como desnecessária, mas achei bem sintomático da comparação entre o parque e o mundo real que era controlado), dando um tempo das confusões temporais para inserir novos personagens, novos conflitos, dar novas resoluções aos veteranos e estabelecer caminhos e reviravoltas, a grande maioria delas reservadas para o final. Gostei muito da temporada, e acho que a série manteve o nível, só mudou de cara. Não porque era difícil demais e precisava ficar mais palatável, mas porque precisava dar uma freada para tentar encontrar novos caminhos para a temporada 4. A troca de bastão da season finale honra a história dos personagens envolvidos, Aaron Paul como Caleb foi uma escolha acertadíssima, Serac foi um vilão bastante incômodo e difícil e o conflito entre Dolores e "Charlotte" dá um gás para que a coisa fique muito louca na sequência. Gostei de ter mais espaço pro Stubbs, do enredo de Bernard e da resolução dada ao Homem de Preto. Tem coisas que não sei se são furos ou se ficaram pendentes, como a questão da mãe do Caleb ou da própria Charlotte, mas agora estou muito ansioso para ver o que vem pela frente, pois nenhuma temporada anterior deixou tantas narrativas em aberto para serem resolvidas mais à frente. Westworld finalmente cresceu.
Watchmen
4.4 562 Assista AgoraMais do que uma ampliação do universo no mesmo nível da obra original, impressiona como a linguagem da série é extremamente semelhante à do próprio quadrinho, tanto em sua fotografia quanto nas cores, na excelente trilha sonora, na violência, no sarcasmo, nas críticas e na postura cínica dos personagens. Regina King, Jeremy Irons e Jean Smart fazem atuações fantásticas, se sobressaindo do elenco que é todo excelente. A direção dos episódios é algo que consegue transpor o efeito do cartum adulto para as telas, de forma que tudo parece extremamente irreal, para que saibamos muito claramente que estamos presenciando outro mundo, mas sem perder o realismo. Acima de tudo, o roteiro é muito bem escrito, pois consegue reunir todos os pontos, fechá-los, inserir fortes discussões e críticas sociais, abordar o racismo, os movimentos supremacistas e os riscos do poder, além de brincar com o futuro, o fim de mundo e a esperança de algo melhor. A utilização dos personagens originais é muito acurada, sabendo delimitar bem suas personalidades, condizentes com as estabelecidas por Alan Moore, e os novos personagens são igualmente complexos, carismáticos e memoráveis. Encerrou muito bem, e se finalizar como minissérie, fica perfeito do jeito que está. Se vier uma nova temporada, que ampliem os horizontes, porque vai ser difícil manter essa qualidade de roteiro para uma sequência dessa mesma situação.
La Casa de Papel (Parte 4)
3.7 658 Assista AgoraAcabou sendo bem abaixo das temporadas anteriores, e só prende pela curiosidade. O último episódio foi o único com o espírito da série, e o episódio 6 foi também muito bom. Porém, ficou dramático demais, cheio de discussões sem sentido em momentos inoportunos, flashbacks bastante desnecessários só para trazer de volta o personagem de Berlim, forçação de barra na introdução de temáticas progressistas muito mal desenvolvidas ou mal abordadas (pra que colocar uma personagem trans se não é interpretado uma pessoa realmente trans?) e furos de roteiro gritantes, como as cenas de ação ótimas, mas ainda mais inverossímeis, personagens agindo em desacordo com suas histórias (como Mónica ficou surpresa com a violência de Denver?) e planos ainda mais mirabolantes que teriam que contar muito com a sorte para dar alguma coisa certo na vida real (não que não fosse sempre assim, mas aqui tá ainda maior). Até o teor político da série se perdeu um pouco no meio dessa tentativa de dramatizar mais as relações entre os personagens, e no fim ainda se perde um dos melhores personagens da série toda, só para ter um motivo "válido" para fazer uma quinta (e quem sabe até sexta) temporada. Decepcionante, porque esperava que fosse ficar no nível da terceira, mas já mostra desgaste e falta bases fortes para que a série se sustente por mais tempo sem estragar de vez.
Big Little Lies (1ª Temporada)
4.6 1,1K Assista AgoraSei nem direito como começar a falar sobre a série, porque estou totalmente surpreso com a forma como tudo é perfeito. Jean-Marc Vallé merece muito todos os méritos por conduzir de forma tão sensível e chocante esse roteiro impecável, contando com um elenco maravilhoso, onde cada ator, por menor ou mais novo que seja, dá um show de atuação (as crianças estão assustadoras de tão boas, principalmente as que fizeram Chloe e Ziggy). Reese Witherspoon, Nicole Kidman e Shailene Woodley comandam tudo de forma exemplar, entregando muito provavelmente as melhores atuações que já fizeram, assim como Laura Dern e Alexander Skarsgard mostram resultados formidáveis. A fotografia meio esverdeada, remetendo sempre ao clima litorâneo de Monterrey, confere uma personalidade visual marcante e bastante séria à obra, assim como o uso e escolha da trilha sonora foi simplesmente perfeito. Mesmo com a sensualidade presente em Bonnie, o que mais impressiona é a cautela e sensatez do olhar de Vallé sobre o feminino, sem apelar a saídas fáceis, objetificação ou sexualização exacerbada dos corpos das mulheres, mostrando uma maturidade cinematográfica que poucos diretores possuem. Abordar traumas, relações e sororidade da forma como foi feito aqui é algo raríssimo, e é realmente muito gratificante poder conferir algo feito com tanta entrega por parte de toda a equipe envolvida e tanto cuidado.
Narcos: México (2ª Temporada)
4.0 59 Assista AgoraContinua no mesmo nível da temporada anterior (provavelmente um degrau acima), mas mantém o mesmo problema de ritmo. Diferente das temporadas na Colômbia, é muito difícil maratonar Narcos: México, pois tanto a temporada quanto os episódios apresentam ritmos bastante oscilantes, indo do extasiante e frenético ao entediante num piscar de olhos. O início e o fim da temporada são excelentes e eletrizantes, mas há alguns episódios centrais que parecem tão longas que a temporada parece não ter somente 10, mas 15 episódios. Em contrapartida, a história cresce e se expande, desenvolve seus personagens, desloca protagonismos, apresenta excelentes backgrounds e entrega cenas de violência magníficas. O jogo de poder entre México e Colômbia, assim como entre Félix e os chefes das praças, além de todas as jogadas políticas escusas, mostram muito bem a relação histórica entre EUA, México e drogas, relação muito bem sucedida em vários momentos. Diego Luna está brilhante, mas os personagens de Walt e Pablo Acosta comandam a temporada. Para as próximas temporadas, El Chapo e Amado Carrillo Fuentes prometem muito, e espero que a coisa esquente ainda mais.
O Espião
4.2 51 Assista AgoraUma minissérie que definitivamente me surpreendeu. A fotografia assemelha-se bastante a produções televisivas como novelas, mas conta com um ótimo uso da paleta de cores para diferenciar as cenas em Israel e na Europa ("vida real", com uma paleta acinzentada e pouca variedade de cores), e as cenas na Síria ("vida falsa", com cores vivas e fortes). Toda a produção é bastante cuidadosa, com ótimos cenários e figurinos, fazendo uma reconstrução de época bastante fiel. O roteiro e direção de Gideon Raff casam muito bem toda a trama, culminando em cenas incríveis, como o início do episódio 5, as cenas de comunicação via código Morse e vários momentos da season finale. Por ser uma obra israelense, obviamente Eli Cohen será apresentado como alguém íntegro, mas ainda há certas nuances que o colocam como falho e humano. Levando-se em conta o propósito da produção e quem a fez, fica fácil entender todas as escolhas do roteiro, fazendo com que o resultado final seja bastante coerente e preciso. Sacha Baron Cohen realmente surpreende num papel fora da comédia, mostrando que é um ator excelente com grande conhecimento da veia dramática. No fim, O Espião é uma série excelente para se entender um período da Guerra Fria, deslocar o olhar do conflito EUA x URSS, entender como se deu parte da relação entre Israel e Síria na década de 1960 e ver como os israelenses se veem dentro de todo aquele conflito.
Fleabag (1ª Temporada)
4.4 630 Assista AgoraNão se trata só de uma série excelente, mas genial. Certamente uma das melhores de comédia dos últimos anos - e talvez de todos os tempos -, lado a lado ali com Atlanta em todos os quesitos. O texto afiadíssimo de Phoebe Waller-Bridge é o que torna a série única, tanto pelo seu enredo metalinguístico, pelas constantes quebras da quarta parede e a própria atuação da personagem título, o que nos faz sentir muito próximos de todos os acontecimentos. O elenco tá impecável, assim como a edição, a direção e a excelente trilha sonora. Olivia Colman tá impressionante como a madrinha, odiável até o fio do cabelo, e essa primeira temporada não só estabeleceu todos os conflitos essenciais da trama, como soube aprofundar a personalidade de sua protagonista e alguns dos principais coadjuvantes. Série fascinante, onde o drama funciona ainda melhor que a comédia, sem deixar que a obra perca a sua sagacidade, sua acidez hilária e diálogos absurdamente inteligentes, rápidos e bem escritos.
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 889 Assista AgoraImpressionante como a série cresce de forma tão natural entre a primeira e a segunda temporada. O espaço de tempo pulado, os conflitos estabelecidos na season finale da season 1 e os iniciados com o primeiro episódio da 2 conduzem todos os acontecimentos da temporada de forma bastante orgânica, de forma que o roteiro nem parece uma criação, mas só uma documentação do dia a dia de uma mulher moderna solteira, independente, com problemas familiares, de relacionamentos e muitos traumas a lidar. É uma série que sabe brincar sério com o machismo cotidiano e profissional, com as dificuldades do se relacionar na modernidade, com as pressões familiares e as cobras e lagartos que temos que engolir pela boa convivência, com a empatia e falta dela, com depressão e suicídio, com fé e paixão, entre tantas coisas... Incrível como consegue ser tão profunda e complexa em apenas seis episódios de menos de 30 minutos. Phoebe Waller-Bridge é um desses gênios da nova geração que merece todos os holofotes e mais um pouco.
Coletivo Terror (1ª Temporada)
3.1 138 Assista AgoraTotalmente abaixo das expectativas. Parece uma grande reunião dos maiores clichês do terror, sem apresentar qualquer novidade ou pior twist realmente interessante - o que chega mais perto é em Escritor do Mal. O nome da série não serve pra absolutamente nada, pois não é como se o coletivo estivesse de qualquer forma conectado às histórias, mas é somente uma facilitação cênica para reunir os personagens dos episódios dentro de um mesmo espaço. E de terror não tem nada mesmo, nem susto consegue dar. Mas os episódios Escritor do Mal, Cobaias e Três Irmãos se saíram melhor que os outros, seja por algum grau de originalidade, condução ou atuação.
Nada Ortodoxa
4.3 334Tudo na medida certa: acertou no tom, na dramaticidade, na abordagem, na temática, na estética e nas atuações. Shira Haas como protagonista sustenta a série com maestria, ao mesmo tempo em que a representação do mundo judeu ortodoxo dispensa qualquer didatismo, mas estabelece sua lógica pouco a pouco. Belíssima história sobre se rebelar, se conhecer e correr atrás de seu lugar no mundo. Uma belíssima surpresa, com um desfecho emocionante.
The Act
4.3 392A série tem um elenco maravilhoso, com Patricia Arquette e Joey King dando um show, assim como tem ótimos momentos da direção. A história original é sombria o suficiente para gerar uma ótima obra audiovisual. Mas o ritmo e a quantidade de episódios acabam tornando a experiência cansativa; a série poderia ter dois episódios a menos, o que deixaria tudo mais conciso e menos entediante em certos momentos. Ainda assim, foi uma ótima produção trazida pelo Hulu em 2019.
I Am Not Okay With This (1ª Temporada)
3.7 352 Assista AgoraNo piloto, é bem irritante a semelhança com The End of The F***ing World (por razões óbvias), mas a partir do segundo episódio ganha vida própria, e tem talvez o melhor efeito cliffhanger de séries que já vi: foi impossível parar de ver, e por ser tão curtinha você termina numa sentada. É uma série meio leve que aborda temáticas pesadas, mas que quando pega pesado, vai fundo. Sophia Lillis e Wyatt Oleff mostraram aqui o nível altíssimo deles como atores, e prometem ser gigantes dessa geração se mantiverem atuações dessa qualidade. A trilha sonora é uma delícia, acaba lembrando muito (o único aspecto bom de) 13 Reasons Why, além da série estar repleta de referências a filmes como Carrie, A Estranha, Curtindo A Vida Adoidado, Clube dos Cinco e outros filmes dos anos 80 do John Hughes, recriando bem essa estética de época, mesclada com uma fotografia menos colorida para dar o tom dos personagens. A season finale foi primorosa, e a abordagem sobre traumas, problemas familiares e relacionais, autodescobrimento (físico e sexual) e transtornos hereditários são excelentes, sabendo ser ao mesmo tempo duras, mas não pesadas a ponto de serem desgastantes. Tá teen e adulta na medida certa, assim como leve e violenta quando deve ser. No final, as semelhanças com The End of The F***ing World me fizeram gostar ainda mais dessa série.
The Office (1ª Temporada)
4.1 559Depois que vi os três primeiros episódios, fui ver o piloto de versão britânica para comparar, e a americana consegue acertar na escolha dos atores, principalmente Steve Carell e B. J. Novak, para dar um ar mais humorístico e um pouco - não muito - menos constrangedor que a versão UK (pois nela você se sente na maior parte do tempo constrangido, como se fosse os próprios personagens). De início não parece tão engraçada, mas quando você pega a proposta da série - acompanhar o cotidiano de um escritório sob as lentes de um suposto documentário -, você entende porque a maior parte do tempo a sensação é de vergonha alheia e constrangimento, e nesse sentido os atores, a direção e o roteiro sabem como criar isso muito bem. É uma série realmente diferente e fantástica, com um humor bem próprio - copiado dos britânicos.
Neon Genesis Evangelion
4.5 331 Assista AgoraNão vou mentir, eu gosto dessas obras confusas que fazem você ficar muito tempo pensando, criando teorias, pesquisando e tentando ligar pontos. Talvez nenhuma consiga melhor isso do que Neon Genesis: Evangelion. Claro que o final tem seus óbvios deslizes devido à falta de verbas, algo que o The End of Evangelion meio que resolve, mas a forma como falta de grana é transformada em subjetividade subconsciente, metalinguagem, filosofia e autopercepção é algo realmente de gênio. Hideaki Anno é, verdadeiramente, um gênio. Não só por compor um anime cujo enredo é um caldeirão de simbologias, religiões, espiritualidades, filosofias, psicologia, com uma abordagem totalmente voltada às problemáticas humanas e a (in)capacidade da solidão e do amor; também não se resume a subverter o gênero mecha, marcado pelas lutas megalomaníacas e muita destruição, dando a esses aspectos um foco secundário, sendo que o desenvolvimento dos traumas e neuroses dos personagens é o que realmente move a série; muito menos é sobre a perfeição técnica do anime, que usa das cores como poucas obras conseguem e sabe compor verdadeiras obras de arte com a simplicidade, e criar uma forte carga dramática, psicológica e filosófica com elementos isoladamente comuns. Anno é uma mente produtiva de uma geração que começa a florescer a partir de Akira e do cyberpunk, que nasce com traumas pesados como as bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, as atrocidades da Segunda Guerra Mundial, a ameaça constante de uma guerra nuclear e ainda presencia o terror de Chernobyl. Evangelion é sobre uma sociedade de pessoas que têm medo de se relacionar, que projetam seus traumas no outro ou se fecham em seus próprios mundos, que confiam na ciência como a um deus, ou na religião como a solução de todos os problemas; sobre um mundo desesperado por paz, por aceitação, por amor, que não consegue encontrar isso dentro de si e no seu semelhante, e apela ao divino ou à ciência, a fim de se tornar Deus e fazer com que o ato divino se consume; sobre uma juventude que já nasce perdida, traumatizada, vazia, sem expectativas, e que a duras penas encontra o sentido de viver, descobre quem é, que mesmo sofrendo nas relações diárias, percebe que a vida em sociedade é a única forma de ser alguém, de existir, pois não há crescimento ou autopercepção sem o outro para nos dar um parâmetro. Acho que, acima de tudo, Hideaki Anno, com seu Neon Genesis: Evangelion, faz um apelo ao mundo, grita para ser ouvido, mas não podia ser tão claro. Afinal, só poderemos ser humanos se assim o quisermos, e pra entender a obra dele, somente com esforço se pega certas nuances, certas discussões, certas abordagens. Não é só um anime teen com crianças choronas e robôs gigantes, mas algo riquíssimo que só dá pra ter um bom vislumbre quando se é adulto. E, mesmo assim, acho que nunca será possível compreender tudo. Isso é o que torna tudo melhor. A vida é meio que isso mesmo.
Lendas do Amanhã (4ª Temporada)
3.6 35 Assista AgoraUma temporada tão divertida quanto a anterior, que não perdeu o fôlego por ter um número mais conciso de episódios, mas que perde por apostar em tanto musical e clichê de "o amor vence tudo". Não dá muito espaço pra um exagero de fillers, o que faz com que a história pouco a pouco vá andando. A adição das ameaças mágicas foi bem legal, mas senti que o vilão da temporada, Neron, perdeu força lá pro final e deixou de ter aquele ar de ameaça que tinha no início da temporada. Ainda assim, foi uma temporada bem divertida, com episódios genuinamente engraçados e com relações legais entre os personagens. Constantine e Charlie são muito bem-vindos. O pai do Nate também se mostrou um personagem bem legal e gostei muito de ver o Gary participando mais.
BoJack Horseman (6ª Temporada)
4.6 296 Assista AgoraUma pena a decisão da Netflix de finalizar com Bojack, mas dava pra sentir que tinha muito mais a vir. De qualquer forma, a série acabou sendo a melhor de animação que já vi, e não à toa vou chamá-la novamente de "The Sopranos das animações". O encerramento, como esperado, estabelece novos rumos que não serão acompanhados, representando bem a incerteza que a série sempre quis passar, mostrando as idas e vindas da vida e como as falhas, os erros, os traumas, as alegrias e os acertos nos guiam e nos moldam. Foi uma temporada magistral, e a segunda parte da temporada foi especialmente pungente, principalmente quando chegam os episódios 14 e 15 (que espetáculo visual e narrativo o episódio 15!). A season finale soa como somente um dia na vida, e acerta exatamente por isso: a história não acaba, nós só deixamos de ser seus espectadores. Começou grande e encerrou gigantesca. Bojack Horseman é uma série inesquecível, que nos transforma e nos ensina coisas demais para não ser considerada uma das melhores já feitas.
The Good Place (4ª Temporada)
4.3 331 Assista AgoraSabe quando uma série acaba e fica aquela sensação de vazio porque você não poderá ver mais o que aconteceu com seus personagens favoritos? Aqui é ainda pior porque realmente não há mais o que acontecer, e isso é o que torna tudo mais bonito. Acho que essa é uma das séries mais fortes que já assisti, talvez até a mais, pois através da comédia traz reflexões tão profundas e pertinentes sobre o sentido da vida, quem somos e quem devemos ser, o que é felicidade e amor, sobre plenitude, jornada, seguir em frente, aceitar os problemas para aprender com eles... E, no final, tudo é tão poético que a temporada final é como o último refrão de uma música perfeita. A season finale é disparado o episódio mais triste e reflexivo da série, pois realmente fecha todas as histórias, e apesar do tom de paz, você se sente triste por ver personagens com quem você passou um bom tempo resolvendo de vez a sua jornada. E nem se trata de morte, pois todos já estão mortos desde o início da série, não? Pensar vida após a morte da forma como The Good Place fez, introduzindo tantos conceitos filosóficos sobre moral, justiça, ética, responsabilidade e vida, é algo único e especial, altamente construtivo e transformador. Jason, Tahani, Chidi, Eleanor, Janet e Michael são personagens que ficarão para sempre no meu coração. E The Good Place é certamente uma das séries mais valiosas que tive o prazer de acompanhar.
Crise nas Infinitas Terras
3.7 30Tendo em vista o nível limitado das séries da CW, o crossover foi excelente, e souberam trabalhar com todos os personagens bem, dando uma resolução interessante à saga e estabelecendo novos paradigmas para o Arrowverse. Fiquei muito feliz de ver atores dos filmes e séries antigas da DC fazendo uma ponta, e adorei principalmente o encontro do dois Flashs na Força de Aceleração, o Superman de Brandon Routh e a resolução que deram ao Clark Kent de Tom Welling.
Chewing Gum (1ª Temporada)
4.1 249É uma série bastante engraçada, que desliza aqui e ali em certos momentos em que força muito e acaba não conseguindo atingir o riso, mas que brinca muito bem com os estereótipos de seus personagens, tendo na protagonista Tracey as maiores contradições - e os melhores momentos de comédia.
Drácula (1ª Temporada)
3.1 420É, rapaz... Foi complicado esse episódio 3. Mesmo com certos momentos da direção que buscavam fazer referências aos clássicos do vampirão e acabaram ficando meio bregas, os dois primeiros episódios foram muito bons, principalmente o primeiro, mais sanguinolento e mais tenso. Quando chega ao final do segundo episódio, gostei muito da ideia de renovação da lenda, de uma nova abordagem, e inocentemente pensei que a maioria das reclamações era uma aversão à modernização dos clássicos - o que defendo se for bem feito. Mas... não foi bem assim. O roteiro do episódio 3 parece ter sido feito na correria e de qualquer jeito, só para ter algo para concluir a temporada. Pareceu até o final horrível de Game of Thrones, quando um monte de soluções sem sentido foram empurradas goela abaixo do espectador e ficou por isso mesmo.
Aceitei bem o Drácula se modernizando, entrando no universo tecnológico e usando isso para se alimentar, mas forçaram muito com o advogado chamado por Skype (deus ex machina preguiçoso o da senha do wifi), com a Fundação Jonathar Harker que ninguém sabe por quem é financiado, com a solução idiota do celular do Jack onde Drácula vê a foto da "maravilhosa" Lucy, o motivo pelo qual o vampiro ficou gamado na mulher, a forçação de colocar a mesma atriz pra fazer uma descendente da Agatha Van Helsing (seria muito melhor se fosse a mesma, que virou vampira e sobreviveu até os dias atuais), e, por fim e talvez o pior de tudo, jogar no lixo toda a mitologia do Conde Drácula para estabelecer um solução psicológica furada das superstições que envolvem o monstro, que ainda morre no final com a Zoe (mais forçado impossível).
Eu amei a interpretação de Claes Bang, acho que ele, inclusive, merece um filme digno para esse Drácula sarcástico, cínico e cheio de piadinhas, que acabaram se encaixando muito bem na personalidade egocêntrica, violenta e sedutora do personagem original. Dolly Wells como Agatha (não como Zoe) também foi algo incrível, estabelecendo uma dinâmica fascinante entre mocinha e vilão e criando um jogo de gato e rato muito gostoso de se assistir. A fotografia e a direção de arte são legais, e os figurinos muito bons, mas os efeitos práticos é que dão um show de verdade. Se fosse por isso e pelos dois primeiros episódios, daria uma nota 4 ou 4,5, mas o último episódio foi tão mal feito que não dá pra dar uma nota alta, infelizmente.
His Dark Materials - Fronteiras do Universo (1ª Temporada)
4.0 166 Assista AgoraNão tenho como comparar com o material original, já que ainda não li os livros (mas já os tenho em mãos, só questão de tempo), mas como série de fantasia, é um dos grandes lançamentos do ano. Primeiro que não tem ganas de ser "a nova Game of Thrones" ou algo parecida, assumindo uma identidade própria bem característica da parceria da HBO com a BBC, conseguindo imprimir uma fotografia bem própria, um ritmo super britânico e uma abordagem um pouco mais lenta, mas sem perder a agitação. Gostei dessa dosagem entre cenas de puro diálogo e expressões e cenas épicas que investiam em muito CGI, pois tanto economiza nos custos quanto exige mais do elenco, que por sinal está ótimo. Dafne Keen, para a proposta da personagem adaptada pelo excelente Jack Thorne, cai como uma luva (apesar de eu saber que é bem diferente em certos aspectos da personalidade), assim como Ruth Wilson (a verdadeira dona da série até agora, atuação monstruosa) e James McAvoy (quando acionado, faz valer o nome que tem). Não só o trio principal, mas todo o elenco manda bem demais, com destaque para Lewyn Lloyd, Lin-Manuel Mirada e Ariyon Bakare. O roteiro de Jack Thorne é bem inteligente em como conduz, como introduz cada personagem e em trabalhar de forma cronológica, introduzindo coisas do segundo livro na primeira temporada, como o próprio Will, a fim de deixar a história mais palatável para os que não leram a obra original. Os efeitos especiais estão ótimos, Iorek Byrnison e Pan que o digam. Gostei bastante da direção dos episódios, especialmente dos dois últimos da temporada, e da forma como trabalharam com as cenas de ação, usando de menos recursos, mas que foram bastante funcionais. Agora só esperando pela próxima temporada, porque o gancho deixado foi de torar.