Curto, genial, crítico...tão perfeito que parece aquelas coisas que sempre estiveram ali. E eu explanei: quando há o que é bom feito em Pernambuco, é melhor do que o bom de outros lugares. Sarcasmo inteligente, fora do lugar-comum e sem presunção qualquer. A brincadeira como coisa séria: funciona!
Absolutamente necessário um curta nesses moldes (didático, explicativo, sintético, direto na veia) em tempos onde projetos estapafúrdios como o do "novo" Recife têm, além da grana que rola, do "prestígio" (leia-se poder) das pessoas interessadas envolvidas, a seu favor as propagandas (televisão, outdoors) massivas para convencer de que é o melhor para a cidade!
O filme é curto para o que foi e significou a Guerra do Contestado. Mas a proposta é o olhar do cinema para a festa que, no presente, é uma representação do acontecimento histórico. E mais uma vez, a mestria de Sganzerla ganha espaço e faz com que o espectador ((re)conheça o Brasil a partir da chave da criticidade. O modo de filmar, a montagem desses quase oito minutos da festa nos dá a dimensão do quanto que a história da região, apesar da importância, é desprezada e a memória, política, social e afetiva, também. Personagens como o da adolescente Maria Rosa (a guerreira do cavalo, da canção e da festa), uma mulher que funcionou como comandante geral é simplesmente subsumida de livros e aulas de História. Ainda bem que o cinema salva!
As memórias se apoiam nas pedras das cidades, em alguns casos, pois temos com a paisagem que nos rodeia um tipo de comunicação silenciosa que marca nossas relações mais profundas. É o sumiço, a mudança abrupta da paisagem neste curta-metragem genial que desencadeia o clima de agonia e "perdição" (perda de identidade, perda de chão, perda da comunicação com o vendedor de relógio da passarela...a personagem se vê subsumida pelos signos todos da grande cidade, do capitalismo cruel e tirano (vire-se) (vide o telão de propagandas inúteis que em nada a ajudam pois que não compõem um mapa afetivo e sonoro em suas lembranças tanto quanto o comportamento do guarda/policial)). Genial o trabalho do Tsai Ming-liang com a memória, com o tempo, com a inserção em tempos agoniantes onde a frase "tudo o que é sólido desmancha no ar" faz muito sentido. E me foi impossível não lembrar do trecho de "Memória e Sociedade - lembranças de velhos": "As histórias que ouvimos referem-se, do início ao fim, a velhos lugares, inseparáveis dos eventos neles ocorridos. A casa, o bairro, algumas ruas, em geral o trajeto para a escola e o centro da cidade são descritos de um modo dispersivo nas lembranças várias, mas com alguns focos: o viaduto do Chá, a Catedral, a rua Direita, o museu do Ipiranga, o Parque Siqueira Campos, o Teatro Municipal... Esses lugares são descritos sob vários pontos de vista. O senhor Ariosto que ia ao centro da cidade com seu pai, observa: "Naquela época estavam fazendo a Catedral da praça da Sé: vi quatro, seus operários carregando um bloco de pedra para a igreja". Observa o sr. Amadeu que a Catedral levou vinte anos para terminar, tanto que d. Brites nos conta um entrevero com os integralistas no largo da Sé: "Comunistas, socialistas, anarquistas, todos se juntaram e se esconderam na própria Catedral que ainda estava com andaimes e desses andaimes mandaram pedras lá de cima". As lembranças, a memória dos lugares também é política e é ação. O curta é perfeito para desencadear a discussão.
"Belezas são coisas acesas por dentro. Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento" escreveu Jorge Mautner e seu conceito cai como uma luva para o Invention of Love. Este curta é esteticamente perfeito, a escolha por se trabalhar com contra-luz casada com a trilha sonora estupenda cria um ambiente de melancolia no sentido benjaminiano de perda e renúncia pela vida uma vez que o personagem vive em um mundo-máquina e já não sabe mais como viver o amor. O sombreado desperta a sensação de que a beleza evapora e com ela a imagem se apaga e o símile se dissolve: as imagens são metáforas para uma leitura crítica de tempos de modernização.
Não tem grandes coisas...mas os créditos finais são criativos. E mais uma vez a música que me tem perseguido: "Que tontos, que loucos que somos nós dois..." rsrsrsrsrsrss
Eu gosto dessa animação. Gosto de como é tratado o tempo no filme. A tirania a que estamos todos submetidos (a da passagem do tempo) seja no campo ou na cidade é abordada através do prisma feliz da aprendizagem. Filme bonito e não caricatural sobre o sertão.
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Recife Frio
4.3 313Curto, genial, crítico...tão perfeito que parece aquelas coisas que sempre estiveram ali. E eu explanei: quando há o que é bom feito em Pernambuco, é melhor do que o bom de outros lugares. Sarcasmo inteligente, fora do lugar-comum e sem presunção qualquer. A brincadeira como coisa séria: funciona!
Recife, Cidade Roubada
4.5 16Absolutamente necessário um curta nesses moldes (didático, explicativo, sintético, direto na veia) em tempos onde projetos estapafúrdios como o do "novo" Recife têm, além da grana que rola, do "prestígio" (leia-se poder) das pessoas interessadas envolvidas, a seu favor as propagandas (televisão, outdoors) massivas para convencer de que é o melhor para a cidade!
Irani
3.5 3O filme é curto para o que foi e significou a Guerra do Contestado. Mas a proposta é o olhar do cinema para a festa que, no presente, é uma representação do acontecimento histórico. E mais uma vez, a mestria de Sganzerla ganha espaço e faz com que o espectador ((re)conheça o Brasil a partir da chave da criticidade. O modo de filmar, a montagem desses quase oito minutos da festa nos dá a dimensão do quanto que a história da região, apesar da importância, é desprezada e a memória, política, social e afetiva, também. Personagens como o da adolescente Maria Rosa (a guerreira do cavalo, da canção e da festa), uma mulher que funcionou como comandante geral é simplesmente subsumida de livros e aulas de História. Ainda bem que o cinema salva!
A Onda Traz, O Vento Leva
3.8 15Um filme bonito, de uma sensibilidade inteligente e nada piegas para temática de tamanha fragilidade. E o som do filme é espetacular.
Alma no Olho
4.5 19http://www.youtube.com/watch?v=IbCa5ufiV3s
A Passarela Se Foi
3.8 11As memórias se apoiam nas pedras das cidades, em alguns casos, pois temos com a paisagem que nos rodeia um tipo de comunicação silenciosa que marca nossas relações mais profundas. É o sumiço, a mudança abrupta da paisagem neste curta-metragem genial que desencadeia o clima de agonia e "perdição" (perda de identidade, perda de chão, perda da comunicação com o vendedor de relógio da passarela...a personagem se vê subsumida pelos signos todos da grande cidade, do capitalismo cruel e tirano (vire-se) (vide o telão de propagandas inúteis que em nada a ajudam pois que não compõem um mapa afetivo e sonoro em suas lembranças tanto quanto o comportamento do guarda/policial)). Genial o trabalho do Tsai Ming-liang com a memória, com o tempo, com a inserção em tempos agoniantes onde a frase "tudo o que é sólido desmancha no ar" faz muito sentido. E me foi impossível não lembrar do trecho de "Memória e Sociedade - lembranças de velhos": "As histórias que ouvimos referem-se, do início ao fim, a velhos lugares, inseparáveis dos eventos neles ocorridos. A casa, o bairro, algumas ruas, em geral o trajeto para a escola e o centro da cidade são descritos de um modo dispersivo nas lembranças várias, mas com alguns focos: o viaduto do Chá, a Catedral, a rua Direita, o museu do Ipiranga, o Parque Siqueira Campos, o Teatro Municipal... Esses lugares são descritos sob vários pontos de vista. O senhor Ariosto que ia ao centro da cidade com seu pai, observa: "Naquela época estavam fazendo a Catedral da praça da Sé: vi quatro, seus operários carregando um bloco de pedra para a igreja". Observa o sr. Amadeu que a Catedral levou vinte anos para terminar, tanto que d. Brites nos conta um entrevero com os integralistas no largo da Sé: "Comunistas, socialistas, anarquistas, todos se juntaram e se esconderam na própria Catedral que ainda estava com andaimes e desses andaimes mandaram pedras lá de cima".
As lembranças, a memória dos lugares também é política e é ação. O curta é perfeito para desencadear a discussão.
Invenção do Amor
4.0 135"Belezas são coisas acesas por dentro. Tristezas são belezas apagadas pelo sofrimento" escreveu Jorge Mautner e seu conceito cai como uma luva para o Invention of Love. Este curta é esteticamente perfeito, a escolha por se trabalhar com contra-luz casada com a trilha sonora estupenda cria um ambiente de melancolia no sentido benjaminiano de perda e renúncia pela vida uma vez que o personagem vive em um mundo-máquina e já não sabe mais como viver o amor. O sombreado desperta a sensação de que a beleza evapora e com ela a imagem se apaga e o símile se dissolve: as imagens são metáforas para uma leitura crítica de tempos de modernização.
Faço de Mim o Que Quero
3.5 16Não tem grandes coisas...mas os créditos finais são criativos. E mais uma vez a música que me tem perseguido: "Que tontos, que loucos que somos nós dois..." rsrsrsrsrsrss
Para limpar lágrimas, Paulo Leminski
4.7 7Fotogramas belíssimos. Recortes de textos providenciais. Experimentalismo na medida certa. Um filme-homenagem apaixonado, eu diria.
Jardim das Vulvas
2.1 28Eu gosto! Eu gosto! Eu gosto!
Os Sapatos de Aristeu
4.0 10Devo simplesmente dizer que o filme é maravilhoso. Fotografia perfeita. Sensibilidade aguçada.Perfeito.
O Amor do Palhaço
3.5 7Esse filme é de uma sensibilidade arrebatadora. Bela fotografia e interpretação magnífica...
Átimo
3.5 6Mais ou menos.Mas, há momentos felizes como uma das últimas cartas lidas entre eles...O final é previsível, mas não deixa de ser bonitinho...
Vincent
4.5 1,0KLindo demais! Sensível! E foda tecnicamente falando!
Vida Maria
4.3 133Eu gosto dessa animação. Gosto de como é tratado o tempo no filme. A tirania a que estamos todos submetidos (a da passagem do tempo) seja no campo ou na cidade é abordada através do prisma feliz da aprendizagem. Filme bonito e não caricatural sobre o sertão.