Planeta dos Macacos, o filme original de 1968 estrelado por Charlton Heston é uma obra prima da ficção científica. É instigante, perturbador, e apaixonante. Pra quem não sabe, o filme é baseado num livro de mesmo nome, do francês Pierre Boulle. Pra começar, o fato do filme ser do final da década de 60 não me incomodou como achei que incomodaria. A maquiagem é sensacional, tanto que o filme chegou a ganhar um Oscar honorário por ela, já que na época não havia ainda essa categoria. Claro que hoje em dia, com toda a tecnologia, queremos sempre que tudo seja o mais real possível. Mas o filme não fica datado nunca, principalmente devido a toda a crítica social que o permeia. Planeta dos Macacos é uma sátira muito bem feita da humanidade. Ficamos com raiva dos macacos, mas apenas porque eles representam o que tem de pior em nós. Não são os macacos que nos causam repulsa, mas sim o fato de nos reconhecermos ali, no meio de tanto pelo. Destaco também o quão perturbador que é ver seres humanos serem tratados como animais. Impossível não se sentir culpado pelo que a própria humanidade faz. Além dessa crítica social, há também uma clara referência ao papel que a religião faz em esconder a verdade. Dr. Zaius, um orangotango que é líder político e religioso, e um dos melhores personagens do filme, sabe muito mais do que aquilo que conta em seus sermões. Esse primeiro filme também nos passa uma mensagem anti Guerra Fria. A ficção científica é ótima pra esse tipo de coisa já que, principalmente naquela época, críticas escancaradas ao modelo vigente não eram muito bem vistas. Logo no começo do filme, o astronauta Taylor, interpretado por Charlton Heston, se questiona se irmãos ainda matam irmãos no agora longínquo planeta Terra. E há também o final, que talvez seja o mais marcante de todos os finais de filme; um que com certeza marcou a história do cinema. A cena é até hoje parodiada nas mais diversas mídias. Uma pena que é praticamente impossível assistir ao filme sem já saber o desfecho, já que até a própria capa do DVD já é um spoiler. Agora, se você não sabe do que estou falando, corra e assista esse filme, que deveria ser obrigatório pra qualquer um, amante ou não do cinema. Vale destacar a atuação de Charlton Heston. Seu personagem é meio canastrão, dono de um cinismo latente sobre a civilização de sua época, e é impossível o espectador não se apaixonar pelo personagem.
Os novos filmes da franquia Planeta dos Macacos são a prova de que não só de caça níqueis vivem os reboots. Planeta dos Macacos: A Guerra fecha com chave de Ouro a nova Trilogia, que serve como excelente e crível prelúdio para o filme clássico de 1968, este irretocável e dificílimo de ser refilmado. Em War for the Planet of the Apes, Caesar se vê em meio à guerra deflagrada no segundo filme e, após uma tragédia particular, ele se vê em busca de vingança e de conflitos internos referentes ao que é certo e errado. Diferente do que muitos esperavam, War não foca em cenas de batalhas bombásticas (como a tensa e brilhante cena na floresta que abre o longa-metragem) , mas sim na jornada de seu messiânico protagonista e seus conflitos internos. E isto é talvez o que faz este filme se destacar do mar de filmes medíocres que todo ano inundam as salas de cinema: mais do que apenas querer divertir o espectador, o diretor Matt Reeves trata a história com seriedade, introduzindo personagens carismáticos cheios de camadas, cenas tocantes (você vai se pegar emocionado mais de uma vez) e diversas críticas sociais para serem pescadas, a maioria delas muito pertinentes para a época em que vivemos. Andy Serkis está espetacular novamente como Ceasar. Mas além dele, todos os outros personagens são muito caracterizados. Nos emocionamos e enxergamos uma história por detrás de cada um deles. O antagonista “Coronel” é interpretado magistralmente Woody Harrelson, que possui algumas das melhores falas do filme, e que conseguiu ao mesmo tempo me fazer repudiá-lo por suas ações, e me convencer das motivações que o fizeram chegar até aquele ponto. Enfim, vá sem medo assistir a este que provavelmente é o melhor blockbuster de 2017. PS 1: Se você não viu o filme original de 1968 você irá perder muitas referências, desde cenários, batidas na trilha sonora, situações e até mesmo personagens. Fica a dica e vá correndo assistir a este clássico dos anos 1960. PS 2: Planeta dos Macacos: A Guerra também merece destaque por ser o primeiro blockbuster (fora os filmes da DC) que assisto no cinema e cuja trilha sonora me chamou a atenção. Além disso, fazia tempos que não me pegava tenso durante a sessão, completamente pego de surpresa pelo desenrolar da história e agitado por nunca saber o que irá acontecer. E eu assisti todos os trailers que saíram, então, mérito da produção!
Admito que, por ter lido e gostado bastante da série literária A Bússola de Ouro, estava ansioso para assistir este filme (mesmo que tantos anos depois de seu lançamento). O longa metragem de 2007 consegue trazer muitos elementos da incrível mitologia dos livros, porém o roteiro tira tudo de épico e grandioso da história original, simplificando a trama e transformando A Bússola de Ouro num bom filme de fantasia com ares de um entretenimento sem compromisso. O visual é definitivamente o ponto alto da película, apesar de em vários momentos o CGI ser claro. Se você nunca leu os livros e conhece pouco da história, acredito que vá gostar da adaptação. É um universo inteiramente novo, e o filme consegue trazer a maioria das boas ideias que permeiam o plot da trama original. Meu problema não é com a daptação em si, mas com a maneira com a qual a história é contada. Alguns diálogos são expositivos demais, o desenvolvendo dos personagens e a apresentação das subtramas acontece de formada muito rápida. Mas ao mesmo tempo que narrativa seja simples, o roteiro joga muitas informações para o telespectador sobre o mundo da protagonista Lyra e a importância do “Pó” para a trama, de forma que quem não leu o livro tenha grandes chances de ficar perdido e não captar toda a essência da trama, ao passo que os leitores não serão agradados por acharem que o roteiro não dá a devida atenção a esses elementos. Eu mesmo, talvez por já conhecer a história pelo livro, fiquei um tanto quanto entediado com a linearidade da trama, e lá pro final só queria que o filme acabasse. Enfim, A Bússola de Ouro é um entretenimento sem compromisso, que não aproveita o potencial de seu material fonte, mas entrega uma aventura leve e com um visual bonito que deve agradar aos fãs de fantasia dos anos 80,90 que nunca leram o livro. Pelo menos, tenho que admitir que não é um desastre de adaptação como Eragon ou o Último Mestre do Ar.
Guardiões da Galáxia Vol. 2 entrega exatamente aquilo que prometeu: um filme extremamente divertido, visualmente riquíssimo, com um roteiro simples, mas competente e, o mais importante, um filme com coração. O que mais me agrada em Guardiões da Galáxia é que ele é o filme que mais abraça a galhofa e o humor da fórmula Marvel, ao mesmo tempo em que não tenta parecer o que não é. De quebra, ainda é um dos filmes mais humanos do estúdio, e, se não me falha a memória, o único filme da Marvel que nos dá tempo de sentir o peso dramático do arco de seus protagonistas sem precisar contrabalancear com uma piadinha
Depois da morte de Yandoo, não há uma piada até os créditos finais. Pela primeira vez, pude me encher de lágrimas num filme da Marvel e não ser interrompido por uma piadinha boba
Uma das coisas responsáveis por me prender ao filme foi o fato de eu não saber nada a respeito da trama. Os trailers não entregaram nada e eu fui surpreendido diversas vezes ao longo da projeção (até a metade do filme eu não fazia ideia de quem era o antagonista da história). O quão revigorante foi essa experiência, tão rara hoje em dia. O calcanhar de Aquiles de Guardiões 2 é o vilão.
Por mais que não seja um antagonista fraco como já nos habituamos nas projeções da Marvel, e seja interpretado por ator muito carismático, Ego tampouco é um vilão icônico.
Se ele começa promissor no início da projeção, quando finalmente se releva como o antagonista, ele abraça a megalomania e o roteiro passa batido em suas motivações, perdendo uma grande oportunidade de criar um vilão inesquecível, afinal, estamos falando de um semideus que está atrás de um propósito.
Afinal, porque ele se decepcionou ao encontrar a vida no universo? Porque afinal ele quer se expandir? Qual a grande verdade por trás deste propósito que Peter viu? Ego é um vilão grande e complexo demais pra ser resolvido em apenas um filme. Os Guardiões derrotaram um celestial, o que vem depois disso?
Achei estranho que não achei este filme tão engraçado quanto o primeiro, mas não sei se foi uma questão de ter assistido ao filme num dia que não estava tão receptivo ao humor ou se o filme perdeu um pouco do ineditismo que alavancou o primeiro. Enfim, GdG é um filme muito divertido e ao mesmo tempo muito emocionante, com uma bela mensagem que foge a alguns clichês familiares e com personagens extremamente carismáticos que sustentam um roteiro que não foge do padrão Marvel.
Jungle Emperor Leo é um filme de 1997 que adapta o último volume do mangá icônico de Osamu Tezuka, no Brasil conhecido por Kimba: O Leão Branco. O longa animado adapta o arco de histórias no qual o protagonista já é um rei formado e experiente, e narra os últimos anos de sua vida. Como adaptação, Jungle Emperor Leo funciona muito bem. Quase todas as passagens do mangá estão no filme, com algumas modificações que achei muito pertinentes, modificando algumas passagens que não funcionariam muito bem em um filme (como por exemplo os animais falarem), ou utilizando personagens que não estão neste arco da história especificamente, mas são icônicos na série como um todo (afinal, Hamegg é o icônico antagonista de Kimba). Eu amo o universo criado por Tezuka, mas quando fui ler o mangá recentemente, me dei conta de que a história não é mais pra mim (acho que já estou velho demais pro estilo narrativo de Kimba), então revisitar este universo numa narrativa mais madura foi uma experiência incrível. Afinal, Kimba sempre foi bem dicotômico pra mim: uma narrativa um tanto quanto inocente e por vezes infantil, mas com várias coisas pesadíssimas acontecendo aos protagonistas. Dito isso, o que acho que falta a este filme é o mesmo que senti falta no mangá: profundidade e mais calma ao desenvolver os arcos de história. Jungle Emperor Leo é um filme pesado, carregado, com muitas mortes, acontecimentos tristes e mensagens poderosas, mas carece de certo coração. Se você acha que chorou vendo O Rei Leão, neste filme deveria então chorar como um bebê. Infelizmente, isso não acontece devido a essa falta de apego aos personagens. Não há muito tempo dedicado com esse propósito ao longo da projeção. Talvez, porque o filme tenha que introduzir muitas passagens e sub-arcos presentes no mangá. Enfim, Jungle Emperor Leo é uma ótima adaptação, e que prova que a selva de Kimba é um lugar que deve ser revisitado tantas vezes quanto possível: seja em séries animadas voltadas pro público infantil, ou em filmes que tragam o dramático arco final. PS1: É uma pena que este material não esteja disponível em terras tupiniquins. Tive que assistir a uma versão em inglês no Youtube. PS2: Se há gente dizendo que O Rei Leão plagiou Tezuka, devo dizer que os artistas dessa animação se inspiraram muito em certas passagens visuais de O Rei Leão, porque é impossível não reconhecê-las
Ghost in the Shell nasceu um clássico. Considerando a época que o filme foi produzido, são pertinentes demais os conceitos e temáticas que o anime apresenta, como o difícil limite do que nos define como “humanos”. A animação é linda, uma mistura entre um futuro desolador, de tecnocracia opressiva, mas também de singela beleza e mistério nos arranha-céus na noite chuvosa da metrópole. A combinação da trilha sonora com momentos de contemplação é um deleite a parte, nos deixando com um incômodo mas gostoso sentimento de solidão. Esses momentos são de uma rara imersão, principalmente se considerarmos o ritmo frenético das grandes produções atualmente. Muitos dos conceitos que a animação se dispõe a discutir, porém, são jogados de modo às vezes por demais truncado, sendo difícil de segui-los e demandando uma atenção absurda, em especial no ato final quando quando entra em cena o tal Mestre das Marionetes e seus diálogos extremamente expositivos. Esses diálogos expositivos às vezes me tiravam um pouco da imersão, por soarem um tanto artificiais. Como dito por um usuário abaixo, talvez a duração muito curta do filme tenha prejudicado o resultado final nesse aspecto, visto que caso o anime tivesse mais tempo de duração, o diretor teria tempo para administrar a trama e trabalhar algumas passagens de modo menos verbalmente expositivo, principalmente no desenvolvimento do ato final, que achei um tanto apressado e verborrágico. Dito isso, Ghost in the Shell, definitivamente, merece ser assistido, seja pela beleza da animação, pelo pioneirismo e influência que exerceu na cultura pop, ou pela interessante temática que ele se propõe a discutir. Nota:8.50
Logan é um puta filme de personagem. Explico: o diferencial deste filme não está no roteiro propriamente dito, que é até bem simples e linear. Logan é basicamente um road movie ambientado num mundo pós-apocalíptico PARA os mutantes (e isso é muito importante). Em nenhum momento o roteiro tenta ir além do básico para explicar porque o mundo está melhor ou não sem os mutantes, ou filosofar sobre como a indústria e o Governo podem nos manipular e nos alterar até mesmo através até mesmo da água que bebemos, etc, etc. Eu achava que este filme estava sendo aclamado pela crítica justamente pela densidade da história, mas não, isso não é tão importante para a narrativa de James Mangold, e longe de isso ser um furo (o roteiro é redondinho). Muito pelo contrário, o que pode faltar de densidade no roteiro, sobra em desenvolvimento de personagens. E esse é o trunfo de Logan: pela primeira em muito tempo, quiçá pela primeira vez (exceto pela trilogia Cavaleiro das Trevas), temos personagens tão bem desenvolvidos dentro de um filme de herói. Logan é um filme sobre heróis "quebrados", é um filme que escancara a vulnerabilidade daqueles que um dia cultuamos como heróis perfeitos e inabaláveis. A atuação do trio principal é soberba, e Hugh Jackman e Patrick Stewart dão tantas camadas a seus personagens que este é um filme que deve ser visto e revisto. E é particularmente um filme tocante e emocionante, principalmente para quem cresceu com estes personagens. Acredito que quem é fã e assistiu às demais encarnações destes heróis irá entender ainda melhor o arco destes personagens, que vem se desenvolvendo desde o primeiro X-Man lá em meados 2000 tamanho. As cenas de ação estão ótimas e até mesmo a tão comentada violência não é gratuita, tendo sempre uma função dentro do roteiro. Enfim, se Deadpool se sobressaiu desse mar de mesmices de filmes de heróis por ser tão subversivo e escrachar o próprio gênero que lhe deu origem, Logan se sobressai por mostrar que, mesmo sem roteiros mirabolantes, há mais a ser contado em histórias de heróis do que cenas de ação e colantes coloridos. Quem sabe este seja o começo de uma era em que não existam mais filmes de heróis, mas sim filmes de diversos gêneros protagonizados por heróis.
Kong: A Ilha da Caveira é a encarnação de um filme pipocão blockbuster bem executado: ótimos efeitos especiais, boas cenas de ação e uma narrativa bem acelerada que te prende do início ao fim. O roteiro, como é de se esperar de um filme com essa proposta, é simples, sendo previsível e piegas em alguns momentos, mas nada que vá incomodar quem já vai pra sessão sabendo a que Kong se propõe. Com muita boa vontade, ainda é possível extrair um subtexto inteligente, principalmente se considerarmos o contexto de Guerra Fria no qual o filme se encaixa, principalmente ao encarnar no antagonista o anseio bélico de nossa civilização de buscar uma guerra até mesmo onde ela não existe. O fato da narrativa se encaixar no começo da era digital é muito inteligente, visto que era a última oportunidade de ilhas desconhecidas como a Ilha da Caveira serem descobertas pela humanidade. O visual e as cenas de ação estão incríveis. Porém, talvez até mais do que as cenas de ação, a parte mais legal do filme para mim foi quando, junto com os protagonistas, desbravávamos e descobríamos a incrível mega fauna da Ilha da Caveira. Acho inclusive que uma maior variedade de visuais e espécies poderia ter sido introduzida. Nenhum dos personagens chega a ser explorado, mas o elenco é bom o suficiente para termos o mínimo de empatia por eles, ainda que seus backgrounds sejam rasos. Dito isso, Kong me entregou 2 horas de puro entretenimento e boa diversão. Nada de memorável e inesquecível, mas um bom filme para se assistir no cinema, este Kong está muito mais para um Godzilla, que é o típico filme de monstro gigante (ora destruidor, ora salvador), do que para um filme próprio do King Kong, que sempre estrelou obras mais densas e cheias de subtextos. PS: A própria postura deste Kong é diferenciada. Talvez até mesmo pelas dimensões do monstro, ele se porta muita mais como um humano do que como um símio. Do meu ponto de vista, esta encarnação do Kong se assemelha mais a um Pé-Grande gigante do que a um gorila que cresceu demais.
Ghost in the Shell 2: Innocence é um filme difícil, em todos os sentidos, inclusive o de resenhar: claramente dirigido para ser uma obra de arte, e não apenas um entretenimento que tenha de atender as demandas do mercado, até mesmo os pontos que me incomodaram foram colocados no filme de propósito pelo diretor. O personagem principal do filme é Batou, o ciborgue que no primeiro filme é o parceiro da Major Motoko, sempre acompanhado de Togusa, seu parceiro quase humano (parte de seu cérebro é ciborgue). Desta vez, alguns anos após os acontecimentos do primeiro Ghost in the Shell, Batou precisa investigar andróides voltados para o entretenimento sexual, criados por uma empresa chamada Locus Solus, que estão criando vontade própria e assassinando seus donos. A Seção 9, divisão de investigações do governo que cuida de assuntos relacionados à mais alta tecnologia, tem que intervir, e é aí que Batou e Togusa entram. Eles precisam descobrir como e porquê os andróides estão matando as pessoas. A animação, a trilha sonora, os personagens, o clima de contemplação e a ambientação continuam incríveis, como na primeira animação. A trama é tão interessante quanto o de seu predecessor, porém, a forma que o diretor escolheu de contar a história é extremamente complexa e difícil de acompanhar, e pra mim isso não se encaixou muito bem com a proposta. Se no filme de 1995 os questionamentos filósoficos se encaixavam muito bem ao longo do plot de investigação policial que se desenvolvia, em Innocense o excesso de referências (a maior parte dos diálogos entre os personagens se dá através de citações de filósofos ou escritores famosos. Há o tempo todo personagens conversando uns com os outros através de citações, sem sequer responderem com frases normais, cotidianas.) torna difícil acompanhar a trama, que já é por si só contada de uma forma um tanto quanto confusa, com cortes rápidos entre cena e outra. Muitas vezes eu me pegava tentando entender o que o personagem estava tentando dizer com essa ou aquela citação, já que ela é responsável por contar parte da história, e quando me dava conta tinha perdido a cena que se desenrolava e precisava voltar pra entender o que estava acontecendo. Vejam bem, eu amo filosofia e filmes que se deixam ser contemplativos e nos dão pauta pra discussões e reflexões pós-sessão, apenas não curti a forma que esse filme escolheu pra trazer estes questionamentos a tona. Porém, o próprio diretor disse que a intenção por trás de tal decisão é a de enriquecer o número de interpretações. É algo muito autoral, e que de certa forma se tornou mais agrádavel quando reassisti o filme, mas que não se encaixou bem na primeira sessão, de forma que muitas vezes eu me vi fora do mundinho do filme, afinal, ninguém consegue ficarconversando por citações, nem mesmo máquinas. Dito isso, Ghost in the Shell 2: Innocence é um filme que vale o desafio que é acompanhar sua história, e que se torna melhor a cada vez que o assistimos, mas que talvez não vá pegar todo mundo numa primeira tentativa, afinal, o filme é cheio de camadas e interpretações filosóficas. No final, não sei ao certo dizer se o saldo foi positivo ou não, mas posso dizer que continuo preferindo o primeiro. OBS: Como um leigo e analisando minha primeira impressão ao terminar o filme, eu daria um 6.00, mas essa nota continua aumentando a medida que cada nova visão e interpretação me conectam mais ao filme.
Ta aí uma agradável surpresa. Durante anos desdenhei Stardust, julgando o filme pelos aparentes efeitos especiais datados e história clichê. Se eu soubesse o quanto estava enganado... Bem, talvez a história se desenrole a partir de vários clichês mesmo, e tenho que admitir que algumas cenas são meio bobas, mas não dá pra negar que o filme me pegou de jeito. Esse universo construído na obra Neil Gaiman é fantástico. A ideia da Muralha, uma vila que se localiza na fronteira entre o mágico e o mundo normal, é fascinante. O reino de Stormhold possui todos os elementos que habitam as melhores histórias de fantasia, além de criar uma mitologia própria e original de encantar crianças e adultos. Ficava fascinado com cada novo personagem que era apresentado, querendo que o filme continuasse sem parar que eu pudesse continuar minha jornada por Stormhold. E, diferente do que eu pensava, o desenrolar da história é original e muito divertido, repleta dos exageros sempre presentes em toda boa história de fantasia. Eu realmente não conseguia desgrudar da televisão, e faz tempo que uma história não me prende assim. Há de se dizer que o humor também é parte integrante de toda a trama. Mas não é qualquer tipo de humor. É um tipo de humor inteligente, e até mesmo adulto em diversos momentos; o roteiro brinca com alguns de seus próprios clichês de maneira muito inteligente. Mesmo assim, aquela veia mais sombria de Gaiman não foi deixada de lado. Pelo contrário. O filme tem uma boa dose de mortes, muitas delas bem criativas. Enfim, concordo com a crítica do Omelete quando ela diz que o filme resgata os filmes do gênero da década de 1980. E que saudade desses filmes, menos preocupados em criar uma franquia, e mais preocupados em contar aventuras de capa, espada e magia.
Demorei mais do que deveria para ver este documentário. Blackfish é um documentário tocante e muito humano sobre uma realidade que a maioria de nós finge não ver. O documentário é interessante de diversas maneiras, mas principalmente ao mostrar o quão inteligentes e conscientes são estes animais e ao denunciar o que não vemos nas propagandas do Seaworld: como estas grandes corporações tratam seus animais e até mesmo seus treinadores, que dedicam suas vidas ao trabalho, como meras fontes de dinheiro. Além disso, é chocante a forma que Blackfish expõe como o Seaworld e parques similares conseguiram encobrir tantas falhas e tantos erros grotescos por tantos anos. Por mais que o parque alegue tratar muito bem seus cetáceos, fica claro o quanto o cativeiro é prejudicial a estes animais. Enfim, Blackfish é uma brilhante obra de denúncia e uma tocante história de vida, não apenas de Tilikum, mas de todos aqueles animais tirados a força de suas famílias. Difícil não terminar de assistir e repensar nosso comportamento como sociedade. Afinal, quantos de nós aqui já não fomos aplaudir de pé a grande Shamu? Acho apenas que o documentário poderia colocar mais pessoas que defendam a permanência da exibição destes animais em parques temáticos, não como forma de legitimar a postura do Seaworld, mas de forma a servir como um contraponto interessante, de forma a enriquecer o debate e até mesmo fortalecer os argumentos daqueles que defendem que já passou da hora do Seaworld parar de tapar o sol com a peneira e parar de exibir esses animais tão fantásticos como meros brinquedos humanos.
Assassin's Creed é um filme difícil à beça de avaliar. Fui assisti-lo com baixa expectativa, devido às críticas que andei lendo por aí, e sai do filme sem conseguir defini-lo: fiquei totalmente envolvido pela história, achei as cenas de ação ótimas e a trilha sonora muito boa. Apesar de ter noção da mitologia por trás de AC, nunca joguei o jogo, então em momento algum eu sabia o que ia acontecer. Resumindo: me diverti muito e não me incomodei durante o filme com nada. Porém, ao mesmo tempo, eu sai do cinema com a sensação de que estava faltado alguma coisa, e alguma coisa grande. Eu só não sabia o que era. Alguns dias depois, e tendo já mastigado bastante o roteiro do filme, acho que encontrei o que falta neste filme: coração; porque por mais que eu saiba que o roteiro deveria explorar e explicar mais da história, mitologia e motivação das seitas milenares, isso não é nada diferente do que vemos em qualquer filme de herói dessa última safra. O que faltou em AC foram personagens com coração, personagens que nos ganhem, sejam eles mochinhos ou bandidos. Durante as cenas que se passam no passado, Fassbender não tem um diálogo sequer. O personagem parece totalmente no piloto automático. E por mais que o ator nas cenas que se passam no presente entregue uma boa atuação e tente dar uma carga dramática ao personagem, o personagem não tem profundidade. Aliás, nenhum personagem do filme tem. AC aborda uma temática interessantíssima, e tem alguns ótimos diálogos, mas carece de se aprofundar em tudo que põe na mesa. E por se tratar de uma trama complexa, isso faz muita falta. Em momento algum você entende a motivação do Credo dos Assassinos, o filme pouquíssimo faz pra abarcar em sua mitologia, e muito menos tenta tornar os Templários menos do que meros vilões. Todos os diálogos interessantes de llen Kaye (Charlotte Rampling) são contrapostos pelos diálogos maquiavélicos e belicosos de seu pai e dos anciões. Não há aqui a ambiguidade que sei que caracteriza a série dos jogos. Enfim, AC é um bom entretenimento (talvez se você seja fã dos jogos, nem tanto), que me entregou uma história diferente, ótimas cenas de ação, e me apresentou a um universo fantástico, o que me deixou louco de vontade de jogar todos os jogos. É uma pena que falhe em pontos tão cruciais, mas no mínimo é uma adaptação digna, que traz diversos dos elementos que caracterizam a série da Ubisoft. Um segundo filme poderia corrigir e melhorar muitos destes aspectos, pena que isso não vai acontecer. OBS: Acho importante ressaltar que achei um tanto quanto injusta a indicação de AC ao framboesa de ouro. Num ano com TANTOS filmes sofríveis, é incrível que uma obra no mínimo competente esteja concorrendo ao prêmio dos piores do ano. AC prometeu uma adaptação de uma franquia enorme de jogos, e nos entregou isso. Nos prometeu um bom entretenimento, e nos entregou isso. O filme consegue trazer uma trama diferente aos cinemas, personagens interessantes e ótimas cenas de ação. De fato, ele "em momento algum se aprofunda nos temas que se propõe a desenvolver", como li muito por aí. Porém, Doutor Estranho também não, e nem por isso estou vendo ele ser malhado por aí (nada contra a Marvel, só citei o exemplo por ser o mais próximo). O que diferencia a proposta de AC da de outros filmes de heróis? Ambos são adaptações de extensos universos, e AC ao menos consegue trazer uma história inovadora. Acho que isso deveria ser levado mais em conta. Sei que o filme não é nem um pouco acima da média, mas ao mesmo tempo, essa falta de dois pesos/ duas medidas está matando diversas franquias com um puta potencial, e esmagando novas ideias em favor do mesmo tipo de entretenimento massivo, que está se tornando cada vez mais repetitivo.
Seguindo a pegada do que tenho assistido de animações em 2016, Cegonhas é um filme que se define pelo roteiro simples com sacadas geniais. A proposta do filme é ótima, e como já tinha lido algumas críticas antes de assistir Cegonhas, acabei ficando com certa expectativa pra história. Porém, confesso que nos primeiros minutos de filme estava achando que ia me decepcionar: fiquei com a sensação de que estavam tentando encaixar muitas piadas que não estavam funcionando muito bem. Era um humor meio exagerado, muitas vezes pastelão, e que não estava me deixando entrar de cabeça na história do filme (apesar de saber que crianças adoram esse tipo de humor, hoje em dia as animações são feitas para a toda a família; é inviável trabalhar com um filme que vai matar de tédio pelas próximas duas horas os pais que levam seus filhos ao cinema). Felizmente, logo a trama começa a engatar, o ritmo começa a melhorar, e surgem, no lugar de piadas forçadas, sacadas geniais. E o filme está repleto delas. Apesar da trama principal ser relativamente simples, o universo criada para Cegonhas e as soluções encontradas para responder a algumas perguntas, como a de onde são gerados os bebês levados pelas Cegonhas, são muito inventivos. Definitivamente entramos de cabeça neste universo. Além disso, apesar de nunca se aprofundar muito em nenhum delas, o filme é repleto de metáforas para o mundo adulto e mensagens para os pequenos. Além dos já clássicos clichês sobre amor, amizade e coragem, há muitas referências ao dia-a-dia de uma grande empresa, as mudanças “visionárias” pelas quais muitas empresas passam, abandonando antigos princípios em busca de abraçar mais consumidores, as dificuldades da paternidade, e talvez o que mais tenha me chamada a atenção: a aspiração vazia de se tornar chefe. Afinal, porque tanto queremos subir dentro de nossos trabalhos? É pelo dinheiro? Pelo “status”? Ou será que temos realmente algo a oferecer para a Companhia? Há ainda um tapa na cara de muitos pais: a relação do menino Nate com os seus pais é uma crítica a realidade de várias famílias por aí cujos pais não têm tempo para cuidar de seu filho por causa da correria do dia-a-dia. Os personagens são muito carismáticos, e até mesmo Tulipa, que achava insuportavelmente chata no começo da projeção, foi que conquistando ao longo da história. Ah, e não dá pra deixar de citar as brilhantes aparições da alcatéia de lobos. Enfim, entre piadas mal e bem encaixadas, soluções criativas e boas tiradas, Cegonhas consegue ser uma animação acima da média. Ainda falta alguma coisa para tratar com a mesma sutileza e profundidade os temas adultos que se propõe a discutir, mas há de se admitir que a Pixar fez escola. Ah, e não dá pra deixar de citar a belíssima cena final, com uma mensagem magnífica para a criançada sobre o conceito de família.
Pets? A Vida Secreta dos Bichos me pegou não pela originalidade do roteiro, mas sim pelo carisma dos personagens e a familiaridade de várias das situações retratadas durante a animação. O arco principal envolvendo a dupla de protagonistas caninos é muito previsível (me parece uma versão menos inspirada de Toy Story) e o plot envolvendo a revolução dos bichos não é bem explorado. Porém, as situações em que os personagens se metem e sua reação à elas — que se encaixam perfeitamente com a personalidade de cada um deles e, porque não, com a personalidade que enxergamos em nossos pets — fazem deste filme um entretenimento no mínimo divertido e que em nenhum me fez perder o interesse. Enfim, Pets é uma boa animação infantil, mas que infelizmente não consegue transcender o gênero como, por exemplo, a maioria dos filmes da Pixar. Só gostaria que a história focasse menos na história de Duke e Max e mais na interação dos bichos dentro dos apartamentos. É um filme que nasceu pra render uma série animada derivada.
Definitivamente, um dos melhores filmes do ano. A Chegada foi para mim em 2016 o que Interstellar foi em 2014. Os filmes, porém, tem algumas diferenças. A Chegada é menos didático e tem menos gordurinhas; mas não que isso torne este filme melhor (eu particularmente gosto da narrativa mais expositiva de Nolan). A Chegada nos dá o que de melhor a ficção científica tem a oferecer. É um filme cheio de boas reflexões, tanto social quanto cientificamente. Se no campo da ciência, A Chegada consegue discutir o tempo determinístico de uma forma que eu jamais vi antes, no campo social o filme é mais atual impossível, mostrando, num momento de tantos conflitos diplomáticos ao redor do mundo, que apenas entender o significado das palavras ditas por outrém não é suficiente. É preciso entender todo o contexto, o que está por trás das intenções e motivações do interlocutor. Toda a tecnologia e poder bélico do mundo são insignificantes, e até mesmo perigosos, se não conseguirmos nos comunicar uns com os outros, transmitir com clareza nossas mensagens, nos entender. Não basta saber, é preciso compreender. A atuação de todo o elenco é impecável, e o plot twist final é tão bom que fiquei com vontade de permanecer na sala do cinema e esperar pela próxima sessão só para assistir novamente com outros olhos. É, definitivamente, aquele tipo de filme que rende horas de boas discussões, nas quais você sempre vai pegar alguma coisa que não pegou enquanto assistia. Minha única crítica é a de que devido ao fato de tanto ter se falado que o filme trata da linguística, senti muita falta justamente de um enfoque justamente na parte da linguagem em si, e não apenas na importância que ela tem na nossa sociedade. Eles poderiam ter explorado bem mais a linguagem dos heptapods, afinal, como foi que a Amy Adams conseguiu decifrar os círculos, afinal? Eles obedeciam a qual lógica sintática? Como foi que descolaram um alfabeto? Como foi o progresso do processo de ensinar os aliens a ‘falar inglês’? Acho que os diálogos sobre linguística poderiam ter sido mais numerosos e profundos, já que aparentemente a proposta do filme é justamente tratar destes temas.
Doutor Estranho chama a atenção logo de cara pelo elenco arrebatador, talvez o melhor cast de um filme da Marvel. O nível de atuação é alto, mas não acho que o roteiro esteja a altura do elenco. Benedict nos entrega um personagem interessante e forte, porém, a forma apressada com que o roteiro nos apresenta a vida do Dr. Stephen Strange antes do acidente me dificultou a criar qualquer tipo de empatia pelo personagem. Seu arco pessoal e dramático, e a forma como o personagem evolui como pessoa é impactante, porém acho que muito mais pela atuação de Cumberbatch do que pelo roteiro, visto que esse não se esforça em trabalhar essa transformação, correndo demais na evolução do personagem, principalmente na sua transição de médico à Mago. Aliás, este é um dos maiores problemas deste filme: tudo é muito conveniente. O roteiro é repleto de soluções que se você para um segundo pra pensar, vê que não fazem o menor sentido.
(Apenas pra exemplificar: você tem mais de trinta magos treinando na China, mas deixa apenas um feiticeiro para proteger um dos três portais que protegem a Terra. E óbvio, este “poderoso” feiticeiro é facilmente derrotado pelo vilão em ascenção, que, porém, é impedido por um aprendiz que acabou de aprender a lançar seus primeiros feitiços.)
O filme flerta com temas interessantíssimos, sendo talvez o filme Marvel que tenha tentado brincar com temas mais adultos dentre os demais: morte, tempo, espiritualidade, etc. Porém, ao mesmo tempo que ele tenta falar sobre vários assuntos interessantíssimos, ele parece sempre resolvê-los com uma frase clichê e seguir em frente com mais uma piada. Além disso, não há tempo para drama. Cenas que deveriam ter uma carga dramática maior são rapidemente interrompidas para uma piada, a maioria forçada. Afinal, piadas são legais para descontrair, aliviar a tensão, mas há um limite do que é aceitável ou não. A magia é muito bem apresentada, mas, ao mesmo tempo, ela me pareceu algo muito banal: parece que todo mundo é um mago em potencial, e pelo jeito não é uma tarefa das mais difíceis. A passagem de tempo do filme é confusa, e fica difícil saber o quanto de dedicação os aprendizes realmente tiveram. A magia surge como um ex maquina tão descarado, que me pergunto como todos os problemas do mundo não são resolvidos por ela (e não, as justificativas que o roteiro dá não colaram). Também achei fraco o fato de que todas as cenas de ação serem resolvidas na base da porrada, quando estamos falando de um filme de magos e feiticeiros. Mas se tem algo que o filme não erra é em seu visual. É difícil descrever, é apenas arrebetador. Além disso, o final de Doutor Estranho é fantástico, inteligente, e quebra todas as conveniências e expectativas do gênero. Doutor Estranho quebrou totalmente o paradigma de que todo o herói precisa ter uma batalha épica para derrotar o seu inimigo no final do filme.
O embate de Strange e Dormmamu foi sensacional, pela tortura psicológica que o loop usado pelo Doutor através do Olho de Agamotto afetou a figura do verdadeiro vilão.
A forma que o roteirista encontrou pra Strange resolver o clímax do filme foi muito inteligente e, quando você para pra pensar sobre essa cena em particular, percebe o quanto ela é carregada de drama e simbologia (além de possivelmente render um dos melhores memes do ano). Pena que, mais uma vez, a Marvel nos traz um vilão fraco com motivações ultrapassadas na forma de Kaecilius. A busca por poder e imortalidade não é nenhuma novidade dos vilões do gênero de super-heróis, mas pelo menos a ameaça que a representatividade da figura de Dormmamu ajudou na construção do surpreendente clímax final. Enfim, Doutor Estranho tinha tudo pra ser o melhor filme da Marvel, e durante toda a espera pela estreia do 14º filme do estúdio, ele foi a minha esperança de renovação na chamada “fórmula Marvel”. No fim, Dr. Estranho acaba flertando com temas interessantíssimos, sendo um filme divertido, com cenas fantásticas e com um visual arrebatador, mas cuja tão falada fórmula está presente a todo momento no longa, o que acaba fazendo com que o filme cede demais aos maneirismos do estúdio. O público adora e o filme está dando muito dinheiro, mas não canso de ter a impressão de que estou vendo mais do mesmo.
Dos filmes da Disney, Mowgli nunca foi um de meus favoritos, mas talvez seja o que sempre me despertara mais curiosidade. Nunca tinha assistido o filme inteiro, e em minha memória seu início tinha um tom mais melancólico e uma trilha sonora menos alegre do que eu estava acostumado. Revendo hoje, vejo que era só esse começo mesmo, ou a minha impressão de criança. O menino-lobo é um belo filme sobre o processo de crescer e descobrir o seu lugar no mundo. Assim como o personagem que o inspirou em "O Livro da Selva", Mowgli quer apenas encontrar o seu lugar no mundo. Mas as semelhanças param por aí: o filme da Disney tem um tom muito mais leve e divertido que a obra original. Isso aconteceu por intervenção do próprio Walt Disney, pois o roteiro original era mais sombrio e reflexivo. Esse foi o último filme do estúdio com participação direta de Disney. (Para saber sobre os bastidores de produção e da sutileza artística e importância histórica deste longa animado, recomendo a matéria do Plano Crítico: http://www.planocritico.com/critica-mogli-o-menino-lobo-1967/) Apesar da clara importância histórica e da beleza visual e narrativa, Mowgli não me cativou tanto quanto outros filmes do estúdio. Os personagens são fabulosos e cheios de vida, mas a história me pareceu um tanto quanto repetitiva, e as músicas não me cativaram (apesar da sempre maravilhosa "Somente o necessário"). Mas cumpre muito bem o seu papel de entretenimento infantil, com uma bela história e mensagens poderosas para crianças e adultos.
Ernest e Célestine é uma linda animação francesa que conquistou meu coração e o de todos aqui em casa! Além de traços lindos, a história de amizade entre o urso Ernest e a ratinha Célestine é cativante. O filme, ao mesmo tempo que é simples em sua proposta narrativa, aborda tantas problemáticas tão atuais que carrega uma mensagem muito poderosa tanto às crianças quantos aos adultos que pararem para assistir. É um filme riquíssimo, tanto em detalhes visuais, em criação de um universo, em mensagens e em personagens. Enfim, de uma sutileza apaixonante! Fica a dica. PS: Minha única crítica vai pro final meio corrido, que destoa do clima do resto do filme. Mas nada demais.
Spotlight é, na minha opinião, um dos melhores filmes de 2015 e foi digno do Oscar de melhor do ano. Aborda um tema pesadíssimo de forma muito eficiente, mesclando momentos de narrativa mais lenta com um suspense investigativo muito eficiente em prender a atenção do espectador. As atuações e o elenco são incríveis, e o roteiro soube tirar o melhor dos atores e da história que o diretor tinha em mãos para contar. Enfim, Spotlight é um filme que deve ser visto por todos, e que vai dar margem pra muita discussão por conta de todos os temas que se propõe a abordar: desde o escândalo de manipulação e acobertamento em si, quanto ao trabalho dos jornalistas modernos, os joguetes de poder e até mesmo ao se perguntar e responder de forma incisiva como que um tema como esse passou despercebido das pessoas por tanto tempo, mesmo com tanta gente sabendo de tudo que estava acontecendo.
Um Senhor Estagiário combina ótimas atuações com um roteiro que a princípio pode até parecer simples, mas que inspira e renova ao tocar com sensibilidade nos velhos dilemas da sociedade moderna. Ben Whittaker (Robert De Niro) é um personagem fascinante, e parte do brilhantismo do filme está em sua contraposição com Jules Ostin (Anne Hathaway), personagem que encarna os vícios do trabalhador do século XXI. O filme aborda diversos temas que podem estar acontecendo na vida de qualquer espectador, e a maneira com que roteiro e filme nos conduzem a narrativa conseguiu me tocar, me inspirar, me motivar, e me fazer refletir por diversas vezes. Não é nenhum "À Procura da Felicidade", mas é um filme que me tocou de diversas maneiras, seja pelas belas atuações, pelas situações e dilemas retratados, pelo ótimo elenco de apoio, ou talvez pelo otimismo de Ben. Sim, como é bom ver filmes que te deixam com um alto astral e renovado. Um filme pra se ver e rever, e se você está embarcando num novo trabalho, aprenda com Ben! PS: Muito interessante ver como o filme toca em pautas do feminismo de forma natural ao longo da narrativa, e como ele as desenvolve com leveza e carisma.
Este filme só não chegou a ser uma grande decepção porque eu já não estava esperando nada dele, e só o assisti por mero acaso, por ser o único filme que o horário estava batendo com os meus. Porém, como bom fã de histórias que envolvem ETs que sou, e lembrando dos primeiros 30 minutos do filme (que remetem aos trailers que cheguei a ver), não dá pra negar o gostinho amargo que A 5º Onda me deixou. A primeira cena do filme é um baita soco no estômago, e achei que ela ia ditar o ritmo do filme. Ele começa prometendo muita coisa, toca por cima de várias ótimas ideias, mas falha miseravelmente do segundo terço da história em diante, quando decide abandonar o mistério, o suspense e a trama de sobrevivência pra abraçar um romance pra lá de besta (se você um dia reclamou de Crepúsculo, é porque ainda não viu as motivações amorosas desse casal aqui) e uma trama totalmente sem pé e nem cabeça envolvendo o plano final dos tais ETs (sério, até um vilão de quadrinho da década de 70 tem planos mais críveis que esse aqui). Enfim, é isso mesmo. Não vou mentir, eu assisti o filme até o final, e não nego que quis ver até onde essa loucura toda iria dar. Talvez por isso dê uma nota até mais alta do que o roteiro do filme mereça. Mas não dá pra enganar, A 5° Onda tem uma das piores coletâneas de clichês e motivações dos últimos tempos. O que não seria um problema se o filme não se levasse a sério, mas o pior é que ele tenta.
Mais um filme que entra na onda de todos os filmes de comédia brasileiros, com um enredo simples, que alguns chamariam de fraco, e com piadas que ficam alternando do bom pro não muito engraçado. Porém, Vai que Cola tem um diferencial: o carismático e talentoso elenco. Os personagens da série Vai Que Cola são ótimos, cada um um com um arco e personalidade bem estabelecidos, e foi o carisma e as esquetes específicas desses personagens que me fizeram curtir os 93 minutos do filme. Mesmo que nem que todas as tiradas sejam boas, há momentos inspiradíssimos no filme, que rendem ótimas piadas e muita risada, e algumas ótimas sacadas, como a constante quebra da quarta parede. Enfim, Vai Que Cola é um filme divertido. Pra quem curte o gênero de comédia brasileira, vale a pena. No meu caso, valeu pelos personagens e pela série.
Antes de mais nada, devo dizer duas coisas: a primeira é que já li toda a saga Maze Runner e sou fã dos livros. A segunda coisa é que Prova de Fogo é um filme com uma pegada bem diferente da do primeiro, assim como o é o livro. Portanto, vá esperando encontrar filmes com características bem diferentes. Enquanto o primeiro filme é mistério e intriga do começo ao fim, parte deste charme não existe mais em Prova de Fogo, pois a razão de existir do labirinto já foi descoberta. O segundo filme da saga Maze Runner é mais um filme de aventura e sobrevivência. Não que isso seja ruim, até porque o mesmo acontece nos livros, mas as vezes o espectador vai esperando mais do suspense de Correr ou Morrer, e pode se decepcionar com o que encontra. Dito isso, Prova de Fogo, dentro de sua proposta, é um excelente filme. O ritmo é ótimo, e a trama se desenvolve muito bem, com um ritmo intenso do início ao fim. É um ótimo filme de sobrevivência/aventura. Há uma boa dose de reviravoltas, e os personagens continuam carismáticos. Os embates ideológicos entre o CRUEL e o braço direito já começam a pipocar neste longa, e espero ver mais disso no próximo filme. Não curti algumas coisas, porém. Achei fraco o visual e ambientação do filme. Os cranks se tornaram zumbis genéricos, coisas que não são no livro (possuem personalidades interessantes e assustadoras). Achei que também faltou expor mais as motivações de Thomas: que parece o tempo todo estar querendo acabar com o CRUEL e seus joguetes, mas nunca oferece uma solução ou alternativa viável. Além disso, o roteiro tem algumas soluções fáceis que, na empolgação do filme você não repara muito, mas quando para pra pensar, vê que chutaram o balde da verossimilhança
(eles fogem da prisão como se estivessem pulando uma cerca, o garoto na prisão conhece todo a estrutura dela em uma semana, e tudo isso engatinhando na tubulação, dentre outros momentos).
Dito isso do filme em si, vou falar agora do mesmo como adaptação. Sim, Prova de Fogo modifica MUITA coisa do livro em que se originou, porém, ao contrário do que tenho lido por aí, acho que o que Wes Ball fez foi um serviço a franquia. O diretor parece ter pego tudo aquilo que não funcionou muito bem nos livros, e tentou fazer de uma forma que funcionasse melhor em seus filmes (se isso é certo ou errado já é outra história, mas que funcionaram, funcionaram). De um modo geral, todas as mudanças surtiram um bom efeito.
A traição da Teresa, que faz muito mais sentido no filme. A travessia do deserto, que funciona muito melhor como uma fuga desesperada do que apenas como mais uma prova megalomaníaca do CRUEL. O aparente novo refúgio, que parece que vai ser muito mais crível e interessante do que o jogado deus ex machina do último livro, e assim por diante.
Claro, nem todas as mudanças são positivas. Eu particularmente senti falta de cenas muito boas presentes no livro, e achei que o Newt tem muito pouco destaque no longa, sabendo que seu papel será crucial no terceiro filme. Mas, de um modo geral, fiquei satifeito com as mudanças.
Com certeza um dos melhores filmes de ficção científica que já assisti. Adorei o climão do começo do filme, bem a la "mockmentary", que me fez sentir parte da história. Com o desenrolar da trama, o clima de suspense e mistério começa a tomar conta, e não conseguia mais desgrudar da tela. Rola um puta terror psicológico. Além disso, a trama é muito bem amarrada, mesmo com conceitos complexos que podem confundir os menos iniciados em certos conceitos físicos. E o final é muito corajoso, ao mesmo tempo que dá um gostinho de quero mais. Já assisti duas vezes, e sempre sugiro assistir novamente com novos amigos, pois ver este filme sempre rende uma ótima discussão.
O Planeta dos Macacos
4.0 684 Assista AgoraPlaneta dos Macacos, o filme original de 1968 estrelado por Charlton Heston é uma obra prima da ficção científica. É instigante, perturbador, e apaixonante. Pra quem não sabe, o filme é baseado num livro de mesmo nome, do francês Pierre Boulle. Pra começar, o fato do filme ser do final da década de 60 não me incomodou como achei que incomodaria. A maquiagem é sensacional, tanto que o filme chegou a ganhar um Oscar honorário por ela, já que na época não havia ainda essa categoria.
Claro que hoje em dia, com toda a tecnologia, queremos sempre que tudo seja o mais real possível. Mas o filme não fica datado nunca, principalmente devido a toda a crítica social que o permeia. Planeta dos Macacos é uma sátira muito bem feita da humanidade. Ficamos com raiva dos macacos, mas apenas porque eles representam o que tem de pior em nós. Não são os macacos que nos causam repulsa, mas sim o fato de nos reconhecermos ali, no meio de tanto pelo. Destaco também o quão perturbador que é ver seres humanos serem tratados como animais. Impossível não se sentir culpado pelo que a própria humanidade faz.
Além dessa crítica social, há também uma clara referência ao papel que a religião faz em esconder a verdade. Dr. Zaius, um orangotango que é líder político e religioso, e um dos melhores personagens do filme, sabe muito mais do que aquilo que conta em seus sermões.
Esse primeiro filme também nos passa uma mensagem anti Guerra Fria. A ficção científica é ótima pra esse tipo de coisa já que, principalmente naquela época, críticas escancaradas ao modelo vigente não eram muito bem vistas. Logo no começo do filme, o astronauta Taylor, interpretado por Charlton Heston, se questiona se irmãos ainda matam irmãos no agora longínquo planeta Terra. E há também o final, que talvez seja o mais marcante de todos os finais de filme; um que com certeza marcou a história do cinema. A cena é até hoje parodiada nas mais diversas mídias. Uma pena que é praticamente impossível assistir ao filme sem já saber o desfecho, já que até a própria capa do DVD já é um spoiler. Agora, se você não sabe do que estou falando, corra e assista esse filme, que deveria ser obrigatório pra qualquer um, amante ou não do cinema.
Vale destacar a atuação de Charlton Heston. Seu personagem é meio canastrão, dono de um cinismo latente sobre a civilização de sua época, e é impossível o espectador não se apaixonar pelo personagem.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 970 Assista AgoraOs novos filmes da franquia Planeta dos Macacos são a prova de que não só de caça níqueis vivem os reboots. Planeta dos Macacos: A Guerra fecha com chave de Ouro a nova Trilogia, que serve como excelente e crível prelúdio para o filme clássico de 1968, este irretocável e dificílimo de ser refilmado.
Em War for the Planet of the Apes, Caesar se vê em meio à guerra deflagrada no segundo filme e, após uma tragédia particular, ele se vê em busca de vingança e de conflitos internos referentes ao que é certo e errado. Diferente do que muitos esperavam, War não foca em cenas de batalhas bombásticas (como a tensa e brilhante cena na floresta que abre o longa-metragem) , mas sim na jornada de seu messiânico protagonista e seus conflitos internos. E isto é talvez o que faz este filme se destacar do mar de filmes medíocres que todo ano inundam as salas de cinema: mais do que apenas querer divertir o espectador, o diretor Matt Reeves trata a história com seriedade, introduzindo personagens carismáticos cheios de camadas, cenas tocantes (você vai se pegar emocionado mais de uma vez) e diversas críticas sociais para serem pescadas, a maioria delas muito pertinentes para a época em que vivemos.
Andy Serkis está espetacular novamente como Ceasar. Mas além dele, todos os outros personagens são muito caracterizados. Nos emocionamos e enxergamos uma história por detrás de cada um deles. O antagonista “Coronel” é interpretado magistralmente Woody Harrelson, que possui algumas das melhores falas do filme, e que conseguiu ao mesmo tempo me fazer repudiá-lo por suas ações, e me convencer das motivações que o fizeram chegar até aquele ponto.
Enfim, vá sem medo assistir a este que provavelmente é o melhor blockbuster de
2017.
PS 1: Se você não viu o filme original de 1968 você irá perder muitas referências, desde cenários, batidas na trilha sonora, situações e até mesmo personagens. Fica a dica e vá correndo assistir a este clássico dos anos 1960.
PS 2: Planeta dos Macacos: A Guerra também merece destaque por ser o primeiro blockbuster (fora os filmes da DC) que assisto no cinema e cuja trilha sonora me chamou a atenção. Além disso, fazia tempos que não me pegava tenso durante a sessão, completamente pego de surpresa pelo desenrolar da história e agitado por nunca saber o que irá acontecer. E eu assisti todos os trailers que saíram, então, mérito da produção!
A Bússola de Ouro
3.1 1,0K Assista AgoraAdmito que, por ter lido e gostado bastante da série literária A Bússola de Ouro, estava ansioso para assistir este filme (mesmo que tantos anos depois de seu lançamento).
O longa metragem de 2007 consegue trazer muitos elementos da incrível mitologia dos livros, porém o roteiro tira tudo de épico e grandioso da história original, simplificando a trama e transformando A Bússola de Ouro num bom filme de fantasia com ares de um entretenimento sem compromisso.
O visual é definitivamente o ponto alto da película, apesar de em vários momentos o CGI ser claro.
Se você nunca leu os livros e conhece pouco da história, acredito que vá gostar da adaptação. É um universo inteiramente novo, e o filme consegue trazer a maioria das boas ideias que permeiam o plot da trama original. Meu problema não é com a daptação em si, mas com a maneira com a qual a história é contada. Alguns diálogos são expositivos demais, o desenvolvendo dos personagens e a apresentação das subtramas acontece de formada muito rápida. Mas ao mesmo tempo que narrativa seja simples, o roteiro joga muitas informações para o telespectador sobre o mundo da protagonista Lyra e a importância do “Pó” para a trama, de forma que quem não leu o livro tenha grandes chances de ficar perdido e não captar toda a essência da trama, ao passo que os leitores não serão agradados por acharem que o roteiro não dá a devida atenção a esses elementos.
Eu mesmo, talvez por já conhecer a história pelo livro, fiquei um tanto quanto entediado com a linearidade da trama, e lá pro final só queria que o filme acabasse.
Enfim, A Bússola de Ouro é um entretenimento sem compromisso, que não aproveita o potencial de seu material fonte, mas entrega uma aventura leve e com um visual bonito que deve agradar aos fãs de fantasia dos anos 80,90 que nunca leram o livro. Pelo menos, tenho que admitir que não é um desastre de adaptação como Eragon ou o Último Mestre do Ar.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraGuardiões da Galáxia Vol. 2 entrega exatamente aquilo que prometeu: um filme extremamente divertido, visualmente riquíssimo, com um roteiro simples, mas competente e, o mais importante, um filme com coração.
O que mais me agrada em Guardiões da Galáxia é que ele é o filme que mais abraça a galhofa e o humor da fórmula Marvel, ao mesmo tempo em que não tenta parecer o que não é. De quebra, ainda é um dos filmes mais humanos do estúdio, e, se não me falha a memória, o único filme da Marvel que nos dá tempo de sentir o peso dramático do arco de seus protagonistas sem precisar contrabalancear com uma piadinha
Depois da morte de Yandoo, não há uma piada até os créditos finais. Pela primeira vez, pude me encher de lágrimas num filme da Marvel e não ser interrompido por uma piadinha boba
Uma das coisas responsáveis por me prender ao filme foi o fato de eu não saber nada a respeito da trama. Os trailers não entregaram nada e eu fui surpreendido diversas vezes ao longo da projeção (até a metade do filme eu não fazia ideia de quem era o antagonista da história). O quão revigorante foi essa experiência, tão rara hoje em dia.
O calcanhar de Aquiles de Guardiões 2 é o vilão.
Por mais que não seja um antagonista fraco como já nos habituamos nas projeções da Marvel, e seja interpretado por ator muito carismático, Ego tampouco é um vilão icônico.
Afinal, porque ele se decepcionou ao encontrar a vida no universo? Porque afinal ele quer se expandir? Qual a grande verdade por trás deste propósito que Peter viu? Ego é um vilão grande e complexo demais pra ser resolvido em apenas um filme. Os Guardiões derrotaram um celestial, o que vem depois disso?
Achei estranho que não achei este filme tão engraçado quanto o primeiro, mas não sei se foi uma questão de ter assistido ao filme num dia que não estava tão receptivo ao humor ou se o filme perdeu um pouco do ineditismo que alavancou o primeiro.
Enfim, GdG é um filme muito divertido e ao mesmo tempo muito emocionante, com uma bela mensagem que foge a alguns clichês familiares e com personagens extremamente carismáticos que sustentam um roteiro que não foge do padrão Marvel.
Jungle Emperor Leo
3.2 2Jungle Emperor Leo é um filme de 1997 que adapta o último volume do mangá icônico de Osamu Tezuka, no Brasil conhecido por Kimba: O Leão Branco.
O longa animado adapta o arco de histórias no qual o protagonista já é um rei formado e experiente, e narra os últimos anos de sua vida.
Como adaptação, Jungle Emperor Leo funciona muito bem. Quase todas as passagens do mangá estão no filme, com algumas modificações que achei muito pertinentes, modificando algumas passagens que não funcionariam muito bem em um filme (como por exemplo os animais falarem), ou utilizando personagens que não estão neste arco da história especificamente, mas são icônicos na série como um todo (afinal, Hamegg é o icônico antagonista de Kimba).
Eu amo o universo criado por Tezuka, mas quando fui ler o mangá recentemente, me dei conta de que a história não é mais pra mim (acho que já estou velho demais pro estilo narrativo de Kimba), então revisitar este universo numa narrativa mais madura foi uma experiência incrível. Afinal, Kimba sempre foi bem dicotômico pra mim: uma narrativa um tanto quanto inocente e por vezes infantil, mas com várias coisas pesadíssimas acontecendo aos protagonistas.
Dito isso, o que acho que falta a este filme é o mesmo que senti falta no mangá: profundidade e mais calma ao desenvolver os arcos de história. Jungle Emperor Leo é um filme pesado, carregado, com muitas mortes, acontecimentos tristes e mensagens poderosas, mas carece de certo coração. Se você acha que chorou vendo O Rei Leão, neste filme deveria então chorar como um bebê. Infelizmente, isso não acontece devido a essa falta de apego aos personagens. Não há muito tempo dedicado com esse propósito ao longo da projeção. Talvez, porque o filme tenha que introduzir muitas passagens e sub-arcos presentes no mangá.
Enfim, Jungle Emperor Leo é uma ótima adaptação, e que prova que a selva de Kimba é um lugar que deve ser revisitado tantas vezes quanto possível: seja em séries animadas voltadas pro público infantil, ou em filmes que tragam o dramático arco final.
PS1: É uma pena que este material não esteja disponível em terras tupiniquins. Tive que assistir a uma versão em inglês no Youtube.
PS2: Se há gente dizendo que O Rei Leão plagiou Tezuka, devo dizer que os artistas dessa animação se inspiraram muito em certas passagens visuais de O Rei Leão, porque é impossível não reconhecê-las
O Fantasma do Futuro
4.1 395 Assista AgoraGhost in the Shell nasceu um clássico. Considerando a época que o filme foi produzido, são pertinentes demais os conceitos e temáticas que o anime apresenta, como o difícil limite do que nos define como “humanos”. A animação é linda, uma mistura entre um futuro desolador, de tecnocracia opressiva, mas também de singela beleza e mistério nos arranha-céus na noite chuvosa da metrópole. A combinação da trilha sonora com momentos de contemplação é um deleite a parte, nos deixando com um incômodo mas gostoso sentimento de solidão. Esses momentos são de uma rara imersão, principalmente se considerarmos o ritmo frenético das grandes produções atualmente.
Muitos dos conceitos que a animação se dispõe a discutir, porém, são jogados de modo às vezes por demais truncado, sendo difícil de segui-los e demandando uma atenção absurda, em especial no ato final quando quando entra em cena o tal Mestre das Marionetes e seus diálogos extremamente expositivos. Esses diálogos expositivos às vezes me tiravam um pouco da imersão, por soarem um tanto artificiais. Como dito por um usuário abaixo, talvez a duração muito curta do filme tenha prejudicado o resultado final nesse aspecto, visto que caso o anime tivesse mais tempo de duração, o diretor teria tempo para administrar a trama e trabalhar algumas passagens de modo menos verbalmente expositivo, principalmente no desenvolvimento do ato final, que achei um tanto apressado e verborrágico.
Dito isso, Ghost in the Shell, definitivamente, merece ser assistido, seja pela beleza da animação, pelo pioneirismo e influência que exerceu na cultura pop, ou pela interessante temática que ele se propõe a discutir.
Nota:8.50
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraLogan é um puta filme de personagem. Explico: o diferencial deste filme não está no roteiro propriamente dito, que é até bem simples e linear. Logan é basicamente um road movie ambientado num mundo pós-apocalíptico PARA os mutantes (e isso é muito importante). Em nenhum momento o roteiro tenta ir além do básico para explicar porque o mundo está melhor ou não sem os mutantes, ou filosofar sobre como a indústria e o Governo podem nos manipular e nos alterar até mesmo através até mesmo da água que bebemos, etc, etc. Eu achava que este filme estava sendo aclamado pela crítica justamente pela densidade da história, mas não, isso não é tão importante para a narrativa de James Mangold, e longe de isso ser um furo (o roteiro é redondinho). Muito pelo contrário, o que pode faltar de densidade no roteiro, sobra em desenvolvimento de personagens. E esse é o trunfo de Logan: pela primeira em muito tempo, quiçá pela primeira vez (exceto pela trilogia Cavaleiro das Trevas), temos personagens tão bem desenvolvidos dentro de um filme de herói.
Logan é um filme sobre heróis "quebrados", é um filme que escancara a vulnerabilidade daqueles que um dia cultuamos como heróis perfeitos e inabaláveis. A atuação do trio principal é soberba, e Hugh Jackman e Patrick Stewart dão tantas camadas a seus personagens que este é um filme que deve ser visto e revisto. E é particularmente um filme tocante e emocionante, principalmente para quem cresceu com estes personagens. Acredito que quem é fã e assistiu às demais encarnações destes heróis irá entender ainda melhor o arco destes personagens, que vem se desenvolvendo desde o primeiro X-Man lá em meados 2000 tamanho.
As cenas de ação estão ótimas e até mesmo a tão comentada violência não é gratuita, tendo sempre uma função dentro do roteiro.
Enfim, se Deadpool se sobressaiu desse mar de mesmices de filmes de heróis por ser tão subversivo e escrachar o próprio gênero que lhe deu origem, Logan se sobressai por mostrar que, mesmo sem roteiros mirabolantes, há mais a ser contado em histórias de heróis do que cenas de ação e colantes coloridos. Quem sabe este seja o começo de uma era em que não existam mais filmes de heróis, mas sim filmes de diversos gêneros protagonizados por heróis.
Kong: A Ilha da Caveira
3.3 1,2K Assista AgoraKong: A Ilha da Caveira é a encarnação de um filme pipocão blockbuster bem executado: ótimos efeitos especiais, boas cenas de ação e uma narrativa bem acelerada que te prende do início ao fim.
O roteiro, como é de se esperar de um filme com essa proposta, é simples, sendo previsível e piegas em alguns momentos, mas nada que vá incomodar quem já vai pra sessão sabendo a que Kong se propõe. Com muita boa vontade, ainda é possível extrair um subtexto inteligente, principalmente se considerarmos o contexto de Guerra Fria no qual o filme se encaixa, principalmente ao encarnar no antagonista o anseio bélico de nossa civilização de buscar uma guerra até mesmo onde ela não existe. O fato da narrativa se encaixar no começo da era digital é muito inteligente, visto que era a última oportunidade de ilhas desconhecidas como a Ilha da Caveira serem descobertas pela humanidade.
O visual e as cenas de ação estão incríveis. Porém, talvez até mais do que as cenas de ação, a parte mais legal do filme para mim foi quando, junto com os protagonistas, desbravávamos e descobríamos a incrível mega fauna da Ilha da Caveira. Acho inclusive que uma maior variedade de visuais e espécies poderia ter sido introduzida.
Nenhum dos personagens chega a ser explorado, mas o elenco é bom o suficiente para termos o mínimo de empatia por eles, ainda que seus backgrounds sejam rasos.
Dito isso, Kong me entregou 2 horas de puro entretenimento e boa diversão. Nada de memorável e inesquecível, mas um bom filme para se assistir no cinema, este Kong está muito mais para um Godzilla, que é o típico filme de monstro gigante (ora destruidor, ora salvador), do que para um filme próprio do King Kong, que sempre estrelou obras mais densas e cheias de subtextos.
PS: A própria postura deste Kong é diferenciada. Talvez até mesmo pelas dimensões do monstro, ele se porta muita mais como um humano do que como um símio. Do meu ponto de vista, esta encarnação do Kong se assemelha mais a um Pé-Grande gigante do que a um gorila que cresceu demais.
Ghost in the Shell 2: Innocence
4.1 66Ghost in the Shell 2: Innocence é um filme difícil, em todos os sentidos, inclusive o de resenhar: claramente dirigido para ser uma obra de arte, e não apenas um entretenimento que tenha de atender as demandas do mercado, até mesmo os pontos que me incomodaram foram colocados no filme de propósito pelo diretor.
O personagem principal do filme é Batou, o ciborgue que no primeiro filme é o parceiro da Major Motoko, sempre acompanhado de Togusa, seu parceiro quase humano (parte de seu cérebro é ciborgue). Desta vez, alguns anos após os acontecimentos do primeiro Ghost in the Shell, Batou precisa investigar andróides voltados para o entretenimento sexual, criados por uma empresa chamada Locus Solus, que estão criando vontade própria e assassinando seus donos. A Seção 9, divisão de investigações do governo que cuida de assuntos relacionados à mais alta tecnologia, tem que intervir, e é aí que Batou e Togusa entram. Eles precisam descobrir como e porquê os andróides estão matando as pessoas.
A animação, a trilha sonora, os personagens, o clima de contemplação e a ambientação continuam incríveis, como na primeira animação. A trama é tão interessante quanto o de seu predecessor, porém, a forma que o diretor escolheu de contar a história é extremamente complexa e difícil de acompanhar, e pra mim isso não se encaixou muito bem com a proposta. Se no filme de 1995 os questionamentos filósoficos se encaixavam muito bem ao longo do plot de investigação policial que se desenvolvia, em Innocense o excesso de referências (a maior parte dos diálogos entre os personagens se dá através de citações de filósofos ou escritores famosos. Há o tempo todo personagens conversando uns com os outros através de citações, sem sequer responderem com frases normais, cotidianas.) torna difícil acompanhar a trama, que já é por si só contada de uma forma um tanto quanto confusa, com cortes rápidos entre cena e outra. Muitas vezes eu me pegava tentando entender o que o personagem estava tentando dizer com essa ou aquela citação, já que ela é responsável por contar parte da história, e quando me dava conta tinha perdido a cena que se desenrolava e precisava voltar pra entender o que estava acontecendo. Vejam bem, eu amo filosofia e filmes que se deixam ser contemplativos e nos dão pauta pra discussões e reflexões pós-sessão, apenas não curti a forma que esse filme escolheu pra trazer estes questionamentos a tona.
Porém, o próprio diretor disse que a intenção por trás de tal decisão é a de enriquecer o número de interpretações. É algo muito autoral, e que de certa forma se tornou mais agrádavel quando reassisti o filme, mas que não se encaixou bem na primeira sessão, de forma que muitas vezes eu me vi fora do mundinho do filme, afinal, ninguém consegue ficarconversando por citações, nem mesmo máquinas.
Dito isso, Ghost in the Shell 2: Innocence é um filme que vale o desafio que é acompanhar sua história, e que se torna melhor a cada vez que o assistimos, mas que talvez não vá pegar todo mundo numa primeira tentativa, afinal, o filme é cheio de camadas e interpretações filosóficas. No final, não sei ao certo dizer se o saldo foi positivo ou não, mas posso dizer que continuo preferindo o primeiro.
OBS: Como um leigo e analisando minha primeira impressão ao terminar o filme, eu daria um 6.00, mas essa nota continua aumentando a medida que cada nova visão e interpretação me conectam mais ao filme.
Stardust: O Mistério da Estrela
3.6 914 Assista AgoraTa aí uma agradável surpresa. Durante anos desdenhei Stardust, julgando o filme pelos aparentes efeitos especiais datados e história clichê. Se eu soubesse o quanto estava enganado...
Bem, talvez a história se desenrole a partir de vários clichês mesmo, e tenho que admitir que algumas cenas são meio bobas, mas não dá pra negar que o filme me pegou de jeito. Esse universo construído na obra Neil Gaiman é fantástico. A ideia da Muralha, uma vila que se localiza na fronteira entre o mágico e o mundo normal, é fascinante. O reino de Stormhold possui todos os elementos que habitam as melhores histórias de fantasia, além de criar uma mitologia própria e original de encantar crianças e adultos. Ficava fascinado com cada novo personagem que era apresentado, querendo que o filme continuasse sem parar que eu pudesse continuar minha jornada por Stormhold. E, diferente do que eu pensava, o desenrolar da história é original e muito divertido, repleta dos exageros sempre presentes em toda boa história de fantasia. Eu realmente não conseguia desgrudar da televisão, e faz tempo que uma história não me prende assim.
Há de se dizer que o humor também é parte integrante de toda a trama. Mas não é qualquer tipo de humor. É um tipo de humor inteligente, e até mesmo adulto em diversos momentos; o roteiro brinca com alguns de seus próprios clichês de maneira muito inteligente. Mesmo assim, aquela veia mais sombria de Gaiman não foi deixada de lado. Pelo contrário. O filme tem uma boa dose de mortes, muitas delas bem criativas.
Enfim, concordo com a crítica do Omelete quando ela diz que o filme resgata os filmes do gênero da década de 1980. E que saudade desses filmes, menos preocupados em criar uma franquia, e mais preocupados em contar aventuras de capa, espada e magia.
Blackfish: Fúria Animal
4.4 456Demorei mais do que deveria para ver este documentário. Blackfish é um documentário tocante e muito humano sobre uma realidade que a maioria de nós finge não ver.
O documentário é interessante de diversas maneiras, mas principalmente ao mostrar o quão inteligentes e conscientes são estes animais e ao denunciar o que não vemos nas propagandas do Seaworld: como estas grandes corporações tratam seus animais e até mesmo seus treinadores, que dedicam suas vidas ao trabalho, como meras fontes de dinheiro. Além disso, é chocante a forma que Blackfish expõe como o Seaworld e parques similares conseguiram encobrir tantas falhas e tantos erros grotescos por tantos anos. Por mais que o parque alegue tratar muito bem seus cetáceos, fica claro o quanto o cativeiro é prejudicial a estes animais.
Enfim, Blackfish é uma brilhante obra de denúncia e uma tocante história de vida, não apenas de Tilikum, mas de todos aqueles animais tirados a força de suas famílias. Difícil não terminar de assistir e repensar nosso comportamento como sociedade. Afinal, quantos de nós aqui já não fomos aplaudir de pé a grande Shamu? Acho apenas que o documentário poderia colocar mais pessoas que defendam a permanência da exibição destes animais em parques temáticos, não como forma de legitimar a postura do Seaworld, mas de forma a servir como um contraponto interessante, de forma a enriquecer o debate e até mesmo fortalecer os argumentos daqueles que defendem que já passou da hora do Seaworld parar de tapar o sol com a peneira e parar de exibir esses animais tão fantásticos como meros brinquedos humanos.
Assassin's Creed
2.9 948 Assista AgoraAssassin's Creed é um filme difícil à beça de avaliar. Fui assisti-lo com baixa expectativa, devido às críticas que andei lendo por aí, e sai do filme sem conseguir defini-lo: fiquei totalmente envolvido pela história, achei as cenas de ação ótimas e a trilha sonora muito boa. Apesar de ter noção da mitologia por trás de AC, nunca joguei o jogo, então em momento algum eu sabia o que ia acontecer. Resumindo: me diverti muito e não me incomodei durante o filme com nada. Porém, ao mesmo tempo, eu sai do cinema com a sensação de que estava faltado alguma coisa, e alguma coisa grande. Eu só não sabia o que era.
Alguns dias depois, e tendo já mastigado bastante o roteiro do filme, acho que encontrei o que falta neste filme: coração; porque por mais que eu saiba que o roteiro deveria explorar e explicar mais da história, mitologia e motivação das seitas milenares, isso não é nada diferente do que vemos em qualquer filme de herói dessa última safra. O que faltou em AC foram personagens com coração, personagens que nos ganhem, sejam eles mochinhos ou bandidos. Durante as cenas que se passam no passado, Fassbender não tem um diálogo sequer. O personagem parece totalmente no piloto automático. E por mais que o ator nas cenas que se passam no presente entregue uma boa atuação e tente dar uma carga dramática ao personagem, o personagem não tem profundidade. Aliás, nenhum personagem do filme tem. AC aborda uma temática interessantíssima, e tem alguns ótimos diálogos, mas carece de se aprofundar em tudo que põe na mesa. E por se tratar de uma trama complexa, isso faz muita falta. Em momento algum você entende a motivação do Credo dos Assassinos, o filme pouquíssimo faz pra abarcar em sua mitologia, e muito menos tenta tornar os Templários menos do que meros vilões. Todos os diálogos interessantes de llen Kaye (Charlotte Rampling) são contrapostos pelos diálogos maquiavélicos e belicosos de seu pai e dos anciões. Não há aqui a ambiguidade que sei que caracteriza a série dos jogos.
Enfim, AC é um bom entretenimento (talvez se você seja fã dos jogos, nem tanto), que me entregou uma história diferente, ótimas cenas de ação, e me apresentou a um universo fantástico, o que me deixou louco de vontade de jogar todos os jogos. É uma pena que falhe em pontos tão cruciais, mas no mínimo é uma adaptação digna, que traz diversos dos elementos que caracterizam a série da Ubisoft. Um segundo filme poderia corrigir e melhorar muitos destes aspectos, pena que isso não vai acontecer.
OBS: Acho importante ressaltar que achei um tanto quanto injusta a indicação de AC ao framboesa de ouro. Num ano com TANTOS filmes sofríveis, é incrível que uma obra no mínimo competente esteja concorrendo ao prêmio dos piores do ano. AC prometeu uma adaptação de uma franquia enorme de jogos, e nos entregou isso. Nos prometeu um bom entretenimento, e nos entregou isso. O filme consegue trazer uma trama diferente aos cinemas, personagens interessantes e ótimas cenas de ação. De fato, ele "em momento algum se aprofunda nos temas que se propõe a desenvolver", como li muito por aí. Porém, Doutor Estranho também não, e nem por isso estou vendo ele ser malhado por aí (nada contra a Marvel, só citei o exemplo por ser o mais próximo). O que diferencia a proposta de AC da de outros filmes de heróis? Ambos são adaptações de extensos universos, e AC ao menos consegue trazer uma história inovadora. Acho que isso deveria ser levado mais em conta. Sei que o filme não é nem um pouco acima da média, mas ao mesmo tempo, essa falta de dois pesos/ duas medidas está matando diversas franquias com um puta potencial, e esmagando novas ideias em favor do mesmo tipo de entretenimento massivo, que está se tornando cada vez mais
repetitivo.
Cegonhas - A História que Não te Contaram
3.6 332 Assista AgoraSeguindo a pegada do que tenho assistido de animações em 2016, Cegonhas é um filme que se define pelo roteiro simples com sacadas geniais.
A proposta do filme é ótima, e como já tinha lido algumas críticas antes de assistir Cegonhas, acabei ficando com certa expectativa pra história. Porém, confesso que nos primeiros minutos de filme estava achando que ia me decepcionar: fiquei com a sensação de que estavam tentando encaixar muitas piadas que não estavam funcionando muito bem. Era um humor meio exagerado, muitas vezes pastelão, e que não estava me deixando entrar de cabeça na história do filme (apesar de saber que crianças adoram esse tipo de humor, hoje em dia as animações são feitas para a toda a família; é inviável trabalhar com um filme que vai matar de tédio pelas próximas duas horas os pais que levam seus filhos ao cinema). Felizmente, logo a trama começa a engatar, o ritmo começa a melhorar, e surgem, no lugar de piadas forçadas, sacadas geniais. E o filme está repleto delas.
Apesar da trama principal ser relativamente simples, o universo criada para Cegonhas e as soluções encontradas para responder a algumas perguntas, como a de onde são gerados os bebês levados pelas Cegonhas, são muito inventivos. Definitivamente entramos de cabeça neste universo.
Além disso, apesar de nunca se aprofundar muito em nenhum delas, o filme é repleto de metáforas para o mundo adulto e mensagens para os pequenos. Além dos já clássicos clichês sobre amor, amizade e coragem, há muitas referências ao dia-a-dia de uma grande empresa, as mudanças “visionárias” pelas quais muitas empresas passam, abandonando antigos princípios em busca de abraçar mais consumidores, as dificuldades da paternidade, e talvez o que mais tenha me chamada a atenção: a aspiração vazia de se tornar chefe. Afinal, porque tanto queremos subir dentro de nossos trabalhos? É pelo dinheiro? Pelo “status”? Ou será que temos realmente algo a oferecer para a Companhia? Há ainda um tapa na cara de muitos pais: a relação do menino Nate com os seus pais é uma crítica a realidade de várias famílias por aí cujos pais não têm tempo para cuidar de seu filho por causa da correria do dia-a-dia.
Os personagens são muito carismáticos, e até mesmo Tulipa, que achava insuportavelmente chata no começo da projeção, foi que conquistando ao longo da história. Ah, e não dá pra deixar de citar as brilhantes aparições da alcatéia de lobos.
Enfim, entre piadas mal e bem encaixadas, soluções criativas e boas tiradas, Cegonhas consegue ser uma animação acima da média. Ainda falta alguma coisa para tratar com a mesma sutileza e profundidade os temas adultos que se propõe a discutir, mas há de se admitir que a Pixar fez escola. Ah, e não dá pra deixar de citar a belíssima cena final, com uma mensagem magnífica para a criançada sobre o conceito de família.
Pets: A Vida Secreta dos Bichos
3.5 939 Assista AgoraPets? A Vida Secreta dos Bichos me pegou não pela originalidade do roteiro, mas sim pelo carisma dos personagens e a familiaridade de várias das situações retratadas durante a animação.
O arco principal envolvendo a dupla de protagonistas caninos é muito previsível (me parece uma versão menos inspirada de Toy Story) e o plot envolvendo a revolução dos bichos não é bem explorado. Porém, as situações em que os personagens se metem e sua reação à elas — que se encaixam perfeitamente com a personalidade de cada um deles e, porque não, com a personalidade que enxergamos em nossos pets — fazem deste filme um entretenimento no mínimo divertido e que em nenhum me fez perder o interesse.
Enfim, Pets é uma boa animação infantil, mas que infelizmente não consegue transcender o gênero como, por exemplo, a maioria dos filmes da Pixar. Só gostaria que a história focasse menos na história de Duke e Max e mais na interação dos bichos dentro dos apartamentos. É um filme que nasceu pra render uma série animada derivada.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraDefinitivamente, um dos melhores filmes do ano. A Chegada foi para mim em 2016 o que Interstellar foi em 2014. Os filmes, porém, tem algumas diferenças. A Chegada é menos didático e tem menos gordurinhas; mas não que isso torne este filme melhor (eu particularmente gosto da narrativa mais expositiva de Nolan).
A Chegada nos dá o que de melhor a ficção científica tem a oferecer. É um filme cheio de boas reflexões, tanto social quanto cientificamente. Se no campo da ciência, A Chegada consegue discutir o tempo determinístico de uma forma que eu jamais vi antes, no campo social o filme é mais atual impossível, mostrando, num momento de tantos conflitos diplomáticos ao redor do mundo, que apenas entender o significado das palavras ditas por outrém não é suficiente. É preciso entender todo o contexto, o que está por trás das intenções e motivações do interlocutor. Toda a tecnologia e poder bélico do mundo são insignificantes, e até mesmo perigosos, se não conseguirmos nos comunicar uns com os outros, transmitir com clareza nossas mensagens, nos entender. Não basta saber, é preciso compreender.
A atuação de todo o elenco é impecável, e o plot twist final é tão bom que fiquei com vontade de permanecer na sala do cinema e esperar pela próxima sessão só para assistir novamente com outros olhos. É, definitivamente, aquele tipo de filme que rende horas de boas discussões, nas quais você sempre vai pegar alguma coisa que não pegou enquanto assistia.
Minha única crítica é a de que devido ao fato de tanto ter se falado que o filme trata da linguística, senti muita falta justamente de um enfoque justamente na parte da linguagem em si, e não apenas na importância que ela tem na nossa sociedade. Eles poderiam ter explorado bem mais a linguagem dos heptapods, afinal, como foi que a Amy Adams conseguiu decifrar os círculos, afinal? Eles obedeciam a qual lógica sintática? Como foi que descolaram um alfabeto? Como foi o progresso do processo de ensinar os aliens a ‘falar inglês’? Acho que os diálogos sobre linguística poderiam ter sido mais numerosos e profundos, já que aparentemente a proposta do filme é justamente tratar destes temas.
Doutor Estranho
4.0 2,2K Assista AgoraDoutor Estranho chama a atenção logo de cara pelo elenco arrebatador, talvez o melhor cast de um filme da Marvel. O nível de atuação é alto, mas não acho que o roteiro esteja a altura do elenco. Benedict nos entrega um personagem interessante e forte, porém, a forma apressada com que o roteiro nos apresenta a vida do Dr. Stephen Strange antes do acidente me dificultou a criar qualquer tipo de empatia pelo personagem. Seu arco pessoal e dramático, e a forma como o personagem evolui como pessoa é impactante, porém acho que muito mais pela atuação de Cumberbatch do que pelo roteiro, visto que esse não se esforça em trabalhar essa transformação, correndo demais na evolução do personagem, principalmente na sua transição de médico à Mago. Aliás, este é um dos maiores problemas deste filme: tudo é muito conveniente. O roteiro é repleto de soluções que se você para um segundo pra pensar, vê que não fazem o menor sentido.
(Apenas pra exemplificar: você tem mais de trinta magos treinando na China, mas deixa apenas um feiticeiro para proteger um dos três portais que protegem a Terra. E óbvio, este “poderoso” feiticeiro é facilmente derrotado pelo vilão em ascenção, que, porém, é impedido por um aprendiz que acabou de aprender a lançar seus primeiros feitiços.)
O filme flerta com temas interessantíssimos, sendo talvez o filme Marvel que tenha tentado brincar com temas mais adultos dentre os demais: morte, tempo, espiritualidade, etc. Porém, ao mesmo tempo que ele tenta falar sobre vários assuntos interessantíssimos, ele parece sempre resolvê-los com uma frase clichê e seguir em frente com mais uma piada. Além disso, não há tempo para drama. Cenas que deveriam ter uma carga dramática maior são rapidemente interrompidas para uma piada, a maioria forçada. Afinal, piadas são legais para descontrair, aliviar a tensão, mas há um limite do que é aceitável ou não.
A magia é muito bem apresentada, mas, ao mesmo tempo, ela me pareceu algo muito banal: parece que todo mundo é um mago em potencial, e pelo jeito não é uma tarefa das mais difíceis. A passagem de tempo do filme é confusa, e fica difícil saber o quanto de dedicação os aprendizes realmente tiveram. A magia surge como um ex maquina tão descarado, que me pergunto como todos os problemas do mundo não são resolvidos por ela (e não, as justificativas que o roteiro dá não colaram). Também achei fraco o fato de que todas as cenas de ação serem resolvidas na base da porrada, quando estamos falando de um filme de magos e feiticeiros.
Mas se tem algo que o filme não erra é em seu visual. É difícil descrever, é apenas arrebetador. Além disso, o final de Doutor Estranho é fantástico, inteligente, e quebra todas as conveniências e expectativas do gênero. Doutor Estranho quebrou totalmente o paradigma de que todo o herói precisa ter uma batalha épica para derrotar o seu inimigo no final do filme.
O embate de Strange e Dormmamu foi sensacional, pela tortura psicológica que o loop usado pelo Doutor através do Olho de Agamotto afetou a figura do verdadeiro vilão.
Enfim, Doutor Estranho tinha tudo pra ser o melhor filme da Marvel, e durante toda a espera pela estreia do 14º filme do estúdio, ele foi a minha esperança de renovação na chamada “fórmula Marvel”. No fim, Dr. Estranho acaba flertando com temas interessantíssimos, sendo um filme divertido, com cenas fantásticas e com um visual arrebatador, mas cuja tão falada fórmula está presente a todo momento no longa, o que acaba fazendo com que o filme cede demais aos maneirismos do estúdio. O público adora e o filme está dando muito dinheiro, mas não canso de ter a impressão de que estou vendo mais do mesmo.
Mogli: O Menino Lobo
3.6 320 Assista AgoraDos filmes da Disney, Mowgli nunca foi um de meus favoritos, mas talvez seja o que sempre me despertara mais curiosidade. Nunca tinha assistido o filme inteiro, e em minha memória seu início tinha um tom mais melancólico e uma trilha sonora menos alegre do que eu estava acostumado. Revendo hoje, vejo que era só esse começo mesmo, ou a minha impressão de criança.
O menino-lobo é um belo filme sobre o processo de crescer e descobrir o seu lugar no mundo. Assim como o personagem que o inspirou em "O Livro da Selva", Mowgli quer apenas encontrar o seu lugar no mundo. Mas as semelhanças param por aí: o filme da Disney tem um tom muito mais leve e divertido que a obra original. Isso aconteceu por intervenção do próprio Walt Disney, pois o roteiro original era mais sombrio e reflexivo. Esse foi o último filme do estúdio com participação direta de Disney. (Para saber sobre os bastidores de produção e da sutileza artística e importância histórica deste longa animado, recomendo a matéria do Plano Crítico: http://www.planocritico.com/critica-mogli-o-menino-lobo-1967/)
Apesar da clara importância histórica e da beleza visual e narrativa, Mowgli não me cativou tanto quanto outros filmes do estúdio. Os personagens são fabulosos e cheios de vida, mas a história me pareceu um tanto quanto repetitiva, e as músicas não me cativaram (apesar da sempre maravilhosa "Somente o necessário"). Mas cumpre muito bem o seu papel de entretenimento infantil, com uma bela história e mensagens poderosas para crianças e adultos.
Ernest e Célestine
4.4 319Ernest e Célestine é uma linda animação francesa que conquistou meu coração e o de todos aqui em casa! Além de traços lindos, a história de amizade entre o urso Ernest e a ratinha Célestine é cativante. O filme, ao mesmo tempo que é simples em sua proposta narrativa, aborda tantas problemáticas tão atuais que carrega uma mensagem muito poderosa tanto às crianças quantos aos adultos que pararem para assistir. É um filme riquíssimo, tanto em detalhes visuais, em criação de um universo, em mensagens e em personagens. Enfim, de uma sutileza apaixonante! Fica a dica.
PS: Minha única crítica vai pro final meio corrido, que destoa do clima do resto do filme. Mas nada demais.
Spotlight - Segredos Revelados
4.1 1,7K Assista AgoraSpotlight é, na minha opinião, um dos melhores filmes de 2015 e foi digno do Oscar de melhor do ano. Aborda um tema pesadíssimo de forma muito eficiente, mesclando momentos de narrativa mais lenta com um suspense investigativo muito eficiente em prender a atenção do espectador.
As atuações e o elenco são incríveis, e o roteiro soube tirar o melhor dos atores e da história que o diretor tinha em mãos para contar. Enfim, Spotlight é um filme que deve ser visto por todos, e que vai dar margem pra muita discussão por conta de todos os temas que se propõe a abordar: desde o escândalo de manipulação e acobertamento em si, quanto ao trabalho dos jornalistas modernos, os joguetes de poder e até mesmo ao se perguntar e responder de forma incisiva como que um tema como esse passou despercebido das pessoas por tanto tempo, mesmo com tanta gente sabendo de tudo que estava acontecendo.
Um Senhor Estagiário
3.9 1,2K Assista AgoraUm Senhor Estagiário combina ótimas atuações com um roteiro que a princípio pode até parecer simples, mas que inspira e renova ao tocar com sensibilidade nos velhos dilemas da sociedade moderna. Ben Whittaker (Robert De Niro) é um personagem fascinante, e parte do brilhantismo do filme está em sua contraposição com Jules Ostin (Anne Hathaway), personagem que encarna os vícios do trabalhador do século XXI. O filme aborda diversos temas que podem estar acontecendo na vida de qualquer espectador, e a maneira com que roteiro e filme nos conduzem a narrativa conseguiu me tocar, me inspirar, me motivar, e me fazer refletir por diversas vezes. Não é nenhum "À Procura da Felicidade", mas é um filme que me tocou de diversas maneiras, seja pelas belas atuações, pelas situações e dilemas retratados, pelo ótimo elenco de apoio, ou talvez pelo otimismo de Ben. Sim, como é bom ver filmes que te deixam com um alto astral e renovado. Um filme pra se ver e rever, e se você está embarcando num novo trabalho, aprenda com Ben!
PS: Muito interessante ver como o filme toca em pautas do feminismo de forma natural ao longo da narrativa, e como ele as desenvolve com leveza e carisma.
A 5ª Onda
2.6 1,4K Assista AgoraEste filme só não chegou a ser uma grande decepção porque eu já não estava esperando nada dele, e só o assisti por mero acaso, por ser o único filme que o horário estava batendo com os meus.
Porém, como bom fã de histórias que envolvem ETs que sou, e lembrando dos primeiros 30 minutos do filme (que remetem aos trailers que cheguei a ver), não dá pra negar o gostinho amargo que A 5º Onda me deixou.
A primeira cena do filme é um baita soco no estômago, e achei que ela ia ditar o ritmo do filme. Ele começa prometendo muita coisa, toca por cima de várias ótimas ideias, mas falha miseravelmente do segundo terço da história em diante, quando decide abandonar o mistério, o suspense e a trama de sobrevivência pra abraçar um romance pra lá de besta (se você um dia reclamou de Crepúsculo, é porque ainda não viu as motivações amorosas desse casal aqui) e uma trama totalmente sem pé e nem cabeça envolvendo o plano final dos tais ETs (sério, até um vilão de quadrinho da década de 70 tem planos mais críveis que esse aqui).
Enfim, é isso mesmo. Não vou mentir, eu assisti o filme até o final, e não nego que quis ver até onde essa loucura toda iria dar. Talvez por isso dê uma nota até mais alta do que o roteiro do filme mereça. Mas não dá pra enganar, A 5° Onda tem uma das piores coletâneas de clichês e motivações dos últimos tempos. O que não seria um problema se o filme não se levasse a sério, mas o pior é que ele tenta.
Vai Que Cola - O Filme
2.7 526 Assista AgoraMais um filme que entra na onda de todos os filmes de comédia brasileiros, com um enredo simples, que alguns chamariam de fraco, e com piadas que ficam alternando do bom pro não muito engraçado. Porém, Vai que Cola tem um diferencial: o carismático e talentoso elenco.
Os personagens da série Vai Que Cola são ótimos, cada um um com um arco e personalidade bem estabelecidos, e foi o carisma e as esquetes específicas desses personagens que me fizeram curtir os 93 minutos do filme. Mesmo que nem que todas as tiradas sejam boas, há momentos inspiradíssimos no filme, que rendem ótimas piadas e muita risada, e algumas ótimas sacadas, como a constante quebra da quarta parede.
Enfim, Vai Que Cola é um filme divertido. Pra quem curte o gênero de comédia brasileira, vale a pena. No meu caso, valeu pelos personagens e pela série.
Maze Runner: Prova de Fogo
3.4 1,2K Assista AgoraAntes de mais nada, devo dizer duas coisas: a primeira é que já li toda a saga Maze Runner e sou fã dos livros. A segunda coisa é que Prova de Fogo é um filme com uma pegada bem diferente da do primeiro, assim como o é o livro. Portanto, vá esperando encontrar filmes com características bem diferentes. Enquanto o primeiro filme é mistério e intriga do começo ao fim, parte deste charme não existe mais em Prova de Fogo, pois a razão de existir do labirinto já foi descoberta. O segundo filme da saga Maze Runner é mais um filme de aventura e sobrevivência. Não que isso seja ruim, até porque o mesmo acontece nos livros, mas as vezes o espectador vai esperando mais do suspense de Correr ou Morrer, e pode se decepcionar com o que encontra.
Dito isso, Prova de Fogo, dentro de sua proposta, é um excelente filme. O ritmo é ótimo, e a trama se desenvolve muito bem, com um ritmo intenso do início ao fim. É um ótimo filme de sobrevivência/aventura. Há uma boa dose de reviravoltas, e os personagens continuam carismáticos. Os embates ideológicos entre o CRUEL e o braço direito já começam a pipocar neste longa, e espero ver mais disso no próximo filme.
Não curti algumas coisas, porém. Achei fraco o visual e ambientação do filme. Os cranks se tornaram zumbis genéricos, coisas que não são no livro (possuem personalidades interessantes e assustadoras). Achei que também faltou expor mais as motivações de Thomas: que parece o tempo todo estar querendo acabar com o CRUEL e seus joguetes, mas nunca oferece uma solução ou alternativa viável. Além disso, o roteiro tem algumas soluções fáceis que, na empolgação do filme você não repara muito, mas quando para pra pensar, vê que chutaram o balde da verossimilhança
(eles fogem da prisão como se estivessem pulando uma cerca, o garoto na prisão conhece todo a estrutura dela em uma semana, e tudo isso engatinhando na tubulação, dentre outros momentos).
Dito isso do filme em si, vou falar agora do mesmo como adaptação. Sim, Prova de Fogo modifica MUITA coisa do livro em que se originou, porém, ao contrário do que tenho lido por aí, acho que o que Wes Ball fez foi um serviço a franquia. O diretor parece ter pego tudo aquilo que não funcionou muito bem nos livros, e tentou fazer de uma forma que funcionasse melhor em seus filmes (se isso é certo ou errado já é outra história, mas que funcionaram, funcionaram). De um modo geral, todas as mudanças surtiram um bom efeito.
A traição da Teresa, que faz muito mais sentido no filme. A travessia do deserto, que funciona muito melhor como uma fuga desesperada do que apenas como mais uma prova megalomaníaca do CRUEL. O aparente novo refúgio, que parece que vai ser muito mais crível e interessante do que o jogado deus ex machina do último livro, e assim por diante.
Claro, nem todas as mudanças são positivas. Eu particularmente senti falta de cenas muito boas presentes no livro, e achei que o Newt tem muito pouco destaque no longa, sabendo que seu papel será crucial no terceiro filme. Mas, de um modo geral, fiquei satifeito com as mudanças.
Coerência
4.0 1,3K Assista AgoraCom certeza um dos melhores filmes de ficção científica que já assisti. Adorei o climão do começo do filme, bem a la "mockmentary", que me fez sentir parte da história. Com o desenrolar da trama, o clima de suspense e mistério começa a tomar conta, e não conseguia mais desgrudar da tela. Rola um puta terror psicológico. Além disso, a trama é muito bem amarrada, mesmo com conceitos complexos que podem confundir os menos iniciados em certos conceitos físicos. E o final é muito corajoso, ao mesmo tempo que dá um gostinho de quero mais.
Já assisti duas vezes, e sempre sugiro assistir novamente com novos amigos, pois ver este filme sempre rende uma ótima discussão.