Pam

100% de certeza que no bilhetinho tinha um "exorcizamus tu espiritus est"

Minha leitura do filme é que ele leva as teorias sobre a reprodução social até as últimas consequências. O cuidado aparece como o que ele é: trabalho. Não remunerado, mas trabalho e, quase sempre, invisível. Das refeições ao botão do casaco, do sapato engraxado ao pó dos móveis... nada gera comentários ou é percebido (até que alguém coloque uma câmera apontada pra ele por 3h20).
Ver a prostituição no meio disso tudo é uma sacada genial, acho meio infeliz a forma com que a sinopse fala sobre essa questão do filme, como se fosse uma parte "extraordinária" em meio à vida pacata da protagonista. Acho que não... acho que foi uma forma de falar sobre a questão do sexo dentro da reprodução social (que comumente é dentro do matrimônio), mas que aqui aparece como prostituição.
Acho que mais do que uma leitura de que "a vida comum é sufocante", o filme aborda questões de gênero bem explícitas.