Isso não é uma história de amor. Oliver filho sempre foi um egoísta, arrogante e mimado, que renega os pais, mas não os bens e a influência que eles oferecem, por pura malcriação. Oliver filho atrapalha o futuro de Jenny. Ele a impede de viver e fazer o que ela queria, fustigando uma relação de dependência que é terrível para Jenny. Jennifer se torna dependente de um vínculo afetivo precário, que não retorna para ela nem um terço do que ela investe. O pai não é um vilão como o filme pinta. Talvez o pai seja a grande vítima. Vítima de um filho que o impediu de estar presente na sua vida. Vítima de um filho ingrato e petulante.
Oliver filho é um dos personagens mais babacas a que eu já assisti. Ele é conscientemente ruim. E não merecia a redenção que obteve no final. Final esse absurdamente apelativo, que, no entanto, teve o mérito de lançar uma tendência para os ditos filmes românticos que o sucederam. Seria esse filme o pai dos "clichês românticos"?
"O drama de Clarence Thomas é que ele não foi um homem público em todas as situações e, segundo as alegações de Anita Hill, deixou-se levar pelo desejo sexual. O drama de Anita Hill é que, se ela tem tanta consciência deste fato e dos seus próprios direitos como indivíduo, por que continuou relacionando-se com Thomas?"
Nenhum de nós, na condição de meros espetadores do circo, sabe o que aconteceu. Mas, se bem as coisas ocorreram conforme o relato de Anita, temos um homem moralmente falho e um mulher sem agência, incapaz de se impor diante do que lhe desagrada.
O filme tende para o lado dos democratas. Na subida de créditos, chega-se a celebrar o fato de que, no pleito sucessório, mais mulheres foram eleitas. No entanto, os roteiristas esqueceram de dizer que anos depois, agora na presidência de um democrata, uma mulher foi achincalhada pelos mesmos políticos que ficaram ao lado de Hill. Clinton passou incólume à acusação de Mônica Lewinsky, devidamente comprovada por exames de DNA. Aliados de Clinton, com o respaldo da mídia progressista, destruíram a reputação de Lewinsky. Em um intervalo de apenas 7 anos, os lados se inverteram. Foi a vez dos democratas perseguirem a vítima. A lição que fica é: a lealdade partidária guia a consciência dos congressistas, a despeito de seus valores éticos individuais.
E a rotina dos americanos, como não poderia deixar de ser, se transformou em outro "exercício coletivo de ética".
Ver um feminicida (sim, ele matou a própria amante) como Kennedy posar de defensor das mulheres me causou asco.
Os gêmeos parecem ter sido tapeados mesmo. 2 vezes, ainda por cima. Na ideia copiada e no processo que venceram (Zuck omitiu o real valor do Facebook para não indenizá-los com o percentual correto). Independentemente disso, Zuckerberg expandiu a ideia e tinha planos grandiosos e mais interessantes para a rede social, e é aí que reside o seu mérito.
Embora a maioria das pesssoas tenha sido levada a acreditar num Zuckerberg trapaceiro levanta-tapete, o filme, a meu ver, desmistifica a ideia de que "o mito da criação precisa de um diabo". Saverin falhou em tudo o que se propôs a fazer. Ele não conseguiu levantar financiamento para o site nem contactar investidores. No que Eduardo Saverin fracassou, Sean Parker obteve êxito. Saverin se opõe às decisões de negócio que trariam benefício para empresa, tenta antagonizar com Sean e sucumbe em ressentimento. A rasteira que ele levou é, em grande medida, resultado do comportamento dele.
A inveja é fundamento da vida social:
É chocante perceber que a tônica das nossas vidas é impressionar os outros. Mostrar que somos melhores é justamente o que estrutura a vida em sociedade e o que dá sentido à nossa existência. Somos dependentes da sensação que provocamos no outro. "A celebração da expectativa em relação ao outro e a dependência orgânica do outro para nossa autorrealização, para o nosso autointeresse". Os nerds, mesmo tendo pouca habilidade social, são precursores no entendimento desse nosso traço constitutivo.
Frenético, cheio de diálogos rápidos e inteligentes, esse filme conta uma história que nos coloca a todos diante do espelho.
"Muitos desejam a experiência da religião sem Deus. Uma geração de jovens pode se sentir desprovida de transcendência e significado, e “despertar”, como “nascer de novo”, preenche esse buraco espiritual. Em uma época atomizada e solitária, sentir-se como se estivesse “do lado certo da história”, banir as dúvidas, juntar-se a inúmeros outros convertidos em marchas e seminários pode diminuir o isolamento e o vazio de tudo isso".
A história é boa, a mensagem é importante, mas não há suspensão da descrença que me faça enxergar plausibilidade na trama criada por esse roteiro.
Tudo é muito apressado e não sobra tempo para desenvolver os personagens tampouco suas transformações.
Jovens entediados em busca de sentido
"Jovens sempre foram a matéria-prima para a radicalização porque têm pouco a perder". Não à toa são facilmente seduzidos por qualquer ideologia autoritária. Todo jovem quer fazer parte de alguma coisa. Os jovens querem uma "consciência social", um movimento para chamar de seus. O jovem, via de regra, posa de revolucionário. Apesar de não conhecer nada sobre o mundo, tem a certeza de que sabe como consertá-lo.
"Sempre tive tudo o que quis - dinheiro, roupas etc. -, mas o que mais tive era tédio. Os últimos dias foram demais. Não importa quem era o mais bonito, o mais popular ou o mais bem-sucedido. A Onda nos torna iguais". Aí está o retrato mais bem acabado de como a inveja pode se disfarçar de igualitarismo.
"Temos certeza de que somos especiais. Todos pensamos que somos superiores aos outros e temos as melhores intenções. E o pior: nós expulsamos quem não concorda com as nossas ideias". É possível traçar vários paralelos entre isso e o comportamento de manada das redes sociais.
O dilema das redes reproduz a lógica do pensamento evangélico: tentação-vício-ruína. É moralista e evangélico também nisso: o apocalipse está próximo, e só se salvará quem renunciar ao vício.
Não é propriamente uma novidade. Mas tudo é tratado como se fosse uma denúncia espantosa, que precisa ser martelada dezenas de vezes até entrar na cabeça do espectador.
Há frases retóricas em quantidade, enunciadas por especialistas soleníssimos, com a mesma insistência com que se proclamava a absoluta novidade de um processador de alimentos "revolucionário" ou de um aparelho emagrecedor "com resultados imediatos".
É como se os autores do documentário fossem representantes do velho marketing televisivo, desesperados com a eficiência terrível dos algoritmos do facebook.
O ciclo, claramente, reproduz a lógica do pensamento evangélico: tentação, vício, ruína. Famílias destruídas, nações em guerra, suicídios em massa".
Fun fact: Os britânicos convenceram os Estados Unidos a comprar a briga deles mas, logo após o golpe, deixaram os aliados pagar o pato sozinhos. Os ingleses saíram de cena assim que reconquistaram o controle da companhia petroleira, deixando para os EUA o ilusório e difícil papel de levar todo o crédito por aquela ação e lidar com as consequências de seus signicados. Os britânicos, aliás, são os verdadeiros culpados pelo caos no Oriente Médio. Desde o péssimo rearranjo territorial que fizeram, delimitando fronteiras de forma equivocada, até a remoção de chefes de Estado com os "chamados truques sujos".
"O golpe de 1953 foi obra do MI6. Eles [o serviço secreto britânico] não levaram a cabo na prática, no final, mas as ideias, o planejamento e o recrutamento de agentes foi, em grande parte, obra do MI6".
"Teve um efeito muito negativo nas tentativas do Irã de construir uma democracia e também teve um impacto no pensamento dos estrategistas e no dos que planejavam ações secretas".
O mcarthismo foi importante para persuadir Eisenhower sobre a intervenção no Irã.
"[Anticomunismo] é o termo mágico que permite qualquer coisa, qualquer tipo de intervenção.
"Eles foram encorajados a repetir isso em 1954, na Guatemala, quando depuseram o governo democraticamente eleito de Arbenz".
A manipulação midiática está na raiz de todos os golpes do século 21. O chefão da CIA subornou jornalistas para que eles detratassem Mossadegh; o MI6 se aproveitou da vassalagem bovarista típicas dos endinheirados irmãos Rashdian para forjar um movimento de rua que parecesse espontâneo.
"Essa multidão que foi decisiva no golpe era composta por mercenários, sem ideologia. Essa multidão foi paga".
O cinismo do Xá é embasbacante. Ele virou o rei-todo-poderoso do Irã graças à CIA e ao MI6. Mas, em dado momento, enquadra um repórter com uma pergunta constrangedora: "Você sente falta do tempo em que os britânicos poderiam manipular os assuntos internos e mudar os primeiros-ministros?". Ora, ora.
"O 11 de fevereiro é o 20 de agosto de 1953. Toda a revolução islâmica no Irã remonta às queixas do povo iraniano a partir de 19 de agosto de 1953".
"Não fosse o golpe de 1953, o sistema político e o governo islâmico provavelmente nunca teriam emergido. As relações entre EUA e Irã nunca teriam deteriorado dessa forma. O Irã seria a única democracia no coração do Oriente Médio muçulmano. Esta foi a mensagem que os EUA enviaram à geração de líderes no Oriente Médio: não queremos democracia, porque democracia vai gerar demandas para controlar os recursos".
"No ano do golpe do Xá, Kavousi criou um termo para descrever o cinema comercial iraniano: Filmfarsi.
Uma combinação de filme e farsi, apenas para sugerir que o resultado não é o filme nem o farsi (persa).
Em sua definição, filmfarsi era uma zombaria do cinema nacional.
Uma mistura espontânea de diferentes cinemas populares, dando a ilusão de algo exclusivamente iraniano. Kavousi reclamava da forma desajeitada como esses filmes eram feitos: desleixo sendo a característica principal, desde a escrita do roteiro até a edição.
Era menos que uma arte de originalidade criativa, era mais uma de reciclagem.
O filmfarsi começa com B e desce até as últimas letras do alfabeto. Os intelectuais não gostavam do Filmfarsi. Nem o regime. Mas era tipo um espelho na frente deles. O golpe deixou o Irã esquizofrênico. Filmfarsi era o cinema de uma nação com uma personalidade dividida. Uma projeção da psique da nação".
Corra, Lola, corra é um filme simples que traz, como plano de fundo, um tema complexo. Pegando o gancho do que fica implícito, podemos confabular durante horas sobre teoria do caos e diferentes possibilidades de futuro.
Levar chifre, bater com o carro e se intimidar com o olhar de Lola são o moto-perpétuo de, respectivamente, pai, Sr. Meier e segurança. Algumas coisas permanecem iguais para que tudo possa mudar. Ps: por que, quando o carinha morreu, não foi ele quem voltou no tempo, mas sim Lola? por que só vemos 3 variantes de futuro para apenas 2 personagens com quem Lola interage? O que teria acontecido com a moça de franjinha nas segunda e terceira vezes?
Sonolento. Como kinky horror é decepcionante. Como humor macabro não faz nem cócegas. As únicas cenas legais foram aquelas que remeteram à Morte lhe cai bem, principalmente pelo saudosismo que este filme evoca. Mas mesmo aquela produção dos anos 90 consegue superar Sombras da Noite em criatividade, efeitos visuais, humor negro e pitadas de terror. A participação de Cooper compensou parte do chatíssimo roteiro.
Sensacionalismo apocalíptico é mesmo lucrativo. A cultura do medo e a ideologia do pânico têm lá seus apelos. Não à toa estamos diante de mais um documentário que reverbera uma narrativa catastrofista sobre o uso das redes zzzz. O mercado dos cultores do medo não entra em crise nunca.
Tecnicamente é um filme bem feito. Mas devo dizer que os personagens são hipócritas, interesseiros e carreiristas. Vou escrever mais detidamente sobre os protagonistas:
De um lado, o beta inconveniente, que invade o espaço pessoal de sua colega e a persegue com uma insistência, digamos, temerária; de outro, a mulher que sofre do complexo de cinderela. Mr. Kubelik se coloca em situações de perigo para ser salva por algum homem. E, devido à sua natureza passiva, age de forma ingênua e descuidada.
Ninguém que verdadeiramente pretende se matar o faz no apartamento de um estranho que pode chegar a qualquer momento e frustrar sua tentativa. O chororô autoindulgente que se segue (ninguém me ama, ninguém se importa comigo) é igualmente insuportável.
Previsível. Se vc seguir as pistas e ligar todos os pontos, descobre qual vai ser o plot em menos de 40 min de filme. Gosto dos roteiros que surpreendem mesmo quando a gente ache que já tenha matado a charada. Definitivamente não foi o caso deste aqui.
O Chalé
3.3 723 Assista AgoraMais uma porcaria do pós-terror
Love Story: Uma História de Amor
3.4 207 Assista AgoraIsso não é uma história de amor. Oliver filho sempre foi um egoísta, arrogante e mimado, que renega os pais, mas não os bens e a influência que eles oferecem, por pura malcriação. Oliver filho atrapalha o futuro de Jenny. Ele a impede de viver e fazer o que ela queria, fustigando uma relação de dependência que é terrível para Jenny. Jennifer se torna dependente de um vínculo afetivo precário, que não retorna para ela nem um terço do que ela investe. O pai não é um vilão como o filme pinta. Talvez o pai seja a grande vítima. Vítima de um filho que o impediu de estar presente na sua vida. Vítima de um filho ingrato e petulante.
Oliver filho é um dos personagens mais babacas a que eu já assisti. Ele é conscientemente ruim. E não merecia a redenção que obteve no final.
Final esse absurdamente apelativo, que, no entanto, teve o mérito de lançar uma tendência para os ditos filmes românticos que o sucederam. Seria esse filme o pai dos "clichês românticos"?
Confirmação
3.7 37 Assista Agora"O drama de Clarence Thomas é que ele não foi um homem público em todas as situações e, segundo as alegações de Anita Hill, deixou-se levar pelo desejo sexual. O drama de Anita Hill é que, se ela tem tanta consciência deste fato e dos seus próprios direitos como indivíduo, por que continuou relacionando-se com Thomas?"
Nenhum de nós, na condição de meros espetadores do circo, sabe o que aconteceu. Mas, se bem as coisas ocorreram conforme o relato de Anita, temos um homem moralmente falho e um mulher sem agência, incapaz de se impor diante do que lhe desagrada.
Confirmação
3.7 37 Assista AgoraO filme tende para o lado dos democratas. Na subida de créditos, chega-se a celebrar o fato de que, no pleito sucessório, mais mulheres foram eleitas. No entanto, os roteiristas esqueceram de dizer que anos depois, agora na presidência de um democrata, uma mulher foi achincalhada pelos mesmos políticos que ficaram ao lado de Hill. Clinton passou incólume à acusação de Mônica Lewinsky, devidamente comprovada por exames de DNA. Aliados de Clinton, com o respaldo da mídia progressista, destruíram a reputação de Lewinsky. Em um intervalo de apenas 7 anos, os lados se inverteram. Foi a vez dos democratas perseguirem a vítima. A lição que fica é: a lealdade partidária guia a consciência dos congressistas, a despeito de seus valores éticos individuais.
E a rotina dos americanos, como não poderia deixar de ser, se transformou em outro "exercício coletivo de ética".
Ver um feminicida (sim, ele matou a própria amante) como Kennedy posar de defensor das mulheres me causou asco.
Antes do Amanhecer
4.3 1,9K Assista AgoraChatíssimo zzzz
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraOs gêmeos parecem ter sido tapeados mesmo. 2 vezes, ainda por cima. Na ideia copiada e no processo que venceram (Zuck omitiu o real valor do Facebook para não indenizá-los com o percentual correto). Independentemente disso, Zuckerberg expandiu a ideia e tinha planos grandiosos e mais interessantes para a rede social, e é aí que reside o seu mérito.
O Diário de Bridget Jones
3.5 856 Assista AgoraBridget é uma psicótica xarope que não tem um pingo de autoconsciência social. Ela nunca percebe o quão inconveniente está sendo. Zzzz
Os roteiristas se perderam no desenvolvimento do personagem de Hugh Grant. Ele começa a ter atitudes que fogem da sua característica.
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraEmbora a maioria das pesssoas tenha sido levada a acreditar num Zuckerberg trapaceiro levanta-tapete, o filme, a meu ver, desmistifica a ideia de que "o mito da criação precisa de um diabo". Saverin falhou em tudo o que se propôs a fazer. Ele não conseguiu levantar financiamento para o site nem contactar investidores. No que Eduardo Saverin fracassou, Sean Parker obteve êxito. Saverin se opõe às decisões de negócio que trariam benefício para empresa, tenta antagonizar com Sean e sucumbe em ressentimento. A rasteira que ele levou é, em grande medida, resultado do comportamento dele.
A inveja é fundamento da vida social:
É chocante perceber que a tônica das nossas vidas é impressionar os outros. Mostrar que somos melhores é justamente o que estrutura a vida em sociedade e o que dá sentido à nossa existência. Somos dependentes da sensação que provocamos no outro. "A celebração da expectativa em relação ao outro e a dependência orgânica do outro para nossa autorrealização, para o nosso autointeresse". Os nerds, mesmo tendo pouca habilidade social, são precursores no entendimento desse nosso traço constitutivo.
Frenético, cheio de diálogos rápidos e inteligentes, esse filme conta uma história que nos coloca a todos diante do espelho.
A Onda
4.2 1,9K"Muitos desejam a experiência da religião sem Deus.
Uma geração de jovens pode se sentir desprovida de transcendência e significado, e “despertar”, como “nascer de novo”, preenche esse buraco espiritual. Em uma época atomizada e solitária, sentir-se como se estivesse “do lado certo da história”, banir as dúvidas, juntar-se a inúmeros outros convertidos em marchas e seminários pode diminuir o isolamento e o vazio de tudo isso".
A Onda
4.2 1,9KLavagem cerebral a jato
A história é boa, a mensagem é importante, mas não há suspensão da descrença que me faça enxergar plausibilidade na trama criada por esse roteiro.
Tudo é muito apressado e não sobra tempo para desenvolver os personagens tampouco suas transformações.
Jovens entediados em busca de sentido
"Jovens sempre foram a matéria-prima para a radicalização porque têm pouco a perder". Não à toa são facilmente seduzidos por qualquer ideologia autoritária.
Todo jovem quer fazer parte de alguma coisa. Os jovens querem uma "consciência social", um movimento para chamar de seus.
O jovem, via de regra, posa de revolucionário. Apesar de não conhecer nada sobre o mundo, tem a certeza de que sabe como consertá-lo.
"Sempre tive tudo o que quis - dinheiro, roupas etc. -, mas o que mais tive era tédio. Os últimos dias foram demais.
Não importa quem era o mais bonito, o mais popular ou o mais bem-sucedido. A Onda nos torna iguais".
Aí está o retrato mais bem acabado de como a inveja pode se disfarçar de igualitarismo.
"Temos certeza de que somos especiais. Todos pensamos que somos superiores aos outros e temos as melhores intenções. E o pior: nós expulsamos quem não concorda com as nossas ideias". É possível traçar vários paralelos entre isso e o comportamento de manada das redes sociais.
Dentro da Casa
4.1 553 Assista AgoraPedantismo intelectualoide
Esse filme é um colcha de retalhos de tudo o que estamos acostumados a ver no cinema francês metido a conceitual. Clichê, pedante, tedioso.
Eu nunca compraria esse livro. Simplesmente inatrativo.
A forma como os franceses naturalizam abusos é diferente, né
Wim Wenders, Desperado
3.5 3Excelente!
O Dilema das Redes
4.0 594 Assista Agora"Tom moralista e estilo de programa religioso
O dilema das redes reproduz a lógica do pensamento evangélico: tentação-vício-ruína. É moralista e evangélico também nisso: o apocalipse está próximo, e só se salvará quem renunciar ao vício.
Não é propriamente uma novidade. Mas tudo é tratado como se fosse uma denúncia espantosa, que precisa ser martelada dezenas de vezes até entrar na cabeça do espectador.
Há frases retóricas em quantidade, enunciadas por especialistas soleníssimos, com a mesma insistência com que se proclamava a absoluta novidade de um processador de alimentos "revolucionário" ou de um aparelho emagrecedor "com resultados imediatos".
É como se os autores do documentário fossem representantes do velho marketing televisivo, desesperados com a eficiência terrível dos algoritmos do facebook.
O ciclo, claramente, reproduz a lógica do pensamento evangélico: tentação, vício, ruína. Famílias destruídas, nações em guerra, suicídios em massa".
Trechos da coluna de Marcelo Coelho, na FSP.
Golpe 53
3.3 2Fun fact: Os britânicos convenceram os Estados Unidos a comprar a briga deles mas, logo após o golpe, deixaram os aliados pagar o pato sozinhos. Os ingleses saíram de cena assim que reconquistaram o controle da companhia petroleira, deixando para os EUA o ilusório e difícil papel de levar todo o crédito por aquela ação e lidar com as consequências de seus signicados. Os britânicos, aliás, são os verdadeiros culpados pelo caos no Oriente Médio. Desde o péssimo rearranjo territorial que fizeram, delimitando fronteiras de forma equivocada, até a remoção de chefes de Estado com os "chamados truques sujos".
"O golpe de 1953 foi obra do MI6. Eles [o serviço secreto britânico] não levaram a cabo na prática, no final, mas as ideias, o planejamento e o recrutamento de agentes foi, em grande parte, obra do MI6".
"Teve um efeito muito negativo nas tentativas do Irã de construir uma democracia e também teve um impacto no pensamento dos estrategistas e no dos que planejavam ações secretas".
O mcarthismo foi importante para persuadir Eisenhower sobre a intervenção no Irã.
"[Anticomunismo] é o termo mágico que permite qualquer coisa, qualquer tipo de intervenção.
"Eles foram encorajados a repetir isso em 1954, na Guatemala, quando depuseram o governo democraticamente eleito de Arbenz".
A manipulação midiática está na raiz de todos os golpes do século 21. O chefão da CIA subornou jornalistas para que eles detratassem Mossadegh; o MI6 se aproveitou da vassalagem bovarista típicas dos endinheirados irmãos Rashdian para forjar um movimento de rua que parecesse espontâneo.
"Essa multidão que foi decisiva no golpe era composta por mercenários, sem ideologia. Essa multidão foi paga".
O cinismo do Xá é embasbacante. Ele virou o rei-todo-poderoso do Irã graças à CIA e ao MI6. Mas, em dado momento, enquadra um repórter com uma pergunta constrangedora: "Você sente falta do tempo em que os britânicos poderiam manipular os assuntos internos e mudar os primeiros-ministros?". Ora, ora.
"O 11 de fevereiro é o 20 de agosto de 1953. Toda a revolução islâmica no Irã remonta às queixas do povo iraniano a partir de 19 de agosto de 1953".
"Não fosse o golpe de 1953, o sistema político e o governo islâmico provavelmente nunca teriam emergido. As relações entre EUA e Irã nunca teriam deteriorado dessa forma. O Irã seria a única democracia no coração do Oriente Médio muçulmano. Esta foi a mensagem que os EUA enviaram à geração de líderes no Oriente Médio: não queremos democracia, porque democracia vai gerar demandas para controlar os recursos".
Filmfarsi
3.5 3"No ano do golpe do Xá, Kavousi criou um termo para descrever o cinema comercial iraniano: Filmfarsi.
Uma combinação de filme e farsi, apenas para sugerir que o resultado não é o filme nem o farsi (persa).
Em sua definição, filmfarsi era uma zombaria do cinema nacional.
Uma mistura espontânea de diferentes cinemas populares, dando a ilusão de algo exclusivamente iraniano. Kavousi reclamava da forma desajeitada como esses filmes eram feitos: desleixo sendo a característica principal, desde a escrita do roteiro até a edição.
Era menos que uma arte de originalidade criativa, era mais uma de reciclagem.
O filmfarsi começa com B e desce até as últimas letras do alfabeto. Os intelectuais não gostavam do Filmfarsi. Nem o regime. Mas era tipo um espelho na frente deles. O golpe deixou o Irã esquizofrênico. Filmfarsi era o cinema de uma nação com uma personalidade dividida. Uma projeção da psique da nação".
Filmfarsi
3.5 3Está na mostra deste ano do É Tudo Verdade
Forman vs. Forman
3.4 1Passou no É Tudo Verdade, mas eu não consegui assistir. Alguém sabe onde posso encontrá-lo?
Corra, Lola, Corra
3.8 1,1K Assista AgoraContinuaremos a explorar
E ao fim de nossa exploração
Voltaremos ao ponto de partida
Como se não o tivéssemos conhecido.
T.S. Eliot
Corra, Lola, Corra
3.8 1,1K Assista AgoraCinema do não dito.
Corra, Lola, corra é um filme simples que traz, como plano de fundo, um tema complexo. Pegando o gancho do que fica implícito, podemos confabular durante horas sobre teoria do caos e diferentes possibilidades de futuro.
Levar chifre, bater com o carro e se intimidar com o olhar de Lola são o moto-perpétuo de, respectivamente, pai, Sr. Meier e segurança. Algumas coisas permanecem iguais para que tudo possa mudar.
Ps: por que, quando o carinha morreu, não foi ele quem voltou no tempo, mas sim Lola?
por que só vemos 3 variantes de futuro para apenas 2 personagens com quem Lola interage? O que teria acontecido com a moça de franjinha nas segunda e terceira vezes?
Sombras da Noite
3.1 4,0K Assista AgoraSonolento. Como kinky horror é decepcionante. Como humor macabro não faz nem cócegas. As únicas cenas legais foram aquelas que remeteram à Morte lhe cai bem, principalmente pelo saudosismo que este filme evoca. Mas mesmo aquela produção dos anos 90 consegue superar Sombras da Noite em criatividade, efeitos visuais, humor negro e pitadas de terror. A participação de Cooper compensou parte do chatíssimo roteiro.
O Dilema das Redes
4.0 594 Assista AgoraSensacionalismo apocalíptico é mesmo lucrativo. A cultura do medo e a ideologia do pânico têm lá seus apelos. Não à toa estamos diante de mais um documentário que reverbera uma narrativa catastrofista sobre o uso das redes zzzz. O mercado dos cultores do medo não entra em crise nunca.
No Limite da Realidade
3.6 176 Assista AgoraBizarro e hilariante! O último episódio é sensacional.
O "skeletal gremlin" que aparece no último conto lembra o Eddie do álbum Killers. Será que Miller foi inspirado pela banda inglesa?
Se Meu Apartamento Falasse
4.3 422 Assista AgoraTecnicamente é um filme bem feito. Mas devo dizer que os personagens são hipócritas, interesseiros e carreiristas. Vou escrever mais detidamente sobre os protagonistas:
De um lado, o beta inconveniente, que invade o espaço pessoal de sua colega e a persegue com uma insistência, digamos, temerária; de outro, a mulher que sofre do complexo de cinderela. Mr. Kubelik se coloca em situações de perigo para ser salva por algum homem. E, devido à sua natureza passiva, age de forma ingênua e descuidada.
Ninguém que verdadeiramente pretende se matar o faz no apartamento de um estranho que pode chegar a qualquer momento e frustrar sua tentativa. O chororô autoindulgente que se segue (ninguém me ama, ninguém se importa comigo) é igualmente insuportável.
Shimmer Lake
3.1 108 Assista AgoraPrevisível. Se vc seguir as pistas e ligar todos os pontos, descobre qual vai ser o plot em menos de 40 min de filme. Gosto dos roteiros que surpreendem mesmo quando a gente ache que já tenha matado a charada. Definitivamente não foi o caso deste aqui.