Rede de ódio, juntamente com brexit e years and years, é indispensável para entender a época em que vivemos.
Curioso: a elite ilustrada que vive numa torre de marfim e tende a exprimir uma "certeza moral ofuscante" sobre tudo e todos é tão suscetível a manipulações quanto seus adversários "desmiolados".
Os políticos e os publicitários se guiam por um modelo de ação teleológico, um pragmatismo livre de escrúpulos e um oportunismo utilitário. A tibieza interior e o desprezo que o personagem central tem pelos outros se tornam ostensivos. O comportamento de Tomek envilece sua humanidade. O ator transmitiu com maestria essa ideia.
O diretor carregou nas tintas da dramaticidade, alternando entre música clássica e silêncio eloquente na construção estética das cenas violentas, em vez de reproduzir uma sequência acelerada que mescla ritmo frenético, música pulsante e cortes abruptos. E isso funcionou demais.
O arco de rivalidades foi muito mal construído. Tanto a interna (que pareceu uma picuinha boba) quanto a externa (os italianos ostentam visual caricato e possuem atitudes vilanescas).
Ford vs Ferrari é cinema pipoca para toda família. Apesar disso, apresenta lições questionáveis e mensagens dúbias.
Os americanos trapaceiam várias vezes (Shelby rouba cronômetros, burla o regulamento, joga sorrateiramente um parafuso ao chão para provocar cizânia etc.). Até aí nada errado. Mas basta que levem uma rasteira da Ford para que o festival de lamúrias comece. Os anti-heróis reclamam de injustiça. Piada.
Alguns recursos narrativos são repetidos à exaustão (tudo se resolve na última volta do circuito, pequenos contratempos facilmente solucionáveis pululam na tela a cada 20 min, deixando os personagens em aparente dificuldade etc.etc.).
Os últimos 10 minutos são uma tentativa forçada de provocar choro no telespectador.
O filme é um deslumbre estético. Pena que o roteiro não esteja à altura dos efeitos visuais. A despeito de explorar uma temática batida, o filme não inova o próprio gênero ou a estrutura narrativa. É mais do mesmo.
A robô não desviou um milímetro da rota que Nathan havia traçado para ela (disfarçar intenções e usar Caleb como escada). O desejo de liberdade, a autoconsciência, o comportamento faceiro, tudo isso foi programado por Nathan. Ava não conseguiu se despojar da personalidade que foi dada a ela. Não existe liberdade em suas ações. Ava foi criada com uma finalidade específica e não conseguiu escapar disso.
Ela foi e continuou sendo resultado de um condicionamento mental, de uma pré-programação. Ava não conseguiu ir além dos comandos. O seu futuro já estava predeterminado.
Não é a tomada de consciência dos robôs que oferece perigo, mas, antes, o código que um programador insere nessas máquinas. Tudo o que você programa um dia se volta contra você.
Os seres humanos têm controle até mesmo sobre sua própria derrocada.
Ps: Um furo aqui, outro acolá. A burrice de alguns personagens no fim contrasta com a personalidade que foi construída para eles no início do filme.
Mais uma ideia mal aproveitada em meio a pasmaceira das produções netflixianas.
Quando o filme é ruim e de curta-duração, a gente logo pensa: "Ufa, que alívio!". No caso deste filme, uma das coisas que o tornam ruim é o tempo exíguo para contar a história, o que, inevitavelmente, leva o roteiro a correr com os acontecimentos e deixar várias pontas soltas. Não faz sentido que aquilo tudo se passe em apenas um dia. Não faz sentido que a solução contra as vespas seja abandonada ainda no início do filme. Dá para fazer uma extensa lista só com os furos deste roteiro.
Bobo e raso. Não desperta o sentimento de nojo e repulsa à sanguinolência gore, às práticas canibais e cenas gráficas de mutilação, porque, neste filme, there is no such thing.
Completamente irrelevante, como, aliás, são muitos dos filmes desta franquia.
A premissa do filme não é nada original. É basicamente uma mistura malsucedida de The Belko Experiment com Rec.
Extremamente cansativo, o roteiro se ancora num tipo de humor chulo e grosseiro, além, é claro, de apelar para cenas de semi-nudez feminina quase pornográficas.
O desfecho não foge nada do ruim, velho e mastigado clichê
O diferencial dessa franquia era justamente o foco nas lendas folclóricas japonesas, com os medonhos Yurei, destacados por sua identidade visual, e as indefectíveis aparições de Kayako.
Ligeiramente inferior ao primeiro. Várias referências aos Sopranos (saudades, Uncle Junior). Obs: A trilha sonora do primeiro filme continua imbatível.
Não é mais uma daquelas sequências que tentam requentar o que fez sucesso no longa predecessor. Pelo contrário: Ramis deu uma bela repaginada no roteiro.
Melodrama entojado com feições folhetinescas. A trilha sonora que acompanha o longa é breguíssima. A direção, caracterizada por takes mal-arranjados e longas pausas que congelam as expressões dos atores, tem a estrutura e a estética de uma novela de Manoel Carlos
Aplausos pela contribuição pioneira do direitor a um gênero ainda embrionário. Inserção de novos conceitos e truques cinematográficos (que se tornaram elementos indispensáveis em outros filmes) e popularização do cinema de horror. Mas...
Algumas ressalvas: fotografia ruim e dessincronia entre imagem e som.
Os zumbis parecem o resultado da simbiose de Nosferatu com Frankenstein
Vou me concentrar apenas no conteúdo do filme. O "mocinho" aproveita a situação de vulnerabilidade da moça para se esfregar nela. Não satisfeito, tenta estuprá-la. E, ao cabo de tudo, sequestra-a, reivindicando posse sobre a moça contra a vontade dela, num ato de imposição física que faria corar até mesmo os homens primitivos.
Asco.
Obs: A atuação de Marilyn é fraca e pusilânime; o chroma key, uma vergonha.
O filme adota um tom condenatório em relação às mulheres que são independentes e cujo trabalho passa longe de ser convencional. É o triunfo do conceito bela, recatada e do lar.
Mais um filme pipoca de Hitchcock. Entretenimento puro e simples. O suspense fica amortizado, o roteiro não transmite a dramaticidade desejada e os plots são previsíveis. E há, sim, alguns furos.
As motivações políticas dos personagens ficam de lado. Não sabemos de que embaixada se trata nem como os intelectuais ingleses foram envolvidos naquela imbricada trama política. As intenções nunca são discutidas. E isso é terrível para quem curte filmes de espionagem nos quais o enredo é tecido com os fios de um sofisticado novelo político.
O filme me fez lembrar o escarcéu que antecedeu a prisão do casal Nardoni e de como provas periciais que alicerceram o caso ou foram forjadas, ou deturpadas em prejuízo dos réus.
E com isso não quero dizer que o casal seja inocente, mas tão somente defender o direito ao devido processo legal, que não pode ser corrompido por vício em seus elementos essenciais. Linchamento midiático, erros periciais, ocultamento de provas, apelo às emoções do público, fake news, publicização mórbida, leitura enviesada dos fatos, eis a receita para injustiças históricas e arbitrariedades.
Voltando ao filme:
O cotidiano dos pais entremeado a cenas de programas de auditório e discussões abrasivas entre cidadãos comuns foi um ótimo recurso utilizado pelo diretor. Atuações convincentes, trilha sonora sedutora.
As cenas do julgamento exercem um profundo magnetismo sobre quem assiste.
Julgam se os pais não se deixam levar pelas emoções, mas igualmente o fazem se eles adotam uma postura firme e decidida. "Nervos de aço", alguns dizem. "Puro fingimento", diriam, se os pais fossem apelativos.
"Uma mentira dá a volta ao mundo enquanto a verdade ainda calça as botas."
"Estão usando você para vender jornais. Estas pessoas não estão interessadas em fatos."
"Eu sou como sou, e o júri terá que se acostumar."
"Me dizem: 'não fale como costuma falar. Veja como fala! Você parece muito amarga. Não se zangue. Não faça muitas perguntas, ou parecerá que quer ser esperta. E nunca ria, ou será uma piranha indiferente. Eu não posso mudar e não vou me fingir de idiota para o público. Ou para vocês".
O filme é um porre. E, para aqueles que se atrevem a ir até o final, saibam que o trabalho é excruciante.
Jim Morrison: emo que queria encarnar a estética da geração do mal-do-século. Copiar Byron era uma questão de estilo. E dá-lhe reprodução da "marca alheia" e imitação dos grandes mestres. Porre total.
A estética soturna, o tom lúgubre das composições, a tendência de agir arquetipicamente, tudo isso era uma pose. Morrison construiu uma persona (chatissíma, por sinal) para despistar o público de sua verdadeira identidade.
N sei qual Jim é mais chato: o inconveniente e desbocado das primeiras cenas ou o falso sábio que, em tom professoral, contempla a própria vida e está em pleno processo de automitificação. Assistir àquelas performances deve ter sido um sacrifício para quem comprou ingressos e foi aos shows. Totalmente caricatas e feitas com a intenção de chocar. Improvisações ruins e repetição ad nauseam do que foi legal na primeira vez.
Atuações canastronas. Se fosse para ver o excesso de caras e bocas e mais uma porção de biquinhos, eu assistiria a um discurso qualquer de Trump.
Tive a impressão de que o diretor quis transformar Humbert numa vítima dos perversos jogos psicológicos de Lolita.
Lolita o manipula enquanto se diverte ao lado de Clare Quilty, o homem que disputa com Humbert sua atenção e seu amor.
Kubrick tira o peso dos abusos cometidos por Humbert (e Quilty, diga-se) e, em seu lugar, destaca os inúmeros recursos de dissimulação da sofisticada mente manipuladora de Lolita, a megera do filme.
Os episódios hipomaníacos, a personalidade sádico-paranoide, as inclinações sexuais perversas e a completa insanidade de Humbert são apenas sugestionadas, por vezes até justificadas, dada a ênfase no comportamento desviante, agressivo e imperioso da personagem feminina.
A intimidação psicológica presente no relacionamento entre vítima e abusador é, sim, romantizada.
À parte isso, é um filme tecnicamente bem feito (salvo alguns cortes bruscos) com grandiosas atuações.
Mas entendo complemente a repulsa e o horror moral que esse filme provoca.
Platitudes e obviedades são ditas com ares de grande descoberta.
O filme todo é uma punhetação abstrato-linguística.
Boa parte dos monólogos situada num pólo oposto ao da compreensão racional. Só os viajados no ácido podem afirmar com tranquilidade que captaram a mensagem que os monólogos nauseentos, estapafúrdios e de pretensa brilhatura quiseram passar.
Afetação professoral, pedantismo exibicionista... N passa de uma empulhação retórica.
Água com açúcar excessivamente convencional que não tem qualidade para se tornar memorável... Os personagens são genéricos, agem de forma unidimensional e se destinam a realçar estereótipos. O roteiro os impede de chegar a camadas mais complexas e contraditórias. Pode funcionar para quem tem menos de 15 anos. Talvez esse público seja mais condescendente com filmes que resvalam na pieguice
As mulheres woodyallianas sempre se tornam um espelho, as cópias fieis, as sombras dos homens, que são os verdadeiros protagonistas dos filmes. Annie passa a compartilhar com Alvy o mesmo gosto por livros, as neuroses, os padrões de raciocínio, os julgamentos e reflexões sobre o mundo e a sociedade... Até o terapeuta dela segue a abordagem teórica e a escola de pensamento do analista dele. E o que acontece quando ela se muda para Califórnia e começa a namorar um cara de lá? Ela muda completamente de personalidade e passa a emular as particulares, os trejeitos, os posicionamentos e hábitos do novo namorado. Mas que coisa, não?
E por que as mulheres nesses filmes tendem a viver dilemas menos profundos que os homens? Alvy sofre, se questiona, se descobre etc., enquanto Annie parece uma tola cuja vida é sustentada por uma desoladora superficialidade. O roteiro nega à personagem de Keaton os aspectos mais sombrios, problemáticos e complexos da existência. As mulheres sempre têm uma compreensão esvaziada e supérflua da vida. E n é incomum que se engajem em experiências fúteis e sejam dominadas pela frivolidade...
Um verdadeiro espelho metalinguístico. Caótico e vertiginoso labirinto de histórias com armadilhas e esconderijos. Incursão autobiográfica numa narrativa metaficcional, excêntrica e ambivalente.
Sensibilidade, tônica burlesca, intrépida iconoclastia, lirismo melancólico com pitadas surrealistas. Esse é o Fellini que nós amamos, na sua versão mais escrachada e cínica.
A mais hilariante paródia do modo de fazer cinema.
Ps: nunca os procrastinadores foram tão bem representados
Rede de Ódio
3.7 362 Assista AgoraFilmaço.
Rede de ódio, juntamente com brexit e years and years, é indispensável para entender a época em que vivemos.
Curioso: a elite ilustrada que vive numa torre de marfim e tende a exprimir uma "certeza moral ofuscante" sobre tudo e todos é tão suscetível a manipulações quanto seus adversários "desmiolados".
Os políticos e os publicitários se guiam por um modelo de ação teleológico, um pragmatismo livre de escrúpulos e um oportunismo utilitário. A tibieza interior e o desprezo que o personagem central tem pelos outros se tornam ostensivos. O comportamento de Tomek envilece sua humanidade. O ator transmitiu com maestria essa ideia.
O diretor carregou nas tintas da dramaticidade, alternando entre música clássica e silêncio eloquente na construção estética das cenas violentas, em vez de reproduzir uma sequência acelerada que mescla ritmo frenético, música pulsante e cortes abruptos. E isso funcionou demais.
Ford vs Ferrari
3.9 712 Assista AgoraO arco de rivalidades foi muito mal construído. Tanto a interna (que pareceu uma picuinha boba) quanto a externa (os italianos ostentam visual caricato e possuem atitudes vilanescas).
Ford vs Ferrari é cinema pipoca para toda família. Apesar disso, apresenta lições questionáveis e mensagens dúbias.
Os americanos trapaceiam várias vezes (Shelby rouba cronômetros, burla o regulamento, joga sorrateiramente um parafuso ao chão para provocar cizânia etc.). Até aí nada errado. Mas basta que levem uma rasteira da Ford para que o festival de lamúrias comece. Os anti-heróis reclamam de injustiça. Piada.
Alguns recursos narrativos são repetidos à exaustão (tudo se resolve na última volta do circuito, pequenos contratempos facilmente solucionáveis pululam na tela a cada 20 min, deixando os personagens em aparente dificuldade etc.etc.).
Os últimos 10 minutos são uma tentativa forçada de provocar choro no telespectador.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraO filme é um deslumbre estético. Pena que o roteiro não esteja à altura dos efeitos visuais. A despeito de explorar uma temática batida, o filme não inova o próprio gênero ou a estrutura narrativa. É mais do mesmo.
Algumas reflexões:
A robô não desviou um milímetro da rota que Nathan havia traçado para ela (disfarçar intenções e usar Caleb como escada). O desejo de liberdade, a autoconsciência, o comportamento faceiro, tudo isso foi programado por Nathan. Ava não conseguiu se despojar da personalidade que foi dada a ela. Não existe liberdade em suas ações. Ava foi criada com uma finalidade específica e não conseguiu escapar disso.
Ela foi e continuou sendo resultado de um condicionamento mental, de uma pré-programação. Ava não conseguiu ir além dos comandos. O seu futuro já estava predeterminado.
Não é a tomada de consciência dos robôs que oferece perigo, mas, antes, o código que um programador insere nessas máquinas. Tudo o que você programa um dia se volta contra você.
Os seres humanos têm controle até mesmo sobre sua própria derrocada.
Ps:
Um furo aqui, outro acolá. A burrice de alguns personagens no fim contrasta com a personalidade que foi construída para eles no início do filme.
O Silêncio
2.5 612 Assista AgoraMais uma ideia mal aproveitada em meio a pasmaceira das produções netflixianas.
Quando o filme é ruim e de curta-duração, a gente logo pensa: "Ufa, que alívio!". No caso deste filme, uma das coisas que o tornam ruim é o tempo exíguo para contar a história, o que, inevitavelmente, leva o roteiro a correr com os acontecimentos e deixar várias pontas soltas. Não faz sentido que aquilo tudo se passe em apenas um dia. Não faz sentido que a solução contra as vespas seja abandonada ainda no início do filme.
Dá para fazer uma extensa lista só com os furos deste roteiro.
O Massacre da Serra Elétrica 3
2.7 240Soft Horror.
Bobo e raso. Não desperta o sentimento de nojo e repulsa à sanguinolência gore, às práticas canibais e cenas gráficas de mutilação, porque, neste filme, there is no such thing.
Completamente irrelevante, como, aliás, são muitos dos filmes desta franquia.
O Bar
3.2 568A premissa do filme não é nada original. É basicamente uma mistura malsucedida de The Belko Experiment com Rec.
Extremamente cansativo, o roteiro se ancora num tipo de humor chulo e grosseiro, além, é claro, de apelar para cenas de semi-nudez feminina quase pornográficas.
O desfecho não foge nada do ruim, velho e mastigado clichê
O Grito
1.9 331 Assista AgoraO diferencial dessa franquia era justamente o foco nas lendas folclóricas japonesas, com os medonhos Yurei, destacados por sua identidade visual, e as indefectíveis aparições de Kayako.
Este filme conseguiu estragar tudo
A Máfia Volta Ao Divã
3.1 97 Assista AgoraLigeiramente inferior ao primeiro. Várias referências aos Sopranos (saudades, Uncle Junior). Obs: A trilha sonora do primeiro filme continua imbatível.
Não é mais uma daquelas sequências que tentam requentar o que fez sucesso no longa predecessor. Pelo contrário: Ramis deu uma bela repaginada no roteiro.
Procura-se Amy
3.6 179 Assista AgoraMelodrama entojado com feições folhetinescas. A trilha sonora que acompanha o longa é breguíssima. A direção, caracterizada por takes mal-arranjados e longas pausas que congelam as expressões dos atores, tem a estrutura e a estética de uma novela de Manoel Carlos
Um Dia de Caos
3.0 121Péssimo. O "final couple" é insuportável
A Noite dos Mortos-Vivos
4.0 549 Assista AgoraAplausos pela contribuição pioneira do direitor a um gênero ainda embrionário. Inserção de novos conceitos e truques cinematográficos (que se tornaram elementos indispensáveis em outros filmes) e popularização do cinema de horror. Mas...
Algumas ressalvas: fotografia ruim e dessincronia entre imagem e som.
Os zumbis parecem o resultado da simbiose de Nosferatu com Frankenstein
O Rio das Almas Perdidas
3.5 86A epítome do absurdo.
Vou me concentrar apenas no conteúdo do filme. O "mocinho" aproveita a situação de vulnerabilidade da moça para se esfregar nela. Não satisfeito, tenta estuprá-la. E, ao cabo de tudo, sequestra-a, reivindicando posse sobre a moça contra a vontade dela, num ato de imposição física que faria corar até mesmo os homens primitivos.
Asco.
Obs: A atuação de Marilyn é fraca e pusilânime; o chroma key, uma vergonha.
O filme adota um tom condenatório em relação às mulheres que são independentes e cujo trabalho passa longe de ser convencional. É o triunfo do conceito bela, recatada e do lar.
Máfia no Divã
3.5 206 Assista AgoraDe Niro e Crystal, vcs são ridículos! Trilha sonora excepcional
Contágio
3.2 1,8K Assista AgoraCloroquina é a nova forsítia
O Homem Que Sabia Demais
3.9 258 Assista AgoraMais um filme pipoca de Hitchcock. Entretenimento puro e simples. O suspense fica amortizado, o roteiro não transmite a dramaticidade desejada e os plots são previsíveis. E há, sim, alguns furos.
As motivações políticas dos personagens ficam de lado. Não sabemos de que embaixada se trata nem como os intelectuais ingleses foram envolvidos naquela imbricada trama política. As intenções nunca são discutidas. E isso é terrível para quem curte filmes de espionagem nos quais o enredo é tecido com os fios de um sofisticado novelo político.
Um Grito no Escuro
3.6 73O filme me fez lembrar o escarcéu que antecedeu a prisão do casal Nardoni e de como provas periciais que alicerceram o caso ou foram forjadas, ou deturpadas em prejuízo dos réus.
E com isso não quero dizer que o casal seja inocente, mas tão somente defender o direito ao devido processo legal, que não pode ser corrompido por vício em seus elementos essenciais. Linchamento midiático, erros periciais, ocultamento de provas, apelo às emoções do público, fake news, publicização mórbida, leitura enviesada dos fatos, eis a receita para injustiças históricas e arbitrariedades.
Voltando ao filme:
O cotidiano dos pais entremeado a cenas de programas de auditório e discussões abrasivas entre cidadãos comuns foi um ótimo recurso utilizado pelo diretor. Atuações convincentes, trilha sonora sedutora.
As cenas do julgamento exercem um profundo magnetismo sobre quem assiste.
Julgam se os pais não se deixam levar pelas emoções, mas igualmente o fazem se eles adotam uma postura firme e decidida. "Nervos de aço", alguns dizem. "Puro fingimento", diriam, se os pais fossem apelativos.
"Uma mentira dá a volta ao mundo enquanto a verdade ainda calça as botas."
"Estão usando você para vender jornais. Estas pessoas não estão interessadas em fatos."
"Eu sou como sou, e o júri terá que se acostumar."
"Me dizem: 'não fale como costuma falar. Veja como fala! Você parece muito amarga. Não se zangue. Não faça muitas perguntas, ou parecerá que quer ser esperta. E nunca ria, ou será uma piranha indiferente. Eu não posso mudar e não vou me fingir de idiota para o público. Ou para vocês".
The Doors
4.0 505 Assista AgoraO filme é um porre. E, para aqueles que se atrevem a ir até o final, saibam que o trabalho é excruciante.
Jim Morrison: emo que queria encarnar a estética da geração do mal-do-século. Copiar Byron era uma questão de estilo. E dá-lhe reprodução da "marca alheia" e imitação dos grandes mestres. Porre total.
A estética soturna, o tom lúgubre das composições, a tendência de agir arquetipicamente, tudo isso era uma pose. Morrison construiu uma persona (chatissíma, por sinal) para despistar o público de sua verdadeira identidade.
N sei qual Jim é mais chato: o inconveniente e desbocado das primeiras cenas ou o falso sábio que, em tom professoral, contempla a própria vida e está em pleno processo de automitificação.
Assistir àquelas performances deve ter sido um sacrifício para quem comprou ingressos e foi aos shows. Totalmente caricatas e feitas com a intenção de chocar. Improvisações ruins e repetição ad nauseam do que foi legal na primeira vez.
Atuações canastronas. Se fosse para ver o excesso de caras e bocas e mais uma porção de biquinhos, eu assistiria a um discurso qualquer de Trump.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraTive a impressão de que o diretor quis transformar Humbert numa vítima dos perversos jogos psicológicos de Lolita.
Lolita o manipula enquanto se diverte ao lado de Clare Quilty, o homem que disputa com Humbert sua atenção e seu amor.
Kubrick tira o peso dos abusos cometidos por Humbert (e Quilty, diga-se) e, em seu lugar, destaca os inúmeros recursos de dissimulação da sofisticada mente manipuladora de Lolita, a megera do filme.
Os episódios hipomaníacos, a personalidade sádico-paranoide, as inclinações sexuais perversas e a completa insanidade de Humbert são apenas sugestionadas, por vezes até justificadas, dada a ênfase no comportamento desviante, agressivo e imperioso da personagem feminina.
A intimidação psicológica presente no relacionamento entre vítima e abusador é, sim, romantizada.
À parte isso, é um filme tecnicamente bem feito (salvo alguns cortes bruscos) com grandiosas atuações.
Mas entendo complemente a repulsa e o horror moral que esse filme provoca.
Acordar para a Vida
4.3 789Tortura sônica e visual.
Platitudes e obviedades são ditas com ares de grande descoberta.
O filme todo é uma punhetação abstrato-linguística.
Boa parte dos monólogos situada num pólo oposto ao da compreensão racional. Só os viajados no ácido podem afirmar com tranquilidade que captaram a mensagem que os monólogos nauseentos, estapafúrdios e de pretensa brilhatura quiseram passar.
Afetação professoral, pedantismo exibicionista... N passa de uma empulhação retórica.
No Rastro da Violência
2.4 14 Assista AgoraFracassa quando tenta copiar o silêncio dos inocentes... Melhora significativamente quando imita Sin City
Aquela Viagem Com Papai
4.0 9 Assista AgoraUm libelo em favor da liberdade. Lindo e trágico
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraÁgua com açúcar excessivamente convencional que não tem qualidade para se tornar memorável... Os personagens são genéricos, agem de forma unidimensional e se destinam a realçar estereótipos. O roteiro os impede de chegar a camadas mais complexas e contraditórias. Pode funcionar para quem tem menos de 15 anos. Talvez esse público seja mais condescendente com filmes que resvalam na pieguice
Noivo Neurótico, Noiva Nervosa
4.1 1,1K Assista AgoraAs mulheres woodyallianas sempre se tornam um espelho, as cópias fieis, as sombras dos homens, que são os verdadeiros protagonistas dos filmes. Annie passa a compartilhar com Alvy o mesmo gosto por livros, as neuroses, os padrões de raciocínio, os julgamentos e reflexões sobre o mundo e a sociedade... Até o terapeuta dela segue a abordagem teórica e a escola de pensamento do analista dele. E o que acontece quando ela se muda para Califórnia e começa a namorar um cara de lá? Ela muda completamente de personalidade e passa a emular as particulares, os trejeitos, os posicionamentos e hábitos do novo namorado. Mas que coisa, não?
E por que as mulheres nesses filmes tendem a viver dilemas menos profundos que os homens? Alvy sofre, se questiona, se descobre etc., enquanto Annie parece uma tola cuja vida é sustentada por uma desoladora superficialidade. O roteiro nega à personagem de Keaton os aspectos mais sombrios, problemáticos e complexos da existência. As mulheres sempre têm uma compreensão esvaziada e supérflua da vida. E n é incomum que se engajem em experiências fúteis e sejam dominadas pela frivolidade...
8½
4.3 409 Assista AgoraUm verdadeiro espelho metalinguístico. Caótico e vertiginoso labirinto de histórias com armadilhas e esconderijos. Incursão autobiográfica numa narrativa metaficcional, excêntrica e ambivalente.
Sensibilidade, tônica burlesca, intrépida iconoclastia, lirismo melancólico com pitadas surrealistas. Esse é o Fellini que nós amamos, na sua versão mais escrachada e cínica.
A mais hilariante paródia do modo de fazer cinema.
Ps: nunca os procrastinadores foram tão bem representados