É um filme bem "ok", mas achei que iria gostar mais por ser uma homenagem ao clássico The Texas Chainsaw Massacre, um filme que eu gosto muito. Ainda é como uma continuação não oficial que é melhor que qualquer uma das continuações oficiais da franquia. Os temas abordados são interessantes, as atuações são boas (especialmente Mia Goth), a direção e fotografia são muito boas e mostram um entendimento do aspecto visual marcante do clássico de 74, mas achei que o filme durou mais do que deveria e acaba caindo demais em clichês que aparentemente tenta satirizar. Por melhor que a dupla atuação de Mia Goth seja, é inevitável eu comparar com a tripla atuação de Tilda Swinton no remake de Suspiria e sentir que aquele filme não recebeu a devida atenção.
Observação relevante: o crocodilo provavelmente é uma referência ao filme que Tobe Hooper dirigiu logo em seguida a TCM, Eaten Alive, e eu acho que a Bobby-Line, pela peruca loira e sotaque, também referenciam a protagonista do filme.
Bohemian Rhapsody é outra cinebiografia de alto orçamento lançada recentemente que busca lucro e uns Oscars, então não já não esperava muito além de um produto feito para ser facilmente digerível por qualquer público, com muitas licenças poéticas que deixam o filme caricato e desonesto. Essa adaptação, no entanto, vai além:ao mesmo tempo que tenta amenizar a história como um todo, ainda tenta pintar Freddy Mercury como o único membro do Queen que se envolvia nos excessos da vida de estrela do rock e tinha comportamento autodestrutivo. Ficou bem óbvio aqui que Brian May, Roger Taylor e John Deacon ficaram em cima dos roteiristas e do diretor para que qualquer ação "questionável" deles fosse deixada de fora; não posso dizer com certeza a respeito de Deacon, mas May e Taylor foram produtores executivos. Acho que ninguém comprou que eles eram "bonzinhos" e responsáveis da forma como foi mostrado no filme, e o efeito disso para os desavisados é que acaba fazendo Freddy parecer pior, simplesmente por contraste. Pelo menos para mim, analisando agora, faz com que eles pareçam ainda piores, nesse contexto: da forma como é mostrado no filme, eles praticamente não têm personalidade, então uma forma de interpretar é que a personalidade deles se resumia ao quanto aprontavam. Eu estou ciente que filmes biográficos mentem muito, mas isso vai além no quesito da falta de respeito com o espectador, um dedo do meio metafórico. Essa questão, claro, vem por cima dos pontos que o filme difere do que realmente aconteceu sem real justificativa, só para deixar essa biografia mais parecida com qualquer outro filme genérico.
A edição do filme é péssima, e isso é importante ressaltar, porque é um ponto onde existe pouca discordância, e de alguma forma o filme ganhou o Oscar de melhor edição. A Academia conseguiu tomar uma atitude ainda mais absurda no mesmo ano, dando o Oscar de melhor filme para Green Book, que consegue ser uma cinebiografia ainda mais desonesta e desrespeitosa que BR. Como ponto positivo, a atuação de Rami Malek foi muito boa, e a trilha sonora é excelente, mas isso obviamente não é mérito do filme.
Esse filme é realmente tão pior que os outros, ou os filmes do Kevin Smith sempre foram ruins e eu gostava porque meu gosto era ruim quando era mais novo? Eu comecei a questionar isso depois de assistir a esse "reboot", porque se eu gostava dos outros filmes do diretor, deveria gostar desse aqui, pois todos os elementos estão presentes, mas nada funciona. Kevin Smith quer tirar sarro de reboots mal feitos, nesse que provavelmente é o pior reboot lançado recentemente, e o humor referencial e meta não funciona quando está em algo consideravelmente pior do que tudo o que tenta tirar sarro. O roteiro faz piadas sobre como Kevin Smith não amadureceu, mas não é engraçado aqui, simplesmente por ser verdade: o filme parece algo escrito por um adolescente revoltado querendo mostrar os palavrões que aprendeu e reclamar do que não gosta no estado atual da cultura pop de forma bem rasa. Tudo parece tão desnecessário, vazio, forçado e pouco sincero que é dificíl se importar com qualquer coisa que acontece. Acho que eu gostei de ver algumas das participações, como Jason Lee e Joey Lauren Adams, pelo fator nostálgico, mas não importa o quanto eu goste desses atores, eles não estão no contexto mais adequado. Eu vi também que Clerks III simplesmente foi lançado e não houve muita divulgação nem comentários a respeito, e nem sei se quero assistir.
Por mais que a história seja interessante e Alan Turing tenha sido uma grande pessoa, não consigo engolir outro oscar bait baseado em uma história real que obviamente toma muitas liberdades e conta com um ator tentando alavancar a carreira com um oscarzinho de atuação ao interpretar uma figura importante sem fazer jus a tal figura. Cumberbatch parece achar que ficar chupando a bochecha por dentro é o equivalente a entrar no papel, e duvido que Turing fosse tão caricato quanto é retratado no filme: na forma como foi retratado, parece mais um Sheldon Cooper, e em momento algum eu fiquei convencido com o ator no papel, porque parecia que ele estava forçando muito para tentar parecer um personagem, mesmo. É também clichê atrás de clichê na direção, roteiro e montagens: alguém realmente acreditou que a mulher que resolveu a palavra cruzada realmente chegou de forma dramática e atrasada depois de todo mundo? Detalhezinhos comuns e irritantes de filmes baseados em histórias reais que não estão interessados em reproduzir a realidade. Pelo menos os cenários e figurinos são bons, e como filme biográfico, não é tão ruim quanto a propaganda fanática religiosa e caricata de Hecksaw Ridge, ou a propaganda religiosa de A Teoria de Tudo, ou a abominação que foi escalar uma atriz inglesa para interpretar uma francesa em uma história onde franceses falam inglês entre si, no filme da Marie Curie. Antes que eu esqueça: nunca se esqueçam das contribuições de Alan Turing para a humanidade, ateu, homossexual, pai da ciência da computação.
Tecnicamente um remake do clássico da década de 30 com Boris Karloff, mas se inspira muito mais em filmes como Indiana Jones e outros clássicos de ação e aventura da década de oitenta. É um filme do Stephen Sommers, sendo divertido, despretensioso, não se leva muito a sério, mas é executado de forma competente.
Eu posso te garantir que se você assistiu a qualquer filme ruim de tubarão na vida, você pode imaginar esse aqui, cena por cena, sem precisar assisti-lo, baseado simplesmente nesse conhecimento prévio e no pôster.
Quem diria, essa adaptação de literatura clássica que saiu direto em serviço de streaming acabou sendo bem ruim, e quem diria, determinada porção da fanbase ignora os reais problemas para tentar culpar a tal da "representatividade", ou "lacração", quando estão usando um apito de cachorro, e tentar empurrar um discurso desonesto de que é o problema em si e não deveria existir em mídia. Os Anéis de Poder é parte agora do que eu vi ser chamado, em tradução livre, de "lixo sacrificial", que até quando alguém critica por motivos válidos, a discussão em torno foi tão contaminada que acaba por validar, mesmo que em pequena medida, algumas opiniões menos honestas, e as mesmas pessoas que afirmam ter odiado a série ou que iriam boicotá-la são as que não vão deixá-la cair no esquecimento, porque a usam como forma de validar o próprio discurso.
As razões pela qual a série é ruim são bem simples: roteiro e atuações ruins, trama arrastada, e um descaso com as qualidades do material original. Os cenários, figurinos e efeitos são ótimos, mas não compensam os muitos problemas. Aconteceu com adaptações antes, e vai acontecer com muitas depois, mas na maior parte do tempo, as reações dos fãs são mais razoáveis. Sendo justo aqui, também não vi bons argumentos das avaliações de 4 e 5 estrelas: ninguém esperava que fosse ser tão bom quanto o que é considerado por muitos (eu incluso) a melhor trilogia da história do cinema, mas desde que a Warner decidiu transformar O Hobbit em uma trilogia, as adaptações da franquia têm sido nada mais que fanfics usando esses personagens. Desde o início eu não estava gostando, mas quando Galadriel, suposta heroína e elfa sábia, pulou do barco no meio do oceano, meu cérebro deu tela, eu desliguei, o resto do episódio virou um borrão, e eu nem me dei ao trabalho de ver o resto da série. Obviamente os comentários excessivamente positivos são bem menos desagradáveis que os excessivamente negativos, mas convenhamos, existem séries e filmes melhores por aí que merecem muito mais elogios coletivos, assim como existem séries e filmes tão ruim quanto, ou piores, que nem chegaram perto de receber o mesmo nível de crítica coletiva. Pessoalmente, ainda prefiro assistir a Os Anéis de Poder do que a algo como Emily em Paris. Enfim, comentário meio longo, mas é o que é.
De todas as continuações de longa data desnecessárias, essa prequel de A Órfã era uma que tinha ainda menos chances que a média de funcionar e entregar algo que justificasse a própria existência. Uma porque o original já não era grande coisa, e mal tinha material na trama que justificasse um filme, quanto menos dois, mas principalmente porque o filme só funciona se o espectador acreditar que essa assassina adulta realmente parece uma criança. Funcionava no primeiro filme porque a atriz que interpreta Esther, Isabelle Fuhrman, tinha 12 anos na época, e atuou bem o suficiente para convencer no papel. Não funciona nessa prequel porque a atriz agora tem uns 25 e por mais que o filme tente esconder, continua sendo muito óbvio que ela tem essa idade e que ninguém confundiria ela com uma criança, principalmente quando a câmera dá um close no rosto dela, o que acontece com frequência nesse filme. Eu me senti assistindo a um episódio de Chaves, exceto que Chaves é uma série mexicana de baixo orçamento que não se leva a sério. Fuhrman é uma atriz talentosa, e geralmente é interessante ver atores reprisando papéis antigos anos depois, mas acho que é óbvio porque não funciona nesse caso
O roteiro também não é bom , mesmo ignorando esse aspecto. Acho engraçado a sinopse aqui no filmow dizer que ela "orquestra uma fuga brilhante", porque é por pura incompetência dos guardas que ela consegue fugir, e a trama desenvolve em uma dessas histórias que forçam muito a barra para tentar transformar o antes antagonista no personagem principal e em uma forma de anti herói. Embora tenha sido nostálgico para mim ver Julia Stiles em um filme recente, nos cinemas, nenhum dos personagens consegue ser muito interessante, e o filme é bem arrastado e previsível, o que em si não é ruim, mas quer que você pense que é muito mais inteligente do que realmente é. Um ponto positivo, talvez, é que o filme é muito engraçado, de forma não intencional: muitas pessoas riram na sessão em que eu estava. Filme bem inconsequente, só escrevi um comentário porque tecnicamente foi parte da minha maratona de Halloween do ano passado.
Sempre que você faz um comentário criticando um filme mais voltado para um público infantil aqui no filmow, corre o risco de algum adulto aparecer e te lembrar do óbvio como se fosse um escudo à prova de crítica. Nem esse argumento fraco funcionaria aqui, porque um dos vários problemas de Hocus Pocus é não saber o tom que quer ter, ou que deveria ter: quer ser um filme da Disney engraçado e fofinho que se passa em uma cidade que parece feita de lego e biscoito e três tias de maquiagem fazem careta para a câmera, mas também é um filme com infanticídio, assassinato por adultério, enforcamento, e uma obsessão bizarra com a virgindade de um garoto menor de idade. O resultado é algo bizarro, pelos motivos errados.
O comentário é longo, sim. Quer criticar, leia antes, mas se não quiser ler, simplesmente não leia: não venha demonstrar imaturidade e perder seu tempo e o meu só para comentar que não leu.
Esse novo Hellraiser nunca teve muito a seu favor: as chances eram grandes de ser péssimo e não levar em conta o que o fez o original memorável, como é o caso da maioria dos reboots/remakes lançados desde o começo dos anos 2000, ou, mesmo que fosse um bom filme, por ser um filme da década de oitenta, corria o risco de não ser apreciado por fãs que iriam criticar por não seguir o original ou a cartilha da década à risca, ou por pessoas que só queriam um terror mais pipocão. Felizmente Hellraiser é bom, tão bom quanto, talvez até melhor, que o original; infelizmente, pelos comentários e avaliações, acabou sofrendo do segundo mal.
Obviamente houveram reclamações do fato do cenobita principal ser interpretado por uma mulher nesse filme (não tantas quanto eu esperava desse público, mas tiveram), supostamente por fugir do original, mas na verdade é ainda mais fiel ao que era de fato o original: Pinhead é descrito como tendo uma aparência feminina na história original de Clive Barker, mas ele mudou quando fez o filme para se adequar à cartilha dos filmes de terror oitentistas. Digo "aparência" porque eles são descritos como não tendo um sexo definido.
Outra reclamação parece ser que a aparência dos cenobitas nesse reboot, e do filme no geral, é muito "limpa" se comparada à do original. Eu simplesmente não sei do que essas pessoas estão falando, porque em termos de efeitos especiais e cenários, esse novo filme fica devendo nada ao original, e é importante ressaltar que esse filme de terror moderno tem ótimos efeitos, tanto práticos quanto CGI. O filme não tem tanto "gore" quanto o original, mas eu acho que ele demonstra a natureza de tortura dos cenobitas de forma ainda mais efetiva e criativa:
pessoalmente, achei a cena da tortura das cordas vocais mais perturbadora do que qualquer gore do primeiro.
Muitos parecem também não ter gostado da história nem dos personagens, criticando principalmente a protagonista, mas eu não vi problema: as atuações são boas, os personagens são realistas, inclusive lidando com questões como abuso de drogas de forma madura e realista, e por conta disso achei fácil me importar com eles. Eu nem acho que dizer que roteiro, personagens e atuações nesse novo filme são superiores ao original: convenhamos, por mais que o filme de 87 seja considerado um clássico, ele se sustenta mais nos efeitos do que em história e personagens, com o conflito ocorrendo basicamente porque um hedonista resolveu brincar com um cubo mágico do capeta porque estava com tesão, e uma mulher resolve ser cúmplice dele em múltiplos homicídios porque também estava com tesão. Eu acho muito mais plausível e interessante uma história onde alguém como Riley é coagida em uma situação complicada, comete erros, mas ainda é uma boa pessoa que tenta resolver o problema. Mas talvez seja justamente esse o "problema" para muitos: ao que tudo indica, boa parte do público que assiste a filmes de terror não gosta de realismo nesses filmes, e junta isso ao fato de que muitos usuários do filmow não gostam quando personagens agem de forma consistente com a própria personalidade, principalmente se é um adolescente agindo como adolescente. Quero acreditar que é só uma questão de preferência do público mesmo, e não pensar demais em tempos onde sociopatia é quase patológica e praticamente encorajada.
Eu gostei também da retratação dos cenobitas aqui, que segue bem a dinâmica do filme original (e não as presepadas que inventaram nas continuações), que não são os vilões de fato da história, mas agentes burocráticos tentando cumprir uma cota, de torturas e mortes, mas ainda assim, uma cota, inclusive através de coerção; pensando bem, não são muito diferentes da polícia. Também acho que Lorenz é um protagonista mais efetivo que Frank, e a questão da moralidade no final é bem interessante.
O que me impede de gostar mais é que é arrastado em alguns pontos, mas é bom, no geral, e quero ver uma continuação com o mesmo diretor. Uma pena não ter passado nos cinemas, porque esse é um dos únicos filmes de terror lançado nos últimos vezes que valeria a pena pagar o preço do ingresso.
Eu gosto da forma como esse filme se diferencia dos outros chamados "torture porn" do período, tendo personagens mais complexos que um pires e um roteiro com um ângulo mais complexo e trágico. Também gosto que não cai no moralismo distorcido "incel" que muitos filmes do tipo acabam transmitindo, pois embora a personagem rejeitada e torturadora também seja apresentada de forma trágica, também é mostrada não ambígua como uma pessoa ruim, cujas ações não podem ser justificadas. O filme bebe da fonte de Texas Chainsaw Massacre e vários filmes da década de oitenta, mas parece um inegavelmente com um produto dos anos 2000.
A minha nota é baixa porque eu acho que o filme se arrasta muito da metade para o final, e a forma como a história é estruturada acaba deixando o filme arrastado, apesar da curta duração. É um filme interessante, mas pode ser bem exaustivo por conta dos temas tratados.
Onibaba mostra uma visão bem nua e crua da realidade do Japão durante um período de guerra antes da nação se estabelecer como uma potência de primeiro mundo: sujeira, tanto no sentido literal quanto metafórico, com pessoas se escondendo no meio do mato e buscando sobreviver a qualquer custo, e claro, transar sempre que possível, porque ninguém é de ferro. A lenda do folclore japonês é apresentada de forma bem interessante aqui: originalmente, era sobre uma mãe que usava a máscara para assustar a filha a não continuar vendo um sujeito, mas é interessante como no filme é transportado para um contexto onde a velha é safada, não é mãe da moça, e também só está tentando sobreviver e dar umas no processo.
Os cenários são bem repetitivos, mas a fotografia em preto e branco é bem bonita, e as atuações são boas. O problema que eu tenho com o filme é que fica muito repetitivo perto do final, mesmo quando fica bem óbvio o que vai acontecer, e a situação fica meio caricata nesse filme de terror e drama. É bom, mas poderia ser melhor. A lição do filme é uma atemporal: se você não transa, não destranse os transantes.
A proposta é interessante, mas roteiro ruim, falta de cuidado na produção e vaidade do diretor arruínam o que poderia ser um bom filme. Jeremy Gardner é o diretor, que também atua como o personagem principal, que em um filme de baixo orçamento pode muito bem ser indicação de uma forma de reduzir custos, mas aqui ele se escreve como o "cara legal", descolado, que se adaptou muito bem ao apocalipse, e enfia cenas desnecessárias como ele tomando banho pelado em uma cachoeira e uma sequência absurdamente longa onde ele simplesmente escuta música enquanto dança, bebe e canta. Para forçar o contraste, o personagem do Mickey é escrito como um chorão que não se adaptou à situação, se recusa a matar zumbis, e conta com uma cena muito forçada e desnecessária onde ele tenta se masturbar para uma mulher zumbi.
O roteiro também não funciona: logo no começo eles estabelecem que o risco de ser emboscado pelos zumbis e ficar sem opções de fuga é grande, mas isso nunca é comunicado visualmente, com zumbis aparecendo muito raramente e nunca parecendo representar uma ameaça de horda que os diálogos querem que você pense que é. Isso é obviamente uma questão de orçamento limitado, mas um bom roteiro não tentaria estabelecer o que não consegue mostrar, e trabalharia de acordo com as limitações. Outro aspecto da falta de cuidado na produção é como tentam estabelecer que Ben e Mickey vivem um estilo de vida nômade e passam a maior parte do tempo dormindo dentro do carro, e como isso incomoda Mickey, mas também nunca é comunicado visualmente: eles sempre parecem muito limpos e a barba deles nunca parece mudar de tamanho. Não acho que isso seria um grande peso no orçamento, e lembro que até Up, uma animação feita principalmente para crianças, prestou atenção nesses detalhes.
O final do filme é a parte mais frustrante, com um festival de estupidez e inconsistência na escrita, com uma cena muito longa de conflito com um personagem aleatório, onde logo depois, de forma bem conveniente, outra personagem estabelecida antes com quem Mickey falou pelo rádio antes, e que muito obviamente é essa pessoa, aparece, e Mickey demora uma eternidade para perceber que é a mesma pessoa, e chama atenção para o fato, fazendo com que Ben leve um tiro na perna, porque esse filme toma parte do clichê agora batido e preguiçoso que em uma situação onde vida humana é mais escassa, pessoas tentariam se matar ainda mais. Apesar da pessoa não ter jogado a chave do carro deles muito longe, eles não conseguem encontrá-la e ficam presos no carro até a horda chegar, supostamente porque Ben não consegue andar, mas fazer uma muleta improvisada e tentar chegar até um local seguro antes dos zumbis seria melhor do que o que eles fazem; outro detalhe é que os zumbis só aparecem à noite, aparentemente horas depois de todo o conflito que gerou os sons de disparo, que evidencia bem como o roteiro do filme foi limitado pelo orçamento. Eles ficam presos no carro, e ao invés de tentarem abrir o vidro só um pouco para os zumbis enfiarem a cabeça para que eles possam matar um por um de forma estratégica que faz sentido, com facadas ou golpes na cabeça, eles imediatamente entram em pânico, começam a encher a cara,e Mickey tenta correr no meio da horda e pegar a chave só para ser mordido e morrer de forma estúpida. Ben consegue escapar no final, porque depois de muito tempo decide fazer uma versão mais estúpida e com menos sentido do plano óbvio. Final frustrante e estúpido para um filme péssimo.
O quanto alguém vai gostar desse filme depende do quanto a pessoa tolera falhas na escrita de um filme se a direção e fotografia forem boas, tanto que nessa sessão de comentários foram expressas opiniões bem válidas nos dois extremos do positivo e negativo (exceto, claro, pela salada de palavras típica de um dos tiozões locais que sempre têm um número suspeito de "curtidas", mas acho que os usuários não estão preparados para essa conversa ainda). Por um lado, a fotografia e direção são muito boas, com destaque para uso impactante de cores, prevalecendo bem o contraste entre vermelho e branco, com cenários e figurinos bem construídos, e cinema é uma mídia visual, afinal de contas; por outro lado, o roteiro é péssimo na maior parte do tempo, e o conflito só existe porque personagens agem constantemente de forma estúpida e conveniências não param de acontecer. O filme também parece não saber o próprio tom: quer ser, ao mesmo tempo, um conto de fadas distorcido que tem como base um romance trágico, mas ao mesmo tempo quer ser um filme de terror típico, com sustos baratos e sangue, mas acaba acertando em nenhum dos dois.
Exemplificando como o conflito só existe por estupidez dos personagens: logo no começo do filme, o pai da Edith morre sob circunstâncias misteriosas, mas de alguma forma o médico legista acha que ele simplesmente escorregou e bateu a cabeça na pia, sendo que é bem óbvio para qualquer um que foram múltiplas pancadas; Edith parece não ligar os pontos que o pai dela morreu pouco depois que esses dois estranhos misteriosos apareceram e ele proibiu Thomas de se casar com ela, aceita o pedido de casamento dele, e vai morar com ambos, aparentemente superando a morte do pai de forma bem rápida. Um aspecto interessante do filme é como é estabelecido que a casa está literalmente afundando porque foi construída em uma fundação que é basicamente só argila, mas esse ponto não é aproveitado, e o grande "clímax" do filme é Lucille tendo muita dificuldade para perseguir e matar uma Edith que foi sistematicamente envenenada durante boa parte da trama e caiu do segundo andar (detalhe que ela bate as costas, mas quebra só um dos pés, e ainda consegue correr na neve).
Por mais bonito que o filme seja, o roteiro acaba levando a um desperdício de excelentes atores como a Jessica Chastain e Tom Hiddleston. É um filme que poderia ter sido muito mais, mas ficou só nisso mesmo.
Minha maratona de Halloween começou meio tarde esse ano, por conta de compromissos decorrentes de erros de certos organizadores de provas, mas estou aqui agora, e o primeiro filme dessa maratona foi um que queria ver há muito tempo, Scanners de David Cronenberg.
Achei bem decepcionante, infelizmente: é bem mais próximo de um terror genérico dos anos 80 com roteiro fraco do que das obras bizarras que misturam "body horror" desconfortável e comentários ácidos e relevantes pelas quais o diretor é conhecido. Fora algumas poucas cenas, é um filme bem convencional e previsível: quem já ouviu falar do filme, provavelmente também já viu a cena pela qual é famoso atualmente, que ocorre no no início, e nada tão interessante ou impactante ocorre depois. As atuações também são bem fracas, e o roteiro tem alguns problemas: personagens constantemente agem de forma estúpida simplesmente para prosseguir com a história: como não viram aquela seringa sendo usada na pessoa errada? Como deixam Cameron andar por aí sozinho? Por que não deram um tiro na cabeça do Darryl assim que perceberam que ele estava conseguindo usar as habilidades? Outros pontos dão a impressão de que foram criados simplesmente como uma forma de avançar a história, mas não foram muito bem pensados: a motivação do Darryl é ao mesmo tempo clichê e faz pouco sentido, e personagens são introduzidos simplesmente para morrerem minutos depois.
Scanners é um filme com bons efeitos especiais, mas com aspectos que indicam uma produção corrida (não tenho certeza, porque não sei dos bastidores), falta de cuidado, e o resultado é muito aquém do que se espera de um diretor como Cronenberg.
Não confundir com Pinocchio de 2019, ou com Pinocchio: A True Story de 2021, ou com Pinocchio, o live action da Disney que saiu esse ano, ou com Pinocchio de Roberto Benigni que saiu em 2002.
Tem spoilers, eu acho, mas esse filme tem quase 20 anos, e ninguém deveria se importar.
Crash é um filme incrível: é tão raro um filme com um orçamento relativamente alto, atores decentes (em sua maioria), e aparentemente sem interferência de estúdio, ser tão ruim, de tantas formas diferentes, algumas não tão óbvias, e falhar em absolutamente tudo o que tenta fazer, enquanto chega a algumas das piores conclusões possíveis para esse tipo de filme.
Crash é é infame como um dos piores, se não o pior filme a ganhar o Oscar de melhor filme. Esse filme chega a um baixo que eu antes achava que nem a Academia poderia chegar. O que me deixa mais surpreso, ainda mais depois de ver o filme, é que muitas pessoas ainda consideram Crash bom, um filme profundo, que trabalha bem a questão do racismo, apresenta uma mensagem importante, e acham que esse Oscar de melhor roteiro original é justificado. Esse filme é um caso tão extremo que eu vou abandonar meu princípio usual de respeitar opinião alheia diferente da minha, porque eu simplesmente não consigo conceber como esse roteiro pode ser considerado bom sob qualquer critério; esse é um dos casos onde eu vou ser o mala de quem eu sempre reclamo, e vou falar que essa média não faz sentido.
O filme não funciona em aspectos fundamentais: todos os personagens são caricaturas estereotipadas que ou constantemente falam apenas sobre racismo, e nada mais, ou agem de forma a simplesmente servir a um propósito na trama de forma que parecem mais um artifício de roteiro que uma pessoa de verdade. Esses personagens constantemente agem de forma muito estúpida, muito forçada,tomando decisões completamente irracionais sem uma justificativa do roteiro, para martelar os supostos temas do filme na cabeça do espectador e levar a situações também muito forçadas que não aconteceriam se esses personagens tentassem agir como pessoas normais. Parece um episódio da Vila Sésamo, exceto que esses costumam ser mais honestos com a própria mensagem, e não tão rasos. Os diálogos, consequentemente, são sofríveis, as atuações são ruins, mesmo dos bons atores, e o destaque vai para a Sandra Bullock, que interpreta o mesmo papel que ela interpreta em vários outros filmes, e consegue ser nem um pouco convincente; vou falar aqui de novo que ela não é uma boa atriz, e tem alguns dos fanboys mais malas desse site.
O maior problema do filme, o que realmente o eleva além nível "normal" de ruim, é a forma como trata seu tema principal. Parece que pegaram uma, ou um grupo, daquelas pessoas que falam coisas como "não sou racista, mas...", "negros também escravizavam negros na África", ou um "clássico" aqui do filmow, "não me importo com a cor dos personagens, só não gosto de politicagem nos meus filmes", e falaram "escrevam um filme sobre racismo". Crash não é um filme que quer discutir racismo de qualquer forma profunda, ou realista: é um filme de "isenção", ou usando um termo mais coloquial, feito para "passar o pano". O filme mostra racismo como atos individuais, e fazendo isso, tenta desviar atenção da questão estrutural, do problema maior; dessa forma, é mais um desses filmes que não é sobre "racismo", de fato, e sim, como outros já descreveram, para fazer com que brancos se sintam menos mal em relação à questão. Ao contrário do que o filme tenta desesperadamente dizer, uma pessoa negra fazendo um comentário racista sobre uma pessoa chinesa não é, em contexto, a mesma coisa que pessoas brancas fazendo comentários racistas sobre pessoas não brancas, porque o segundo caso carrega um contexto histórico que infelizmente influencia a estrutura social até hoje.
A cereja de pus e sangue no topo desse bolo de fezes, lodo e tachinhas é a retratação do personagem do policial, problema intrínseco à questão da retratação do racismo. Ele revista o casal negro sob suspeita, e abusa do poder para assediar a mulher; no dia seguinte, por meio das coincidências forçadas e estúpidas desse filme, a mulher se envolve em um acidente, e está presa em um carro prestes a explodir, e quem chega exatamente na hora certa para salvá-la, se não o policial racista assediador? Ele consegue tirar a mulher do carro, e o filme mostra essa atitude dele fazendo o próprio trabalho, para variar, como uma atitude de redenção que significa, magicamente, que ele não é mais racista. Ele não recebe punição, não existe algo que justifique qualquer mudança, a perspectiva da mulher nem é levada em consideração, mas o filme diz que é um momento dramático e tocante que esse sociopata instável com autoridade e uma arma continua com autoridade e uma arma, isso depois de tentar mostrar que ter um parente doente é justificativa para ser racista e assediador. A história ainda tenta "justificar" ainda mais as atitudes do policial através das atitudes bem estúpidas e forçadas do parceiro dele, um novato.
Esse último ponto é importante, mas dificíl de escrever a respeito, porque abuso de poder e violência direcionada a minorias é uma realidade bem evidente da polícia, aqui no Brasil, nos Estados Unidos,e em vários outros lugares do mundo; como no filme, eles geralmente saem impunes em casos de uso de força excessiva e abuso de poder, mas essa impunidade não leva à redenção nem a músicas dramáticas tocando. Eu vi pessoas tentando defender esse aspecto do filme, mas não existem argumentos para isso. Já é questionável defender qualquer outro aspecto desse filme como "profundo" ou bem executado, mas insistir em justificar a decisão dos envolvidos de retratar a história do policial da forma como aprece no filme torna você, ao meu ver, uma pessoa ruim.
Enfim, Crash é muito ruim, péssimo, mas é não intencionalmente engraçado, de tão ruim que é, exceto nas partes em que é absolutamente intragável, como tudo o que envolve o policial.
Top Gun: Maverick é um filme com boa fotografia, cenas de ação bem dirigidas, e bons efeitos especiais. É um filme que segue a mesma estrutura básica do original, mas mostra uma melhoria em todos os aspectos, e pode ser uma boa diversão leve e descompromissada, mas atualmente, mesmo os bons filmes de ação mais básicos trazem, além do espetáculo, alguma substância, e Maverick é um filme que remete à década de 80: a nostalgia aqui é nada irônica, sem aspectos de reflexão, trazendo aspectos de filmes de ação da época, e não necessariamente dos melhores, como personagens rasos, diálogos sofríveis que contam com umas piadinhas que parecem estar querendo concorrer com o MCU, romance forçado colocado só para cumprir cartilha, e o roteiro tem um aspecto bem óbvio de propaganda de recrutamento para a marinha americana (provavelmente não é coincidência que esse filme saiu durante uma baixa histórica de alistamento nos EUA, e que o ato final tenta muito ser igual a Star Wars, mesmo que os EUA, tanto no aspecto ideológico quanto militar, lembrem mais o Império que os Rebeldes) que resulta em umas situações e aspectos bem forçados da história, que eu não consegui levar a sério. Esse é um filme que, por sinal, quer muito ser levado a sério, inclusive tentando fazer com que a audiência tenha uma reação emocional a eventos do primeiro filme, e para mim não funciona, porque o primeiro é tão ruim, por conta de decisões tão absurdas, que parece uma paródia. Mesmo em Maverick eu ri muito em cenas que não eram intencionalmente engraçadas, como a fala de Ed Harris sobre Maverick estão "em extinção", ou algo do tipo. Esse tipo de diálogo é tão brega, clichê, forçado, e datado, que acaba ficando adorável, e são nesses momentos que um cheirinho emana da tela, que pode ser de nostalgia, ou do mofo de algo que praticamente não viu o sol em mais de 30 anos. Maverick tem seus méritos, embora não mostre sinais de amadurecimento consideráveis em relação ao anterior (o que, infelizmente, é o caso de alguns dos fãs mais "empolgados"), diverte, e gostar do filme ou não é questão de opinião, subjetivo, baseado no que você busca em um filme.
O que não resume a opinião, porém, são alguns argumentos que sinceramente são bem forçados. Umas pessoas estão dizendo que TG: Maverick é um filme "raiz", mas qualquer definição que alguém queira atribuir à palavra no contexto do cinema, definitivamente não se refere a filmes da década de 80; eu diria até que essa década representa o ponto de transição do cinema "raiz" para um que preza mais pelo espetáculo vazio, ao invés de roteiro e temas. Muitos parecem estar afirmando também que Maverick é um filme do tipo "que não se via há muito tempo", ou frases semelhantes, implicando que o que ele "resgata" o torna único no contexto atual, mas tem nada nesse filme que não tenha sido feito, de alguma forma, em filmes de ação (ou não) relativamente recentes: mesmo em aspectos mais visuais, é dificíl ignorar o quanto aquela cena do teste de velocidade no começo queria remeter a Interestelar, e a fotografia foi realizada por Claudio Miranda, mas entre umas cenas com filtro amarelo bem proeminente, e outras com neblina predominante, lembra muito, em vários momentos, o trabalho de Roger Deakins como Skyfall, A Chegada e Blade Runner 2049; esses são só alguns exemplos. Muitos falam também que o filme não tem "panfletagem ideológica", ou algo do tipo, o que é uma afirmação objetivamente incorreta, porque, como já expliquei, esse filme tem um forte aspecto propagandístico, e propaganda do exército e aeronáutica americanas incluem também quiosques em lugar movimentado com recrutadores literalmente distribuindo panfletos. É válido apontar também uma certa porção dos que supostamente adoram esse filme, e que supostamente detestam personagens "Mary Sue", parecem não se importar com o fato de que, assim como no primeiro filme, o personagem de Maverick é uma Mary Sue (ou Gary Stu, se você preferir) nessa continuação.
Top Gun: Maverick é filme divertido e tecnicamente competente, mas mesmo julgando apenas como filme de ação descompromissado, eu acho que existem opções melhores lançadas nos anos recentes.
Lembrando aqui que denunciar comentários e perfis que deixam nota em títulos não lançados não apenas é perfeitamente aceitável, mas também um serviço de utilidade pública dentro do filmow. Também não vale aqui a desculpa de quem supostamente viu na gringa, porque esse filme tem estreia mundial simultânea agendada para daqui há quatro dias, no Disney+. O IMDb ainda nem liberou avaliações.
Muito bom, mesmo. Aquela cena em que o McNulty e o Moreland analisam a cena do crime se comunicando apenas através de variações de um palavrão já vale a temporada inteira.
Não tinha muitas expectativas, sendo mais um filme da Pixar sob o domínio da Disney e sem John Lasseter, e sendo mais um derivado de Toy Story que com certeza foi uma decisão executiva de tentar bancar em nostalgia de uma franquia estabelecida, sendo que Toy Story 4 já não foi grande coisa e nem deveria ter existido, e no fim das contas, depois de ver na Diseny+, não achei Lightyear muito bom, e gostei menos desse filme do que de Coco, Soul e Turning Red.
O maior problema do filme, para mim, é que Buzz é meio chato como personagem. Embora ele seja só um brinquedo no universo de Toy Story, lá ele tem uma personalidade interessante, um arco, e uma boa dinâmica com Woody, mas em Lightyear ele tem uma personalidade bem genérica de piloto estoico que quer voltar para casa. O roteiro também tem uma progressão estranha, parecendo ter sido escrito por alguém que estava jogando RimWorld enquanto tentava assistir a Interestelar ao mesmo tempo: a tripulação cai em uma planeta, durante uma missão de exploração espacial, e é forçada a formar uma colônia lá enquanto desenvolvem a tecnologia necessária para poderem viajar na velocidade da luz e voltar para a Terra, ou assumo que é a Terra, e isso envolve Buzz fazendo testes onde ele é influenciado pela dilatação temporal em relação ao planeta, significando que o que são minutos para ele, em órbita, são anos para as pessoas no planeta. Eu acho essa questão da dilatação temporal uma ferramenta muito boa em ficção científica para criar histórias tocantes, que foi bem utilizada em uns episódios mais emocionais de Futurama, e até mesmo Interestelar, que é bem mais raso e piegas que muitos gostam de admitir, me pegou nesse aspecto. Em Lightyear acaba não funcionando tão bem, porque ocorre logo no início da trama, e de uma forma que nem o protagonista, nem a comandante têm muito desenvolvimento, e mesmo o Buzz nunca parece muito triste por estar perdendo momentos com pessoas com quem ele supostamente se importa, e apesar do objetivo ser voltar para "casa", nunca é explicado porque é tão importante para eles voltarem, pois nunca estabelecem um vínculo: aparentemente, ninguém da tripulação nem tinha parente nem pessoas próximas na Terra, e Buzz parece ser o único que realmente se importa em voltar, mas nem para ele motivo concreto é estabelecido.
Em determinado momento do filme, e vou tentar não colocar spoiler, Buzz se junta a um novo grupo de personagens, mesmo que o roteiro não tenha se dado ao trabalho de desenvolver direito os anteriores, e eles são o clichê do cinema dos supostamente ineptos que todo mundo sabe que vão se superar e salvar o dia até o fim do filme; o problema é que desde o começo eles são mostrado como muito incompetentes, e o desenvolvimento deles não é bem executado o suficiente para que o heroísmo deles ao fim do filme pareça natural. É tudo muito corrido, e esse filme é carregado de cenas de ação e momentos muito frenéticos que poderiam muito bem ser substituídos por mais momentos de desenvolvimento. A reviravolta no final também é absurda:
Zurg é revelado como o próprio Buzz, só que mais velho, que se voltou contra a população da colônia por conta da obsessão em voltar para casa, mas nunca é explicado o que aconteceu de diferente na linha do tempo dele para que ele se tornasse o vilão. A lógica seria que, se eles eram inicialmente a mesma pessoa, isso não mudaria se seguissem o mesmo caminho, mas, de acordo com o roteiro, não houveram momentos na linha do tempo do Buzz velho que divergiram de forma significativa do Buzz protagonista. O desenho do Zurg também ficou forçado nesse filme: os brinquedos que aparecem em Toy Story supostamente foram derivados desse filme que Andy viu, dentro do universo da franquia, e tomaram cuidado no design da roupa dos patrulheiros para que fizesse sentido com a versão em brinquedo, mas o brinquedo do Zurg em Toy Story 2 difere muito para que possa ser considerado mesmo uma versão mais voltada para crianças da armadura robô de 3 metros de altura e sem capa que parece ter sido construída pelo Tony Stark de Lightyear. Ao final do filme, Buzz não está mais em posse do combustível que permitiria a volta para casa, e quando uma das personagens comenta que eles deveriam voltar para pegar, ele manda o clichê "já estamos em casa". Eu sei que isso é para mostrar o desenvolvimento do personagem, mas é um final besta e forçado, porque seria bom pelo menos ter a opção, e muito tempo foi gasto desenvolvendo o negócio.
Outro aspecto que acho que não fizeram bem, como alguém que gosta muito de falar sobre aspectos e características do cinema de diferentes épocas a ponto de ser chato, é que apesar de Lightyear supostamente ser um filme dentro do universo de Toy Story que Andy viu e que o fez querer o boneco do Buzz, e a época que ele viu provavelmente foi durante a década de 90, que é quando se passa o primeiro filme, tiveram zero comprometimento ou cuidado para fazer essa animação parecer com um filme de aventura/sci-fi da época. Referências não falta: seria interessante se tivessem feito versão mais leve de filmes como Event Horizon ou Planeta Vermelho. Além do mais, como muitos já falaram, Sox rouba a cena, e Andy provavelmente iria querer um brinquedo dele, e não do Buzz, que é chato aqui.
Lightyear não foi o primeiro dos filmes da Pixar que eu vi e não gostei muito, mas foi o primeiro em que eu senti basicamente nada durante a duração. A Pixar costumava ter um bom equilíbrio ao fazer filme que tanto crianças como adultos pudessem gostar, mas esse é muito infantil para adultos, e alguns conceitos são apresentados de uma forma que pode ser confuso para crianças. Um trecho de um comentário mais abaixo sumariza bem o filme: tecnicamente impecável, mas faltou coração. Tem uma boa base, e tinha potencial para ter sido muito mais, mas acaba sendo, bem, somente o que é.
É longo, e tem spoilers, mas esse filme já é bem antigo e conhecido.
Aliens é um bom filme de ação da década de 80, que se destaca dentre os típicos filmes gênero da época por ter um roteiro melhor elaborado que a média, e pela boa atuação de Sigourney Weaver e a boa caracterização e desenvolvimento de sua personagem, Ripley. Esse ser o segundo melhor filme da franquia (para mim, pelo menos, eu sei que muitos acham tão bom, ou até melhor, que o primeiro) é um testamento ao talento de James Cameron de fazer filmes de ação, e o filme expande e usa bem a estética de terror estabelecida no primeiro filme, com cenários bem trabalhados, bons efeitos práticos, e o visual do fuzileiro espacial é icônico, mas isso também é um testamento ao descaso do estúdio e outros envolvidos em filmes futuros, porque Aliens é um filme de ação competente e divertido, mas não é uma boa continuação de Alien, e isso pode parecer controverso, mas eu tenho um ponto aqui, juro.
Transformar a criatura de uma unidade independente, relativamente inteligente, e praticamente indestrutível do primeiro filme, para uma fração do que é uma colônia de insetos de mente coletiva tira muito do seu impacto: o terror cósmico do primeiro filme é substituído por um terror mais tangível, concreto e compreensível. O desenho da rainha é icônico, e os efeitos dela são incríveis, especialmente para a época, mas ela é pouco mais que um chefão final a ser enfrentado pelo heróis do filme em um embate final obrigatório que filmes da época tinham, e apesar do tamanho, ela é bem menos assustadora e menos efetiva como um "predador" do que o alien do primeiro filme. Eu sei que parte da intenção do filme era ser uma desconstrução do típico filme de ação do período, com fuzileiros inefetivos que não conseguem resolver o problema com força bruta, e o dia sendo salvo pela Ripley, que na época não era o típico herói de filmes de ação, mas os fuzileiros são muito incompetentes para serem levados a sério, suas caracterizações são rasas, e no fim das contas, força bruta é o que acaba salvando o dia: o filme termina com uma explosão nuclear, e com um dos personagens basicamente saindo no soco com uma dessas criaturas. Mesmo a questão de temática sofre nesse segundo: o primeiro filme era uma crítica bem clara ao corporativismo predatório que começava a surgir de forma bem acentuada nos anos 70; a continuação traz alguns desses temas, mas são tratados de forma bem mais rasa, e embora o que envolve Ripley seja bem desenvolvido e interessante, o filme dispensa muito da profundidade para mostrar como os fuzileiros são legais; sem contar que, especialmente no contexto da época, o que é basicamente o exército americano afirmando que a única forma de derrotar um inimigo retratado como uma horda de mente coletiva é por meio de uma explosão nuclear, enquanto eles ficam "seguros", em órbita, tem uma conotação que é bem questionável. Voltando aos personagens, eu sei que muitos gostam de Hicks, Newt e Bishop, mas eles são pouco mais que acessórios para o desenvolvimento de Ripley, e falo isso como alguém que gosta muito da atuação de Lance Henriksen. Alguns podem dizer que o xenomorfo do primeiro filme só era uma ameaça tão grande sozinho porque a tripulação da Nostromo foi pega de surpresa, sem armas eficientes para se defender, mas na continuação, o roteiro poderia envolver uma criatura, ou pequeno grupo delas, mas bem resistentes e inteligentes, que exigiria mais dos fuzileiros do que atirar em criaturas andando em linha reta, e tirar a conveniência de poder usar uma explosão nuclear para resolver o problema. Eu percebi que estou basicamente descrevendo predador, que saiu no ano seguinte a Aliens, mas esse também tem seus problemas, e no geral, é pior que Aliens, então seria algo do tipo, mas melhor.
Cameron também parece ter menos preocupação com consistência na letalidade dos xenomorfos: Hicks parece sofrer bem menos danos com o ácido do Alien que um personagem menos importante que morre antes da metade do filme; uma quantidade enorme dessas criaturas morre em várias cenas, e "sangram", mas a consequência de tanto ácido concentrado nunca é mostrada; na cena dos dutos, um dos personagens atira em uma da criaturas diretamente acima dele, mas por algum motivo o ácido não o atinge. Eu gostava muito desse filme quando era criança, mas cada vez que eu o reassisto, gosto cada vez menos, e já faz um tempo que levo em consideração problemas para os quais não ligava antes. Ridley Scott deixou de dirigir a continuação porque o primeiro filme o deu notoriedade na indústria para que dirigisse filmes nos quais sempre quis trabalhar, mas os planos dele para as continuações eram bem diferentes do filme de Cameron, parecendo focar mais na questão do terror cósmico. Esse é, talvez, o melhor filme do Sr. Camarão, mas praticamente tudo o que ele fez depois sedimentou que não gosto muito dele como um artista, no geral: Terminator 2 é divertido e competente, mas é raso; Titanic é um marco técnico nos cinemas, mas além da superfície, Camarão fez um filme em que maior parte da história é focada em um romance piegas e clichê, mesmo que seja baseado em uma tragédia real; Avatar é lindo, mas é uma pouco mais que uma "tech demo" com um roteiro que foi feito antes, e melhor, e desnecessariamente longo. Hoje em dia, quando eu sou lembrado que o diretor quase dirigiu Jurassic Park e a primeira adaptação de Homem Aranha dos cinemas, e vejo quais eram as propostas de roteiro, eu não penso mais "parecia interessante", eu penso: "ainda bem que não foi ele quem dirigiu, porque essas propostas, embora tivessem potencial, nas mãos de alguém com o ego de James Cameron provavelmente levaria a algo que não entende, ou respeita o suficiente, seus respectivos materiais base". Mas Aliens é bom, vale a pena, principalmente a versão estendida, mas acho questionável seus status como continuação "digna do original", "clássico incontestável", e tem uma porção da fanbase que esse filme ajudou a construir que pode ser bem mala.
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraÉ um filme bem "ok", mas achei que iria gostar mais por ser uma homenagem ao clássico The Texas Chainsaw Massacre, um filme que eu gosto muito. Ainda é como uma continuação não oficial que é melhor que qualquer uma das continuações oficiais da franquia. Os temas abordados são interessantes, as atuações são boas (especialmente Mia Goth), a direção e fotografia são muito boas e mostram um entendimento do aspecto visual marcante do clássico de 74, mas achei que o filme durou mais do que deveria e acaba caindo demais em clichês que aparentemente tenta satirizar. Por melhor que a dupla atuação de Mia Goth seja, é inevitável eu comparar com a tripla atuação de Tilda Swinton no remake de Suspiria e sentir que aquele filme não recebeu a devida atenção.
Observação relevante: o crocodilo provavelmente é uma referência ao filme que Tobe Hooper dirigiu logo em seguida a TCM, Eaten Alive, e eu acho que a Bobby-Line, pela peruca loira e sotaque, também referenciam a protagonista do filme.
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraBohemian Rhapsody é outra cinebiografia de alto orçamento lançada recentemente que busca lucro e uns Oscars, então não já não esperava muito além de um produto feito para ser facilmente digerível por qualquer público, com muitas licenças poéticas que deixam o filme caricato e desonesto. Essa adaptação, no entanto, vai além:ao mesmo tempo que tenta amenizar a história como um todo, ainda tenta pintar Freddy Mercury como o único membro do Queen que se envolvia nos excessos da vida de estrela do rock e tinha comportamento autodestrutivo. Ficou bem óbvio aqui que Brian May, Roger Taylor e John Deacon ficaram em cima dos roteiristas e do diretor para que qualquer ação "questionável" deles fosse deixada de fora; não posso dizer com certeza a respeito de Deacon, mas May e Taylor foram produtores executivos. Acho que ninguém comprou que eles eram "bonzinhos" e responsáveis da forma como foi mostrado no filme, e o efeito disso para os desavisados é que acaba fazendo Freddy parecer pior, simplesmente por contraste. Pelo menos para mim, analisando agora, faz com que eles pareçam ainda piores, nesse contexto: da forma como é mostrado no filme, eles praticamente não têm personalidade, então uma forma de interpretar é que a personalidade deles se resumia ao quanto aprontavam. Eu estou ciente que filmes biográficos mentem muito, mas isso vai além no quesito da falta de respeito com o espectador, um dedo do meio metafórico. Essa questão, claro, vem por cima dos pontos que o filme difere do que realmente aconteceu sem real justificativa, só para deixar essa biografia mais parecida com qualquer outro filme genérico.
A edição do filme é péssima, e isso é importante ressaltar, porque é um ponto onde existe pouca discordância, e de alguma forma o filme ganhou o Oscar de melhor edição. A Academia conseguiu tomar uma atitude ainda mais absurda no mesmo ano, dando o Oscar de melhor filme para Green Book, que consegue ser uma cinebiografia ainda mais desonesta e desrespeitosa que BR. Como ponto positivo, a atuação de Rami Malek foi muito boa, e a trilha sonora é excelente, mas isso obviamente não é mérito do filme.
O Império (do Besteirol) Contra-Ataca: Reboot
2.9 49 Assista AgoraEsse filme é realmente tão pior que os outros, ou os filmes do Kevin Smith sempre foram ruins e eu gostava porque meu gosto era ruim quando era mais novo? Eu comecei a questionar isso depois de assistir a esse "reboot", porque se eu gostava dos outros filmes do diretor, deveria gostar desse aqui, pois todos os elementos estão presentes, mas nada funciona. Kevin Smith quer tirar sarro de reboots mal feitos, nesse que provavelmente é o pior reboot lançado recentemente, e o humor referencial e meta não funciona quando está em algo consideravelmente pior do que tudo o que tenta tirar sarro. O roteiro faz piadas sobre como Kevin Smith não amadureceu, mas não é engraçado aqui, simplesmente por ser verdade: o filme parece algo escrito por um adolescente revoltado querendo mostrar os palavrões que aprendeu e reclamar do que não gosta no estado atual da cultura pop de forma bem rasa. Tudo parece tão desnecessário, vazio, forçado e pouco sincero que é dificíl se importar com qualquer coisa que acontece. Acho que eu gostei de ver algumas das participações, como Jason Lee e Joey Lauren Adams, pelo fator nostálgico, mas não importa o quanto eu goste desses atores, eles não estão no contexto mais adequado. Eu vi também que Clerks III simplesmente foi lançado e não houve muita divulgação nem comentários a respeito, e nem sei se quero assistir.
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraPor mais que a história seja interessante e Alan Turing tenha sido uma grande pessoa, não consigo engolir outro oscar bait baseado em uma história real que obviamente toma muitas liberdades e conta com um ator tentando alavancar a carreira com um oscarzinho de atuação ao interpretar uma figura importante sem fazer jus a tal figura. Cumberbatch parece achar que ficar chupando a bochecha por dentro é o equivalente a entrar no papel, e duvido que Turing fosse tão caricato quanto é retratado no filme: na forma como foi retratado, parece mais um Sheldon Cooper, e em momento algum eu fiquei convencido com o ator no papel, porque parecia que ele estava forçando muito para tentar parecer um personagem, mesmo. É também clichê atrás de clichê na direção, roteiro e montagens: alguém realmente acreditou que a mulher que resolveu a palavra cruzada realmente chegou de forma dramática e atrasada depois de todo mundo? Detalhezinhos comuns e irritantes de filmes baseados em histórias reais que não estão interessados em reproduzir a realidade. Pelo menos os cenários e figurinos são bons, e como filme biográfico, não é tão ruim quanto a propaganda fanática religiosa e caricata de Hecksaw Ridge, ou a propaganda religiosa de A Teoria de Tudo, ou a abominação que foi escalar uma atriz inglesa para interpretar uma francesa em uma história onde franceses falam inglês entre si, no filme da Marie Curie. Antes que eu esqueça: nunca se esqueçam das contribuições de Alan Turing para a humanidade, ateu, homossexual, pai da ciência da computação.
A Múmia
3.5 1,0K Assista AgoraTecnicamente um remake do clássico da década de 30 com Boris Karloff, mas se inspira muito mais em filmes como Indiana Jones e outros clássicos de ação e aventura da década de oitenta. É um filme do Stephen Sommers, sendo divertido, despretensioso, não se leva muito a sério, mas é executado de forma competente.
Grande Tubarão Branco
1.8 134Eu posso te garantir que se você assistiu a qualquer filme ruim de tubarão na vida, você pode imaginar esse aqui, cena por cena, sem precisar assisti-lo, baseado simplesmente nesse conhecimento prévio e no pôster.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder (1ª Temporada)
3.9 791 Assista AgoraQuem diria, essa adaptação de literatura clássica que saiu direto em serviço de streaming acabou sendo bem ruim, e quem diria, determinada porção da fanbase ignora os reais problemas para tentar culpar a tal da "representatividade", ou "lacração", quando estão usando um apito de cachorro, e tentar empurrar um discurso desonesto de que é o problema em si e não deveria existir em mídia. Os Anéis de Poder é parte agora do que eu vi ser chamado, em tradução livre, de "lixo sacrificial", que até quando alguém critica por motivos válidos, a discussão em torno foi tão contaminada que acaba por validar, mesmo que em pequena medida, algumas opiniões menos honestas, e as mesmas pessoas que afirmam ter odiado a série ou que iriam boicotá-la são as que não vão deixá-la cair no esquecimento, porque a usam como forma de validar o próprio discurso.
As razões pela qual a série é ruim são bem simples: roteiro e atuações ruins, trama arrastada, e um descaso com as qualidades do material original. Os cenários, figurinos e efeitos são ótimos, mas não compensam os muitos problemas. Aconteceu com adaptações antes, e vai acontecer com muitas depois, mas na maior parte do tempo, as reações dos fãs são mais razoáveis. Sendo justo aqui, também não vi bons argumentos das avaliações de 4 e 5 estrelas: ninguém esperava que fosse ser tão bom quanto o que é considerado por muitos (eu incluso) a melhor trilogia da história do cinema, mas desde que a Warner decidiu transformar O Hobbit em uma trilogia, as adaptações da franquia têm sido nada mais que fanfics usando esses personagens. Desde o início eu não estava gostando, mas quando Galadriel, suposta heroína e elfa sábia, pulou do barco no meio do oceano, meu cérebro deu tela, eu desliguei, o resto do episódio virou um borrão, e eu nem me dei ao trabalho de ver o resto da série. Obviamente os comentários excessivamente positivos são bem menos desagradáveis que os excessivamente negativos, mas convenhamos, existem séries e filmes melhores por aí que merecem muito mais elogios coletivos, assim como existem séries e filmes tão ruim quanto, ou piores, que nem chegaram perto de receber o mesmo nível de crítica coletiva. Pessoalmente, ainda prefiro assistir a Os Anéis de Poder do que a algo como Emily em Paris. Enfim, comentário meio longo, mas é o que é.
Órfã 2: A Origem
2.7 772 Assista AgoraDe todas as continuações de longa data desnecessárias, essa prequel de A Órfã era uma que tinha ainda menos chances que a média de funcionar e entregar algo que justificasse a própria existência. Uma porque o original já não era grande coisa, e mal tinha material na trama que justificasse um filme, quanto menos dois, mas principalmente porque o filme só funciona se o espectador acreditar que essa assassina adulta realmente parece uma criança. Funcionava no primeiro filme porque a atriz que interpreta Esther, Isabelle Fuhrman, tinha 12 anos na época, e atuou bem o suficiente para convencer no papel. Não funciona nessa prequel porque a atriz agora tem uns 25 e por mais que o filme tente esconder, continua sendo muito óbvio que ela tem essa idade e que ninguém confundiria ela com uma criança, principalmente quando a câmera dá um close no rosto dela, o que acontece com frequência nesse filme. Eu me senti assistindo a um episódio de Chaves, exceto que Chaves é uma série mexicana de baixo orçamento que não se leva a sério. Fuhrman é uma atriz talentosa, e geralmente é interessante ver atores reprisando papéis antigos anos depois, mas acho que é óbvio porque não funciona nesse caso
O roteiro também não é bom , mesmo ignorando esse aspecto. Acho engraçado a sinopse aqui no filmow dizer que ela "orquestra uma fuga brilhante", porque é por pura incompetência dos guardas que ela consegue fugir, e a trama desenvolve em uma dessas histórias que forçam muito a barra para tentar transformar o antes antagonista no personagem principal e em uma forma de anti herói. Embora tenha sido nostálgico para mim ver Julia Stiles em um filme recente, nos cinemas, nenhum dos personagens consegue ser muito interessante, e o filme é bem arrastado e previsível, o que em si não é ruim, mas quer que você pense que é muito mais inteligente do que realmente é. Um ponto positivo, talvez, é que o filme é muito engraçado, de forma não intencional: muitas pessoas riram na sessão em que eu estava. Filme bem inconsequente, só escrevi um comentário porque tecnicamente foi parte da minha maratona de Halloween do ano passado.
Abracadabra
3.6 1,1K Assista AgoraSempre que você faz um comentário criticando um filme mais voltado para um público infantil aqui no filmow, corre o risco de algum adulto aparecer e te lembrar do óbvio como se fosse um escudo à prova de crítica. Nem esse argumento fraco funcionaria aqui, porque um dos vários problemas de Hocus Pocus é não saber o tom que quer ter, ou que deveria ter: quer ser um filme da Disney engraçado e fofinho que se passa em uma cidade que parece feita de lego e biscoito e três tias de maquiagem fazem careta para a câmera, mas também é um filme com infanticídio, assassinato por adultério, enforcamento, e uma obsessão bizarra com a virgindade de um garoto menor de idade. O resultado é algo bizarro, pelos motivos errados.
Hellraiser
3.2 407 Assista AgoraO comentário é longo, sim. Quer criticar, leia antes, mas se não quiser ler, simplesmente não leia: não venha demonstrar imaturidade e perder seu tempo e o meu só para comentar que não leu.
Esse novo Hellraiser nunca teve muito a seu favor: as chances eram grandes de ser péssimo e não levar em conta o que o fez o original memorável, como é o caso da maioria dos reboots/remakes lançados desde o começo dos anos 2000, ou, mesmo que fosse um bom filme, por ser um filme da década de oitenta, corria o risco de não ser apreciado por fãs que iriam criticar por não seguir o original ou a cartilha da década à risca, ou por pessoas que só queriam um terror mais pipocão. Felizmente Hellraiser é bom, tão bom quanto, talvez até melhor, que o original; infelizmente, pelos comentários e avaliações, acabou sofrendo do segundo mal.
Obviamente houveram reclamações do fato do cenobita principal ser interpretado por uma mulher nesse filme (não tantas quanto eu esperava desse público, mas tiveram), supostamente por fugir do original, mas na verdade é ainda mais fiel ao que era de fato o original: Pinhead é descrito como tendo uma aparência feminina na história original de Clive Barker, mas ele mudou quando fez o filme para se adequar à cartilha dos filmes de terror oitentistas. Digo "aparência" porque eles são descritos como não tendo um sexo definido.
Outra reclamação parece ser que a aparência dos cenobitas nesse reboot, e do filme no geral, é muito "limpa" se comparada à do original. Eu simplesmente não sei do que essas pessoas estão falando, porque em termos de efeitos especiais e cenários, esse novo filme fica devendo nada ao original, e é importante ressaltar que esse filme de terror moderno tem ótimos efeitos, tanto práticos quanto CGI. O filme não tem tanto "gore" quanto o original, mas eu acho que ele demonstra a natureza de tortura dos cenobitas de forma ainda mais efetiva e criativa:
pessoalmente, achei a cena da tortura das cordas vocais mais perturbadora do que qualquer gore do primeiro.
Muitos parecem também não ter gostado da história nem dos personagens, criticando principalmente a protagonista, mas eu não vi problema: as atuações são boas, os personagens são realistas, inclusive lidando com questões como abuso de drogas de forma madura e realista, e por conta disso achei fácil me importar com eles. Eu nem acho que dizer que roteiro, personagens e atuações nesse novo filme são superiores ao original: convenhamos, por mais que o filme de 87 seja considerado um clássico, ele se sustenta mais nos efeitos do que em história e personagens, com o conflito ocorrendo basicamente porque um hedonista resolveu brincar com um cubo mágico do capeta porque estava com tesão, e uma mulher resolve ser cúmplice dele em múltiplos homicídios porque também estava com tesão. Eu acho muito mais plausível e interessante uma história onde alguém como Riley é coagida em uma situação complicada, comete erros, mas ainda é uma boa pessoa que tenta resolver o problema. Mas talvez seja justamente esse o "problema" para muitos: ao que tudo indica, boa parte do público que assiste a filmes de terror não gosta de realismo nesses filmes, e junta isso ao fato de que muitos usuários do filmow não gostam quando personagens agem de forma consistente com a própria personalidade, principalmente se é um adolescente agindo como adolescente. Quero acreditar que é só uma questão de preferência do público mesmo, e não pensar demais em tempos onde sociopatia é quase patológica e praticamente encorajada.
Eu gostei também da retratação dos cenobitas aqui, que segue bem a dinâmica do filme original (e não as presepadas que inventaram nas continuações), que não são os vilões de fato da história, mas agentes burocráticos tentando cumprir uma cota, de torturas e mortes, mas ainda assim, uma cota, inclusive através de coerção; pensando bem, não são muito diferentes da polícia. Também acho que Lorenz é um protagonista mais efetivo que Frank, e a questão da moralidade no final é bem interessante.
O que me impede de gostar mais é que é arrastado em alguns pontos, mas é bom, no geral, e quero ver uma continuação com o mesmo diretor. Uma pena não ter passado nos cinemas, porque esse é um dos únicos filmes de terror lançado nos últimos vezes que valeria a pena pagar o preço do ingresso.
Entes Queridos
3.5 499Eu gosto da forma como esse filme se diferencia dos outros chamados "torture porn" do período, tendo personagens mais complexos que um pires e um roteiro com um ângulo mais complexo e trágico. Também gosto que não cai no moralismo distorcido "incel" que muitos filmes do tipo acabam transmitindo, pois embora a personagem rejeitada e torturadora também seja apresentada de forma trágica, também é mostrada não ambígua como uma pessoa ruim, cujas ações não podem ser justificadas. O filme bebe da fonte de Texas Chainsaw Massacre e vários filmes da década de oitenta, mas parece um inegavelmente com um produto dos anos 2000.
A minha nota é baixa porque eu acho que o filme se arrasta muito da metade para o final, e a forma como a história é estruturada acaba deixando o filme arrastado, apesar da curta duração. É um filme interessante, mas pode ser bem exaustivo por conta dos temas tratados.
Onibaba: A Mulher Demônio
4.1 117Onibaba mostra uma visão bem nua e crua da realidade do Japão durante um período de guerra antes da nação se estabelecer como uma potência de primeiro mundo: sujeira, tanto no sentido literal quanto metafórico, com pessoas se escondendo no meio do mato e buscando sobreviver a qualquer custo, e claro, transar sempre que possível, porque ninguém é de ferro. A lenda do folclore japonês é apresentada de forma bem interessante aqui: originalmente, era sobre uma mãe que usava a máscara para assustar a filha a não continuar vendo um sujeito, mas é interessante como no filme é transportado para um contexto onde a velha é safada, não é mãe da moça, e também só está tentando sobreviver e dar umas no processo.
Os cenários são bem repetitivos, mas a fotografia em preto e branco é bem bonita, e as atuações são boas. O problema que eu tenho com o filme é que fica muito repetitivo perto do final, mesmo quando fica bem óbvio o que vai acontecer, e a situação fica meio caricata nesse filme de terror e drama. É bom, mas poderia ser melhor. A lição do filme é uma atemporal: se você não transa, não destranse os transantes.
Ben & Mickey Contra os Mortos
3.3 75 Assista AgoraSpoilers para um filme bem ruim de 10 anos.
A proposta é interessante, mas roteiro ruim, falta de cuidado na produção e vaidade do diretor arruínam o que poderia ser um bom filme. Jeremy Gardner é o diretor, que também atua como o personagem principal, que em um filme de baixo orçamento pode muito bem ser indicação de uma forma de reduzir custos, mas aqui ele se escreve como o "cara legal", descolado, que se adaptou muito bem ao apocalipse, e enfia cenas desnecessárias como ele tomando banho pelado em uma cachoeira e uma sequência absurdamente longa onde ele simplesmente escuta música enquanto dança, bebe e canta. Para forçar o contraste, o personagem do Mickey é escrito como um chorão que não se adaptou à situação, se recusa a matar zumbis, e conta com uma cena muito forçada e desnecessária onde ele tenta se masturbar para uma mulher zumbi.
O roteiro também não funciona: logo no começo eles estabelecem que o risco de ser emboscado pelos zumbis e ficar sem opções de fuga é grande, mas isso nunca é comunicado visualmente, com zumbis aparecendo muito raramente e nunca parecendo representar uma ameaça de horda que os diálogos querem que você pense que é. Isso é obviamente uma questão de orçamento limitado, mas um bom roteiro não tentaria estabelecer o que não consegue mostrar, e trabalharia de acordo com as limitações. Outro aspecto da falta de cuidado na produção é como tentam estabelecer que Ben e Mickey vivem um estilo de vida nômade e passam a maior parte do tempo dormindo dentro do carro, e como isso incomoda Mickey, mas também nunca é comunicado visualmente: eles sempre parecem muito limpos e a barba deles nunca parece mudar de tamanho. Não acho que isso seria um grande peso no orçamento, e lembro que até Up, uma animação feita principalmente para crianças, prestou atenção nesses detalhes.
O final do filme é a parte mais frustrante, com um festival de estupidez e inconsistência na escrita, com uma cena muito longa de conflito com um personagem aleatório, onde logo depois, de forma bem conveniente, outra personagem estabelecida antes com quem Mickey falou pelo rádio antes, e que muito obviamente é essa pessoa, aparece, e Mickey demora uma eternidade para perceber que é a mesma pessoa, e chama atenção para o fato, fazendo com que Ben leve um tiro na perna, porque esse filme toma parte do clichê agora batido e preguiçoso que em uma situação onde vida humana é mais escassa, pessoas tentariam se matar ainda mais. Apesar da pessoa não ter jogado a chave do carro deles muito longe, eles não conseguem encontrá-la e ficam presos no carro até a horda chegar, supostamente porque Ben não consegue andar, mas fazer uma muleta improvisada e tentar chegar até um local seguro antes dos zumbis seria melhor do que o que eles fazem; outro detalhe é que os zumbis só aparecem à noite, aparentemente horas depois de todo o conflito que gerou os sons de disparo, que evidencia bem como o roteiro do filme foi limitado pelo orçamento. Eles ficam presos no carro, e ao invés de tentarem abrir o vidro só um pouco para os zumbis enfiarem a cabeça para que eles possam matar um por um de forma estratégica que faz sentido, com facadas ou golpes na cabeça, eles imediatamente entram em pânico, começam a encher a cara,e Mickey tenta correr no meio da horda e pegar a chave só para ser mordido e morrer de forma estúpida. Ben consegue escapar no final, porque depois de muito tempo decide fazer uma versão mais estúpida e com menos sentido do plano óbvio. Final frustrante e estúpido para um filme péssimo.
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraSpoilers para um filme de quase oito anos.
O quanto alguém vai gostar desse filme depende do quanto a pessoa tolera falhas na escrita de um filme se a direção e fotografia forem boas, tanto que nessa sessão de comentários foram expressas opiniões bem válidas nos dois extremos do positivo e negativo (exceto, claro, pela salada de palavras típica de um dos tiozões locais que sempre têm um número suspeito de "curtidas", mas acho que os usuários não estão preparados para essa conversa ainda). Por um lado, a fotografia e direção são muito boas, com destaque para uso impactante de cores, prevalecendo bem o contraste entre vermelho e branco, com cenários e figurinos bem construídos, e cinema é uma mídia visual, afinal de contas; por outro lado, o roteiro é péssimo na maior parte do tempo, e o conflito só existe porque personagens agem constantemente de forma estúpida e conveniências não param de acontecer. O filme também parece não saber o próprio tom: quer ser, ao mesmo tempo, um conto de fadas distorcido que tem como base um romance trágico, mas ao mesmo tempo quer ser um filme de terror típico, com sustos baratos e sangue, mas acaba acertando em nenhum dos dois.
Exemplificando como o conflito só existe por estupidez dos personagens: logo no começo do filme, o pai da Edith morre sob circunstâncias misteriosas, mas de alguma forma o médico legista acha que ele simplesmente escorregou e bateu a cabeça na pia, sendo que é bem óbvio para qualquer um que foram múltiplas pancadas; Edith parece não ligar os pontos que o pai dela morreu pouco depois que esses dois estranhos misteriosos apareceram e ele proibiu Thomas de se casar com ela, aceita o pedido de casamento dele, e vai morar com ambos, aparentemente superando a morte do pai de forma bem rápida. Um aspecto interessante do filme é como é estabelecido que a casa está literalmente afundando porque foi construída em uma fundação que é basicamente só argila, mas esse ponto não é aproveitado, e o grande "clímax" do filme é Lucille tendo muita dificuldade para perseguir e matar uma Edith que foi sistematicamente envenenada durante boa parte da trama e caiu do segundo andar (detalhe que ela bate as costas, mas quebra só um dos pés, e ainda consegue correr na neve).
Por mais bonito que o filme seja, o roteiro acaba levando a um desperdício de excelentes atores como a Jessica Chastain e Tom Hiddleston. É um filme que poderia ter sido muito mais, mas ficou só nisso mesmo.
Scanners: Sua Mente Pode Destruir
3.5 251Minha maratona de Halloween começou meio tarde esse ano, por conta de compromissos decorrentes de erros de certos organizadores de provas, mas estou aqui agora, e o primeiro filme dessa maratona foi um que queria ver há muito tempo, Scanners de David Cronenberg.
Achei bem decepcionante, infelizmente: é bem mais próximo de um terror genérico dos anos 80 com roteiro fraco do que das obras bizarras que misturam "body horror" desconfortável e comentários ácidos e relevantes pelas quais o diretor é conhecido. Fora algumas poucas cenas, é um filme bem convencional e previsível: quem já ouviu falar do filme, provavelmente também já viu a cena pela qual é famoso atualmente, que ocorre no no início, e nada tão interessante ou impactante ocorre depois. As atuações também são bem fracas, e o roteiro tem alguns problemas: personagens constantemente agem de forma estúpida simplesmente para prosseguir com a história: como não viram aquela seringa sendo usada na pessoa errada? Como deixam Cameron andar por aí sozinho? Por que não deram um tiro na cabeça do Darryl assim que perceberam que ele estava conseguindo usar as habilidades? Outros pontos dão a impressão de que foram criados simplesmente como uma forma de avançar a história, mas não foram muito bem pensados: a motivação do Darryl é ao mesmo tempo clichê e faz pouco sentido, e personagens são introduzidos simplesmente para morrerem minutos depois.
Scanners é um filme com bons efeitos especiais, mas com aspectos que indicam uma produção corrida (não tenho certeza, porque não sei dos bastidores), falta de cuidado, e o resultado é muito aquém do que se espera de um diretor como Cronenberg.
1964: O Brasil Entre Armas e Livros
3.1 333Brasil Para Lerdos.
Pinóquio
4.2 543 Assista AgoraNão confundir com Pinocchio de 2019, ou com Pinocchio: A True Story de 2021, ou com Pinocchio, o live action da Disney que saiu esse ano, ou com Pinocchio de Roberto Benigni que saiu em 2002.
Crash: No Limite
3.9 1,2KTem spoilers, eu acho, mas esse filme tem quase 20 anos, e ninguém deveria se importar.
Crash é um filme incrível: é tão raro um filme com um orçamento relativamente alto, atores decentes (em sua maioria), e aparentemente sem interferência de estúdio, ser tão ruim, de tantas formas diferentes, algumas não tão óbvias, e falhar em absolutamente tudo o que tenta fazer, enquanto chega a algumas das piores conclusões possíveis para esse tipo de filme.
Crash é é infame como um dos piores, se não o pior filme a ganhar o Oscar de melhor filme. Esse filme chega a um baixo que eu antes achava que nem a Academia poderia chegar. O que me deixa mais surpreso, ainda mais depois de ver o filme, é que muitas pessoas ainda consideram Crash bom, um filme profundo, que trabalha bem a questão do racismo, apresenta uma mensagem importante, e acham que esse Oscar de melhor roteiro original é justificado. Esse filme é um caso tão extremo que eu vou abandonar meu princípio usual de respeitar opinião alheia diferente da minha, porque eu simplesmente não consigo conceber como esse roteiro pode ser considerado bom sob qualquer critério; esse é um dos casos onde eu vou ser o mala de quem eu sempre reclamo, e vou falar que essa média não faz sentido.
O filme não funciona em aspectos fundamentais: todos os personagens são caricaturas estereotipadas que ou constantemente falam apenas sobre racismo, e nada mais, ou agem de forma a simplesmente servir a um propósito na trama de forma que parecem mais um artifício de roteiro que uma pessoa de verdade. Esses personagens constantemente agem de forma muito estúpida, muito forçada,tomando decisões completamente irracionais sem uma justificativa do roteiro, para martelar os supostos temas do filme na cabeça do espectador e levar a situações também muito forçadas que não aconteceriam se esses personagens tentassem agir como pessoas normais. Parece um episódio da Vila Sésamo, exceto que esses costumam ser mais honestos com a própria mensagem, e não tão rasos. Os diálogos, consequentemente, são sofríveis, as atuações são ruins, mesmo dos bons atores, e o destaque vai para a Sandra Bullock, que interpreta o mesmo papel que ela interpreta em vários outros filmes, e consegue ser nem um pouco convincente; vou falar aqui de novo que ela não é uma boa atriz, e tem alguns dos fanboys mais malas desse site.
O maior problema do filme, o que realmente o eleva além nível "normal" de ruim, é a forma como trata seu tema principal. Parece que pegaram uma, ou um grupo, daquelas pessoas que falam coisas como "não sou racista, mas...", "negros também escravizavam negros na África", ou um "clássico" aqui do filmow, "não me importo com a cor dos personagens, só não gosto de politicagem nos meus filmes", e falaram "escrevam um filme sobre racismo". Crash não é um filme que quer discutir racismo de qualquer forma profunda, ou realista: é um filme de "isenção", ou usando um termo mais coloquial, feito para "passar o pano". O filme mostra racismo como atos individuais, e fazendo isso, tenta desviar atenção da questão estrutural, do problema maior; dessa forma, é mais um desses filmes que não é sobre "racismo", de fato, e sim, como outros já descreveram, para fazer com que brancos se sintam menos mal em relação à questão. Ao contrário do que o filme tenta desesperadamente dizer, uma pessoa negra fazendo um comentário racista sobre uma pessoa chinesa não é, em contexto, a mesma coisa que pessoas brancas fazendo comentários racistas sobre pessoas não brancas, porque o segundo caso carrega um contexto histórico que infelizmente influencia a estrutura social até hoje.
A cereja de pus e sangue no topo desse bolo de fezes, lodo e tachinhas é a retratação do personagem do policial, problema intrínseco à questão da retratação do racismo. Ele revista o casal negro sob suspeita, e abusa do poder para assediar a mulher; no dia seguinte, por meio das coincidências forçadas e estúpidas desse filme, a mulher se envolve em um acidente, e está presa em um carro prestes a explodir, e quem chega exatamente na hora certa para salvá-la, se não o policial racista assediador? Ele consegue tirar a mulher do carro, e o filme mostra essa atitude dele fazendo o próprio trabalho, para variar, como uma atitude de redenção que significa, magicamente, que ele não é mais racista. Ele não recebe punição, não existe algo que justifique qualquer mudança, a perspectiva da mulher nem é levada em consideração, mas o filme diz que é um momento dramático e tocante que esse sociopata instável com autoridade e uma arma continua com autoridade e uma arma, isso depois de tentar mostrar que ter um parente doente é justificativa para ser racista e assediador. A história ainda tenta "justificar" ainda mais as atitudes do policial através das atitudes bem estúpidas e forçadas do parceiro dele, um novato.
Esse último ponto é importante, mas dificíl de escrever a respeito, porque abuso de poder e violência direcionada a minorias é uma realidade bem evidente da polícia, aqui no Brasil, nos Estados Unidos,e em vários outros lugares do mundo; como no filme, eles geralmente saem impunes em casos de uso de força excessiva e abuso de poder, mas essa impunidade não leva à redenção nem a músicas dramáticas tocando. Eu vi pessoas tentando defender esse aspecto do filme, mas não existem argumentos para isso. Já é questionável defender qualquer outro aspecto desse filme como "profundo" ou bem executado, mas insistir em justificar a decisão dos envolvidos de retratar a história do policial da forma como aprece no filme torna você, ao meu ver, uma pessoa ruim.
Enfim, Crash é muito ruim, péssimo, mas é não intencionalmente engraçado, de tão ruim que é, exceto nas partes em que é absolutamente intragável, como tudo o que envolve o policial.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraTop Gun: Maverick é um filme com boa fotografia, cenas de ação bem dirigidas, e bons efeitos especiais. É um filme que segue a mesma estrutura básica do original, mas mostra uma melhoria em todos os aspectos, e pode ser uma boa diversão leve e descompromissada, mas atualmente, mesmo os bons filmes de ação mais básicos trazem, além do espetáculo, alguma substância, e Maverick é um filme que remete à década de 80: a nostalgia aqui é nada irônica, sem aspectos de reflexão, trazendo aspectos de filmes de ação da época, e não necessariamente dos melhores, como personagens rasos, diálogos sofríveis que contam com umas piadinhas que parecem estar querendo concorrer com o MCU, romance forçado colocado só para cumprir cartilha, e o roteiro tem um aspecto bem óbvio de propaganda de recrutamento para a marinha americana (provavelmente não é coincidência que esse filme saiu durante uma baixa histórica de alistamento nos EUA, e que o ato final tenta muito ser igual a Star Wars, mesmo que os EUA, tanto no aspecto ideológico quanto militar, lembrem mais o Império que os Rebeldes) que resulta em umas situações e aspectos bem forçados da história, que eu não consegui levar a sério. Esse é um filme que, por sinal, quer muito ser levado a sério, inclusive tentando fazer com que a audiência tenha uma reação emocional a eventos do primeiro filme, e para mim não funciona, porque o primeiro é tão ruim, por conta de decisões tão absurdas, que parece uma paródia. Mesmo em Maverick eu ri muito em cenas que não eram intencionalmente engraçadas, como a fala de Ed Harris sobre Maverick estão "em extinção", ou algo do tipo. Esse tipo de diálogo é tão brega, clichê, forçado, e datado, que acaba ficando adorável, e são nesses momentos que um cheirinho emana da tela, que pode ser de nostalgia, ou do mofo de algo que praticamente não viu o sol em mais de 30 anos. Maverick tem seus méritos, embora não mostre sinais de amadurecimento consideráveis em relação ao anterior (o que, infelizmente, é o caso de alguns dos fãs mais "empolgados"), diverte, e gostar do filme ou não é questão de opinião, subjetivo, baseado no que você busca em um filme.
O que não resume a opinião, porém, são alguns argumentos que sinceramente são bem forçados. Umas pessoas estão dizendo que TG: Maverick é um filme "raiz", mas qualquer definição que alguém queira atribuir à palavra no contexto do cinema, definitivamente não se refere a filmes da década de 80; eu diria até que essa década representa o ponto de transição do cinema "raiz" para um que preza mais pelo espetáculo vazio, ao invés de roteiro e temas. Muitos parecem estar afirmando também que Maverick é um filme do tipo "que não se via há muito tempo", ou frases semelhantes, implicando que o que ele "resgata" o torna único no contexto atual, mas tem nada nesse filme que não tenha sido feito, de alguma forma, em filmes de ação (ou não) relativamente recentes: mesmo em aspectos mais visuais, é dificíl ignorar o quanto aquela cena do teste de velocidade no começo queria remeter a Interestelar, e a fotografia foi realizada por Claudio Miranda, mas entre umas cenas com filtro amarelo bem proeminente, e outras com neblina predominante, lembra muito, em vários momentos, o trabalho de Roger Deakins como Skyfall, A Chegada e Blade Runner 2049; esses são só alguns exemplos. Muitos falam também que o filme não tem "panfletagem ideológica", ou algo do tipo, o que é uma afirmação objetivamente incorreta, porque, como já expliquei, esse filme tem um forte aspecto propagandístico, e propaganda do exército e aeronáutica americanas incluem também quiosques em lugar movimentado com recrutadores literalmente distribuindo panfletos. É válido apontar também uma certa porção dos que supostamente adoram esse filme, e que supostamente detestam personagens "Mary Sue", parecem não se importar com o fato de que, assim como no primeiro filme, o personagem de Maverick é uma Mary Sue (ou Gary Stu, se você preferir) nessa continuação.
Top Gun: Maverick é filme divertido e tecnicamente competente, mas mesmo julgando apenas como filme de ação descompromissado, eu acho que existem opções melhores lançadas nos anos recentes.
Kyochuu Rettou: A Ilha dos Insetos Gigantes
2.1 2Os sujeitos que pensaram nisso devem ser bem perturbados.
Pinóquio
3.0 197 Assista AgoraLembrando aqui que denunciar comentários e perfis que deixam nota em títulos não lançados não apenas é perfeitamente aceitável, mas também um serviço de utilidade pública dentro do filmow. Também não vale aqui a desculpa de quem supostamente viu na gringa, porque esse filme tem estreia mundial simultânea agendada para daqui há quatro dias, no Disney+. O IMDb ainda nem liberou avaliações.
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraMuito bom, mesmo. Aquela cena em que o McNulty e o Moreland analisam a cena do crime se comunicando apenas através de variações de um palavrão já vale a temporada inteira.
Lightyear
3.2 391 Assista AgoraNão tinha muitas expectativas, sendo mais um filme da Pixar sob o domínio da Disney e sem John Lasseter, e sendo mais um derivado de Toy Story que com certeza foi uma decisão executiva de tentar bancar em nostalgia de uma franquia estabelecida, sendo que Toy Story 4 já não foi grande coisa e nem deveria ter existido, e no fim das contas, depois de ver na Diseny+, não achei Lightyear muito bom, e gostei menos desse filme do que de Coco, Soul e Turning Red.
O maior problema do filme, para mim, é que Buzz é meio chato como personagem. Embora ele seja só um brinquedo no universo de Toy Story, lá ele tem uma personalidade interessante, um arco, e uma boa dinâmica com Woody, mas em Lightyear ele tem uma personalidade bem genérica de piloto estoico que quer voltar para casa. O roteiro também tem uma progressão estranha, parecendo ter sido escrito por alguém que estava jogando RimWorld enquanto tentava assistir a Interestelar ao mesmo tempo: a tripulação cai em uma planeta, durante uma missão de exploração espacial, e é forçada a formar uma colônia lá enquanto desenvolvem a tecnologia necessária para poderem viajar na velocidade da luz e voltar para a Terra, ou assumo que é a Terra, e isso envolve Buzz fazendo testes onde ele é influenciado pela dilatação temporal em relação ao planeta, significando que o que são minutos para ele, em órbita, são anos para as pessoas no planeta. Eu acho essa questão da dilatação temporal uma ferramenta muito boa em ficção científica para criar histórias tocantes, que foi bem utilizada em uns episódios mais emocionais de Futurama, e até mesmo Interestelar, que é bem mais raso e piegas que muitos gostam de admitir, me pegou nesse aspecto. Em Lightyear acaba não funcionando tão bem, porque ocorre logo no início da trama, e de uma forma que nem o protagonista, nem a comandante têm muito desenvolvimento, e mesmo o Buzz nunca parece muito triste por estar perdendo momentos com pessoas com quem ele supostamente se importa, e apesar do objetivo ser voltar para "casa", nunca é explicado porque é tão importante para eles voltarem, pois nunca estabelecem um vínculo: aparentemente, ninguém da tripulação nem tinha parente nem pessoas próximas na Terra, e Buzz parece ser o único que realmente se importa em voltar, mas nem para ele motivo concreto é estabelecido.
Em determinado momento do filme, e vou tentar não colocar spoiler, Buzz se junta a um novo grupo de personagens, mesmo que o roteiro não tenha se dado ao trabalho de desenvolver direito os anteriores, e eles são o clichê do cinema dos supostamente ineptos que todo mundo sabe que vão se superar e salvar o dia até o fim do filme; o problema é que desde o começo eles são mostrado como muito incompetentes, e o desenvolvimento deles não é bem executado o suficiente para que o heroísmo deles ao fim do filme pareça natural. É tudo muito corrido, e esse filme é carregado de cenas de ação e momentos muito frenéticos que poderiam muito bem ser substituídos por mais momentos de desenvolvimento. A reviravolta no final também é absurda:
Zurg é revelado como o próprio Buzz, só que mais velho, que se voltou contra a população da colônia por conta da obsessão em voltar para casa, mas nunca é explicado o que aconteceu de diferente na linha do tempo dele para que ele se tornasse o vilão. A lógica seria que, se eles eram inicialmente a mesma pessoa, isso não mudaria se seguissem o mesmo caminho, mas, de acordo com o roteiro, não houveram momentos na linha do tempo do Buzz velho que divergiram de forma significativa do Buzz protagonista. O desenho do Zurg também ficou forçado nesse filme: os brinquedos que aparecem em Toy Story supostamente foram derivados desse filme que Andy viu, dentro do universo da franquia, e tomaram cuidado no design da roupa dos patrulheiros para que fizesse sentido com a versão em brinquedo, mas o brinquedo do Zurg em Toy Story 2 difere muito para que possa ser considerado mesmo uma versão mais voltada para crianças da armadura robô de 3 metros de altura e sem capa que parece ter sido construída pelo Tony Stark de Lightyear. Ao final do filme, Buzz não está mais em posse do combustível que permitiria a volta para casa, e quando uma das personagens comenta que eles deveriam voltar para pegar, ele manda o clichê "já estamos em casa". Eu sei que isso é para mostrar o desenvolvimento do personagem, mas é um final besta e forçado, porque seria bom pelo menos ter a opção, e muito tempo foi gasto desenvolvendo o negócio.
Outro aspecto que acho que não fizeram bem, como alguém que gosta muito de falar sobre aspectos e características do cinema de diferentes épocas a ponto de ser chato, é que apesar de Lightyear supostamente ser um filme dentro do universo de Toy Story que Andy viu e que o fez querer o boneco do Buzz, e a época que ele viu provavelmente foi durante a década de 90, que é quando se passa o primeiro filme, tiveram zero comprometimento ou cuidado para fazer essa animação parecer com um filme de aventura/sci-fi da época. Referências não falta: seria interessante se tivessem feito versão mais leve de filmes como Event Horizon ou Planeta Vermelho. Além do mais, como muitos já falaram, Sox rouba a cena, e Andy provavelmente iria querer um brinquedo dele, e não do Buzz, que é chato aqui.
Lightyear não foi o primeiro dos filmes da Pixar que eu vi e não gostei muito, mas foi o primeiro em que eu senti basicamente nada durante a duração. A Pixar costumava ter um bom equilíbrio ao fazer filme que tanto crianças como adultos pudessem gostar, mas esse é muito infantil para adultos, e alguns conceitos são apresentados de uma forma que pode ser confuso para crianças. Um trecho de um comentário mais abaixo sumariza bem o filme: tecnicamente impecável, mas faltou coração. Tem uma boa base, e tinha potencial para ter sido muito mais, mas acaba sendo, bem, somente o que é.
Aliens: O Resgate
4.0 811 Assista AgoraÉ longo, e tem spoilers, mas esse filme já é bem antigo e conhecido.
Aliens é um bom filme de ação da década de 80, que se destaca dentre os típicos filmes gênero da época por ter um roteiro melhor elaborado que a média, e pela boa atuação de Sigourney Weaver e a boa caracterização e desenvolvimento de sua personagem, Ripley. Esse ser o segundo melhor filme da franquia (para mim, pelo menos, eu sei que muitos acham tão bom, ou até melhor, que o primeiro) é um testamento ao talento de James Cameron de fazer filmes de ação, e o filme expande e usa bem a estética de terror estabelecida no primeiro filme, com cenários bem trabalhados, bons efeitos práticos, e o visual do fuzileiro espacial é icônico, mas isso também é um testamento ao descaso do estúdio e outros envolvidos em filmes futuros, porque Aliens é um filme de ação competente e divertido, mas não é uma boa continuação de Alien, e isso pode parecer controverso, mas eu tenho um ponto aqui, juro.
Transformar a criatura de uma unidade independente, relativamente inteligente, e praticamente indestrutível do primeiro filme, para uma fração do que é uma colônia de insetos de mente coletiva tira muito do seu impacto: o terror cósmico do primeiro filme é substituído por um terror mais tangível, concreto e compreensível. O desenho da rainha é icônico, e os efeitos dela são incríveis, especialmente para a época, mas ela é pouco mais que um chefão final a ser enfrentado pelo heróis do filme em um embate final obrigatório que filmes da época tinham, e apesar do tamanho, ela é bem menos assustadora e menos efetiva como um "predador" do que o alien do primeiro filme. Eu sei que parte da intenção do filme era ser uma desconstrução do típico filme de ação do período, com fuzileiros inefetivos que não conseguem resolver o problema com força bruta, e o dia sendo salvo pela Ripley, que na época não era o típico herói de filmes de ação, mas os fuzileiros são muito incompetentes para serem levados a sério, suas caracterizações são rasas, e no fim das contas, força bruta é o que acaba salvando o dia: o filme termina com uma explosão nuclear, e com um dos personagens basicamente saindo no soco com uma dessas criaturas. Mesmo a questão de temática sofre nesse segundo: o primeiro filme era uma crítica bem clara ao corporativismo predatório que começava a surgir de forma bem acentuada nos anos 70; a continuação traz alguns desses temas, mas são tratados de forma bem mais rasa, e embora o que envolve Ripley seja bem desenvolvido e interessante, o filme dispensa muito da profundidade para mostrar como os fuzileiros são legais; sem contar que, especialmente no contexto da época, o que é basicamente o exército americano afirmando que a única forma de derrotar um inimigo retratado como uma horda de mente coletiva é por meio de uma explosão nuclear, enquanto eles ficam "seguros", em órbita, tem uma conotação que é bem questionável. Voltando aos personagens, eu sei que muitos gostam de Hicks, Newt e Bishop, mas eles são pouco mais que acessórios para o desenvolvimento de Ripley, e falo isso como alguém que gosta muito da atuação de Lance Henriksen. Alguns podem dizer que o xenomorfo do primeiro filme só era uma ameaça tão grande sozinho porque a tripulação da Nostromo foi pega de surpresa, sem armas eficientes para se defender, mas na continuação, o roteiro poderia envolver uma criatura, ou pequeno grupo delas, mas bem resistentes e inteligentes, que exigiria mais dos fuzileiros do que atirar em criaturas andando em linha reta, e tirar a conveniência de poder usar uma explosão nuclear para resolver o problema. Eu percebi que estou basicamente descrevendo predador, que saiu no ano seguinte a Aliens, mas esse também tem seus problemas, e no geral, é pior que Aliens, então seria algo do tipo, mas melhor.
Cameron também parece ter menos preocupação com consistência na letalidade dos xenomorfos: Hicks parece sofrer bem menos danos com o ácido do Alien que um personagem menos importante que morre antes da metade do filme; uma quantidade enorme dessas criaturas morre em várias cenas, e "sangram", mas a consequência de tanto ácido concentrado nunca é mostrada; na cena dos dutos, um dos personagens atira em uma da criaturas diretamente acima dele, mas por algum motivo o ácido não o atinge. Eu gostava muito desse filme quando era criança, mas cada vez que eu o reassisto, gosto cada vez menos, e já faz um tempo que levo em consideração problemas para os quais não ligava antes. Ridley Scott deixou de dirigir a continuação porque o primeiro filme o deu notoriedade na indústria para que dirigisse filmes nos quais sempre quis trabalhar, mas os planos dele para as continuações eram bem diferentes do filme de Cameron, parecendo focar mais na questão do terror cósmico. Esse é, talvez, o melhor filme do Sr. Camarão, mas praticamente tudo o que ele fez depois sedimentou que não gosto muito dele como um artista, no geral: Terminator 2 é divertido e competente, mas é raso; Titanic é um marco técnico nos cinemas, mas além da superfície, Camarão fez um filme em que maior parte da história é focada em um romance piegas e clichê, mesmo que seja baseado em uma tragédia real; Avatar é lindo, mas é uma pouco mais que uma "tech demo" com um roteiro que foi feito antes, e melhor, e desnecessariamente longo. Hoje em dia, quando eu sou lembrado que o diretor quase dirigiu Jurassic Park e a primeira adaptação de Homem Aranha dos cinemas, e vejo quais eram as propostas de roteiro, eu não penso mais "parecia interessante", eu penso: "ainda bem que não foi ele quem dirigiu, porque essas propostas, embora tivessem potencial, nas mãos de alguém com o ego de James Cameron provavelmente levaria a algo que não entende, ou respeita o suficiente, seus respectivos materiais base". Mas Aliens é bom, vale a pena, principalmente a versão estendida, mas acho questionável seus status como continuação "digna do original", "clássico incontestável", e tem uma porção da fanbase que esse filme ajudou a construir que pode ser bem mala.