Até entendi que o Kim Henkel (roteirista do primeiro filme, diretor desse quarto) quis fazer uma espécie de meta narrativa a respeito da percepção do público sobre filmes de terror, e entre a nudez gratuita no começo, os canibais pedindo pizza e o personagem da perna mecânica, é um filme que não se leva a sério, mas ainda é um filme ruim. Como filme de terror, não tem suspense, nem "gore", e como paródia do primeiro filme e sátira do gênero, não é absurdo o suficiente. Muitos reclamaram da retratação do Leatherface nesse filme, mas o papel dele aqui como um sujeito perturbado que nem é o mais psicopata da família Sawyer é mais fiel à retratação do personagem no primeiro filme, e o fato dele usar maquiagem e peruca condiz com o assassino real que serviu de inspiração para ele, Ed Gein (Leatherface se veste de forma semelhante no primeiro filme).
O maior problema com esse filme é que, além da falta de suspense e de "gore", e da aparência barata dos cenários, a própria mensagem "meta" que o filme tenta passar não é bem transmitida, e acaba ficando confusa e dizendo nada, e o final pareceu mais um dedo do meio metafórico do que um final de verdade. Apesar de ruim, eu ainda acho esse melhor que o terceiro, ou que as abominações que foram o Texas Chainsaw de 2012, Leatherface de 2017, e esse que brotou no Netflix ainda esse ano, em parte porque tem algum entendimento de aspectos fundamentais do primeiro filme (embora não os execute bem), e em parte porque eu dei muita risada vendo dois futuros vencedores do Oscar entregando atuações absurdas, especialmente Matthew McConaughey com uma perna robótica gritando e urrando. Filme muito ruim, mas muito engraçado.
Enquanto o segundo filme propositalmente tenta ser uma paródia do primeiro, e consegue fazer isso (mais ou menos) bem, esse terceiro tenta ser algo mais como um "soft reboot", tendo a mesma história que o original, mas com um casal ao invés de um grupo de amigos, e uma família nova para Leatherface, mas é tudo tão mal executado aqui que acaba parecendo uma paródia não intencional do original. É um filme que se leva muito a sério, mas tudo é muito dificíl de levar a sério, porque o filme acaba tendo ação em momentos que deveriam ser de terror e suspense, com um rock genérico da época tocando muito alto na trilha, que tem nada a ver com tom que os filmes da franquia deveriam ter. Até o "gore" é bem reduzido, mesmo na versão sem cortes lançada em DVD, e nada justifica essa classificação de 18 anos do filme. Recomendo a versão sem cortes mesmo assim, porque a versão de cinema têm uns cortes bem estranhos e óbvios nessas cenas mais violentas. Obviamente era para o personagem do Ken Foree ter morrido no filme, mas TCM3 é mais um filme que sofreu com esse infortúnio desnecessário da mídia que são grupos de foco, que não gostaram do final, então foi mudado para ele aparecer do nada no final e salvar a protagonista; como obviamente o resto do filme não alinha com esse final, fica parecendo que ele sobreviveu a ter a cabeça serrada, o que é meio dificíl. Acho que é fácil encontrar o final original no youtube, que enquanto não é bom, é menos pior que o que apareceu no filme (a versão sem cortes não inclui o final original, por sinal). Além do Ken Foree xingando e roubando a cena, e desse ser um primeiros filmes do Viggo Mortensen, tem nada de memorável a respeito desse filme.
O melhor da franquia depois do primeiro, e a única das continuações que foi dirigida por Tobe Hooper. O próprio diretor provavelmente percebeu que o primeiro filme foi, em grande parte, resultado do clima cínico dos Estados Unidos da década de 70, e que provavelmente não conseguiria reproduzir as condições do seu sucesso, então nem tentou, e fez uma continuação 12 anos depois que é basicamente uma paródia do original, uma comédia de terror com um estilo semelhante a outros filmes da mesma época. É bem óbvio desde a primeira cena que não é um filme que vai se levar a sério, e tem vários momentos que são absurdos, memoráveis e engraçados, como Leatherface tendo uma apaixonite adolescente pela DJ, o cozinheiro participando de um concurso de Chilli e usando carne humana na receita, e o duelo de motosserras no esconderijo da família Sawyer dentro de um parque de diversões. Dennis Hopper é perfeito no papel do Texas Ranger obcecado em acabar com os Sawyer, usando duas motosserras pequenas na cintura igual um personagem de faroeste usa duas pistolas, e é muito engraçado. O problema do filme é que se arrasta muito em alguns pontos, não chegando aos níveis de insanidade e "gore" de clássicos como Evil Dead 2 e Fome Animal. Ao que parece, muitos dos efeitos de Tom Savini foram censurados para o lançamento, e uma versão sem cortes nunca foi lançada, e eu tive mesmo a impressão que a edição era meio estranha em algumas cenas. Um filme divertido em alguns momentos, mas ainda fica abaixo de outros clássicos da década de oitenta com estilos semelhantes.
Atenção: tem spoilers, e se achou o comentário muito grande, simplesmente ignore, pois não existe necessidade de perder seu tempo e meu só para dizer que não leu, e a única resposta que você vai conseguir é um block bem silencioso; o mesmo vale para quem curtir tais comentários.
Ghostbusters: Afterlife não é um dos piores exemplos de um filme de retorno nostálgico que saiu nos últimos anos, com um roteiro que é apenas medíocre, mas não chega a ser ruim como o de um Jurassic World 2 nem Pânico 5, mas o resultado não é um bom filme: uma grande pilha de nada, derivativa, que vive de referências e nostalgia, apresentando nada de novo à franquia. Mesmo aceitando o filme apenas como um retorno nostálgico que faz pouco além de repetir o original, O Despertar da Força mostra que isso pode ser feito melhor. O maior problema para mim foi não ter gostado dos personagens: Phoebe e Trevor, no começo do filme, só sabem reclamar e ficam dando patada na mãe sem motivo, Callie também dá umas patadas desnecessárias nos filhos, Paul Rudd interpreta Paul Rudd, Lucky é interesse amoroso moderno genérico de filme moderno, J.K. Simmons aparece por uns dois segundos, e o resto é bem esquecível. Eu acho o primeiro filme apenas ok, bem superestimado, e nunca achei que tinha personagens muito bem escritos, mas eles tinham algum carisma, com exceção do Dan Aykroyd, que sempre foi um canastrão.
Eu sei que Afterlife tenta remeter a filmes clássicos da década de oitenta onde era comum crianças serem os protagonistas e salvarem o dia, mas o tom da franquia, o que foi estabelecido anteriormente, com um certo nível de plausibilidade em que o sujeito que construiu os equipamentos era um homem adulto, um cientista com doutorado, no mínimo. Outra é que o clichê da criança que é imediatamente habilidosa em tudo o que tenta já encheu o saco, e quanto mais você pensa a respeito daquela criança que nem passou pela puberdade, é minúscula, e pelo físico, provavelmente fica exausta levantando uma caneca, colocando aquela mochila de prótons que é praticamente do tamanho dela e disparando pela cidade, o aspecto ridículo da trama fica bem evidente; ainda mais evidente quando você lembra o cuidado que o primeiro filme teve em estabelecer o quão perigoso o equipamento é, e como mostrava aqueles homens adultos penando para controlar o raio e prender os fantasmas, mas Phoebe parece conseguir fazer tudo com muita facilidade aqui, embora a força do disparo provavelmente mandaria ela voando para trás. Como é certeza que Egon não teve filhos antes de oitenta e quatro, poderiam ter feito o roteiro de tal forma que ele teve algum filho durante a década de 90, em seus vinte no período atual e que acabou de concluir o doutorado em física, mais do que apto a assumir o lugar do pai, sem perder tempo com clichê de "pai distante".
Outro aspecto foram as tentativas de "modernizar" que não fazem muito sentido: tenho quase certeza que a armadilha não poderia ter sido colocada em um carrinho de controle remoto, de acordo com o que foi estabelecido no primeiro filme; tenho quase certeza também que fica mais ou menos implícito que o raio de próton precisa de uma certa estabilidade para prender o fantasma, algo que não possível em uma cadeira balançando fora de uma carro em movimento. Phoebe chega a causar sérios danos de propriedade à cidade com o raio, mas fora as crianças passarem alguns minutos na cadeia, não se toca mais no assunto: quem vai pagar por tudo? E não venham encher o saco falando que é só um filme para crianças, porque isso não é desculpa para deslizes de roteiro, não isenta o filme de críticas, e o primeiro filme mostrava que existiam repercussões bem sérias para ações ilegais dos protagonistas.
Outro problema de roteiro são as explicações dadas para a separação dos Ghostbusters, e o isolamento do Winston: Raymond fala que os fantasmas começaram a desaparecer porque eles fizeram um bom trabalho até demais, mas o que isso significa, no contexto da história? As pessoas pararam de morrer nos Estados Unidos? Eles conseguiram acabar com todos os fantasmas, de todas as eras? É muito dificíl de engolir isso. E o motivo para o resto da equipe ter basicamente isolado o Egon é que ele começou a falar de fim do mundo, e agir como "doido", mas não faz sentido eles subitamente pararem de confiar em um amigo que conhecem há anos, sabem que é inteligente, e nunca mentiu para eles antes antes. Faz menos sentido ainda quando eles quase viram o mundo acabar antes, ao vivo.
O final do filme foi o pior, em termos de forçar roteiro em nome de nostalgia, referência, e descaso com o que foi estabelecido no original: Winston, Venkman e Raymond aparecem do nada (o único que apareceu antes foi Raymond), interpretado pelos seus respectivos atores, usando os macacões clássico, e como eles estão velhos, e Bill Murray e Dan Aykroyd em particular estão bem fora de forma, eles acabam parecendo mais com fã em convenção do que com os personagens originais. O momento em si é, de qualquer forma, uma forçação nostálgica, porque o macacão do uniforme é algo que eles usavam quando ainda trabalhavam como equipe, para serem identificados, mas eles aprecerem vestidos assim no final do filme implica que, apesar da urgência da situação, eles perderam tempo vestindo os uniformes. Phoebe e Gozer entram em duelo de raios que é muito parecido com aquela cena do Harry Potter contra o Voldemort em O Cálice de Fogo, Egon aparece de forma idêntica a um fantasma da Força em Star Wars (embora fantasmas do bem com aparência humana nunca tenham aparecido na franquia antes), também usando o macacão, por algum motivo, e começa a ajudar a Phoebe com o raio igual o Goku ajuda o Gohan com o Kamehameha no final da saga Cell em DBZ. Esse monte de clichês e referências não intencionais deram um curto no meu cérebro e me fizeram perceber, de verdade, quão cansado eu estou desses filmes que só existem para referenciar outros filmes. A homenagem a Harold Rammis foi o único momento que eu senti alguma coisa no filme, mas teve nada a ver com esse filme.
Outro aspecto que acho que vale apontar para mostrar a obsessão com nostalgia em detrimento de consistência: motivo pelo qual aparece um Stay Puft gigante no final do primeiro filme tem a ver com Raymond pensando demais e não ter conseguido esvaziar a cabeça; o motivo de vários Stay Pufts pequenos começarem a brotar do marshmallow em Afterlife simplesmente não existe dentro do filme, e a explicação real é porque apareceu no primeiro.
Muitos comentários aparentemente queriam que o filme fosse uma adaptação direta do desenho da década de oitenta, mas aqui alguns motivos que mostram que isso não seria uma boa ideia: - Adaptar uma adaptação é algo que não faz muito sentido, e só serviria para enfraquecer ainda mais a conexão com o material original, ainda mais levando em conta que o desenho já era uma versão bem simplificada do original, para poder se encaixar no formato de um desenho para crianças da época; - O universo do D&D é denso, rico em material que possibilita adaptações mais maduras, que não seriam possíveis se fossem seguir o desenho, que inclui até alguns aspectos de terror cósmico. Eu nunca joguei o RPG de mesa, mas o pouco que eu joguei de Baldur`s Gate, Neverwinter Nights e Planescape: Torment já mostraram uma profundidade que nunca foi vista no desenho. - Como praticamente todo desenho da década de oitenta muito elogiado por adultos atualmente, Caverna do Dragão não era tão bom, e fica bem atrás até de desenhos mais voltados para o público infantil que começaram a sair depois. Os personagens eram bem rasos e chatos, todos os episódios eram o mesmo marasmo, com as mesmas piadas, Bobby e Uni eram irritantes, o material original foi muito mal aproveitado mesmo levando em conta que é um desenho para crianças, e enrolaram tanto com essa história do "vai-não-vai" da volta para casa que a série acabou sem um final, que só foi lançado anos depois em uma HQ. Eu nunca gostei, nem quando era criança, mas assistia porque era o que passava na TV de manhã, para tapar buraco entre os desenhos da Warner e Dragon Ball Z, e talvez mais alguma que estivesse passando na TV Globinho e Bom Dia e Cia. que eu também gostasse. - Adaptações de desenhos, ou anime, sempre são muito piores que o original, e não entendem o que os tornam bons, então, mesmo quem gostava do desenho provavelmente iria detestar a adaptação. É só lembrar de: Dragon Ball, Death Note, A Lenda de Aang, Cowboy Bebop, Pica-Pau, Os Smurfs, Zé Colmeia, Ghost in the Shell, Alvin e os Esquilos, Fist of the North Star, e muitos mais. - Apesar do potencial do jogo, D&D nunca teve uma boa adaptação para filme, mas se for dado o cuidado e orçamento necessários, pode gerar algo muito bom, talvez até no mesmo nível da trilogia de O Senhor dos Anéis do Peter Jackson.
Todo mundo conhece aquele cara que vive reclamando da suposta "ex louca", mas quanto mais ele fala a respeito, mais fica óbvio que o problema no relacionamento sempre foi ele, não em pequena parte por ser um sujeito imaturo, manipulador, e desonesto. Aparentemente, um desses sujeitos fez um filme protagonizado pelo Ben Stiller.
É um filme bem simples, e previsível, mas cumpre bem seu papel com personagens bem escritos e interessantes, com os quais é fácil se importar, um roteiro decente, e por não ter baboseiras típicas de filmes indicados pela academia, como propaganda religiosa ou "white savior", e também evita muitas das típicas pieguices irritantes de filmes do tipo. Como alguém que fez aula de canto e participou de coral quando tinha mais ou menos a mesma idade da protagonista, eu gostei muito de todas as cenas envolvendo música e as aulas dela, e igual ao Miles, eu definitivamente teria usado uma camiseta do King Crimson se tivesse achado uma para comprar, mas só tinha uma do The Wall mesmo, porque vendia em todo lugar. Para quem interessar: a banda que é mencionada no filme, The Shaggs, realmente existiu, e recomendo procurar a história a respeito, porque é muito bizarra e interessante.
Como adaptação, é um filme perfeito: assim como quem jogava (ou ainda joga) Dead Or Alive, não jogava por conta da jogabilidade e mecânicas, quem assistir a esse filme não vai assistir pelo roteiro, pelos diálogos, nem pelas atuações. A situação é tal com esse filme que eu sinto que qualquer tentativa de uma análise mais profunda ou de dar uma nota é irrelevante.
Mais um produto derivativo da Disney que se passa em Tatooine, e faz nada mais além de bancar na nostalgia. Muito mais interessante que a série é ver marmanjo chorando horrores nos comentários porque esse personagem fictício que sempre foi uma espécie de monge espacial que vive isolado no deserto, supostamente, foi "emasculado", ou "nerfado", ou qualquer outra besteira que eles acreditam. Eu obviamente não levo a sério essa conversa de "papéis" e a questão da "masculinidade tradicional", mas se sua ideia de ser "macho" é ser um nerd chorão inseguro a ponto de se projetar muito em um personagem fictício, significa que você falha até em atingir as próprias expectativas limitadas. Aposto que essas mesmas pessoas vão molhar seus pijaminhas do Star Wars de excitação quando o Darth Vader aparecer, e essa nota vai aumentar.
Ah, eu preciso falar da série, também: desisti no primeiro episódio depois que ficou óbvio que seria bem parecida com aquela do Boba Fett, e que bancariam nessa estratégia barata de colocar atores mirins que são fofinhos, mas não sabem atuar. Como não terminei de ver, não tem nota; dificíl sentir qualquer coisa, quanto menos se irritar, pois é só mais um produto da Disney com a marca Star Wars.
É surpreendente o quanto cada segundo das pausas de 45 minutos para ir ao banheiro que o Jared Leto fez durante as gravações realmente ficam evidentes em tela, tornando Morbius o melhor personagem já escrito em qualquer peça de mídia. Fiquei surpreso também em saber que a cena mais tocante do filme, a que Morbius joga uma camisinha usada no personagem de Matt Smith e grita "você foi morbado!" foi totalmente improvisado por Jared Leto. O filmow deveria liberar uma nota de 6/5 exclusivamente para esse filme.
Depois de ver o título O Homem do Norte, fiquei um pouco decepcionado em descobrir que é mais um filme de viking, e não a história de um sujeito vindo do Acre. Como é do Robert Eggers, e eu gostei muito de A Bruxa e O Farol, vou assistir sim, mas fica registrada minha decepção do potencial desperdiçado.
É um filme ruim, besta, e cheio das situações forçadas típicas de comédias do período, especialmente dessas com O Will Ferrel e o John C. Reily, mas eu confesso que dou muita risada vendo esse tipo de porcaria.
Jurassic Park é provavelmente o filme que eu mais assisti na minha vida, sempre alugando o VHS amarelo que vinha na caixa temática de fóssil e tinha aquele trailer do filme dos Flintstones; comprei o box da trilogia quando saiu em DVD, comprei o box da quadrilogia em blu-ray, vi no Netflix, e provavelmente vou comprar o box quando os seis filmes foram lançados em 4K, mesmo que só o primeiro tenha sido bom; eu li o livro umas três vezes, apesar de não ser muito bom (esse é um dos casos em que a adaptação é muito superior ao original), simplesmente por causa do nome; eu provavelmente joguei a maioria dos jogos baseados nos filmes, especialmente Operation Genesis.
O ponto aqui é que, mesmo deixando de lado a nostalgia, Jurassic Park ainda é um ótimo filme, e um clássico da década de 90 que não envelheceu. A qualidade é por vários motivos: um elenco carismático, que não é composto de estrelas (ao menos, não eram na época), mas sim bons atores, entregando boas performances, com atuações sinceras, onde até mesmo as crianças atuam bem, e são bem escritas; é o excelente uso do CGI que ainda parece melhor que o de muitos filmes mais recentes, mostrando que não é só uma questão de tecnologia disponível, ou da quantidade de polígonos em um modelo, mas de saber utilizar bem a tecnologia disponível junto com truques e direção inteligente, e aqui, Spielberg, a equipe da IL&M e a equipe do finado Stan Winston utilizaram muito bem truques de luz, sombra, animatrônicos detalhados, em conjunto com o CGI; é o fato de que o filme é filmado em um aspecto que valoriza mais verticalidade em cenas (tem um vídeo muito bom sobre isso no youtube) que é bem adequado para um filme sobre dinossauros, e sobre o perigo e encanto dessas criaturas; é a trilha sonora memorável do John Williams; é o roteiro que mistura o suficiente de pseudociência e o aspecto mais "família" dos filmes do Spielberg, e mistura bem o aspecto do encanto, e do terror, para criar uma história bem construída, e interessante; é o fato de Spielberg e Koepp terem escolhido adaptar com várias mudanças em relação ao livro, em benefício do roteiro, e de algo que é mais próximo da ideia inicial de Michael Crichton; é o fato de que as limitações com a tecnologia na época levaram a um grande foco em personagens, e pequenos momentos que realmente adicionam à trama e que nenhum outro filme da franquia parece ter entendido a importância.
Sempre que o assunto é Jurassic Park, normalmente falam dos efeitos, mas suas qualidades vão muito além disso, sendo mais detalhado e melhor trabalhado em roteiro e trama do que muitos dão crédito. Mais algumas coisas: o fato de Roger Ebert ter achado os personagens do filme fora o Ian Malcolm pouco interessante é mais uma prova de que ele nunca foi um bom crítico; alguém escreveu no site Boca do Inferno escreveu que esse filme é raso, e que aquela presepada do Roger Corman, Carnossauro, é melhor, por conta dos temas abordados, e essa é só uma das opiniões mais expressas no site que mostram que não deve ser levado a sério para filmes. JP tem seus defeitos e alguns problemas aqui e ali, mas são irrisórios.
Atenção: spoiler para um filme de mais de 30 anos que todo mundo já viu. Além do mais, se achou o comentário muito longo, e não quiser ler, a atitude inteligente e madura é simplesmente ignorar, e definitivamente não é perder seu tempo e o meu respondendo só para dizer que achou longo, e não leu.
Eu não tenho nostalgia pelos animações da Disney, e a grande maioria eu nem vi, ou não lembro de ter visto, quando criança. A Pequena Sereia é uma das animações que eu lembrava vagamente das músicas, sabia da sinopse por ouvir falar a respeito, e até joguei o videogame desenvolvido pela Capcom para o Famicom, mas nunca havia realmente assistido ao filme, do começo ao fim. Como o primeiro filme da chamada "renascença" da Disney, achei bem decepcionante, além do mais depois depois de ter visto O Rei leão de 1994 e ter achado muito bom, e ter achado a animação de Mulan bem decente.
O primeiro problema para mim foi a animação: não é ruim, mas achei inferior mesmo a filmes da Disney lançados anteriormente, e se for fazer a comparação com filmes do Studio Ghibli que saíram em torno do mesmo período, até antes, parece ainda menos impressionante. Serve o propósito, mas não senti tanto a "magia Disney" nesse aspecto. Outra aspecto que não gostei foi o fato de Ariel e Eric serem muito estúpidos, a ponto de ser irritante em vários momentos. Mesmo levando em conta que Ariel é uma adolescente sendo influenciada pelos hormônios, ela é enganada muito facilmente pela Úrsula, manipulada a assinar um contrato que brilha, por alguém que é claramente o vilão da história. Ariel ainda tem uma personalidade interessante e um certo carisma, mas Eric, além de ser ainda mais estúpido, tem zero personalidade: tem uma parte da história em que ele só fica sonhando acordado, fazendo nada, falando que precisa achar essa estranha misteriosa que o salvou. Pouco depois, quando Ariel consegue as pernas, aparece na praia, e ele a encontra, ele parece não questionar muito o fato de uma garota muda vestido o tecido das velas de barco ter praticamente brotado na praia, e não se pergunta quem ela é, ou de onde veio, antes de deixá-la entrar no castelo. Eric, embora supostamente apaixonado pela "estranha misteriosa" que o salvou, e apesar dela ter ficado com a cara bem perto da dele, por algum motivo não consegue perceber, na hora, que Ariel é essa "estranha", mesmo que, aparentemente, ela seja a única pessoa com cabelos ruivos, e com esse penteado específico, na região. Eventualmente, e obviamente, ele descobre que Ariel é uma sereia, e que é filha do equivalente ao Poseidon daquele universo, e a reação dele em ambas as ocasiões é a mesma que uma pessoa normalmente tem quando lembra que tem sobra de pizza na geladeira.
O Tritão também é um personagem que não é muito bem escrito: ele passa de odiar tanto humanos a ponto de agir de forma bem pouco razoável, e explosiva, que obviamente afasta a filha, para ter nenhum problema em deixar a filha adolescente literalmente zarpar com um sujeito que ela conheceu há uns três dias. Existe algo chamado "meio termo", que pais da década de oitenta já sabiam aplicar à educação. A Melhor parte do filme é Úrsula, pois a personagem, assim como basicamente todos os vilões da Disney do período, parecem ter uma genuína paixão por serem maus, e acabam sendo muito divertidos; como nos filmes mais antigos da Disney, existe um esforço aqui em fazer o espectador odiá-la de forma bem maniqueísta, pois Disney odeia pessoas "feias", mas n]ao funcionou comigo. Ela, infelizmente, é mal aproveitada, pois logo depois de conseguir "poder máximo", ela é derrotada muito facilmente pelo príncipe com carisma de papelão, e um barquinho.
Tendo em vista algumas coisas que eu escrevi, eu sei que alguns seres vão ficar muito defensivos e sair de dentro de bueiros como literais "chuds" para deixar uns comentários falando que o filme deve ser julgado pelos padrões de época, usando termos que não aplicam, e que tiveram o significado distorcido pelos "chuds" como "militância" e "lacração", que não se aplicam, de qualquer forma, ou até mesmo ignorar qualquer tentativa de argumento ruim, e partir logo partir logo para as ofensas nível quinta série. Eis algumas respostas preventivas: o roteiro de A Pequena Sereia é fraco, e bem raso, mesmo para os padrões de filmes infantis da época; um filme que é bom apenas para crianças não é um bom filme; algo que afeta roteiro e progressão da história negativamente é um aspecto negativo, independente do que você queira acreditar ou do que você queira classificar, e para mim, personagens mal desenvolvidos e muitas conveniências, sem justificativa no roteiro, são aspectos negativos; outras animações da Disney que saíram na mesma época, como as já mencionadas, fizeram um trabalho muito melhor com o roteiro; A Pequena Sereia é adaptado de um conto muito mais sombrio, onde uma das mensagens é, literalmente, não confiar em pessoas que você não conhece direito, então, se é para se irritar com o ato de "distorcer uma mensagem", ou "anacronismo", tarde demais, essa versão já fez isso.
Eu sempre vou preferir animação 2D à 3D, porque quando bem feita, não envelhece, e esse filme de 37 é um dos exemplos disso. Distrai um pouco que alguns dos personagens, como a Branca de Neve, provavelmente foram feitos com rotoscopia, então eles destoam bem dos anões e dos animais, mas nada que prejudique o filme. É uma história bem simples, bem boba, muito maniqueísta, do tipo que odeia pessoas feias, como é o caso de boa parte dos filmes da Disney, mas entretém o suficiente. Eu não lembrava bem das personalidades dos anões, mas eu achei muito engraçado ao perceber que o Zangado, entre a barba mal feita, o ódio por mulheres, e a aversão a banho, é basicamente uma versão da década de 30 de um desses youtubers que levam filme de história em quadrinhos muito a sério.
Esse tipo de história não é mais "subversiva" atualmente, mas Invencível consegue se destacar de muitas histórias estilo "superman do mau" ou "super heróis realistas" simplesmente sendo boa, com personagens interessantes e um roteiro bem construído que complementam e dão peso à violência mostrada. Aqui, violência não é utilizada da mesma forma que naquele monte de quadrinhos ruins da década de 90 que só queriam chamar atenção com, choque, sendo bem contextualizado e justificado, mostrando os impactos de seres com super poderes andando por aí. Lembra The Boys na premissa, mas é diferente o suficiente para que não seja só uma cópia, e no geral, achei até melhor que a série (definitivamente, muito melhor que a HQ de The Boys, porque essa é péssima).
O que carrega a trama é, principalmente, a evolução de Mark, e a relação de com o pai, mas todos a maioria dos personagens são interessantes, até mesmo os vilões secundários. Nem todos os personagens funcionam bem, no entanto: Amber é uma péssima personagem, tanto em termos de como escrita, como pessoa, no contexto da história. Ela fica brava e termina com Mark porque ela sempre soube que ele era o invencível, embora ele tivesse motivos bem razoáveis para não contar, e ela deveria ter falado para ele que sabia, para começar. O pior é que o final da temporada faz parecer algo positivo quando os dois voltam, e ainda faz parecer que é ela perdoando ele. Esse é um dos casos onde seria até melhor ficar solteiro. Ainda, no geral, vale a pena.
Suzanne Collins negar que se inspirou em Battle Royale (seja filme ou livro, pois ambos saíram bem antes de Jogos Vorazes) para escrever seus livros distópicos é uma da maiorias mentiras já contadas por qualquer autor na história da literatura. O filme em si é ótimo, funcionando muito bem, como filme, e já escrevi um comentário mais detalhado a respeito dos aspectos técnicos. As notas negativas parecem vir do pessoal que leu o livro ou o mangá, e criou expectativas a respeito, não dispostos a avaliar esse filme em seus méritos, ou seja, uma adaptação cinematográfica de menos de duas horas, ou de pessoas que simplesmente não gostaram do estilo não convencional do filme, criticando as mesmas características que tornam o filme bom, e único, e o que foram escolhas bem deliberadas que definem o estilo do Kinji Fukasaku. Deixo o comentário porque é muito mala o tipo de ser que se apaixona por uma obra literária a ponto de desmerecer qualquer adaptação simplesmente por ser diferente, e não pela qualidade da adaptação em si, que é o que acontece aqui. Caso os diretores realmente seguissem a questão de fidelidade com o material original à risca, filmes como Jurassic Park, O Iluminado, O Poderoso Chefão e Tubarão não seriam tão bons quanto são, e quando uma adaptação é diferente do original, mas tem seus méritos e qualidades únicos, ela tem algo a oferecer mesmo para quem conhece o original. A mensagem é, mesmo para quem prefere o livro, é sempre bom tentar ver a adaptação como um filme em si, uma tradução, e não simplesmente uma transposição do original em película. Eu sei bem como o que eu vou chamar de "esnobe literário" funciona, porque eu era desses, e ainda bem que eu já tinha superado quando fui ver It nos cinemas em 2017, se não estaria espumando na sala que eles não adaptaram o livro de mais de 1000 páginas, cheio de devaneios e tangentes típicas da literatura, assim como as bizarrices do King que nunca deveriam sair do papel, de forma totalmente fiel.
Atenção: vai ser um comentário grande, com spoilers, e se você responde a comentários grande só para reclamar do tamanho, e que não leu, sem mencionar o conteúdo, a única coisa que você faz é mostrar para todo mundo que é idiota e carente.
Estrada da Fúria é um dos melhores, se não o melhor, filme de ação da década passada, sendo muito bem feito no aspecto técnico e com um roteiro que consegue dar liga em tudo. Não quero comentar tanto a respeito do filme, diretamente, mas essa página do filmow do Mad Max é tão cheia de alguns dos comentários mais ridículos feitos por quem não entendeu o filme, ou simplesmente feitos de má fé, que eu acho válido falar a respeito do filme respondendo a alguns diretamente aqui; lembrando que gostar ou não do filme é questão de opinião, mas existem alguns "argumentos" aqui que têm fundamento nenhum.
"Não tem conteúdo, não tem desenvolvimento de personagem, não tem nada. É apenas um monte de cenas de ação aleatórias. Impressionante o quanto os filmes do Mad Max foram piorando um após o outro, só o primeiro que realmente salva, o segundo e o terceiro até que dá para assistir, mas este aqui é totalmente descartável." - acho então que aspectos da história como Max começar o filme atormentado pelo passado, eventualmente aceitar que não pode mudá-lo, Furiosa começar o filme em busca de uma dita "terra prometida" para descobrir que não existe, para ambos abandonarem a culpa do passado em busca de redenção, em um senso comum, onde eles concluem que precisam lutar por tal redenção, as antes noivas do Immortan Joe realizando a própria humanidade e se livrando do domínio dele, e Nux, antes doutrinado pela filosofia do Immortan, conseguindo chegar a conclusão que estava errado e desenvolvendo empatia básica, tendo também sua redenção ao final do filme, são coisas que não contam como "desenvolvimento de personagem"; essa é a versão resumida por sinal. Acho também que apesar de todas as cenas de ação terem um propósito claro, e estarem ligadas diretamente ao roteiro, e serem bem coerentes, elas são aleatórias. Outro aspecto é que de todos os filmes da franquia, Estrada da Fúria é o que tem o roteiro mais complexo, e isso nem é uma questão de opinião. Não que Estrada da Fúria seja particularmente complexo, mas muita gente está afirmando que não tem história, com comentários de pessoas que aparentemente não entenderam o básico do que a história queria mostrar, ou ignorando de propósito, sendo muito comuns, e o que eu digo é: se você acha que o filme é raso em roteiro, história, temas, ou desenvolvimento de personagens, não é um problema do filme, é um problema de você não ter conseguido enxergar além das cenas de ação. Talvez um efeito de George Miller ter conseguido integra tão bem o aspecto visual do filme com a escrita, mas se ele tivesse interrompido mais o filme para ter diálogos, mas isso teria tornado o filme pior. Lindsay Ellis já fez um ótimo vídeo explicando porque estrada da fúria tem sim, um ótimo roteiro, com mais nuance e sutilezas que muitos desconsideram.
"Se eu tivesse 14 anos, iria gostar nessa correria sem nexo." - não, se você tivesse 14 anos, você iria gostar do filme somente pelas cenas de ação e pelas atrizes; se você fosse um garoto mala e pretensioso de 14 anos estilo "nasci na geração errada", você iria fingir que não gostou do filme por ser um filme de ação; se você tivesse maturidade de um adulto, iria entender melhor os aspectos que eu já citei acima, e não acharia que esse é um filme feito apenas para adolescentes.
"Mas teria sido melhor economizar 20% nas explosões e carros, e terem contratado uns roteiristas para trabalhar melhor a história. É muita pirotecnia pra pouca história." - Estrada da Fúria é um filme de ação, em uma franquia de filmes de ação, que foca, principalmente, em carros: se Miller tivesse economizado nas explosões e carros, não seria Mad Max. Existem argumentos muito melhores explicando que é um equilíbrio muito bom entre ação e história do que o filme ser "muita pirotecnia para pouca história".
"Achei a história um pouco pobre, muitas mentiras que incomodam e personagens mal construídos." - assistir a um filme de ação requer aceitar algumas coisas e Estrada da Fúria tem algo que é mais importante em um filme de ficção do que coesão externa, coesão total com a realidade, o que normalmente chamado de "verossimilhança": estrada da Fúria tem preocupação suficiente com coesão interna, ou seja, o filme estabelece as próprias regras de forma clara, e as segue. Estrada da Fúria é quase como um conto de fadas pós apocalíptico em uma ótica contemporânea, e isso faz muito bem.
"História nula, nada relevante." - Já expliquei porque a história definitivamente não é nula, agora, chamar uma história sobre escassez de recursos e luta contra opressão institucional de "irrelevante" é algo que acho que nem preciso responder.
"Achei que faltou um pouco de história, poderiam ter explorado mais o personagem principal Max." - já expliquei porque não faltou história, e o personagem do Max foi tão bem explorado no filme quanto poderia ser tirar o foco da trama.
"Quem era então o Mad Max?!!! Ahn? Quem? Puxa! Jurava que era ela.. rsrs tirando a brincadeira.. cá pra nós, ela fez tudo no filme, roteiro todo dela. E o tal do protagonista (coadjuvante dela), inexpressivo. Bom ator, mas não para ser um Mad Max." - outro tema recorrente nos comentários é o pessoal que parece não entender o que é a franquia Mad Max, e o que é o personagem do Max: com exceção do primeiro filme, Max sempre foi uma pequena parte de uma história maior, um coadjuvante em uma história onde o foco é sempre o ambiente e um grupo de pessoas que vivem nele. A conclusão é: se você se incomoda tanto com um filme onde o personagem titular não é o protagonista da forma mais tradicional, então a franquia não é para você.
"não tive saco pra ver até o fim mas me lembrou a Corrida Maluca... na poeira" - dois problemas do comentário: implicar que Estrada da Fúria é realmente muito parecido Corrida Maluca, e implicar que Corrida Maluca é ruim, quando é um clássico por um bom motivo. Corrida Maluca, inclusive, é claramente inspirado em um filme de comédia de 1965 chamado A Corrida do Século no Brasil, que também é muito bom, por sinal.
"Alimentação das fantasias de hétero topzera, basicamente." - isso pode ser dito a respeito de muitos filmes de ação, mas acho que não pode ser dito a respeito de um filme onde um dos temas centrais são mulheres liderando a luta contra um sistema patriarcal.
"Filme incrível que todo homem de verdade gosta!" - ilustrando equívocos, quem viu Estrada da Fúria e entendeu, e viu o perfil que fez o comentário em questão, sabe que o filme definitivamente não contempla esse sujeito, mas acho que é esperar muito que o sujeito que faz questão de mostrar para todos que é "machão tradicional" na internet, ou em qualquer lugar, vá entender mesmo o óbvio da mídia que diz gostar. Não, o filme não concorda com você, e esse é um dos motivos que o tornam bom.
"Só eu que não achei esse filme bom?" - claramente não, é só ler os comentários, e eu detesto esses comentário que têm "eu sou o único que...", porque não, você nunca é o único, pois existem mais de 7 bilhões de pessoas no planeta.
"Não consigo ver essa coisa toda pelo qual esse filme é tanto reverenciado, com alguns até chegando a dizer que é o melhor filme de ação desde o T2." - Esse é o clássico comentário que tenta diminuir opinião alheia de forma passivo agressiva. Muitos já deixaram razões bem claras do porque gostaram do filme, então quem não entendeu, ou não leu, ou está fingindo que não entendeu, ou tem algum problema com interpretação de texto. Eu acho T2 superestimado, mas nunca vou fingir que não entendo porque as pessoas gostam tanto, pois isso é bem claro.
"Uma homenagem a Bollywood bem razoável" - esse não faz sentido para qualquer um que já viu um filme de Bollywood e Estrada da Fúria.
"Bons efeitos práticos não compensam a história insossa e os elementos de crítica (hoje em dia) breguíssimos, quem ouve falar todo dia que a água potável vai acabar levanta a mão. Até toma algumas decisões interessantes com relação ao retrato das mulheres como força renovadora da nova geração, mas até isso acaba soando um pouco forçado; o feminismo, no caso, vem mais como uma tentativa de atualizar a franquia para a modernidade do que como algo intrínseco à narrativa mesmo." - faltou prestar atenção aí, novamente: o estopim do apocalipse é, claramente, uma crise de combustível, e não a escassez de água; o maior problema atual não é escassez de recursos, mas distribuição, e isso pode sim levar à escassez, e é um assunto que ainda é relevante, e se os recursos naturais continuarem sendo tratados da forma como são, nunca vai deixar de ser, então não vejo onde isso é brega; mulheres protagonizando uma luta contra a representação de instituições tradicionalmente masculinas, que o filme deixa bem claro que levaram à destruição do mundo, em grande parte, por atitudes que são tipicamente associadas à dita masculinidade tradicional, não é forçado na narrativa, é parte essencial, integrada, intrínseca. Tão intrínseca é, de fato, que tem muito metido a "machão" que eu vi deixarem comentários misóginos em outros filmes, mas parecem achar que são contemplados por esse.
"mad max era meu filme preferido! detestei esse remake!!! parecia aquele filme do cuba goding jr,eu acho que é fantasmas de marte. não gostei das atuações,não gostei da trilha sonora,achei muito caricatu." - provavelmente o sujeito confundiu Cuba Gooding Jr. com Ice Cube, que está em Fantasmas de Marte, embora os dois sejam bem diferentes, e Cuba nunca tenha sido um rapper. Até entendo não ter gostado das atuações, embora eu ache que elas tenham servido o filme bem, mas não gostar da trilha sonora, não sei o que dizer. Além do mais, esse filme não é um remake, não sei de onde saiu essa ideia.
"O visual de videogame acabou com o filme. E não dá para entender um "Mad Max" em que o Max tá mais para personagem secundário" - realmente curioso para saber onde a pessoa que deixou o comentário achou um jogo com visuais semelhantes, apesar de Estrada da Fúria ter muitos efeitos práticos, e o CGI que tem ser muito bem integrado: pessoa foi no futuro e viu um jogo feito na Unreal Engine 9, e não quer revelar. Quanto ao Max ser "personagem secundário", já expliquei isso.
"Todavia, começamos a perceber uma grande falha no filme: o roteiro de “Estrada da Fúria” é construído explorando as cenas de ação e sua coreografia, não o arco narrativo – ou seja, o “drama” é um fiapo." - como já explicado, só porque o filme consegue integrar bem roteiro em meio às cenas de ação, não significa que não tenha roteiro sólido; além do mais, se você assiste a um filme de ação para reclamar que ação foi uma grande parte da narrativa, eu não sei o que dizer.
"Otimo somente para os olhos, Enredo bem fraquinho." - já expliquei isso, parem com a ignorância proposital.
"O Max é totalmente dispensável no filme... quem aparece é a Furiosa e isso não seria ruim, se o nome do filme não fosse Mad Max." - listar todas as formas como Max foi relevante para a trama deixaria esse comentário bem maior, então o que eu posso dizer é que a resposta está no filme, bem óbvia para quem prestou atenção. Citando apenas um dos muitos exemplos: Max é quem propõem para Furiosa e as Vulvalini de tentar tomar a cidadela, ao invés de continuar no deserto, mudando os objetivos, e colocando em movimento todo o terceiro ato do filme. Além do mais, que tipo de argumento é esse que o filme não seria ruim se o nome não fosse Mad Max? O nome define a qualidade do filme? Star Wars é ruim porque não é uma guerra entre estrelas, mas sim entre a Rebelião e o Império? A Fita Branca é ruim porque a fita em si é só uma pequena parte do filme? Jurassic Park é ruim pelo fato da maioria dos dinossauros que aparecem no filme serem do período Cretáceo? Moby Dick é uma obra ruim por Ishmael ser o protagonista, e não a baleia? Alguns argumentos eu simplesmente não entendo.
"Não gostei da condução da história, faltou um pouco mais de profundidade, e o fato de um ator totalmente diferente do Mel Gibson interpretar o Max me fez perder o gosto." - já expliquei a parte da história, e quanto ao Mel Gibson, não sei onde faz falta: nunca foi um bom ator, e ele se revelou como um anti semita instável que basicamente só dirige filmes de propaganda.
"Me decepcionei um pouco, visto que não há enredo quase nenhum, apesar das semelhanças nos ambientes, veículos e figurinos." - já expliquei porque dizer algo na linha que história e roteiro são praticamente inexistentes é errado: não ter gostado é questão de opinião, mas dizer que história basicamente não é existe é objetivamente errado.
Esse foi longo, para mim foi terapia, desabafo. Lembrando que não gostar do filme é questão de opinião, ninguém é obrigado, mas existem argumentos mais ou menos embasados quando você quer ir além de "eu não gostei".
Atenção: spoilers para um filme bem ruim com um roteiro sem sentido de 15 anos atrás; e também, não leu, mas reclamou do tamanho do comentário, e não do conteúdo, ao invés de ignorar e não perder seu tempo ou o meu, significa que é idiota e carente.
Não fosse eu saber, antes de ver um filme, que é o terceiro filme de uma trilogia do Dario Argento, eu não saberia que é um filme do diretor: esse filme não tem personalidade na direção ou fotografia, parecendo qualquer filme genérico de filme de terror do começo dos anos 2000 que passam no Space de madrugada. Como esse filme não consegue ter atmosfera através de direção, fotografia e trilha sonora como os anteriores, Argento apela para choque barato: esse filme é o mais gráfico e violento dos três, com bastante gore, e cenas de sexo e nudez gratuitos. A violência é tão frequente, e exagerada, que deixa de ser chocante, ao contrário dos filmes anteriores, onde era bem intercalado com o suspense, mas o que é bem questionável nesse filme é o uso de nudez. Eu não sou puritano, e entendo que isso pode funcionar, se bem executado, mas eu começo a imaginar que Argento não tinha bem em mente o que era melhor para o filme, no aspecto artístico, quando ele decide interromper a história para colocar uma cena de sexo entre duas mulheres que não é pouco explícita, e depois quando uma dessas mulheres tem talvez a morte mais cruel de qualquer personagem do filme (eu ainda não decidi se é pior ter dois olhos furados e depois morto, ou morrer enforcado nos próprios intestinos), enquanto sua parceira é obrigada a olhar. Perto do final do filme, Mãe Lachrymarum aparece, como acontece nos filmes anteriores e suas respectivas "Mães", mas ao contrário do que acontece nos filmes anteriores, ela aqui não aparece como uma pessoa muito velha, decrépita e deformada, mas sim como uma mulher jovem (a atriz tinha 27 na época), e totalmente nua. Já era meio evidente a forma como o roteiro em Inferno parecia arranjar desculpa para matar as personagens mulheres só para Argento colocar diversas atrizes que ele provavelmente achava bonitas no filme, mas aqui ele realmente não tentou fazer segredo em relação a algumas decisões que certamente não foram feitas em benefício da história.
Outro problema aqui é o roteiro, que nunca foi um ponto, nem nos filmes anteriores, mas Suspiria e Inferno tinham estilo e atmosfera, e parece que sempre foi a intenção de Argento de criar uma experiência mais sensorial onde estilo era a substância. Aqui, sendo o filme bem genérico, o estilo também é genérico, e o roteiro começa a fingir que a história importa agora, com personagens despejando exposição em várias cenas e referenciando os dois filmes anteriores, mas nessa tentativa acaba tendo a história mais bagunçada e sem sentido da trilogia. Eu consegui captar que tinha um culto envolvido, e que eles estavam matando pessoas por se oporem, ou simplesmente saberem a respeito, dos planos da Mãe Lachrymarium, mas parece que o filme desiste em se explicar e admite que tudo era uma desculpa para mostrar sangue, violência e nudez, mas sem estilo. As atuações também são ruins, ninguém é convincente, e tudo contribui para o filme parecer uma paródia do gênero, exceto que tenta se levar muito a sério. Bem ruim, o pior da trilogia por uma margem bem grande, mas acho que a franquia foi redimida com o ótimo Suspiria de 2018, um remake que supera mesmo o já bom original.
Uma das primeiras lembranças que eu tenho de ver um filme nos cinemas, e eu não lembro de detalhes, mas lembro das sensações e dos pensamentos de forma vaga, que eram os mesmos que eu tive quando eu assisti filmes do Michael Bay no cinema, quando adulto: "isso é chato, eu tô cansado e quero ir embora". Os únicos bons aspectos do filme são aquela música do Aerosmith que muita gente adora, mas tem medo de admitir, e aquela parodia do Frango Robô que é um dos únicos quadros realmente engraçados do programa, mas isso nem é parte do filme em si.
Atenção: potenciais spoilers para um filme de 72 que é bem abstrato na mensagem.
Tarkóvski supostamente fez a primeira hora de filme ter um ritmo bem lento de propósito (e todo o filme tem um ritmo lento) para que os "idiotas" saíssem do cinema e só sobrassem apenas os realmente interessados. Tivesse Tarkóvski vivido tempo o suficiente para ver o surgimento das redes sociais, teria descoberto que não precisaria ter se esforçado tanto, porque aqui no filmow, por exemplo, é só você escrever um comentário um pouco maior que o "normal" que algum carente vem perder o tempo dele, e o seu, para mostrar que se orgulha da incapacidade de ler texto pequenos (porque "grande" para o filmow ainda é pequeno para qualquer outro padrão de texto) e simples, simplesmente respondendo que achou grande, e não leu. Não estou falando que quem não gostou de Solaris é idiota, porque é uma questão de opinião, e gosto é gosto, mas eu quero reforçar que quem perde tempo respondendo comentário "grande" simplesmente para dizer algo do tipo "muito grande, nem li", é, de fato, idiota, e também carente.
Solaris é o tipo de filme contemplativo que eu gosto, e que é excelente sci-fi, o tipo que usa o aspecto de ficção científica para gerar discussões atuais e relevantes a respeito da humanidade, e aqui os efeitos, cenários e conceitos apresentados são um panos de fundo para uma trama que envolve discussões a respeito do conceito de humanidade em si, o que significa "ser", crise de identidade, entre outros assuntos. Um filme tão contemplativo e carregado de diálogos funciona porque Tarkóvski tinha talento e sensibilidade artística para tornar mesmo o tipo de direção que seria tediosa nas mãos de outros interessante, com tomadas longas, e contínuas, e com atores muito bons que transmitem todo o significado das cenas através de expressões faciais e linguagem corporal. e uma trilha sonora que é bem russa, e bem melancólica. O filme tem várias tomadas bonitas, com um clima que, mesmo mostrando apenas paisagens, transmite bem os aspectos mais subjetivos dos personagens.
Por algum motivo, aparentemente porque Tarkóvski se manifestou a respeito, esse filme é muito comparado a 2001 do Kubrick, embora sejam filmes bem diferentes em execução, e embora eu ache 2001 muito bom, ainda prefiro Solaris, pois 2001 foi feito propositalmente hermético e abstrato porque Kubrick queria contar a história visualmente, e o filme, ao contrário do que acontece com a maioria das adaptações, foi escrito para acompanhar o filme, oferecendo respostas muito mais claras e mais diretas ao que era abstrato no filme, com as respostas dadas sendo de um nível que talvez não justifique todo o espetáculo do filme. Solaris, por outro lado, não necessita da leitura da obra original para que a mensagem seja passada, e a abstração e complexidade da são parte intrínseca da trama, pois é uma história que incorpora a complexidade do ser humano, suas dúvidas e medos, em determinadas situações. Não é um filme que precisa ser entendido totalmente para ser apreciado, sendo a atmosfera a própria incerteza transmitida pelos personagens parte da experiência. Solaris sofre com a questão da falta de recursos, mesmo para os padrões da época, e isso fica bem óbvio em alguns cenários, mas compensa tanto na forma como o roteiro aborda e desenvolve os temas, que como sci-fi, é muito melhor executado e mais efetivo que muitos filmes do gênero mais modernos e com grandes orçamentos, como o polido e tecnicamente impressionante, mas raso e superestimado Interestelar. Um filme que merece seu status de clássico, mas que não tem a popularidade de tantos outros filmes com o mesmo status, por ser inegavelmente um filme do Tarkóvski.
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno
2.1 247Até entendi que o Kim Henkel (roteirista do primeiro filme, diretor desse quarto) quis fazer uma espécie de meta narrativa a respeito da percepção do público sobre filmes de terror, e entre a nudez gratuita no começo, os canibais pedindo pizza e o personagem da perna mecânica, é um filme que não se leva a sério, mas ainda é um filme ruim. Como filme de terror, não tem suspense, nem "gore", e como paródia do primeiro filme e sátira do gênero, não é absurdo o suficiente. Muitos reclamaram da retratação do Leatherface nesse filme, mas o papel dele aqui como um sujeito perturbado que nem é o mais psicopata da família Sawyer é mais fiel à retratação do personagem no primeiro filme, e o fato dele usar maquiagem e peruca condiz com o assassino real que serviu de inspiração para ele, Ed Gein (Leatherface se veste de forma semelhante no primeiro filme).
O maior problema com esse filme é que, além da falta de suspense e de "gore", e da aparência barata dos cenários, a própria mensagem "meta" que o filme tenta passar não é bem transmitida, e acaba ficando confusa e dizendo nada, e o final pareceu mais um dedo do meio metafórico do que um final de verdade. Apesar de ruim, eu ainda acho esse melhor que o terceiro, ou que as abominações que foram o Texas Chainsaw de 2012, Leatherface de 2017, e esse que brotou no Netflix ainda esse ano, em parte porque tem algum entendimento de aspectos fundamentais do primeiro filme (embora não os execute bem), e em parte porque eu dei muita risada vendo dois futuros vencedores do Oscar entregando atuações absurdas, especialmente Matthew McConaughey com uma perna robótica gritando e urrando. Filme muito ruim, mas muito engraçado.
O Massacre da Serra Elétrica 3
2.7 240Enquanto o segundo filme propositalmente tenta ser uma paródia do primeiro, e consegue fazer isso (mais ou menos) bem, esse terceiro tenta ser algo mais como um "soft reboot", tendo a mesma história que o original, mas com um casal ao invés de um grupo de amigos, e uma família nova para Leatherface, mas é tudo tão mal executado aqui que acaba parecendo uma paródia não intencional do original. É um filme que se leva muito a sério, mas tudo é muito dificíl de levar a sério, porque o filme acaba tendo ação em momentos que deveriam ser de terror e suspense, com um rock genérico da época tocando muito alto na trilha, que tem nada a ver com tom que os filmes da franquia deveriam ter. Até o "gore" é bem reduzido, mesmo na versão sem cortes lançada em DVD, e nada justifica essa classificação de 18 anos do filme. Recomendo a versão sem cortes mesmo assim, porque a versão de cinema têm uns cortes bem estranhos e óbvios nessas cenas mais violentas. Obviamente era para o personagem do Ken Foree ter morrido no filme, mas TCM3 é mais um filme que sofreu com esse infortúnio desnecessário da mídia que são grupos de foco, que não gostaram do final, então foi mudado para ele aparecer do nada no final e salvar a protagonista; como obviamente o resto do filme não alinha com esse final, fica parecendo que ele sobreviveu a ter a cabeça serrada, o que é meio dificíl. Acho que é fácil encontrar o final original no youtube, que enquanto não é bom, é menos pior que o que apareceu no filme (a versão sem cortes não inclui o final original, por sinal). Além do Ken Foree xingando e roubando a cena, e desse ser um primeiros filmes do Viggo Mortensen, tem nada de memorável a respeito desse filme.
O Massacre da Serra Elétrica 2
2.8 346O melhor da franquia depois do primeiro, e a única das continuações que foi dirigida por Tobe Hooper. O próprio diretor provavelmente percebeu que o primeiro filme foi, em grande parte, resultado do clima cínico dos Estados Unidos da década de 70, e que provavelmente não conseguiria reproduzir as condições do seu sucesso, então nem tentou, e fez uma continuação 12 anos depois que é basicamente uma paródia do original, uma comédia de terror com um estilo semelhante a outros filmes da mesma época. É bem óbvio desde a primeira cena que não é um filme que vai se levar a sério, e tem vários momentos que são absurdos, memoráveis e engraçados, como Leatherface tendo uma apaixonite adolescente pela DJ, o cozinheiro participando de um concurso de Chilli e usando carne humana na receita, e o duelo de motosserras no esconderijo da família Sawyer dentro de um parque de diversões. Dennis Hopper é perfeito no papel do Texas Ranger obcecado em acabar com os Sawyer, usando duas motosserras pequenas na cintura igual um personagem de faroeste usa duas pistolas, e é muito engraçado. O problema do filme é que se arrasta muito em alguns pontos, não chegando aos níveis de insanidade e "gore" de clássicos como Evil Dead 2 e Fome Animal. Ao que parece, muitos dos efeitos de Tom Savini foram censurados para o lançamento, e uma versão sem cortes nunca foi lançada, e eu tive mesmo a impressão que a edição era meio estranha em algumas cenas. Um filme divertido em alguns momentos, mas ainda fica abaixo de outros clássicos da década de oitenta com estilos semelhantes.
Ghostbusters: Mais Além
3.5 410 Assista AgoraAtenção: tem spoilers, e se achou o comentário muito grande, simplesmente ignore, pois não existe necessidade de perder seu tempo e meu só para dizer que não leu, e a única resposta que você vai conseguir é um block bem silencioso; o mesmo vale para quem curtir tais comentários.
Ghostbusters: Afterlife não é um dos piores exemplos de um filme de retorno nostálgico que saiu nos últimos anos, com um roteiro que é apenas medíocre, mas não chega a ser ruim como o de um Jurassic World 2 nem Pânico 5, mas o resultado não é um bom filme: uma grande pilha de nada, derivativa, que vive de referências e nostalgia, apresentando nada de novo à franquia. Mesmo aceitando o filme apenas como um retorno nostálgico que faz pouco além de repetir o original, O Despertar da Força mostra que isso pode ser feito melhor. O maior problema para mim foi não ter gostado dos personagens: Phoebe e Trevor, no começo do filme, só sabem reclamar e ficam dando patada na mãe sem motivo, Callie também dá umas patadas desnecessárias nos filhos, Paul Rudd interpreta Paul Rudd, Lucky é interesse amoroso moderno genérico de filme moderno, J.K. Simmons aparece por uns dois segundos, e o resto é bem esquecível. Eu acho o primeiro filme apenas ok, bem superestimado, e nunca achei que tinha personagens muito bem escritos, mas eles tinham algum carisma, com exceção do Dan Aykroyd, que sempre foi um canastrão.
Eu sei que Afterlife tenta remeter a filmes clássicos da década de oitenta onde era comum crianças serem os protagonistas e salvarem o dia, mas o tom da franquia, o que foi estabelecido anteriormente, com um certo nível de plausibilidade em que o sujeito que construiu os equipamentos era um homem adulto, um cientista com doutorado, no mínimo. Outra é que o clichê da criança que é imediatamente habilidosa em tudo o que tenta já encheu o saco, e quanto mais você pensa a respeito daquela criança que nem passou pela puberdade, é minúscula, e pelo físico, provavelmente fica exausta levantando uma caneca, colocando aquela mochila de prótons que é praticamente do tamanho dela e disparando pela cidade, o aspecto ridículo da trama fica bem evidente; ainda mais evidente quando você lembra o cuidado que o primeiro filme teve em estabelecer o quão perigoso o equipamento é, e como mostrava aqueles homens adultos penando para controlar o raio e prender os fantasmas, mas Phoebe parece conseguir fazer tudo com muita facilidade aqui, embora a força do disparo provavelmente mandaria ela voando para trás. Como é certeza que Egon não teve filhos antes de oitenta e quatro, poderiam ter feito o roteiro de tal forma que ele teve algum filho durante a década de 90, em seus vinte no período atual e que acabou de concluir o doutorado em física, mais do que apto a assumir o lugar do pai, sem perder tempo com clichê de "pai distante".
Outro aspecto foram as tentativas de "modernizar" que não fazem muito sentido: tenho quase certeza que a armadilha não poderia ter sido colocada em um carrinho de controle remoto, de acordo com o que foi estabelecido no primeiro filme; tenho quase certeza também que fica mais ou menos implícito que o raio de próton precisa de uma certa estabilidade para prender o fantasma, algo que não possível em uma cadeira balançando fora de uma carro em movimento. Phoebe chega a causar sérios danos de propriedade à cidade com o raio, mas fora as crianças passarem alguns minutos na cadeia, não se toca mais no assunto: quem vai pagar por tudo? E não venham encher o saco falando que é só um filme para crianças, porque isso não é desculpa para deslizes de roteiro, não isenta o filme de críticas, e o primeiro filme mostrava que existiam repercussões bem sérias para ações ilegais dos protagonistas.
Outro problema de roteiro são as explicações dadas para a separação dos Ghostbusters, e o isolamento do Winston: Raymond fala que os fantasmas começaram a desaparecer porque eles fizeram um bom trabalho até demais, mas o que isso significa, no contexto da história? As pessoas pararam de morrer nos Estados Unidos? Eles conseguiram acabar com todos os fantasmas, de todas as eras? É muito dificíl de engolir isso. E o motivo para o resto da equipe ter basicamente isolado o Egon é que ele começou a falar de fim do mundo, e agir como "doido", mas não faz sentido eles subitamente pararem de confiar em um amigo que conhecem há anos, sabem que é inteligente, e nunca mentiu para eles antes antes. Faz menos sentido ainda quando eles quase viram o mundo acabar antes, ao vivo.
O final do filme foi o pior, em termos de forçar roteiro em nome de nostalgia, referência, e descaso com o que foi estabelecido no original: Winston, Venkman e Raymond aparecem do nada (o único que apareceu antes foi Raymond), interpretado pelos seus respectivos atores, usando os macacões clássico, e como eles estão velhos, e Bill Murray e Dan Aykroyd em particular estão bem fora de forma, eles acabam parecendo mais com fã em convenção do que com os personagens originais. O momento em si é, de qualquer forma, uma forçação nostálgica, porque o macacão do uniforme é algo que eles usavam quando ainda trabalhavam como equipe, para serem identificados, mas eles aprecerem vestidos assim no final do filme implica que, apesar da urgência da situação, eles perderam tempo vestindo os uniformes. Phoebe e Gozer entram em duelo de raios que é muito parecido com aquela cena do Harry Potter contra o Voldemort em O Cálice de Fogo, Egon aparece de forma idêntica a um fantasma da Força em Star Wars (embora fantasmas do bem com aparência humana nunca tenham aparecido na franquia antes), também usando o macacão, por algum motivo, e começa a ajudar a Phoebe com o raio igual o Goku ajuda o Gohan com o Kamehameha no final da saga Cell em DBZ. Esse monte de clichês e referências não intencionais deram um curto no meu cérebro e me fizeram perceber, de verdade, quão cansado eu estou desses filmes que só existem para referenciar outros filmes. A homenagem a Harold Rammis foi o único momento que eu senti alguma coisa no filme, mas teve nada a ver com esse filme.
Outro aspecto que acho que vale apontar para mostrar a obsessão com nostalgia em detrimento de consistência: motivo pelo qual aparece um Stay Puft gigante no final do primeiro filme tem a ver com Raymond pensando demais e não ter conseguido esvaziar a cabeça; o motivo de vários Stay Pufts pequenos começarem a brotar do marshmallow em Afterlife simplesmente não existe dentro do filme, e a explicação real é porque apareceu no primeiro.
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes
3.6 512 Assista AgoraMuitos comentários aparentemente queriam que o filme fosse uma adaptação direta do desenho da década de oitenta, mas aqui alguns motivos que mostram que isso não seria uma boa ideia:
- Adaptar uma adaptação é algo que não faz muito sentido, e só serviria para enfraquecer ainda mais a conexão com o material original, ainda mais levando em conta que o desenho já era uma versão bem simplificada do original, para poder se encaixar no formato de um desenho para crianças da época;
- O universo do D&D é denso, rico em material que possibilita adaptações mais maduras, que não seriam possíveis se fossem seguir o desenho, que inclui até alguns aspectos de terror cósmico. Eu nunca joguei o RPG de mesa, mas o pouco que eu joguei de Baldur`s Gate, Neverwinter Nights e Planescape: Torment já mostraram uma profundidade que nunca foi vista no desenho.
- Como praticamente todo desenho da década de oitenta muito elogiado por adultos atualmente, Caverna do Dragão não era tão bom, e fica bem atrás até de desenhos mais voltados para o público infantil que começaram a sair depois. Os personagens eram bem rasos e chatos, todos os episódios eram o mesmo marasmo, com as mesmas piadas, Bobby e Uni eram irritantes, o material original foi muito mal aproveitado mesmo levando em conta que é um desenho para crianças, e enrolaram tanto com essa história do "vai-não-vai" da volta para casa que a série acabou sem um final, que só foi lançado anos depois em uma HQ. Eu nunca gostei, nem quando era criança, mas assistia porque era o que passava na TV de manhã, para tapar buraco entre os desenhos da Warner e Dragon Ball Z, e talvez mais alguma que estivesse passando na TV Globinho e Bom Dia e Cia. que eu também gostasse.
- Adaptações de desenhos, ou anime, sempre são muito piores que o original, e não entendem o que os tornam bons, então, mesmo quem gostava do desenho provavelmente iria detestar a adaptação. É só lembrar de: Dragon Ball, Death Note, A Lenda de Aang, Cowboy Bebop, Pica-Pau, Os Smurfs, Zé Colmeia, Ghost in the Shell, Alvin e os Esquilos, Fist of the North Star, e muitos mais.
- Apesar do potencial do jogo, D&D nunca teve uma boa adaptação para filme, mas se for dado o cuidado e orçamento necessários, pode gerar algo muito bom, talvez até no mesmo nível da trilogia de O Senhor dos Anéis do Peter Jackson.
Antes Só do que Mal Casado
2.8 712Todo mundo conhece aquele cara que vive reclamando da suposta "ex louca", mas quanto mais ele fala a respeito, mais fica óbvio que o problema no relacionamento sempre foi ele, não em pequena parte por ser um sujeito imaturo, manipulador, e desonesto. Aparentemente, um desses sujeitos fez um filme protagonizado pelo Ben Stiller.
No Ritmo do Coração
4.1 754 Assista AgoraÉ um filme bem simples, e previsível, mas cumpre bem seu papel com personagens bem escritos e interessantes, com os quais é fácil se importar, um roteiro decente, e por não ter baboseiras típicas de filmes indicados pela academia, como propaganda religiosa ou "white savior", e também evita muitas das típicas pieguices irritantes de filmes do tipo. Como alguém que fez aula de canto e participou de coral quando tinha mais ou menos a mesma idade da protagonista, eu gostei muito de todas as cenas envolvendo música e as aulas dela, e igual ao Miles, eu definitivamente teria usado uma camiseta do King Crimson se tivesse achado uma para comprar, mas só tinha uma do The Wall mesmo, porque vendia em todo lugar. Para quem interessar: a banda que é mencionada no filme, The Shaggs, realmente existiu, e recomendo procurar a história a respeito, porque é muito bizarra e interessante.
A Ressaca 2
2.5 144 Assista AgoraDiz "comédia" no gênero, mas fazia tempo que eu não via algo tão absurdamente sem graça.
DOA: Vivo ou Morto
2.4 194Como adaptação, é um filme perfeito: assim como quem jogava (ou ainda joga) Dead Or Alive, não jogava por conta da jogabilidade e mecânicas, quem assistir a esse filme não vai assistir pelo roteiro, pelos diálogos, nem pelas atuações. A situação é tal com esse filme que eu sinto que qualquer tentativa de uma análise mais profunda ou de dar uma nota é irrelevante.
Obi-Wan Kenobi
3.4 313 Assista AgoraMais um produto derivativo da Disney que se passa em Tatooine, e faz nada mais além de bancar na nostalgia. Muito mais interessante que a série é ver marmanjo chorando horrores nos comentários porque esse personagem fictício que sempre foi uma espécie de monge espacial que vive isolado no deserto, supostamente, foi "emasculado", ou "nerfado", ou qualquer outra besteira que eles acreditam. Eu obviamente não levo a sério essa conversa de "papéis" e a questão da "masculinidade tradicional", mas se sua ideia de ser "macho" é ser um nerd chorão inseguro a ponto de se projetar muito em um personagem fictício, significa que você falha até em atingir as próprias expectativas limitadas. Aposto que essas mesmas pessoas vão molhar seus pijaminhas do Star Wars de excitação quando o Darth Vader aparecer, e essa nota vai aumentar.
Ah, eu preciso falar da série, também: desisti no primeiro episódio depois que ficou óbvio que seria bem parecida com aquela do Boba Fett, e que bancariam nessa estratégia barata de colocar atores mirins que são fofinhos, mas não sabem atuar. Como não terminei de ver, não tem nota; dificíl sentir qualquer coisa, quanto menos se irritar, pois é só mais um produto da Disney com a marca Star Wars.
Morbius
2.3 521É surpreendente o quanto cada segundo das pausas de 45 minutos para ir ao banheiro que o Jared Leto fez durante as gravações realmente ficam evidentes em tela, tornando Morbius o melhor personagem já escrito em qualquer peça de mídia. Fiquei surpreso também em saber que a cena mais tocante do filme, a que Morbius joga uma camisinha usada no personagem de Matt Smith e grita "você foi morbado!" foi totalmente improvisado por Jared Leto. O filmow deveria liberar uma nota de 6/5 exclusivamente para esse filme.
O Homem do Norte
3.7 957 Assista AgoraDepois de ver o título O Homem do Norte, fiquei um pouco decepcionado em descobrir que é mais um filme de viking, e não a história de um sujeito vindo do Acre. Como é do Robert Eggers, e eu gostei muito de A Bruxa e O Farol, vou assistir sim, mas fica registrada minha decepção do potencial desperdiçado.
Quase Irmãos
2.9 261 Assista AgoraÉ um filme ruim, besta, e cheio das situações forçadas típicas de comédias do período, especialmente dessas com O Will Ferrel e o John C. Reily, mas eu confesso que dou muita risada vendo esse tipo de porcaria.
Lightyear
3.2 391 Assista AgoraFilme nem saiu ainda e já tem choro de homem medíocre nos comentários tentando abaixar a média.
Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros
3.9 1,7K Assista AgoraJurassic Park é provavelmente o filme que eu mais assisti na minha vida, sempre alugando o VHS amarelo que vinha na caixa temática de fóssil e tinha aquele trailer do filme dos Flintstones; comprei o box da trilogia quando saiu em DVD, comprei o box da quadrilogia em blu-ray, vi no Netflix, e provavelmente vou comprar o box quando os seis filmes foram lançados em 4K, mesmo que só o primeiro tenha sido bom; eu li o livro umas três vezes, apesar de não ser muito bom (esse é um dos casos em que a adaptação é muito superior ao original), simplesmente por causa do nome; eu provavelmente joguei a maioria dos jogos baseados nos filmes, especialmente Operation Genesis.
O ponto aqui é que, mesmo deixando de lado a nostalgia, Jurassic Park ainda é um ótimo filme, e um clássico da década de 90 que não envelheceu. A qualidade é por vários motivos: um elenco carismático, que não é composto de estrelas (ao menos, não eram na época), mas sim bons atores, entregando boas performances, com atuações sinceras, onde até mesmo as crianças atuam bem, e são bem escritas; é o excelente uso do CGI que ainda parece melhor que o de muitos filmes mais recentes, mostrando que não é só uma questão de tecnologia disponível, ou da quantidade de polígonos em um modelo, mas de saber utilizar bem a tecnologia disponível junto com truques e direção inteligente, e aqui, Spielberg, a equipe da IL&M e a equipe do finado Stan Winston utilizaram muito bem truques de luz, sombra, animatrônicos detalhados, em conjunto com o CGI; é o fato de que o filme é filmado em um aspecto que valoriza mais verticalidade em cenas (tem um vídeo muito bom sobre isso no youtube) que é bem adequado para um filme sobre dinossauros, e sobre o perigo e encanto dessas criaturas; é a trilha sonora memorável do John Williams; é o roteiro que mistura o suficiente de pseudociência e o aspecto mais "família" dos filmes do Spielberg, e mistura bem o aspecto do encanto, e do terror, para criar uma história bem construída, e interessante; é o fato de Spielberg e Koepp terem escolhido adaptar com várias mudanças em relação ao livro, em benefício do roteiro, e de algo que é mais próximo da ideia inicial de Michael Crichton; é o fato de que as limitações com a tecnologia na época levaram a um grande foco em personagens, e pequenos momentos que realmente adicionam à trama e que nenhum outro filme da franquia parece ter entendido a importância.
Sempre que o assunto é Jurassic Park, normalmente falam dos efeitos, mas suas qualidades vão muito além disso, sendo mais detalhado e melhor trabalhado em roteiro e trama do que muitos dão crédito. Mais algumas coisas: o fato de Roger Ebert ter achado os personagens do filme fora o Ian Malcolm pouco interessante é mais uma prova de que ele nunca foi um bom crítico; alguém escreveu no site Boca do Inferno escreveu que esse filme é raso, e que aquela presepada do Roger Corman, Carnossauro, é melhor, por conta dos temas abordados, e essa é só uma das opiniões mais expressas no site que mostram que não deve ser levado a sério para filmes. JP tem seus defeitos e alguns problemas aqui e ali, mas são irrisórios.
A Pequena Sereia
3.7 577 Assista AgoraAtenção: spoiler para um filme de mais de 30 anos que todo mundo já viu. Além do mais, se achou o comentário muito longo, e não quiser ler, a atitude inteligente e madura é simplesmente ignorar, e definitivamente não é perder seu tempo e o meu respondendo só para dizer que achou longo, e não leu.
Eu não tenho nostalgia pelos animações da Disney, e a grande maioria eu nem vi, ou não lembro de ter visto, quando criança. A Pequena Sereia é uma das animações que eu lembrava vagamente das músicas, sabia da sinopse por ouvir falar a respeito, e até joguei o videogame desenvolvido pela Capcom para o Famicom, mas nunca havia realmente assistido ao filme, do começo ao fim. Como o primeiro filme da chamada "renascença" da Disney, achei bem decepcionante, além do mais depois depois de ter visto O Rei leão de 1994 e ter achado muito bom, e ter achado a animação de Mulan bem decente.
O primeiro problema para mim foi a animação: não é ruim, mas achei inferior mesmo a filmes da Disney lançados anteriormente, e se for fazer a comparação com filmes do Studio Ghibli que saíram em torno do mesmo período, até antes, parece ainda menos impressionante. Serve o propósito, mas não senti tanto a "magia Disney" nesse aspecto. Outra aspecto que não gostei foi o fato de Ariel e Eric serem muito estúpidos, a ponto de ser irritante em vários momentos. Mesmo levando em conta que Ariel é uma adolescente sendo influenciada pelos hormônios, ela é enganada muito facilmente pela Úrsula, manipulada a assinar um contrato que brilha, por alguém que é claramente o vilão da história. Ariel ainda tem uma personalidade interessante e um certo carisma, mas Eric, além de ser ainda mais estúpido, tem zero personalidade: tem uma parte da história em que ele só fica sonhando acordado, fazendo nada, falando que precisa achar essa estranha misteriosa que o salvou. Pouco depois, quando Ariel consegue as pernas, aparece na praia, e ele a encontra, ele parece não questionar muito o fato de uma garota muda vestido o tecido das velas de barco ter praticamente brotado na praia, e não se pergunta quem ela é, ou de onde veio, antes de deixá-la entrar no castelo. Eric, embora supostamente apaixonado pela "estranha misteriosa" que o salvou, e apesar dela ter ficado com a cara bem perto da dele, por algum motivo não consegue perceber, na hora, que Ariel é essa "estranha", mesmo que, aparentemente, ela seja a única pessoa com cabelos ruivos, e com esse penteado específico, na região. Eventualmente, e obviamente, ele descobre que Ariel é uma sereia, e que é filha do equivalente ao Poseidon daquele universo, e a reação dele em ambas as ocasiões é a mesma que uma pessoa normalmente tem quando lembra que tem sobra de pizza na geladeira.
O Tritão também é um personagem que não é muito bem escrito: ele passa de odiar tanto humanos a ponto de agir de forma bem pouco razoável, e explosiva, que obviamente afasta a filha, para ter nenhum problema em deixar a filha adolescente literalmente zarpar com um sujeito que ela conheceu há uns três dias. Existe algo chamado "meio termo", que pais da década de oitenta já sabiam aplicar à educação. A Melhor parte do filme é Úrsula, pois a personagem, assim como basicamente todos os vilões da Disney do período, parecem ter uma genuína paixão por serem maus, e acabam sendo muito divertidos; como nos filmes mais antigos da Disney, existe um esforço aqui em fazer o espectador odiá-la de forma bem maniqueísta, pois Disney odeia pessoas "feias", mas n]ao funcionou comigo. Ela, infelizmente, é mal aproveitada, pois logo depois de conseguir "poder máximo", ela é derrotada muito facilmente pelo príncipe com carisma de papelão, e um barquinho.
Tendo em vista algumas coisas que eu escrevi, eu sei que alguns seres vão ficar muito defensivos e sair de dentro de bueiros como literais "chuds" para deixar uns comentários falando que o filme deve ser julgado pelos padrões de época, usando termos que não aplicam, e que tiveram o significado distorcido pelos "chuds" como "militância" e "lacração", que não se aplicam, de qualquer forma, ou até mesmo ignorar qualquer tentativa de argumento ruim, e partir logo partir logo para as ofensas nível quinta série. Eis algumas respostas preventivas: o roteiro de A Pequena Sereia é fraco, e bem raso, mesmo para os padrões de filmes infantis da época; um filme que é bom apenas para crianças não é um bom filme; algo que afeta roteiro e progressão da história negativamente é um aspecto negativo, independente do que você queira acreditar ou do que você queira classificar, e para mim, personagens mal desenvolvidos e muitas conveniências, sem justificativa no roteiro, são aspectos negativos; outras animações da Disney que saíram na mesma época, como as já mencionadas, fizeram um trabalho muito melhor com o roteiro; A Pequena Sereia é adaptado de um conto muito mais sombrio, onde uma das mensagens é, literalmente, não confiar em pessoas que você não conhece direito, então, se é para se irritar com o ato de "distorcer uma mensagem", ou "anacronismo", tarde demais, essa versão já fez isso.
Branca de Neve e os Sete Anões
3.8 713Eu sempre vou preferir animação 2D à 3D, porque quando bem feita, não envelhece, e esse filme de 37 é um dos exemplos disso. Distrai um pouco que alguns dos personagens, como a Branca de Neve, provavelmente foram feitos com rotoscopia, então eles destoam bem dos anões e dos animais, mas nada que prejudique o filme. É uma história bem simples, bem boba, muito maniqueísta, do tipo que odeia pessoas feias, como é o caso de boa parte dos filmes da Disney, mas entretém o suficiente. Eu não lembrava bem das personalidades dos anões, mas eu achei muito engraçado ao perceber que o Zangado, entre a barba mal feita, o ódio por mulheres, e a aversão a banho, é basicamente uma versão da década de 30 de um desses youtubers que levam filme de história em quadrinhos muito a sério.
Invencível (1ª Temporada)
4.3 401 Assista AgoraAtenção: alguns spoilers leves.
Esse tipo de história não é mais "subversiva" atualmente, mas Invencível consegue se destacar de muitas histórias estilo "superman do mau" ou "super heróis realistas" simplesmente sendo boa, com personagens interessantes e um roteiro bem construído que complementam e dão peso à violência mostrada. Aqui, violência não é utilizada da mesma forma que naquele monte de quadrinhos ruins da década de 90 que só queriam chamar atenção com, choque, sendo bem contextualizado e justificado, mostrando os impactos de seres com super poderes andando por aí. Lembra The Boys na premissa, mas é diferente o suficiente para que não seja só uma cópia, e no geral, achei até melhor que a série (definitivamente, muito melhor que a HQ de The Boys, porque essa é péssima).
O que carrega a trama é, principalmente, a evolução de Mark, e a relação de com o pai, mas todos a maioria dos personagens são interessantes, até mesmo os vilões secundários. Nem todos os personagens funcionam bem, no entanto: Amber é uma péssima personagem, tanto em termos de como escrita, como pessoa, no contexto da história. Ela fica brava e termina com Mark porque ela sempre soube que ele era o invencível, embora ele tivesse motivos bem razoáveis para não contar, e ela deveria ter falado para ele que sabia, para começar. O pior é que o final da temporada faz parecer algo positivo quando os dois voltam, e ainda faz parecer que é ela perdoando ele. Esse é um dos casos onde seria até melhor ficar solteiro. Ainda, no geral, vale a pena.
Batalha Real
3.6 590 Assista AgoraSuzanne Collins negar que se inspirou em Battle Royale (seja filme ou livro, pois ambos saíram bem antes de Jogos Vorazes) para escrever seus livros distópicos é uma da maiorias mentiras já contadas por qualquer autor na história da literatura. O filme em si é ótimo, funcionando muito bem, como filme, e já escrevi um comentário mais detalhado a respeito dos aspectos técnicos. As notas negativas parecem vir do pessoal que leu o livro ou o mangá, e criou expectativas a respeito, não dispostos a avaliar esse filme em seus méritos, ou seja, uma adaptação cinematográfica de menos de duas horas, ou de pessoas que simplesmente não gostaram do estilo não convencional do filme, criticando as mesmas características que tornam o filme bom, e único, e o que foram escolhas bem deliberadas que definem o estilo do Kinji Fukasaku. Deixo o comentário porque é muito mala o tipo de ser que se apaixona por uma obra literária a ponto de desmerecer qualquer adaptação simplesmente por ser diferente, e não pela qualidade da adaptação em si, que é o que acontece aqui. Caso os diretores realmente seguissem a questão de fidelidade com o material original à risca, filmes como Jurassic Park, O Iluminado, O Poderoso Chefão e Tubarão não seriam tão bons quanto são, e quando uma adaptação é diferente do original, mas tem seus méritos e qualidades únicos, ela tem algo a oferecer mesmo para quem conhece o original. A mensagem é, mesmo para quem prefere o livro, é sempre bom tentar ver a adaptação como um filme em si, uma tradução, e não simplesmente uma transposição do original em película. Eu sei bem como o que eu vou chamar de "esnobe literário" funciona, porque eu era desses, e ainda bem que eu já tinha superado quando fui ver It nos cinemas em 2017, se não estaria espumando na sala que eles não adaptaram o livro de mais de 1000 páginas, cheio de devaneios e tangentes típicas da literatura, assim como as bizarrices do King que nunca deveriam sair do papel, de forma totalmente fiel.
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraAtenção: vai ser um comentário grande, com spoilers, e se você responde a comentários grande só para reclamar do tamanho, e que não leu, sem mencionar o conteúdo, a única coisa que você faz é mostrar para todo mundo que é idiota e carente.
Estrada da Fúria é um dos melhores, se não o melhor, filme de ação da década passada, sendo muito bem feito no aspecto técnico e com um roteiro que consegue dar liga em tudo. Não quero comentar tanto a respeito do filme, diretamente, mas essa página do filmow do Mad Max é tão cheia de alguns dos comentários mais ridículos feitos por quem não entendeu o filme, ou simplesmente feitos de má fé, que eu acho válido falar a respeito do filme respondendo a alguns diretamente aqui; lembrando que gostar ou não do filme é questão de opinião, mas existem alguns "argumentos" aqui que têm fundamento nenhum.
"Não tem conteúdo, não tem desenvolvimento de personagem, não tem nada. É apenas um monte de cenas de ação aleatórias. Impressionante o quanto os filmes do Mad Max foram piorando um após o outro, só o primeiro que realmente salva, o segundo e o terceiro até que dá para assistir, mas este aqui é totalmente descartável." - acho então que aspectos da história como Max começar o filme atormentado pelo passado, eventualmente aceitar que não pode mudá-lo, Furiosa começar o filme em busca de uma dita "terra prometida" para descobrir que não existe, para ambos abandonarem a culpa do passado em busca de redenção, em um senso comum, onde eles concluem que precisam lutar por tal redenção, as antes noivas do Immortan Joe realizando a própria humanidade e se livrando do domínio dele, e Nux, antes doutrinado pela filosofia do Immortan, conseguindo chegar a conclusão que estava errado e desenvolvendo empatia básica, tendo também sua redenção ao final do filme, são coisas que não contam como "desenvolvimento de personagem"; essa é a versão resumida por sinal. Acho também que apesar de todas as cenas de ação terem um propósito claro, e estarem ligadas diretamente ao roteiro, e serem bem coerentes, elas são aleatórias. Outro aspecto é que de todos os filmes da franquia, Estrada da Fúria é o que tem o roteiro mais complexo, e isso nem é uma questão de opinião. Não que Estrada da Fúria seja particularmente complexo, mas muita gente está afirmando que não tem história, com comentários de pessoas que aparentemente não entenderam o básico do que a história queria mostrar, ou ignorando de propósito, sendo muito comuns, e o que eu digo é: se você acha que o filme é raso em roteiro, história, temas, ou desenvolvimento de personagens, não é um problema do filme, é um problema de você não ter conseguido enxergar além das cenas de ação. Talvez um efeito de George Miller ter conseguido integra tão bem o aspecto visual do filme com a escrita, mas se ele tivesse interrompido mais o filme para ter diálogos, mas isso teria tornado o filme pior. Lindsay Ellis já fez um ótimo vídeo explicando porque estrada da fúria tem sim, um ótimo roteiro, com mais nuance e sutilezas que muitos desconsideram.
"Se eu tivesse 14 anos, iria gostar nessa correria sem nexo." - não, se você tivesse 14 anos, você iria gostar do filme somente pelas cenas de ação e pelas atrizes; se você fosse um garoto mala e pretensioso de 14 anos estilo "nasci na geração errada", você iria fingir que não gostou do filme por ser um filme de ação; se você tivesse maturidade de um adulto, iria entender melhor os aspectos que eu já citei acima, e não acharia que esse é um filme feito apenas para adolescentes.
"Mas teria sido melhor economizar 20% nas explosões e carros, e terem contratado uns roteiristas para trabalhar melhor a história. É muita pirotecnia pra pouca história." - Estrada da Fúria é um filme de ação, em uma franquia de filmes de ação, que foca, principalmente, em carros: se Miller tivesse economizado nas explosões e carros, não seria Mad Max. Existem argumentos muito melhores explicando que é um equilíbrio muito bom entre ação e história do que o filme ser "muita pirotecnia para pouca história".
"Achei a história um pouco pobre, muitas mentiras que incomodam e personagens mal construídos." - assistir a um filme de ação requer aceitar algumas coisas e Estrada da Fúria tem algo que é mais importante em um filme de ficção do que coesão externa, coesão total com a realidade, o que normalmente chamado de "verossimilhança": estrada da Fúria tem preocupação suficiente com coesão interna, ou seja, o filme estabelece as próprias regras de forma clara, e as segue. Estrada da Fúria é quase como um conto de fadas pós apocalíptico em uma ótica contemporânea, e isso faz muito bem.
"História nula, nada relevante." - Já expliquei porque a história definitivamente não é nula, agora, chamar uma história sobre escassez de recursos e luta contra opressão institucional de "irrelevante" é algo que acho que nem preciso responder.
"Achei que faltou um pouco de história, poderiam ter explorado mais o personagem principal Max." - já expliquei porque não faltou história, e o personagem do Max foi tão bem explorado no filme quanto poderia ser tirar o foco da trama.
"Quem era então o Mad Max?!!! Ahn? Quem? Puxa! Jurava que era ela.. rsrs tirando a brincadeira.. cá pra nós, ela fez tudo no filme, roteiro todo dela. E o tal do protagonista (coadjuvante dela), inexpressivo. Bom ator, mas não para ser um Mad Max." - outro tema recorrente nos comentários é o pessoal que parece não entender o que é a franquia Mad Max, e o que é o personagem do Max: com exceção do primeiro filme, Max sempre foi uma pequena parte de uma história maior, um coadjuvante em uma história onde o foco é sempre o ambiente e um grupo de pessoas que vivem nele. A conclusão é: se você se incomoda tanto com um filme onde o personagem titular não é o protagonista da forma mais tradicional, então a franquia não é para você.
"não tive saco pra ver até o fim mas me lembrou a Corrida Maluca... na poeira" - dois problemas do comentário: implicar que Estrada da Fúria é realmente muito parecido Corrida Maluca, e implicar que Corrida Maluca é ruim, quando é um clássico por um bom motivo. Corrida Maluca, inclusive, é claramente inspirado em um filme de comédia de 1965 chamado A Corrida do Século no Brasil, que também é muito bom, por sinal.
"Alimentação das fantasias de hétero topzera, basicamente." - isso pode ser dito a respeito de muitos filmes de ação, mas acho que não pode ser dito a respeito de um filme onde um dos temas centrais são mulheres liderando a luta contra um sistema patriarcal.
"Filme incrível que todo homem de verdade gosta!" - ilustrando equívocos, quem viu Estrada da Fúria e entendeu, e viu o perfil que fez o comentário em questão, sabe que o filme definitivamente não contempla esse sujeito, mas acho que é esperar muito que o sujeito que faz questão de mostrar para todos que é "machão tradicional" na internet, ou em qualquer lugar, vá entender mesmo o óbvio da mídia que diz gostar. Não, o filme não concorda com você, e esse é um dos motivos que o tornam bom.
"Só eu que não achei esse filme bom?" - claramente não, é só ler os comentários, e eu detesto esses comentário que têm "eu sou o único que...", porque não, você nunca é o único, pois existem mais de 7 bilhões de pessoas no planeta.
"Não consigo ver essa coisa toda pelo qual esse filme é tanto reverenciado, com alguns até chegando a dizer que é o melhor filme de ação desde o T2." - Esse é o clássico comentário que tenta diminuir opinião alheia de forma passivo agressiva. Muitos já deixaram razões bem claras do porque gostaram do filme, então quem não entendeu, ou não leu, ou está fingindo que não entendeu, ou tem algum problema com interpretação de texto. Eu acho T2 superestimado, mas nunca vou fingir que não entendo porque as pessoas gostam tanto, pois isso é bem claro.
"Uma homenagem a Bollywood bem razoável" - esse não faz sentido para qualquer um que já viu um filme de Bollywood e Estrada da Fúria.
"Bons efeitos práticos não compensam a história insossa e os elementos de crítica (hoje em dia) breguíssimos, quem ouve falar todo dia que a água potável vai acabar levanta a mão. Até toma algumas decisões interessantes com relação ao retrato das mulheres como força renovadora da nova geração, mas até isso acaba soando um pouco forçado; o feminismo, no caso, vem mais como uma tentativa de atualizar a franquia para a modernidade do que como algo intrínseco à narrativa mesmo." - faltou prestar atenção aí, novamente: o estopim do apocalipse é, claramente, uma crise de combustível, e não a escassez de água; o maior problema atual não é escassez de recursos, mas distribuição, e isso pode sim levar à escassez, e é um assunto que ainda é relevante, e se os recursos naturais continuarem sendo tratados da forma como são, nunca vai deixar de ser, então não vejo onde isso é brega; mulheres protagonizando uma luta contra a representação de instituições tradicionalmente masculinas, que o filme deixa bem claro que levaram à destruição do mundo, em grande parte, por atitudes que são tipicamente associadas à dita masculinidade tradicional, não é forçado na narrativa, é parte essencial, integrada, intrínseca. Tão intrínseca é, de fato, que tem muito metido a "machão" que eu vi deixarem comentários misóginos em outros filmes, mas parecem achar que são contemplados por esse.
"mad max era meu filme preferido! detestei esse remake!!! parecia aquele filme do cuba goding jr,eu acho que é fantasmas de marte. não gostei das atuações,não gostei da trilha sonora,achei muito caricatu." - provavelmente o sujeito confundiu Cuba Gooding Jr. com Ice Cube, que está em Fantasmas de Marte, embora os dois sejam bem diferentes, e Cuba nunca tenha sido um rapper. Até entendo não ter gostado das atuações, embora eu ache que elas tenham servido o filme bem, mas não gostar da trilha sonora, não sei o que dizer. Além do mais, esse filme não é um remake, não sei de onde saiu essa ideia.
"O visual de videogame acabou com o filme. E não dá para entender um "Mad Max" em que o Max tá mais para personagem secundário" - realmente curioso para saber onde a pessoa que deixou o comentário achou um jogo com visuais semelhantes, apesar de Estrada da Fúria ter muitos efeitos práticos, e o CGI que tem ser muito bem integrado: pessoa foi no futuro e viu um jogo feito na Unreal Engine 9, e não quer revelar. Quanto ao Max ser "personagem secundário", já expliquei isso.
"Todavia, começamos a perceber uma grande falha no filme: o roteiro de “Estrada da Fúria” é construído explorando as cenas de ação e sua coreografia, não o arco narrativo – ou seja, o “drama” é um fiapo." - como já explicado, só porque o filme consegue integrar bem roteiro em meio às cenas de ação, não significa que não tenha roteiro sólido; além do mais, se você assiste a um filme de ação para reclamar que ação foi uma grande parte da narrativa, eu não sei o que dizer.
"Otimo somente para os olhos, Enredo bem fraquinho." - já expliquei isso, parem com a ignorância proposital.
"O Max é totalmente dispensável no filme... quem aparece é a Furiosa e isso não seria ruim, se o nome do filme não fosse Mad Max." - listar todas as formas como Max foi relevante para a trama deixaria esse comentário bem maior, então o que eu posso dizer é que a resposta está no filme, bem óbvia para quem prestou atenção. Citando apenas um dos muitos exemplos: Max é quem propõem para Furiosa e as Vulvalini de tentar tomar a cidadela, ao invés de continuar no deserto, mudando os objetivos, e colocando em movimento todo o terceiro ato do filme. Além do mais, que tipo de argumento é esse que o filme não seria ruim se o nome não fosse Mad Max? O nome define a qualidade do filme? Star Wars é ruim porque não é uma guerra entre estrelas, mas sim entre a Rebelião e o Império? A Fita Branca é ruim porque a fita em si é só uma pequena parte do filme? Jurassic Park é ruim pelo fato da maioria dos dinossauros que aparecem no filme serem do período Cretáceo? Moby Dick é uma obra ruim por Ishmael ser o protagonista, e não a baleia? Alguns argumentos eu simplesmente não entendo.
"Não gostei da condução da história, faltou um pouco mais de profundidade, e o fato de um ator totalmente diferente do Mel Gibson interpretar o Max me fez perder o gosto." - já expliquei a parte da história, e quanto ao Mel Gibson, não sei onde faz falta: nunca foi um bom ator, e ele se revelou como um anti semita instável que basicamente só dirige filmes de propaganda.
"Me decepcionei um pouco, visto que não há enredo quase nenhum, apesar das semelhanças nos ambientes, veículos e figurinos." - já expliquei porque dizer algo na linha que história e roteiro são praticamente inexistentes é errado: não ter gostado é questão de opinião, mas dizer que história basicamente não é existe é objetivamente errado.
Esse foi longo, para mim foi terapia, desabafo. Lembrando que não gostar do filme é questão de opinião, ninguém é obrigado, mas existem argumentos mais ou menos embasados quando você quer ir além de "eu não gostei".
O Retorno da Maldição - A Mãe das Lágrimas
2.5 102Atenção: spoilers para um filme bem ruim com um roteiro sem sentido de 15 anos atrás; e também, não leu, mas reclamou do tamanho do comentário, e não do conteúdo, ao invés de ignorar e não perder seu tempo ou o meu, significa que é idiota e carente.
Não fosse eu saber, antes de ver um filme, que é o terceiro filme de uma trilogia do Dario Argento, eu não saberia que é um filme do diretor: esse filme não tem personalidade na direção ou fotografia, parecendo qualquer filme genérico de filme de terror do começo dos anos 2000 que passam no Space de madrugada. Como esse filme não consegue ter atmosfera através de direção, fotografia e trilha sonora como os anteriores, Argento apela para choque barato: esse filme é o mais gráfico e violento dos três, com bastante gore, e cenas de sexo e nudez gratuitos. A violência é tão frequente, e exagerada, que deixa de ser chocante, ao contrário dos filmes anteriores, onde era bem intercalado com o suspense, mas o que é bem questionável nesse filme é o uso de nudez. Eu não sou puritano, e entendo que isso pode funcionar, se bem executado, mas eu começo a imaginar que Argento não tinha bem em mente o que era melhor para o filme, no aspecto artístico, quando ele decide interromper a história para colocar uma cena de sexo entre duas mulheres que não é pouco explícita, e depois quando uma dessas mulheres tem talvez a morte mais cruel de qualquer personagem do filme (eu ainda não decidi se é pior ter dois olhos furados e depois morto, ou morrer enforcado nos próprios intestinos), enquanto sua parceira é obrigada a olhar. Perto do final do filme, Mãe Lachrymarum aparece, como acontece nos filmes anteriores e suas respectivas "Mães", mas ao contrário do que acontece nos filmes anteriores, ela aqui não aparece como uma pessoa muito velha, decrépita e deformada, mas sim como uma mulher jovem (a atriz tinha 27 na época), e totalmente nua. Já era meio evidente a forma como o roteiro em Inferno parecia arranjar desculpa para matar as personagens mulheres só para Argento colocar diversas atrizes que ele provavelmente achava bonitas no filme, mas aqui ele realmente não tentou fazer segredo em relação a algumas decisões que certamente não foram feitas em benefício da história.
Outro problema aqui é o roteiro, que nunca foi um ponto, nem nos filmes anteriores, mas Suspiria e Inferno tinham estilo e atmosfera, e parece que sempre foi a intenção de Argento de criar uma experiência mais sensorial onde estilo era a substância. Aqui, sendo o filme bem genérico, o estilo também é genérico, e o roteiro começa a fingir que a história importa agora, com personagens despejando exposição em várias cenas e referenciando os dois filmes anteriores, mas nessa tentativa acaba tendo a história mais bagunçada e sem sentido da trilogia. Eu consegui captar que tinha um culto envolvido, e que eles estavam matando pessoas por se oporem, ou simplesmente saberem a respeito, dos planos da Mãe Lachrymarium, mas parece que o filme desiste em se explicar e admite que tudo era uma desculpa para mostrar sangue, violência e nudez, mas sem estilo. As atuações também são ruins, ninguém é convincente, e tudo contribui para o filme parecer uma paródia do gênero, exceto que tenta se levar muito a sério. Bem ruim, o pior da trilogia por uma margem bem grande, mas acho que a franquia foi redimida com o ótimo Suspiria de 2018, um remake que supera mesmo o já bom original.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraDessa vez sai mesmo?
Armageddon
3.5 1,1KUma das primeiras lembranças que eu tenho de ver um filme nos cinemas, e eu não lembro de detalhes, mas lembro das sensações e dos pensamentos de forma vaga, que eram os mesmos que eu tive quando eu assisti filmes do Michael Bay no cinema, quando adulto: "isso é chato, eu tô cansado e quero ir embora". Os únicos bons aspectos do filme são aquela música do Aerosmith que muita gente adora, mas tem medo de admitir, e aquela parodia do Frango Robô que é um dos únicos quadros realmente engraçados do programa, mas isso nem é parte do filme em si.
Solaris
4.2 368 Assista AgoraAtenção: potenciais spoilers para um filme de 72 que é bem abstrato na mensagem.
Tarkóvski supostamente fez a primeira hora de filme ter um ritmo bem lento de propósito (e todo o filme tem um ritmo lento) para que os "idiotas" saíssem do cinema e só sobrassem apenas os realmente interessados. Tivesse Tarkóvski vivido tempo o suficiente para ver o surgimento das redes sociais, teria descoberto que não precisaria ter se esforçado tanto, porque aqui no filmow, por exemplo, é só você escrever um comentário um pouco maior que o "normal" que algum carente vem perder o tempo dele, e o seu, para mostrar que se orgulha da incapacidade de ler texto pequenos (porque "grande" para o filmow ainda é pequeno para qualquer outro padrão de texto) e simples, simplesmente respondendo que achou grande, e não leu. Não estou falando que quem não gostou de Solaris é idiota, porque é uma questão de opinião, e gosto é gosto, mas eu quero reforçar que quem perde tempo respondendo comentário "grande" simplesmente para dizer algo do tipo "muito grande, nem li", é, de fato, idiota, e também carente.
Solaris é o tipo de filme contemplativo que eu gosto, e que é excelente sci-fi, o tipo que usa o aspecto de ficção científica para gerar discussões atuais e relevantes a respeito da humanidade, e aqui os efeitos, cenários e conceitos apresentados são um panos de fundo para uma trama que envolve discussões a respeito do conceito de humanidade em si, o que significa "ser", crise de identidade, entre outros assuntos. Um filme tão contemplativo e carregado de diálogos funciona porque Tarkóvski tinha talento e sensibilidade artística para tornar mesmo o tipo de direção que seria tediosa nas mãos de outros interessante, com tomadas longas, e contínuas, e com atores muito bons que transmitem todo o significado das cenas através de expressões faciais e linguagem corporal. e uma trilha sonora que é bem russa, e bem melancólica. O filme tem várias tomadas bonitas, com um clima que, mesmo mostrando apenas paisagens, transmite bem os aspectos mais subjetivos dos personagens.
Por algum motivo, aparentemente porque Tarkóvski se manifestou a respeito, esse filme é muito comparado a 2001 do Kubrick, embora sejam filmes bem diferentes em execução, e embora eu ache 2001 muito bom, ainda prefiro Solaris, pois 2001 foi feito propositalmente hermético e abstrato porque Kubrick queria contar a história visualmente, e o filme, ao contrário do que acontece com a maioria das adaptações, foi escrito para acompanhar o filme, oferecendo respostas muito mais claras e mais diretas ao que era abstrato no filme, com as respostas dadas sendo de um nível que talvez não justifique todo o espetáculo do filme. Solaris, por outro lado, não necessita da leitura da obra original para que a mensagem seja passada, e a abstração e complexidade da são parte intrínseca da trama, pois é uma história que incorpora a complexidade do ser humano, suas dúvidas e medos, em determinadas situações. Não é um filme que precisa ser entendido totalmente para ser apreciado, sendo a atmosfera a própria incerteza transmitida pelos personagens parte da experiência. Solaris sofre com a questão da falta de recursos, mesmo para os padrões da época, e isso fica bem óbvio em alguns cenários, mas compensa tanto na forma como o roteiro aborda e desenvolve os temas, que como sci-fi, é muito melhor executado e mais efetivo que muitos filmes do gênero mais modernos e com grandes orçamentos, como o polido e tecnicamente impressionante, mas raso e superestimado Interestelar. Um filme que merece seu status de clássico, mas que não tem a popularidade de tantos outros filmes com o mesmo status, por ser inegavelmente um filme do Tarkóvski.