Essa sexta temporada está demais! O quarto episódio foi muito bonito, bem desenvolvido e repleto de reflexões importantes para o contexto caótico daquele mundo. Esse psiquiatra foi um dos melhores personagens que apareceram na série!
A história de Morgan foi a mais bem contada de todas. Não dá para pintar mais que ele é um idiota. Pode até ser que seus atos tragam consequências desastrosas depois (assim como os atos violentos de outros também trouxeram), mas não dá pra dizer mais que é decorrente de ignorância e estupidez. A motivação do personagem é mais complexa do que imaginávamos.
No oitavo episódio Tyrrell fala para a esposa que descobriu algo que está "acima deles" e que é muito maior que um simples plano de vingança. Ela pergunta o que está acima deles e ele responde: "Deus". No décimo episódio, na cena do café, Mr. Robot diz pra Elliot que supostamente ele é seu deus. Não sei se há alguma relação, mas muitas coisas nessa série não foram colocadas por acaso... Seria Elliot, Tyrrell e Mr. Robot um única pessoa, numa analogia à doutrina da Trindade, que diz que Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus? Reparem também que Ângela passou a trabalhar para a Evil Corp... Ângela seria a representação de Lúcifer, por supostamente ter "traído" Elliot. Reparem que há algumas referências ao filme "O Diabo Veste Prada"...
Não acredito que a série assuma um caráter sobrenatural, portanto, são apenas analogias que servem como pistas. Ou não, pode ser apenas a minha imaginação indo mais longe do que deveria. rs
São muitas maluquices, mas isso é um dos baratos da série. Muitas referências para nos fazer pensar.
Foi genial Elliot falando conosco, afirmando que sabemos mais que ele e se colocando, por alguns instantes, na condição de espectador.
Surpreendente Darlene ser sua irmã. Entretanto, fez bastante sentido se pensarmos em alguns momentos de outros episódios. Ex, episódio 2: "Elliot: Como você descobriu onde moro? Darlene: "Como eu não saberia onde você mora?" Agora podemos completar a fala de Darlene com o "Afinal, sou sua irmã".
E espero que White Rose não desapareça, porque a apresentação do mesmo foi fantástica e ele próprio parece ser um personagem fantástico.
O ritmo não caiu. Pra falar a verdade, a série está cada vez mais dinâmica. Se os dois primeiros episódios foram centrados em Elliot (em quase todas as cenas ele está presente), nos dois últimos já é possível notar o desenvolvimento de outros personagens (já há cenas 'independentes', isto é, sem a presença de Elliot). Isso é fundamental para o crescimento da série, pois é difícil qualquer uma delas se sustentar sem bons personagens coadjuvantes. Um conjunto de personagens carismáticos é importante para a fluência da narrativa.
A trama está fluindo muito bem, com peças se encaixando e perspectivas de desdobramentos (como a inserção do Dark Army, que de possível aliado, poderá se tornar um inimigo, já que a tarefa de salvar a All Safe certamente recairá sob Elliot). E foram os dois últimos episódio que alavancaram as várias possibilidades que estamos matutando agora.
Parece que, depois do final do quarto episódio da primeira temporada de True Detective e do filme Birdman, os diretores das grandes séries estão cada vez mais entusiasmados com planos-sequência. Neste ano tivemos um no segundo episódio de Demolidor e agora é a vez de Mr. Robot. O plano-sequência foi fantástico por sua estética realista, mas sendo parte de um delírio que inclui momentos surreais. Para dar um nó na cabeça do telespectador (como só as produções mais inteligentes conseguem fazer). Excelente.
Ser normal, segundo Elliot: arranjar uma namorada, assistir os estúpidos filmes da Marvel, fazer academia, curtir coisas no Instagram e beber café com leite de baunilha. hahahaha
Se continuar nesse ritmo, será a melhor estréia de 2015 (e olha que o páreo é duro: Demolidor e Better Call Saul). Tudo impecável até o momento: direção, roteiro, fotografia, montagem, trilha sonora, elenco etc.
O terceiro episódio foi bastante interessante. Extremamente inteligente a utilização de um conceito próprio da tecnologia virtual (“bug”) para explicar situações, comportamentos, visões de mundo etc.
Mr. Robot seria o bug de (em) Elliot? Algumas reflexões de Elliot apresentam indicativos de que isso é plausível. Como o terceiro episódio deu muitas pistas nesse sentido, elaborei umas questões interpretadas a partir de pensamentos de Elliot. Tais questões convergem para a tese de que os dois são uma pessoa só. Talvez não seja nada disso, por isso que acho mais producente apresentá-las como questionamentos. Se alguém quiser, pode arriscar respondê-las ou pode aguardar o desenrolar da série.
“Os programadores acham que um software de debugging significa consertar um erro, mas isso é tudo besteira. Na verdade, debugging é apenas sobre achar o bug. É sobre entender por que o bug está lá, para começar. Sobre saber que a existência dele não é acidente. Ele vem até você para entregar uma mensagem, como uma bolha inconsciente flutuando para a superfície, estourando com uma revelação que você secretamente já sabia.”
“Mr. Robot pode ter achado o bug na Evil Corp, mas ele não achou o meu. É a única maneira que tenho de me proteger. Nunca mostrar a eles o meu código-fonte. Fechar-me. Criar o meu frio e perfeito labirinto onde ninguém poderá me encontrar.”
“Mr. Robot finalmente encontrou meu bug”
Essas reflexões de Elliot não pressuporiam a exterioridade de Mr. Robot, ao mesmo tempo em que indicam, de certa forma, que existe algo oculto, uma “bolha inconsciente querendo flutuar para superfície”? Mr. Robot seria o bug de Elliot, isto é, seu inconsciente alcançando, por vezes, o consciente? Ou seria o contrário? A existência do bug não seria um acidente porque ele mesmo é o próprio ser ou parte do ser de Elliot? Mr. Robot não teria encontrado o bug de Elliot porque o código-fonte de Elliot é o próprio Mr. Robot? Mr. Robot encontrando o bug de Elliot significa apenas que a sua personalidade assumiu o controle e que a partir de então Elliot “fará o que deve fazer” de maneira radical?
“Um bug nunca é apenas um erro. Ele representa algo maior. Um erro de pensamento. Faz de você quem você é.”
Não sendo apenas um erro, então é possível afirmar que o bug (Mr. Robot) não é conseqüência somente de um distúrbio psicológico? Mr. Robot seria o próprio Elliot e sua vontade de fazer algo maior? Seria ele o hacker que faz justiça em pequena escala e Mr. Robot um Elliot radical que quer fazer justiça num âmbito maior? Se o bug “faz de você quem é”, então a personalidade de Elliot seria moldada a partir de Mr. Robot?
“Levarei uma vida livre de bugs a partir de agora.”
A tentativa de ser normal seria uma negação do seu próprio ser? (supondo que Elliot e Mr. Robot sejam um só)
“Geralmente, bugs têm uma má reputação. Mas, às vezes... Quando um bug finalmente se apresenta, pode ser emocionante. Como se tivesse acabado de desbloquear algo. Uma grande oportunidade aguardando para ser aproveitada.”
Apesar de Elliot desconfiar da reputação (ou caráter) de Mr. Robot, não é ele que acredita que o último pode estar certo em muitas coisas e que seus ideais podem ser nobres? Apesar de parecer, inicialmente, uma tremenda furada, Elliot não ficou bastante emocionado quando o plano de incriminar o executivo da Evil Corp deu certo? O aparecimento de Mr. Robot não seria um desbloqueio das próprias inclinações de Elliot? A “grande oportunidade aguardando para ser aproveitada” não seria a própria aceitação e execução dos planos de Mr. Robot, isto é, destruir a Evil Corp e fazer uma “revolução”?
“Afinal de contas, um bug é só um propósito, sua única razão para existir é para ser um erro que precisa ser corrigido, para ajudar você com o certo ou errado. E o que parece melhor do que isso?”
“O bug força o programa a se adaptar, envolve-se em algo novo por causa disso. Funciona ao redor e dentro dele. Não importa o que aconteça, ele muda. Ele se torna algo novo. A próxima versão. A atualização inevitável.”
A mudança para algo novo, a “nova versão”, seria o resultado de uma dialética entre os anseios de Elliot e os de Mr. Robot? O “plano b” de Elliot para destruir os backups não seria essa “atualização inevitável” que resulta dos anseios da sua dupla personalidade? Essa dialética é necessária para que o Elliot, que está enfrentando muitos dilemas, consiga distinguir com clareza o certo e o errado?
Pois bem... São várias questões e isso só está sendo possível porque a série é extremamente rica em ideias e oferece uma gama de possibilidades interpretativas (mesmo tendo uma evidente influência de Clube da Luta). E olha que são apenas três episódios até o momento.
O terceiro episódio serviu também para nos apresentar melhor outros personagens. Os dois primeiros focaram em Elliot, que é um personagem fácil de conquistar o público, e no terceiro conhecemos melhor Tyrell (que certamente será um antagonista fantástico... inteligente, egocêntrico, ambicioso, sistemático e perfeccionista, são os indícios apresentados) e Shayla (que parece ser a personagem que mais se identifica com a personalidade anti-social de Elliot).
Eu não quis comentar as cenas que apresentam indícios de que Elliot e Mr. Robot são uma mesma pessoa, porque a galera fez abaixo e fizeram muito bem. Muito bem observado o lance das bebidas iguais e os diálogos, que não são diretos. :)
Ótimo o episódio 6. Diferente dos anteriores, mas dentro da concepção BB.
O episódio foi mais 'dark'. O colorido e a claridade foram menos acentuados. Planos intimistas, demorados para os padrões da TV, silenciosos e com pouco movimento. A atmosfera de melancolia esteve presente desde o início, aumentando bastante com o diálogo no final. Um episódio feito para Mike e que, em seus aspectos mais técnicos, reproduz um pouco da sua personalidade.
Belíssima história a de Mike. Apresentou algumas razões para entendermos um pouco mais a sua personalidade taciturna.
Creio que a série terá uma dinâmica própria, mas não posso deixar de destacar algumas características que foram marcantes em BrBa e que estão presentes nesse piloto:
o humor negro (sexo com uma cabeça? Putz!); os enquadramentos e as câmeras posicionadas em lugares inusitados (como aquela acima do teto transparente do escritório); e as cenas 'silenciosas' (como a que Saul está encostado na parede do estacionamento e tira um cigarro da boca de uma garota). Tive um pouco de dificuldade de compreender a relação dele com aquele advogado e o escritório de advocacia. Matutei, mas é provável que virão esclarecimentos. Corretamente não entregaram tudo logo de cara.
Foi ótimo rever esse picareta, agora como protagonista. :)
Episódio 1: Pareceu um final de temporada. Não há muito o que dizer que já não tenha sido dito, mas falarei de algo que me chamou a atenção: a explicação para o comportamento das pessoas do Terminal. Em apenas dois flashbacks conseguiram dar uma explicação que foge um pouco do comum dualismo bem/mal. As pessoas de Terminus não eram más; elas foram oprimidas, lutaram e conseguiram vencer seus algozes; então, concluíram que a única maneira de viver num mundo onde os antigos valores morais deixaram de fazer sentido é saindo da condição de ‘caças’ para tornarem-se ‘caçadores’. É uma perspectiva de sobrevivência. O grupo de Rick tenta preservar ao máximo a dignidade de outrora, mas o custo tem sido muito alto. O grupo de Terminus apenas não quis mais arcar com um custo parecido (o de passar fome, de ser aprisionado, molestado etc.).
Não estou defendendo a perspectiva, que fique claro. rs Apenas achei interessante a explicação rápida, mas rica em interpretações.
Episódio 2: Mais calmo que o anterior, porém, cheio de suspense e mistério. Gostei também do clima de ‘festa’ depois dos momentos difíceis. O discurso de Abraham trouxe um alento de esperança e isso ficou perceptível nos olhares e sorrisos de todos. Mas, esses momentos em TWD duram pouco. Pouco depois Bob sai da ‘reunião’ e começa chorar do lado de fora. Enunciava algo ruim que estava por vir. O final foi bizarro.
Episódio 3: Episódio dramático. Muito legal como conseguiram tornar emocionante o fim de um personagem secundário e de pouco interesse para muitos. A chacina na igreja foi constrangedora e, possivelmente, um dos momentos mais fortes da série. Basta prestar atenção nos olhares de Glenn e Maggie para entenderem isso. Falando nesta última, parece que ela não lembra mais da irmã. Ou fui eu que não prestei atenção em alguma cena? :p
Episódio 4: Talvez o mais diferente da série. Cenário estranho: um hospital limpo, com enfermeiros, cozinheiros, policiais, um médico e nenhum zumbi... Aparentemente normal. Bastante diferente do cenário de desolação com a qual estamos acostumados. Entretanto, essa ‘normalidade’ escondia um ‘sistema’ extremamente rígido, onde a liberdade individual não existe. Tudo que é usufruído tem que ser devolvido com trabalho. O preço é muito alto, chegando-se ao ponto das mulheres serem submetidas aos policiais, para que estes se sintam relaxados e em melhores condições para exercerem seus ofícios. Pior de tudo: com o aval de uma mulher. Mais um dos ‘sistemas’ que aparecem em TWD, onde, inicialmente, parecem funcionar. Depois se revelam ‘eficazes’ à custa de sangue.
Não concordo quando dizem que Beth evoluiu. Um episódio é muito pouco para tal.
Episódio 5: O mais fraco de todos, mas com bons momentos. Destaque para Abraham e Eugene. Mais uma vez os roteiristas foram felizes em explicar as motivações. Para o caso de Abraham ainda mais. A vida dele havia perdido o sentido depois de ver os filhos e a esposa mortos. O suicídio, pela perda e talvez pelo sentimento de culpa, era a saída para uma vida que iria carecer de sentido. Então Eugene aparece e dá um novo sentido: a de salvar o mundo (e, talvez, uma chance de vingança). Isso explica, a meu ver, a obsessão de Abraham para chegar em Washington (a coisa mais importante da vida dele havia sido ‘substituída’ por esta). A cena que ele ajoelha e chora é ápice do seu ‘desmoronamento’. É como se ele chorasse pelo tempo perdido e por estar vivo, quando o ‘conforto’ da morte esteve tão perto. Difícil saber agora o que o moverá. Com relação à Eugene, apenas um cara inteligente que soube utilizar essa inteligência para conseguir dos outros o que ele não tem: coragem. Talvez, também, um nerd com dificuldade para relacionamentos humanos.
Conseguiram a façanha de fazer uma temporada ainda melhor que a primeira. As melhores características da primeira temporada foram mantidas (o tom contemplativo, as imagens carregadas de simbolismos, as metáforas, os diálogos afiados, a fotografia belíssima, a trilha sonora variada e adequadamente escolhida para determinadas cenas), agora, como acréscimo, um melhor desenvolvimento da trama. O acréscimo, neste caso, teve haver com o fato da segunda temporada contar com 10 episódios, já que a trama começou a tomar um rumo ‘distinto’ a partir do sétimo episódio (não que não fosse excelente antes... mas era necessário que tomasse o rumo que tomou para que fossem criadas expectativas para uma terceira temporada).
A questão da culpa ou inocência de Daniel no caso Hanna sempre foi algo secundário na série. O que mais atraía era a perspectiva de como ele se adaptaria ao mundo e como o mundo se adaptaria a ele. Trabalharam magistralmente com essa perspectiva. Daniel, um personagem complexo sendo afetado pelas coisas e as pessoas e as afetando também. Tal premissa gerou momentos carregados de emoção e beleza (e a ‘beleza’ pressupõe a dor, já que a beleza machuca mais que a feiura, como diria o Homem das Cabras e Daniel) e outros inusitados e bizarros. Por outro lado, mesmo a questão da culpa ou inocência sendo secundária na série, sempre foi potencialmente interessante. E os últimos episódios vieram para mostrar que os roteiristas acertaram em trabalhar tal questão. O tratamento foi sutil e não desvinculado da premissa principal da série - o exemplo maior desse vínculo é a confissão de Daniel... A presença dele em Paulie tornou as coisas difíceis para as pessoas próximas e a confissão seria, portanto, a solução para o problema. O confronto com Trey e a confissão, momentos relacionados à questão do crime, são alguns dos exemplos de como o nível série elevou-se ainda mais. Manteve as boas características e ganhou bastante em suspense. Ótimas perguntas ficaram, para nos deixar ansiosos pela terceira temporada.
Ps: Que atuações soberbas! Todo elenco está de parabéns, mas Aden Young é um caso 'acima'. A cena da confissão foi uma das mais bem interpretadas que já presenciei em séries. Conseguiu transmitir com eficiência toda a dor do personagem. Não pisquei os olhos por 10 minutos. Ressalvas apenas para a atriz que interpreta Tawney, por conta da sua falta de habilidade para conseguir chorar. Nada que comprometa, mas é um detalhe que merece menção.
O último episódio foi apenas morno, mas aceitável, considerando a proposta dessa primeira temporada. A trama sobre o desaparecimento de Mina (mediana, na minha opinião) serviu apenas de pano de fundo para aquilo que fizeram muito bem: desenvolver os personagens. Meu maior receio, quando assisti o piloto, era de que a série descambasse para o aventuresco, tornando-se parecida com A Liga Extraordinária (que possui uma premissa semelhante: a de reunir personagens clássicos do terror). Se eles tivessem se enfocado na trama, levando-se em consideração que seriam apenas 8 episódios, talvez o desenvolvimento dos personagens tivesse ficado comprometido e estaríamos diante de uma história de caráter aventuresco com personagens superficiais. Escolheram o melhor caminho e abriram a possibilidade de criarem excelentes tramas no futuro. Com personagens interessantes e carismáticos, diga-se de passagem.
Portanto, encaro essa primeira temporada como um projeto (muito bem arquitetado).
Sobre Dorian Gray, que foi um personagem praticamente 'secundário', creio que será melhor desenvolvido depois. Quiseram envolvê-lo numa atmosfera de mistério, para ser, possivelmente, um dos grandes destaques no futuro. Tem o fato também das pessoas terem curtido demais o personagem, algo que pode ser determinante para que ele vem ganhar espaço na história.
E é claro que há ainda muito para se contar a respeito dos personagens. Vanessa teve um episódio praticamente para ela e, creio eu, os outros também terão. Sir Malcom e sua viagem com o filho para a África (e de quebra, a história do seu criado); a vida de Chandler na América, a relação com o pai e como ele se tornou um lobisomem; a relação do Dr. Frankenstein com a poesia e sua obsessão pela 'ciência' da fronteira entre a vida e a morte; Dorian Gray, o retrato, e a degradação da sua alma. Provavelmente aparecerão outros personagens importantes também.
Espero que a audiência se mantenha alta, porque é uma série cara $ (vide os impressionantes cenários e o figurino). Manter uma Eva Green também deve ser 'difícil'.
Episódio espetacular esse 7. Na minha opinião, o melhor da temporada.
Apesar dos sustos proporcionados, o que mais chamou a minha atenção foi a dramaticidade. Incrível como souberam conduzir o drama de Vanessa e dos outros personagens. O ritmo foi impecável, na medida certa para que acompanhássemos e sentíssemos o cansaço físico e mental dos personagens. Impotência, culpa, amor, ódio, esperança, desespero, fé, descrença, um mix de sentimentos alinhados ao mistério e à segredos ainda por serem revelados.
E Eva Green? Confesso nunca gostei muito das atuações dela, mas tenho que admitir que nos últimos anos ela melhorou muito e Penny Dreadful é o ápice. Um papel dificílimo que ela tem correspondido muito bem. Forte candidata a faturar muitos prêmios da TV.
Ps: Os personagens sofreram não apenas por acompanharem impotentes o sofrimento de Vanessa. Também por terem escutado, de maneira brutal, a verdade da boca dela. rs
Impressionante o episódio 12. Na minha opinião, o melhor da temporada. O ápice dos diálogos inteligentes (tive de pausar várias vezes para poder refletir e assimilar melhor o que estava escutando. Não sou inteligente como Will e Hannibal rs); e atuações impecáveis (não é uma novidade para a série que tem o melhor elenco, mas Michael Pitt chegou arrebentando).
O intricado jogo de "gatos e ratos" teve seu melhor momento nesse episódio 12. Por tudo que foi mostrado, é bem provável que as coisas não terminem bem para um precipitado rato, que começou acreditar que era um gato. :p
A impressionante fotografia dessa série consegue 'embelezar' a morte. A beleza dos pratos de Lecter consegue nos deixar com a boca cheia de água, mesmo sabendo qual é a origem do conteúdo.
A baixa audiência nos EUA provavelmente é por conta da inteligência dos personagens e dos diálogos. Muita filosofia, psicologia, psiquiatria, neurologia, sociologia, antropologia, etc. Não cabe na mente do público comum.
Comecei assistir essa série por causa de um amigo, que insistentemente me indicava.
Confesso que demorei um pouco para 'entrar' na série, mas, creio que isso ocorreu por causa do desenvolvimento lento da narrativa, da grande quantidade de personagens (demorou um pouco para me acostumar com eles) e os planos relativamente curtos. Tais características são adequadas, até porque, a proposta da série é trazer uma abordagem mais realista do trabalho policial (e os entornos). Pode parecer enfadonha no início, porém, é interessante seguir em frente, pois é questão apenas de se habituar.
Essa abordagem mais realista mostra, de maneira ‘crua’, tudo aquilo que envolve a dimensão policial: o trabalho nas ruas e em gabinetes (difíceis, diga-se de passagem), as hierarquias, a relação com o judiciário, a burocracia, a falta de recursos (sim, nos EUA também ocorre), os jogos de interesses (cada um pensando no seu próprio rabo) e a corrupção; do outro lado, o funcionamento de organizações criminosas, alcançando também o âmbito dos viciados.
É importante destacar que, por conta da abordagem realista, a série escapa um pouco das ‘romantizações’ tão comuns no cinema e na TV. Aqui não há o policial 100% inteligente, 100% bom e 100% competente, capaz de façanhas 'sobre-humanas’; também não há o criminoso 100% desumano, cruel e injusto. Não, não há idealizações; todos são capazes de amar e de odiar, de cometer erros e, com muito esforço, também acertos.
Há personagens muito carismáticos, que você descobre de maneira gradual: Omar, McNulty, Kima, Bubbies, Lester e Dee.
Enfim, é uma série com muitos atrativos; bem dirigida, roteiro inteligente, boas interpretações, personagens carismáticos, diálogos afiados e ótima montagem.
Ps: minha análise é apenas da primeira temporada, mas, duvido muito que me decepcionarei com as próximas.
Gosto de TWD não tanto pelos zumbis, mas pela perspectiva de um mundo povoado por eles. Partindo daí, situações extremas surgem, onde as pessoas são obrigadas a tomar decisões difíceis.
E a decisão que Carol e Tyreese tiveram que tomar talvez tenha sido a mais difícil até hoje. Uma coisa é Rick apontar a arma e atirar numa Sofia errante, outra é Carol apontar e atirar numa criança viva. Acho que todos que assistiram se perguntaram: "Será que ela não mudaria se bem aconselhada?" Ficou claro que isso não aconteceria, pois se configurou em Lizzie um grave caso de psicopatia. Ela matou a irmã, não sentiu nenhum remorso e nada conseguiu convencê-la de que os errantes eram 'nocivos'. Não havia outra alternativa.
Foi muito boa a maneira como essa psicopatia se desenvolveu e como foi encaixada dentro do contexto. Um desvio comportamental e das "normas sociais", concomitante à uma empatia com os 'incompreendidos' zumbis.
Espetacular do início ao fim. Entretanto, não posso deixar de pontuar algumas coisas que me incomodaram no episódio final, principalmente no que diz respeito ao personagem Rust. Declaro desde já que gostei muito do final e creio que os pontos ‘negativos’ não afetam a minha avaliação da série como um todo.
1. O 'desfecho' da investigação. Foi bastante simples, consistente e correto. Mesmo assim, não faltou emoção e suspense. Rust e Marty percorrendo Carcosa foi o ápice do suspense na série. Ninguém fazia ideia do que encontraria ali e do que poderia acontecer. Além do mais, teve aquela voz medonha... Ao longo desses dois meses foram criadas muitas teorias para tentar desvendar os mistérios e descobrir quem era o assassino ou os assassinos. Isso foi muito interessante, nos levou a fazer bom uso da nossa imaginação, contudo, nos dois últimos episódios ficou muito claro que o foco principal da série era a relação dos dois detetives. Neste sentido, ficou num segundo plano o 'fim' da investigação, daí um final não muito surpreendente (talvez tenha sido surpreendente pelo que faltou, porque, depois do nosso trabalho investigativo rs, algumas coisas pareciam certas, como, por exemplo, o envolvimento das filhas de Marty).
2. A fidelidade aos objetivos da literatura inspiradora. Quem lê os contos de Lovecraft sabe que o modo dele produzir terror e suspense se sustenta não no que é mostrado, mas naquilo que está 'distante': no Indizível, no Incomensurável, Naquilo que não pode ser visto, etc. As palavras enigmáticas da voz em Carcosa, o vórtice que Cohle viu (se é que não foi uma consequência das drogas rs), o significado das galhadas, entre outras coisas, ficaram em 'aberto', cabendo a quem acompanhou interpretar ou, melhor ainda, silenciar-se, pois 'existem' coisas que estão “além do entendimento humano”. Operar com 'sugestões' é uma ótima maneira de produzir suspense e terror, então mérito para Nic Pizzolato, que soube muito bem criar essa atmosfera a partir de referências literárias da melhor qualidade.
3. Marty ou o próprio Rust não terem participação nos crimes. Algumas teorias os colocava sob suspeita, principalmente aquelas relacionadas a Marty, porém, a maioria dos telespectadores queria mesmo que eles se ‘acertassem’ de alguma maneira. E isso aconteceu. Começou no penúltimo episódio e fortaleceu no último. Obviamente, uma amizade à maneira deles, com dedos sendo apontados e com 'fuck you'. rs De uma maneira muito complexa, havia uma química entre eles e foi basicamente uma das coisas que a série quis mostrar. No final Marty foi um pouco Rust e Rust foi um pouco Marty.
O que não me agradou:
1. A explícitação de um maniqueísmo. Ora, num dos diálogos marcantes da série, Rust diz pra Marty que eles eram homens maus caçando homens maus. O maniqueísmo esteve presente desde o início, pois todos os defeitos de Marty e Rust e as besteiras que eles fizeram eram pequenos se comparados aos crimes que eles investigavam. Mas, essa luta entre o 'bem' e o 'mal' aparecia de maneira sutil. Marty e Rust não eram apresentados como heróis (quando isso aconteceu, foi através de uma série de mentiras) e também havia muitas dúvidas sobre o caráter de todos os personagens. Por tudo isso, foi estranho Rust afirmar que há, desde os primórdios, uma luta entre a luz e a escuridão e que naquele momento a luz tinha predominado. Teria ele começado a crer que existia o Bem e o Mal?
2. Rust foi o personagem marcante da série por conta do seu niilismo e ceticismo. A experiência de quase morte foi muito forte e poderia mudá-lo a tal ponto de fazê-lo crer que há um sentido para a vida. O que eu questiono é o seguinte: Um sujeito crítico como ele não poderia se questionar se as visões que tinha, inclusive da experiência de quase-morte, não eram decorrentes de anos de uso de drogas? Nada do que foi mostrado na série evidencia que o sobrenatural esteve presente e era real. O sobrenatural era real para os membros da seita (e, pelo que vimos, não são 'testemunhas' confiáveis) e apenas Rust é que tinha visões. Não haveria, então, motivos para afirmar a existência do sobrenatural com base no que Rust viu. Rust poderia continuar sendo niilista e cético, sem nenhum prejuízo para a trama. Até porque, toda a investigação feita por ele foi de maneira racional. Entretanto, é da cultura religiosa americana afirmar que existe vida depois da morte e isso é utilizado 'teleologicamente' na ficção.
Vale frisar que no ponto dois do que me agradou, me refiro à maneira de criar uma atmosfera com base em sugestões, o que não implica necessariamente que tal atmosfera estabeleça uma condição de verdade. Pode ser verídico ou não (e a incerteza é que torna a situação interessante).
É evidente que não é nenhum absurdo sugerir um Rust não cético e niilista. As pessoas mudam. Creio que a questão seja apenas de perspectivas. A minha perspectiva daria conta de um Rust que não mudaria em nada sua forma de ver o mundo, e sairia da experiência de quase-morte tão cético e niilista quanto antes.
Deixo claro também que posso estar errado, pois estou partindo do pressuposto de que Rust é mesmo um niilista e cético (e até mesmo ateu) e isso não é algo evidente; e ‘chegando’ a uma situação em que esse ceticismo e niilismo são ‘destruídos’, algo que também não é evidenciado, pois a história acaba nesse momento. rs
Resumindo: eu só não queria mais um final que mostrasse que não há um fim e que é questão de tempo encontrar aqueles que já partiram. Acho que estou sendo demasiadamente radical. rsrsrs :p
The Walking Dead (6ª Temporada)
4.1 1,3K Assista AgoraEssa sexta temporada está demais! O quarto episódio foi muito bonito, bem desenvolvido e repleto de reflexões importantes para o contexto caótico daquele mundo. Esse psiquiatra foi um dos melhores personagens que apareceram na série!
A história de Morgan foi a mais bem contada de todas. Não dá para pintar mais que ele é um idiota. Pode até ser que seus atos tragam consequências desastrosas depois (assim como os atos violentos de outros também trouxeram), mas não dá pra dizer mais que é decorrente de ignorância e estupidez. A motivação do personagem é mais complexa do que imaginávamos.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KUma coisa que está me intrigando:
No oitavo episódio Tyrrell fala para a esposa que descobriu algo que está "acima deles" e que é muito maior que um simples plano de vingança. Ela pergunta o que está acima deles e ele responde: "Deus". No décimo episódio, na cena do café, Mr. Robot diz pra Elliot que supostamente ele é seu deus. Não sei se há alguma relação, mas muitas coisas nessa série não foram colocadas por acaso... Seria Elliot, Tyrrell e Mr. Robot um única pessoa, numa analogia à doutrina da Trindade, que diz que Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus? Reparem também que Ângela passou a trabalhar para a Evil Corp... Ângela seria a representação de Lúcifer, por supostamente ter "traído" Elliot. Reparem que há algumas referências ao filme "O Diabo Veste Prada"...
Não acredito que a série assuma um caráter sobrenatural, portanto, são apenas analogias que servem como pistas. Ou não, pode ser apenas a minha imaginação indo mais longe do que deveria. rs
São muitas maluquices, mas isso é um dos baratos da série. Muitas referências para nos fazer pensar.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KCaraca, que direção fantástica a desse último episódio. Enquadramentos inusitados, com movimentos perfeitos de câmeras. O plano-sequência foi demais.
Enfim, Mr. Robot é um espetáculo imagético. A série é completa em todos os sentidos.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KO episódio 8 foi incrível em todos os sentidos. Sem mais, a melhor série surgida depois de Breaking Bad.
Foi genial Elliot falando conosco, afirmando que sabemos mais que ele e se colocando, por alguns instantes, na condição de espectador.
Surpreendente Darlene ser sua irmã. Entretanto, fez bastante sentido se pensarmos em alguns momentos de outros episódios. Ex, episódio 2: "Elliot: Como você descobriu onde moro? Darlene: "Como eu não saberia onde você mora?" Agora podemos completar a fala de Darlene com o "Afinal, sou sua irmã".
E espero que White Rose não desapareça, porque a apresentação do mesmo foi fantástica e ele próprio parece ser um personagem fantástico.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KO ritmo não caiu. Pra falar a verdade, a série está cada vez mais dinâmica. Se os dois primeiros episódios foram centrados em Elliot (em quase todas as cenas ele está presente), nos dois últimos já é possível notar o desenvolvimento de outros personagens (já há cenas 'independentes', isto é, sem a presença de Elliot). Isso é fundamental para o crescimento da série, pois é difícil qualquer uma delas se sustentar sem bons personagens coadjuvantes. Um conjunto de personagens carismáticos é importante para a fluência da narrativa.
A trama está fluindo muito bem, com peças se encaixando e perspectivas de desdobramentos (como a inserção do Dark Army, que de possível aliado, poderá se tornar um inimigo, já que a tarefa de salvar a All Safe certamente recairá sob Elliot). E foram os dois últimos episódio que alavancaram as várias possibilidades que estamos matutando agora.
Parece que, depois do final do quarto episódio da primeira temporada de True Detective e do filme Birdman, os diretores das grandes séries estão cada vez mais entusiasmados com planos-sequência. Neste ano tivemos um no segundo episódio de Demolidor e agora é a vez de Mr. Robot. O plano-sequência foi fantástico por sua estética realista, mas sendo parte de um delírio que inclui momentos surreais. Para dar um nó na cabeça do telespectador (como só as produções mais inteligentes conseguem fazer). Excelente.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KSer normal, segundo Elliot: arranjar uma namorada, assistir os estúpidos filmes da Marvel, fazer academia, curtir coisas no Instagram e beber café com leite de baunilha. hahahaha
Se continuar nesse ritmo, será a melhor estréia de 2015 (e olha que o páreo é duro: Demolidor e Better Call Saul). Tudo impecável até o momento: direção, roteiro, fotografia, montagem, trilha sonora, elenco etc.
O terceiro episódio foi bastante interessante. Extremamente inteligente a utilização de um conceito próprio da tecnologia virtual (“bug”) para explicar situações, comportamentos, visões de mundo etc.
Mr. Robot seria o bug de (em) Elliot? Algumas reflexões de Elliot apresentam indicativos de que isso é plausível. Como o terceiro episódio deu muitas pistas nesse sentido, elaborei umas questões interpretadas a partir de pensamentos de Elliot. Tais questões convergem para a tese de que os dois são uma pessoa só. Talvez não seja nada disso, por isso que acho mais producente apresentá-las como questionamentos. Se alguém quiser, pode arriscar respondê-las ou pode aguardar o desenrolar da série.
“Os programadores acham que um software de debugging significa consertar um erro, mas isso é tudo besteira. Na verdade, debugging é apenas sobre achar o bug. É sobre entender por que o bug está lá, para começar. Sobre saber que a existência dele não é acidente. Ele vem até você para entregar uma mensagem, como uma bolha inconsciente flutuando para a superfície, estourando com uma revelação que você secretamente já sabia.”
“Mr. Robot pode ter achado o bug na Evil Corp, mas ele não achou o meu. É a única maneira que tenho de me proteger. Nunca mostrar a eles o meu código-fonte. Fechar-me. Criar o meu frio e perfeito labirinto onde ninguém poderá me encontrar.”
“Mr. Robot finalmente encontrou meu bug”
Essas reflexões de Elliot não pressuporiam a exterioridade de Mr. Robot, ao mesmo tempo em que indicam, de certa forma, que existe algo oculto, uma “bolha inconsciente querendo flutuar para superfície”? Mr. Robot seria o bug de Elliot, isto é, seu inconsciente alcançando, por vezes, o consciente? Ou seria o contrário? A existência do bug não seria um acidente porque ele mesmo é o próprio ser ou parte do ser de Elliot? Mr. Robot não teria encontrado o bug de Elliot porque o código-fonte de Elliot é o próprio Mr. Robot? Mr. Robot encontrando o bug de Elliot significa apenas que a sua personalidade assumiu o controle e que a partir de então Elliot “fará o que deve fazer” de maneira radical?
“Um bug nunca é apenas um erro. Ele representa algo maior. Um erro de pensamento. Faz de você quem você é.”
Não sendo apenas um erro, então é possível afirmar que o bug (Mr. Robot) não é conseqüência somente de um distúrbio psicológico? Mr. Robot seria o próprio Elliot e sua vontade de fazer algo maior? Seria ele o hacker que faz justiça em pequena escala e Mr. Robot um Elliot radical que quer fazer justiça num âmbito maior? Se o bug “faz de você quem é”, então a personalidade de Elliot seria moldada a partir de Mr. Robot?
“Levarei uma vida livre de bugs a partir de agora.”
A tentativa de ser normal seria uma negação do seu próprio ser? (supondo que Elliot e Mr. Robot sejam um só)
“Geralmente, bugs têm uma má reputação. Mas, às vezes... Quando um bug finalmente se apresenta, pode ser emocionante. Como se tivesse acabado de desbloquear algo. Uma grande oportunidade aguardando para ser aproveitada.”
Apesar de Elliot desconfiar da reputação (ou caráter) de Mr. Robot, não é ele que acredita que o último pode estar certo em muitas coisas e que seus ideais podem ser nobres? Apesar de parecer, inicialmente, uma tremenda furada, Elliot não ficou bastante emocionado quando o plano de incriminar o executivo da Evil Corp deu certo? O aparecimento de Mr. Robot não seria um desbloqueio das próprias inclinações de Elliot? A “grande oportunidade aguardando para ser aproveitada” não seria a própria aceitação e execução dos planos de Mr. Robot, isto é, destruir a Evil Corp e fazer uma “revolução”?
“Afinal de contas, um bug é só um propósito, sua única razão para existir é para ser um erro que precisa ser corrigido, para ajudar você com o certo ou errado. E o que parece melhor do que isso?”
“O bug força o programa a se adaptar, envolve-se em algo novo por causa disso. Funciona ao redor e dentro dele. Não importa o que aconteça, ele muda. Ele se torna algo novo. A próxima versão. A atualização inevitável.”
A mudança para algo novo, a “nova versão”, seria o resultado de uma dialética entre os anseios de Elliot e os de Mr. Robot? O “plano b” de Elliot para destruir os backups não seria essa “atualização inevitável” que resulta dos anseios da sua dupla personalidade? Essa dialética é necessária para que o Elliot, que está enfrentando muitos dilemas, consiga distinguir com clareza o certo e o errado?
Pois bem... São várias questões e isso só está sendo possível porque a série é extremamente rica em ideias e oferece uma gama de possibilidades interpretativas (mesmo tendo uma evidente influência de Clube da Luta). E olha que são apenas três episódios até o momento.
O terceiro episódio serviu também para nos apresentar melhor outros personagens. Os dois primeiros focaram em Elliot, que é um personagem fácil de conquistar o público, e no terceiro conhecemos melhor Tyrell (que certamente será um antagonista fantástico... inteligente, egocêntrico, ambicioso, sistemático e perfeccionista, são os indícios apresentados) e Shayla (que parece ser a personagem que mais se identifica com a personalidade anti-social de Elliot).
Ansioso pelo restante! :)
Um pouco mais:
Eu não quis comentar as cenas que apresentam indícios de que Elliot e Mr. Robot são uma mesma pessoa, porque a galera fez abaixo e fizeram muito bem. Muito bem observado o lance das bebidas iguais e os diálogos, que não são diretos. :)
Penny Dreadful (2ª Temporada)
4.5 620 Assista AgoraDorian Gray e sua coleção de perfumes da Boticário... :)
The Returned (1ª Temporada)
3.6 232 Assista AgoraVou tentar assistir com a legenda de Les Revenants. kkkkkkkkkkkk :p
Better Call Saul (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraÓtimo o episódio 6. Diferente dos anteriores, mas dentro da concepção BB.
O episódio foi mais 'dark'. O colorido e a claridade foram menos acentuados. Planos intimistas, demorados para os padrões da TV, silenciosos e com pouco movimento. A atmosfera de melancolia esteve presente desde o início, aumentando bastante com o diálogo no final. Um episódio feito para Mike e que, em seus aspectos mais técnicos, reproduz um pouco da sua personalidade.
Belíssima história a de Mike. Apresentou algumas razões para entendermos um pouco mais a sua personalidade taciturna.
Better Call Saul (1ª Temporada)
4.3 820 Assista Agora"Você é o tipo de advogado que só defende gente culpada"
Falta motivação para deixar de ser um pilantra. hahahahaha
Better Call Saul (1ª Temporada)
4.3 820 Assista Agora- Você é o pior advogado,
o pior da história.
- Tirei você de uma pena de morte
e dei seis meses de condicional.
- Sou o melhor advogado
da história.
hahahahahaha
Better Call Saul (1ª Temporada)
4.3 820 Assista AgoraÓtimo piloto! Promete muito.
Creio que a série terá uma dinâmica própria, mas não posso deixar de destacar algumas características que foram marcantes em BrBa e que estão presentes nesse piloto:
o humor negro (sexo com uma cabeça? Putz!); os enquadramentos e as câmeras posicionadas em lugares inusitados (como aquela acima do teto transparente do escritório); e as cenas 'silenciosas' (como a que Saul está encostado na parede do estacionamento e tira um cigarro da boca de uma garota). Tive um pouco de dificuldade de compreender a relação dele com aquele advogado e o escritório de advocacia. Matutei, mas é provável que virão esclarecimentos. Corretamente não entregaram tudo logo de cara.
Foi ótimo rever esse picareta, agora como protagonista. :)
The Walking Dead (5ª Temporada)
4.2 1,4K Assista AgoraEssa temporada começou muito bem. Alguns aspectos foram melhorados, com destaque para os diálogos. Estão mais sutis e inteligentes.
Cinco episódios muito bons (alguns mais outros menos, mas todos interessantes). Vou tecer algumas considerações sobre os cinco.
Episódio 1: Pareceu um final de temporada. Não há muito o que dizer que já não tenha sido dito, mas falarei de algo que me chamou a atenção: a explicação para o comportamento das pessoas do Terminal. Em apenas dois flashbacks conseguiram dar uma explicação que foge um pouco do comum dualismo bem/mal. As pessoas de Terminus não eram más; elas foram oprimidas, lutaram e conseguiram vencer seus algozes; então, concluíram que a única maneira de viver num mundo onde os antigos valores morais deixaram de fazer sentido é saindo da condição de ‘caças’ para tornarem-se ‘caçadores’. É uma perspectiva de sobrevivência. O grupo de Rick tenta preservar ao máximo a dignidade de outrora, mas o custo tem sido muito alto. O grupo de Terminus apenas não quis mais arcar com um custo parecido (o de passar fome, de ser aprisionado, molestado etc.).
Não estou defendendo a perspectiva, que fique claro. rs Apenas achei interessante a explicação rápida, mas rica em interpretações.
Episódio 2: Mais calmo que o anterior, porém, cheio de suspense e mistério. Gostei também do clima de ‘festa’ depois dos momentos difíceis. O discurso de Abraham trouxe um alento de esperança e isso ficou perceptível nos olhares e sorrisos de todos. Mas, esses momentos em TWD duram pouco. Pouco depois Bob sai da ‘reunião’ e começa chorar do lado de fora. Enunciava algo ruim que estava por vir. O final foi bizarro.
Episódio 3: Episódio dramático. Muito legal como conseguiram tornar emocionante o fim de um personagem secundário e de pouco interesse para muitos. A chacina na igreja foi constrangedora e, possivelmente, um dos momentos mais fortes da série. Basta prestar atenção nos olhares de Glenn e Maggie para entenderem isso. Falando nesta última, parece que ela não lembra mais da irmã. Ou fui eu que não prestei atenção em alguma cena? :p
Episódio 4: Talvez o mais diferente da série. Cenário estranho: um hospital limpo, com enfermeiros, cozinheiros, policiais, um médico e nenhum zumbi... Aparentemente normal. Bastante diferente do cenário de desolação com a qual estamos acostumados. Entretanto, essa ‘normalidade’ escondia um ‘sistema’ extremamente rígido, onde a liberdade individual não existe. Tudo que é usufruído tem que ser devolvido com trabalho. O preço é muito alto, chegando-se ao ponto das mulheres serem submetidas aos policiais, para que estes se sintam relaxados e em melhores condições para exercerem seus ofícios. Pior de tudo: com o aval de uma mulher. Mais um dos ‘sistemas’ que aparecem em TWD, onde, inicialmente, parecem funcionar. Depois se revelam ‘eficazes’ à custa de sangue.
Não concordo quando dizem que Beth evoluiu. Um episódio é muito pouco para tal.
Episódio 5: O mais fraco de todos, mas com bons momentos. Destaque para Abraham e Eugene. Mais uma vez os roteiristas foram felizes em explicar as motivações. Para o caso de Abraham ainda mais. A vida dele havia perdido o sentido depois de ver os filhos e a esposa mortos. O suicídio, pela perda e talvez pelo sentimento de culpa, era a saída para uma vida que iria carecer de sentido. Então Eugene aparece e dá um novo sentido: a de salvar o mundo (e, talvez, uma chance de vingança). Isso explica, a meu ver, a obsessão de Abraham para chegar em Washington (a coisa mais importante da vida dele havia sido ‘substituída’ por esta). A cena que ele ajoelha e chora é ápice do seu ‘desmoronamento’. É como se ele chorasse pelo tempo perdido e por estar vivo, quando o ‘conforto’ da morte esteve tão perto. Difícil saber agora o que o moverá. Com relação à Eugene, apenas um cara inteligente que soube utilizar essa inteligência para conseguir dos outros o que ele não tem: coragem. Talvez, também, um nerd com dificuldade para relacionamentos humanos.
Rectify (2ª Temporada)
4.4 44A mais desconhecida melhor série da TV!
Conseguiram a façanha de fazer uma temporada ainda melhor que a primeira. As melhores características da primeira temporada foram mantidas (o tom contemplativo, as imagens carregadas de simbolismos, as metáforas, os diálogos afiados, a fotografia belíssima, a trilha sonora variada e adequadamente escolhida para determinadas cenas), agora, como acréscimo, um melhor desenvolvimento da trama. O acréscimo, neste caso, teve haver com o fato da segunda temporada contar com 10 episódios, já que a trama começou a tomar um rumo ‘distinto’ a partir do sétimo episódio (não que não fosse excelente antes... mas era necessário que tomasse o rumo que tomou para que fossem criadas expectativas para uma terceira temporada).
A questão da culpa ou inocência de Daniel no caso Hanna sempre foi algo secundário na série. O que mais atraía era a perspectiva de como ele se adaptaria ao mundo e como o mundo se adaptaria a ele. Trabalharam magistralmente com essa perspectiva. Daniel, um personagem complexo sendo afetado pelas coisas e as pessoas e as afetando também. Tal premissa gerou momentos carregados de emoção e beleza (e a ‘beleza’ pressupõe a dor, já que a beleza machuca mais que a feiura, como diria o Homem das Cabras e Daniel) e outros inusitados e bizarros. Por outro lado, mesmo a questão da culpa ou inocência sendo secundária na série, sempre foi potencialmente interessante. E os últimos episódios vieram para mostrar que os roteiristas acertaram em trabalhar tal questão. O tratamento foi sutil e não desvinculado da premissa principal da série - o exemplo maior desse vínculo é a confissão de Daniel... A presença dele em Paulie tornou as coisas difíceis para as pessoas próximas e a confissão seria, portanto, a solução para o problema. O confronto com Trey e a confissão, momentos relacionados à questão do crime, são alguns dos exemplos de como o nível série elevou-se ainda mais. Manteve as boas características e ganhou bastante em suspense. Ótimas perguntas ficaram, para nos deixar ansiosos pela terceira temporada.
Ps: Que atuações soberbas! Todo elenco está de parabéns, mas Aden Young é um caso 'acima'. A cena da confissão foi uma das mais bem interpretadas que já presenciei em séries. Conseguiu transmitir com eficiência toda a dor do personagem. Não pisquei os olhos por 10 minutos. Ressalvas apenas para a atriz que interpreta Tawney, por conta da sua falta de habilidade para conseguir chorar. Nada que comprometa, mas é um detalhe que merece menção.
Penny Dreadful (1ª Temporada)
4.3 1,0K Assista AgoraUma das melhores estreias de 2014, sem dúvidas.
O último episódio foi apenas morno, mas aceitável, considerando a proposta dessa primeira temporada. A trama sobre o desaparecimento de Mina (mediana, na minha opinião) serviu apenas de pano de fundo para aquilo que fizeram muito bem: desenvolver os personagens. Meu maior receio, quando assisti o piloto, era de que a série descambasse para o aventuresco, tornando-se parecida com A Liga Extraordinária (que possui uma premissa semelhante: a de reunir personagens clássicos do terror). Se eles tivessem se enfocado na trama, levando-se em consideração que seriam apenas 8 episódios, talvez o desenvolvimento dos personagens tivesse ficado comprometido e estaríamos diante de uma história de caráter aventuresco com personagens superficiais. Escolheram o melhor caminho e abriram a possibilidade de criarem excelentes tramas no futuro. Com personagens interessantes e carismáticos, diga-se de passagem.
Portanto, encaro essa primeira temporada como um projeto (muito bem arquitetado).
Sobre Dorian Gray, que foi um personagem praticamente 'secundário', creio que será melhor desenvolvido depois. Quiseram envolvê-lo numa atmosfera de mistério, para ser, possivelmente, um dos grandes destaques no futuro. Tem o fato também das pessoas terem curtido demais o personagem, algo que pode ser determinante para que ele vem ganhar espaço na história.
E é claro que há ainda muito para se contar a respeito dos personagens. Vanessa teve um episódio praticamente para ela e, creio eu, os outros também terão. Sir Malcom e sua viagem com o filho para a África (e de quebra, a história do seu criado); a vida de Chandler na América, a relação com o pai e como ele se tornou um lobisomem; a relação do Dr. Frankenstein com a poesia e sua obsessão pela 'ciência' da fronteira entre a vida e a morte; Dorian Gray, o retrato, e a degradação da sua alma. Provavelmente aparecerão outros personagens importantes também.
Espero que a audiência se mantenha alta, porque é uma série cara $ (vide os impressionantes cenários e o figurino). Manter uma Eva Green também deve ser 'difícil'.
Penny Dreadful (1ª Temporada)
4.3 1,0K Assista AgoraEpisódio espetacular esse 7. Na minha opinião, o melhor da temporada.
Apesar dos sustos proporcionados, o que mais chamou a minha atenção foi a dramaticidade. Incrível como souberam conduzir o drama de Vanessa e dos outros personagens. O ritmo foi impecável, na medida certa para que acompanhássemos e sentíssemos o cansaço físico e mental dos personagens. Impotência, culpa, amor, ódio, esperança, desespero, fé, descrença, um mix de sentimentos alinhados ao mistério e à segredos ainda por serem revelados.
E Eva Green? Confesso nunca gostei muito das atuações dela, mas tenho que admitir que nos últimos anos ela melhorou muito e Penny Dreadful é o ápice. Um papel dificílimo que ela tem correspondido muito bem. Forte candidata a faturar muitos prêmios da TV.
Ps: Os personagens sofreram não apenas por acompanharem impotentes o sofrimento de Vanessa. Também por terem escutado, de maneira brutal, a verdade da boca dela. rs
Fargo (1ª Temporada)
4.5 511Episódio 8: o final que todos nós queríamos. Entretanto, ainda faltam 2 episódios; provavelmente com o final que não gostaríamos.
Hannibal (2ª Temporada)
4.5 802Impressionante o episódio 12. Na minha opinião, o melhor da temporada. O ápice dos diálogos inteligentes (tive de pausar várias vezes para poder refletir e assimilar melhor o que estava escutando. Não sou inteligente como Will e Hannibal rs); e atuações impecáveis (não é uma novidade para a série que tem o melhor elenco, mas Michael Pitt chegou arrebentando).
O intricado jogo de "gatos e ratos" teve seu melhor momento nesse episódio 12. Por tudo que foi mostrado, é bem provável que as coisas não terminem bem para um precipitado rato, que começou acreditar que era um gato. :p
Rectify (1ª Temporada)
4.3 83Teaser com imagens da segunda temporada:
http://www.vulture.com/2014/05/exclusive-first-look-at-the-new-season-of-rectify.html
Contando os dias, as horas e os segundos...
Hannibal (2ª Temporada)
4.5 802A impressionante fotografia dessa série consegue 'embelezar' a morte. A beleza dos pratos de Lecter consegue nos deixar com a boca cheia de água, mesmo sabendo qual é a origem do conteúdo.
A baixa audiência nos EUA provavelmente é por conta da inteligência dos personagens e dos diálogos. Muita filosofia, psicologia, psiquiatria, neurologia, sociologia, antropologia, etc. Não cabe na mente do público comum.
Fargo (1ª Temporada)
4.5 511Ótimo piloto. Mantiveram uma das principais características do filme e da filmografia dos irmãos Coen: o humor negro.
O maior desafio dessa série é 'esticar' o filme. Começaram muito bem essa empreitada.
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraComecei assistir essa série por causa de um amigo, que insistentemente me indicava.
Confesso que demorei um pouco para 'entrar' na série, mas, creio que isso ocorreu por causa do desenvolvimento lento da narrativa, da grande quantidade de personagens (demorou um pouco para me acostumar com eles) e os planos relativamente curtos. Tais características são adequadas, até porque, a proposta da série é trazer uma abordagem mais realista do trabalho policial (e os entornos). Pode parecer enfadonha no início, porém, é interessante seguir em frente, pois é questão apenas de se habituar.
Essa abordagem mais realista mostra, de maneira ‘crua’, tudo aquilo que envolve a dimensão policial: o trabalho nas ruas e em gabinetes (difíceis, diga-se de passagem), as hierarquias, a relação com o judiciário, a burocracia, a falta de recursos (sim, nos EUA também ocorre), os jogos de interesses (cada um pensando no seu próprio rabo) e a corrupção; do outro lado, o funcionamento de organizações criminosas, alcançando também o âmbito dos viciados.
É importante destacar que, por conta da abordagem realista, a série escapa um pouco das ‘romantizações’ tão comuns no cinema e na TV. Aqui não há o policial 100% inteligente, 100% bom e 100% competente, capaz de façanhas 'sobre-humanas’; também não há o criminoso 100% desumano, cruel e injusto. Não, não há idealizações; todos são capazes de amar e de odiar, de cometer erros e, com muito esforço, também acertos.
Há personagens muito carismáticos, que você descobre de maneira gradual: Omar, McNulty, Kima, Bubbies, Lester e Dee.
Enfim, é uma série com muitos atrativos; bem dirigida, roteiro inteligente, boas interpretações, personagens carismáticos, diálogos afiados e ótima montagem.
Ps: minha análise é apenas da primeira temporada, mas, duvido muito que me decepcionarei com as próximas.
The Walking Dead (4ª Temporada)
4.1 1,6K Assista AgoraEpisódio assustador, angustiante e muito triste!
Gosto de TWD não tanto pelos zumbis, mas pela perspectiva de um mundo povoado por eles. Partindo daí, situações extremas surgem, onde as pessoas são obrigadas a tomar decisões difíceis.
E a decisão que Carol e Tyreese tiveram que tomar talvez tenha sido a mais difícil até hoje. Uma coisa é Rick apontar a arma e atirar numa Sofia errante, outra é Carol apontar e atirar numa criança viva. Acho que todos que assistiram se perguntaram: "Será que ela não mudaria se bem aconselhada?" Ficou claro que isso não aconteceria, pois se configurou em Lizzie um grave caso de psicopatia. Ela matou a irmã, não sentiu nenhum remorso e nada conseguiu convencê-la de que os errantes eram 'nocivos'. Não havia outra alternativa.
Foi muito boa a maneira como essa psicopatia se desenvolveu e como foi encaixada dentro do contexto. Um desvio comportamental e das "normas sociais", concomitante à uma empatia com os 'incompreendidos' zumbis.
True Detective (1ª Temporada)
4.7 1,6K Assista AgoraEspetacular do início ao fim. Entretanto, não posso deixar de pontuar algumas coisas que me incomodaram no episódio final, principalmente no que diz respeito ao personagem Rust. Declaro desde já que gostei muito do final e creio que os pontos ‘negativos’ não afetam a minha avaliação da série como um todo.
O que me agradou:
1. O 'desfecho' da investigação. Foi bastante simples, consistente e correto. Mesmo assim, não faltou emoção e suspense. Rust e Marty percorrendo Carcosa foi o ápice do suspense na série. Ninguém fazia ideia do que encontraria ali e do que poderia acontecer. Além do mais, teve aquela voz medonha... Ao longo desses dois meses foram criadas muitas teorias para tentar desvendar os mistérios e descobrir quem era o assassino ou os assassinos. Isso foi muito interessante, nos levou a fazer bom uso da nossa imaginação, contudo, nos dois últimos episódios ficou muito claro que o foco principal da série era a relação dos dois detetives. Neste sentido, ficou num segundo plano o 'fim' da investigação, daí um final não muito surpreendente (talvez tenha sido surpreendente pelo que faltou, porque, depois do nosso trabalho investigativo rs, algumas coisas pareciam certas, como, por exemplo, o envolvimento das filhas de Marty).
2. A fidelidade aos objetivos da literatura inspiradora. Quem lê os contos de Lovecraft sabe que o modo dele produzir terror e suspense se sustenta não no que é mostrado, mas naquilo que está 'distante': no Indizível, no Incomensurável, Naquilo que não pode ser visto, etc. As palavras enigmáticas da voz em Carcosa, o vórtice que Cohle viu (se é que não foi uma consequência das drogas rs), o significado das galhadas, entre outras coisas, ficaram em 'aberto', cabendo a quem acompanhou interpretar ou, melhor ainda, silenciar-se, pois 'existem' coisas que estão “além do entendimento humano”. Operar com 'sugestões' é uma ótima maneira de produzir suspense e terror, então mérito para Nic Pizzolato, que soube muito bem criar essa atmosfera a partir de referências literárias da melhor qualidade.
3. Marty ou o próprio Rust não terem participação nos crimes. Algumas teorias os colocava sob suspeita, principalmente aquelas relacionadas a Marty, porém, a maioria dos telespectadores queria mesmo que eles se ‘acertassem’ de alguma maneira. E isso aconteceu. Começou no penúltimo episódio e fortaleceu no último. Obviamente, uma amizade à maneira deles, com dedos sendo apontados e com 'fuck you'. rs De uma maneira muito complexa, havia uma química entre eles e foi basicamente uma das coisas que a série quis mostrar. No final Marty foi um pouco Rust e Rust foi um pouco Marty.
O que não me agradou:
1. A explícitação de um maniqueísmo. Ora, num dos diálogos marcantes da série, Rust diz pra Marty que eles eram homens maus caçando homens maus. O maniqueísmo esteve presente desde o início, pois todos os defeitos de Marty e Rust e as besteiras que eles fizeram eram pequenos se comparados aos crimes que eles investigavam. Mas, essa luta entre o 'bem' e o 'mal' aparecia de maneira sutil. Marty e Rust não eram apresentados como heróis (quando isso aconteceu, foi através de uma série de mentiras) e também havia muitas dúvidas sobre o caráter de todos os personagens. Por tudo isso, foi estranho Rust afirmar que há, desde os primórdios, uma luta entre a luz e a escuridão e que naquele momento a luz tinha predominado. Teria ele começado a crer que existia o Bem e o Mal?
2. Rust foi o personagem marcante da série por conta do seu niilismo e ceticismo. A experiência de quase morte foi muito forte e poderia mudá-lo a tal ponto de fazê-lo crer que há um sentido para a vida. O que eu questiono é o seguinte: Um sujeito crítico como ele não poderia se questionar se as visões que tinha, inclusive da experiência de quase-morte, não eram decorrentes de anos de uso de drogas? Nada do que foi mostrado na série evidencia que o sobrenatural esteve presente e era real. O sobrenatural era real para os membros da seita (e, pelo que vimos, não são 'testemunhas' confiáveis) e apenas Rust é que tinha visões. Não haveria, então, motivos para afirmar a existência do sobrenatural com base no que Rust viu. Rust poderia continuar sendo niilista e cético, sem nenhum prejuízo para a trama. Até porque, toda a investigação feita por ele foi de maneira racional. Entretanto, é da cultura religiosa americana afirmar que existe vida depois da morte e isso é utilizado 'teleologicamente' na ficção.
Vale frisar que no ponto dois do que me agradou, me refiro à maneira de criar uma atmosfera com base em sugestões, o que não implica necessariamente que tal atmosfera estabeleça uma condição de verdade. Pode ser verídico ou não (e a incerteza é que torna a situação interessante).
É evidente que não é nenhum absurdo sugerir um Rust não cético e niilista. As pessoas mudam. Creio que a questão seja apenas de perspectivas. A minha perspectiva daria conta de um Rust que não mudaria em nada sua forma de ver o mundo, e sairia da experiência de quase-morte tão cético e niilista quanto antes.
Deixo claro também que posso estar errado, pois estou partindo do pressuposto de que Rust é mesmo um niilista e cético (e até mesmo ateu) e isso não é algo evidente; e ‘chegando’ a uma situação em que esse ceticismo e niilismo são ‘destruídos’, algo que também não é evidenciado, pois a história acaba nesse momento. rs
Resumindo: eu só não queria mais um final que mostrasse que não há um fim e que é questão de tempo encontrar aqueles que já partiram. Acho que estou sendo demasiadamente radical. rsrsrs :p