O filme já começa com as 50 pessoas presas no tal círculo. Essa falta de um prólogo nos deixa tão confusos quanto os próprios participantes do jogo e isso contribui tanto para instigar a nossa curiosidade sobre o que está acontecendo, bem como para nos fazer inventar teorias e descobrir os segredos do círculo ao mesmo tempo que eles. Durante o processo de eliminação, o roteiro é certeiro ao abusar dos clichês e estereótipos e expôr sem pudores as crenças e os preconceitos de cada um. Apesar de uma ou duas escolhas incompreensíveis e alguns diálogos vazios, o filme mantém um bom suspense e encerra com um final surpreendente, revoltante e até satisfatório.
A atriz principal rouba a nossa atenção a partir da primeira cena e, então, cada conquista, cada emoção, cada tristeza é representada poderosamente, através de seu olhar expressivo. As cenas na mesa com as garotas da pensão são deliciosas de assistir e quando ela começa o namoro com o Tony, o filme brilha e sobe o nível de fofura às alturas. Cada encontro dos dois na tela é encantador e sempre arranca um sorriso bobo do nosso rosto e o jantar com a família italiana traz momentos hilários! Quando ela precisa voltar para a Irlanda, o filme perde um pouco a leveza e põe o foco no drama: a dúvida entre a velha e a nova vida.
Uma história bastante simples, transformada em um filme adorável, graças à beleza das atuações e o carisma dos personagens.
O novo do Woody Allen traz um mote que lembra aquele do maravilhoso Match Point, mas com uma base pautada em questões filosóficas, tratadas no filme de forma leve, não maçante. O Phoenix cumpre bem o papel, na pele de um professor depressivo (lembram Her?) e a Emma Stone traz consigo o carisma necessário para a personagem da aluna apaixonada pelo mestre. Mas o real destaque aqui é a qualidade do texto, as dimensões e importância dos diálogos, os deliciosos punchlines que o Allen sempre insere, para deleite dos fãs de seus ricos roteiros. Além de nos prender a atenção, acompanhando a história e imaginando o que virá depois, Woody ainda nos brinda com uma cena final tão trágica, cômica e irônica, apenas confirmando mais uma vez que ele é um gênio quando se trata de resolução de conflitos.
"A garota dinamarquesa" traz belas paisagens, lindas pinturas e conta com uma atuação emocionante do Eddie Redmayne. Contudo, nada além disso brilha ou empolga: os diálogos são rasos, a relação do casal é superficial e o filme tem um sério problema de ritmo. Com pouca conexão emocional com os personagens, a história rapidamente começa a ficar sonolenta e a única coisa que te mantém interessado é acompanhar hipnotizado o show de carga dramática que os dois carregam nos olhos e saber como tudo vai terminar - mesmo sabendo, após algumas pesquisas, que o enredo destoa bastante da história REAL da Lili. Contando com fotografia e direção de arte impecáveis e apesar das falhas técnicas e do roteiro mal desenvolvido, reconheço o valor de um filme como esse, chegando ao mainstream e levando ao público um pouco do universo trans - mesmo que seja de maneira mais didática que sentimental.
O primeiro ato apresenta a Miranda de maneira bem rasa. O tom frio da atuação da Rosamund Pike tenta trazer dimensão à personagem, porém o texto pobre e o roteiro confuso não contribuem. Durante o segundo ato, você apenas se pergunta o tempo todo: por que ela tá fazendo isso? O desfecho tenta empolgar mas tudo continua tão incompreensível que o filme acaba e você não entende o que estava se passando.
O corte brusco da edição que não mostra o que ela realmente fez e aquela meia dúzia de palavras que ela fala no final, em vez de te deixar intrigado, apenas
decepciona e te faz lamentar o tempo perdido vendo essa bomba. Nota 2 pela dupla de atores dedicados.
Se alguém aí estiver com vontade de ver "Sede de Vingança", sugiro que faça uma limonada e desista da ideia.
Tratando de uma tema mais que atual, a Inteligência Artificial, Ex-Machina traz questionamentos interessantes, através da interação humano-máquina e com vários quotes bem encaixados. O filme é levado com um tom de suspense presente do início ao fim e, conforme as máscaras vão caindo, você se pergunta de que lado realmente está. O trio de atores carrega bem o peso de seus personagens: Nathan, como um gênio incompreendido e amalucado; Ava, na dose perfeita de inocência e enigma; e Caleb, confuso entre rezão e emoção naquele universo futurístico. A falta de algumas respostas, às vezes, parecem furos de roteiro mas, em parte, tornam o filme ainda mais intrigante.
Por exemplo, a última sessão, a 7, em que o Caleb não estava fazendo o teste de Turing significa o quê? Pra mim, no final de tudo, era a Ava que estava testando eles! Brilhante!
É inteligente sem ser cabeçudo, é uma ficção cientifica que trata de uma ficção talvez nem tão distante dos dias atuais. Filme bom é aquele que te faz pensar no final. No caso:
Um emaranhado não-linear, meio descoordenado, de cenas violentas (Vincent e Jules no apartamento do Brett), divertidas (Vincent e Mia no clube), alucinantes (Mia, "Girl, You'll Be a Woman Soon" e a 'adrenalina') e algumas bem tediosas (grande parte do segmento do Butch com sua namorada), compõem 2 horas e 30 minutos deste clássico que, apesar de imperdível para qualquer fã de cinema, não é tão perfeito quanto dizem. O brilho de Pulp Fiction, assim como em outras obras do diretor, reside na inteligência dos diálogos marcantes, na trilha sonora oportuna em toda a duração do filme e em seu elenco estelar, que eleva cada personagem àquele nível de WHAT THE FUCK que adoramos sentir ao ver algum longa do Tarantino. Compreendo o efeito que o filme causou na época, com a explosão de violência na tela e todo o reconhecimento do público e do crítica, mas pra mim não é o melhor dele. O bom mesmo é ver sem expectativas, esquecendo o fato de ser tão superestimado.
Apesar de algumas longas cenas de diálogos que até poderiam ser reduzidas, somos recompensados pela fotografia precisa e por atuações hipnotizantes das belas atrizes e do Kurt Russell. O primeiro ato inicia o filme de forma divertida, nos apresentando o antagonista e seu sádico prazer.
A colisão dos carros, com sua edição frenética e aquele gore fodástico que o Tarantino sabe muito bem fazer,
é uma das cenas mais deliciosamente impactantes que vi nos últimos anos.
"14 meses depois", vem tiro, porrada e bomba com um grupo de atrizes em sintonia com seus papeis, com destaque para a Zoe Bell, que dá um show na sequência do "mastro do navio" e graças à mão firme do Quentin na direção (sim, isso foi um trocadilho), que nos envolve em uma perseguição de carro de tirar o fôlego! Despretensioso, sensual, divertido e trash! Sensacional!
Cooties, como comédia, não traz grandes piadas e, como horror, não cria suspense ou cenas de tensão, mas é acima da média. O filme tem uma ótima abertura (nunca mais como Nuggets de novo! [mentira!]) e o desenrolar da historia é agradável de assistir com seu humor ácido, por vezes, tirando sarro de si mesmo (muito boa a rápida piadinha de chamar o Elijah Wood de hobbit). O gore está presente e o filme é bem ousado nas cenas que envolvem as crianças: vemos elas arrancando braços, mordendo pescoços, usando partes do corpo mutiladas como brinquedo, de forma criativa. O elenco está afiado e interage com naturalidade, o que ajuda na fluidez do filme. No final das contas, é uma bela surpresa. Um filme de entretenimento puro. Diverte e pronto.
O filme é levado com cuidado, em um ritmo devagar, mas é o suficiente para nos envolver com a historia, nos fazendo compreender o papel que cada personagem exerce no filme e, de maneira mais ampla, sua função na própria sociedade. Durante grande parte do filme, as cenas trazem situações pontuais, algumas de desfecho previsível, apenas para nos mostrar o cotidiano daquelas pessoas. Contudo, há sempre uma sensibilidade ao tratar do assunto e uma delicadeza ao emaranhar as várias relações interpessoais ali presentes:
o filho que gosta mais da empregada do que da mãe, o marido que se interessa pela filha da Val (como uma espécie de senhor de engenho apaixonado pela escrava), a patroa que finge tratar sua empregada com igualdade mas adora o prazer de deixar claro sua suposta superioridade.
Outro detalhe bastante criativo é o próprio título do filme,
que retrata as diversas dimensões do abandono das mães que trabalham (Fabinho e sua mãe, Jéssica e a Val).
Também há questões sutis tratadas com inteligência e ironia como o sorvete do Fabinho, o "livro do que pode e não pode fazer" e, principalmente, a piscina,
Deve-se deixar claro que este não é um filme de terror comum. Não espere por sustos fáceis, jogos de câmera e trilha sonora que explode nas alturas para intensificar o susto. Aqui o filme se preocupa principalmente em criar uma atmosfera densa e um clima angustiante de não se saber o que vai acontecer a seguir - e nestes pontos o trabalho é bem executado. Contudo, a execução falha em aspectos básicos - como grande parte do elenco, em que o único destaque positivo é a mãe, sendo que a atuação do apático ator que faz o pai dela estraga parte da emoção que o filme poderia carregar.
O enredo se desenvolve estável como um acorde de uma nota só. A história, levada de jeito meio arrastado, às vezes prende a atenção com alguns twists interessantes no decorrer do filme, mas no geral a sensação é de se assistir a um documentário meio enfadonho. Os twists, como já mencionados acima, são realmente o que o filme há de melhor e contribuem para trazer novas camadas e dimensões ao mistério original, mesmo que em alguns momentos restem pontas soltas. A imagem estática da Alice nas gravações e fotos são o elemento intrigante, e o maravilhoso twist (próximo aos créditos finais) traz um sentimento, não de horror, mas um incômodo, um nó no estômago, uma sensação que deixa o espectador pensando e que mostra o quanto o filme, apesar de tudo, foi eficaz em sua premissa.
Sem o correto desenvolvimento dos personagens (culpa do diretor e roteiristas) e sem atuação dignas (culpa do conjunto de atores medianos, sendo o Hemsworth o pior de todos), esse filme só pode se apoiar nas cenas de ação e em seus efeitos especiais. Ainda assim, há cenas em que a ação não empolga por completo, outras em que a ação enrola demais e os efeitos são um mero artifício para mascarar a falta de conteúdo. Após um grande acontecimento no filme próximo de sua reta final, surge o momento em que o enredo precisa de fôlego para sustentar o desespero que deveria se instaurar a partir dali - mas não, tudo parece ser tratado com uma naturalidade impossível. Inacreditável!
Tem muita água do mar onde precisaria de coração, e o pior de tudo é que a baleia é maior no pôster do que no próprio filme.
Esse filme é uma coleção de grandes acertos que funcionam para a construção de uma obra-prima dos tempos modernos. Os atores principais estão magníficos em seus papéis, o roteiro evolui de forma intrigante, desafiando o espectador a continuar a solucionar o assassinato, e, ao mesmo tempo, nos fazendo envolver com a relação do Esposito com a Hastings. Além da riqueza de detalhes e do requinte das atuações, vale destacar a direção firme do Campanella e o uso da fotografia como elemento de inserção no enredo da investigação aliado às emoções dos personagens. A cena do estádio já é um marco no cinema atual!
Apesar de toda essa perfeição técnica, a história é bastante densa, mesclada a alguns poucos momentos de alívio cômico. Talvez por esse motivo não seja um filme que eu gostaria de ver sempre. Quem sabe daqui a uns dois anos, seria o suficiente para admirar novamente estes 120 minutos de incrível primor técnico.
O filme inicia devagar, mas desempenha um ótimo trabalho ao apresentar a família e nos fazer criar empatia com eles. O elenco, composto apenas por um casal e sua filha, convence em seus papéis, com destaque à atriz mirim, que alterna momentos de delicadeza e bravura com um talento admirável. É preciso ter um pouco de paciência e se envolver com a história, porque o filme só começa a empolgar de verdade em seus últimos 30 minutos. Contudo, a partir desse momento, vemos o mistério ser desvendado com inteligência e com twists bem elaborados para um filme de zumbi.
Um suspense bem leve, mas que surpreende com certa dose de originalidade.
Esqueça um pouco da coerência e embarque em uma horripilante jornada de insanidade, sangue e muitos, muitos sustos. A atuação da protagonista policial é satisfatória para o que o papel solicita. A história de fundo é bem aproveitada, apesar de se perder em alguns momentos, pela inserção de vários personagens que se misturam e se confundem.
Contudo, considerando seu evidente baixo orçamento, Last Shift se torna uma agradável surpresa. Não demora para criar o suspense, utiliza uma trilha sonora poderosa como acessório (e não como elemento principal) para o susto e se aproveita de um jogo de câmeras que brinca com luz e sombra, contribuindo bastante para aumentar o clima de tensão das cenas. O final me pegou desprevenido, achei bem feita a resolução do conflito.
Fica uma dica para Hollywood e sua fábrica de blockbusters de terror sem inspiração: assistam a essa pérola e aprendam que menos é mais.
Filmes em avião podem se aproveitar do ambiente fechado para criar uma atmosfera claustrofóbica e uma sensação desesperadora de fuga impossível. Aqui, as atuações medíocres e a direção desleixada cansam o expectador, que deve fugir dessa bomba! Quer dizer, desse avião.
O desenrolar do filme é morno e, em vários momentos, você acha que vai entrar uma reviravolta que vai acelerar a história, mas não. É só uma sequência de pequenas cenas de susto que não funcionam sozinhas e nem contribuem em conjunto para a construção do mistério. Por falar no mistério, mesmo tendo sido visto antes em inúmeros filmes, ele até poderia ser interessante se fosse inteligente ao citar a tal mitologia e se houvesse um suspense para anteceder a revelação. Quando ele surge, da maneira brusca em que é apresentado, você fica tão perdido quanto os personagens:
A divulgação de "Final Girl" se utiliza da premissa violenta e do potencial da Abigail Breslin; contudo, ao depender desses dois elementos, o filme se torna uma grande propaganda enganosa!
O roteiro é preguiçoso, as falas são previsíveis e não há intenção alguma em trazer alguma profundidade à história. O filme começa e já empurra seu enredo goela abaixo: a garota foi treinada para matar os rapazes. E ponto. Sem explicações, sem razão, sem motivo. Na verdade, não há motivo nem pra esse filme ter sido gravado.
Não é terror, pois não há impacto. Não é suspense, pois não cria tensão. É um projeto muito amador, que, nas mãos de uma equipe inteligente na produção, poderia se tornar um produto com melhor acabamento. Mas do jeito que tá, é um filme superficial e nada memorável.
Nota 2, porque a Abigail e o Wes Bentley cumprem razoavelmente o que foi proposto e o Cameron Bright se destaca no pouco que aparece - esse merecia ter sido melhor aproveitado.
- depois de misturar religião, telecinese e cyberciência, fiquei em dúvida se a personagem principal tinha virado a Emily Rose, a Carrie ou a Lucy.
Outro ponto negativo do filme foi ter baseado todos os seus sustos no atual estilo "James Wan de terror": flashes de luz piscando, trilha sonora que vai crescendo e um BOOM! Dá pra prever exatamente quando cada susto vai acontecer.
Embora esteja mergulhado em clichês e a despeito de todos os outros problemas, o filme diverte como um bom passatempo. 3.5 pelo elenco jovem e esforçado.
"We Are Still Here" tem uma boa ambientação, traz uma vibe nostálgica de filmes antigos e apresenta uns bons sustos no decorrer da história. O enredo é clássico, não traz novidades no gênero, mas se desenvolve de forma satisfatória. Contudo, apesar do empenho do casal principal, o casal secundário é muito canastrão. O ator, que chega a lembrar o Jack Nicholson (em uma homenagem a "O Iluminado"), interpreta como uma versão barata e semi-cômica do Jack Black.
De forma bem ágil, o esquema "apresentação da personagem/empatia por ela/sequestro/sofrimento/luta/fuga" se desenrola nos primeiros 10 minutos. O que vem a seguir é uma inesperada aventura em busca de justiça e não vingança. Uma bela surpresa dentro do clichê "mulher sequestrada busca vingança": surpreendentemente, o filme não se baseia no torture porn com a protagonista, nem na posterior tortura física do sequestrador. A cada etapa da jornada, o filme vai se mostrando mais inteligente, abordando temas sérios como
o tráfico de mulheres, a Sindrome de Estocolmo e até, sutilmente, a manutenção da vida dupla de um psicopata, sequestrando e abusando diariamente de jovens garotas e, paralelamente, sendo o pai de uma família perfeita, muito bonita no retrato.
Boas atuações dos dois personagens centrais, roteiro que se desenvolve e te mantém interessado e torcendo para que aquela loucura que se instaura termine bem. Recomendo!
Acompanhando a tela do notebook da Blaire, personagem central do filme, percebemos que ela é uma internauta igual todos nós - mantém mais de dez abas abertas no navegador, vendo dez mil coisas na internet ao mesmo tempo. E um dos trunfos do filme é fazer a Laura Barns (amiga que se suicidou por conta do cyberbullying que sofria) interagir das mais variadas formas: a fantasma posta fotos comprometedoras no Facebook, conversa com os amigos pelo Skype e ainda consegue invadir [remotamente, lá do além] uma impressora para mandar um recado a dois personagens, em um momento de tensão crítico, porém mal desenvolvido. A morta ainda aperta o play, de forma bem inteligente, em músicas no Spotify que se mostram oportunas dentro do contexto,
Além disso, há pequenas doses de dilema pessoal no momento da conversa final em um chat - quantas vezes escrevemos algo e então, paramos, pensamos um pouco, apagamos uma parte, depois apagamos tudo, recomeçamos a escrever outra coisa diferente, todas essas reflexões antes de enviar a mensagem (no caso do Facebook, apertar o "Reply")? Embora seja em primeira pessoa, não é um Found Footage, mas comete os mesmos erros daqueles: em vez das imagens trêmulas e escuras, aqui as imagens são constantemente pixelizadas como artifício para manter o suspense e trazer o impacto do susto repentino; e, assim como nos FF, isso incomoda e muito!
O confronto final dos personagens é onde o filme acelera e mostra apenas um resquício do potencial que tinha; poderia ser um suspense psicológico louvável, se não fosse o péssimo elenco de atores medíocres (principalmente os masculinos) e se tivesse um roteiro que se empenhasse em criar empatia pelos personagens
o filme seria muito mais inteligente sem aquele susto gratuito, com o final aberto de que ela seria a próxima vítima do cyberbullying, tendo que conviver com isso pro resto da vida (ou até ter o mesmo fim que a Laura).
Apesar de brutal, psicológico e com direção precisa, o deslize de "Goodnight Mommy" é passar a sutil sensação de "já vi isso antes".
O filme traz um enredo que não é original: a suspeita de que uma pessoa não é quem ela diz ser. Porém, aqui, esse dilema é inserido na dinâmica familiar - irmãos gêmeos desconfiam que não estão diante de sua própria mãe. Como é característico nos filmes europeus, há uma lenta apresentação dos personagens e ambientação do expectador no universo em que eles vivem e em seus psicológicos, através de diálogos breves e grandes planos que intrigam quem está assistindo. Essa longa introdução é fundamental para, no desenrolar da história, sermos o tempo todo desafiados e confundidos, ora acreditando nos filhos, ora acreditando na mãe. Até que, de repente, ocorre o segundo ato, elevando o filme a um desesperador nível
Embora o roteiro seja eficaz ao construir a tensão e impactar nos momentos finais, quem, assim como eu, está acostumado a ver thrillers e filmes de terror com frequência, já percebe qual é o real grande twist do filme logo nos primeiros 15 minutos.
Um trabalho mais cuidadoso em esconder as pistas que o filme oferece durante a primeira meia hora poderia torná-lo mais surpreendente - mesmo para quem já tenha assistido The Uninvited.
Apesar disso, os atores mirins sustentam, de forma madura, as emoções opostas de seus personagens, em especial no segundo ato do filme, e a figura grotesca é muito bem explorada nos momentos de tensão.
Circle
3.0 681 Assista AgoraO filme já começa com as 50 pessoas presas no tal círculo. Essa falta de um prólogo nos deixa tão confusos quanto os próprios participantes do jogo e isso contribui tanto para instigar a nossa curiosidade sobre o que está acontecendo, bem como para nos fazer inventar teorias e descobrir os segredos do círculo ao mesmo tempo que eles. Durante o processo de eliminação, o roteiro é certeiro ao abusar dos clichês e estereótipos e expôr sem pudores as crenças e os preconceitos de cada um. Apesar de uma ou duas escolhas incompreensíveis e alguns diálogos vazios, o filme mantém um bom suspense e encerra com um final surpreendente, revoltante e até satisfatório.
Uma ficção despretensiosa e bem feitinha.
Brooklin
3.8 1,1KA atriz principal rouba a nossa atenção a partir da primeira cena e, então, cada conquista, cada emoção, cada tristeza é representada poderosamente, através de seu olhar expressivo. As cenas na mesa com as garotas da pensão são deliciosas de assistir e quando ela começa o namoro com o Tony, o filme brilha e sobe o nível de fofura às alturas. Cada encontro dos dois na tela é encantador e sempre arranca um sorriso bobo do nosso rosto e o jantar com a família italiana traz momentos hilários! Quando ela precisa voltar para a Irlanda, o filme perde um pouco a leveza e põe o foco no drama: a dúvida entre a velha e a nova vida.
Uma história bastante simples, transformada em um filme adorável, graças à beleza das atuações e o carisma dos personagens.
O Homem Irracional
3.5 555 Assista AgoraO novo do Woody Allen traz um mote que lembra aquele do maravilhoso Match Point, mas com uma base pautada em questões filosóficas, tratadas no filme de forma leve, não maçante. O Phoenix cumpre bem o papel, na pele de um professor depressivo (lembram Her?) e a Emma Stone traz consigo o carisma necessário para a personagem da aluna apaixonada pelo mestre. Mas o real destaque aqui é a qualidade do texto, as dimensões e importância dos diálogos, os deliciosos punchlines que o Allen sempre insere, para deleite dos fãs de seus ricos roteiros. Além de nos prender a atenção, acompanhando a história e imaginando o que virá depois, Woody ainda nos brinda com uma cena final tão trágica, cômica e irônica, apenas confirmando mais uma vez que ele é um gênio quando se trata de resolução de conflitos.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista Agora"A garota dinamarquesa" traz belas paisagens, lindas pinturas e conta com uma atuação emocionante do Eddie Redmayne. Contudo, nada além disso brilha ou empolga: os diálogos são rasos, a relação do casal é superficial e o filme tem um sério problema de ritmo. Com pouca conexão emocional com os personagens, a história rapidamente começa a ficar sonolenta e a única coisa que te mantém interessado é acompanhar hipnotizado o show de carga dramática que os dois carregam nos olhos e saber como tudo vai terminar - mesmo sabendo, após algumas pesquisas, que o enredo destoa bastante da história REAL da Lili.
Contando com fotografia e direção de arte impecáveis e apesar das falhas técnicas e do roteiro mal desenvolvido, reconheço o valor de um filme como esse, chegando ao mainstream e levando ao público um pouco do universo trans - mesmo que seja de maneira mais didática que sentimental.
Sede de Vingança
2.2 351 Assista AgoraO primeiro ato apresenta a Miranda de maneira bem rasa. O tom frio da atuação da Rosamund Pike tenta trazer dimensão à personagem, porém o texto pobre e o roteiro confuso não contribuem. Durante o segundo ato, você apenas se pergunta o tempo todo: por que ela tá fazendo isso? O desfecho tenta empolgar mas tudo continua tão incompreensível que o filme acaba e você não entende o que estava se passando.
O corte brusco da edição que não mostra o que ela realmente fez e aquela meia dúzia de palavras que ela fala no final, em vez de te deixar intrigado, apenas
Se alguém aí estiver com vontade de ver "Sede de Vingança", sugiro que faça uma limonada e desista da ideia.
Ex Machina: Instinto Artificial
3.9 2,0K Assista AgoraTratando de uma tema mais que atual, a Inteligência Artificial, Ex-Machina traz questionamentos interessantes, através da interação humano-máquina e com vários quotes bem encaixados. O filme é levado com um tom de suspense presente do início ao fim e, conforme as máscaras vão caindo, você se pergunta de que lado realmente está. O trio de atores carrega bem o peso de seus personagens: Nathan, como um gênio incompreendido e amalucado; Ava, na dose perfeita de inocência e enigma; e Caleb, confuso entre rezão e emoção naquele universo futurístico. A falta de algumas respostas, às vezes, parecem furos de roteiro mas, em parte, tornam o filme ainda mais intrigante.
Por exemplo, a última sessão, a 7, em que o Caleb não estava fazendo o teste de Turing significa o quê? Pra mim, no final de tudo, era a Ava que estava testando eles! Brilhante!
É inteligente sem ser cabeçudo, é uma ficção cientifica que trata de uma ficção talvez nem tão distante dos dias atuais.
Filme bom é aquele que te faz pensar no final. No caso:
Será que já peguei algum robô disfarçado por aí? hehe
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraUm emaranhado não-linear, meio descoordenado, de cenas violentas (Vincent e Jules no apartamento do Brett), divertidas (Vincent e Mia no clube), alucinantes (Mia, "Girl, You'll Be a Woman Soon" e a 'adrenalina') e algumas bem tediosas (grande parte do segmento do Butch com sua namorada), compõem 2 horas e 30 minutos deste clássico que, apesar de imperdível para qualquer fã de cinema, não é tão perfeito quanto dizem.
O brilho de Pulp Fiction, assim como em outras obras do diretor, reside na inteligência dos diálogos marcantes, na trilha sonora oportuna em toda a duração do filme e em seu elenco estelar, que eleva cada personagem àquele nível de WHAT THE FUCK que adoramos sentir ao ver algum longa do Tarantino.
Compreendo o efeito que o filme causou na época, com a explosão de violência na tela e todo o reconhecimento do público e do crítica, mas pra mim não é o melhor dele. O bom mesmo é ver sem expectativas, esquecendo o fato de ser tão superestimado.
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista AgoraApesar de algumas longas cenas de diálogos que até poderiam ser reduzidas, somos recompensados pela fotografia precisa e por atuações hipnotizantes das belas atrizes e do Kurt Russell. O primeiro ato inicia o filme de forma divertida, nos apresentando o antagonista e seu sádico prazer.
A colisão dos carros, com sua edição frenética e aquele gore fodástico que o Tarantino sabe muito bem fazer,
"14 meses depois", vem tiro, porrada e bomba com um grupo de atrizes em sintonia com seus papeis, com destaque para a Zoe Bell, que dá um show na sequência do "mastro do navio" e graças à mão firme do Quentin na direção (sim, isso foi um trocadilho), que nos envolve em uma perseguição de carro de tirar o fôlego!
Despretensioso, sensual, divertido e trash! Sensacional!
Cooties: A Epidemia
2.7 202Cooties, como comédia, não traz grandes piadas e, como horror, não cria suspense ou cenas de tensão, mas é acima da média. O filme tem uma ótima abertura (nunca mais como Nuggets de novo! [mentira!]) e o desenrolar da historia é agradável de assistir com
seu humor ácido, por vezes, tirando sarro de si mesmo (muito boa a rápida piadinha de chamar o Elijah Wood de hobbit).
O gore está presente e o filme é bem ousado nas cenas que envolvem as crianças: vemos elas arrancando braços, mordendo pescoços, usando partes do corpo mutiladas como brinquedo, de forma criativa. O elenco está afiado e interage com naturalidade, o que ajuda na fluidez do filme.
No final das contas, é uma bela surpresa. Um filme de entretenimento puro. Diverte e pronto.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraO filme é levado com cuidado, em um ritmo devagar, mas é o suficiente para nos envolver com a historia, nos fazendo compreender o papel que cada personagem exerce no filme e, de maneira mais ampla, sua função na própria sociedade. Durante grande parte do filme, as cenas trazem situações pontuais, algumas de desfecho previsível, apenas para nos mostrar o cotidiano daquelas pessoas. Contudo, há sempre uma sensibilidade ao tratar do assunto e uma delicadeza ao emaranhar as várias relações interpessoais ali presentes:
o filho que gosta mais da empregada do que da mãe, o marido que se interessa pela filha da Val (como uma espécie de senhor de engenho apaixonado pela escrava), a patroa que finge tratar sua empregada com igualdade mas adora o prazer de deixar claro sua suposta superioridade.
Outro detalhe bastante criativo é o próprio título do filme,
que retrata as diversas dimensões do abandono das mães que trabalham (Fabinho e sua mãe, Jéssica e a Val).
Também há questões sutis tratadas com inteligência e ironia como o sorvete do Fabinho, o "livro do que pode e não pode fazer" e, principalmente, a piscina,
usada de forma brilhante como uma metáfora à liberdade da Val em uma emocionante cena
Lake Mungo
3.2 291Deve-se deixar claro que este não é um filme de terror comum. Não espere por sustos fáceis, jogos de câmera e trilha sonora que explode nas alturas para intensificar o susto. Aqui o filme se preocupa principalmente em criar uma atmosfera densa e um clima angustiante de não se saber o que vai acontecer a seguir - e nestes pontos o trabalho é bem executado. Contudo, a execução falha em aspectos básicos - como grande parte do elenco, em que o único destaque positivo é a mãe, sendo que a atuação do apático ator que faz o pai dela estraga parte da emoção que o filme poderia carregar.
O enredo se desenvolve estável como um acorde de uma nota só. A história, levada de jeito meio arrastado, às vezes prende a atenção com alguns twists interessantes no decorrer do filme, mas no geral a sensação é de se assistir a um documentário meio enfadonho. Os twists, como já mencionados acima, são realmente o que o filme há de melhor e contribuem para trazer novas camadas e dimensões ao mistério original, mesmo que em alguns momentos restem pontas soltas. A imagem estática da Alice nas gravações e fotos são o elemento intrigante, e o maravilhoso twist (próximo aos créditos finais) traz um sentimento, não de horror, mas um incômodo, um nó no estômago, uma sensação que deixa o espectador pensando e que mostra o quanto o filme, apesar de tudo, foi eficaz em sua premissa.
No Coração do Mar
3.6 776 Assista AgoraSem o correto desenvolvimento dos personagens (culpa do diretor e roteiristas) e sem atuação dignas (culpa do conjunto de atores medianos, sendo o Hemsworth o pior de todos), esse filme só pode se apoiar nas cenas de ação e em seus efeitos especiais. Ainda assim, há cenas em que a ação não empolga por completo, outras em que a ação enrola demais e os efeitos são um mero artifício para mascarar a falta de conteúdo. Após um grande acontecimento no filme próximo de sua reta final, surge o momento em que o enredo precisa de fôlego para sustentar o desespero que deveria se instaurar a partir dali - mas não, tudo parece ser tratado com uma naturalidade impossível. Inacreditável!
Tem muita água do mar onde precisaria de coração, e o pior de tudo é que a baleia é maior no pôster do que no próprio filme.
O Segredo dos Seus Olhos
4.3 2,1K Assista AgoraEsse filme é uma coleção de grandes acertos que funcionam para a construção de uma obra-prima dos tempos modernos. Os atores principais estão magníficos em seus papéis, o roteiro evolui de forma intrigante, desafiando o espectador a continuar a solucionar o assassinato, e, ao mesmo tempo, nos fazendo envolver com a relação do Esposito com a Hastings. Além da riqueza de detalhes e do requinte das atuações, vale destacar a direção firme do Campanella e o uso da fotografia como elemento de inserção no enredo da investigação aliado às emoções dos personagens. A cena do estádio já é um marco no cinema atual!
Apesar de toda essa perfeição técnica, a história é bastante densa, mesclada a alguns poucos momentos de alívio cômico. Talvez por esse motivo não seja um filme que eu gostaria de ver sempre. Quem sabe daqui a uns dois anos, seria o suficiente para admirar novamente estes 120 minutos de incrível primor técnico.
Escondidos
3.3 232O filme inicia devagar, mas desempenha um ótimo trabalho ao apresentar a família e nos fazer criar empatia com eles. O elenco, composto apenas por um casal e sua filha, convence em seus papéis, com destaque à atriz mirim, que alterna momentos de delicadeza e bravura com um talento admirável. É preciso ter um pouco de paciência e se envolver com a história, porque o filme só começa a empolgar de verdade em seus últimos 30 minutos. Contudo, a partir desse momento, vemos o mistério ser desvendado com inteligência e com twists bem elaborados para um filme de zumbi.
Um suspense bem leve, mas que surpreende com certa dose de originalidade.
Last Shift
3.0 205Esqueça um pouco da coerência e embarque em uma horripilante jornada de insanidade, sangue e muitos, muitos sustos. A atuação da protagonista policial é satisfatória para o que o papel solicita. A história de fundo é bem aproveitada, apesar de se perder em alguns momentos, pela inserção de vários personagens que se misturam e se confundem.
Contudo, considerando seu evidente baixo orçamento, Last Shift se torna uma agradável surpresa. Não demora para criar o suspense, utiliza uma trilha sonora poderosa como acessório (e não como elemento principal) para o susto e se aproveita de um jogo de câmeras que brinca com luz e sombra, contribuindo bastante para aumentar o clima de tensão das cenas. O final me pegou desprevenido, achei bem feita a resolução do conflito.
Fica uma dica para Hollywood e sua fábrica de blockbusters de terror sem inspiração: assistam a essa pérola e aprendam que menos é mais.
Voo 7500
2.0 381 Assista AgoraFilmes em avião podem se aproveitar do ambiente fechado para criar uma atmosfera claustrofóbica e uma sensação desesperadora de fuga impossível. Aqui, as atuações medíocres e a direção desleixada cansam o expectador, que deve fugir dessa bomba! Quer dizer, desse avião.
O desenrolar do filme é morno e, em vários momentos, você acha que vai entrar uma reviravolta que vai acelerar a história, mas não. É só uma sequência de pequenas cenas de susto que não funcionam sozinhas e nem contribuem em conjunto para a construção do mistério. Por falar no mistério, mesmo tendo sido visto antes em inúmeros filmes, ele até poderia ser interessante se fosse inteligente ao citar a tal mitologia e se houvesse um suspense para anteceder a revelação. Quando ele surge, da maneira brusca em que é apresentado, você fica tão perdido quanto os personagens:
eles se perguntam "O que houve? Nós morremos?" e você se pergunta "O que houve? Já acabou?".
Nota 1.0 só porque aprendi o que significa Shinigami - o único elemento que me deu um susto rápido de um segundo nesse desastre aéreo chamado "7500".
Final Girl
2.2 296A divulgação de "Final Girl" se utiliza da premissa violenta e do potencial da Abigail Breslin; contudo, ao depender desses dois elementos, o filme se torna uma grande propaganda enganosa!
O roteiro é preguiçoso, as falas são previsíveis e não há intenção alguma em trazer alguma profundidade à história. O filme começa e já empurra seu enredo goela abaixo: a garota foi treinada para matar os rapazes. E ponto. Sem explicações, sem razão, sem motivo. Na verdade, não há motivo nem pra esse filme ter sido gravado.
Não é terror, pois não há impacto. Não é suspense, pois não cria tensão. É um projeto muito amador, que, nas mãos de uma equipe inteligente na produção, poderia se tornar um produto com melhor acabamento. Mas do jeito que tá, é um filme superficial e nada memorável.
Nota 2, porque a Abigail e o Wes Bentley cumprem razoavelmente o que foi proposto e o Cameron Bright se destaca no pouco que aparece - esse merecia ter sido melhor aproveitado.
Renascida do Inferno
2.2 577 Assista AgoraOs atores são medianos e o roteiro, ignorando os furos e os erros de montagem, trouxe bons momentos, apesar de ter se perdido na reta final
- depois de misturar religião, telecinese e cyberciência, fiquei em dúvida se a personagem principal tinha virado a Emily Rose, a Carrie ou a Lucy.
Embora esteja mergulhado em clichês e a despeito de todos os outros problemas, o filme diverte como um bom passatempo. 3.5 pelo elenco jovem e esforçado.
Ainda Estamos Aqui
2.5 186"We Are Still Here" tem uma boa ambientação, traz uma vibe nostálgica de filmes antigos e apresenta uns bons sustos no decorrer da história. O enredo é clássico, não traz novidades no gênero, mas se desenvolve de forma satisfatória. Contudo, apesar do empenho do casal principal, o casal secundário é muito canastrão. O ator, que chega a lembrar o Jack Nicholson (em uma homenagem a "O Iluminado"), interpreta como uma versão barata e semi-cômica do Jack Black.
A cena em que ele é possuído torna tudo ainda mais ridiculamente risível.
Não é ruim. É um passatempo leve, que te envolve com alguns sustos e só. 3 estrelas porque estou de bom humor (e pelo gore dos momentos finais).
Bound To Vengeance
3.2 81De forma bem ágil, o esquema "apresentação da personagem/empatia por ela/sequestro/sofrimento/luta/fuga" se desenrola nos primeiros 10 minutos. O que vem a seguir é uma inesperada aventura em busca de justiça e não vingança. Uma bela surpresa dentro do clichê "mulher sequestrada busca vingança": surpreendentemente, o filme não se baseia no torture porn com a protagonista, nem na posterior tortura física do sequestrador. A cada etapa da jornada, o filme vai se mostrando mais inteligente, abordando temas sérios como
o tráfico de mulheres, a Sindrome de Estocolmo e até, sutilmente, a manutenção da vida dupla de um psicopata, sequestrando e abusando diariamente de jovens garotas e, paralelamente, sendo o pai de uma família perfeita, muito bonita no retrato.
Boas atuações dos dois personagens centrais, roteiro que se desenvolve e te mantém interessado e torcendo para que aquela loucura que se instaura termine bem. Recomendo!
Amizade Desfeita
2.8 1,1K Assista AgoraAcompanhando a tela do notebook da Blaire, personagem central do filme, percebemos que ela é uma internauta igual todos nós - mantém mais de dez abas abertas no navegador, vendo dez mil coisas na internet ao mesmo tempo. E um dos trunfos do filme é fazer a Laura Barns (amiga que se suicidou por conta do cyberbullying que sofria) interagir das mais variadas formas: a fantasma posta fotos comprometedoras no Facebook, conversa com os amigos pelo Skype e ainda consegue invadir [remotamente, lá do além] uma impressora para mandar um recado a dois personagens, em um momento de tensão crítico, porém mal desenvolvido. A morta ainda aperta o play, de forma bem inteligente, em músicas no Spotify que se mostram oportunas dentro do contexto,
como o esperto uso de "How You Lie Lie Lie"
Além disso, há pequenas doses de dilema pessoal no momento da conversa final em um chat - quantas vezes escrevemos algo e então, paramos, pensamos um pouco, apagamos uma parte, depois apagamos tudo, recomeçamos a escrever outra coisa diferente, todas essas reflexões antes de enviar a mensagem (no caso do Facebook, apertar o "Reply")? Embora seja em primeira pessoa, não é um Found Footage, mas comete os mesmos erros daqueles: em vez das imagens trêmulas e escuras, aqui as imagens são constantemente pixelizadas como artifício para manter o suspense e trazer o impacto do susto repentino; e, assim como nos FF, isso incomoda e muito!
O confronto final dos personagens é onde o filme acelera e mostra apenas um resquício do potencial que tinha; poderia ser um suspense psicológico louvável, se não fosse o péssimo elenco de atores medíocres (principalmente os masculinos) e se tivesse um roteiro que se empenhasse em criar empatia pelos personagens
, mesmo que no final das contas eles realmente mereçam morrer pelo que fizeram.
Quanto aos dois segundos finais,
o filme seria muito mais inteligente sem aquele susto gratuito, com o final aberto de que ela seria a próxima vítima do cyberbullying, tendo que conviver com isso pro resto da vida (ou até ter o mesmo fim que a Laura).
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraApesar de brutal, psicológico e com direção precisa, o deslize de "Goodnight Mommy" é passar a sutil sensação de "já vi isso antes".
O filme traz um enredo que não é original: a suspeita de que uma pessoa não é quem ela diz ser. Porém, aqui, esse dilema é inserido na dinâmica familiar - irmãos gêmeos desconfiam que não estão diante de sua própria mãe. Como é característico nos filmes europeus, há uma lenta apresentação dos personagens e ambientação do expectador no universo em que eles vivem e em seus psicológicos, através de diálogos breves e grandes planos que intrigam quem está assistindo. Essa longa introdução é fundamental para, no desenrolar da história, sermos o tempo todo desafiados e confundidos, ora acreditando nos filhos, ora acreditando na mãe. Até que, de repente, ocorre o segundo ato, elevando o filme a um desesperador nível
de tortura física e psicológica.
Embora o roteiro seja eficaz ao construir a tensão e impactar nos momentos finais, quem, assim como eu, está acostumado a ver thrillers e filmes de terror com frequência, já percebe qual é o real grande twist do filme logo nos primeiros 15 minutos.
Um trabalho mais cuidadoso em esconder as pistas que o filme oferece durante a primeira meia hora poderia torná-lo mais surpreendente - mesmo para quem já tenha assistido The Uninvited.