Romy Schneider totalmente entregue ao papel de Nadine, uma atriz decadente e deprimida. Sua performance, arrebatadora, é, de longe, o melhor aspecto do filme. Os desempenhos dos atores que interpretam os homens que dividem o amor daquela mulher, Jacques Dutronc e Fabio Testi, deixam muito a desejar. Por outro lado, a participação de Klaus Kinski é genial. O diretor Andrzej Zulawski conduz com elegância e eficácia a conturbada história desse fatídico triângulo amoroso.
Dramaticamente fraco, apesar da tentativa nobre do roteiro de lançar diálogos decentes. Todavia, as estrelas elencadas neste projeto são bem-sucedidas em transformá-lo em algo honestamente divertido. Finalmente, não há queixas quanto ao diretor Anthony Asquith, sempre hábil e competente mesmo em momentos de menos brilho.
'Wild Side' simplesmente levou seu diretor ao suicídio. Explico: Donald Cammell foi impedido de lançar o corte que almejava para seu filme. Seu nome foi removido dos créditos, e o homem que já era meio depressivo, parece que simplesmente não suportou o desgosto. De fato, a versão lançada a época reduzia o filme a um thriller lésbico sem muita razão de ser, com o único intuito de ganhar dinheiro explorando a beleza das duas protagonistas. Felizmente alguns anos depois, os direitos da obra foram adquiridos por uma distribuidora londrina que investiu na reconstituição do que seria a versão pretendida por Cammell. Não precisaria dizer, mas só pra atestar, obviamente a versão do diretor facilmente sobrepuja a ridícula versão imposta pelos produtores. Para os curiosos, o romance lésbico continua, mas desta vez não é tratado como uma mera atração de circo, e passa a funcionar como um agravante da intrincada trama. A nota que dou em minha avaliação se refere pois a única versão que deveria ter existido: a de Donald Cammell.
Existem dois cortes e, por mais que a diferença na minutagem pareça mínima (1min), a versão sem censura do diretor é esmagadoramente melhor. Trata-se de um outro filme, pois não é o caso de apenas haver um minuto adicional à outra versão, são tomadas diferentes, com durações diferentes, o que muda o enfoque do filme e o trona mais violento, bem mais fiel ao estilo Tarantino. Por isso, dou duas notas: ★★½ ao corte teatral, e ★★★★½ ao corte de Tony Scott. Sem dúvidas esse é seu melhor filme.
O filme como um todo até merece umas 4 estrelas, mas pela audácia de dar ao C. Lambert o papel principal, resvala na mediocridade. Como alguns, acredito que 'O Siciliano' sofre de descrédito injusto. O elenco de apoio (destaco Terence Stamp, Joss Ackland, John Turturro e Barbara Sukowa) dá uma compensada na inexpressiva atuação de Lambert; a fotografia e a direção de arte são de muito bom gosto; e Michael Cimino pode ser o que for, mas é estupidez negar seu enorme talento.
Kleber Mendonça Filho estreou com o pé direito, apresentando um trabalho diferenciado, sofisticado, porém acessível; fora do eixo Rio-São Paulo. O saldo é positivo, sem dúvidas! Mas esperava mais.. Certamente a responsabilidade por essa frustração recai sobre o frisson em torno do filme. Frisson que se justifica em parte, não se pode negar, tendo em vista que o calcanhar de Aquiles do cinema nacional está no roteiro. Além disso, a câmera de Pedro Sotero e Fabricio Tadeu corroboram o frescor do filme. O maior desapontamento está no casal central, interpretado por atores sem competência para uma alçada desse porte, tirando o espaço das histórias paralelas, de longe muito mais interessantes. A tirada da (quase) clássica dona de casa neurótica e entediada, com um casal de filhos para criar e um marido bundão para aturar; a abordagem atualíssima da herança corolenista, que ultrapassa o limite do rural e loteia também a cidade; a questão da segurança pública e do "poder paralelo"; tudo isso era combustível suficiente, não precisava povoar a trama com romancezinho chulé, dependente de atores sofrivelmente limitados. Aposto que na próxima Kleber não deixará a peteca cair!
Helmut Berger prova em aqui que não é 'apenas um rostinho bonito'. O rapaz está 100% melhor se comparado ao Martin de 'Os Deuses Malditos'. Romy Schneider é uma donzela de personalidade, desviando dos clichês típicos dos filmes de época. Seu desempenho é excelente, como de costume. O elenco de apoio também é bem aproveitado e sua participação bem distribuída. Tal como o extenso 'O Leopardo', 'Ludwig', apesar do ritmo desacelerado - e apropriado, ressalto - a evocação à atenção do espectador é constantemente renovada, pois uma eventual ausência de sequências movimentadas, é substituída pelo acessível e ao mesmo tempo interessante estudo de personagem desenvolvido pelo roteiro. Além disso, outras características da obra do cineasta, como a fotografia exuberante, o figurino de bom gosto, a cenografia requintada, a decupagem elegante, enfim, estão todas presentes.
Os sete protagonistas-mirins desfilam profissionalismo e competência. Ninguém que não Dirk Bogarde seria tão adequado para personificar a figura paterna da história. Aqui, diferente do usual, ele deixa para trás a classe e a garbosidade que lhe são peculiares e dá vida a um genuíno vagabundo aproveitador. Aqueles que se guiarem pelos lindos rostinhos infantis, provavelmente, sequer desconfiarão que o filme, baseado num livro de mesmo nome, publicado em 1963, relata um macabro drama pelo qual passam os irmãos após ficarem órfãos de mãe. A despeito da lúgubre obscuridade que permeia toda a trama, há reflexões que excedem o escopo da morte em si e incitam questionamentos: seria a mãe morta contatada pelas crianças, factualmente, uma espécie de consciência coletiva? Ou é uma reles manifestação exacerbada de religiosidade, único conforto ao qual podem recorrer? Ou ainda, uma maneira de os mais velhos justificarem suas decisões perante os mais novos?
Após um bom tempo ambientando suas tramas em Los Angeles, 'Gloria' marca a volta de John Cassavetes às ruas de Nova York. Em quesitos comerciais, este foi o mais bem-sucedido filme de sua carreira como cineasta. Inicialmente, ele havia escrito o roteiro com a intenção de vendê-lo a algum estúdio. A Columbia Pictures interessou-se e o comprou, escalando para encabeçar o elenco justamente Gena Rowlands, que além de consagrada atriz, era também esposa de Cassavetes. Ela então solicitou aos executivos que seu marido fosse escolhido para dirigir a produção, tendo seu pedido prontamente atendido. Aliado à eficiência do texto, emocionante sem ser piegas, adotou um estilo de filmagem mais próximo ao praticado no mainstream, mais dinâmico se comparado à câmera estática tão presente em projetos antecessores, como 'Uma Mulher sob Influência' e 'Maridos'. Mantendo a tradição de dedicar-se à análise dos relacionamentos humanos, Cassavetes também imprime aqui sua marca, tendo como grande trunfo a performance de Gena, que encarnou de maneira sóbria e poderosa a personagem-título, alguém que, por trás de uma carapaça com a qual se abstém da compaixão pelo próximo, possui enorme sensibilidade. O trabalho da atriz foi reconhecido pelo público e, principalmente, pela crítica, com indicações a prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro. 'Gloria' também recebeu o Leão de Ouro de melhor filme em Veneza. Em 1999 foi refilmado, com roteiro de Steve Antin, direção do grande Sidney Lumet. Desta vez caberia a Sharon Stone, que ganhara o Globo de Ouro de melhor atriz em 1995 por 'Cassino', o papel protagonista.
Ainda não decifrei as verdadeiras pretensões de Eric Roberts em sua interpretação. Ora as atitudes e expressões de Paulie fluem naturalmente, administrando muito bem a dualidade entre o trágico e o cômico; ora erra feio a mão, sendo exageradamente espalhafatoso e efusivo, tornando risíveis os momentos que deveriam ser dramáticos. Este é o ponto fraco de 'The Pope of Greenwich Village' e principal fator responsável por sua irregularidade. Daryl Hannah não ajuda, mas não prejudica, sendo apenas uma peça funcional do elenco. Já Mickey Rourke exerce com extrema competência o papel de Charlie, que vive situação muito semelhante à de seu xará, vivido por Harvey Keitel em 'Mean Streets', de Martin Scorsese. Coincidentemente ou não, as tramas de ambas as fitas têm muito em comum, do modo que é possível concluirmos que o filme de Rosenberg é uma homenagem ao renomado diretor novaiorquino. Nesse aspecto, o êxito é total.
A história em si serve apenas como subterfúgio para a exuberância visual deste filme, seja ela decorrente das cores da fotografia de Almendros ou do apuro estético de Malick, ou de ambos. Ironicamente, tudo em 'Days of Heaven' é simplório, e aí reside todo o encanto do filme. Se a trama não reserva grandes surpresas, a narrativa, entretanto, não é exatamente convencional. O ponto de vista da menina e as obsevações traçadas por ela ao largo da projeção oferecem leveza e sustentação necessárias para suplantar algum "vazio" que talvez não venha a ser preenchido pelas imagens simplesmene.
Um grande dramalhão que no entanto se encaixa na proposta do filme e condiz com a personalidade excêntrica da biografada. Faye Dunaway por si só já merece destaque, porém não de pode deixar de elogiar o ótimo trabalho de maquiagem, que coroou a caracterização da atriz.
Se em "East of Eden" (Vidas Amargas) Kazan explora os conflitos do jovem com os pais, em "Splendor in the Grass" (Clamor do Sexo) vai além, promove o embate 'juventude X sexo X pais' através da mesma abordagem simultaneamente sutil e contundente usada naquele filme com James Dean. A pressão da cobrança em realizar o futuro planejado pelos pais, lidar com a sexualidade em plena profusão de hormônios e impor-se como alguém com personalidade e vontades próprias são situações atemporais e as quais acredito que todo adolescente, em algum momento, atravessa.
Seria, sem dúvidas, o melhor filme de De Palma se não fosse pelo modo desastrado com o qual o ato final foi desenvolvido. Ao invés de exstasiante, foi uma experiência frustrante. O 'chroma key', o 'slow motion', o fundo musical pomposo, e as caras e bocas de Allen e Travolta tornaram o que deveria ser dramático em algo espalhafatosamente cômico.
Ah, se não fosse Cate Blanchett e a belíssima fotografia de Robert Richardson.. O que terá acontecido a Leonardo DiCaprio? Suas caretas são sempre as mesmas não importa o filme.
Definitivamente o pior filme da parceria Scorsese-DiCaprio. O que começou mal, felizmente foi sendo aprimorado. O ator exibiu uma atuação pouco inspirada, mesmo sob o comando daquele que conseguiu fazer Sharon Stone concorrer, de uma só vez, ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor atriz. A situação é agravada pelo roteiro arrastado e a metragem de mais de duas horas e mais. Além disso, a reconstituição da Nova York do séc XIX é pouco convincente, tendo em vista os efeitos especiais computadorizados que soam altamente artificiais. Apesar dos pesares, trata-se de um filme DO Martin Scorsese, e Day-Lewis é um vilão espetacular.
Após assistir a "O Inquilino" fiquei temporariamente refém da mesma paranóia de Trelkovsky. Me deu um baita receio dos meus vizinhos! Acho que isso serve como prova do que Polanski é capaz de criar a partir de uma premissa aparentemente simples.
A temática é fértil, mas o roteiro acanhado. Frases de efeito previsíveis cortam o entusiasmo dos inflamados diálogos. O tom exacerbado com o intuito de ironizar foi um tiro no pé. Mas trata-se de um filme de Lumet. E o elenco é um desbunde.
O depoimento em tom de encontro familiar, com os entes conversando amenidades e relembram suas histórias, acaba servindo de alegoria para expor, sob a ótica daqueles que, mesmo sendo considerados cidadãos do país em que residem, jamais terão desatado o forte elo com suas origens. Um interessante retrato da realidade dos imigrantes (não apenas os italianos) na América.
A segunda incursão de Trumbull na direção de um longa-metragem está longe de ser desastrosa, porém sua pouca habilidade é notável, corroborando a disritmia da trama.
O Importante é Amar
4.0 34Romy Schneider totalmente entregue ao papel de Nadine, uma atriz decadente e deprimida. Sua performance, arrebatadora, é, de longe, o melhor aspecto do filme. Os desempenhos dos atores que interpretam os homens que dividem o amor daquela mulher, Jacques Dutronc e Fabio Testi, deixam muito a desejar. Por outro lado, a participação de Klaus Kinski é genial. O diretor Andrzej Zulawski conduz com elegância e eficácia a conturbada história desse fatídico triângulo amoroso.
O Rolls-Royce Amarelo
3.7 7Dramaticamente fraco, apesar da tentativa nobre do roteiro de lançar diálogos decentes. Todavia, as estrelas elencadas neste projeto são bem-sucedidas em transformá-lo em algo honestamente divertido. Finalmente, não há queixas quanto ao diretor Anthony Asquith, sempre hábil e competente mesmo em momentos de menos brilho.
Nas Garras do Crime
3.0 5'Wild Side' simplesmente levou seu diretor ao suicídio.
Explico: Donald Cammell foi impedido de lançar o corte que almejava para seu filme. Seu nome foi removido dos créditos, e o homem que já era meio depressivo, parece que simplesmente não suportou o desgosto. De fato, a versão lançada a época reduzia o filme a um thriller lésbico sem muita razão de ser, com o único intuito de ganhar dinheiro explorando a beleza das duas protagonistas. Felizmente alguns anos depois, os direitos da obra foram adquiridos por uma distribuidora londrina que investiu na reconstituição do que seria a versão pretendida por Cammell. Não precisaria dizer, mas só pra atestar, obviamente a versão do diretor facilmente sobrepuja a ridícula versão imposta pelos produtores. Para os curiosos, o romance lésbico continua, mas desta vez não é tratado como uma mera atração de circo, e passa a funcionar como um agravante da intrincada trama.
A nota que dou em minha avaliação se refere pois a única versão que deveria ter existido: a de Donald Cammell.
Amor à Queima-Roupa
3.9 362 Assista AgoraExistem dois cortes e, por mais que a diferença na minutagem pareça mínima (1min), a versão sem censura do diretor é esmagadoramente melhor. Trata-se de um outro filme, pois não é o caso de apenas haver um minuto adicional à outra versão, são tomadas diferentes, com durações diferentes, o que muda o enfoque do filme e o trona mais violento, bem mais fiel ao estilo Tarantino. Por isso, dou duas notas: ★★½ ao corte teatral, e ★★★★½ ao corte de Tony Scott. Sem dúvidas esse é seu melhor filme.
O Siciliano
3.2 31O filme como um todo até merece umas 4 estrelas, mas pela audácia de dar ao C. Lambert o papel principal, resvala na mediocridade. Como alguns, acredito que 'O Siciliano' sofre de descrédito injusto. O elenco de apoio (destaco Terence Stamp, Joss Ackland, John Turturro e Barbara Sukowa) dá uma compensada na inexpressiva atuação de Lambert; a fotografia e a direção de arte são de muito bom gosto; e Michael Cimino pode ser o que for, mas é estupidez negar seu enorme talento.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista AgoraKleber Mendonça Filho estreou com o pé direito, apresentando um trabalho diferenciado, sofisticado, porém acessível; fora do eixo Rio-São Paulo. O saldo é positivo, sem dúvidas! Mas esperava mais..
Certamente a responsabilidade por essa frustração recai sobre o frisson em torno do filme. Frisson que se justifica em parte, não se pode negar, tendo em vista que o calcanhar de Aquiles do cinema nacional está no roteiro. Além disso, a câmera de Pedro Sotero e Fabricio Tadeu corroboram o frescor do filme. O maior desapontamento está no casal central, interpretado por atores sem competência para uma alçada desse porte, tirando o espaço das histórias paralelas, de longe muito mais interessantes.
A tirada da (quase) clássica dona de casa neurótica e entediada, com um casal de filhos para criar e um marido bundão para aturar; a abordagem atualíssima da herança corolenista, que ultrapassa o limite do rural e loteia também a cidade; a questão da segurança pública e do "poder paralelo"; tudo isso era combustível suficiente, não precisava povoar a trama com romancezinho chulé, dependente de atores sofrivelmente limitados.
Aposto que na próxima Kleber não deixará a peteca cair!
Na Glória, a Amargura
3.9 8O filme está disponível em DVD pela Flashstar. Custa menos de R$20,00 (=
Ludwig - O Último Rei da Bavária
4.2 21Helmut Berger prova em aqui que não é 'apenas um rostinho bonito'. O rapaz está 100% melhor se comparado ao Martin de 'Os Deuses Malditos'. Romy Schneider é uma donzela de personalidade, desviando dos clichês típicos dos filmes de época. Seu desempenho é excelente, como de costume. O elenco de apoio também é bem aproveitado e sua participação bem distribuída.
Tal como o extenso 'O Leopardo', 'Ludwig', apesar do ritmo desacelerado - e apropriado, ressalto - a evocação à atenção do espectador é constantemente renovada, pois uma eventual ausência de sequências movimentadas, é substituída pelo acessível e ao mesmo tempo interessante estudo de personagem desenvolvido pelo roteiro. Além disso, outras características da obra do cineasta, como a fotografia exuberante, o figurino de bom gosto, a cenografia requintada, a decupagem elegante, enfim, estão todas presentes.
Todas as Noites às Nove
3.8 21Os sete protagonistas-mirins desfilam profissionalismo e competência. Ninguém que não Dirk Bogarde seria tão adequado para personificar a figura paterna da história. Aqui, diferente do usual, ele deixa para trás a classe e a garbosidade que lhe são peculiares e dá vida a um genuíno vagabundo aproveitador.
Aqueles que se guiarem pelos lindos rostinhos infantis, provavelmente, sequer desconfiarão que o filme, baseado num livro de mesmo nome, publicado em 1963, relata um macabro drama pelo qual passam os irmãos após ficarem órfãos de mãe.
A despeito da lúgubre obscuridade que permeia toda a trama, há reflexões que excedem o escopo da morte em si e incitam questionamentos: seria a mãe morta contatada pelas crianças, factualmente, uma espécie de consciência coletiva? Ou é uma reles manifestação exacerbada de religiosidade, único conforto ao qual podem recorrer? Ou ainda, uma maneira de os mais velhos justificarem suas decisões perante os mais novos?
Glória
3.7 40Após um bom tempo ambientando suas tramas em Los Angeles, 'Gloria' marca a volta de John Cassavetes às ruas de Nova York. Em quesitos comerciais, este foi o mais bem-sucedido filme de sua carreira como cineasta. Inicialmente, ele havia escrito o roteiro com a intenção de vendê-lo a algum estúdio. A Columbia Pictures interessou-se e o comprou, escalando para encabeçar o elenco justamente Gena Rowlands, que além de consagrada atriz, era também esposa de Cassavetes. Ela então solicitou aos executivos que seu marido fosse escolhido para dirigir a produção, tendo seu pedido prontamente atendido.
Aliado à eficiência do texto, emocionante sem ser piegas, adotou um estilo de filmagem mais próximo ao praticado no mainstream, mais dinâmico se comparado à câmera estática tão presente em projetos antecessores, como 'Uma Mulher sob Influência' e 'Maridos'. Mantendo a tradição de dedicar-se à análise dos relacionamentos humanos, Cassavetes também imprime aqui sua marca, tendo como grande trunfo a performance de Gena, que encarnou de maneira sóbria e poderosa a personagem-título, alguém que, por trás de uma carapaça com a qual se abstém da compaixão pelo próximo, possui enorme sensibilidade. O trabalho da atriz foi reconhecido pelo público e, principalmente, pela crítica, com indicações a prêmios como o Oscar e o Globo de Ouro. 'Gloria' também recebeu o Leão de Ouro de melhor filme em Veneza.
Em 1999 foi refilmado, com roteiro de Steve Antin, direção do grande Sidney Lumet. Desta vez caberia a Sharon Stone, que ganhara o Globo de Ouro de melhor atriz em 1995 por 'Cassino', o papel protagonista.
Nos Calcanhares da Máfia
3.2 11Ainda não decifrei as verdadeiras pretensões de Eric Roberts em sua interpretação. Ora as atitudes e expressões de Paulie fluem naturalmente, administrando muito bem a dualidade entre o trágico e o cômico; ora erra feio a mão, sendo exageradamente espalhafatoso e efusivo, tornando risíveis os momentos que deveriam ser dramáticos. Este é o ponto fraco de 'The Pope of Greenwich Village' e principal fator responsável por sua irregularidade.
Daryl Hannah não ajuda, mas não prejudica, sendo apenas uma peça funcional do elenco. Já Mickey Rourke exerce com extrema competência o papel de Charlie, que vive situação muito semelhante à de seu xará, vivido por Harvey Keitel em 'Mean Streets', de Martin Scorsese. Coincidentemente ou não, as tramas de ambas as fitas têm muito em comum, do modo que é possível concluirmos que o filme de Rosenberg é uma homenagem ao renomado diretor novaiorquino. Nesse aspecto, o êxito é total.
Cinzas no Paraíso
4.0 172 Assista AgoraA história em si serve apenas como subterfúgio para a exuberância visual deste filme, seja ela decorrente das cores da fotografia de Almendros ou do apuro estético de Malick, ou de ambos. Ironicamente, tudo em 'Days of Heaven' é simplório, e aí reside todo o encanto do filme. Se a trama não reserva grandes surpresas, a narrativa, entretanto, não é exatamente convencional. O ponto de vista da menina e as obsevações traçadas por ela ao largo da projeção oferecem leveza e sustentação necessárias para suplantar algum "vazio" que talvez não venha a ser preenchido pelas imagens simplesmene.
Mamãezinha Querida
3.5 185Um grande dramalhão que no entanto se encaixa na proposta do filme e condiz com a personalidade excêntrica da biografada. Faye Dunaway por si só já merece destaque, porém não de pode deixar de elogiar o ótimo trabalho de maquiagem, que coroou a caracterização da atriz.
Terremoto
3.2 69 Assista AgoraO mais fraco dos chamados "filmes catástrofe", tão em voga nos anos 1970.
Clamor do Sexo
4.2 92 Assista AgoraSe em "East of Eden" (Vidas Amargas) Kazan explora os conflitos do jovem com os pais, em "Splendor in the Grass" (Clamor do Sexo) vai além, promove o embate 'juventude X sexo X pais' através da mesma abordagem simultaneamente sutil e contundente usada naquele filme com James Dean. A pressão da cobrança em realizar o futuro planejado pelos pais, lidar com a sexualidade em plena profusão de hormônios e impor-se como alguém com personalidade e vontades próprias são situações atemporais e as quais acredito que todo adolescente, em algum momento, atravessa.
Amores Brutos
4.2 818 Assista AgoraO melhor filme de Iñárritu.
O Lutador
4.0 912Aronofsky é chegado a excessos. O Lutador não é uma exceção.
Um Tiro na Noite
3.9 236 Assista AgoraSeria, sem dúvidas, o melhor filme de De Palma se não fosse pelo modo desastrado com o qual o ato final foi desenvolvido. Ao invés de exstasiante, foi uma experiência frustrante. O 'chroma key', o 'slow motion', o fundo musical pomposo, e as caras e bocas de Allen e Travolta tornaram o que deveria ser dramático em algo espalhafatosamente cômico.
O Aviador
3.7 735 Assista AgoraAh, se não fosse Cate Blanchett e a belíssima fotografia de Robert Richardson..
O que terá acontecido a Leonardo DiCaprio? Suas caretas são sempre as mesmas não importa o filme.
Gangues de Nova York
3.8 790Definitivamente o pior filme da parceria Scorsese-DiCaprio. O que começou mal, felizmente foi sendo aprimorado. O ator exibiu uma atuação pouco inspirada, mesmo sob o comando daquele que conseguiu fazer Sharon Stone concorrer, de uma só vez, ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor atriz.
A situação é agravada pelo roteiro arrastado e a metragem de mais de duas horas e mais. Além disso, a reconstituição da Nova York do séc XIX é pouco convincente, tendo em vista os efeitos especiais computadorizados que soam altamente artificiais.
Apesar dos pesares, trata-se de um filme DO Martin Scorsese, e Day-Lewis é um vilão espetacular.
O Inquilino
4.0 292Após assistir a "O Inquilino" fiquei temporariamente refém da mesma paranóia de Trelkovsky. Me deu um baita receio dos meus vizinhos! Acho que isso serve como prova do que Polanski é capaz de criar a partir de uma premissa aparentemente simples.
Rede de Intrigas
4.2 359 Assista AgoraA temática é fértil, mas o roteiro acanhado. Frases de efeito previsíveis cortam o entusiasmo dos inflamados diálogos. O tom exacerbado com o intuito de ironizar foi um tiro no pé. Mas trata-se de um filme de Lumet. E o elenco é um desbunde.
Italianamerican
3.6 5O depoimento em tom de encontro familiar, com os entes conversando amenidades e relembram suas histórias, acaba servindo de alegoria para expor, sob a ótica daqueles que, mesmo sendo considerados cidadãos do país em que residem, jamais terão desatado o forte elo com suas origens. Um interessante retrato da realidade dos imigrantes (não apenas os italianos) na América.
Projeto Brainstorm
3.1 18A segunda incursão de Trumbull na direção de um longa-metragem está longe de ser desastrosa, porém sua pouca habilidade é notável, corroborando a disritmia da trama.