Últimas opiniões enviadas
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Um dos motivos de eu ter gostado da série é ela ser tão "progressista" ou desconstruída em tantas pautas, principalmente para os anos 00, mas no último episódio há um deslize horrível - provavelmente bem-intencionado - mas deplorável,
em que a Claire é levada pelo pai para um local pós morte, e lá encontra o ex namorado, e a Liza, e até aí ok, mas ela encontra também o seu bebê que foi abortado quando era um feto (?) cara, não, apenas não. Isso foi suficiente para eu sentir raiva da temporada inteira.
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A Flórida privatizou seu sistema de cuidados infantis (deveriam ter dado essa informação no documentário), e então esse método de acusações exageradas contra os pais se tornou extremamente lucrativo para o hospital e para o sistema do bem-estar infantil. É facil ligar os pontos quando associa que o maior numero de denúncias desse tipo se concentra nesse estado. A Doutora Smith simplesmente tinha o poder nas mãos de com uma ligação para o Estado, que não supervisa a eficácia da empresa terceirizada, separar uma família.
Em algum momento no documentário mostra que a Maya mesmo forçada a permanecer no hospital foi cobrada junto a seu plano por seu tratamentos de CRPS, a mesma doença que eles alegavam que a Maya não tinha que gerou a desconfiança e internação compulsória.
Últimos recados
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Em 2019 visitei o campo de concentração de Sachsenhausen, que mantém boa parte da estrutura original para visitação, dos barracões até os locais da câmera de gás e crematórios e, não prestei atenção quando cheguei ao local, mas ao sair de lá, talvez por causa do meu estado de repulsão, notei muitas casas próximas, bem próximas, coladas no muro, e fiquei pensando se elas já existiam ali na época, se foram conviventes com toda a dor, se tinham desconforto com o que acontecia além do muro de sua propriedade, ou se foram construídas depois, e pesquisando descobri que as casas já existiam, e a maioria era de oficiais, mas também existiam pessoas comuns. Os moradores da cidade colaboravam com os agentes da SS ao devolver os fugitivos pois havia um consenso sobre a "limpeza das raças" ser algo bom, e também porque eles queriam fazer parte dessa nova sociedade e entendiam que colaborar poderia lhes trazer benefícios.
Eu que conhecia de leituras e filmes todo o horror, nunca tinha parado para pensar sobre o que ocorria em torno dessas instalações, e então presenciar as casas ao redor foi como perceber e adentrar na banalidade cotidiana do mal. E o filme retrata bem essa banalidade: a vizinha que em meio a um genocídio tem como maior preocupação a cortina da sala. O general e pai amoroso que adora animais e conta histórias de ninar para os filhos enquanto fala de uma niva camera de gás como quem fala de um novo eletrodoméstico comum. A mãe cúmplice que cultiva plantas, legumes e um jardim, e cuida com todo amor e alegria da casa e dos filhos. As crianças que brincam alheias a qualquer crueldade. Tudo isso ao lado do terror, adaptados a ele. Ninguém é vilanizado, mas é impossível não notar o cinismo e indiferença diante da vida perfeita aos custos do abuso de vidas. É apenas assassinato de pessoas, como uma meta de produtividade de uma empresa. É algo banal, como vem acontecendo em Gaza.