É só uma hipótese, mas acho que A Bruxa é uma alegoria da trajetória da mulher moderna, senão vejamos: começa exilada, condenada, termina tendo aniquilado todos os valores opressivos que a subjugam, do pai, dos irmãos e finalmente da mãe - numa catarse de arrepiar. Rompe a sacralidade dogmática da igreja, aliá-se ao bode, vetor oposto, símbolo do profano e do proibido. Por fim adentra despida na floresta - metáfora para a entrada da mulher na civilização. Depois, sem medo, une-se a outras mulheres iguais a ela e se eleva. Genial. Corram pro cinema feministas. E me dei conta agora que hoje é 8/03. hahahahahhahahaha
Tem gente duvidando que o inacreditável Dicaprio não leve o troféu com este épico ...Concordo! Sentimentos ainda não batizados transbordam ao assistir a essa inquietante luta por sobrevivência cujo pano de fundo, a meu ver, tem algumas reflexões e revisões históricas interessantes.
Ah! De quebra, também duvido alguém não se emocionar com essa bagaça. RECOMENDO.
Leviatã é o nome do filme, numa suposta alusão ao monstro mitológico utilizado por Hobbes para simbolizar o poder do estado.
Mas o filme, numa certa ótica invertida, aborda as relações de poder pelo plano de baixo, ou seja, dos pobres sem muitos recursos e sem ninguém com quem contar. Nesse aspecto é grandioso.
Assim, retratando o austero modo de ser dos russos, desenrola-se a trama, ela mesma também austera, numa lentidão propositadamente tediosa ampliada por diálogos silenciosos e pela ausência quase total de trilha sonora musical.
As inúmeras imagens de paisagens, belas é verdade, mas sempre desoladoras, sempre enormes e sempre marcadas, de um jeito ou de outro, pela inevitável ação do tempo, que é incontrolável e externo aos objetos, também traduzem a impotência e a pequenez das personagens quando confrontados com situações, também externas e incontroláveis, diante das quais não tem controle algum – A sequência do menino diante do fóssil de um monstro marinho (Leviatã?), a meu ver, é o ponto alto desse recurso visual a que o filme recorre o tempo todo e é arrebatadora.
Arrebatadora também é a tomada de consciência do trio protagonista de seu total desamparo, elaborada de forma sutil e com uma verossimilhança cortante, tais tomadas produzem uma sensação de abandono poderosíssima.
Certa vez, lí num livro de Lúcia Santaella, uma frase que me chamou a atenção: “Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo a nossa vontade”. Se assim for, os personagens de Leviatã existem muito.
Quanto ao “Leviatã” do título, é evidente que o filme trata das relações de poder. E o faz dando relevo às reações de desamparo dos pobres diante das injustiças e indiferenças às quais são submetidos. Injustiças e indiferenças estas muitas vezes cometidas pelo Estado na figura de seus representantes que são quem teoricamente deveriam fazer exatamente o oposto disso. É justamente aí que reside a universalidade desse filmaço que parece feito para gerar um incômodo (necessário), pois dessas coisas temos em qualquer canto.
Mas eu falava do título... Acredito que no caso desse filme o título refira-se a outra coisa diante da qual a sensação de impotência é inevitável, talvez o tempo, esse “tambor de todos os ritmos” como diria Caetano, talvez os outros, porque não temos o menor controle da narrativa elaborada, pelos outros, a nosso respeito.
Interessante ver o cinema, arte cuja linguagem é essencialmente visual e auditiva, trabalhando a linguagem dum sentido como o olfato (se é que isso existe). Em certas cenas, a força da narrativa é tão poderosa que quase permite sentir o cheiro que, a meu ver, é sempre uma alegoria para outras questões, sempre humanas, as vezes nefastas e escondidas no subterrâneo do indivíduo, como um bom poema. É nesse plano que creio que os autores queriam chafurdar. Acertaram em cheio!
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Desajustados
3.9 119 Assista AgoraEsse filme é o melhor teste já feito: se ao final do filme você achar o Fusy um merda. Há grandes chances do merda ser VOCÊ.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista Agora"vc sangra? Vai sangrar!" - [Mas a capa não vai não! hahahahahha - O título deveria Deveria ser Batma versus Supercapa].
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraA melhor parte do filme é o teaser trailer de Esquadrão Suicida.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraÉ só uma hipótese, mas acho que A Bruxa é uma alegoria da trajetória da mulher moderna, senão vejamos: começa exilada, condenada, termina tendo aniquilado todos os valores opressivos que a subjugam, do pai, dos irmãos e finalmente da mãe - numa catarse de arrepiar. Rompe a sacralidade dogmática da igreja, aliá-se ao bode, vetor oposto, símbolo do profano e do proibido. Por fim adentra despida na floresta - metáfora para a entrada da mulher na civilização. Depois, sem medo, une-se a outras mulheres iguais a ela e se eleva. Genial. Corram pro cinema feministas. E me dei conta agora que hoje é 8/03. hahahahahhahahaha
007 Contra Spectre
3.3 1,0K Assista AgoraDecepcionante.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraTem gente duvidando que o inacreditável Dicaprio não leve o troféu com este épico ...Concordo!
Sentimentos ainda não batizados transbordam ao assistir a essa inquietante luta por sobrevivência cujo pano de fundo, a meu ver, tem algumas reflexões e revisões históricas interessantes.
Ah! De quebra, também duvido alguém não se emocionar com essa bagaça. RECOMENDO.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraIrmãos Cohen e seus tipos "disfuncionais"! Esse filme pra mim trata de dois tipos de loucuras: as permitidas e as não permitidas.
Poderosa Afrodite
3.7 235 Assista AgoraImpressão minha ou a poderosa Afrodite
é na verdade a esposa dele?
Desconstruindo Harry
4.0 335 Assista AgoraA conversa com o diabo é maravilhosa.
Para Sempre Lilya
4.2 869Vi esse filme há uns cinco anos e ainda me lembro bem do Volodja. Volodjaaa!
Leviatã
3.8 299Leviatã é o nome do filme, numa suposta alusão ao monstro mitológico utilizado por Hobbes para simbolizar o poder do estado.
Mas o filme, numa certa ótica invertida, aborda as relações de poder pelo plano de baixo, ou seja, dos pobres sem muitos recursos e sem ninguém com quem contar. Nesse aspecto é grandioso.
Assim, retratando o austero modo de ser dos russos, desenrola-se a trama, ela mesma também austera, numa lentidão propositadamente tediosa ampliada por diálogos silenciosos e pela ausência quase total de trilha sonora musical.
As inúmeras imagens de paisagens, belas é verdade, mas sempre desoladoras, sempre enormes e sempre marcadas, de um jeito ou de outro, pela inevitável ação do tempo, que é incontrolável e externo aos objetos, também traduzem a impotência e a pequenez das personagens quando confrontados com situações, também externas e incontroláveis, diante das quais não tem controle algum – A sequência do menino diante do fóssil de um monstro marinho (Leviatã?), a meu ver, é o ponto alto desse recurso visual a que o filme recorre o tempo todo e é arrebatadora.
Arrebatadora também é a tomada de consciência do trio protagonista de seu total desamparo, elaborada de forma sutil e com uma verossimilhança cortante, tais tomadas produzem uma sensação de abandono poderosíssima.
Certa vez, lí num livro de Lúcia Santaella, uma frase que me chamou a atenção: “Existir é sentir a ação de fatos externos resistindo a nossa vontade”. Se assim for, os personagens de Leviatã existem muito.
Quanto ao “Leviatã” do título, é evidente que o filme trata das relações de poder. E o faz dando relevo às reações de desamparo dos pobres diante das injustiças e indiferenças às quais são submetidos. Injustiças e indiferenças estas muitas vezes cometidas pelo Estado na figura de seus representantes que são quem teoricamente deveriam fazer exatamente o oposto disso. É justamente aí que reside a universalidade desse filmaço que parece feito para gerar um incômodo (necessário), pois dessas coisas temos em qualquer canto.
Mas eu falava do título... Acredito que no caso desse filme o título refira-se a outra coisa diante da qual a sensação de impotência é inevitável, talvez o tempo, esse “tambor de todos os ritmos” como diria Caetano, talvez os outros, porque não temos o menor controle da narrativa elaborada, pelos outros, a nosso respeito.
Garapa
4.3 153 Assista AgoraEsse filme é uma pedrada!
Perfume: A História de um Assassino
4.0 2,2KInteressante ver o cinema, arte cuja linguagem é essencialmente visual e auditiva, trabalhando a linguagem dum sentido como o olfato (se é que isso existe). Em certas cenas, a força da narrativa é tão poderosa que quase permite sentir o cheiro que, a meu ver, é sempre uma alegoria para outras questões, sempre humanas, as vezes nefastas e escondidas no subterrâneo do indivíduo, como um bom poema.
É nesse plano que creio que os autores queriam chafurdar. Acertaram em cheio!