filmow.com/usuario/victorcmbr
    Você está em
  1. > Home
  2. > Usuários
  3. > victorcmbr
30 years (BRA)
Usuário desde Junho de 2010
Grau de compatibilidade cinéfila
Baseado em 0 avaliações em comum

Últimas opiniões enviadas

  • Victor Cauê

    O diretor Christopher Nolan foi o responsável por trazer o Batman de volta ao cinema com o ótimo Batman Begins, lançado em 2005. Três anos depois ele lança sua continuação, e se o anterior havia se tornado destaque por seu diferencial se tratando de um filme de heróis de quadrinhos, o sucessor engrandece tal fato sobre as demais adaptações se mostrando um filme maduro em todos os sentidos, longe de qualquer coisa vista antes no gênero.

    Neste novo filme, Nolan põe em maior evidência sua abordagem realista do universo do personagem, sendo tudo bastante humano, tanto na complexidade da trama quanto a dos personagens. No entanto, ainda se trata de um filme, o que deve ser levado em conta para considerar os elementos ficcionais da história, sendo um belo resultado de uma fusão de realismo e ficção.

    Essa escolha do diretor traz um retorno interessante e muito feliz. A visão realista dada ao Morcego e sua mitologia cria a possibilidade de uma trama madura, complexa e também filosófica. Isso além do teor psicológico dado pelo diretor e roteirista, que já se mostrou gostar muito de trabalhar com o tema em seus filmes. Mas como se trata de um filme de um herói ícone dos quadrinhos e outras mídias, há também um grande espaço para as cenas de ação belamente executadas e que dispensam muito uso de computação gráfica, o que as tornam ainda mais interessantes.

    Na trama, Batman, com a ajuda do Tenente Gordon e do promotor de justiça Harvey Dent, combate o crime organizado de Gotham, sob o comando do mafioso Sal Maroni. O trio possui êxito no embate contra a máfia da cidade, mas então surge um criminoso misterioso e peculiar chamado Coringa. O vilão, que apresenta uma mente brilhante e bastante perturbada, inicia um caos em Gotham, trazendo responsabilidade e problemas ao herói que acaba tendo sua imagem questionada pela sociedade. Para conseguir pegá-lo, Batman deve enfrentar e tomar decisões complicadas, que atingem até mesmo sua vida pessoal.

    Mesmo que a história do filme tenha sido criada por seus envolvidos, as influências para a composição desta vieram principalmente de duas HQs clássicas do Batman: “A Piada Mortal” e “O longo dia das Bruxas”. A fidelidade e respeito para com o universo do personagem ficam em evidência, ainda que com um toque particular estabelecido nas adaptações de Nolan. Mas é justamente esse toque particular, mais humano, que é influenciado das duas clássicas obras.

    O principal exemplo dessas influências é a forma como Batman e Coringa são retratados. A filosofia que cerca o conflito entre os dois é de uma enorme excelência e também uma raridade dentro dos filmes do gênero. É engraçado que esse conflito só é tão forte e eternamente vivo devido ao caráter e motivações de ambos. Individualmente, a construção de cada um é tão primorosa quanto. É passada a melancolia e determinação do Batman em limpar a cidade do mal que tirou a vida de seus pais, além de seu senso de justiça e seus demais valores morais. Também é transmitida toda insanidade do Coringa, seu brilhantismo em articular e executar feitos mirabolantes. Seu humor negro e sadismo também estão presentes, mas de uma forma cabível ao que é proposto nesse universo criado. Não há espaço para o gás do riso e outras palhaçadas costumeiras dele, que podem funcionar muito bem nas HQs e desenhos animados, mas que aqui teriam um enorme contraste com o tom presente.

    O que também enaltece os méritos de Batman: O Cavaleiro das Trevas é a exploração de inúmeras questões que surgem de forma indireta, ou que são apontadas de forma direta principalmente pelo Coringa, que prova merecer destaque entre os maiores vilões de todos os tempos. Seus motivos e ideais são diferentes dos estereótipos de vilões, além de serem muito bem trabalhados, já que muitos acontecimentos no filme são consequentes disso. E então proporcionam ao espectador diversas reflexões sobre a sociedade e seus atos.

    A admiração vai além do roteiro. Nolan se mostra um ótimo líder ao dirigir tão bem cada aspecto do filme. Desde as já citadas incríveis cenas de ação à grandiosa trilha sonora composta por Hans Zimmer e James Newton Howard, que tornam essas e outras cenas ainda mais emocionantes. Também a excepcional fotografia de Wally Pfister, que possui um tom meio azulado, as maquiagens e a sonoplastia. Tudo realizado com muito esmero.

    E claro, as atuações, que são antológicas. Christian Bale faz o melhor Batman, Maggie Gyllenhaal substitui Katie Holmes dando muito maior carisma à personagem. Há destaque também para Gary Oldman, Michael Caine e Morgan Freeman, cujos personagens auxiliam o herói. Aaron Eckhart vive bem o Harvey Dent e o conflito psicológico que ele enfrenta no decorrer do filme. Mas de fato, quem mais intrigou o público com sua performance, com todos os méritos, foi Heath Ledger, que incorporou toda a complexidade do Coringa, além das excelentes sacadas como os cacoetes que apresenta, entre outras coisas que o tornaram uma figura marcante. Faltam elogios para descrever seu trabalho que trouxe uma versão muito provavelmente insuperável do personagem.

    Existem alguns erros, mas que não deixam comprometida essa obra que é muito mais que um filme de ação, e cumpre o que a maioria dos filmes em comum deixa a desejar, pois não tem como foco principal a pirotecnia, mas sim um roteiro fascinante que basicamente põe em questão os limites do ser humano e seus valores éticos. E o final traz enorme curiosidade e ansiedade para o que vem a seguir, o grande desfecho que, se manter a qualidade do que já foi feito, promete trazer uma das maiores trilogias já feitas.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Victor Cauê

    A abertura da Universal apresentada em uma caracterização visual e sonora de 8 bits já deixa claro do que se trata Scott Pilgrim Contra o Mundo. O filme é uma adaptação das histórias em quadrinhos de Brian Lee O’Malley, onde música, videogame e muitos outros elementos da Cultura Pop estão presentes por toda parte na vida do protagonista.

    Na trama, Scott Pilgrim (Michael Cera) é um jovem canadense de 22 anos, desempregado e que leva uma vida que considera preciosa, sem muitas pretensões, dando o maior foco à sua banda que não faz sucesso, os chamados Sex Bomb-Omb. Um dia conhece Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), garota que aparece em seu sonho, e por quem se apaixona instantaneamente. Resolve então convidá-la para sair, mas ainda se encontra amarrado a um relacionamento com Knives Chau (Ellen Wong), uma colegial de 17 anos.

    Scott não descobre muito sobre a misteriosa Ramona em seu encontro, e tenta fazer com que a história entre os dois não passe de uma noite. Logo ele se torna vítima da Liga dos 7 Ex Namorados do Mal da Ramona, e descobre que se ele quiser mesmo ficar junto dela, precisará enfrentar todos os obstáculos e derrotar cada um de seus ex namorados. Não é coincidência isso ser semelhante a um jogo onde o herói precisa enfrentar desafios a cada nível para conseguir o que almeja. Cada um dos combates que Scott precisa vencer é rico em detalhes e elementos clássicos facilmente reconhecidos dos clássicos games. Um bom exemplo disso é que os inimigos se tornam moedas ao serem derrotados, além das vidas extras, combos especiais, entre outros.

    Ao transportar as páginas dos quadrinhos para a tela, o diretor e roteirista Edgar Wright recria com extrema fidelidade várias cenas, fazendo com que nos sintamos dentro dos quadrinhos vivos, causando enorme nostalgia aos fãs, que vêem grandes momentos da obra original recriados com tamanho cuidado. Ao mesmo tempo, ele também faz ao seu próprio modo, com alguns cortes e modificações para a história originalmente em seis volumes poder ser contada em um único filme. Ainda assim, não se esquecendo do espírito que deve ser mantido.

    Até mesmo em seus cortes o filme referencia não só a obra da qual é adaptada, mas quaisquer outras histórias em quadrinhos. São pulos rápidos de uma situação para outra, o que por vezes pode até soar negativamente por parecer muito corrido, ainda que não seja um defeito grande para o filme. Na edição foram acrescentadas onomatopéias em diversos momentos, enaltecendo tais referências, além de efeitos sonoros. Tudo isso em maior evidência nas cenas de ação, únicas e muito bem realizadas, onde Michael Cera consegue convencer lutando, além de incorporar bem a personalidade “sem noção” do personagem.

    Nunca se viu antes um tratamento assim em um filme, seja no quesito visual, sonoro ou no tipo de história. É algo que se pode chamar de único. Um universo bastante humano em que o nosso herói lida com as complicações de relacionamentos amorosos e a pressão do compromisso com sua banda, mas também bastante épico, com a magia das referências à Cultura Pop. Tudo isso juntamente com um humor nonsense. Infelizmente, nem todos souberam compreender o espírito e a pretensão que possui o filme, julgando-o de maneira errônea e trazendo a ele um péssimo resultado de bilheterias.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Victor Cauê

    O filme sueco Deixa ela entrar (Låt den Rätte Komma In, 2008) alcançou um sucesso internacional passando pelos festivais de filmes de terror e independentes nos Estados Unidos. Os elogios não foram por acaso, a produção nórdica é uma obra-prima, e devo dizer que está entre os melhores filmes de vampiros já feitos. Aproveitando-se de tal sucesso, Hollywood encaminhou o seu remake do filme estrangeiro, como já fez tantas outras vezes. Desnecessário, sim, mas que por vezes traz resultados deveras positivos, como Os Infiltrados (The Departed, 2006), dirigido por Martin Scorsese, um dos melhores diretores existentes. Deixe-me Entrar (Let me in, 2010), pode ser considerado um desses casos, ainda que fique na sombra do original.

    A trama é exatamente a mesma, Owen (Kodi Smit-McPhee) é um garoto de 12 anos que sofre com o conflito dos pais em separação e com o bullying na escola. Durante a noite, Owen fantasia sua vingança, além de espionar a vizinhança com seu telescópio. Em uma dessas noites, conhece Abby (a promissora Chloë Moretz), menina que aparenta ter sua idade, e um homem misterioso que se supõe que seja seu pai (Richard Jenkis). Owen e Abby iniciam uma relação, e um dia o garoto descobre que a menina é na verdade uma vampira, e os assassinatos recentes são relacionados a ela.

    O diretor Matt Reeves (Cloverfield) não adapta o filme para os padrões hollywoodianos, e nesse ponto ele foi feliz, mas é claro que também usufrui de maiores privilégios do que Tomas Alfredson (o diretor do sueco), como os efeitos criados por computação gráfica, sendo dispensáveis em certos momentos, que poderiam causar impacto ao espectador mesmo com a ausência deles.

    A proposta intelectual, a profundidade na história, suas metáforas, tudo isso é mantido por Reeves em sua versão, com direito a algumas alterações e acréscimos. Alguns que se saem até melhores, e por falar nisso, há outras questões em que ele se sobressai, como nas cenas de ação, dando como exemplo a cena em que o carro capota. A tensão que ela transmite é grande, vemos apenas as pessoas dentro do carro, enquanto o acidente ocorre. Enquanto no original, o contexto de tal momento apenas se passa em um vestiário. Em outra questão é que no filme sueco os personagens e o andamento da trama parecem ignorar certos acontecimentos que não deviam passar batidos, mas a impressão causada é essa. Já no remake, isso é reparado.

    O roteiro deste pode ser considerado mais didático que do anterior, no qual é necessária uma compreensão maior de quem o assiste, sobre determinadas coisas, que agora são explicadas e outras nem mesmo abordadas. Não torna ruim, mas fica menos misterioso.

    Reeves homenageia o trabalho de Alfredson, revivendo momentos exatamente iguais. Isso funciona em certos aspectos, mas o diretor falha em tentar reviver alguns momentos do original, como a piscina no fim, uma das cenas com mais brilhantismo da produção sueca. Melhor seria se ele desse resultados diferentes em certas passagens, ainda que seguindo o mesmo contexto, ou então tratar de objetivos inéditos, deixando mais surpreendente. Deixe-me Entrar, então, necessita de mais criatividade quanto ao roteiro, mas isso não muda o fato de ser um filme bem realizado, e um remake hollywoodiano digno.

    Você precisa estar logado para comentar. Fazer login.
  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.

Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.