na cena em que eles "discutem" sobre a nota da escola, quando ambos vão embora, o plano pega os dois seguindo seus caminhos. enquanto nora some ao subir as escadas, teo segue em linha reta.
depois essa mesma cena da infância volta em um flashback, quando os dois estão esperando o uber. mas agora, ambos se encontram no mesmo plano. vejo que teo enxergava nora sempre num pedestal, alguém inatingível, quase que como uma divindade. desde criança, por isso a cena dele observando ela subir as escadas. mas agora, ele vê ela como humana, com suas fragilidades e vulnerabilidades. meio que agora ele consegue enxergar quem nora realmente é - ou era (indo além da sua visão embaçada da paixão).
se faz sentido, não sei. mas me peguei pensando nisso. por dias.
a cena do diálogo entre os dois na mesa é de uma delicadeza e sensibilidade tamanha! sem precisar de tradução, afinal os dois estavam se entendendo. o amor pelo Kai traduzia.
"eu não o sufoquei com culpa, a culpa sempre existiu [..] essas memórias são tudo o que tenho, preciso mantê-las vívidas, ou elas irão se desvanecer [...] depois de muito chorar eu passei a me conformar que eu não estarei sempre feliz. segura em minha solidão, com a esperança de um dia saber lidar com isso [...] eu seguirei em frente com a minha vida".
arrisco dizer que esse é um dos melhores roteiros já feito na história do cinema. todos os três componentes da arte - tema, forma e conteúdo - são criados e arquitetados de forma magistral (mulher né mores).
e que atuação de sandra huller (mãe) e milo machado-graner (filho). esse menino não ter sido indicado a coadjuvante é um total desrespeito haha
pra mim, a frase (de tantas) que mais me pegou foi a do daniel, uma criança, dita no meio do tribunal, que deixou até a juíza de olhos arregalados:
"não vejo porquê ela teria feito isso. parece que quando falta uma prova para ter certeza de como algo aconteceu, temos que olhar em volta, como o julgamento está fazendo. quando olhamos em toda a parte e ainda não entendemos como a coisa aconteceu, acho que temos que perguntar por que isso aconteceu".
esse que é o filme do ano? pra mim, não funcionou não :/
não sei se fui com muita expectativa (pelo hype e por ser da A24), mas achei bem mediano, o ritmo no início foi péssimo e, pela cena do carro em que eles veem o animal na estrada, já dá pra sacar o final (inclusive lembro de outro filme que teve uma cena parecida).
tudo aqui flui e funciona muito bem: roteiro primoroso (sustentado - em sua maioria - apenas por diálogos), atuações impressionantes - contidas, as vezes nem tanto, mas sempre dizendo muito sobre seus sentimentos (ann dowd merecia pelo menos uma indicação apenas pela última cena e martha plimpton também tá excelente), direção...nossa, tô tentando digerir tudo que vi.
mesmo de fora, conseguiu ser melhor que a grande maioria dos indicados ao oscar. é o drama que tanto faltava nas premiações deste ano.
esse filme pegou meu coração e o aqueceu pra depois dilacerá-lo em vários pedaços.
certamente vai ser um daqueles que verei várias vezes como se fosse a primeira. foi um prazer acompanhar a vida da grande antônia e de toda sua maravilhosa (e excêntrica) família (o tanto que me apeguei a essas personagens não tá escrito haha).
vou aproveitar o espaço e escrever cada frase que me marcou no filme, pra voltar e me recordar sempre desta história:
"o tempo não cicatriza as feridas. ele apenas alivia a dor e embaça a memória".
"minha querida therese, é absurdo crer que a dor constante que nos aflige seja puro acaso. pelo contrário. a desgraça é regra, não a exceção. a quem culpar por nossa existência? à explosão solar que nos deu a vida? eu me recuso, já que não creio em deus ou reencarnação. se acreditasse, poderia me iludir de que a vida nos promete uma sobremesa divina, depois da indigesta refeição. nada irá melhorar. melhor ou pior, só será diferente".
"nada morre para sempre, alguma coisa sempre fica [...] porque a vida quer viver".
"às vezes o tempo ficava lento como uma tartaruga cansada. às vezes rompia pela vida como um abutre em busca de presa. o tempo não se preocupou com a vida ou a morte. declínio ou ascensão. amor, ódio ou ciúmes. ignorou tudo que nos é importante e faz com que esqueçamos dele".
"e assim, tanto quanto esta crônica, nada se conclui".
a gente insiste em achar que somos iguais e que devemos seguir um padrão, quando de fato somos todos únicos e singulares, formando um coletivo lindo de pluralidades.
uma história que dá voz (e espaço) ao "estranho", ao diferente. terminei com uma vontade imensa de gritar "eu estou aquiiiiiiii".
uma das coisas, antes de qualquer outra, que sempre faz com que eu goste de um filme é a questão da identificação. todo filme que me marca, eu me identifico profundamente com as personagens, ou com a mensagem ou, principalmente, com a história (aliás, cinema é sobre isso - contar histórias).
não acompanhei críticas sobre esse filme, não sei nada sobre o livro mas posso dizer que essa história me tocou - e muito.
muito mais do que outra coisa, pra mim, era uma vez um sonho é sobre família e toda aquela bagagem que vem com ela. é sobre tudo aquilo que a gente vai carregando (muitas vezes achando que precisamos) que só vamos entender depois de algum tempo (no meu caso, foi depois de 2 anos de terapia haha).
é sobre passado, presente e futuro. sobre culpas e remorsos. sobre escolhas (boas ou ruins, mas acima de tudo, sobre escolhas). sobre caminhos e decisões. sobre frustrações e expectativas. sobre lições e aprendizados.
voltando ao que falei no começo, esse filme me marcou muito e me acertou em cheio. pra mim, tomar a decisão de seguir meu próprio caminho e não achar que estou sendo egoísta, foi um processo muito longo e, muitas vezes, dolorido.
acabei "estou pensando em acabar com tudo" e cá estou pensando em tudo (e digerindo) o que vi.
é aquele típico filme ame ou odeie. e independente de tudo, não dá pra negar o impacto que deixa na gente (e sou do time que amou, pois acho o kaufman brilhante e gosto de suas histórias surreais sobre a existência e relacionamentos humanos).
me vi imerso na história, mesmo em alguns momentos não entendendo muito bem as ligações (principalmente por obras de teatro que eu não conhecia). mas depois, pesquisando na internet e vendo críticas sobre o filme, tudo fez mais sentido.
certamente é um daqueles longas que não terminam quando sobem os créditos (e, normalmente, amo esse tipo de filme haha). um dos melhores que vi esse ano.
esse foi, de longe, o filme mais pesado que já vi (e olha que eu já vi vários filmes soco no estômago).
em alguns momentos, precisei pausar pra retomar o fôlego, pois é difícil ser expectador dessa história (que, meu deus, foi real). você sente desespero, raiva, revolta, tanta coisa, tudo ao mesmo tempo.
o pior é que quando o filme começa a entregar as coisas, você já sabe que
não tem como terminar bem, que tudo, infelizmente, é irreversível. mas você alimenta uma esperança de que, pelo menos, a justiça será feita e que eles vão ter o mínimo do que merecem, mas não. arrancam nossa esperança e espatifa em pedaços, e tudo o que resta é um sentimento devastador.
estou impactadíssimo com esse filme. terminei e ainda tô tentando digerir tudo o que vi.
é engraçado como a percepção sobre os fatos que vemos pode variar de pessoa para pessoa, inclusive vendo os comentários do filme aqui no filmow. mas eu não consigo ver algo além de
tudo ficou tão explicito e real, que nossa, chega a doer.
tony travava uma luta não só física, mas psicológica. a cada cena eu, como expectador (logo vendo a história pela ótica externa), ficava muito triste por ela e tentava entender o motivo dela suportar tudo aquilo. pensava:
será que vale nos anular por conta de um relacionamento? isso é saudável? até quando devemos suportar? ou, será que temos que suportar? até onde vai o amor? isso é amor?
“ – Você sabe por que está aqui? – Sim. – Por quê? – Prestei queixa contra meus pais. – Por que prestou queixa? – Por eu ter nascido?”
daí, já tive a percepção que seria um longa marcante, e a sensação só foi aumentando conforme o longa foi se desenvolvendo. achei tudo muito brilhante nesse filme, de uma forma que, sei lá, talvez nem consiga explicar.
cafarnaum é um excelente drama de personagens e valeria a pena só pela história. mas tem tanta coisa que o torna (ainda mais) grandioso.
primeiro é a direção magistral de Nadine. muito me espanta ela ficar de fora de premiações de melhor direção naquele ano (disappointed but not surprised). a sensibilidade em retratar a realidade nua e crua do povo imigrante, a direção tão bem orquestrada tecnicamente e narrativamente, nos faz questionar a realidade e, como expectador, você se vê de mãos atadas, querendo agir mas sem saber como. qual direção há para pessoas que vivem na extrema pobreza e sem perspectiva de um futuro, de uma vida digna, sem um olhar - principalmente político - que tenha interesse real e efetivo por eles? quem somos nós para julgar um contexto que conhecemos apenas a superfície e não fazemos nem ideia da sua profunda realidade? o que eu faria se estivesse no lugar dessas pessoas? como agiria? Nadine teve um olhar tão humano que nos faz levar vários questionamentos.
a cena em que Nadine faz a pergunta para a mãe no tribunal e a observa enquanto respondia destruiu meu coração. aquela sensação de engolir seco, com nó na garganta e olhares sem jeito, foi a sensação que senti nas 2 horas de filme.
“– Me mato de trabalhar, estou exausta e ainda me julgam. Por acaso passou pelo que eu passei? Você não viveu o que eu vivi. Nunca passou por isso, se não já teria se matado. Imagine tratar os filhos com água e açúcar, porque não tem dinheiro para comprar pão. Sou capaz de matar para que meus filhos sobrevivam. Eles são carne da minha carne. Só eu posso me julgar”.
acredito que Nadine não se colocou em uma posição julgadora, e sim em uma posição questionadora sobre os fatos que acontecem na trama. mas não conseguimos nos conter com tamanha desumanidade com os refugiados e a irresponsabilidade dos pais. aqui, os imigrantes são tratados como mercadorias, e os filhos são lançados ao mundo sem apoio e qualquer tipo de estrutura.
“– Uma menina de 11 anos está apta para se casar? Ela sabe o que isso significa? – Ela era madura...ela tinha uma consciência... – Madura? Ela era um tomate para você dizer isso?”
“Tenho um monte de documentos, escolha o que quiser. Tenho documentos para me mandar para a cadeia. Tenho um aviso de despejo. E o papel mais importante...é um papel do hospital de cortar o coração de qualquer um nessa terra. Somos uns parasitas. Valemos menos que nada, moleque”.
“ – Eu já te disse o que fazer para não pagar os 1.500 dólares? Me entregue o Yonas. – Já te disse que o Yonas eu não vou abandonar nunca! – Essa criança nessa terra não serve para nada. No dia que o descobrirem, vão te expulsar. Ele está vivendo como um rato, não vê a cara do sol, nunca vai frequentar uma escola. Posso encontrar uma boa família para ele. Você poderá vê-lo. – Eu sei como escondê-lo. Sei como cuidar dele e encontrar comida para ele. – Vou te dizer novamente: esse menino está morto. Não tem nem nome. Até um vidro de ketchup tem nome.”
meu. deus.
agora, além da direção e roteiro impecáveis, a atuação de Zain foi o grande trunfo do filme. eu simplesmente estou apaixonado por esse menino e chocado com tudo que ele entregou nesse filme. com certeza foi uma das maiores interpretações do cinema ao meu ver. foi tudo tão real, tão natural, como se estivéssemos vendo o documentário da vida dele. e o final, ah o final, que arrebatador. o tempo todo, diante da vida miserável que Zain vivia, ele estava sério, com seus sentimentos ao extremo, como um adulto. e eu sentia tanto por ele, sentia tanto em não ver ele sorrindo. aí, o filme se encerra com Zain
quem nunca sentiu um aperto no peito, uma angústia, sem saber o real motivo? quem nunca procurou algo ou alguém sem saber o que era?
aqui, Taki e Mitsuha, vivem essa sensação intensa, mas por um motivo que já vimos no começo mas que fica mais claro ao longo do filme: há um vínculo/conexão entre os dois.
"Mitsuha, Yotsuha, sabem o que é 'musubi'? é como chamavam o guardião daqui. é uma palavra com um sentimento profundo. enrolar os fios é 'musubi'. conectar as pessoas é 'musubi'. o passar do tempo é 'musubi'. são todas as forças do deus. então os traçados que fazemos são a pura arte do deus e a representação do tempo em si. os fios convergem e tomam forma. se enrolam e entrelaçam. às vezes soltam e quebram, depois se reconectam. musubi: entrelaço. o tempo...seja arroz, água ou saquê, quando alguém consome e faz parte de si, é musubi".
o filme, que me fez lembrar de Interestelar - principalmente por conta da frase dita pela personagem da Amélia - consegue contar, além de uma bela história de amor que transcende tempo e espaço, a cultura e as tradições de um povo, as diferenças que coexistem no Japão moderno e até questões de gênero.
e o filme traz aquela liçãozinha de que, quando a gente avistar um pessoa interessante e não saber como lidar, é só começar com: oi, qual o seu nome?
3 idiotas causou uma confusão de sentimentos em mim. pelo contrário de muita gente, não o achei cansativo e nem senti as (quase) 3 horas de duração.
na verdade senti sim, mas senti que aproveitei cada minuto. chorei (e muito!), dei risada, achei exagerado em alguns momentos, mas é esse exagero que mais me encantou. Pode até ser uma bagunça cheia de clichês, mas é uma bagunça cheia de clichês maravilhosa, leve, inteligente, passa mensagens lindas (e super importantes) e aquece nosso coração.
vendo os comentários por aqui, vejo que o filme divide opiniões.
eu particularmente adorei a história, mesmo achando o primeiro ato um pouco lento e tendo uma certa dificuldade de me conectar com a personagem Claire.
não esperava que o filme fosse caminhar pra esse desfecho, então fui muito surpreendido.
eu amei o fato dela ter criado uma outra versão da história, matando ela mesma, meio que como uma forma de se redimir por ter causado a suposta morte de Alex - me lembrou Animais Noturnos.
a última cena então, em que ela liga pra ele, como Clara, sabendo que tocou sua vida pra frente, foi o melhor jeito de terminar.
o filme trata de um assunto bem delicado, acredito que principalmente para a mulher
(e gente, essa mulher é linda de mais, mesmo nos momentos em que tentavam tornar ela "feia", eles falhavam miseravelmente - coloco em aspas pois não é essa palavra que gostaria de usar, pois a questão de feio ou bonito é meramente uma visão pessoal).
que lutou a vida toda por um casamento e, quando se divorciou, sentiu-se abandonada e culpada, e até hoje (já faz 12 anos) tem dificuldades de se aceitar e permitir viver um novo amor.
tem uma frase dita por Claire à terapeuta que resume bem o filme e, acho, que resume também a dificuldade de lidar com o envelhecer:
nossa, que filme gostosinho. lembro que tentei assistir ele várias vezes, mas só consegui agora.
foi uma grata surpresa, me tocou de um jeito bem especial e me fez lembrar muito de Medianeras (que é um dos meus filmes queridinhos).
consegue tratar de temas complicados, como solidão, tristeza, depressão e perdas, de uma forma bem leve. a sensação, no final, é de ter saído de uma sessão muito boa de terapia.
com certeza, é um filme que vou ver repetidas vezes.
ps.: me apaixonei pelo Rémy e já fui stalkear o ator haha (a última vez que isso me aconteceu foi com Hugh Dancy e Joseph Gordon-Levitt com os personagens Adam e Tom, respectivamente).
Usar a fita adesiva na janela até fiquei quieto, no teto já achei demais, mas o fim foi "juntar" a maldita da boneca com durex (tinha linha de costura e agulha não? rs).
sabe o que eu mais amo no cinema? a capacidade de contar histórias que nos conectam, independentemente da sua época. a gente sempre descobre novos filmes, novas histórias, vemos filmes que acabaram de lançar, filmes da década passada, histórias antigas...enfim, o amor pelo cinema quebra essa barreira.
eu sou apaixonado por cinema e nunca tinha sequer ouvido falar desse filme. encontrei ele por engano e resolvi ver sem a menor pretensão. e foi uma experiência e tanto (fazia tempo que não pegava um filme sem ter ideia nenhuma sobre ele e me surpreendia assim - o último foi em "questão de tempo" quando comprei os ingressos sem nem saber do que o filme se tratava).
pra mim, esse filme não fala apenas sobre viagem no tempo. pra mim, o que motiva e conduz a história é o amor entre pai e filho que transcende tempo e espaço (quem viu "interestelar" pegou a referencia rs). todo o resto, só reforça a conexão que há entre os dois
.
e contar essa história poderia muito ter sucumbido ao clichê, mas conseguiram fazer o contrário com um roteiro muito bem amarrado.
mas willian, e aquele final? não foi muito óbvio? aqui entra a questão de nos conectamos com a história, trazer o lado emocional e, novamente, reforçar o fio condutor do filme:
aqui vemos um filme sobre amor fraterno que não se limita ao tempo presente. e ainda faz isso muito bem colocando muito suspense no meio com a história do serial killer e da viagem no tempo.
se tornou um dos meus favoritos sobre o tema, sem dúvidas.
Tá. Eu sou suspeito pra falar, pois admiro tudo que a Fernanda Montenegro faz, mas que mulher é essa. Com poucos minutos em tela, Montenegro consegue entregar uma atuação poderosíssima (muitas vezes, apenas com gestos e olhares). Eu não conseguia desgrudar o olhar da tela quando ela surgiu. Sem dúvidas, levou toda a história pra um patamar ainda maior.
“Preciso contar minha história do jeito certo. Porque sair do armário, pra mim, não foi nada fácil. [...] 70% das pessoas que viviam ao meu redor acreditavam que a homossexualidade deveria ser um ato criminoso. 70% daqueles que me criaram, me amaram, em quem eu confiava, acreditavam que a homossexualidade era pecado, que homossexuais eram pedófilos, sub-humanos e abomináveis. Setenta por cento. Quando eu me identifiquei como gay, já era tarde demais. Eu já era homofóbica. E você não muda isso num estalar de dedos. Não, você internaliza aquela homofobia e aprende a se odiar. Se odiar profundamente. Fiquei encolhida, encharcada de vergonha, no armário, por dez anos. Por que o armário só impede que te vejam, não é à prova de vergonha. Se você enche uma criança de vergonha, ela não consegue desenvolver vias neurais que carregam pensamentos de autovalorização. O ódio de si mesma é uma semente que só pode vir de fora. Quando se faz isso com uma criança, isso vira uma praga resistente, que cresce rápido. A criança não sabe agir diferente. Isso se torna natural como a gravidade. Quando eu saí do armário, só o que eu sabia fazer era ser invisível e me odiar. Demorei dez anos para entender que eu podia ocupar espaço no mundo. Mas eu já tinha transformado tudo em piada como se não importasse. Preciso contar minha história do jeito certo, porque paguei caro por uma lição que parece que ninguém quis aprender. Achamos mais importantes estar certos do que apelar para a humanidade daqueles de quem discordamos. A ignorância sempre estará entre nós, porque nunca vamos saber todas as coisas. Preciso contar do jeito certo por que você aprende com a parte da história na qual foca”.
A gente fica inconformado o tempo todo. Inconformado do porquê tudo aquilo está acontecendo. Porquê as pessoas não dão um fim naquilo tudo. E, principalmente, inconformado com toda proporção que aquilo tudo tomou.
Eu acredito que ter jogado aquele "INSPIRED BY TRUE EVENTS" em caixa alta e em toda tela, logo no começo do filme, é para que você se lembre, a cada vez que estiver inconformado com tudo, que aquilo tudo foi real.
E se você for como eu, vai pesquisar e ver que tudo que aconteceu é tão real e assustador como mostrado no filme.
Vidas Passadas
4.2 737 Assista Agorao que somos hoje. o que fomos ontem.
o que é. o que poderia ter sido.
aqui até o silêncio conversa. sutileza que arrebata.
tava fazendo uma análise e queria saber se faz sentido fora dessa cabecinha aqui (risos):
na cena em que eles "discutem" sobre a nota da escola, quando ambos vão embora, o plano pega os dois seguindo seus caminhos. enquanto nora some ao subir as escadas, teo segue em linha reta.
depois essa mesma cena da infância volta em um flashback, quando os dois estão esperando o uber. mas agora, ambos se encontram no mesmo plano. vejo que teo enxergava nora sempre num pedestal, alguém inatingível, quase que como uma divindade. desde criança, por isso a cena dele observando ela subir as escadas. mas agora, ele vê ela como humana, com suas fragilidades e vulnerabilidades. meio que agora ele consegue enxergar quem nora realmente é - ou era (indo além da sua visão embaçada da paixão).
se faz sentido, não sei. mas me peguei pensando nisso. por dias.
Na Cadência do Amor
4.0 92a cena do diálogo entre os dois na mesa é de uma delicadeza e sensibilidade tamanha! sem precisar de tradução, afinal os dois estavam se entendendo. o amor pelo Kai traduzia.
"eu não o sufoquei com culpa, a culpa sempre existiu [..] essas memórias são tudo o que tenho, preciso mantê-las vívidas, ou elas irão se desvanecer [...] depois de muito chorar eu passei a me conformar que eu não estarei sempre feliz. segura em minha solidão, com a esperança de um dia saber lidar com isso [...] eu seguirei em frente com a minha vida".
Anatomia de uma Queda
4.0 799 Assista Agoraarrisco dizer que esse é um dos melhores roteiros já feito na história do cinema. todos os três componentes da arte - tema, forma e conteúdo - são criados e arquitetados de forma magistral (mulher né mores).
e que atuação de sandra huller (mãe) e milo machado-graner (filho). esse menino não ter sido indicado a coadjuvante é um total desrespeito haha
pra mim, a frase (de tantas) que mais me pegou foi a do daniel, uma criança, dita no meio do tribunal, que deixou até a juíza de olhos arregalados:
"não vejo porquê ela teria feito isso. parece que quando falta uma prova para ter certeza de como algo aconteceu, temos que olhar em volta, como o julgamento está fazendo. quando olhamos em toda a parte e ainda não entendemos como a coisa aconteceu, acho que temos que perguntar por que isso aconteceu".
Fale Comigo
3.6 963 Assista Agoraesse que é o filme do ano? pra mim, não funcionou não :/
não sei se fui com muita expectativa (pelo hype e por ser da A24), mas achei bem mediano, o ritmo no início foi péssimo e, pela cena do carro em que eles veem o animal na estrada, já dá pra sacar o final (inclusive lembro de outro filme que teve uma cena parecida).
Mass
4.0 70 Assista Agoratudo aqui flui e funciona muito bem: roteiro primoroso (sustentado - em sua maioria - apenas por diálogos), atuações impressionantes - contidas, as vezes nem tanto, mas sempre dizendo muito sobre seus sentimentos (ann dowd merecia pelo menos uma indicação apenas pela última cena e martha plimpton também tá excelente), direção...nossa, tô tentando digerir tudo que vi.
mesmo de fora, conseguiu ser melhor que a grande maioria dos indicados ao oscar. é o drama que tanto faltava nas premiações deste ano.
A Excêntrica Família de Antonia
4.3 359esse filme pegou meu coração e o aqueceu pra depois dilacerá-lo em vários pedaços.
certamente vai ser um daqueles que verei várias vezes como se fosse a primeira. foi um prazer acompanhar a vida da grande antônia e de toda sua maravilhosa (e excêntrica) família (o tanto que me apeguei a essas personagens não tá escrito haha).
vou aproveitar o espaço e escrever cada frase que me marcou no filme, pra voltar e me recordar sempre desta história:
"o tempo não cicatriza as feridas. ele apenas alivia a dor e embaça a memória".
"minha querida therese, é absurdo crer que a dor constante que nos aflige seja puro acaso. pelo contrário. a desgraça é regra, não a exceção. a quem culpar por nossa existência? à explosão solar que nos deu a vida? eu me recuso, já que não creio em deus ou reencarnação. se acreditasse, poderia me iludir de que a vida nos promete uma sobremesa divina, depois da indigesta refeição. nada irá melhorar. melhor ou pior, só será diferente".
"nada morre para sempre, alguma coisa sempre fica [...] porque a vida quer viver".
"às vezes o tempo ficava lento como uma tartaruga cansada. às vezes rompia pela vida como um abutre em busca de presa. o tempo não se preocupou com a vida ou a morte. declínio ou ascensão. amor, ódio ou ciúmes. ignorou tudo que nos é importante e faz com que esqueçamos dele".
"e assim, tanto quanto esta crônica, nada se conclui".
Nomadland
3.9 896 Assista Agorasenti tanta coisa vendo esse filme, que olha, nem sei. e acredito que esse filme foi feito pra gente sentir mesmo.
que direção primorosa de chloé e que atuação poderosa de frances, que transmite tanto só com o olhar. (aliás, que match perfeito essas duas).
agora que o vi, se torna o meu preferido de 2020 (junto a minari, que vi um pouco antes de nomadland). espero que chloé ganhe o oscar de direção.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista Agorao filme é excelente (pra mim, um dos melhores de 2020), mas no fim eu só conseguia pensar que: mads mikkelsen é um dos maiores atores da atualidade.
Tropa Zero
4.0 170 Assista Agoraa gente insiste em achar que somos iguais e que devemos seguir um padrão, quando de fato somos todos únicos e singulares, formando um coletivo lindo de pluralidades.
uma história que dá voz (e espaço) ao "estranho", ao diferente. terminei com uma vontade imensa de gritar "eu estou aquiiiiiiii".
Era Uma Vez um Sonho
3.5 448 Assista Agorauma das coisas, antes de qualquer outra, que sempre faz com que eu goste de um filme é a questão da identificação. todo filme que me marca, eu me identifico profundamente com as personagens, ou com a mensagem ou, principalmente, com a história (aliás, cinema é sobre isso - contar histórias).
não acompanhei críticas sobre esse filme, não sei nada sobre o livro mas posso dizer que essa história me tocou - e muito.
muito mais do que outra coisa, pra mim, era uma vez um sonho é sobre família e toda aquela bagagem que vem com ela. é sobre tudo aquilo que a gente vai carregando (muitas vezes achando que precisamos) que só vamos entender depois de algum tempo (no meu caso, foi depois de 2 anos de terapia haha).
é sobre passado, presente e futuro. sobre culpas e remorsos. sobre escolhas (boas ou ruins, mas acima de tudo, sobre escolhas). sobre caminhos e decisões. sobre frustrações e expectativas. sobre lições e aprendizados.
voltando ao que falei no começo, esse filme me marcou muito e me acertou em cheio. pra mim, tomar a decisão de seguir meu próprio caminho e não achar que estou sendo egoísta, foi um processo muito longo e, muitas vezes, dolorido.
então, na cena em que J.D larga a mão da mãe e diz que não pode ficar, eu tava em prantos.
Estou Pensando em Acabar com Tudo
3.1 1,0K Assista Agoraacabei "estou pensando em acabar com tudo" e cá estou pensando em tudo (e digerindo) o que vi.
é aquele típico filme ame ou odeie. e independente de tudo, não dá pra negar o impacto que deixa na gente (e sou do time que amou, pois acho o kaufman brilhante e gosto de suas histórias surreais sobre a existência e relacionamentos humanos).
me vi imerso na história, mesmo em alguns momentos não entendendo muito bem as ligações (principalmente por obras de teatro que eu não conhecia). mas depois, pesquisando na internet e vendo críticas sobre o filme, tudo fez mais sentido.
certamente é um daqueles longas que não terminam quando sobem os créditos (e, normalmente, amo esse tipo de filme haha). um dos melhores que vi esse ano.
Você Deveria Ter Partido
2.6 199 Assista Agoraolha, se you should have left eu não sei, mas que you shouldn't have ter feito esse filme, isso eu tenho certeza (e eu should have ido dormir).
Em Silêncio
4.3 244esse foi, de longe, o filme mais pesado que já vi (e olha que eu já vi vários filmes soco no estômago).
em alguns momentos, precisei pausar pra retomar o fôlego, pois é difícil ser expectador dessa história (que, meu deus, foi real). você sente desespero, raiva, revolta, tanta coisa, tudo ao mesmo tempo.
o pior é que quando o filme começa a entregar as coisas, você já sabe que
não tem como terminar bem, que tudo, infelizmente, é irreversível. mas você alimenta uma esperança de que, pelo menos, a justiça será feita e que eles vão ter o mínimo do que merecem, mas não. arrancam nossa esperança e espatifa em pedaços, e tudo o que resta é um sentimento devastador.
Meu Rei
3.9 137 Assista Agoraestou impactadíssimo com esse filme. terminei e ainda tô tentando digerir tudo o que vi.
é engraçado como a percepção sobre os fatos que vemos pode variar de pessoa para pessoa, inclusive vendo os comentários do filme aqui no filmow. mas eu não consigo ver algo além de
uma relação abusiva.
tony travava uma luta não só física, mas psicológica. a cada cena eu, como expectador (logo vendo a história pela ótica externa), ficava muito triste por ela e tentava entender o motivo dela suportar tudo aquilo. pensava:
será que vale nos anular por conta de um relacionamento? isso é saudável? até quando devemos suportar? ou, será que temos que suportar? até onde vai o amor? isso é amor?
lembrei de uma frase de "ela", que cabe aqui:
"qualquer pessoa que se apaixone é uma aberração. é uma loucura de se fazer, uma forma socialmente aceitável de insanidade".
Cafarnaum
4.6 673 Assista Agoraem menos de 10 minutos de filme, eu já sabia que sairia impactado, só não imaginava o quanto. tudo começou com esse diálogo, que me deixou em pedaços:
“ – Você sabe por que está aqui?
– Sim.
– Por quê?
– Prestei queixa contra meus pais.
– Por que prestou queixa?
– Por eu ter nascido?”
daí, já tive a percepção que seria um longa marcante, e a sensação só foi aumentando conforme o longa foi se desenvolvendo. achei tudo muito brilhante nesse filme, de uma forma que, sei lá, talvez nem consiga explicar.
cafarnaum é um excelente drama de personagens e valeria a pena só pela história. mas tem tanta coisa que o torna (ainda mais) grandioso.
primeiro é a direção magistral de Nadine. muito me espanta ela ficar de fora de premiações de melhor direção naquele ano (disappointed but not surprised). a sensibilidade em retratar a realidade nua e crua do povo imigrante, a direção tão bem orquestrada tecnicamente e narrativamente, nos faz questionar a realidade e, como expectador, você se vê de mãos atadas, querendo agir mas sem saber como. qual direção há para pessoas que vivem na extrema pobreza e sem perspectiva de um futuro, de uma vida digna, sem um olhar - principalmente político - que tenha interesse real e efetivo por eles? quem somos nós para julgar um contexto que conhecemos apenas a superfície e não fazemos nem ideia da sua profunda realidade? o que eu faria se estivesse no lugar dessas pessoas? como agiria? Nadine teve um olhar tão humano que nos faz levar vários questionamentos.
a cena em que Nadine faz a pergunta para a mãe no tribunal e a observa enquanto respondia destruiu meu coração. aquela sensação de engolir seco, com nó na garganta e olhares sem jeito, foi a sensação que senti nas 2 horas de filme.
“– Me mato de trabalhar, estou exausta e ainda me julgam. Por acaso passou pelo que eu passei? Você não viveu o que eu vivi. Nunca passou por isso, se não já teria se matado. Imagine tratar os filhos com água e açúcar, porque não tem dinheiro para comprar pão. Sou capaz de matar para que meus filhos sobrevivam. Eles são carne da minha carne. Só eu posso me julgar”.
acredito que Nadine não se colocou em uma posição julgadora, e sim em uma posição questionadora sobre os fatos que acontecem na trama. mas não conseguimos nos conter com tamanha desumanidade com os refugiados e a irresponsabilidade dos pais. aqui, os imigrantes são tratados como mercadorias, e os filhos são lançados ao mundo sem apoio e qualquer tipo de estrutura.
“– Uma menina de 11 anos está apta para se casar? Ela sabe o que isso significa?
– Ela era madura...ela tinha uma consciência...
– Madura? Ela era um tomate para você dizer isso?”
“Tenho um monte de documentos, escolha o que quiser. Tenho documentos para me mandar para a cadeia. Tenho um aviso de despejo. E o papel mais importante...é um papel do hospital de cortar o coração de qualquer um nessa terra. Somos uns parasitas. Valemos menos que nada, moleque”.
“ – Eu já te disse o que fazer para não pagar os 1.500 dólares? Me entregue o Yonas.
– Já te disse que o Yonas eu não vou abandonar nunca!
– Essa criança nessa terra não serve para nada. No dia que o descobrirem, vão te expulsar. Ele está vivendo como um rato, não vê a cara do sol, nunca vai frequentar uma escola. Posso encontrar uma boa família para ele. Você poderá vê-lo.
– Eu sei como escondê-lo. Sei como cuidar dele e encontrar comida para ele.
– Vou te dizer novamente: esse menino está morto. Não tem nem nome. Até um vidro de ketchup tem nome.”
meu. deus.
agora, além da direção e roteiro impecáveis, a atuação de Zain foi o grande trunfo do filme. eu simplesmente estou apaixonado por esse menino e chocado com tudo que ele entregou nesse filme. com certeza foi uma das maiores interpretações do cinema ao meu ver. foi tudo tão real, tão natural, como se estivéssemos vendo o documentário da vida dele. e o final, ah o final, que arrebatador. o tempo todo, diante da vida miserável que Zain vivia, ele estava sério, com seus sentimentos ao extremo, como um adulto. e eu sentia tanto por ele, sentia tanto em não ver ele sorrindo. aí, o filme se encerra com Zain
dando um sorriso de canto, discreto, com os olhos na tela
- Sorria. É para o passaporte, não é um atestado de óbito.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista Agoraquem nunca sentiu um aperto no peito, uma angústia, sem saber o real motivo? quem nunca procurou algo ou alguém sem saber o que era?
aqui, Taki e Mitsuha, vivem essa sensação intensa, mas por um motivo que já vimos no começo mas que fica mais claro ao longo do filme: há um vínculo/conexão entre os dois.
(o meme do neymar "saudade do que a gente não viveu" nunca fez tanto sentido rs).
essa conexão é explicada mais claramente pelas palavras da avó a caminho do templo nas montanhas.
"Mitsuha, Yotsuha, sabem o que é 'musubi'? é como chamavam o guardião daqui. é uma palavra com um sentimento profundo. enrolar os fios é 'musubi'. conectar as pessoas é 'musubi'. o passar do tempo é 'musubi'. são todas as forças do deus. então os traçados que fazemos são a pura arte do deus e a representação do tempo em si. os fios convergem e tomam forma. se enrolam e entrelaçam. às vezes soltam e quebram, depois se reconectam. musubi: entrelaço. o tempo...seja arroz, água ou saquê, quando alguém consome e faz parte de si, é musubi".
o filme, que me fez lembrar de Interestelar - principalmente por conta da frase dita pela personagem da Amélia - consegue contar, além de uma bela história de amor que transcende tempo e espaço, a cultura e as tradições de um povo, as diferenças que coexistem no Japão moderno e até questões de gênero.
e o filme traz aquela liçãozinha de que, quando a gente avistar um pessoa interessante e não saber como lidar, é só começar com: oi, qual o seu nome?
3 Idiotas
4.3 3823 idiotas causou uma confusão de sentimentos em mim. pelo contrário de muita gente, não o achei cansativo e nem senti as (quase) 3 horas de duração.
na verdade senti sim, mas senti que aproveitei cada minuto. chorei (e muito!), dei risada, achei exagerado em alguns momentos, mas é esse exagero que mais me encantou. Pode até ser uma bagunça cheia de clichês, mas é uma bagunça cheia de clichês maravilhosa, leve, inteligente, passa mensagens lindas (e super importantes) e aquece nosso coração.
o filme é, literalmente, uma aula. deveria ser obrigatório pra todo docente.
primeira produção de bollywood a entrar na lista de favoritos (mas já coloquei como meta assistir mais filmes indianos).
Quem Você Pensa Que Sou
3.9 109 Assista Agoravendo os comentários por aqui, vejo que o filme divide opiniões.
eu particularmente adorei a história, mesmo achando o primeiro ato um pouco lento e tendo uma certa dificuldade de me conectar com a personagem Claire.
não esperava que o filme fosse caminhar pra esse desfecho, então fui muito surpreendido.
eu amei o fato dela ter criado uma outra versão da história, matando ela mesma, meio que como uma forma de se redimir por ter causado a suposta morte de Alex - me lembrou Animais Noturnos.
a última cena então, em que ela liga pra ele, como Clara, sabendo que tocou sua vida pra frente, foi o melhor jeito de terminar.
o filme trata de um assunto bem delicado, acredito que principalmente para a mulher
(em vista do que a sociedade - machista - impõe em vista do envelhecimento),
Juliette Binoche, como sempre magnífica, entrega uma atuação poderosa que transborda
(e gente, essa mulher é linda de mais, mesmo nos momentos em que tentavam tornar ela "feia", eles falhavam miseravelmente - coloco em aspas pois não é essa palavra que gostaria de usar, pois a questão de feio ou bonito é meramente uma visão pessoal).
o filme fez lembrar da minha mãe
que lutou a vida toda por um casamento e, quando se divorciou, sentiu-se abandonada e culpada, e até hoje (já faz 12 anos) tem dificuldades de se aceitar e permitir viver um novo amor.
tem uma frase dita por Claire à terapeuta que resume bem o filme e, acho, que resume também a dificuldade de lidar com o envelhecer:
"Não me importo de morrer. Mas me importo de ser abandonada."
Encontros
3.7 47 Assista Agoranossa, que filme gostosinho. lembro que tentei assistir ele várias vezes, mas só consegui agora.
foi uma grata surpresa, me tocou de um jeito bem especial e me fez lembrar muito de Medianeras (que é um dos meus filmes queridinhos).
consegue tratar de temas complicados, como solidão, tristeza, depressão e perdas, de uma forma bem leve. a sensação, no final, é de ter saído de uma sessão muito boa de terapia.
com certeza, é um filme que vou ver repetidas vezes.
ps.: me apaixonei pelo Rémy e já fui stalkear o ator haha (a última vez que isso me aconteceu foi com Hugh Dancy e Joseph Gordon-Levitt com os personagens Adam e Tom, respectivamente).
Sob a Sombra
3.4 338 Assista AgoraGente...
Usar a fita adesiva na janela até fiquei quieto, no teto já achei demais, mas o fim foi "juntar" a maldita da boneca com durex (tinha linha de costura e agulha não? rs).
Alta Frequência
3.9 389 Assista Agorasabe o que eu mais amo no cinema? a capacidade de contar histórias que nos conectam, independentemente da sua época. a gente sempre descobre novos filmes, novas histórias, vemos filmes que acabaram de lançar, filmes da década passada, histórias antigas...enfim, o amor pelo cinema quebra essa barreira.
eu sou apaixonado por cinema e nunca tinha sequer ouvido falar desse filme. encontrei ele por engano e resolvi ver sem a menor pretensão. e foi uma experiência e tanto (fazia tempo que não pegava um filme sem ter ideia nenhuma sobre ele e me surpreendia assim - o último foi em "questão de tempo" quando comprei os ingressos sem nem saber do que o filme se tratava).
pra mim, esse filme não fala apenas sobre viagem no tempo. pra mim, o que motiva e conduz a história é o amor entre pai e filho que transcende tempo e espaço (quem viu "interestelar" pegou a referencia rs). todo o resto, só reforça a conexão que há entre os dois
e contar essa história poderia muito ter sucumbido ao clichê, mas conseguiram fazer o contrário com um roteiro muito bem amarrado.
mas willian, e aquele final? não foi muito óbvio? aqui entra a questão de nos conectamos com a história, trazer o lado emocional e, novamente, reforçar o fio condutor do filme:
aqui vemos um filme sobre amor fraterno que não se limita ao tempo presente. e ainda faz isso muito bem colocando muito suspense no meio com a história do serial killer e da viagem no tempo.
se tornou um dos meus favoritos sobre o tema, sem dúvidas.
A Vida Invisível
4.3 642Tá. Eu sou suspeito pra falar, pois admiro tudo que a Fernanda Montenegro faz, mas que mulher é essa. Com poucos minutos em tela, Montenegro consegue entregar uma atuação poderosíssima (muitas vezes, apenas com gestos e olhares). Eu não conseguia desgrudar o olhar da tela quando ela surgiu. Sem dúvidas, levou toda a história pra um patamar ainda maior.
Hannah Gadsby: Nanette
4.7 207 Assista AgoraQueria poder abraçar Hannah. E me desculpar pela humanidade que deu tão errado.
“Preciso contar minha história do jeito certo. Porque sair do armário, pra mim, não foi nada fácil. [...] 70% das pessoas que viviam ao meu redor acreditavam que a homossexualidade deveria ser um ato criminoso. 70% daqueles que me criaram, me amaram, em quem eu confiava, acreditavam que a homossexualidade era pecado, que homossexuais eram pedófilos, sub-humanos e abomináveis. Setenta por cento. Quando eu me identifiquei como gay, já era tarde demais. Eu já era homofóbica. E você não muda isso num estalar de dedos. Não, você internaliza aquela homofobia e aprende a se odiar. Se odiar profundamente. Fiquei encolhida, encharcada de vergonha, no armário, por dez anos. Por que o armário só impede que te vejam, não é à prova de vergonha. Se você enche uma criança de vergonha, ela não consegue desenvolver vias neurais que carregam pensamentos de autovalorização. O ódio de si mesma é uma semente que só pode vir de fora. Quando se faz isso com uma criança, isso vira uma praga resistente, que cresce rápido. A criança não sabe agir diferente. Isso se torna natural como a gravidade. Quando eu saí do armário, só o que eu sabia fazer era ser invisível e me odiar. Demorei dez anos para entender que eu podia ocupar espaço no mundo. Mas eu já tinha transformado tudo em piada como se não importasse. Preciso contar minha história do jeito certo, porque paguei caro por uma lição que parece que ninguém quis aprender. Achamos mais importantes estar certos do que apelar para a humanidade daqueles de quem discordamos. A ignorância sempre estará entre nós, porque nunca vamos saber todas as coisas. Preciso contar do jeito certo por que você aprende com a parte da história na qual foca”.
Obediência
3.4 309A gente fica inconformado o tempo todo. Inconformado do porquê tudo aquilo está acontecendo. Porquê as pessoas não dão um fim naquilo tudo. E, principalmente, inconformado com toda proporção que aquilo tudo tomou.
Eu acredito que ter jogado aquele "INSPIRED BY TRUE EVENTS" em caixa alta e em toda tela, logo no começo do filme, é para que você se lembre, a cada vez que estiver inconformado com tudo, que aquilo tudo foi real.
E se você for como eu, vai pesquisar e ver que tudo que aconteceu é tão real e assustador como mostrado no filme.