É meio como voltar as raízes para conhecer um pouco mais do Wes Anderson. Aparentemente se baseia em alguns elementos auto-biográficos, Wes também escrevia peças durante o período escolar, existem referências a influências literárias do diretor, e uma obsessão com a linguagem de teatro referenciada constantemente num filme que alterna seus atos por um abrir e fechar de cortinas. Enorme maturidade do diretor em seu segundo longa, recomendo!
A viagem (Cloud Atlas), mais recente esforço dos irmãos Wachowsky, desta vez juntos a Tom Tykwer, é fascinante. Ainda que a realização não alcance plenamente a ambiciosa premissa, o resultado é mais que satisfatório tanto pelo saldo emocional quanto pelos questionamentos que suscita.
Satoshi Kon encerra sua obra com uma reflexão importante sobre o fascínio que o cinema exerce sobre nós: ao final, a trajetória de uma pessoa que devotou sua vida em busca de um fantasma não nos parece nem um pouco patética. Assim como a atriz, o espectador não teria acompanhado ao longo de quase duas horas de projeção uma ilusão? O diretor, então, se profissionaliza em forjar o convencimento a partir da ficção. O que saímos ganhando é algo que não se pode precisar ao certo o grau de realidade, mas é um laço poderoso a nos unir em torno da paixão pelo cinema: o compartilhamento de nossas experiências.
O maior chamariz das animações de Makoto Shinkai é a fotografia, tão bela que cada frame poderia ser emoldurado. A história, fragmentada em três capítulos, explora a paixão e desencontro de um casal desde a adolescência até a fase adulta, com sensibilidade e um tom contemplativo, emulando o apaixonado paciente que voyeriza o ser amado sem nunca se aproximar. No decorrer, contudo, o roteiro traça a personalidade dos seus personagens a partir de tipos ideais de homem e mulher já muito questionados na cultura japonesa: a mulher submissa, recatada, a espera do homem, empreendedor, com o poder de decisão e de mudança sobre sua vida. O final, pelo menos, iguala ambos sob a amargura do sentimento de incompletude, de tristeza pela oportunidade perdida, deixando para os jovens a clara mensagem de que devem buscar um final melhor para si mesmos. Uma mensagem bem-vinda para uma sociedade que evita, mais do que outras, certos constrangimentos, mas ainda assim um filme basicamente didático.
O filme usa do ambiente escolar em crise após um suicídio para tecer uma narrativa incrivelmente rica sobre doenças sociais, solidão, mas principalmente sobre a sensibilidade (ou falta de) do legislativo francês: afinal, a crueldade está presente em todos os lados, da burocracia que regula a quem conceder asilo político até a legislação que impede que nas escolas os professores tenham qualquer contato físico com estudantes. Vale a pena assistir.
Gostaria de dizer que Ruby Sparks é pretensioso, chauvinista e pouco inteligente. Infelizmente sou ético demais para isso, então ele é pretensioso, chauvinista mas conta com uma grande inteligência dos realizadores para transferir grande parte da responsabilidade a seus personagens, embora nesse balanço tenha faltado esperteza na criação de um final menos convencional.
Um filme surpreendentemente bom, provando o esforço que vem se fazendo em worldlywood para criar diversão mais "inteligente". A história, baseada em fatos reais, é a de Bernie, um agente funerário muito popular numa cidadezinha do Texas que surpreende a comunidade local ao confessar o assassinato de Marjorie, uma viúva dona de muito dinheiro e de uma péssima reputação, mas que mantinha uma enigmática relação de amizade com o mesmo. O diretor e roteirista Linklater costura depoimentos de moradores locais (fictícios) sobre a vida e a relação entre Bernie e Marjorie com fragmentos da vida de ambos, criando uma narrativa absolutamente bipolar sobre os acontecimentos, à medida que estes ganham nuances inusitadas pela ótica de cada morador. Assim, Bernie poderia ser um sociopata, um amante da viúva, ou mesmo um amigo gay que recebia dinheiro em troca de oferecer companhia. Essa miríade de facetas atribuídas a Bernie, agente funerário tão afeito às viúvas e à comunidade, constrói uma insinuada dissimulação que, por trás de qualquer imparcialidade alegada, parece ser a verdadeira natureza do acusado, pelo menos na visão do diretor, e é aí que reside boa parte do humor negro deste filme. Para completar, a interpretação de Jack Black é ótima, e seu Bernie é estranho e tão contido que dá vontade de ir até o final do filme só pra verificar se ele não fará um overacting em algum momento e destruirá seu personagem, de tão raro que isso é. Recomendo! Nota ***/
Não me abandone jamais é uma adaptação do diretor Mark Romanek de um romance homônimo, escrito por Kazuo Ishiguro. Neste filme, somos transportados a uma realidade alternativa, na qual, em 1950, a técnica de clonagem já foi completamente dominada, e a humanidade teria encontrado a cura para todas as doenças, superando a expectativa de vida de 100 anos. Essa utopia acaba se revelando, na verdade, uma realidade distópica, à medida em que nos é permitido saber por quais meios a medicina alcançou esse “milagre”.
A melhor definição pra pária é “aquele que não cumpre seu papel social.”. Ao não assumir a identidade que o grupo social determina, ou ao não se encaixar nos requisitos predeterminados de sociabilidade, o indivíduo passa por um processo de exclusão, voluntário ou não. Na Índia, por exemplo, temos os dálits, ou intocáveis. Apesar de que na atualidade, a mobilidade social dos hindus esteja mais flexível, ainda são os referenciais mais lembrados. E apesar deste pequeno prólogo, não é sobre os dálits hindus que a diretora e roteirista Dee Rees quer falar em seu primeiro filme. Ao retratar o processo de amadurecimento de uma adolescente gay que está desvendando sua identidade, Rees nos mostra como em nossa sociedade criamos nossas párias. Processo aqui é, de fato, a palavra chave.
Tarsem fez o que, visualmente, muitos sequer ousam. Os figurinos de Eiko Ishioka são maravilhosos. Mas a história, apesar da premissa excelente, não é bem desenvolvida, com reviravoltas previsíveis, e cenas risíveis (o que é aquela cena em que o policial sugere que foi abusado sexualmente na infância?), mas o resultado é tão ímpar que fica marcado na memória. Não é excelente, mas é muito bom.
Três é Demais
3.8 274 Assista AgoraÉ meio como voltar as raízes para conhecer um pouco mais do Wes Anderson. Aparentemente se baseia em alguns elementos auto-biográficos, Wes também escrevia peças durante o período escolar, existem referências a influências literárias do diretor, e uma obsessão com a linguagem de teatro referenciada constantemente num filme que alterna seus atos por um abrir e fechar de cortinas. Enorme maturidade do diretor em seu segundo longa, recomendo!
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraA viagem (Cloud Atlas), mais recente esforço dos irmãos Wachowsky, desta vez juntos a Tom Tykwer, é fascinante. Ainda que a realização não alcance plenamente a ambiciosa premissa, o resultado é mais que satisfatório tanto pelo saldo emocional quanto pelos questionamentos que suscita.
Leia o resto da crítica em:
Atriz Milenar
4.3 115Satoshi Kon encerra sua obra com uma reflexão importante sobre o fascínio que o cinema exerce sobre nós: ao final, a trajetória de uma pessoa que devotou sua vida em busca de um fantasma não nos parece nem um pouco patética. Assim como a atriz, o espectador não teria acompanhado ao longo de quase duas horas de projeção uma ilusão? O diretor, então, se profissionaliza em forjar o convencimento a partir da ficção. O que saímos ganhando é algo que não se pode precisar ao certo o grau de realidade, mas é um laço poderoso a nos unir em torno da paixão pelo cinema: o compartilhamento de nossas experiências.
Leia a resenha completa em:
5 Centímetros por Segundo
3.9 383O maior chamariz das animações de Makoto Shinkai é a fotografia, tão bela que cada frame poderia ser emoldurado. A história, fragmentada em três capítulos, explora a paixão e desencontro de um casal desde a adolescência até a fase adulta, com sensibilidade e um tom contemplativo, emulando o apaixonado paciente que voyeriza o ser amado sem nunca se aproximar.
No decorrer, contudo, o roteiro traça a personalidade dos seus personagens a partir de tipos ideais de homem e mulher já muito questionados na cultura japonesa: a mulher submissa, recatada, a espera do homem, empreendedor, com o poder de decisão e de mudança sobre sua vida.
O final, pelo menos, iguala ambos sob a amargura do sentimento de incompletude, de tristeza pela oportunidade perdida, deixando para os jovens a clara mensagem de que devem buscar um final melhor para si mesmos. Uma mensagem bem-vinda para uma sociedade que evita, mais do que outras, certos constrangimentos, mas ainda assim um filme basicamente didático.
O que Traz Boas Novas
4.0 101 Assista AgoraO filme usa do ambiente escolar em crise após um suicídio para tecer uma narrativa incrivelmente rica sobre doenças sociais, solidão, mas principalmente sobre a sensibilidade (ou falta de) do legislativo francês: afinal, a crueldade está presente em todos os lados, da burocracia que regula a quem conceder asilo político até a legislação que impede que nas escolas os professores tenham qualquer contato físico com estudantes. Vale a pena assistir.
Ruby Sparks - A Namorada Perfeita
3.8 1,4KGostaria de dizer que Ruby Sparks é pretensioso, chauvinista e pouco inteligente. Infelizmente sou ético demais para isso, então ele é pretensioso, chauvinista mas conta com uma grande inteligência dos realizadores para transferir grande parte da responsabilidade a seus personagens, embora nesse balanço tenha faltado esperteza na criação de um final menos convencional.
Quase um Anjo
3.3 179 Assista AgoraUm filme surpreendentemente bom, provando o esforço que vem se fazendo em worldlywood para criar diversão mais "inteligente". A história, baseada em fatos reais, é a de Bernie, um agente funerário muito popular numa cidadezinha do Texas que surpreende a comunidade local ao confessar o assassinato de Marjorie, uma viúva dona de muito dinheiro e de uma péssima reputação, mas que mantinha uma enigmática relação de amizade com o mesmo.
O diretor e roteirista Linklater costura depoimentos de moradores locais (fictícios) sobre a vida e a relação entre Bernie e Marjorie com fragmentos da vida de ambos, criando uma narrativa absolutamente bipolar sobre os acontecimentos, à medida que estes ganham nuances inusitadas pela ótica de cada morador. Assim, Bernie poderia ser um sociopata, um amante da viúva, ou mesmo um amigo gay que recebia dinheiro em troca de oferecer companhia.
Essa miríade de facetas atribuídas a Bernie, agente funerário tão afeito às viúvas e à comunidade, constrói uma insinuada dissimulação que, por trás de qualquer imparcialidade alegada, parece ser a verdadeira natureza do acusado, pelo menos na visão do diretor, e é aí que reside boa parte do humor negro deste filme.
Para completar, a interpretação de Jack Black é ótima, e seu Bernie é estranho e tão contido que dá vontade de ir até o final do filme só pra verificar se ele não fará um overacting em algum momento e destruirá seu personagem, de tão raro que isso é. Recomendo!
Nota ***/
Não Me Abandone Jamais
3.8 2,1K Assista AgoraNão me abandone jamais é uma adaptação do diretor Mark Romanek de um romance homônimo, escrito por Kazuo Ishiguro. Neste filme, somos transportados a uma realidade alternativa, na qual, em 1950, a técnica de clonagem já foi completamente dominada, e a humanidade teria encontrado a cura para todas as doenças, superando a expectativa de vida de 100 anos. Essa utopia acaba se revelando, na verdade, uma realidade distópica, à medida em que nos é permitido saber por quais meios a medicina alcançou esse “milagre”.
Confira a resenha na íntegra em:
Pariah
4.0 138A melhor definição pra pária é “aquele que não cumpre seu papel social.”. Ao não assumir a identidade que o grupo social determina, ou ao não se encaixar nos requisitos predeterminados de sociabilidade, o indivíduo passa por um processo de exclusão, voluntário ou não. Na Índia, por exemplo, temos os dálits, ou intocáveis. Apesar de que na atualidade, a mobilidade social dos hindus esteja mais flexível, ainda são os referenciais mais lembrados. E apesar deste pequeno prólogo, não é sobre os dálits hindus que a diretora e roteirista Dee Rees quer falar em seu primeiro filme. Ao retratar o processo de amadurecimento de uma adolescente gay que está desvendando sua identidade, Rees nos mostra como em nossa sociedade criamos nossas párias. Processo aqui é, de fato, a palavra chave.
Confira o resto da resenha em:
A Cela
3.1 394 Assista AgoraTarsem fez o que, visualmente, muitos sequer ousam. Os figurinos de Eiko Ishioka são maravilhosos. Mas a história, apesar da premissa excelente, não é bem desenvolvida, com reviravoltas previsíveis, e cenas risíveis (o que é aquela cena em que o policial sugere que foi abusado sexualmente na infância?), mas o resultado é tão ímpar que fica marcado na memória. Não é excelente, mas é muito bom.
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraUm bom filme, desenvolvimento não tão bom, mas atuações fabulosas. Vale a pena ver.
A Lei do Desejo
3.8 317 Assista AgoraDivertido, e bem a cara de Almodóvar.
O Pianista
4.4 1,8K Assista AgoraPerfeito!
Edward Mãos de Tesoura
4.2 3,0K Assista AgoraObra máxima de Burton. E isso quer dizer muita coisa.
(500) Dias com Ela
4.0 5,7K Assista AgoraExcelente.
A Lenda do Pianista do Mar
4.3 174História surreal de Tornatore é linda, no mínimo.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraSempre ótimo Almodóvar.
A Janela Secreta
3.7 1,4K Assista AgoraPrevisível, mas um bom filme.
O Grande Truque
4.2 2,0K Assista AgoraO roteiro de engenheiro de Nolan funciona, e garante dignidade pro filme, além das boas atuações.
Cidade dos Anjos
3.7 1,5K Assista AgoraUm filme tocante.
Amor e Inocência
4.0 726Opressão estética da atualidade projetada para os tempos de Jane Austen, mas ainda assim é uma adaptação digna.
Bastardos Inglórios
4.4 4,9K Assista AgoraSó Tarantino com seus diálogos longos e hipnotizantes.
Up: Altas Aventuras
4.3 3,8K Assista AgoraAqueles poucos minutos em que ele nos mostra a vida de Carl cativam você instantaneamente. Excelente trilha sonora.
Ratatouille
3.9 1,3K Assista AgoraPra mim, o melhor da Pixar.