Bom filme, elenco afiado e a história do livro é o grande destaque dentre as três narrativas, sem sombra de dúvidas. Há tensão, dor e perigo de sobra na trama onde Jake Gyllenhaal mostra o porquê de ser um ator subestimado apesar de todo o talento e presença que possui. O sofrimento de seu personagem Tony é palpável e a perseguição aos responsáveis pelos eventos trágicos daquela fatídica noite é o que mantém o interesse do público. Amy Adams, competente como de costume, e Aaron Taylor-Johnson repugnante e surpreendente. O ladrão de cenas Michael Shannon fazendo jus à indicação como coadjuvante mais uma vez. Mesmo assim, algumas coisas me incomodaram. O filme é pretensioso e faz uso de metáforas pouco sutis para tentar parecer mais inteligente do que realmente é. Mais estilo do que substância, eu diria. A sequência de abertura é marcante, porém não no bom sentido e parece estar ali apenas pra causar! O desfecho é vago e poderia ter sido melhor trabalhado pra mensagem que pretendia passar... De qualquer forma, o saldo é positivo e o longa, recomendável.
Precisei assisti-lo pela segunda vez pra só então vir aqui comentar. A Chegada faz parte daquele grupo de filmes que não te abandonam por semanas, que desafiam, instigam e provocam todo tipo de reflexão. Denis Villeneuve merece aplausos por conduzir um drama de sci-fi inteligente sem recorrer a cenas de ação gratuitas. No geral, é um longa bem parado que prende o espectador com poucos recursos desse tipo: sim, existem algumas sequências de tirar o fôlego, mas elas estão ali a serviço do roteiro e não para deslumbrar o público. Aliás, a produção é grandiosa e impressionante, mas são os momentos de pura melancolia e contemplação que ficam na memória.
Os falsos flashbacks, que depois revelam-se posteriores à invasão e o conceito da não-linearidade do tempo a partir do contato entre a Dra. Banks e os aliens explodiram minha mente! E esse tipo de sensação é muito mais gratificante do que explosões no sentido literal, rs.
Amy Adams, talentosa como sempre, merecia ao menos uma indicação ao Oscar de atriz. Mas até entendo a esnobada, pois o páreo seria duro e ela já foi nomeada outras tantas vezes, sem vencer. De qualquer forma, sua hora ainda há de chegar!
E a gente até perdoa o clichê patriótico onde os EUA evitam uma guerra de proporções globais com os heptápodes salvando o mundo mais uma vez, não é mesmo?!
Achei Elle brilhante e polêmico, mas não tão perturbador quanto eu imaginei que seria. Só para efeito de comparação, A Professora de Piano, também protagonizado por Huppert, me deixou muito mais incomodado, perdido e perplexo. O fato é que acabei apreciando bem mais o thriller de Verhoeven do que o (bom) filme produzido em 2001. Entendo que o longa dê pano pra manga quanto à problematização do estupro sofrido pela protagonista, mas não vejo isso de forma negativa. Também não vejo romantização.
Michèle é uma mulher forte, independente, fria e com uma herança maldita do pai psicopata. Diria que ela mesma possui traços de sociopatia bem claros e, apesar da posição de vítima da violência, havia a necessidade de estar no controle da situação. Sempre um passo à frente em todas as áreas de sua vida. A atração que ela sentia por Patrick era anterior à revelação da identidade do estuprador e, de certa forma, tudo isso tenta justificar o jogo doentio entre eles.
A hipnotizante Isabelle Huppert oferece ao espectador a melhor performance feminina do ano passado e é, indiscutivelmente, a vencedora moral do Oscar na categoria. Nada contra a Emma Stone, que fez um belo trabalho em La La Land, mas pensei que os votantes tivessem aprendido alguma coisa sobre mérito após as injustiças cometidas com Riva, Montenegro e outras. Fiquei um tanto desapontado com a premiação mais uma vez.
Cinebiografia da MC Melody aos 70 anos, hahaha. É uma 'dramédia' bem realizada, onde destacam-se a direção de arte e, é claro, as interpretações de Meryl Streep e Hugh Grant. A nunca superestimada e veteraníssima atriz fez valer sua vigésima indicação ao Oscar no papel da aristocrata desafinada Florence Jenkins, mas quem surpreende mesmo é o outrora galã de comédias românticas. Sua atuação é ótima a ponto de convencer-nos do amor e devoção que tinha pela esposa.
Por mais que se relacionasse com outra mulher, Bayfield fazia de tudo para protegê-la das críticas negativas e do deboche do público, tornando a ligação entre eles ainda mais nobre e cativante.
Simon Helberg tá um tanto caricato na pele de Cosme, mas não chega a ofender. Impossível não rir quando Florence solta a voz nos ensaios e também na apresentação do Carnegie Hall! Guardadas as devidas proporções, o filme me lembrou o Ed Wood de Tim Burton por ambos retratarem o amor pela arte esbarrando nas limitações e na falta de talento de seus obstinados protagonistas. Fiquei curioso sobre Marguerite e a abordagem dada à história na produção francesa...
Extremamente enigmático e incômodo. Sim, concordo que o mistério condutor da trama é um tanto previsível já que várias pistas são apresentadas desde o início, cabendo ao espectador sacá-las, mas isso não é demérito algum quando tais rastros surgem propositalmente e o foco parece ser outro.
Boa Noite, Mamãe tá longe de ser apenas uma história de fantasmas onde um dos personagens tava morto o tempo todo ou um caso de dupla personalidade gerado por culpa de um acontecimento trágico. O grande achado é preenchermos as lacunas sem respostas fáceis, seja com relação à morte de Lukas e em que instante ela se deu, a dúvida sobre a identidade da suposta mãe, a tal cirurgia, o desfecho desolador e qualquer outro fato que possa ser interpretado de diferentes formas.
O filme é muito atmosférico e só por isso já merece destaque entre os suspenses atuais. Vale ressaltar que a fotografia é sensacional e os irmãos Schwarz atuaram brilhantemente pra tão pouca idade. As cenas de gore/torture porn não ficam devendo em nada para os thrillers americanos e são ainda mais desconcertantes devido ao horror psicológico que a direção foi capaz de instaurar. Nesse quesito, é bem melhor que o recente e superestimado A Bruxa, por exemplo.
Delícia de filme, e acredito que mereça um lugar na lista de longas subestimados do diretor. Gostei de ambas as histórias, mas a de contornos trágicos leva uma pequena vantagem. Adorei o fato do contraste entre as duas situações ser bem sutil, sem um grande melodrama em contrapartida a uma comédia rasgada, com elementos em comum ilustrando os dois casos e demonstrando que, na vida, é tudo questão de perspectiva. A comédia e o drama fazem parte do nosso dia a dia, fundindo-se até. E sabe aquele velho ditado do 'seria cômico se não fosse trágico'?! Nunca fez tanto sentido na tela. Woody Allen também merece créditos por extrair uma boa atuação de Will Ferrell, e eu achando que Mais Estranho que a Ficção era seu único trabalho digno de atenção. Radha Mitchell é outra que tá bem, conseguindo imprimir personalidade nas duas Melindas, ainda que remetam à Cate Blanchett e sua oscarizada performance em Blue Jasmine.
Bem divertido e satírico, com piadas muito boas e, ouso dizer, tem um dos elencos mais inacreditáveis com quem Allen já trabalhou. John Malkovich, John Cusack, Kathy Bates, Jodie Foster, Donald Pleasence, William H. Macy, Madonna... Isso sem contar a infalível Mia Farrow e o próprio diretor. Só por todas essas participações ilustres, o filme já valeria a pena. A fotografia é primorosa e a ambientação é perfeita dentro da estética que o cineasta pretendia homenagear. A aura de mistério e a sensação de perigo iminente, mescladas ao humor e ao drama, funcionam na maior parte do tempo. Além disso, Woody é mestre em personagens covardes e carismáticos como Kleinman e o roteiro é bastante criativo, mesmo que não figure entre seus melhores.
A premissa acaba se sobressaindo à execução da obra mas, mesmo assim, não deixa de ser um filme interessante. Primeiramente, adorei o personagem Jamie, interpretado pelo promissor Adam Driver.
E o quanto ele acaba, a sua maneira, desconstruindo a suposta autenticidade de um hipster típico: 'diferentão' e desapegado apenas na fachada, já que o conteúdo se mostra dissimulado e calculista.
Naomi Watts nunca decepciona, mas Seyfried tá bem apagadinha. Stiller até surpreende com um personagem menos histérico e bem diferente dos que costuma interpretar nas muitas comédias que faz. A primeira metade do longa é um pouco superior à segunda, especialmente no que se refere ao contraste entre os hábitos dos dois casais e como se dá a aproximação entre eles. Filmes que retratam crise de meia-idade e medo de envelhecer geralmente são ótimos, mas Enquanto Somos Jovens ficou no meio do caminho. Algo faltou, mas não é de se jogar fora se visto sem maiores pretensões.
Singelo, humano e cativante. São adjetivos que descrevem perfeitamente este vencedor do Oscar de melhor filme em 1990, e o fato de ter disputado o prêmio com o inesquecível Sociedade dos Poetas Mortos não o torna indigno de tal reconhecimento. Muito pelo contrário, já que trata-se de uma belíssima história a qual assistimos com prazer, emoção e admiração. Jessica Tandy e Morgan Freeman estão sensacionais em seus papéis: ela, representando a típica intransigência da terceira idade, e ele, em um de seus melhores trabalhos, correspondendo com toda a paciência e lealdade que só um verdadeiro e generoso amigo é capaz de ofertar. Oscar merecido para Miss Tandy! Dan Aykroyd também tá muito bem e, de certa forma, é através da eficiente maquiagem de seu personagem que acompanhamos a passagem do tempo nos vinte e poucos anos de afinidades e diferenças entre os adoráveis protagonistas. Inexplicavelmente, um clássico que fui conferir somente agora.
Um tanto irregular na filmografia de Woody Allen! Digamos que aquele estilo delirante e agridoce que casou perfeitamente no maravilhoso A Rosa Púrpura do Cairo deixa a desejar aqui. Dr. Yang, as ervas e seus efeitos alucinógenos causam uma certa estranheza, mas há o que se gostar no filme. Mia Farrow e sua competência habitual (eternamente subestimada, aliás), com uma personagem de fácil identificação, o desfecho inesperado e a mensagem através deste, são alguns dos pontos positivos. A fotografia e a ambientação, que não deixam dúvidas sobre estarmos assistindo a um longa do início da década de 90, também são marcantes. Joe Mantegna e William Hurt possuem forte presença mas, no geral, o romance é morno e a narrativa, cansativa. Futuramente, darei uma segunda chance a este filme não tão inspirado de um diretor que eu adoro...
Sério que tem gente comparando essa bobagem com o divertidíssimo Gremlins?! Podia ter ficado bom, já que a premissa prometia deixar o espectador apreensivo e não é isso o que acontece. OK, foi baseado em uma lenda natalina dark e até dá uns sustinhos, mas pra mim não funcionou. Toni Collette traz alguma credibilidade à produção e o menino que interpreta Max acaba se saindo bem, sendo os únicos que conseguem se destacar no elenco. A melhor sequência do filme inteiro é aquela onde é mostrada a história de Omi (e olha que eu nem sou tão fã de animações!), mas não curti os monstros, nem os personagens e nem os efeitos especiais. E não sei que graça viram naquele desfecho, pois me pareceu mais do mesmo, assim como a mensagem batida sobre o valor da família. Filme esquecível e equivocado pra se assistir (ou não) apenas na época do Natal...
Em um de seus filmes mais reflexivos, divertidos, irônicos e surpreendentes, Woody Allen conduz magistralmente todo tipo de debate sobre moral, culpa e temência a Deus. Somos passíveis de absolvição?! No crime e/ou no pecado?! Mas o pecado existe ou nos foi imposto como forma de não ultrapassarmos o limite da tal moralidade?! Interessantíssimo aquele diálogo final, quando ambas as tramas, de certa forma, se fundem. Martin Landau tá soberbo como o atormentado e infiel Dr. Judah, bem como o ator/diretor brilha na pele do documentarista fracassado Cliff. Anjelica Huston também se destaca, apesar de aparecer pouco. O cineasta retornaria à temática 'dostoiévskiana' com Match Point (2005), em outro inspirado momento de sua filmografia que, diga-se de passagem, sempre primou pelo anti-clichê e nestas duas produções atingiu níveis altíssimos.
Longo e teatral, mas nunca cansativo ou artificial, O Leão no Inverno é um primor cinematográfico em termos de diálogos, atuações e recriação de época. Katharine Hepburn tá maravilhosa, gigante, absurda! Não à toa, é considerada uma das melhores performances femininas de todos os tempos, o que eu sou obrigado a concordar. Peter O'Toole também merecia o Oscar por seu desempenho brilhante como Rei Henry II. De fato, um dos maiores duelos de talentos que o cinema já teve o prazer de testemunhar. Os personagens são complexos, ambíguos e muitas vezes deixam o espectador em dúvida sobre suas reais intenções e sentimentos. É quase um drama sobre desintegração familiar típico, não fossem as traições, alianças, segredos, conveniências, e a disputa pelo trono na Inglaterra de 1183 como cenário. Um belo de um clássico, onde Anthony Hopkins também se destaca em meio aos monstros sagrados que interpretam seus pais.
Ironicamente, este especial ficou parecendo um daqueles slashers genéricos que eram lançados aos montes no final da década de 90, tentando repetir o sucesso de Pânico (1996). É até divertido, pois as mortes seguem em bom número, sangrentas e com uma certa dose de suspense. O que mata (trocadilho inevitável) é o assassino ser tão previsível. Parece que os roteiristas estavam com preguiça e nem tentaram despistar o público, o que para este subgênero é fatal. Assim como na segunda temporada da série da MTV, Emma aparece mais preparada pra enfrentar os psicóticos que a rodeiam, e Noah continua sendo o personagem mais legal! Lógico que curti as referências à Chamas da Morte, Sexta-Feira 13, etc. Assistível, ainda que forçado! Sigo insistindo em Scream e não sei o que esperar dos próximos episódios...
Profondo Rosso é, de fato, O giallo (thriller de procedência italiana). Assisti a este cult dirigido por Dario Argento com uma certa expectativa e não me decepcionei. Talvez tenha uns 20 minutos a mais do que deveria e a trama fique confusa lá pela metade, mas são apenas detalhes. É uma produção rica em todos os sentidos! Roteiro intrigante e repleto de pistas falsas, assassino imprevisível, personagens carismáticos, e o que dizer daquela trilha sonora inusitada?! Certamente uma das mais marcantes e diferenciadas dentro do gênero. As cenas de morte são ótimas e a cinematografia é fabulosa, o que eu já esperava após conferir Suspiria e O Pássaro das Plumas de Cristal. Mas aqui Argento se superou, com um quebra-cabeças bem construído, belo, envolvente e sangrento. Uma segunda sessão do filme é praticamente obrigatória.
Bill Murray, engraçadíssimo como sempre! Comediante genial e que tem os melhores diálogos do filme, com destaque para a dobradinha com Sigourney Weaver.
Sim, me refiro àquela cena onde Dana surge possuída e tenta seduzir Frank, hahaha.
Interessante como o Boneco de Marshmallow marcou época mesmo não aparecendo tanto assim na tela. Os efeitos visuais são bem legais e tornam tudo ainda mais divertido. Algumas piadas já não têm tanta graça e o roteiro é assim mesmo, bobinho e despretensioso. O que vale é o saudosismo, o elenco bacana, as cenas de ação onde Nova York é destruída mais uma vez e aquela musiquinha clássica, que gruda na mente que é uma maravilha! Não marcou minha infância, mas também não fez feio revendo décadas depois. A sequência de 1989 também diverte.
Muito bom. Eddie Redmayne é um excelente ator e fez um digníssimo trabalho na pele de Einar/Lili. Ele, que já havia me conquistado em A Teoria de Tudo, surpreendeu mais uma vez com uma interpretação delicada, corajosa e cativante. Ainda assim, admito que Alicia Vikander rouba (um pouco) a cena como a legítima garota dinamarquesa do título. Gerda é apaixonante em cada cena, em cada gesto de amor, devoção e renúncia. Por mais que a atriz não fosse exatamente coadjuvante, o Oscar foi muito merecido. O roteiro tem lá os seus defeitos, especialmente com relação a alguns personagens subaproveitados. O mesmo não se pode dizer sobre a direção de arte, figurinos e fotografia, absolutamente irretocáveis. Tom Hooper realizou um longa relevante, belo e sensível, que certamente não seria tão bom sem uma dupla tão talentosa quanto a que teve. E fico satisfeito em constatar que a implicância de parte do público com o oscarizado Eddie esteja se dissipando (Animais Fantásticos provavelmente contribuiu bastante nesse quesito).
É aquela velha história: o original é bem melhor, mas esse remake tem lá os seus méritos. É divertido conferir Michael Caine no papel do anfitrião Andrew Wyke, quando no longa de 1972 ele era Milo Tindle. A fotografia é um dos grandes destaques da produção que, em termos de roteiro, apresenta o duelo entre os personagens de forma resumida e corrida, em meio a algumas alterações.
Com direito à tensão homossexual e linguajar por vezes vulgar, algo que o diferencia bastante do Sleuth setentista. A sequência em que Milo aparece disfarçado de inspetor já não era tão convincente assim no outro filme, e neste ficou um pouco mais forçada...
No geral, a modernização da trama foi bem-vinda, rendendo um bom passatempo. Mas ao contrário do que a maioria comentou, não gostei da performance de Jude Law. Achei-o o tempo todo fora do tom, caricato e até irritante.
Michael Caine é o rei dos thrillers sobre rivalidade entre cavalheiros, hein?! Conheci Trama Diabólica através da capa do DVD de Armadilha Mortal, que citava o clássico de Mankiewicz, produzido uma década antes, como sendo no mesmo estilo desse outro cult movie. Estrelou ainda o remake de 2007 e O Grande Truque, do Nolan (como coadjuvante). Aliás, lembra muito este último pelas tantas reviravoltas do roteiro, a maioria surpreendente e algumas bem previsíveis. Enfim, cada vez mais fã desse ator de talento monumental! Sobre o longa, basta dizer que são apenas dois gigantes da interpretação em um único cenário, basicamente. E essas 2h18min nunca ficam enfadonhas ou cansativas, graças ao roteiro inteligente e à direção de primeiríssima linha. Destaque para os diálogos sofisticados e para a participação do Marujo Alegre, hehe. Ótimo filme!
Assisti com muita expectativa devido à tão comentada performance de Gena Rowlands, eleita uma das melhores da história do cinema. De fato, é um trabalho primoroso, poderoso e explosivo duma grande atriz em sua melhor forma. Mas por algum motivo, não achei o filme essa obra-prima toda e Mabel acabou não me surpreendendo. Primeiramente, por esperar que a personagem fosse daquelas capazes de dizerem tudo o que uma pessoa considerada lúcida não diria.
Nesse caso, o ponto alto é o retorno para casa após o período de internação, os comentários à mesa na recepção que prepararam para ela.
O roteiro expõe o quanto a instabilidade emocional e o desequilíbrio mental da dona de casa estavam intimamente ligados ao comportamento dos que a cercavam e, diante de marido troglodita e impaciente, sogra controladora e dissimulada, a mesma não parecia tão inadequada assim. No fim, você acaba antipatizando com todos ao redor e torcendo pra que, de alguma forma, ela consiga se encaixar. Gena merecia aquele Oscar de atriz que Ellen Burstyn levou só por ter carregado o filme e o fardo de ser Mabel Longhetti nas costas.
Drama existencial dos bons, onde a grande Gena Rowlands interpreta uma mulher de meia-idade que vive numa espécie de negação e que vai descobrindo a si própria, juntamente com o espectador. A narrativa é exemplar ao revelar toda aquela superioridade e a suposta admiração que a mesma acreditava despertar nos que a cercavam dando lugar à frustração e insegurança. A aproximação com outra mulher, a frágil Hope (esperança?!), vivida por Mia Farrow, tira a protagonista do pedestal em que ela pensava pairar e a situa em um nível onde viver de aparências torna-se algo fora de questão. Um filme simples e direto ao ponto, talvez até um pouco curto. O elenco é brilhante e a sequência do sonho de Marion é magistral.
Olha, já vi coisa bem pior... Não é uma boa comédia, mas também não é a bomba que muitos alegam. Confesso que ri das participações de Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts e Halle Berry, ao mesmo tempo em que me perguntava se todos eles tavam com problema de aluguel atrasado, hahaha. É nonsense ao extremo e a maioria dos curtas não tem graça, mas até que serve como passatempo se o espectador estiver disposto a entrar na brincadeira, que vem a ser uma sátira à internet e a todo tipo de bizarrice nela encontrada. A única coisa que me incomodou foi o excesso de escatologias, mas se esse elenco consagrado topou entrar nessa, quem sou eu para julgá-lo?! Para Maiores pode ser considerado o 'Relatos Selvagens da Baixaria' (guardadas as devidas proporções, não me odeiem) e talvez nem merecesse o Framboesa de Ouro que levou na categoria principal...
Grande comédia de Woody Allen, e que elenco formidável! Dianne Wiest tá maravilhosa na pele da diva Helen Sinclair e certamente mereceu levar mais este Oscar de coadjuvante. John Cusack mostra-se mais um brilhante alter ego do diretor e Chazz Palminteri surpreende ao longo da trama, no papel do mafioso que é tomado por uma inesperada verve artística, hahaha. Mas ouso dizer que minha personagem favorita do longa é a Olive. Jennifer Tilly tá engraçadíssima! Quem diria que, após ser indicada ao Oscar por Tiros na Broadway, ela ficaria 'imortalizada' como a noiva de Chucky poucos anos depois... O roteiro é excelente, equilibrando com perfeição a declaração de amor aos palcos e a crítica à falta de liberdade no processo de criação de uma obra. Um dos melhores filmes dirigidos por Allen na década de 90, talvez o melhor.
Pobre Olive, vítima da sua própria falta de talento. O assassinato foi chocante, mas pertinente diante da ironia que permeia Cheech e a transformação do personagem.
'O cinema está atrasado 50 anos perante as outras artes.'
8½ é cinema sobre cinema pra quem ama cinema. Ama como arte, como experiência sensorial e não depende de obviedades e narrativas lineares pra apreciar o que há de tão maravilhoso nos filmes. Fellini faz uso de simbolismos geniais ao retratar a crise criativa e existencial do alter ego belissimamente interpretado por Mastroianni, bem como o anseio em desprender-se das amarras que o atormentavam. Em meio à confusão mental de Guido, imaginação, recordações passadas e o inquietante presente se cruzam em uma grande metalinguagem, que ainda abre espaço para tecer críticas à própria indústria cinematográfica e à Igreja Católica em seu berço. Obra absolutamente atemporal, com direção e fotografia impecáveis, é o primeiro Fellini que eu vejo e já quero mais.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraBom filme, elenco afiado e a história do livro é o grande destaque dentre as três narrativas, sem sombra de dúvidas. Há tensão, dor e perigo de sobra na trama onde Jake Gyllenhaal mostra o porquê de ser um ator subestimado apesar de todo o talento e presença que possui. O sofrimento de seu personagem Tony é palpável e a perseguição aos responsáveis pelos eventos trágicos daquela fatídica noite é o que mantém o interesse do público. Amy Adams, competente como de costume, e Aaron Taylor-Johnson repugnante e surpreendente. O ladrão de cenas Michael Shannon fazendo jus à indicação como coadjuvante mais uma vez. Mesmo assim, algumas coisas me incomodaram. O filme é pretensioso e faz uso de metáforas pouco sutis para tentar parecer mais inteligente do que realmente é. Mais estilo do que substância, eu diria. A sequência de abertura é marcante, porém não no bom sentido e parece estar ali apenas pra causar! O desfecho é vago e poderia ter sido melhor trabalhado pra mensagem que pretendia passar... De qualquer forma, o saldo é positivo e o longa, recomendável.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraPrecisei assisti-lo pela segunda vez pra só então vir aqui comentar. A Chegada faz parte daquele grupo de filmes que não te abandonam por semanas, que desafiam, instigam e provocam todo tipo de reflexão. Denis Villeneuve merece aplausos por conduzir um drama de sci-fi inteligente sem recorrer a cenas de ação gratuitas. No geral, é um longa bem parado que prende o espectador com poucos recursos desse tipo: sim, existem algumas sequências de tirar o fôlego, mas elas estão ali a serviço do roteiro e não para deslumbrar o público. Aliás, a produção é grandiosa e impressionante, mas são os momentos de pura melancolia e contemplação que ficam na memória.
Os falsos flashbacks, que depois revelam-se posteriores à invasão e o conceito da não-linearidade do tempo a partir do contato entre a Dra. Banks e os aliens explodiram minha mente! E esse tipo de sensação é muito mais gratificante do que explosões no sentido literal, rs.
Amy Adams, talentosa como sempre, merecia ao menos uma indicação ao Oscar de atriz. Mas até entendo a esnobada, pois o páreo seria duro e ela já foi nomeada outras tantas vezes, sem vencer. De qualquer forma, sua hora ainda há de chegar!
E a gente até perdoa o clichê patriótico onde os EUA evitam uma guerra de proporções globais com os heptápodes salvando o mundo mais uma vez, não é mesmo?!
Elle
3.8 886Achei Elle brilhante e polêmico, mas não tão perturbador quanto eu imaginei que seria. Só para efeito de comparação, A Professora de Piano, também protagonizado por Huppert, me deixou muito mais incomodado, perdido e perplexo. O fato é que acabei apreciando bem mais o thriller de Verhoeven do que o (bom) filme produzido em 2001. Entendo que o longa dê pano pra manga quanto à problematização do estupro sofrido pela protagonista, mas não vejo isso de forma negativa. Também não vejo romantização.
Michèle é uma mulher forte, independente, fria e com uma herança maldita do pai psicopata. Diria que ela mesma possui traços de sociopatia bem claros e, apesar da posição de vítima da violência, havia a necessidade de estar no controle da situação. Sempre um passo à frente em todas as áreas de sua vida. A atração que ela sentia por Patrick era anterior à revelação da identidade do estuprador e, de certa forma, tudo isso tenta justificar o jogo doentio entre eles.
A hipnotizante Isabelle Huppert oferece ao espectador a melhor performance feminina do ano passado e é, indiscutivelmente, a vencedora moral do Oscar na categoria. Nada contra a Emma Stone, que fez um belo trabalho em La La Land, mas pensei que os votantes tivessem aprendido alguma coisa sobre mérito após as injustiças cometidas com Riva, Montenegro e outras. Fiquei um tanto desapontado com a premiação mais uma vez.
Florence: Quem é Essa Mulher?
3.5 351 Assista AgoraCinebiografia da MC Melody aos 70 anos, hahaha. É uma 'dramédia' bem realizada, onde destacam-se a direção de arte e, é claro, as interpretações de Meryl Streep e Hugh Grant. A nunca superestimada e veteraníssima atriz fez valer sua vigésima indicação ao Oscar no papel da aristocrata desafinada Florence Jenkins, mas quem surpreende mesmo é o outrora galã de comédias românticas. Sua atuação é ótima a ponto de convencer-nos do amor e devoção que tinha pela esposa.
Por mais que se relacionasse com outra mulher, Bayfield fazia de tudo para protegê-la das críticas negativas e do deboche do público, tornando a ligação entre eles ainda mais nobre e cativante.
Simon Helberg tá um tanto caricato na pele de Cosme, mas não chega a ofender. Impossível não rir quando Florence solta a voz nos ensaios e também na apresentação do Carnegie Hall! Guardadas as devidas proporções, o filme me lembrou o Ed Wood de Tim Burton por ambos retratarem o amor pela arte esbarrando nas limitações e na falta de talento de seus obstinados protagonistas. Fiquei curioso sobre Marguerite e a abordagem dada à história na produção francesa...
Boa Noite, Mamãe
3.5 1,5K Assista AgoraExtremamente enigmático e incômodo. Sim, concordo que o mistério condutor da trama é um tanto previsível já que várias pistas são apresentadas desde o início, cabendo ao espectador sacá-las, mas isso não é demérito algum quando tais rastros surgem propositalmente e o foco parece ser outro.
Boa Noite, Mamãe tá longe de ser apenas uma história de fantasmas onde um dos personagens tava morto o tempo todo ou um caso de dupla personalidade gerado por culpa de um acontecimento trágico. O grande achado é preenchermos as lacunas sem respostas fáceis, seja com relação à morte de Lukas e em que instante ela se deu, a dúvida sobre a identidade da suposta mãe, a tal cirurgia, o desfecho desolador e qualquer outro fato que possa ser interpretado de diferentes formas.
O filme é muito atmosférico e só por isso já merece destaque entre os suspenses atuais. Vale ressaltar que a fotografia é sensacional e os irmãos Schwarz atuaram brilhantemente pra tão pouca idade. As cenas de gore/torture porn não ficam devendo em nada para os thrillers americanos e são ainda mais desconcertantes devido ao horror psicológico que a direção foi capaz de instaurar. Nesse quesito, é bem melhor que o recente e superestimado A Bruxa, por exemplo.
Melinda e Melinda
3.5 230 Assista AgoraDelícia de filme, e acredito que mereça um lugar na lista de longas subestimados do diretor. Gostei de ambas as histórias, mas a de contornos trágicos leva uma pequena vantagem. Adorei o fato do contraste entre as duas situações ser bem sutil, sem um grande melodrama em contrapartida a uma comédia rasgada, com elementos em comum ilustrando os dois casos e demonstrando que, na vida, é tudo questão de perspectiva. A comédia e o drama fazem parte do nosso dia a dia, fundindo-se até. E sabe aquele velho ditado do 'seria cômico se não fosse trágico'?! Nunca fez tanto sentido na tela. Woody Allen também merece créditos por extrair uma boa atuação de Will Ferrell, e eu achando que Mais Estranho que a Ficção era seu único trabalho digno de atenção. Radha Mitchell é outra que tá bem, conseguindo imprimir personalidade nas duas Melindas, ainda que remetam à Cate Blanchett e sua oscarizada performance em Blue Jasmine.
Neblina e Sombras
3.7 99 Assista AgoraBem divertido e satírico, com piadas muito boas e, ouso dizer, tem um dos elencos mais inacreditáveis com quem Allen já trabalhou. John Malkovich, John Cusack, Kathy Bates, Jodie Foster, Donald Pleasence, William H. Macy, Madonna... Isso sem contar a infalível Mia Farrow e o próprio diretor. Só por todas essas participações ilustres, o filme já valeria a pena. A fotografia é primorosa e a ambientação é perfeita dentro da estética que o cineasta pretendia homenagear. A aura de mistério e a sensação de perigo iminente, mescladas ao humor e ao drama, funcionam na maior parte do tempo. Além disso, Woody é mestre em personagens covardes e carismáticos como Kleinman e o roteiro é bastante criativo, mesmo que não figure entre seus melhores.
Enquanto Somos Jovens
3.2 230 Assista AgoraA premissa acaba se sobressaindo à execução da obra mas, mesmo assim, não deixa de ser um filme interessante. Primeiramente, adorei o personagem Jamie, interpretado pelo promissor Adam Driver.
E o quanto ele acaba, a sua maneira, desconstruindo a suposta autenticidade de um hipster típico: 'diferentão' e desapegado apenas na fachada, já que o conteúdo se mostra dissimulado e calculista.
Naomi Watts nunca decepciona, mas Seyfried tá bem apagadinha. Stiller até surpreende com um personagem menos histérico e bem diferente dos que costuma interpretar nas muitas comédias que faz. A primeira metade do longa é um pouco superior à segunda, especialmente no que se refere ao contraste entre os hábitos dos dois casais e como se dá a aproximação entre eles. Filmes que retratam crise de meia-idade e medo de envelhecer geralmente são ótimos, mas Enquanto Somos Jovens ficou no meio do caminho. Algo faltou, mas não é de se jogar fora se visto sem maiores pretensões.
Conduzindo Miss Daisy
3.9 415 Assista AgoraSingelo, humano e cativante. São adjetivos que descrevem perfeitamente este vencedor do Oscar de melhor filme em 1990, e o fato de ter disputado o prêmio com o inesquecível Sociedade dos Poetas Mortos não o torna indigno de tal reconhecimento. Muito pelo contrário, já que trata-se de uma belíssima história a qual assistimos com prazer, emoção e admiração. Jessica Tandy e Morgan Freeman estão sensacionais em seus papéis: ela, representando a típica intransigência da terceira idade, e ele, em um de seus melhores trabalhos, correspondendo com toda a paciência e lealdade que só um verdadeiro e generoso amigo é capaz de ofertar. Oscar merecido para Miss Tandy! Dan Aykroyd também tá muito bem e, de certa forma, é através da eficiente maquiagem de seu personagem que acompanhamos a passagem do tempo nos vinte e poucos anos de afinidades e diferenças entre os adoráveis protagonistas. Inexplicavelmente, um clássico que fui conferir somente agora.
Simplesmente Alice
3.5 95Um tanto irregular na filmografia de Woody Allen! Digamos que aquele estilo delirante e agridoce que casou perfeitamente no maravilhoso A Rosa Púrpura do Cairo deixa a desejar aqui. Dr. Yang, as ervas e seus efeitos alucinógenos causam uma certa estranheza, mas há o que se gostar no filme. Mia Farrow e sua competência habitual (eternamente subestimada, aliás), com uma personagem de fácil identificação, o desfecho inesperado e a mensagem através deste, são alguns dos pontos positivos. A fotografia e a ambientação, que não deixam dúvidas sobre estarmos assistindo a um longa do início da década de 90, também são marcantes. Joe Mantegna e William Hurt possuem forte presença mas, no geral, o romance é morno e a narrativa, cansativa. Futuramente, darei uma segunda chance a este filme não tão inspirado de um diretor que eu adoro...
Krampus: O Terror do Natal
2.8 322 Assista AgoraSério que tem gente comparando essa bobagem com o divertidíssimo Gremlins?! Podia ter ficado bom, já que a premissa prometia deixar o espectador apreensivo e não é isso o que acontece. OK, foi baseado em uma lenda natalina dark e até dá uns sustinhos, mas pra mim não funcionou. Toni Collette traz alguma credibilidade à produção e o menino que interpreta Max acaba se saindo bem, sendo os únicos que conseguem se destacar no elenco. A melhor sequência do filme inteiro é aquela onde é mostrada a história de Omi (e olha que eu nem sou tão fã de animações!), mas não curti os monstros, nem os personagens e nem os efeitos especiais. E não sei que graça viram naquele desfecho, pois me pareceu mais do mesmo, assim como a mensagem batida sobre o valor da família. Filme esquecível e equivocado pra se assistir (ou não) apenas na época do Natal...
Crimes e Pecados
4.0 184Em um de seus filmes mais reflexivos, divertidos, irônicos e surpreendentes, Woody Allen conduz magistralmente todo tipo de debate sobre moral, culpa e temência a Deus. Somos passíveis de absolvição?! No crime e/ou no pecado?! Mas o pecado existe ou nos foi imposto como forma de não ultrapassarmos o limite da tal moralidade?! Interessantíssimo aquele diálogo final, quando ambas as tramas, de certa forma, se fundem. Martin Landau tá soberbo como o atormentado e infiel Dr. Judah, bem como o ator/diretor brilha na pele do documentarista fracassado Cliff. Anjelica Huston também se destaca, apesar de aparecer pouco. O cineasta retornaria à temática 'dostoiévskiana' com Match Point (2005), em outro inspirado momento de sua filmografia que, diga-se de passagem, sempre primou pelo anti-clichê e nestas duas produções atingiu níveis altíssimos.
O Leão no Inverno
4.2 73Longo e teatral, mas nunca cansativo ou artificial, O Leão no Inverno é um primor cinematográfico em termos de diálogos, atuações e recriação de época. Katharine Hepburn tá maravilhosa, gigante, absurda! Não à toa, é considerada uma das melhores performances femininas de todos os tempos, o que eu sou obrigado a concordar. Peter O'Toole também merecia o Oscar por seu desempenho brilhante como Rei Henry II. De fato, um dos maiores duelos de talentos que o cinema já teve o prazer de testemunhar. Os personagens são complexos, ambíguos e muitas vezes deixam o espectador em dúvida sobre suas reais intenções e sentimentos. É quase um drama sobre desintegração familiar típico, não fossem as traições, alianças, segredos, conveniências, e a disputa pelo trono na Inglaterra de 1183 como cenário. Um belo de um clássico, onde Anthony Hopkins também se destaca em meio aos monstros sagrados que interpretam seus pais.
Scream: Especial de Halloween
3.2 54Ironicamente, este especial ficou parecendo um daqueles slashers genéricos que eram lançados aos montes no final da década de 90, tentando repetir o sucesso de Pânico (1996). É até divertido, pois as mortes seguem em bom número, sangrentas e com uma certa dose de suspense. O que mata (trocadilho inevitável) é o assassino ser tão previsível. Parece que os roteiristas estavam com preguiça e nem tentaram despistar o público, o que para este subgênero é fatal. Assim como na segunda temporada da série da MTV, Emma aparece mais preparada pra enfrentar os psicóticos que a rodeiam, e Noah continua sendo o personagem mais legal! Lógico que curti as referências à Chamas da Morte, Sexta-Feira 13, etc. Assistível, ainda que forçado! Sigo insistindo em Scream e não sei o que esperar dos próximos episódios...
Prelúdio Para Matar
4.0 255 Assista AgoraProfondo Rosso é, de fato, O giallo (thriller de procedência italiana). Assisti a este cult dirigido por Dario Argento com uma certa expectativa e não me decepcionei. Talvez tenha uns 20 minutos a mais do que deveria e a trama fique confusa lá pela metade, mas são apenas detalhes. É uma produção rica em todos os sentidos! Roteiro intrigante e repleto de pistas falsas, assassino imprevisível, personagens carismáticos, e o que dizer daquela trilha sonora inusitada?! Certamente uma das mais marcantes e diferenciadas dentro do gênero. As cenas de morte são ótimas e a cinematografia é fabulosa, o que eu já esperava após conferir Suspiria e O Pássaro das Plumas de Cristal. Mas aqui Argento se superou, com um quebra-cabeças bem construído, belo, envolvente e sangrento. Uma segunda sessão do filme é praticamente obrigatória.
E ainda tem uma sequência arrepiante com um boneco, o que me pegou totalmente de surpresa...
Os Caça-Fantasmas
3.7 732 Assista AgoraBill Murray, engraçadíssimo como sempre! Comediante genial e que tem os melhores diálogos do filme, com destaque para a dobradinha com Sigourney Weaver.
Sim, me refiro àquela cena onde Dana surge possuída e tenta seduzir Frank, hahaha.
Interessante como o Boneco de Marshmallow marcou época mesmo não aparecendo tanto assim na tela. Os efeitos visuais são bem legais e tornam tudo ainda mais divertido. Algumas piadas já não têm tanta graça e o roteiro é assim mesmo, bobinho e despretensioso. O que vale é o saudosismo, o elenco bacana, as cenas de ação onde Nova York é destruída mais uma vez e aquela musiquinha clássica, que gruda na mente que é uma maravilha! Não marcou minha infância, mas também não fez feio revendo décadas depois. A sequência de 1989 também diverte.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraMuito bom. Eddie Redmayne é um excelente ator e fez um digníssimo trabalho na pele de Einar/Lili. Ele, que já havia me conquistado em A Teoria de Tudo, surpreendeu mais uma vez com uma interpretação delicada, corajosa e cativante. Ainda assim, admito que Alicia Vikander rouba (um pouco) a cena como a legítima garota dinamarquesa do título. Gerda é apaixonante em cada cena, em cada gesto de amor, devoção e renúncia. Por mais que a atriz não fosse exatamente coadjuvante, o Oscar foi muito merecido. O roteiro tem lá os seus defeitos, especialmente com relação a alguns personagens subaproveitados. O mesmo não se pode dizer sobre a direção de arte, figurinos e fotografia, absolutamente irretocáveis. Tom Hooper realizou um longa relevante, belo e sensível, que certamente não seria tão bom sem uma dupla tão talentosa quanto a que teve. E fico satisfeito em constatar que a implicância de parte do público com o oscarizado Eddie esteja se dissipando (Animais Fantásticos provavelmente contribuiu bastante nesse quesito).
Um Jogo de Vida ou Morte
3.4 104 Assista AgoraÉ aquela velha história: o original é bem melhor, mas esse remake tem lá os seus méritos. É divertido conferir Michael Caine no papel do anfitrião Andrew Wyke, quando no longa de 1972 ele era Milo Tindle. A fotografia é um dos grandes destaques da produção que, em termos de roteiro, apresenta o duelo entre os personagens de forma resumida e corrida, em meio a algumas alterações.
Com direito à tensão homossexual e linguajar por vezes vulgar, algo que o diferencia bastante do Sleuth setentista. A sequência em que Milo aparece disfarçado de inspetor já não era tão convincente assim no outro filme, e neste ficou um pouco mais forçada...
No geral, a modernização da trama foi bem-vinda, rendendo um bom passatempo. Mas ao contrário do que a maioria comentou, não gostei da performance de Jude Law. Achei-o o tempo todo fora do tom, caricato e até irritante.
Trama Diabólica
4.2 77Michael Caine é o rei dos thrillers sobre rivalidade entre cavalheiros, hein?! Conheci Trama Diabólica através da capa do DVD de Armadilha Mortal, que citava o clássico de Mankiewicz, produzido uma década antes, como sendo no mesmo estilo desse outro cult movie. Estrelou ainda o remake de 2007 e O Grande Truque, do Nolan (como coadjuvante). Aliás, lembra muito este último pelas tantas reviravoltas do roteiro, a maioria surpreendente e algumas bem previsíveis. Enfim, cada vez mais fã desse ator de talento monumental! Sobre o longa, basta dizer que são apenas dois gigantes da interpretação em um único cenário, basicamente. E essas 2h18min nunca ficam enfadonhas ou cansativas, graças ao roteiro inteligente e à direção de primeiríssima linha. Destaque para os diálogos sofisticados e para a participação do Marujo Alegre, hehe. Ótimo filme!
Uma Mulher Sob Influência
4.3 159 Assista AgoraAssisti com muita expectativa devido à tão comentada performance de Gena Rowlands, eleita uma das melhores da história do cinema. De fato, é um trabalho primoroso, poderoso e explosivo duma grande atriz em sua melhor forma. Mas por algum motivo, não achei o filme essa obra-prima toda e Mabel acabou não me surpreendendo. Primeiramente, por esperar que a personagem fosse daquelas capazes de dizerem tudo o que uma pessoa considerada lúcida não diria.
Nesse caso, o ponto alto é o retorno para casa após o período de internação, os comentários à mesa na recepção que prepararam para ela.
O roteiro expõe o quanto a instabilidade emocional e o desequilíbrio mental da dona de casa estavam intimamente ligados ao comportamento dos que a cercavam e, diante de marido troglodita e impaciente, sogra controladora e dissimulada, a mesma não parecia tão inadequada assim. No fim, você acaba antipatizando com todos ao redor e torcendo pra que, de alguma forma, ela consiga se encaixar. Gena merecia aquele Oscar de atriz que Ellen Burstyn levou só por ter carregado o filme e o fardo de ser Mabel Longhetti nas costas.
A Outra
3.8 146Drama existencial dos bons, onde a grande Gena Rowlands interpreta uma mulher de meia-idade que vive numa espécie de negação e que vai descobrindo a si própria, juntamente com o espectador. A narrativa é exemplar ao revelar toda aquela superioridade e a suposta admiração que a mesma acreditava despertar nos que a cercavam dando lugar à frustração e insegurança. A aproximação com outra mulher, a frágil Hope (esperança?!), vivida por Mia Farrow, tira a protagonista do pedestal em que ela pensava pairar e a situa em um nível onde viver de aparências torna-se algo fora de questão. Um filme simples e direto ao ponto, talvez até um pouco curto. O elenco é brilhante e a sequência do sonho de Marion é magistral.
Para Maiores
2.1 1,4KOlha, já vi coisa bem pior... Não é uma boa comédia, mas também não é a bomba que muitos alegam. Confesso que ri das participações de Kate Winslet, Hugh Jackman, Naomi Watts e Halle Berry, ao mesmo tempo em que me perguntava se todos eles tavam com problema de aluguel atrasado, hahaha. É nonsense ao extremo e a maioria dos curtas não tem graça, mas até que serve como passatempo se o espectador estiver disposto a entrar na brincadeira, que vem a ser uma sátira à internet e a todo tipo de bizarrice nela encontrada. A única coisa que me incomodou foi o excesso de escatologias, mas se esse elenco consagrado topou entrar nessa, quem sou eu para julgá-lo?! Para Maiores pode ser considerado o 'Relatos Selvagens da Baixaria' (guardadas as devidas proporções, não me odeiem) e talvez nem merecesse o Framboesa de Ouro que levou na categoria principal...
Tiros na Broadway
3.8 122 Assista AgoraGrande comédia de Woody Allen, e que elenco formidável! Dianne Wiest tá maravilhosa na pele da diva Helen Sinclair e certamente mereceu levar mais este Oscar de coadjuvante. John Cusack mostra-se mais um brilhante alter ego do diretor e Chazz Palminteri surpreende ao longo da trama, no papel do mafioso que é tomado por uma inesperada verve artística, hahaha. Mas ouso dizer que minha personagem favorita do longa é a Olive. Jennifer Tilly tá engraçadíssima! Quem diria que, após ser indicada ao Oscar por Tiros na Broadway, ela ficaria 'imortalizada' como a noiva de Chucky poucos anos depois... O roteiro é excelente, equilibrando com perfeição a declaração de amor aos palcos e a crítica à falta de liberdade no processo de criação de uma obra. Um dos melhores filmes dirigidos por Allen na década de 90, talvez o melhor.
Pobre Olive, vítima da sua própria falta de talento. O assassinato foi chocante, mas pertinente diante da ironia que permeia Cheech e a transformação do personagem.
8½
4.3 409 Assista Agora'O cinema está atrasado 50 anos perante as outras artes.'
8½ é cinema sobre cinema pra quem ama cinema. Ama como arte, como experiência sensorial e não depende de obviedades e narrativas lineares pra apreciar o que há de tão maravilhoso nos filmes. Fellini faz uso de simbolismos geniais ao retratar a crise criativa e existencial do alter ego belissimamente interpretado por Mastroianni, bem como o anseio em desprender-se das amarras que o atormentavam. Em meio à confusão mental de Guido, imaginação, recordações passadas e o inquietante presente se cruzam em uma grande metalinguagem, que ainda abre espaço para tecer críticas à própria indústria cinematográfica e à Igreja Católica em seu berço. Obra absolutamente atemporal, com direção e fotografia impecáveis, é o primeiro Fellini que eu vejo e já quero mais.