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A História do Cinema: Uma Odisseia [11-14]

The Story of Film - A Odyssey
Dirigido, roteirizado e narrado por Mark Cousins.

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Dos anos 1970 em diante

Hong Kong
- Durante 40 anos, Hong Kong foi um campo de refugiados, sala de trânsito e reduto capitalista para cineastas chineses fugidos de Mao ou do nacionalismo, censura ou seriedade do Kuomintang. Produções de baixo custo eram o mais comum.
- A primeira era dourada do cinema de Hong Kong foi nos anos 1950. O imperador da época, Louis B. Mayer local, era Run Run Shaw, dono do maior estúdio de cinema do mundo: a Shaw Brothers.
- Os filmes produzidos nos anos 50 eram geralmente como "Jiang shan mei ren": feminino, filmado em estúdio, muito colorido, musical, e com árvores e roupas perfeitas.
- Até que King Hu (que atua em "Jiang shan mei ren") torna-se diretor e muda a história do cinema de Hong Kong.
- O kung fu passou a dominar o cinema de Hong Kong. No ano 500, Bodhidharma, um monge budista indiano, se mudou para o templo shaolin na China. Ele ficou 9 anos virado para uma parede sem falar nada, depois ensinou técnicas de respiração e meditação aos outros monges. Isso se popularizou e se tornou uma nova arte marcial, transmitida de mestra a discípulo. Lealdade e disciplina eram essenciais. Espalhou-se pela Ásia. O templo shaolin foi destruído em 1674. Os monges sobreviventes formaram sociedades secretas e se tornaram espadachins. Contos folclóricos e fantasias foram criados sobre eles. Mitos se tornaram lendas épicas, românticas ou sobrenaturais. Era óbvio que essas lendas virariam filmes, assim como o Velho Oeste se tornou nos EUA. Assim, nascia o cinema de kung fu.
- Se King Hu tornou o cinema de Hong Kong dos anos 1960 mais masculino, nos anos 1970 Bruce Lee chega como um dragão enfurecido.
- "Durante os anos 1960, a estrutura econômica de Hong Kong mudou. O aumento de manufaturas e indústrias leves possibilitou às mulheres assumirem papéis tradicionalmente masculinos. Elas trocaram a vida doméstica por um emprego numa fábrica. Elas podiam gastar dinheiro e ficaram mais ricas. Funcionárias de escritórios e fábricas sempre admiraram glamour. Elas gostavam de musicais porque queriam ser as heroínas que cantam e dançam nos filmes. Elas queriam participar daquelas histórias românticas. Nos anos 1970, a economia de Hong Kong sofreu um boom. O público ficou mais jovem. Os pais, se tinham dinheiro, deixavam os filhos irem ao cinema ver um filme. Então, muitos jovens iam ao cinema. A Shaw Brothers, um estúdio enorme, fez filmes de muitos tipos, e longas masculinos com protagonistas homens no estilo de Chang Cheh, se destacaram. Essa nova tendência estava relacionada à juventude do público."(Stanley Kwan)
- Por mais que os filmes de Bruce Lee sejam dinâmicos, o lutador em si que era muito ágil, mas a câmera era o oposto. Havia pouca edição nos filmes de Hong Kong nos anos 1970. Até que, em 1986, John Woo lança "Alvo Duplo".
- Inspirado porKurosawa e Sam Peckinpah, John Woo filmou tiroteios com várias câmeras - algumas delas em dollies - e usou câmera lenta. Isso foi apelidado de "estética do vislumbre". Cenas eram divididas em fragmentos. As sequências eram filmadas rapidamente. Após "Alvo Duplo", John Woo vai para Hollywood filmar longas de Jean-Claude Van Damme e depois "Missão Impossível 2".
- Outro responsável pelo dinamismo que ganhou o cinema de Hong Kong nos anos 1970 foi Yuen Woo-Ping. Influenciado por King Hu e a Ópera de Pequim, em "Mestre Kam - A Lenda", Yuen filma seus personagens lutando no ar.
- "Durante as lutas, eles precisam sentir o espaço em volta deles, aí decidir em qual poste se equilibrar ou se devem voar para outro. Para mim este é o kung fu mais sofisticado que há, porque a sensação é o que importa. Foi difícil coreografar as lutas, porque havia fogo na base dos postes, e os atores lutavam e saltavam de um para outro. Precisamos de muito ensaio e às vezes usamos cabos para ajudar os atores a serem precisos. Raramente uso storyboards. Enquanto leio o roteiro, começo a ter ideias. Elas não vêm todas de uma vez." (Yuen Woo-Ping)
- As inovações de Yuen chamaram a atenção de Hollywood, e os irmãos Wachowski o convidaram para a realização de "Matrix".
- John Woo e Yuen foram inovadores, mas Tsui Hark é mais central à história que eles dois. O Spielberg de Hong Kong. Ele produziu "Alvo Duplo" e "Mestre Kam - A Lenda", e controlou a edição de ambos, além de dirigir 44 filmes. Ele fez o cinema de Hong Kong dos anos 1990 girar. Muitos de seus filmes de sucesso resultaram em spin-offs.
- "Dragon Inn", produzido por ele, era um remake de um filme de King Hu.

Bollywood (Índia)
- A Índia e toda sua luminosidade fotogênica construíram a maior indústria cinematográfica do mundo. Só em 1971, a Índia fez 433 filmes. É, no mínimo, o mesmo número de filmes feitos nos EUA em 1971.
- Épicos dos anos 1960, como "Mughal-E-Azam", tiveram bilheteria maior que a de "A Noviça Rebelde".
- Sharmila Tagore, a rainha de Bollywood, atua no drama musical do diretor e letrista Gulzar, um dos maiores cineastas indianos dos anos 1970.
- "Nossos filmes em Mumbai eram diferentes. Muitas músicas eram usadas e faziam parte da narrativa, de certa forma. E era um pouco mais fantasioso. Não era real, era uma realidade inventada. Era diferente, tinha mais glamour, mais fantasias e mais destaque para a beleza e a juventude. Era muito geral. Tinha muitas generalizações. Não detalhava o lugar de onde vínhamos, nem a época de que falávamos. Sempre que eu trabalhava no cinema híndi, quando eu demorava mais para dizer minha fala ou dava uma pausa a mais, me diziam: 'Não é um filme de Ray. Fale um pouco mais rápido e um pouco mais alto.' E, claro, em Bengali é o oposto. Me diriam: 'Isto não é Bolywood' - Bolywood não tinha esse nome na época - 'não é cinema híndi. É preciso pausar antes de reagir.' Então sim, as duas modalidades eram muito diferentes." (Sharmila Tagore)
- Se Tagore era a rainha, Amitabh Bachchan certamente era o rei do cinema bollywoodiano. Sobre o cinema dos anos 1970, ele diz: "Nos anos 1960 e 1970, foi o início da perturbação da juventude no país. Eles não estava felizes com o sistema e queriam que um vigilante ou uma força especial de repente surgisse e resolvesse todos os problemas. Eram sempre histórias de pessoas que saíam da sarjeta e enfrentavam o sistema sozinhas, sendo líderes, se rebelando contra o sistema e corrigindo-o à sua própria maneira e se tornando grandes heróis. "
- "Sholay" foi o maior filme de Bollywood da época e um dos mais influentes da história do cinema. Foi coescrito por Javed Akhtar, grande poeta e roteirista urdu. Ele buscou capturar o espírito da época no roteiro: "Os anos 1970 foram, de certa forma, uma época traumática. A mentalidade depois da independência estava mudando pela primeira vez. Em 1947, a Índia se tornou independente, conseguimos uma democracia, uma constituição impecável, secularismo, liberdade de expressão, etc. Aí começamos a pensar que a prosperidade viria no mês seguinte e que todas as soluções estariam próximas. Mas, nos anos 1970, percebemos que estávamos errados. Nessa época o idealismo acabou. Quando isso acontece, a arte está com problemas. A arte entra numa espécie de trauma que se reflete em poesia, contos, romances, peças... e no cinema mainstream também. Você via um jovem irritado surgir. Ele era um vigilante e acreditava que ele era responsável por si mesmo. Esse tipo de crença se desenvolve em momentos em que uma pessoa comum sente que as instituições não irão ajudá-la. [...] 'Sholay' se tornou um divisor de águas, um marco no cinema indiano. Pense em algum filme de qualquer país que tenha tantos personagens inesquecíveis. Em 'O Poderoso Chefão' tem vários personagens assim, assim como em 'Star Wars' ou em 'E o vento levou', mas não tão inesquecíveis quanto os de 'Sholay'. 'Sholay' foi lançado há 30 anos e até os personagens mais coadjuvantes, que apareceram em uma só cena, são usados em paródias ou propagandas desde então."

Oriente Medio
- Bollywood era popular no Oriente Medio e no Norte da África também, mas os cineastas árabes faziam seus próprios épicos nos anos 1970, como "Maomé - O Mensageiro de Alá".
- Um dos elementos mais interessantes deste filme é a solução para um problema aparentemente insolúvel: o islamismo não permite representações do profeta. Então o cinema, esse meio tão visual, não o mostra. O diretor, Moustapha Akkad, deixou brechas na trilha sonora nos momentos em que Maomé falaria. Akkad também filmou em árabe também, mudando apenas os atores.
- Akkad produziu a famosa série de terror "Halloween". Ele e sua filha foram mortos nos atentados de Amã, Jordânia, em 2005.

Egito
- O diretor pioneiro Youssef Chahine era populista (?) e furioso nos anos 1970. Seu filme "Al-Asfour" é um relato incrível de um momento horrível da história árabe. Nasser, o presidente egípcio, anuncia na TV que o país perdeu terras para Israel na Guerra dos Seis Dias. Ele filma os atores assistindo à transmissão, consternados.
- A entrevista com Chahine que aparece no documentário havia sido gravada antes da revolução que expulsou Hosni Mubarak do poder, mas ele parece prever tudo: "não devemos profetizar, mas prever o que vai acontecer levando em consideração tudo à nossa volta, principalmente economicamente. Ela está péssima. E as autoridades são sempre violentas. Então eu decidi comprar pedaços de pau duros, preferencialmente do Irã, e dá-los de presente aos universitários. Quer dizer, eles saem às ruas sem nada e são sempre espancados. Se não ouvirem 'não', as autoridades ficam convencidas e se tornam semideuses, como Mugabe, ou Kadafi".

Hollywood (EUA)
- "Tubarão", "O Exorcista" e "Star Wars" transformaram os cinemas norte-americano e mundial. Nunca bilheterias tão altas haviam sido alcançadas. Como no começo do cinema, os produtores passaram a apostar na promessa de emoção para levar as pessoas aos cinemas. Em Hollywood, passou-se a usar o termo "want see", o que a cultura quer ver. A era do blockbuster começava.
- William Friedkin levou o realismo aos filmes de terror, mas ele também utilizava técnicas tradicionais também. Essa abordagem direta ele teria aprendido com seu sogro de então, o veterano Howard Hawks.
- Steven Spielberg fazia filmes amadores desde a adolescência. Ele foi mais influenciado por "Dois no Céu", de Victor Fleming, do que pelo cinema europeu.
- "A morte do garoto Kintner e toda a paranoia, tensão e suspense até o ataque, quando ele está na boia, eu queria que fosse em um só plano. Então tratei de pensar: num mundo perfeito, como eu faria isso num longo plano-sequência? Tive a ideia de usar banhistas com roupas de banho coloridas atravessando na frente da câmera. Eles cortariam a visão de Roy Schneider. A mesma cor, passando para o outro lado, mostraria o que ele estava vendo. Não seria exatamente um único plano, mas daria a sensação de que é direto. Era mais fácil de entender quem estava vendo e o que era visto: tudo era da perspectiva do chefe de polícia. O centro da cena é a reação dele. Não é sobre a morte do menino. É sobre o chefe da polícia, seu medo da água e sua responsabilidade de proteger o público." (Spielberg)
- Ele usa dolly e zoom na cena do ataque para criar uma sensação de náusea na mudança de perspectiva do chefe da polícia, como Hitchcock fez em "Um corpo que cai".
- A trama absurda de "Star Wars" encanta em parte porque tem elementos tirados de outros filmes: a dupla robótica foi baseada em dois personagens engraçados de "A fortaleza escondida", de Akira Kurosawa; com transições igualmente suaves, as lanças de Kurosawa viraram sabres de luz no filme de Lucas; os vilões foram filmados de forma similar ao filme "O triunfo da vontade", da nazista Leni Riefenstahl;
- No clímax de "Star Wars", Luke está atacando a Estrela da Morte. Luke usa um computador para atingir o seu alvo, mas obedece as instruções de seu guru, Ben Kenobi, quem lhe diz para usar a intuição. Então Luke guarda o computador, o objeto que o filme ajudou a levar para o cinema. O herói passa a sentir, em lugar de pensar, assim como o cinema norte-americano dos anos 1970.

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A década de 1980

- Thatcher e Reagan estão no poder no Ocidente. Ao redor do mundo, ideólogos conservadores contam histórias falsas sobre a vida e o amor. Os cineastas mais inovadores respondem a essas falsidades. Esta é a história do protesto nos anos 1980.

China
- Havia uma abertura, o país debatia sua posição no mundo e o quão moderno e democrático queria ser, desafiando as antigas repressões maoístas.
- A Revolução Cultural de Mao apagou o fogo do cinema chinês e fechou a prestidiada Academia de Cinema de Pequim. A Quinta Geração, formada em 1982, foi a mais distinta a se formar numa escola de Cinema. Eles realizaram alguns dos melhores filmes da década.
- Em "O ladrão de cavalos", o diretor Tian Zhuangzhuang criticou o poder, porque se concentrou num tema nada maoísta. O velório tradicional do filho jovem de um ladrão de cavalos. Tien gostava das tradições místicas dos personagens, temas proibidos no governo de Mao. Eram os temas do ucraniano Sergei Parajanov.
- Enquanto os filmes maoístas eram sobre personagens patrióticas, a Quinta Geração desafiava a época e fazia filmes sobre a psicologia individual: "Para mim, a Quinta Geração é um produto da época e não pode ser reproduzida. Durante a Revolução Cultural, interagimos com a sociedade, vilarejos, cidades, políticas, todo tipo de pessoas e problemas familiares e emocionais, num período de 12 anos." (Tian Zhuangzhuang)
- O melhor filme de vilarejo feito na China nos anos 1980 foi "Terra Amarela". O diretor Chen Kaige e o diretor de fotografia, Zhang Yimou, que se tornou um cineasta de sucesso, enquadraram os planos como se fossem pinturas chinesas. Embora não seja maoísta, é um filme confucionista e masculino. Kaige usa o vazio em determinado plano como um elemento composicional, ele via a masculinidade na feminilidade e o bom dentro da mau. São ideias mais associadas a outra filosofia asiática: o taoísmo. Tudo isso era bastante transgressor para a época.
- Tien foi proibido de trabalhar por uma década após "O sonho azul", seu filme sobre a Revolução Cultural Chinesa.
- O diretor de fotografia, Zhang Yimou, dirigiu alguns dos filmes mais bonitos dos anos 1990. Seu filme "Lanternas Vermelhas" era audaciosamente simétrico e tinha uma palheta de cores avermelhada. Mas surpreendeu ainda mais com o seu domínio do cinema digital em filmes como "O clã das adagas voadoras". Ele estudou pinturas chinesas e usou suas composições em ultrawidescreen. O filme apresenta slow-motion e a ideia budista da graça do movimento desafiando a gravidade.
- 5 anos após "Terra Amarela", milhares de protestantes pró-democracia foram mortos pelo governo na Praça da Paz Celestial.

Leste Europeu
- "Arrependimento sem perdão" é sobre um ditador com um bigode de Hitler e que nasceu na Gerogia, como Stálin. Uma mulher imagina que está enterrada com seu marido, ecoando a imagem de outro filme soviético mais antigo: "Arsenal".
- O ditador stalinesco acaba morrendo, mas uma mulher desenterra seu corpo e o coloca no jardim do filho moralmente corrupto. O diretor Abuladze apontava a impossibilidade de enterrar atrocidades como o genocídio stalinista. O presidente de Georgia e o chefe da modernização da URSS nos anos 1980, Mikhail Gorbachev, viu o filme e aprovou seu lançamento. Ele foi assistido por milhões de soviéticos e ajudou a criar a glasnost, o período de uma nova abertura na União Soviética.
- Em "Vá e veja", estamos na Bielorrússia sob ataque nazista, em 1943. O diretor, Elem Klimov, chefiava o Sindicato Soviético de Cinema nos anos 1980, e lutou contra a censura imposta a filmes por supostamente serem antissoviéticos, filmes como "O longo adeus", de Kira Muratova, por tratarem de opressões psicológicas em lugar de temas sociais.
- Os filmes passaram a ter uma forte influência naquele contexto político. Após "Não Matarás", do diretor polonês Krzysztof Kielowski, a lei da pena de morte foi alterada na Polônia.

África
- Alguns países africanos tiveram que hipotecar suas economias para o FMI, masa inovação estava em alta no cinema africano.
- Nos anos 1970, os filmes africanos eram sobre a sociedade no mundo pós-colonial. Nos anos 1980, os diretores foram além do presente, foram ao passado, antes da colonização. Um reavaliação do propósito do cinema africano.
- "Wend Kuuni" (significado: "dádiva de Deus"), de Gaston Kaboré, foi um dos primeiros dessa leva, um marco no cinema africano. "Em 'Wend Kuuni', coloquei um flashback dentro de outro, e fiz isso sem questionar a mim mesmo, e funcionou. É possível inventar uma estética quando o artista sente que o que está fazendo é bom para a história que está contando". (Gaston Kaboré)
- O filme de Kaboré reavalia o passado, de certa forma, mas em "Yeelen" (significado: "brilho") o diretor Souleymane Cissé, o filho (presente) busca seu pai (passado) para um acerto de contas.

EUA
- Em 1981, MTV produz seu primeiro videoclipe, "Video Killed the Radio Star". Filmes como "Flashdance" mostram como clipes influenciaram o cinema.
- Mas os EUA nessa década também eram um paraíso reaganesco masculino, o que podemos perceber em filmes propagandísticos como "Top Gun".
- Para criticar o "american dream" surgia David Lynch e o subconsciente de seus filmes. Para zombar os EUA brancos e a burguesia negra surgia Spike Lee.
- Em "Faça a coisa certa", Lee e o diretor de fotografia, Ernest Dickerson, usaram cores saturadas para combinar com os temas do filme. Os ângulos de câmera eram tortos para deixar as coisas inclinadas, uma técnica usada em um dos filmes favoritos de Spike Lee, o clássico "O terceiro homem", no qual a câmera não alinhada mostravava o desequilíbrio do mundo da história.
- Mas foram o roteirista e diretor John Sayles e a produtora Maggie Renzi os principais articuladores para criar um cinema independente e falar sobre política nos EUA dos anos 1980.

França
- Influenciado pelas propagandas, o cinema voltou a brilhar. A filosofia francesa se interessou pela cultura pop e pelo pós-modernismo. Luc Besson, excelente diretor de publicidade, chegou a morar nos EUA, era um bom exemplo desse novo cinema francês dos anos 1980.
- O melhor diretor francês a surgir nessa década foi Leos Carax. Ele combinou a hiperatividade visual de Besson com um ultraje punk com a vida moderna.

Espanha
- O ditador Franco já estava morto e a cultura underground de Madrid era transgressiva e anárquica. A assinatura de Almodóvar era o grotesco cômico e desafiava o conservadorismo da sociedade espanhola. Em contraste, para que se perceba a riqueza do cinema espanhol desse período pós-Franco, temos "O Sol de Marmelo", do diretor Víctor Erice.

Grã-Bretanha
- As políticas neoliberais endureciam e milhares de protestantes foram às ruas contra o governo. A posição do governo era de que a cultura deveria reconfortar e reforçar uma noção tradicional de orgulho nacional. Mas os grandes cineastas dessa década estavam preocupados com outras questões.
- "Minha adorável lavanderia", de Stephen Frears, apresentava sexo homossexual e multirracial. Um forte ataque ao nacionalismo conservador do governo.
- Filmes como "Minha infância", do escocês Bill Douglas, "A paixão de Gregory", do também escocês Bill Forsyth, "Vozes Distantes", do britânico Terence Davies, e "Zoo - Um Z & Dois Zeros", do galês Peter Greenaway, tratavam de temas como a relação entre uma criança e sua avó numa família de proletários, a paixão entre dois jovens de classe media, a perda de um pai de família numa família católica de Liverpool, uma mulher sem uma perna que decide amputar a outra por uma questão de simetria. Todos criticavam o poder de forma bastante cinematográfica.
- Em "Crepúsculo do Caos", Derek Jorman mescla neorrealismo e a linguagem rápida dos videoclipes, imagens de um dançarino se misturam com as de uma guilanda para lembrar os mortos na guerra e com as de uma fogueira, e ouvimos um discurso nazista. É uma edição de vídeo misturada com Leni Riefenstahl e com as imagens de Kenneth Anger de magia, dança e frenesi.
- Com "Videodrome - A síndrome do vídeo", David Cronenberg também provoca o establishment. Prevê a sexualização em nossos relacionamentos solitários com nossas telas e máquinas. Seguiria nesta mesma linha em "Crash - Estranhos Prazeres". Em ambos, Cronenberg nos mostra que somos mais pervertidos do que fingimos ser.

Canadá
- Norman McLaren dirigiu e ganhou o Oscar pela animação em stop motion "Vizinhos", na qual dois vizinhos disputam território para ver quem ficará com a flor em seu jardim. Para Pablo Picasso, essa animação foi o melhor filme já feito.
- Em "Jesus de Montreal", de Denys Arcand apresenta a história de alguns atores amadores que estão adaptando a peça "A Paixão de Cristo" com descrições de crucificações históricas. Eles deixam o público desconfortável ao destacar nosso voyeurismo. Esse filme e os de Cronenberg mostram que mentimos para nós mesmos em relação a nosso corpo, nosso sexo e nossos valores.

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1990-1998 - Os últimos dias da celuloide antes do início da era digital

Irã
- "A maçã", da diretora Makhmalbaf, é baseado em fatos reais e trata da história de duas meninas que viveram trancafiadas pelo pai durante 11 anos. O filme revive a cena em que elas são soltas.
- O pai de Makhmalbaf também fez um filme que revivia o passado. "Um instante de inocência" revisita o esfaqueamento de Makhmalbaf a um policial durante a revolução. O filme é codirigido pelo policial. Ambos contam a sua versão do acontecimento. Trata-se do melhor filme autobiográfico da história do cinema.
- "Onde fica a casa do meu amigo?", de Abbas Kiarostami, é o resultado de sua abordagem de técnico de futebol, ele deixa o ator mirim, protagonista do filme, completamente livre. Alguns meses após o filme, há um terremoto no norte do país e o diretor volta para ver se encontra o garoto. Durante essa busca, encontra a resistência de um povo para sobreviver à tragédia. Surge mais um filme sobre reviver uma experiência: "E a vida continua". Em seguida faria outro filme, "Através das Oliveiras", para reviver uma cena dentro de seu segundo filme.

Hong Kong
- Analisar o trabalho de Wong Kar-wai em seu primeiro filme, "Dias selvagens", com o diretor de arte e editor, William Chang, e seu diretor de fotografia, Chris Doyle, é perceber as sombras suaves, o foco superficial e belas cores. A beleza de pessoas tristes e solitárias. Luz fluorescente, cor saturada e uma paisagem de rostos criam a beleza do mundo de Wong.
- "Amor à flor da pele" resume a visão noturna de celuloide da equipe de Wong. Como nos filmes de Rainer Werner Fassbinder e Terrence Davies, a esperança foi embora, então o arrebatamento está no visual e no som.

Taiwan

- Os filmes de Hou Hsiao-hsien são um olhar sobre a sociedade taiwanesa. Seu filme "A cidade das tristezas" se passa nos anos 1940, um período de inercia na história conturbada do país. Assim, ele utiliza planos longos para que possamos sentir essa inercia. Segundo Hou, planos longos criam uma certa tensão. Seus enquadramentos fixos são influenciados pelo mestre do cinema japonês, Yasujiro Ozu. Sua seriedade e ousadia abriria espaço para um novo talento: Tsai Ming-liang.
- Tsai Ming-liang, segundo Bernardo Bertolucci, reinventou a linguagem do cinema. Seu segundo filme, "Vive L'amour", é sobre a solidão nas cidades modernas. "Meus filmes falam como as pessoas modernas, na busca por posses materiais, rejeitam emoções reais e preferem sexo casual. [...] Nosso corpo é como uma caixa. Ele retém coisas materiais, como água, mas desejos, sentimentos e poder também. Por isso tenho interesse no corpo."

Japão
- Os anos 1990 foram a década dos filmes de terror japoneses. Haviam tantos remakes hollywoodianos desses filmes que foi criado um novo termo: J-Horror.
- Um dos pioneiros do J-Horror foi Shinya Tsukamoto, o cyberpunk do cinema japonês: "Eu estava no ensino fundamental quando os filmes do Godzilla e do Gamera foram lançados. Pode ter sido a guerra, mas eu achava que o Godzilla tinha sido criado pela bomba de hidrogênio. Como se o horror da guerra estivesse dentro do monstro escuro nas trevas. [...] 'Tetsuo' foi uma combinação do que parecia erotismo e algo duro, como a tecnologia. [...] Eu assistia muito aos filmes de David Cronenberg durante a produção de 'Tetsuo'. Nesse sentido, os filmes dele foram importantes para o nascimento do cyberpunk. [...] Mais do que os filmes de cyborgs feitos antes, os filmes dele expressavam a ideia de humanos se entrelaçando organicamente com a tecnologia."
- Em "Tetsuo II", Tsukamoto usou 43 segundos de imagens de um quadro só de biologia e mulheres no espaço. A técnica de Abel Gance em "A Roda", de 1923.
- Logo veio "O chamado", de Hideo Nakata, foi o maior sucesso internacional do cinema japonês. Nos últimos dias do celuloide, no país da Sony e da Panasonic, o objeto do medo era a imagem em si. Uma emoção humana sobre um futuro digital.
- Nakata adorava "O exorcista". Ele usou a ambientação doméstica, a menina possuída, as pancadas e a violência repentina. Ele também usou a câmera misteriosa do fantasma onírico de cabelos longos de "Contos da Lua Vaga".
- Em "Ôdishon", de Takashi Miike, vemos novamente a jovem tímida de cabelos longos de "Contos de Lua Vaga" e "O Chamado". A câmera é estável, como a de Yasujiro Ozu. Diretores japoneses dos anos 1990 usam a tranquilidade como um contraponto à violência de forma quase budista. Isto e vários medos japoneses - como a bomba atômica, máquinas, vídeos e mulheres - resultaram nos filmes de terror mais originais da geração.

Dinamarca
- Se os iranianos idolatravam a realidade nos últimos dias do celulóide e os japoneses a temiam, um grupo de cineastas que trabalhavam num antigo quartel militar nos arredores de Copenhague fizeram um manifesto sobre ela: o Dogma 95.
- Há citações de Mao Tsé-Tung nas paredes do antigo quartel. Hippies, punks e provocateurs são alguns dos tipos de cineastas que ali se encontram, liderados por Lars von Trier.
- Von Trier e Thomas Vonterberg são os autores do Dogma 95. Em 1995, como Bresson e Pasolini, eles disseram que o cinema deveria voltar a ser primitivo, que o modernismo havia virado esterco.
- O Dogma 95 inclui as seguintes regras: a câmera precisa sair do tripé, a tela não pode ser wide, o set não pode ser construído - locações reais precisam ser utilizadas -, objetos não podem ser levados a esses lugares, música não pode ser usada, nada de iluminação artificial, nada de flashbacks e o diretor não pode ficar com o crédito.
- O melhor filme de Von Trier nos anos 1990, "Ondas do Destino", quebrou muitas dessas regras, mas foi revelador e novo. Os atores podiam se mover para onde quisessem, Von Trier fez várias tomadas, depois editou os momentos de cada uma que lhe pareciam mais autênticos, mesmo que estivessem fora de foco ou quebrassem as regras. É tudo muito cru.
- "Vimos uma série de TV norte-americana chamada 'Homicide: Life on the Street', que foi inovadora. Havia vários cortes e nenhuma continuidade. Foi a liberdade de um fardo. Brinquei com tudo isso desde então. [Godard também fez isso], mas de forma mais estilizada. Aquilo era uma questão de ter mais liberdade. Na edição de um documentário, não importa se um cigarro saiu do lugar entre as tomadas. Quando você filma aviões batendo nas Torres Gêmeas, o seu lado não importa, mas ninguém tem dúvida de onde os aviões vieram." (Lars von Trier)
- Como seus heróis, Bergman e Carl Dreyer, muitos dos filmes de Von Trier são sobre mulheres sofrendo. Mas, na maioria deles, as mulheres são objetos distantes de desejo. As de Von Trier são versões dele mesmo.
- "Em primeiro lugar, para mim, é mais fácil trabalhar com as atrizes. Os homens podem ser mais difíceis, porque eles querem confrontá-lo e discutir com você sobre o rumo do filme, o que pode ser complicado, porque às vezes, eu não sei, só tenho uma ideia. As atrizes têm mais facilidade em aceitar." (Lars von Trier)
- "Os filmes de que gosto machucam um pouco. Muitos filmes são reproduções. Não gosto de fazer isso, muitos gostam. Eu tento fazer filmes que, de alguma forma, deixam alguma marca ou causam alguma dor." (Lars von Trier)

França
- Nos anos 1990, encontraremos diretores franceses reagindo, como Lars von Trier, ao cinema fantasioso, celebrando a realidade e o celulóide, mas com personagens mais pobres e de mais etnias.
- "O Ódio" foi filmado em p&b, a câmera, às vezes estática, observa os personagens. O ponto de partida do diretor, Mathieu Kassovitz, foi a morte real de um adolescente negro sob custódia da polícia. Kassovitz se aproxima aos atores com a câmera, não como Von Trier, mas em câmera lenta, depois passa por cima da cabeça dele, como Sergio Leone. Depois filma outro personagem por um ângulo semelhante aos de Orson Welles ou John Ford. A beleza das técnicas antigas nos últimos anos do celulóide.
- Em determinada cena do filme, Kassovitz usa dois atores imitando um ao outro, para criar a ilusão de um espelho, para não aparecer o reflexo da câmera.
- Kassovitz foi influenciado por "Faça a coisa certa", de Spike Lee, cujo enquadramento preciso e saturação de cores mostram que filmes sobre a vida na rua não precisam ser sem estilo. Pelo contrário, a rua era estilo, forma e graça.
- Com a velha beleza do filme, "O Ódio" mostrou novas verdades sobre a classe operária multicultural da França.
- "A Humanidade", de Bruno Dumont, também é sobre a classe operária francesa, mas com estilo totalmente distinto. Filmado a cores, e a câmera mal se mexe.
- Tão devotados à realidade eram os ex-documentaristas belgas Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne. Como Kassovitz e Dumont, eles filmavam a vida sem direitos na Europa contemporânea. "Rosetta" é sobre uma garota desesperada por um emprego. A inovação estilística simples dos irmãos foi fazê-la correr durante o filme e segui-la com a câmera na mão. Como Dumont, raramente usavam o ângulo reverso, técnica que surgiu aproximadamente em 1913. O movimento sempre adiante com a câmera dá a sensação sem igual de estar no ombro na menina enquanto ela corre atrás de um emprego.
- O melhor cineasta francês de celulóide desde os anos 1990 é a diretora Claire Denis. Ela trabalhou com Wim Wenders e é considerada diretora de filmes de arte, mas insiste que o cinema é universal.
- Denis cresceu na África e admirava muito 'A viagem da hiena", de Djibril Diop Mambéty. "Crescer num país, possuído por brancos, mas sabendo que não somos de lá e que aquilo era errado, faz com que nós fiquemos sem nenhuma disposição de dar aulas" (Claire Denis)
- Em "Bom trabalho", o protagonista decide se matar. Aparentemente depois de sua morte, vemos uma cena final: uma extraordinária sequência de dança. Ele é filmado como Fred Astaire nos musicais de Hollywood. Os últimos dias das música de discoteca e do celulóide.
- "Nesta cena, dizia no roteiro que ele iria à boate, ela estaria vazia, e ele dançaria para dar adeus à sua vida como legionário. A dança da morte. Mais adiante, no roteiro, ele se matava em Marselha. Mas eu filmei a dança no Djibuti antes da cena em Marselha. Quando filmamos, eu fiquei tão comovida, todos nós ficamos. Foi em uma tomada só. Então pensei: "Meu Deus, como posso colocar essa cena antes de ele estar na cama, pegando a arma para se matar? Não é justo. É melhor se a cena da arma for antes e eu deixar a cena da dança como seu último sonho ou sua última lembrança. Algo com muita vida." (Claire Denis)
- Denis compara essa cena com a cena final de "Pai e filha", de Yasujiro Ozu. "Naquele caso, o pai está sozinho. Ele descasca a maçã como um homem solitário, em vez de compartilhá-la, e a forma como ele descasca é um gesto elegante, como a dança de Denis Lavant no fim de 'Bom trabalho'. Você está muito triste, é o fim de algo, mas mostramos uma imagem que é uma repetição linda com a casca da maçã. Para mim, é a forma como Ozu nos comove profundamente, de forma que não conseguimos resistir." (Claire Denis)

Polônia
- Claire Denis usava o celulóide numa forma não masculina nos anos 1990, assim como a diretora polonesa de "Corvos", Dorota Kedzierzawska. Ela usa enquadramentos quase quadrados, mantém a direção muito simples para conseguir as atuações naturalistas das atrizes mirins. "Corvos" é um filme sobre a face humana, exatamente o que a era digital vai lutar para reproduzir.

Rússia
- "Quarta-feira", de Viktor Kossakovsky, mostra o simples fato que fotografar seres humanos é um dos pontos fortes do cinema. O diretor encontrou todas as pessoas que nasceu em São Petersburgo no mesmo dia que ele: 19 de julho de 1961.

Áustria
- O filme é uma celebração dos seres humanos nos últimos dias do celulóide. Michael Haneke os considerou dias sombrios. No documentário "24 Realities per Second", ele explica a um ator como deve bater numa atriz. A ameaça de violência em seu trabalho, ele sempre consulta seu roteiro, todo anotado, o que mostra como seus filmes são meticulosamente planejados.
- Haneke estudou Filosofia e começou a fazer filmes em 1989. Em seu filme "Código Desconhecido", a primeira cena dura 11 minutos sem cortes, e o movimento da câmera é complexo, como num filme de Jancsó. Através de uma cena de tensão e conflito, Haneke mostra como não temos ligações como pessoas nas cidades européias. Entre os planos, há um corte para uma tela preta, mas os planos não estão ligados, algo revolucionário.
- "Violência Gratuita" resume bem os últimos dias do celulóide. A ansiedade, a sensação de que algo vai sumir, de que seres humanos deixarão de ser reais. Haneke quebra a barreira entre os personagens e nós, faz os vilões piscarem para a câmera e rebobina o filme após uma cena de extrema violência, insinuando que podemos estar gostando da violência através dos vilões, como quem diz continue, você sabe que quer, todos nós somos depravados. Rebobinar o filme em si é tão chocante quanto a cena final de "Persona", de Bergman, na qual o filme derrete. Em ambos, chegamos a um novo nível, a uma nova posição. O feitiço foi quebrado e fomos acordados.

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    Jiang shan mei ren

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    A Tocha de Zen

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  3. O Tigre e o Dragão (Wo Hu Cang Long)

    O Tigre e o Dragão

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  4. Operação Dragão (Enter the Dragon)

    Operação Dragão

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  5. Alvo Duplo (Ying Hung Boon Sik)

    Alvo Duplo

    3.8 43
  6. Missão: Impossível 2 (Mission: Impossible 2)

    Missão: Impossível 2

    3.1 491 Assista Agora
  7. Iron Monkey (Siu nin Wong Fei Hung ji Tit Ma Lau)

    Iron Monkey

    3.7 14
  8. Matrix (The Matrix)

    Matrix

    4.3 2,5K Assista Agora
  9. Era Uma Vez na China (Wong Fei Hung)

    Era Uma Vez na China

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  10. New Dragon Gate Inn (Sun lung moon hak chan)

    New Dragon Gate Inn

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    3.9 14
  12. Mughal-E-Azam (Mughal-E-Azam)

    Mughal-E-Azam

    3.8 5
  13. Mausam (Mausam)

    Mausam

    0
  14. Zanjeer (Zanjeer)

    Zanjeer

    2.5 0
  15. Sholay (Sholay)

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  16. Maomé: O Mensageiro de Alah (The Message)

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  17. The Making of an Epic: Mohammad Messenger of God (The Making of an Epic: Mohammad Messenger of God)

    The Making of an Epic: Mohammad Messenger of God

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