QUE FOTOGRAFIA F*DA!

Filmes com fotografias maravilhosas que te faz ficar deprimido por saber que nunca vai conseguir fotografar um filme tão maravilhoso desse jeito.

ps: O que vale aqui é apenas a qualidade técnica visual dos filmes. Roteiro, direção, atuações, trilha sonoras e afins não foram levados em consideração.
ps2: Quem tiver sugestões, por favor, comente!
ps3: percebi que preciso expressar melhor meus critérios, aos poucos, tentarei explicar o motivo de cada filme estar na lista.

''A Passagem'' usa e abusa dos contra plongées e do famoso ângulo holandês, mas não gratuitamente. A linguagem é usada para reforçar certas sensações e estranhamentos presentes no roteiro. Há transições entre planos muito bem pensadas e planejadas, e um uso de espelhos/vidros/água pra distorcer a imagem do personagem. Paleta de cores com predominância de verdes e amarelos, que geram desconforto e sensação de depressão no público.

''O Filme da Minha Vida'' mantém uma paleta de cores quentes ao longo do filme, um pouco artificial demais. Entretanto, tem composições precisas, com ótimo uso de reflexos e de uma rasa profundidade de campo.

''Outlander'' (pequeno SPOILER do plot principal) retrata a vida de uma enfermeira dos anos 40, que após presenciar um ritual pagão viaja para o passado, pré-guerra da Escócia e Inglaterra. Temos nossa protagonista em duas zonas temporais diferentes, cada qual com sua própria paleta de cores. No presente, as imagens são dessaturadas, o que ajuda aumentar o contraste entre as realidades vividas por Claire, e também passa a sensação de que sua vida começa apenas em 1743, onde as cores são vividamente apresentadas. Primeira temporada se passa na Escócia, e temos composições que favorecem ainda mais suas paisagens. Cenas noturnas e/ou internas, são muito presentes, são iluminadas com muita precisão. Na segunda temporada somos apresentada a burguesia francesa pré-revolução francesa, e todas suas extravagâncias. Mais uma vez o uso da cor é muito preciso. Cenas onde predominam o vermelho, ou o contraste entre o vermelho e o verde são recorrentes. Ângulos diferentes começam a ser experimentados. Atenção para a cena no ep 3 ou 4, onde Claire caminha dentro de uma loja e câmera está num angulo exato de 90º acima de sua cabeça, acompanhando a personagem.

O ponto forte de ''Baby Driver'' é a trilha sonora, sem dúvidas. Mas a fotografia e a trilha sonora andam de mãos dadas durante o filme. Ritmos e batidas marcados por cortes ou movimentos de câmera. Cenas que foram muito bem ensaiadas, para encaixarem. As cores saturadas são o segundo ponto forte da fotografia, e seus significados. Por exemplo, (SPOILER) a cena do Buddy no carro encarando o Baby. Buddy está afogado em uma luz neon vermelha, a representação visual de toda raiva e paixão derivadas da perda da Darling. Os flares constantes ao longo do filme contribuem com uma atmosfera irreal que narrativa nos oferece. Ou seja, sabemos que o diretor não quer nos ''vender'' esse filme como algo possível de acontecer na vida real, mas sim como uma história de ficção.

La La Land: Com cores saturadas que combinam com a temática de sonho do filme (e me lembraram a atmosfera de O Mágico de Oz), contraste de cores harmônicos (como verde e rosa, azul e rosa/vermelho), com movimentos de câmera muito bem coreografados e desenhos de luz encantadores, e com muitas cenas filmadas durante a Magical Hour/Golden Hour/Blue Hour, esse filme com certeza mereceu o Oscar de melhor fotografia. Os flares característicos das lentes anamórficas presentes em algumas cenas ajudam bastante na construção da narrativa visual. Se vocês quiserem se aprofundar na fotografia de La La Land, sugiro esse vídeo do Cinematography Database: https://www.youtube.com/watch?v=pJDOx7vQo1A Ou se você quer saber sobre a teoria das cores do filme: https://www.youtube.com/watch?v=NPAf3a0XYNk

Bingo: O Rei das Manhãs: Uso criativo de movimentos de câmera que ajudam no desenvolvimento da narrativa, ou seja, não são apenas movimentos ''incomuns'' só para ter, são movimentos que realmente fazem sentido com o estado de espirito atual do personagem e/ou são usados para avançar na história (exemplo: [SPOILER] depois do Augusto socar a televisão, e abrir o pulso, a câmera sai de um plano médio inteiro, dentro do apartamento, para um plano aberto do preto, numa panorâmica de 360º e então volta para dentro de prédio diferente, que é o quarto do hospital. Nesses poucos segundo entendemos que alguém o achou e o levou para o hospital, sem precisar que alguém conte isso em voz alta.). A presença das luzes práticas é muito forte por se tratar de um filme que fala de uma produção de tv, e também, por se passar nos anos 80, onde luzes neon em bares e decoração estavam em alta Mas são muito bem usadas, e também, com cores maravilhosas. Cores complementares são vistas em várias cenas. Resumindo, é uma fotografia muito controlada e imersiva, que ajuda o diretor a te ''sugar'' para dentro do filme.

A Espera: é um filme contemplativo, paciente e sobre ausência. Sua fotografia controlada e calma, reforça a sensação de ausência, solidão e silêncio. Quase todos frames do filme são uma Foto extremamente bem composta. Com enquadramentos desde clássicos como ponto de fuga e simetria, até mais ousadas como Quadrant Framing. A luz é quase como um personagem no filme, pois não é apenas visível, é notável. Com flares, contra-luz, raios de luz. Francesco Di Giacomo (o diretor de fotografia) mostra seu domínio sobre luz/sombra(provavelmente inspirado por quadros do Rembrandt), e também apresenta um controle no uso de espaço negativo. A Espera é um filme lindo, com poucos movimentos de câmera, quase uma série de fotografias. Fotógrafos não devem perder essa experiencia visual.

Blade Runner 2049: É totalmente dispensável escrever uma descrição dos porquês que esse filme merece estar nessa lista. Alias, reconheço que não tenho perícia suficiente pra explicar o quão boa é a fotografia, e acredito que na tentativa poderia até ofende-lo(o filme), sem intenção, simplificando-o.

“Legion” é um ótimo exemplo de como se mostra e não se conta no cinema (nesse caso, na televisão). Com uma linguagem visual extremamente eficiente, luzes coloridas intensas(praticals, como chamam em inglês, quando a luz vem de um objeto cenográfico como abajures ou leds na decoração dos cenários), movimentos de câmera que se destacam, desenhos de luz maravilhosos e muito bem sincronizados, uso de pouca profundidade de campo, Legion é uma série necessária para os amantes da fotografia e da montagem por usar os recursos cinematográficos de forma exemplar. Decupar pelo menos um episódio da série é um ótimo exercício para estudadas da cinematografia.

Upgrade: filme de ação, com um plot familiar, mas com movimentos de câmera inovadores que se encaixam perfeitamente com a ambientação do filme, em certos momentos lembram video games o que faz todo sentido para o tema do filme. Além dos movimentos, o uso da iluminação é muito bom também. Filme quase todo noturno, com luzes neons, que transmitem a sensação de vida noturna (e ''de crime'') na cidade. Até para não amantes do gênero de ação, o filme é uma boa indicação, principalmente pelo uso inteligente da câmera.

You Were Never Really Here: SPOILER AHEAD!!! Esse filme merecia estar nessa lista só pela cena do Joe entrando no lago com o corpo da mãe, mas vai além disso. Todo o filme é muito bem fotografado, um uso muito preciso da luz, por exemplo na cena que ele está no metro, e vem vindo devagar para frente enquanto o sol vai iluminando cada vez mas seu rosto.