Terceira Pessoa relata as vidas de três casais com problemas distintos. Paul Haggis, que dirige e roteiriza o filme, segue com a narrativa bem familiar ao de Crash: No Limite ao intercalar várias histórias com temas familiares.
O longa tem como gancho o escritor solitário Michael (Liam Neeson), a partir dele são apresentados os personagens que irão complementar a trama, como a sua amante Anna (Olivia Wilde). Mila Kunis é Julia, auxiliada pela advogada Theresa (Maria Bello), ela busca rever a guarda de seu filho que está com o seu ex-marido Rick (James Franco), um pintor bem sucedido. Em Roma está Sean (Adrien Brody), que em uma viagem à trabalho acaba conhecendo a cigana Monika (Moran Atias), uma mulher desesperada para reencontrar sua filha que não a vê há anos. Entre tantos acontecimentos, sempre existe uma terceira pessoa ligada às ações de cada um, o que traz a complexidade fundamental para o sucesso da obra.
Em um primeiro momento, a narrativa segue se arrastando, porém aos poucos entendemos as intenções de Haggis. Seus personagens são explorados lentamente e a cada cena conhecemos um pouco mais sobre eles, aguçando a curiosidade do espectador. Com isso, as pistas e recompensas da obra não são expostas com clareza, para assim preservar ainda mais a surpresa final.
A bela montagem de Jo Francis é um dos diferenciais da história. A montadora encaixa todas as pontas do filme sem deixar furos. A competência de seu trabalho é retratada nos pequenos detalhes que são minimamente pensados. Desta forma, o longa carrega a sustentação necessária para o seu desfecho sem previsibilidade alguma.
O elenco também é um dos fatores cruciais para o bom resultado do filme. Cada ator consegue se enquadrar perfeitamente em seu papel passando a verossimilhança necessária, como em uma cena entre Brody e Atias, que comove e entretém de forma vívida. Sem contar o papel de Liam Nesson, totalmente diferente do que vem sido apresentado nos longas de ação. Milla Kunis também traça o papel de uma mulher totalmente o oposto do que ela costuma a fazer, que geralmente é baseado na “namorada perfeita”. Com isso, temos diversos atores que saem de sua zona de conforto habitual para mostrar um lado pouco notável em seus trabalhos.
Repleto de sentimentos que vão desde o prazer à melancolia, Terceira Pessoa é um filme surpreendente, onde o viés da trama toma um rumo totalmente inesperado e inovador.
Por: Caroline Venco