A comunicação como um câncer em estágio crítico. A dormência contemplada no filme vem de todos os lados, seja do parente mais próximo ao completo desconhecido, cada um escondendo seu pavio já pequeno. A representação é bastante valida, e clara.
Terceiro filme que vejo do Petzold e dos dois primeiros que vi (Yella e Phoenix) o que se mantém como maior força é essa situação de aproveitador vs aproveitadA, seja em relação pessoal e/ou profissional, explorando um envolvimento completamente ilusório, mascarado. Karin é uma mulher já bem preocupada com a idade e percebe as coisas ficando mais difíceis quando seu chefe lhe dá a tarefa de vender mais do que de costume e em menor tempo, sob "supervisão" de uma jovem que supostamente está de olho na vaga dela. É um filme acima de tudo sobre manipulação em diferentes camadas, com características marcantes do diretor, como o áudio latente, som de carros, o vento e uma trilha sonora constante à base de piano.
Abordagem cadenciada e muito consistente, de tom preciso. Elena é um mulher que não mede esforço, obviamente busca manter a fervura familiar que ainda existe, mesmo que só na cabeça dela, mesmo que só pelos netos ainda em crescimento e que não tem culpa da desestrutura que ela mesma "construiu". Essa linhagem de vivência certamente ignorará os mínimos indícios sentimentais do marido, que enxerga ela sempre como uma cega diante dos problemas familiares. Ou seja, convivem, existe afeto, mas nunca sintonia e acredito que é aí o fator determinante para as ações ou não-ações do filme, muito bem orquestrado. Segundo filme que vejo do Zvyagintsev e gostei desse tanto quanto de O Retorno.
As cores são um alerta e a trilha entrega todo o ciclo de egoísmo sem fim. O final é mais que claro, François, já não muito atencioso, com as mãos no bolso e olhar distante "planeja" seus vôos do próximo verão enquanto caminha com a nova família sobre as folhas secas.
Impossível não destacar a fotografia e trilha sonora desta pequena grande obra da essencial Agnès Varda. Quem não viu, não perca mais tempo ;)
Belo e acolhedor. Daqueles que vai chegando no fim e o coração se aquece e nos lembra que relações humanas ainda podem ser poderosas por mais que seja com desconhecidos.
"Não te enxergo mais alto ou mais baixo. Apenas te enxergo."
Esse é um filme de encaixe preciso. Seria muito fácil tomar uma direção mais datada numa morna trama quando se coloca a época nas imagens com tanta carga assim. Mas a capacidade de ir além do ótimo Tsai Ming-liang faz com que não só nos mantenha pendurados à fio na história e sim nos mostrando que a realidade é bem essa, constantes mudanças da vida urbana e o melhor de Ming-liang: o posicionamento dos seus personagens dentro dessa constante mudança e seus dilemas, questões, o vazio e inquietação constantes, que acaba funcionando como um espelho em várias ocasiões. Rebeldes do Deus Neón pode se apresentar como um recorte da época tanto quanto realidade de sempre de muitos jovens por aí. Ótimo filme.
Um filme que põe carga nos ombros de quem vê. É um filme pra tomar susto? Tá longe. Aqui o contexto é pesado, doença altamente contagiosa, mistério sobre o que antecedeu essa luta pela sobrevivência, a paranoia (?) a cada barulho e as respostas ficando cada vez mais longe do alcance dos nossos olhos já quase infectados pela escuridão e ritmo espiral desse ótimo filme. Pra quem gostou do tema "sobrevivência na floresta em um mundo pós apocalíptico" indico o recente The Survivalist, também muito interessante.
Esse filme me impressiona, me deixou embasbacado principalmente no campo intuitivo da coisa. A incisão de formas geométricas direcionadas ao protagonista diz muito sobre essa paranoia dele. Há uma forte sugestão visual de encaixe, Antonioni brinca com isso malandramente, enchendo a obra entraves e desconexões, mas aplicando evidentes "pistas", permutando através das formas e alternância entre barulho e silêncio, assim começa e assim termina, barulho e silêncio. To quase acreditando que o LSD abriu os poros desse cara (Antonioni).
É a vida! Sem tirar nada e nem aumentar, Segredos e Mentiras é um retrato honesto, sincero de vidas atormentadas e dilaceradas por fragmentos do passado. Onde se vê desequilíbrio em tudo, nos ambientes, nos personagens principalmente, inclusive é até engraçado ver tanta gente perdida e a que mais busca respostas sendo a pessoa mais equilibrada emocionalmente. É um filmaço de respeito, sem mais.
Com personagens e linguagem característica do cinema iugoslavo, vemos aqui uma história simples, sobre infância, sobre crescimento, vontades, virtudes, enfim, a formação de Zoran, um menino gordinho que vive numa casa sempre em conflito, seja por ideais ou simplesmente por nada. Há um paralelo claro com a figura mais evidente da Iugoslávia, não li muita coisa sobre a vida dele mas é possível que seja um fragmento da vida do próprio Tito. Bom filme.
Um trabalho elogiável, um filme que recorta a situação real do pessoal do vilarejo e também do carteiro, mostrando e aproximando o expectador da região, de um povo que não está muito ligado em avanços tecnológicos, que aos poucos vão sucumbindo ao tempo. Atuações que vão além do mero "não comprometeu", eles não sentem pressão alguma por estar diante das câmeras, acredito que pouco mudaram pra desempenhar esse papel, por isso o alto grau de naturalidade presente no filme todo e arte visual deliciosa de acompanhar.
Na cena brasileira tem umas tramas muito boas e não muito conhecidas, esse é o caso de Ação Entre Amigos. Interpretações viscerais, em destaque pra atuação do Zé Carlos Machado, arrebentando como Miguel e quanto a filmagem ela é muito boa, câmera nervosa em muitos pontos mas se alinha muito bem com a tensão apresentada desde sempre no filme, mas também se vê cadencia e técnica como por exemplo na cena em que a tomada é de cima e vai descendo como espiral dentro da cela. Uma coisa que incomoda um pouco é a trilha sonora sempre frenética mas mal colocada, sobrepondo efeitos sonoros das cenas e dando um tom de "bagunça total" em certos pontos. No mais, muito bom filme, recomendo.
Pena ver uma obra dessa magnitude com menos de 100 avaliações e tão poucos comentários, pois merece ser mais conhecida. Toda uma burocracia pra se ter o mínimo êxito, ideais que sustentam a violência pra intimidar os prisioneiros e diminuir as fugas, tarefa árdua para um homem contra todos, Kaji, mostrar que as coisas podem caminhar com menos truculência. Um homem de princípios, com pensamento humanista, que, dentro da guerra feroz que travava, também era coração.
Com o perdão do trocadilho, ela realmente foi muito constante em seu objetivo rs (e acredito que foi o intuito do realizador). Bom filme, uma noção interessante de como o desespero pode ser o precipício da sanidade.
O que começa com um ar contido e misterioso vai se tornando agressivo, sem rodeios, sem muros e vai nos incomodando quase que na mesma intensidade das pessoas ali em cena.A direção é de uma destreza e pragmatismo sem igual, sutilezas que entregam, seja nos olhares, gestual ou num simples frango queimado e o que sobra é um Cédric totalmente volátil, instável.Uma estréia e tanto do Antoine Cuypers
Ritmo é uma coisa um pouco difícil de falar, difícil ser preciso quando cada um tem seu grau de experiência se tratando de cinema. O Samurai me fez ter uma percepção mais precisa dessa experiência cinematográfica minha, eu que acompanho filmes de fora de Holywood ha poucos anos e ainda carrego as bases rítmicas de filmes desse padrão. Fiquei contente por ter assimilado bem essa forma mais fria de O Samurai, numa trama densa com muitas nuances, um foco bem definido e personagens muito bem postados, uns com carga de mistério grande e que em minha visão tiram o máximo que o roteiro permite, ótimo figurino assim como a direção. Gostei muito.
71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso
3.7 73A comunicação como um câncer em estágio crítico. A dormência contemplada no filme vem de todos os lados, seja do parente mais próximo ao completo desconhecido, cada um escondendo seu pavio já pequeno. A representação é bastante valida, e clara.
Terra de Ninguém
3.9 193Taxi Driver+Walkabout mais uma pitada de Natural Born Killers.
Baita estréia do Malick.
Pilots
3.3 1Terceiro filme que vejo do Petzold e dos dois primeiros que vi (Yella e Phoenix) o que se mantém como maior força é essa situação de aproveitador vs aproveitadA, seja em relação pessoal e/ou profissional, explorando um envolvimento completamente ilusório, mascarado. Karin é uma mulher já bem preocupada com a idade e percebe as coisas ficando mais difíceis quando seu chefe lhe dá a tarefa de vender mais do que de costume e em menor tempo, sob "supervisão" de uma jovem que supostamente está de olho na vaga dela.
É um filme acima de tudo sobre manipulação em diferentes camadas, com características marcantes do diretor, como o áudio latente, som de carros, o vento e uma trilha sonora constante à base de piano.
Agnus Dei
4.1 272 Assista Agora"Que Bebê?"
Flowers
3.9 4Absolutamente maravilhoso, dos mais bonitos que vi nesses últimos tempos!
Elena
3.5 46Abordagem cadenciada e muito consistente, de tom preciso. Elena é um mulher que não mede esforço, obviamente busca manter a fervura familiar que ainda existe, mesmo que só na cabeça dela, mesmo que só pelos netos ainda em crescimento e que não tem culpa da desestrutura que ela mesma "construiu". Essa linhagem de vivência certamente ignorará os mínimos indícios sentimentais do marido, que enxerga ela sempre como uma cega diante dos problemas familiares. Ou seja, convivem, existe afeto, mas nunca sintonia e acredito que é aí o fator determinante para as ações ou não-ações do filme, muito bem orquestrado. Segundo filme que vejo do Zvyagintsev e gostei desse tanto quanto de O Retorno.
As Duas Faces Da Felicidade
4.0 120 Assista AgoraAs cores são um alerta e a trilha entrega todo o ciclo de egoísmo sem fim. O final é mais que claro, François, já não muito atencioso, com as mãos no bolso e olhar distante "planeja" seus vôos do próximo verão enquanto caminha com a nova família sobre as folhas secas.
Impossível não destacar a fotografia e trilha sonora desta pequena grande obra da essencial Agnès Varda. Quem não viu, não perca mais tempo ;)
Fique Comigo
3.8 58 Assista AgoraBelo e acolhedor. Daqueles que vai chegando no fim e o coração se aquece e nos lembra que relações humanas ainda podem ser poderosas por mais que seja com desconhecidos.
"Não te enxergo mais alto ou mais baixo. Apenas te enxergo."
À Procura de Elly
4.0 147Uma pipa. Um respiro. Uma decisão. Mais um argumento que representa a não-vida feminina naquelas bandas. Grande filme.
Rebeldes do Deus Neón
4.0 42Esse é um filme de encaixe preciso. Seria muito fácil tomar uma direção mais datada numa morna trama quando se coloca a época nas imagens com tanta carga assim. Mas a capacidade de ir além do ótimo Tsai Ming-liang faz com que não só nos mantenha pendurados à fio na história e sim nos mostrando que a realidade é bem essa, constantes mudanças da vida urbana e o melhor de Ming-liang: o posicionamento dos seus personagens dentro dessa constante mudança e seus dilemas, questões, o vazio e inquietação constantes, que acaba funcionando como um espelho em várias ocasiões. Rebeldes do Deus Neón pode se apresentar como um recorte da época tanto quanto realidade de sempre de muitos jovens por aí. Ótimo filme.
Ao Cair da Noite
3.1 976 Assista AgoraUm filme que põe carga nos ombros de quem vê. É um filme pra tomar susto? Tá longe. Aqui o contexto é pesado, doença altamente contagiosa, mistério sobre o que antecedeu essa luta pela sobrevivência, a paranoia (?) a cada barulho e as respostas ficando cada vez mais longe do alcance dos nossos olhos já quase infectados pela escuridão e ritmo espiral desse ótimo filme. Pra quem gostou do tema "sobrevivência na floresta em um mundo pós apocalíptico" indico o recente The Survivalist, também muito interessante.
Contos da Noite
3.9 77A criança aqui dá o céu inteiro de estrelas pra essa animação <3
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraEsse filme me impressiona, me deixou embasbacado principalmente no campo intuitivo da coisa. A incisão de formas geométricas direcionadas ao protagonista diz muito sobre essa paranoia dele. Há uma forte sugestão visual de encaixe, Antonioni brinca com isso malandramente, enchendo a obra entraves e desconexões, mas aplicando evidentes "pistas", permutando através das formas e alternância entre barulho e silêncio, assim começa e assim termina, barulho e silêncio. To quase acreditando que o LSD abriu os poros desse cara (Antonioni).
Segredos e Mentiras
4.1 97 Assista AgoraÉ a vida! Sem tirar nada e nem aumentar, Segredos e Mentiras é um retrato honesto, sincero de vidas atormentadas e dilaceradas por fragmentos do passado. Onde se vê desequilíbrio em tudo, nos ambientes, nos personagens principalmente, inclusive é até engraçado ver tanta gente perdida e a que mais busca respostas sendo a pessoa mais equilibrada emocionalmente. É um filmaço de respeito, sem mais.
Tito e eu
3.5 3Com personagens e linguagem característica do cinema iugoslavo, vemos aqui uma história simples, sobre infância, sobre crescimento, vontades, virtudes, enfim, a formação de Zoran, um menino gordinho que vive numa casa sempre em conflito, seja por ideais ou simplesmente por nada. Há um paralelo claro com a figura mais evidente da Iugoslávia, não li muita coisa sobre a vida dele mas é possível que seja um fragmento da vida do próprio Tito. Bom filme.
Possessão
3.9 587Um filme brutal, visceral e psicótico. Faz qualquer outro filme de adultério virar pó.
As Noites Brancas do Carteiro
3.6 8Um trabalho elogiável, um filme que recorta a situação real do pessoal do vilarejo e também do carteiro, mostrando e aproximando o expectador da região, de um povo que não está muito ligado em avanços tecnológicos, que aos poucos vão sucumbindo ao tempo. Atuações que vão além do mero "não comprometeu", eles não sentem pressão alguma por estar diante das câmeras, acredito que pouco mudaram pra desempenhar esse papel, por isso o alto grau de naturalidade presente no filme todo e arte visual deliciosa de acompanhar.
Ação Entre Amigos
3.5 48 Assista AgoraNa cena brasileira tem umas tramas muito boas e não muito conhecidas, esse é o caso de Ação Entre Amigos. Interpretações viscerais, em destaque pra atuação do Zé Carlos Machado, arrebentando como Miguel e quanto a filmagem ela é muito boa, câmera nervosa em muitos pontos mas se alinha muito bem com a tensão apresentada desde sempre no filme, mas também se vê cadencia e técnica como por exemplo na cena em que a tomada é de cima e vai descendo como espiral dentro da cela. Uma coisa que incomoda um pouco é a trilha sonora sempre frenética mas mal colocada, sobrepondo efeitos sonoros das cenas e dando um tom de "bagunça total" em certos pontos. No mais, muito bom filme, recomendo.
Guerra e Humanidade I - Não Há Amor Maior
4.5 17Pena ver uma obra dessa magnitude com menos de 100 avaliações e tão poucos comentários, pois merece ser mais conhecida. Toda uma burocracia pra se ter o mínimo êxito, ideais que sustentam a violência pra intimidar os prisioneiros e diminuir as fugas, tarefa árdua para um homem contra todos, Kaji, mostrar que as coisas podem caminhar com menos truculência. Um homem de princípios, com pensamento humanista, que, dentro da guerra feroz que travava, também era coração.
Irrepreensível
3.5 12Com o perdão do trocadilho, ela realmente foi muito constante em seu objetivo rs (e acredito que foi o intuito do realizador). Bom filme, uma noção interessante de como o desespero pode ser o precipício da sanidade.
Prejuízo
3.9 14O que começa com um ar contido e misterioso vai se tornando agressivo, sem rodeios, sem muros e vai nos incomodando quase que na mesma intensidade das pessoas ali em cena.A direção é de uma destreza e pragmatismo sem igual, sutilezas que entregam, seja nos olhares, gestual ou num simples frango queimado e o que sobra é um Cédric totalmente volátil, instável.Uma estréia e tanto do Antoine Cuypers
O Samurai
4.2 145Ritmo é uma coisa um pouco difícil de falar, difícil ser preciso quando cada um tem seu grau de experiência se tratando de cinema. O Samurai me fez ter uma percepção mais precisa dessa experiência cinematográfica minha, eu que acompanho filmes de fora de Holywood ha poucos anos e ainda carrego as bases rítmicas de filmes desse padrão. Fiquei contente por ter assimilado bem essa forma mais fria de O Samurai, numa trama densa com muitas nuances, um foco bem definido e personagens muito bem postados, uns com carga de mistério grande e que em minha visão tiram o máximo que o roteiro permite, ótimo figurino assim como a direção. Gostei muito.
Crazy Lips
2.8 4Mais que desgraça é isso?!
Insano, doente, sem noção. Gostei.
Consumido pelo Ódio
3.4 18Takeshi Kitano animal. Brutalidade no sentimento, um filme que mostra, transporta e transfere ódio a quem vê.