Para mim, foi uma experiência muito especial! Identifiquei-me em muitos aspectos com o protagonista, o que acho que fez muita diferença. Trata-se de um filme que mergulha bastante em metáforas e no conceito de surrealismo, o que não é algo novo nas obras do Miyazaki, aparentemente, mas se comparado a Viagem de Chihiro, por exemplo, o nível de introspecção é bem maior (ou pelo menos o nível de drama, ou os dois, talvez). Gostei muito de ver no cinema.
Interpreto que a experiência de Mahito foi uma viagem para dentro de si, analisando, procurando entender e enfrentando os desafios de sua própria mente, especialmente do subconsciente.
A interpretação que fiz do filme durante sua exibição foi, mais ou menos, a seguinte:
O mundo fantástico que o garoto adentra reside apenas em sua imaginação, em sua mente. O tom surreal surge quando os roteiristas decidem camuflar a separação entre o mundo real, de onde parte o enredo, com o mundo que, segundo minha interpretação, se passa na mente de Mahito, dando a sensação inicial de que esses mundos são um só (o que é desconstruido mais para frente, com a apresentação dos portais para diferentes dimensões, representados pelas portas numeradas). Meu argumento para afirmar que Miyazaki quis propor algo nesse sentido é o de que o garoto teve um primeiro contato com os elementos mais fundamentais do mundo fantástico/imaginário antes de mergulhar nele, ainda no seu mundo real. Quais seriam esses elementos? - A madrasta (que é também sua tia), cuja semelhança com a falecida mãe de Mahito parece incomoda-lo; - A garça-real que, num comportamento inesperado, ao voar pela varanda da nova casa do protagonista, ganha atenção especial dele; - A misteriosa construção erigida ao redor da pedra, notada por Mahito a partir de sua nova casa, e que ele insiste em entrar cada vez mais (no que interpreto como sendo uma insistência do personagem em adentrar seu próprio subconsciente, que está afetado pelo trauma que viveu, pelas brigas na escola e pelas demais mudanças recentes em sua vida, tornando-o assim um ambiente repleto de perigos); - a senhora que se aproxima dele para protegê-lo e o acompanha em sua jornada (passando a figurar, em determinado momento, com uma aparência mais jovem); - a figura misteriosa de seu ancestral, com o qual teve conhecimento nos retratos de família; - os demais animais com que passou a ter contato no novo ambiente, quando passou a residir mais próximo da natureza, e que, em sua imaginação, acabaram ganhando personalidades e formas visuais mais antrópicas.
Tudo isso sem mencionar a memória de sua mãe, que, representada na imagem de uma menina mais jovem, está sempre a protegê-lo. A transformação disso tudo nas formas que adquirem no mundo fantástico seriam frutos da imaginação do garoto.
Ninguém aqui perguntou ou pediu mais sobre minha opinião, hehe, mas aproveitando a escrita, interpretei também que cada uma das personagens no mundo imaginário de Mahito representa, obviamente, um aspecto de sua mentalidade: - A garça, que inicia o enredo como uma ameaça a integridade do protagonista, representa, ao meu ver, um lado autodestrutivo de sua personalidade (já manifestada pelo episódio de automutilação com a pedra, no retorno da escola), que busca atraí-lo cada vez mais para si, a fim de eliminar sua existência (cujo objetivo final, no mundo real, poderia vir a ser um suicídio); - A construção que abriga a pedra seria seu próprio subconsciente, repleto de enigmas, perigos e incômodos (como quando diferentes personagens afirmam que a rocha está incomodada com a presença deles), mas também com todos os elementos necessários para a solução de suas tormentas; - O ancestral, figura misteriosa que, ainda no mundo real, teve contato com a pedra que caiu do céu (evento este que está relacionado com o desaparecimento do próprio velho), poderia ser uma representação da relação que Mahito tem com suas raízes familiares e que, inconscientemente, muito influencia o funcionamento de sua mente, mas também a parte mais íntima do ego. Ele (o velho, tio-avô de Mahito) procura um substituto, alguém que ocupe sua posição de mantenedor da ordem daquele universo imaginário e que está a se destruir (universo esse que pode ser interpretado como a antiga cosmovisão de Mahito e que sua consciência, personificada na imagem do próprio garoto ao longo da sua aventura, se nega a conservar). Nesse sentido, também interpreto a figura do tio-avô como um lado perigoso de sua própria personalidade, que busca prender a consciência do protagonista cada vez mais dentro de sua própria mente, o que o faria negar a realidade dos fatos e todas as novas mudanças ao seu redor, podendo tornaná-lo um louco, como a lembrança do próprio velho se cristalizou na memória da família. De um ponto de vista ocidentalizado, o velho poderia até ser interpretado, talvez, como uma herança genética da família de Mahito que provoca uma propensão à loucura, pois dá-se uma ênfase bem forte de que o sucessor tem que ser do mesmo sangue do velho. A própria senhora que tenta conter Mahito de entrar no Castelo afirma que só os membros de sua família (família de Mahito) conseguem ouvir o tal chamado da pedra misteriosa.
E, para não alongar esse relato da minha experiência com a obra, a própria figura de Mahito dentro de sua mente seria uma representação do que definimos como consciente/consciência, resolvendo os problemas desse mundo obscuro que seria seu subconsciente, mundo habitado por traumas, medos, sentimentos, mistérios e memórias afetivas, desafios, etc... A cena que o rei periquito derruba a estrutura em que Mahito está tentando escalar também me parece uma evidência de como tudo se passa na mente do menino, afinal de contas, mesmo após uma queda terrível, cheia de escombros, o garoto sobrevive e continua sua jornada.
É claro que essa é minha interpretação, minha própria "viagem", pois, afinal de contas, tudo com o que temos contato na vida acaba sendo interpretado por nossas mentes de maneira singular e, já que as escolhas feitas para produção do filme sugerem que seus idealizadores queriam mesmo que cada espectador tivesse uma experiência bem singular (como o uso de metáforas, que operam de forma quase nada objetiva, por exemplo), não me senti nada desconfortável em abraçar e compartilhar minha própria interpretação, hehe. Recentemente passei por tormentas e experiências introspectivas bem intensas devido a manifestação da ansiedade em mim. Tenho certeza que isso me sensibilizou demais para absorver e atribuir significados tão detalhistas a cada um dos elementos dessa narrativa. Também perdi meu pai quando ainda criança, como o protagonista perde sua mãe, e reconheço que enchia o saco da minha mãe pra ela não entrar em nenhum novo relacionamento. Quando a garça, tentando capturar Mahito em sua armadilha feita com a ilusão da imagem de sua falecida mãe, fala algo como "ela não está mesmo morta, afinal você nunca a viu morta, correto?" me lembrou que eu também não vi o cadáver de meu pai. Após pensar isso, também lembrei das vezes quando reconheci que algumas paranoias operavam em minha mente (overthinking), o que me parece acontecer quando a falta de evidências na realidade (como chamamos o mundo externo a nossa consciência e que só temos contato através dos nossos sentidos) deixa um vácuo que a consciência tenta preencher com teorias infundadas e, por isso, perigosas. Mahito então se livra da armadilha de sua própria mente, manifestada através da figura da garça traiçoeira, utilizando o mesmo material do que é feita (a pena nº 7 da garça), dominando assim esse seu lado mais sombrio com a sua própria imaginação.
Quem leu até aqui deve ter percebido que assimilei muita coisa a minha própria experiência (ou seja, abracei a minha interpretação da proposta dos criadores), mas tem uma coisa que, na hora que estava assistindo o filme, não concordei muito (mas que agora penso diferente): ao final, a garça diz que para Mahito poder viver no seu mundo real, ele deve esquecer e deixar para trás a lembrança do mundo visitou (sua mente, seu subconsciente). O garoto então mostra que trouxe alguns amuletos, fragmentos daquele mundo (imaginário), consigo. A garça então diz que aquilo não é bom, mas como não são amuletos muito poderosos (e aqui interpreto como lembranças não muito fortes da experiência) não deveria haver problema. Na hora achei que a lição era algo como "para continuar a viver na realidade, você não deve se deixar absorver pelas maquinações interpretativas de sua própria mente" (no caso representadas por todas as metáforas que listei), e rejeitei essa ideia porque não acredito que jamais voltemos a ser exatamente como éramos em algum momento do passado, pois estamos sempre a aprender e a mudar, mas sem nunca perder de fato as lembranças das experiências pelas quais passamos. No entanto, agora lembrando que ele leva os amuletos consigo, interpreto que de fato ele vai sempre carregar algo da jornada que viveu.
Ao refletir sobre a experiência de ver o filme, lembrei de uma fala que ouvi uma vez num evento de História do Oriente. O apresentador falou de como há uma tradição oriental de se elaborar narrativas abusando de metáforas. Sem dúvida isso aparece também na Viagem de Chihiro e em Princesa Mononoke (aposto que aparece também em outros títulos do Miyazaki que ainda não assisti). Comentei algo assim a respeito, aqui no filmow, na caixa de comentários do filme A Viagem de Pi, que também faz largo uso de metáforas. Inclusive, nesse filme há até uma cutucada na vontade ocidental de busca pela "verdade", que é quando o entrevistador pergunta para Pi, já adulto, se há algo de verdade na história que ele contou convivendo com o tigre e os demais animais. Nisso, o protagonista fica com o semblante sério e responde contando uma nova versão da história, sem animais, só com humanos, relatando os episódios super violentos que teriam se sucedido após o naufrágio. Após essa outra versão da narrativa ele questiona o entrevistador dizendo algo como "assim é melhor para você?". Baita patada!
Também poderia se argumentar um pouco sobre uma possível analogia/expressão oriental da relação recíproca entre macro e micro cosmos, mas daí é conversa que exige um boteco hehe.
Nossa, tava com saudades de ver um filme bom de assassino. Recomendo pra quem gosta de uma história e personagens bem construídos. O jeito de filmar e a atenção aos detalhes também achei muito bacana.
A consciência do Wolverine volta de um futuro para a década de 70. Contudo, pra ela ficar lá, ela (sua consciência) precisa ser mantida pela outra mutante no futuro de onde ele veio. Então ele altera este futuro (no qual está sendo mantido) lá no passado de forma que aquela situação que mantinha ele e possibilitava a viagem no tempo não pudesse ter acontecido, mas então, no final do filme ele acorda com essa consciência na escola do Xavier, onde ate então ele vivia uma vida aparentemente normal, supostamente sendo levada pela consciência do Wolverine que ficou no passado. Na melhor das hipóteses, a consciência dele não era pra ter se perdido com o futuro que ele acabou alterando? Ou então, numa solução mais precária, ficado habitando seu corpo no passado?
Andei lendo algumas matérias sobre o filme, mas nenhuma trata disso, por causa dos spoilers talvez, ou porque deveriam estar fazendo marketing do filme, e não criticas em relação ao universo da narrativa. Mas ao que parece, todo filme que trabalha com "time travel" cria paradoxos, uns mais evidentes, outros menos. Até porque como não viajamos no tempo na realidade fica difícil dizer mesmo o que deveria ter acontecido, e então nascem os paradoxos.
Outras questões também me ocorreram, como: A questão da regeneração da consciência do Logan - Se formos admitir isso, então como ele pode ter criado uma personalidade, memórias, emoções acionadas por flashbacks, etc...? Mas nesta questão ainda refleti sobre uma resposta que me satisfez: Dá pra admitir a construção de personalidade e afins pelo mesmo principio do envelhecimento do seu corpo, ou seja, ela seria uma consciência que demora a se construir, como seu corpo demora a envelhecer.
Uma questão posta por uma amiga que também assistiu o filme e que também percebi enquanto via ontem no cinema foi: "Tipo, tudo bem a Mística olhar alguém e reproduzir a aparência. Mas como diabos ela capta informação em detalhe o suficiente para reproduzir a impressão digital?" - Sem contar que mesmo se ela tiver a capacidade de replicar reorganizando as células do corpo, ela teria de criar e eliminar matéria para mudar de tamanho e replicar roupas.
Enfim, são só alguns pontos para quem tiver interesse em criar um debate saudável e fazer jus ao conceito de rede social de filmes, hehe. Abraço
Obs.: Um vídeo pra ilustrar esse post: http://www.youtube.com/watch?v=UDuk0-SXmsM
A Globo pode ser totalmente de extrema direita, tendenciosa, e diabo a quatro, mas sua sessão da tarde cativou o coração de muita gente. Esse filme é a prova disso.
Crystal Fairy e o Cactus Mágico
3.4 59 Assista AgoraMontanha russa de emoções hehe Achei ok. Preferia ter rido mais
Cordeiro
3.3 553 Assista AgoraGostei bastante. Dá pra viajar legal.
E não é que além da filha ser cabra o pai era um "boi"? Kk
Close
4.2 470 Assista AgoraLindo filme! Muito delicado. A atuação das crianças é excelente!
Melancolia
3.8 3,1K Assista AgoraMudaria o nome para "Esperança"
O Menino e a Garça
4.0 215Para mim, foi uma experiência muito especial! Identifiquei-me em muitos aspectos com o protagonista, o que acho que fez muita diferença. Trata-se de um filme que mergulha bastante em metáforas e no conceito de surrealismo, o que não é algo novo nas obras do Miyazaki, aparentemente, mas se comparado a Viagem de Chihiro, por exemplo, o nível de introspecção é bem maior (ou pelo menos o nível de drama, ou os dois, talvez). Gostei muito de ver no cinema.
Interpreto que a experiência de Mahito foi uma viagem para dentro de si, analisando, procurando entender e enfrentando os desafios de sua própria mente, especialmente do subconsciente.
A interpretação que fiz do filme durante sua exibição foi, mais ou menos, a seguinte:
O mundo fantástico que o garoto adentra reside apenas em sua imaginação, em sua mente. O tom surreal surge quando os roteiristas decidem camuflar a separação entre o mundo real, de onde parte o enredo, com o mundo que, segundo minha interpretação, se passa na mente de Mahito, dando a sensação inicial de que esses mundos são um só (o que é desconstruido mais para frente, com a apresentação dos portais para diferentes dimensões, representados pelas portas numeradas). Meu argumento para afirmar que Miyazaki quis propor algo nesse sentido é o de que o garoto teve um primeiro contato com os elementos mais fundamentais do mundo fantástico/imaginário antes de mergulhar nele, ainda no seu mundo real. Quais seriam esses elementos?
- A madrasta (que é também sua tia), cuja semelhança com a falecida mãe de Mahito parece incomoda-lo;
- A garça-real que, num comportamento inesperado, ao voar pela varanda da nova casa do protagonista, ganha atenção especial dele;
- A misteriosa construção erigida ao redor da pedra, notada por Mahito a partir de sua nova casa, e que ele insiste em entrar cada vez mais (no que interpreto como sendo uma insistência do personagem em adentrar seu próprio subconsciente, que está afetado pelo trauma que viveu, pelas brigas na escola e pelas demais mudanças recentes em sua vida, tornando-o assim um ambiente repleto de perigos);
- a senhora que se aproxima dele para protegê-lo e o acompanha em sua jornada (passando a figurar, em determinado momento, com uma aparência mais jovem);
- a figura misteriosa de seu ancestral, com o qual teve conhecimento nos retratos de família;
- os demais animais com que passou a ter contato no novo ambiente, quando passou a residir mais próximo da natureza, e que, em sua imaginação, acabaram ganhando personalidades e formas visuais mais antrópicas.
Tudo isso sem mencionar a memória de sua mãe, que, representada na imagem de uma menina mais jovem, está sempre a protegê-lo. A transformação disso tudo nas formas que adquirem no mundo fantástico seriam frutos da imaginação do garoto.
Ninguém aqui perguntou ou pediu mais sobre minha opinião, hehe, mas aproveitando a escrita, interpretei também que cada uma das personagens no mundo imaginário de Mahito representa, obviamente, um aspecto de sua mentalidade:
- A garça, que inicia o enredo como uma ameaça a integridade do protagonista, representa, ao meu ver, um lado autodestrutivo de sua personalidade (já manifestada pelo episódio de automutilação com a pedra, no retorno da escola), que busca atraí-lo cada vez mais para si, a fim de eliminar sua existência (cujo objetivo final, no mundo real, poderia vir a ser um suicídio);
- A construção que abriga a pedra seria seu próprio subconsciente, repleto de enigmas, perigos e incômodos (como quando diferentes personagens afirmam que a rocha está incomodada com a presença deles), mas também com todos os elementos necessários para a solução de suas tormentas;
- O ancestral, figura misteriosa que, ainda no mundo real, teve contato com a pedra que caiu do céu (evento este que está relacionado com o desaparecimento do próprio velho), poderia ser uma representação da relação que Mahito tem com suas raízes familiares e que, inconscientemente, muito influencia o funcionamento de sua mente, mas também a parte mais íntima do ego. Ele (o velho, tio-avô de Mahito) procura um substituto, alguém que ocupe sua posição de mantenedor da ordem daquele universo imaginário e que está a se destruir (universo esse que pode ser interpretado como a antiga cosmovisão de Mahito e que sua consciência, personificada na imagem do próprio garoto ao longo da sua aventura, se nega a conservar). Nesse sentido, também interpreto a figura do tio-avô como um lado perigoso de sua própria personalidade, que busca prender a consciência do protagonista cada vez mais dentro de sua própria mente, o que o faria negar a realidade dos fatos e todas as novas mudanças ao seu redor, podendo tornaná-lo um louco, como a lembrança do próprio velho se cristalizou na memória da família. De um ponto de vista ocidentalizado, o velho poderia até ser interpretado, talvez, como uma herança genética da família de Mahito que provoca uma propensão à loucura, pois dá-se uma ênfase bem forte de que o sucessor tem que ser do mesmo sangue do velho. A própria senhora que tenta conter Mahito de entrar no Castelo afirma que só os membros de sua família (família de Mahito) conseguem ouvir o tal chamado da pedra misteriosa.
E, para não alongar esse relato da minha experiência com a obra, a própria figura de Mahito dentro de sua mente seria uma representação do que definimos como consciente/consciência, resolvendo os problemas desse mundo obscuro que seria seu subconsciente, mundo habitado por traumas, medos, sentimentos, mistérios e memórias afetivas, desafios, etc... A cena que o rei periquito derruba a estrutura em que Mahito está tentando escalar também me parece uma evidência de como tudo se passa na mente do menino, afinal de contas, mesmo após uma queda terrível, cheia de escombros, o garoto sobrevive e continua sua jornada.
É claro que essa é minha interpretação, minha própria "viagem", pois, afinal de contas, tudo com o que temos contato na vida acaba sendo interpretado por nossas mentes de maneira singular e, já que as escolhas feitas para produção do filme sugerem que seus idealizadores queriam mesmo que cada espectador tivesse uma experiência bem singular (como o uso de metáforas, que operam de forma quase nada objetiva, por exemplo), não me senti nada desconfortável em abraçar e compartilhar minha própria interpretação, hehe. Recentemente passei por tormentas e experiências introspectivas bem intensas devido a manifestação da ansiedade em mim. Tenho certeza que isso me sensibilizou demais para absorver e atribuir significados tão detalhistas a cada um dos elementos dessa narrativa. Também perdi meu pai quando ainda criança, como o protagonista perde sua mãe, e reconheço que enchia o saco da minha mãe pra ela não entrar em nenhum novo relacionamento. Quando a garça, tentando capturar Mahito em sua armadilha feita com a ilusão da imagem de sua falecida mãe, fala algo como "ela não está mesmo morta, afinal você nunca a viu morta, correto?" me lembrou que eu também não vi o cadáver de meu pai. Após pensar isso, também lembrei das vezes quando reconheci que algumas paranoias operavam em minha mente (overthinking), o que me parece acontecer quando a falta de evidências na realidade (como chamamos o mundo externo a nossa consciência e que só temos contato através dos nossos sentidos) deixa um vácuo que a consciência tenta preencher com teorias infundadas e, por isso, perigosas. Mahito então se livra da armadilha de sua própria mente, manifestada através da figura da garça traiçoeira, utilizando o mesmo material do que é feita (a pena nº 7 da garça), dominando assim esse seu lado mais sombrio com a sua própria imaginação.
Quem leu até aqui deve ter percebido que assimilei muita coisa a minha própria experiência (ou seja, abracei a minha interpretação da proposta dos criadores), mas tem uma coisa que, na hora que estava assistindo o filme, não concordei muito (mas que agora penso diferente): ao final, a garça diz que para Mahito poder viver no seu mundo real, ele deve esquecer e deixar para trás a lembrança do mundo visitou (sua mente, seu subconsciente). O garoto então mostra que trouxe alguns amuletos, fragmentos daquele mundo (imaginário), consigo. A garça então diz que aquilo não é bom, mas como não são amuletos muito poderosos (e aqui interpreto como lembranças não muito fortes da experiência) não deveria haver problema. Na hora achei que a lição era algo como "para continuar a viver na realidade, você não deve se deixar absorver pelas maquinações interpretativas de sua própria mente" (no caso representadas por todas as metáforas que listei), e rejeitei essa ideia porque não acredito que jamais voltemos a ser exatamente como éramos em algum momento do passado, pois estamos sempre a aprender e a mudar, mas sem nunca perder de fato as lembranças das experiências pelas quais passamos. No entanto, agora lembrando que ele leva os amuletos consigo, interpreto que de fato ele vai sempre carregar algo da jornada que viveu.
Ao refletir sobre a experiência de ver o filme, lembrei de uma fala que ouvi uma vez num evento de História do Oriente. O apresentador falou de como há uma tradição oriental de se elaborar narrativas abusando de metáforas. Sem dúvida isso aparece também na Viagem de Chihiro e em Princesa Mononoke (aposto que aparece também em outros títulos do Miyazaki que ainda não assisti). Comentei algo assim a respeito, aqui no filmow, na caixa de comentários do filme A Viagem de Pi, que também faz largo uso de metáforas. Inclusive, nesse filme há até uma cutucada na vontade ocidental de busca pela "verdade", que é quando o entrevistador pergunta para Pi, já adulto, se há algo de verdade na história que ele contou convivendo com o tigre e os demais animais. Nisso, o protagonista fica com o semblante sério e responde contando uma nova versão da história, sem animais, só com humanos, relatando os episódios super violentos que teriam se sucedido após o naufrágio. Após essa outra versão da narrativa ele questiona o entrevistador dizendo algo como "assim é melhor para você?". Baita patada!
Também poderia se argumentar um pouco sobre uma possível analogia/expressão oriental da relação recíproca entre macro e micro cosmos, mas daí é conversa que exige um boteco hehe.
O Jardim dos Finzi-Contini
3.9 32Não me prendeu. Ainda prefiro bem mais o Ladrões de Bicicleta, mas a Dominique Sanda estava maravilhosa
O Desconhecido
3.1 66 Assista AgoraQue trampo...
Passei por Aqui
2.9 199 Assista AgoraPesado! Slow burn bem feito, imprevisível. Só não dei 5 estrelas por algumas partes bem específicas, mas no geral é bem bom.
Naquele Fim de Semana
2.8 276 Assista AgoraTraz uma crítica ao machismo e a xenofobia bem construída, mas é tanta revira volta que fica chato em alguns momentos.
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista AgoraEssa parada só não é +18 pq é animação, ctz 🤣
Muito bem feito haha
Força Maior
3.6 241A premissa é legal, mas o desenrolar às fica meio white people problems
O Assassino de Clovehitch
3.2 262 Assista AgoraNossa, tava com saudades de ver um filme bom de assassino. Recomendo pra quem gosta de uma história e personagens bem construídos. O jeito de filmar e a atenção aos detalhes também achei muito bacana.
Marighella
3.9 1,1K Assista AgoraQue filmaço, bicho.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraSacrifício mesmo foi ver isso até o fim.
Enter The Void: Viagem Alucinante
4.0 871Um filme pra ver com toda familia - n
X-Men: Dias de um Futuro Esquecido
4.0 3,7K Assista AgoraAos colegas filmowenses que queiram ter um debate nerd sobre o filme
A consciência do Wolverine volta de um futuro para a década de 70. Contudo, pra ela ficar lá, ela (sua consciência) precisa ser mantida pela outra mutante no futuro de onde ele veio. Então ele altera este futuro (no qual está sendo mantido) lá no passado de forma que aquela situação que mantinha ele e possibilitava a viagem no tempo não pudesse ter acontecido, mas então, no final do filme ele acorda com essa consciência na escola do Xavier, onde ate então ele vivia uma vida aparentemente normal, supostamente sendo levada pela consciência do Wolverine que ficou no passado. Na melhor das hipóteses, a consciência dele não era pra ter se perdido com o futuro que ele acabou alterando? Ou então, numa solução mais precária, ficado habitando seu corpo no passado?
Andei lendo algumas matérias sobre o filme, mas nenhuma trata disso, por causa dos spoilers talvez, ou porque deveriam estar fazendo marketing do filme, e não criticas em relação ao universo da narrativa. Mas ao que parece, todo filme que trabalha com "time travel" cria paradoxos, uns mais evidentes, outros menos. Até porque como não viajamos no tempo na realidade fica difícil dizer mesmo o que deveria ter acontecido, e então nascem os paradoxos.
Outras questões também me ocorreram, como:
A questão da regeneração da consciência do Logan - Se formos admitir isso, então como ele pode ter criado uma personalidade, memórias, emoções acionadas por flashbacks, etc...? Mas nesta questão ainda refleti sobre uma resposta que me satisfez: Dá pra admitir a construção de personalidade e afins pelo mesmo principio do envelhecimento do seu corpo, ou seja, ela seria uma consciência que demora a se construir, como seu corpo demora a envelhecer.
Uma questão posta por uma amiga que também assistiu o filme e que também percebi enquanto via ontem no cinema foi: "Tipo, tudo bem a Mística olhar alguém e reproduzir a aparência. Mas como diabos ela capta informação em detalhe o suficiente para reproduzir a impressão digital?" - Sem contar que mesmo se ela tiver a capacidade de replicar reorganizando as células do corpo, ela teria de criar e eliminar matéria para mudar de tamanho e replicar roupas.
Enfim, são só alguns pontos para quem tiver interesse em criar um debate saudável e fazer jus ao conceito de rede social de filmes, hehe. Abraço
Obs.: Um vídeo pra ilustrar esse post:
http://www.youtube.com/watch?v=UDuk0-SXmsM
Capitão América 2: O Soldado Invernal
4.0 2,6K Assista AgoraLogo percebi que era ficção quando ele botou a Scarlett na friendzone.
Caçadoras de Aventuras
3.2 423A Globo pode ser totalmente de extrema direita, tendenciosa, e diabo a quatro, mas sua sessão da tarde cativou o coração de muita gente. Esse filme é a prova disso.
Homem de Ferro 3
3.5 3,4K Assista AgoraFiquei curioso pra saber a marca da roupa da Peppers que ficou inteirinha depois de cair em um barco em chamas. hauhuahuauuahuhuaa
Argo
3.9 2,5KArgo fuck yourself!
Menina de Ouro
4.2 1,8K Assista AgoraMuitoo lindo filme! (:
Bravura Indômita
3.9 1,4K Assista AgoraAchei realmente muito bom! E realmente queria ver o original. Só pra acrescentar, os personagens ficaram ótimos! (: