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A Bruxa
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Enter the void é uma materialização áudio-visual da natureza mística
presente no próprio Livro Tibetano dos Mortos, que em teoria serve de
guia espiritual para o ser desencarnado em sua jornada holotrópica para
integração com o todo. É interessante enfatizar que tal jornada não esta
diretamente relacionada apenas com a morte material, mas com a dissolução
do ego e dos aspectos puramente racionais que limitam nossa percepção do
todo como parte integral de nossa própria essência.
As peculiaridades cirurgicamente executadas em cada detalhe da experiência
com o DMT, são tão compatíveis com a manifestação inefável dos estágios
pós-morte, que exemplificam com veracidade o poder inerente aos estados
incomuns de consciência.
O processo de compreensão da morte material assim como a assimilação
do personagem do processo imaterial como uma possibilidade de renascimento
exercem caráter essencialmente ritualístico, uma vez que a "luz" que ele
"deve" seguir sempre esta ligada a algum elemento compositivo que
remete a própria realidade, gerando uma relação enigmática entre a
percepção do mundo material em vida e a experiência sensorial no pós-morte.[spoiler][/spoiler]
Últimos recados
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Filmow
O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!
Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)
Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
Boa sorte! :)* Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/
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Lins
Oi
Um salmo obscuro. Um poema negro.
O mal assume a força narrativa de um personagem à parte, onde a angústia e
apreensão gerada no espectador é fruto de sua essência aterradora e não
da sua existência manifestada de forma aparente.
É criada uma ênfase onde a
própria natureza pode ser percebida como algo nocivo a família, sendo esta
abrigo para o ente antagônico e premissa para a fome que os aflinge. Também
vêm da natureza a proposição do mal através de elementos próprios, como o bode
antropomorfo que sugere a personificação do diabo, o ovo quebrado que possivelmente
metaforiza a morte do filho mais novo e a maçã que serve como evidência para feitiçaria,
além de ter uma conotação que refere-se a ideia do pecado. E é justamente de Caleb, que
surgem as ações pecaminosas diante da perspectiva cristã, ao cobiçar sexualmente Thomasin.
Existe uma alegoria narrativa onde nada é apenas o que aparenta ser, trazendo uma
multiplicidade de significados e possíveis associações simbólicas para a história.
Como exemplo, a maçã, que além de ter uma representatividade arquetípica para o
elemento da religião ( como o fruto proibido causador da discórdia; objeto
condiscípulo do demônio na execução de seu plano ), pode ser associado as fábulas
infantis neste contexto onde a bruxa se insere.
A religiosidade dos personagens não tem como ênfase a demonstração da benevolência,
mas paradoxalmente, parece tentar expressar como a faceta oculta do fanatismo religioso
leva os personagens ao excesso, tornando-os impotentes perante a onipotência maligna, além
de expressar com eficácia como a percepção do pecado surge a partir da autodepreciação dos
instintos naturais do homem.
Os enquadramentos dos rostos expressam o estado de espírito de cada personagem;
o bode a observar a família; o bebê e sua despretensão; o pai em sua contingência
fanática; a mãe tomada pela ira tentando asfixiar a filha; Thomasin confrontando
a negatividade que advém da floresta e a mesma entrando em uma espécie de êxtase
tântrico ao participar do Sabbat na catártica cena final. A libertação da
sexualidade feminina e sua exaltação dentro do contexto cristão conservador, são elementos
que reforçam o caráter subversivo do filme, mas também fazem referência as práticas pagãs
ancestrais.
O silêncio é um elemento compositivo inerente a estruturação de algumas
cenas, provocando uma atmosfera soturna e dando veracidade a natureza macabra
de alguns acontecimentos, bem como a trilha sonora que evoca o misticismo
nefasto da trama.
Inúmeras são as possíveis referências ao mito da bruxa, contudo, o contexto satânico
implícito à perspectiva explorada traz à tona a materialização de um mal genuíno,
outrora representado historicamente como fruto da ignorância dicotômica subentendida
pelo fanatismo religioso cristão da época.
A Bruxa é um filme psicológico, com uma atmosfera tensa, repleto de simbolismos
e associações ocultistas imperceptíveis aos olhos de quem busca um entretenimento fácil,
o que confere a esta obra um distanciamento dos padrões fílmicos atuais.