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Curitiba - (BRA)
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" E se és assim, oh mito, porque não serão os outros assim? "

Últimas opiniões enviadas

  • Felipe Froeder

    Um salmo obscuro. Um poema negro.

    O mal assume a força narrativa de um personagem à parte, onde a angústia e
    apreensão gerada no espectador é fruto de sua essência aterradora e não
    da sua existência manifestada de forma aparente.

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    É criada uma ênfase onde a
    própria natureza pode ser percebida como algo nocivo a família, sendo esta
    abrigo para o ente antagônico e premissa para a fome que os aflinge. Também
    vêm da natureza a proposição do mal através de elementos próprios, como o bode
    antropomorfo que sugere a personificação do diabo, o ovo quebrado que possivelmente
    metaforiza a morte do filho mais novo e a maçã que serve como evidência para feitiçaria,
    além de ter uma conotação que refere-se a ideia do pecado. E é justamente de Caleb, que
    surgem as ações pecaminosas diante da perspectiva cristã, ao cobiçar sexualmente Thomasin.

    Existe uma alegoria narrativa onde nada é apenas o que aparenta ser, trazendo uma
    multiplicidade de significados e possíveis associações simbólicas para a história.

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    Como exemplo, a maçã, que além de ter uma representatividade arquetípica para o
    elemento da religião ( como o fruto proibido causador da discórdia; objeto
    condiscípulo do demônio na execução de seu plano ), pode ser associado as fábulas
    infantis neste contexto onde a bruxa se insere.

    A religiosidade dos personagens não tem como ênfase a demonstração da benevolência,
    mas paradoxalmente, parece tentar expressar como a faceta oculta do fanatismo religioso
    leva os personagens ao excesso, tornando-os impotentes perante a onipotência maligna, além
    de expressar com eficácia como a percepção do pecado surge a partir da autodepreciação dos
    instintos naturais do homem.

    Os enquadramentos dos rostos expressam o estado de espírito de cada personagem;

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    o bode a observar a família; o bebê e sua despretensão; o pai em sua contingência
    fanática; a mãe tomada pela ira tentando asfixiar a filha; Thomasin confrontando
    a negatividade que advém da floresta e a mesma entrando em uma espécie de êxtase
    tântrico ao participar do Sabbat na catártica cena final. A libertação da
    sexualidade feminina e sua exaltação dentro do contexto cristão conservador, são elementos
    que reforçam o caráter subversivo do filme, mas também fazem referência as práticas pagãs
    ancestrais.

    O silêncio é um elemento compositivo inerente a estruturação de algumas
    cenas, provocando uma atmosfera soturna e dando veracidade a natureza macabra
    de alguns acontecimentos, bem como a trilha sonora que evoca o misticismo
    nefasto da trama.

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    Inúmeras são as possíveis referências ao mito da bruxa, contudo, o contexto satânico
    implícito à perspectiva explorada traz à tona a materialização de um mal genuíno,
    outrora representado historicamente como fruto da ignorância dicotômica subentendida
    pelo fanatismo religioso cristão da época.

    A Bruxa é um filme psicológico, com uma atmosfera tensa, repleto de simbolismos
    e associações ocultistas imperceptíveis aos olhos de quem busca um entretenimento fácil,
    o que confere a esta obra um distanciamento dos padrões fílmicos atuais.

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  • Felipe Froeder

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    Enter the void é uma materialização áudio-visual da natureza mística
    presente no próprio Livro Tibetano dos Mortos, que em teoria serve de
    guia espiritual para o ser desencarnado em sua jornada holotrópica para
    integração com o todo. É interessante enfatizar que tal jornada não esta
    diretamente relacionada apenas com a morte material, mas com a dissolução
    do ego e dos aspectos puramente racionais que limitam nossa percepção do
    todo como parte integral de nossa própria essência.
    As peculiaridades cirurgicamente executadas em cada detalhe da experiência
    com o DMT, são tão compatíveis com a manifestação inefável dos estágios
    pós-morte, que exemplificam com veracidade o poder inerente aos estados
    incomuns de consciência.
    O processo de compreensão da morte material assim como a assimilação
    do personagem do processo imaterial como uma possibilidade de renascimento
    exercem caráter essencialmente ritualístico, uma vez que a "luz" que ele
    "deve" seguir sempre esta ligada a algum elemento compositivo que
    remete a própria realidade, gerando uma relação enigmática entre a
    percepção do mundo material em vida e a experiência sensorial no pós-morte.

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