Existem traduções de títulos de filmes que nos dão a certeza de que o tradutor não assistiu ao filme, e nem sabe do que se trata, pois contrariam a lógica sobre o tema real da obra. “Não Olhe para Trás” é um desses casos, pois a trama é justamente sobre a viagem ao passado de Danny Collins (título original) em busca de remissão aos erros cometidos; então o título correto no Brasil poderia ser “Olhe para Trás” ou ainda como foi lançado em Portugal : “Nunca é Tarde”, que seria muito mais apropriado. Mas enfim, “Danny Collins” tinha tudo para ser um excelente filme, pois além de um ótimo elenco, liderado por ninguém menos que Al Pacino, possui uma trilha sonora com grandes sucessos de John Lennon e uma boa fotografia. O que faltou então? Se você pensou em roteiro, acertou. Isso causa estranheza visto que o roteirista Dan Fogelman está estreando na direção e não na escrita...
O argumento é muito interessante, pois foi baseado na história real de um jovem músico que, após dar uma entrevista em uma rádio, recebeu uma carta do próprio punho de Lennon, onde o líder da banda “The Beatles” aconselhava o rapaz quanto aos rumos de sua carreira, entretanto a carta acabou perdida e entregue ao destinatário somente... 40 anos depois. Claro que os conselhos chegaram tarde demais, e o jovem cantor jamais conversou com Lennon, visto que o astro inglês já estava morto.
No filme, Danny Collins (Pacino) é um astro de rock já veterano, que sobrevive fazendo turnês e sendo obrigado a cantar seus velhos sucessos, pois seu público é formado por senhoras idosas e outros fãs que acompanham-no desde o início de sua carreira. Entretanto seu amigo e empresário (Plummer) acaba resgatando uma carta de Lennon (dirigida a Collins) das mãos de um colecionador; e entregando para o cantor na data de seu aniversário. Ao receber o documento, depois de tantos anos, Danny resolve dar uma guinada em sua vida. Para isso ele promete parar de usar drogas, cantar músicas antigas (quer retomar sua carreira de compositor) e parte para uma cidade onde pretende conhecer e ajudar um filho a quem jamais reconheceu como tal. Lá ele se instala no Hotel Hilton, onde conhece a gerente (Annette Bening) com quem começa a flertar, ao mesmo tempo em que tenta se reaproximar do filho. Entretanto o filho(Cannavale) não o aceita como pai e nega-se a aceitar sua ajuda, no que Danny precisará da nora (Jennifer Garner) e da pequena neta, que possui déficit de atenção.
“Não Olhe para Trás” possui todas as características de uma daqueles dramalhões feitos exclusivamente para fazer as pessoas verter lágrimas copiosamente, mas nem nesse quesito ele consegue funcionar bem. O roteiro é capenga, os diálogos carecem de criatividade ( as palavras ou são muito óbvias ou ficam mal colocadas) e isso acaba prejudicando as atuações e a credibilidade dos personagens. Além disso, o filme coleciona algumas situações inusitadas e ridículas, que beiram o risível de tão forçadas. É uma pena, pois como fã de Pacino e Lennon, eu esperava um grande filme...
É uma pena, mas o último filme do saudoso Philip Seymour Hoffman decepciona. O ritmo é lento e a boa trama é mal conduzida, prejudicando demais o resultado desse filme, que é baseado em um livro de John Le Carré. É a história de um imigrante ilegal que entra na Alemanha sob a suspeita de ser um terrorista. Ele é filho de pai islâmico e mãe chechena e passa a ser vigiado por um grupo de espiões liderados pelo personagem de Hoffman, um espião mal visto pela polícia local, por ter supostamente falhado em outra missão. O imigrante é auxiliado por uma advogada (McAdams) na tentativa de receber a herança de seu pai, depositada anos antes em um banco de Hamburgo que agora é dirigido pelo personagem de Willem Dafoe. O ótimo Daniel Bruhl (de Adeus Lênin e Rush - No Limite) é esquecido em cena, e faz apenas um papel de figurante. Robin Wright faz o papel de uma espiã norte-americana que, aparentemente, tenta ajudar o espião alemão a descobrir as reais intenções do imigrante no país. Uma história intrincada e cheia de reviravoltas que tropeça na falta de ritmo imposta pelo diretor. O grande destaque é Hoffman, que conduz o filme praticamente sozinho.
O ideal mesmo é assistir “Sob a Pele” sem ter lido absolutamente nada sobre o filme, nem mesmo a sinopse de capa do DVD, pois a obra é uma viagem instigante sem qualquer compromisso com o trivial, e qualquer prévio conhecimento sobre a trama atrapalha o espetáculo. As revelações sobre a história e o objetivo dos personagens vêm em conta-gotas, lentamente, e não obedecem a qualquer ordem temporal. Scarlett Johansson é o grande trunfo da obra, fazendo o papel de uma sedutora mulher que encaminha os homens para a morte. Uma femme fatale (ou seria uma viúva negra? em alusão à sua personagem de “Os Vingadores”...) fria e calculista, que leva suas vítimas a serem literalmente tragadas pelo desejo. A fotografia é um exercício estético totalmente surreal, alucinógeno e surpreendente. É um filme para “iniciados”, que curtam histórias horripilantes e, ao mesmo tempo, nem um pouco convencionais. Se não é esse seu estilo, fique longe!
Assim como “Chinatown”, este filme foi classificado como neo-noir e é, ao lado do filme de Polanski, um dos melhores dos anos 1970. Um detetive particular (Gene Hackman) é contratado por uma mulher rica (Jane Ward) para localizar sua filha (a estreante Melanie Griffith, na época com 18 anos), uma adolescente de 16 anos que pula na cama de todos os homens que conhece que sumira de casa. Ele encontra a menina em companhia do ex padrasto que vive em Miami com uma tratadora de golfinhos. Ao contrário dos grandes detetives do cinema, como Sam Spade e Philip Marlowe, o personagem de Hackman é um tonto que não percebe a traição da própria esposa (Susan Clark) e é enganado facilmente pelas personagens femininas da história. Ao encontrarem um avião naufragado, e dentro dele o corpo de um homem, os personagens se envolvem em uma história de contrabando, que envolve um estranho ídolo roubado (talvez uma homenagem de Penn ao filme Relíquia Macabra). Arthur Penn investiu no humanismo e a trama intrincada valoriza essas pessoas, tão perdidas em seus vazios existenciais quanto estavam os EUA na época do filme. Há claras referências à pedofilia e ao escapismo sexual tão exaltado naquela época. Boas cenas de ação e surpresas marcantes pontuam esse belo exemplar do cinema setentista norte-americano. Imperdível!
Na onda de filmes que traçam dias não muito felizes para os terráqueos, este tinha um bom argumento e uma grande expectativa a seu redor. Afinal a guerra entre o homem e o computador teria um vencedor? O filme traça uma longa série de explicações sobre neurociência, nanotecnologia, regeneração de células, etc. mas não consegue sair da própria rede que cria, se enredando no próprio enredo. Além disso possui parcos efeitos especiais para um espécime do gênero Sci-Fi e o bom elenco está muito mal em cena. Depp está péssimo no papel do cientista apaixonado pela esposa e pela ciência, e Freeman apenas visitou o set de filmagens. Somente Paul Bettany se salva no elenco, como um narrador da trama que nunca revela o amor que nutre pela esposa do amigo (Rebecca Hall). Não vale o tempo perdido.
"Símbolo solar, a aranha é um animal predador, e por isso, muitas vezes simboliza o perigo. Considerada a grande mãe, a criadora cósmica e a senhora e tecelã do destino, a aranha é dedicada à fiação e à tecelagem, representando assim, um símbolo da divindade interior bem como do narcisismo; pois, por outro lado, contém em seu símbolo, a obsessão pelo centro, como acontece na simbologia da teia que tece. Nesse ínterim, na psicanálise, a aranha que no centro absorve grande introspecção, simboliza o ser narcisista." Copiei essa definição, porque sem ela é pouco provável que alguém entenda o filme de Denis Villeneuve (Incêndios, Os Suspeitos) que é um prato cheio de simbologia e escapismo. Em "O Homem Duplicado", adaptação livre de um romance de José Saramago, um jovem professor de História (Jake Gyllemhaal, em grande atuação) descobre, ao assistir um filme em DVD, um sósia entre os atores, mas ao contrário dele que leva uma existência vazia, o outro, apesar de casado vive intensamente. O professor fica totalmente obcecado pela sua cópia , e passa a persegui-lo. Com isso descobre que sua esposa está grávida. A aranha da citação inicial é utilizada o tempo todo no filme e irá designar o destino e a história do personagem. Uma obra impactante, chocante, reveladora... Mais um grande filme desse cineasta que vem se revelando um dos melhores dos últimos tempos. Filmaço!!!!
No Japão feudal, as mulheres que cometessem traição contra seus maridos eram crucificadas juntamente com seus amantes. Por outro lado, se os homens traíssem suas esposas, nada acontecia, e essa situação era bem tolerada pela sociedade. É nesse cenário, nem tão desatualizado assim, que um jovem se apaixona pela esposa do patrão, mas mantem esse amor oculto. Porém o irmão da mulher se mete em dificuldades financeiras, e pede auxílio à irmã. Ela, sem coragem de pedir ajuda ao marido avarento, conta ao empregado que precisa do dinheiro e ele se dispõe a ajuda-la, mas sem revelar sua paixão. Enquanto isso, o patrão, homem respeitado e digno, comete adultério regularmente com uma jovem empregada. Ao descobrir a traição do marido, a mulher tenta flagrá-lo, mas a situação se inverte, e ela é pega no quarto da empregada juntamente com o empregado apaixonado. Mesmo sendo inocentes, os dois fogem para evitar a morte na cruz. Na fuga eles precisam decidir entre o suicídio e o amor, e acabam concretizando a traição. Neste filme Mizoguchi faz uma crítica mordaz aos costumes e padrões morais de seu país e à sociedade machista. Além disso, usando o universo corporativo como pano de fundo, ele mostra empregados que buscam promoções a qualquer custo, fofoqueiros e aduladores de plantão, políticos pedindo e prometendo favores, e outros vícios que, se compararmos com os tempos atuais, demostram o quão pouco evoluiu a humanidade. A fotografia é de tirar o fôlego, e a trilha sonora medieval dá um tom de suspense à trama. As cenas finais são de pura poesia, uma verdadeira celebração à vida e ao amor. Uma verdadeira obra-prima!
“Questão de Tempo “ (About Time, 2013) é um daqueles filmes que ficamos meio temerosos de assistir. Principalmente depois da avalanche de besteiróis pseudo românticos que o Sr. Nicholas Sparks, e outros roteiristas e escritores, fizeram o desfavor de nos proporcionar, mas que acaba sendo um bom programa. Embora não seja um expert na direção, Donald Curtis tem bons trabalhos em sua ficha: escreveu “Um Lugar Chamado Nothing Hill” e ainda co-roteirizou “Cavalo de Guerra” e “O Diário de Bridget Jones”, por exemplo. Em “About Time” (o título original é bem mais apropriado ao tema e à mensagem do filme) Curtis segue uma linha “Estilo Frank Capra”, para contar a fábula otimista de um jovem (Domhnall Gleeson) que, assim como os outros homens de sua família, possui a estranha habilidade de viajar no tempo. Para isso, basta ele se encerrar em um armário, banheiro ou outro lugar escuro, cerrar os punhos e olhos, e pensar bem forte na hora e lugar em que quer estar. Algumas regrinhas devem ser seguidas, e elas são transmitidas pelo seu pai (Bil Nighy): ele só pode voltar no tempo (não pode ir para o futuro) e estar em locais em já esteve, podendo modificar situações de sua vida. Tem outra regra que o jovem só descobre depois que casa e tem filhos, que acaba se tornando fundamental na trama. A produção conseguiu deixar Rachel McAdams feinha, sem usar os artifícios da maquiagem (bastou uma franjinha ridícula), o que torna mais fácil acreditarmos no seu romance com o ruivão Gleeson. Filmes com a temática “viagens no tempo” sempre apresentam sérios riscos de deixar “furos” nos roteiros, mas Curtis se sai muito bem e faz uma história criativa e enxuta, que mostra a beleza de se “viver um dia de cada vez”. Frases como: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” ou “Viva cada dia como se fosse o último” estão presentes nas entrelinhas da obra de Curtis. Um filme emocionante que vale a pena ser conferido, e “colocado em prática”.
“Jogos Vorazes: Em Chamas” (The Hunger Games: Catching Fire, 2013) foi conduzido como uma simples conexão entre o primeiro filme e os outros dois da tetralogia, já que o terceiro livro será dividido em duas partes no cinema. Isso faz com que falte solidez e independência narrativa ao roteiro. Ao contrário de Jogos Vorazes 1, onde a personagem de Jennifer Lawrence possuía uma forte motivação para entrar nos jogos, já que disso dependia a vida de sua irmã caçula, aqui a história fica vazia. O triângulo amoroso do qual Katniss participa, não convence como história de amor e nem como aventura, e a trama do filme não consegue envolver o espectador. Donald Shuterland também parece indeciso, pois, ao mesmo tempo em que promove um casamento ao melhor estilo “Big Brother Brasil”, para “queimar” a imagem de Katniss, e abafar uma provável rebelião; lança os “Jogos Quaternários” que é mais uma chance de promover a imagem da heroína. Ele foi, para dizer o mínimo, contraditório e mau estrategista. A atuação de Lawrence também não é tão boa como no primeiro filme, parece um pouco deslocada no papel e exagera na atuação em determinados momentos. Um filme chatinho, que espero que seja salvo pelo restante da saga. Quem ainda não assistiu, é melhor aguardar pelos outros e assistir todos na sequência, pode ser que assim ele funcione, pois visto isoladamente “Jogos Vorazes – Em Chamas” é apenas uma história sem princípio nem fim
Só Você (Only You, 1994) Confesso que, entre meus defeitos cinéfilos, tenho uma “certa atração” por comédias românticas. Não sei se a culpa é de Frank Capra, Billy Wilder ou John Hughes, mas por mais previsíveis que essas histórias sejam, e apesar de seus inúmeros clichês, eu gosto e pronto. Ao ver este filme do Norman Jewison, consagrado por filmes como “No Calor da Noite”, “Um Violinista no Telhado”, “Jesus Cristo Superstar”, entre tantos outros sucessos, disponível no Netflix, estranhei por ainda não tê-lo assistido e fui em frente. “Só Você” também faz o “estilo cinderela”, mas neste caso ela (Marisa Tomei) não espera seu príncipe encantado (Robert Downey Jr.), mas vai atrás dele em outro continente, disposta a tudo para conquistá-lo. Claro que o tal príncipe é um fiasco, um verdadeiro fanfarrão, como não poderia deixar de ser...O que dá certa graça ao filme. Mas tem belas imagens de Veneza, trilha sonora sentimental e um bom par central. Faz ainda uma bela homenagem a “A Princesa e o Plebeu” (aquele filme com o Gregory Peck e a Audrey Hepburn). Claro que Downey Jr não é Peck e nem Tomei é a Hepburn, mas o filme diverte pelas reviravoltas e pelas atuações competentes. Recomendo só para quem ainda acredita no amor e no destino. Previsível, mas descontraído. Uma boa sessão da tarde.
"Dentro da Casa" (Dans La Maison, 2012) é um deleite de voyerismo. Em tempos de reality shows e programas do gênero, o diretor francês François Ozon fez uma pequena obra-prima que parodia esse gênero tão popular. Um aluno "penetra" na casa da família de um amigo, e começa a narrar os dramas dessas pessoas em forma de romance, nas redações que entrega ao seu professor de literatura. O professor vai ficando mais intrigado com as histórias, e se transforma em uma espécie de tutor literário do adolescente de 16 anos. As situações são cômicas, mas ao mesmo tempo dramáticas. Um filme que, se fosse americano, poderia ter sido dirigido por Woody Allen. Saboroso e com um final surpreendente. Recomendadíssimo.
“As Vantagens de Ser Invisível” (The Perks of Being a Wallflower”, 2012) é um filme adolescente feito para públicos de todas as idades. Ao contrário da grande maioria de filmes teen que rodam por aí, mostrando somente a necessidade de transar e se dar bem dos jovens, este pisa fundo em feridas e traumas de infância. O elenco é muito bom. Emma Watson parece estar conseguindo, aos poucos, se livrar do estigma de “Hermione Granger” e Ezra Miller (Precisamos Falar sobre Kevin) é o grande destaque do filme, mostrando que ainda tem muito talento para revelar. Charlie (Logan Lerman, protagonista da série Percy Jackson) é um rapaz problemático, que já esteve internado por problemas psicológicos e por estar traumatizado com a morte recente de um amigo. Na escola ele sofre bullying dos colegas e encontra conforto na amizade dos meio-irmãos Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), dois excluídos por natureza. Seu amor platônico pela amiga Sam vai tomando forma, ao mesmo tempo em que ele entra em seu mundo de descobertas: as festas, as drogas, o sexo, as dúvidas e incertezas da adolescência. Miller rouba a cena como o irmão gay de Sam, e suas cenas imitando Tim Curry em “Rocky Horror Picture Show” são impagáveis. O filme tem uma ótima trilha sonora conduzida por “Heroes” de David Bowie, e ainda apresenta L7, The Smiths, Sonic Youth, New Order, Love and Rockets, entre outros. Muito bom!
“Perigosas” é o que se pode chamar de trash mesmo. O filme se situa em um gênero desconhecido que mistura pornô soft, lesbianismo, violência tarantinesca e sadomasoquismo. As “atrizes” são muito bonitas, embora não saibam atuar. E alternam cenas em que exibem rostos, peitos e bundas em profusão, tudo em stop motion, jogando os cabelos para trás ou fazendo boquinhas sensuais sob o som de hard rock. Depois elas matam alguém, choram um pouquinho e , logo depois, jogam água umas nas outras, para brincarem de “blusa molhada”. A trama é um pouco complexa, usando flashbacks que começam com minutos, horas, dias e até semanas atrás, para mostrar o que três mulheres lindas fazem com um prisioneiro no porta-malas em pleno deserto. Mas o que menos importa é a história. Afinal é um filme para quem gosta de ver mulheres brigando, batendo em homens, transando entre si e/ou até mordendo o sexo das outras (mas nada explícito). É quase um remake mais apimentado de Faster, Pussycat! Kill! Kill! de 1965 (até o golpe de judô do original é imitado na íntegra). Como o lesbianismo está presente em cada cena, tem a presença de Xena, A Princesa Guerreira (Lucy Lawless) e Gabriele (Renee O’Connor) no elenco, talvez como homenagens às rainhas do gênero; e até Kevin Sorbo (Hércules) dá as caras como um dos vilões. O filme é tão ruim que se torna bom, ou melhor, divertido. Acredito que Quentin Tarantino e Robert Rodriguez tenham adorado. Sexo e violência ao extremo!
Falar da genialidade de Nicholas Ray é chover no molhado... “Amarga Esperança” (1949) foi um de seus primeiros filmes, mas nele o diretor já demonstrava sua preocupação com as pessoas que se perdem diante do vazio existencial. A história do jovem casal (Farley Granger e Cathy O’Donnell) que sonha com uma vida melhor, já prenunciava a obra mais conhecida de Ray, que viria a se chamar “Juventude Transviada”. Além disso serviu de inspiração para Arthur Penn dirigir “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas”. Obrigatório.
Até hoje não sei em que momento “Jumanji” perdeu seu encanto, mas desconfio que foi no instante exato em que Robin Williams se transformou em um chato, e Kirsten Dunst se preparava para ser algo semelhante... É chato se transformar de uma jovem promesa em uma chatinha..... Os efeitos especiais, que encantavam em tempos de Jurassic Park, também ficaram datados... E hoje, com a HD, em que assisti, se tornaram ridiculos.... Uma pena, pois eu curtia esse filme na época. “Já foi” uma boa sessão da tarde. Tsc, tsc, tsc....
É chato ter que admitir, mas Ashton Kutcher encarnou o fundador da Apple no filme “Jobs”. O mundo corporativo está muito bem retratado, com direito aos ataques megalomaníacos de Jobs e muitas “puxadas de tapete” características da selva empresarial. O filme ainda tem um bom elenco de apoio e uma trilha sonora arrasadora, que inclui Bob Dylan e Cat Stevens. Vale a pena assistir!
É uma pena, mas a adaptação da obra de Érico Veríssimo para as telonas é bem chatinha... Os recursos televisivos do diretor Jaime Bonjardim todo mundo já conhece da novela “O Pantanal” e da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”: muitas paisagens e trilha sonora arrebatadora. No filme a fórmula segue a mesma: o sol se põe e nasce a todo instante na beleza do pampa gaúcho, bandos de quero-quero passeiam no céu e riachos cortam as planícies ao som de muita música. Thiago Lacerda é o mesmo personagem Garibaldi da série, só trocou o sotaque italiano pelo gaúcho, pra interpretar Rodrigo Cambará. Mas sua atuação não é ruim, graças ao carisma do ator. Justamente o que falta à atriz que interpreta Bibiana jovem. O ator que interpreta Bento Amaral, deve ter a metade da altura do Thiago Lacerda, o que deixa o filme parecendo um remake Davi e Golias na cena do duelo. Fernanda Montenegro (Bibiana velha) é a narradora da saga, que deveria envolver 150 anos de história do Rio Grande do Sul, mas que se resume a contar seu amor pelo Capitão Rodrigo (qualquer semelhança com Camila Morgado, que também foi a narradora na minissérie “A Casa das Sete Mulheres”, não é mera coincidência) e alguns trechos do surgimento de sua família. Personagens entram e saem de cena com poucas explicações sobre seu papel na história,na política gaúcha ou no amor de Bibiana. Todos nós sabíamos que resumir a saga de Veríssimo em duas horas de projeção era uma tarefa impossível, mas o filme poderia ser menos artificial. Talvez a minissérie, que deverá ser lançada com outra parte do material filmado, corrija alguns erros, embora nem todos sejam passíveis de correção. É esperar pra ver... Enquanto isso... fiquem com os livros!
Na Inglaterra de 1950, Vera Drake é uma senhorinha simpática, dedicada à família e que gosta muito de ajudar as pessoas. Trabalha de faxineira em algumas residências e, nas horas vagas, ajuda mulheres, que engravidaram indesejavelmente, na prática do aborto induzido. Tudo é muito simples: Vera ( Imelda Staunton em papel memorável, que lhe valeu a indicação ao Oscar) usa um ralador de queijo pra despedaçar sabão, umas gotinhas de desinfetante, uma bacia com água e uma bombinha, com a qual injeta o líquido no útero das grávidas. “Você vai sentir uma dor lá embaixo e depois vai sangrar” diz ela às suas pacientes, com a maior naturalidade e inocência do mundo. Quando uma de suas pacientes passa mal e é hospitalizada, a polícia entra na história, e o mundo de Vera Drake começa a ruir. Hostilizada pela família e pelos amigos, a mulher parece não entender o que fez de errado, além de ajudar as pessoas a se livrar de problemas indesejados. O conflito ético fica latente, mas o filme não se posiciona a favor ou contra o aborto e, em alguns momentos, parece apostar na hipocrisia da sociedade, que prega uma moral inexistente. Muito bom!
“Os Inocentes” (1961) também poderia se chamar “Quando A Noviça Rebelde encontra Os Outros”. Uma governanta (Debora Kerr em ótima atuação) é contratada para cuidar de um casal de órfãos em uma mansão isolada na paisagem britânica. O tio das crianças, que a contratou, só faz uma exigência: não incomodá-lo em hipótese alguma. E lhe dá autonomia para resolver qualquer situação. Entretanto, ao tomar contato com as crianças e com os outros empregados da casa, a governanta percebe que ali existe um mistério que envolve as crianças e um casal de empregados que morrera no local. Tendo uma forte formação religiosa, a mulher, mesmo com medo, resolve tentar salvar as crianças da influência malévola dos espíritos. Alternando cenas de pouca luz, onde os olhos de Kerr estão sempre procurando “as aberrações fantasmagóricas”, como ela chama; à belíssimas tomadas externas, onde os fantasmas aparecem sem o menor pudor, o diretor Jack Clayton (O Grande Gatsby, 1974) nos deixa sempre na dúvida, se as criaturas realmente existem ou são frutos da imaginação da mulher. Aterrorizante!
Quando resolveu filmar “Obsessão” (1998) , Steven Soderbergh sabia dos riscos que estava correndo, mas já tinha fama suficiente no mercado cinematográfico para fazê-lo, pois já havia vencido Cannes e sido indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar com seu filme de estreia (Sexo, Mentiras e Vídeotape). O filme é quase um remake de “Baixeza” de 1949, que foi estrelado por Burt Lancaster, mas tem vida própria, pois o diretor acrescentou “sua assinatura” à história. Desenvolvido em uma atmosfera “noir”, onde o preto e o branco são substituídos por cores fortes, como o vermelho e o verde, por exemplo, “Obsessão” possui uma narrativa não linear, sendo que a ação se passa em três momentos diferentes da vida do personagem (uma atual e duas em flash-back), para depois se resumir à duas e finalmente a uma: o momento atual. Peter Gallagher (que já havia trabalhado com o diretor em Sexo, Mentiras...) interpreta um homem que retorna à cidade natal depois de ter fugido por conta de dívidas no jogo. Ao tentar reconquistar a ex-namorada, que abandonara na fuga, ele descobre que ela namora um gângster, e acaba se envolvendo em um perigoso triângulo amoroso. O filme é denso, um pouco lento às vezes, devido ao tom intimista que Soderbergh impõe ao personagem. O diretor também usa e abusa do contra-plongée ( contra-mergulho, filmagem de baixo para cima), principalmente na cena em que Gallagher está hospitalizado e imobilizado, mostrando sua fragilidade diante dos demais personagens do filme. O final também não segue as linhas tradicionais de desfecho, o que não deve ter contentado público e crítica na época de seu lançamento, mas isso é só mais um detalhe: o que fica mesmo é a identidade do autor, em cada cena da obra. Vale a pena ser redescoberto!
O diretor Brad Anderson tem um bom tino para dirigir filmes de ação. São dele o ótimo “Expresso Transiberiano” (2008) e o bom “O Operário”(2003). Em “Chamada de Emergência”, Anderson também mantém um ritmo alucinante na história, mantendo-nos grudados na poltrona durante o filme. A trama gira em torno da “Colméia”, central de atendimento de emergência da polícia, que nos EUA atende pelo número 911; onde uma atendente (Halle Berry, apenas mediana) se sente culpada por um assassinato em que retornou a ligação para a vítima, o que foi determinante na ocorrência do crime em questão. Traumatizada, ela agora orienta novos atendentes no setor, até receber uma ligação do mesmo assassino e terá que evitar uma segunda vítima. A personagem de Berry, mais uma vez, incorre no erro de se envolver emocionalmente com a vítima, atitude que ela própria recomenda que os novatos não adotem. A motivação do assassino não fica clara em nenhum momento, e o filme cai na velha armadilha de virar uma história de vingança. Uma pena, pois o ritmo é ágil e o filme merecia um desfecho melhor.
Tudo bem que filme de terror não é meu forte, mas de vez em quando eu “arrisco” assistir algo do gênero. No caso de “O Despertar”, acho que o que me atraiu foi a presença de Rebecca Hall (Homem de Ferro 3, Vicky Cristina Barcelona, Atração Perigosa) que possui um rosto singular (mistura de garota sapeca, assustada, mas determinada) e uma beleza exótica. E realmente ela não decepciona, convence tanto no papel da cética e desmistificadora “caçadora de fantasmas” do início do filme , como no de vítima dos fantasmas do seu passado, que surge no decorrer da trama. O filme vai parecer com outros do mesmo estilo, utilizar-se de clichês do gênero, etc. etc. Mas rende alguns sustos e consegue manter a atenção do espectador. Bom filme!
"A Fronteira da Violência” trata do assunto: o Homem contra o Sistema. Jack Nicholson vive um policial transferido para a fronteira EUA/México(The Border do título original) após a insistência da esposa (uma gastadora compulsiva). Ao chegar o local, o policial encontra colegas corruptos (Harvey Keitel, Oarren Woates, impagáveis), que facilitam a vida de quadrilhas encarregadas de manter a imigração legal dos mexicanos. Entre os interessados, há empresários querendo mão-de-obra barata, agentes de prostituição, traficantes de drogas e vendedores de bebês. Diante dos gastos excessivos da mulher, Charlie Smith (Nicholson), inicialmente, aceita participar do esquema, sem perceber que envolve assassinatos e tráfico de crianças. Depois ele se comove com a história de uma família mexicana que tenta cruzar a fronteira do Rio Grande; e cuja mãe tem o filho raptado pelos criminosos e percebe na sujeira em que está metido. Agora é ele contra todos... O diretor Tony Richardson dirigiu bons filmes nos anos 60 e 70, tendo conduzido vários astros da frente e de trás das câmeras (Orson Welles, Richard Burton, Lawrence Olivier, Anthony Hopkins) mas teve uma carreira decadente nos anos 80 e 90. Neste filme, com bela trilha sonora, a direção não se destaca, mas o time de atores é de primeiro nível. Vale a pena conferir!
Xeque – Mate parece uma atualização da famosa história de Cinderela. Sandrine Bonnaire interpreta uma faxineira que, repentinamente, descobre uma paixão inexplicável pelo Jogo de Xadrez. Contrariando o marido e a filha, ela se joga de corpo e alma ao novo hobby, contando com a ajuda de seu rabugento patrão (Kevin Kline). O filme é leve e despretensioso, e trata de maneira velada de preconceito sexual e profissional. O mundo do Xadrez, que é apresentado para ela, é predominantemente masculino, e a sua profissão é quase um empecilho à sua participação em torneios. As atuações de Sandrine e Kevin seguram o filme que tem uma belíssima fotografia e ótimas externas, todas filmadas na Ilha de Córsega. Bom filme!
Não Olhe Para Trás
3.7 207 Assista AgoraExistem traduções de títulos de filmes que nos dão a certeza de que o tradutor não assistiu ao filme, e nem sabe do que se trata, pois contrariam a lógica sobre o tema real da obra. “Não Olhe para Trás” é um desses casos, pois a trama é justamente sobre a viagem ao passado de Danny Collins (título original) em busca de remissão aos erros cometidos; então o título correto no Brasil poderia ser “Olhe para Trás” ou ainda como foi lançado em Portugal : “Nunca é Tarde”, que seria muito mais apropriado.
Mas enfim, “Danny Collins” tinha tudo para ser um excelente filme, pois além de um ótimo elenco, liderado por ninguém menos que Al Pacino, possui uma trilha sonora com grandes sucessos de John Lennon e uma boa fotografia.
O que faltou então? Se você pensou em roteiro, acertou. Isso causa estranheza visto que o roteirista Dan Fogelman está estreando na direção e não na escrita...
O argumento é muito interessante, pois foi baseado na história real de um jovem músico que, após dar uma entrevista em uma rádio, recebeu uma carta do próprio punho de Lennon, onde o líder da banda “The Beatles” aconselhava o rapaz quanto aos rumos de sua carreira, entretanto a carta acabou perdida e entregue ao destinatário somente... 40 anos depois. Claro que os conselhos chegaram tarde demais, e o jovem cantor jamais conversou com Lennon, visto que o astro inglês já estava morto.
No filme, Danny Collins (Pacino) é um astro de rock já veterano, que sobrevive fazendo turnês e sendo obrigado a cantar seus velhos sucessos, pois seu público é formado por senhoras idosas e outros fãs que acompanham-no desde o início de sua carreira. Entretanto seu amigo e empresário (Plummer) acaba resgatando uma carta de Lennon (dirigida a Collins) das mãos de um colecionador; e entregando para o cantor na data de seu aniversário. Ao receber o documento, depois de tantos anos, Danny resolve dar uma guinada em sua vida. Para isso ele promete parar de usar drogas, cantar músicas antigas (quer retomar sua carreira de compositor) e parte para uma cidade onde pretende conhecer e ajudar um filho a quem jamais reconheceu como tal. Lá ele se instala no Hotel Hilton, onde conhece a gerente (Annette Bening) com quem começa a flertar, ao mesmo tempo em que tenta se reaproximar do filho. Entretanto o filho(Cannavale) não o aceita como pai e nega-se a aceitar sua ajuda, no que Danny precisará da nora (Jennifer Garner) e da pequena neta, que possui déficit de atenção.
“Não Olhe para Trás” possui todas as características de uma daqueles dramalhões feitos exclusivamente para fazer as pessoas verter lágrimas copiosamente, mas nem nesse quesito ele consegue funcionar bem. O roteiro é capenga, os diálogos carecem de criatividade ( as palavras ou são muito óbvias ou ficam mal colocadas) e isso acaba prejudicando as atuações e a credibilidade dos personagens. Além disso, o filme coleciona algumas situações inusitadas e ridículas, que beiram o risível de tão forçadas. É uma pena, pois como fã de Pacino e Lennon, eu esperava um grande filme...
O Homem Mais Procurado
3.5 200 Assista AgoraÉ uma pena, mas o último filme do saudoso Philip Seymour Hoffman decepciona. O ritmo é lento e a boa trama é mal conduzida, prejudicando demais o resultado desse filme, que é baseado em um livro de John Le Carré.
É a história de um imigrante ilegal que entra na Alemanha sob a suspeita de ser um terrorista. Ele é filho de pai islâmico e mãe chechena e passa a ser vigiado por um grupo de espiões liderados pelo personagem de Hoffman, um espião mal visto pela polícia local, por ter supostamente falhado em outra missão. O imigrante é auxiliado por uma advogada (McAdams) na tentativa de receber a herança de seu pai, depositada anos antes em um banco de Hamburgo que agora é dirigido pelo personagem de Willem Dafoe. O ótimo Daniel Bruhl (de Adeus Lênin e Rush - No Limite) é esquecido em cena, e faz apenas um papel de figurante. Robin Wright faz o papel de uma espiã norte-americana que, aparentemente, tenta ajudar o espião alemão a descobrir as reais intenções do imigrante no país.
Uma história intrincada e cheia de reviravoltas que tropeça na falta de ritmo imposta pelo diretor. O grande destaque é Hoffman, que conduz o filme praticamente sozinho.
Sob a Pele
3.2 1,4K Assista AgoraO ideal mesmo é assistir “Sob a Pele” sem ter lido absolutamente nada sobre o filme, nem mesmo a sinopse de capa do DVD, pois a obra é uma viagem instigante sem qualquer compromisso com o trivial, e qualquer prévio conhecimento sobre a trama atrapalha o espetáculo.
As revelações sobre a história e o objetivo dos personagens vêm em conta-gotas, lentamente, e não obedecem a qualquer ordem temporal.
Scarlett Johansson é o grande trunfo da obra, fazendo o papel de uma sedutora mulher que encaminha os homens para a morte. Uma femme fatale (ou seria uma viúva negra? em alusão à sua personagem de “Os Vingadores”...) fria e calculista, que leva suas vítimas a serem literalmente tragadas pelo desejo.
A fotografia é um exercício estético totalmente surreal, alucinógeno e surpreendente.
É um filme para “iniciados”, que curtam histórias horripilantes e, ao mesmo tempo, nem um pouco convencionais. Se não é esse seu estilo, fique longe!
Um Lance no Escuro
3.3 23Assim como “Chinatown”, este filme foi classificado como neo-noir e é, ao lado do filme de Polanski, um dos melhores dos anos 1970.
Um detetive particular (Gene Hackman) é contratado por uma mulher rica (Jane Ward) para localizar sua filha (a estreante Melanie Griffith, na época com 18 anos), uma adolescente de 16 anos que pula na cama de todos os homens que conhece que sumira de casa. Ele encontra a menina em companhia do ex padrasto que vive em Miami com uma tratadora de golfinhos. Ao contrário dos grandes detetives do cinema, como Sam Spade e Philip Marlowe, o personagem de Hackman é um tonto que não percebe a traição da própria esposa (Susan Clark) e é enganado facilmente pelas personagens femininas da história. Ao encontrarem um avião naufragado, e dentro dele o corpo de um homem, os personagens se envolvem em uma história de contrabando, que envolve um estranho ídolo roubado (talvez uma homenagem de Penn ao filme Relíquia Macabra).
Arthur Penn investiu no humanismo e a trama intrincada valoriza essas pessoas, tão perdidas em seus vazios existenciais quanto estavam os EUA na época do filme. Há claras referências à pedofilia e ao escapismo sexual tão exaltado naquela época.
Boas cenas de ação e surpresas marcantes pontuam esse belo exemplar do cinema setentista norte-americano.
Imperdível!
Transcendence: A Revolução
3.2 1,1K Assista AgoraNa onda de filmes que traçam dias não muito felizes para os terráqueos, este tinha um bom argumento e uma grande expectativa a seu redor. Afinal a guerra entre o homem e o computador teria um vencedor? O filme traça uma longa série de explicações sobre neurociência, nanotecnologia, regeneração de células, etc. mas não consegue sair da própria rede que cria, se enredando no próprio enredo. Além disso possui parcos efeitos especiais para um espécime do gênero Sci-Fi e o bom elenco está muito mal em cena. Depp está péssimo no papel do cientista apaixonado pela esposa e pela ciência, e Freeman apenas visitou o set de filmagens. Somente Paul Bettany se salva no elenco, como um narrador da trama que nunca revela o amor que nutre pela esposa do amigo (Rebecca Hall). Não vale o tempo perdido.
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista Agora"Símbolo solar, a aranha é um animal predador, e por isso, muitas vezes simboliza o perigo. Considerada a grande mãe, a criadora cósmica e a senhora e tecelã do destino, a aranha é dedicada à fiação e à tecelagem, representando assim, um símbolo da divindade interior bem como do narcisismo; pois, por outro lado, contém em seu símbolo, a obsessão pelo centro, como acontece na simbologia da teia que tece. Nesse ínterim, na psicanálise, a aranha que no centro absorve grande introspecção, simboliza o ser narcisista."
Copiei essa definição, porque sem ela é pouco provável que alguém entenda o filme de Denis Villeneuve (Incêndios, Os Suspeitos) que é um prato cheio de simbologia e escapismo.
Em "O Homem Duplicado", adaptação livre de um romance de José Saramago, um jovem professor de História (Jake Gyllemhaal, em grande atuação) descobre, ao assistir um filme em DVD, um sósia entre os atores, mas ao contrário dele que leva uma existência vazia, o outro, apesar de casado vive intensamente. O professor fica totalmente obcecado pela sua cópia , e passa a persegui-lo. Com isso descobre que sua esposa está grávida.
A aranha da citação inicial é utilizada o tempo todo no filme e irá designar o destino e a história do personagem.
Uma obra impactante, chocante, reveladora... Mais um grande filme desse cineasta que vem se revelando um dos melhores dos últimos tempos. Filmaço!!!!
Os Amantes Crucificados
4.4 14No Japão feudal, as mulheres que cometessem traição contra seus maridos eram crucificadas juntamente com seus amantes. Por outro lado, se os homens traíssem suas esposas, nada acontecia, e essa situação era bem tolerada pela sociedade.
É nesse cenário, nem tão desatualizado assim, que um jovem se apaixona pela esposa do patrão, mas mantem esse amor oculto. Porém o irmão da mulher se mete em dificuldades financeiras, e pede auxílio à irmã. Ela, sem coragem de pedir ajuda ao marido avarento, conta ao empregado que precisa do dinheiro e ele se dispõe a ajuda-la, mas sem revelar sua paixão. Enquanto isso, o patrão, homem respeitado e digno, comete adultério regularmente com uma jovem empregada. Ao descobrir a traição do marido, a mulher tenta flagrá-lo, mas a situação se inverte, e ela é pega no quarto da empregada juntamente com o empregado apaixonado. Mesmo sendo inocentes, os dois fogem para evitar a morte na cruz. Na fuga eles precisam decidir entre o suicídio e o amor, e acabam concretizando a traição.
Neste filme Mizoguchi faz uma crítica mordaz aos costumes e padrões morais de seu país e à sociedade machista. Além disso, usando o universo corporativo como pano de fundo, ele mostra empregados que buscam promoções a qualquer custo, fofoqueiros e aduladores de plantão, políticos pedindo e prometendo favores, e outros vícios que, se compararmos com os tempos atuais, demostram o quão pouco evoluiu a humanidade.
A fotografia é de tirar o fôlego, e a trilha sonora medieval dá um tom de suspense à trama.
As cenas finais são de pura poesia, uma verdadeira celebração à vida e ao amor.
Uma verdadeira obra-prima!
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista Agora“Questão de Tempo “ (About Time, 2013) é um daqueles filmes que ficamos meio temerosos de assistir. Principalmente depois da avalanche de besteiróis pseudo românticos que o Sr. Nicholas Sparks, e outros roteiristas e escritores, fizeram o desfavor de nos proporcionar, mas que acaba sendo um bom programa.
Embora não seja um expert na direção, Donald Curtis tem bons trabalhos em sua ficha: escreveu “Um Lugar Chamado Nothing Hill” e ainda co-roteirizou “Cavalo de Guerra” e “O Diário de Bridget Jones”, por exemplo.
Em “About Time” (o título original é bem mais apropriado ao tema e à mensagem do filme) Curtis segue uma linha “Estilo Frank Capra”, para contar a fábula otimista de um jovem (Domhnall Gleeson) que, assim como os outros homens de sua família, possui a estranha habilidade de viajar no tempo. Para isso, basta ele se encerrar em um armário, banheiro ou outro lugar escuro, cerrar os punhos e olhos, e pensar bem forte na hora e lugar em que quer estar. Algumas regrinhas devem ser seguidas, e elas são transmitidas pelo seu pai (Bil Nighy): ele só pode voltar no tempo (não pode ir para o futuro) e estar em locais em já esteve, podendo modificar situações de sua vida. Tem outra regra que o jovem só descobre depois que casa e tem filhos, que acaba se tornando fundamental na trama.
A produção conseguiu deixar Rachel McAdams feinha, sem usar os artifícios da maquiagem (bastou uma franjinha ridícula), o que torna mais fácil acreditarmos no seu romance com o ruivão Gleeson.
Filmes com a temática “viagens no tempo” sempre apresentam sérios riscos de deixar “furos” nos roteiros, mas Curtis se sai muito bem e faz uma história criativa e enxuta, que mostra a beleza de se “viver um dia de cada vez”.
Frases como: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” ou “Viva cada dia como se fosse o último” estão presentes nas entrelinhas da obra de Curtis.
Um filme emocionante que vale a pena ser conferido, e “colocado em prática”.
Jogos Vorazes: Em Chamas
4.0 3,3K Assista Agora“Jogos Vorazes: Em Chamas” (The Hunger Games: Catching Fire, 2013) foi conduzido como uma simples conexão entre o primeiro filme e os outros dois da tetralogia, já que o terceiro livro será dividido em duas partes no cinema. Isso faz com que falte solidez e independência narrativa ao roteiro.
Ao contrário de Jogos Vorazes 1, onde a personagem de Jennifer Lawrence possuía uma forte motivação para entrar nos jogos, já que disso dependia a vida de sua irmã caçula, aqui a história fica vazia.
O triângulo amoroso do qual Katniss participa, não convence como história de amor e nem como aventura, e a trama do filme não consegue envolver o espectador.
Donald Shuterland também parece indeciso, pois, ao mesmo tempo em que promove um casamento ao melhor estilo “Big Brother Brasil”, para “queimar” a imagem de Katniss, e abafar uma provável rebelião; lança os “Jogos Quaternários” que é mais uma chance de promover a imagem da heroína. Ele foi, para dizer o mínimo, contraditório e mau estrategista.
A atuação de Lawrence também não é tão boa como no primeiro filme, parece um pouco deslocada no papel e exagera na atuação em determinados momentos.
Um filme chatinho, que espero que seja salvo pelo restante da saga.
Quem ainda não assistiu, é melhor aguardar pelos outros e assistir todos na sequência, pode ser que assim ele funcione, pois visto isoladamente “Jogos Vorazes – Em Chamas” é apenas uma história sem princípio nem fim
Só Você
3.4 207 Assista AgoraSó Você (Only You, 1994)
Confesso que, entre meus defeitos cinéfilos, tenho uma “certa atração” por comédias românticas. Não sei se a culpa é de Frank Capra, Billy Wilder ou John Hughes, mas por mais previsíveis que essas histórias sejam, e apesar de seus inúmeros clichês, eu gosto e pronto.
Ao ver este filme do Norman Jewison, consagrado por filmes como “No Calor da Noite”, “Um Violinista no Telhado”, “Jesus Cristo Superstar”, entre tantos outros sucessos, disponível no Netflix, estranhei por ainda não tê-lo assistido e fui em frente.
“Só Você” também faz o “estilo cinderela”, mas neste caso ela (Marisa Tomei) não espera seu príncipe encantado (Robert Downey Jr.), mas vai atrás dele em outro continente, disposta a tudo para conquistá-lo. Claro que o tal príncipe é um fiasco, um verdadeiro fanfarrão, como não poderia deixar de ser...O que dá certa graça ao filme. Mas tem belas imagens de Veneza, trilha sonora sentimental e um bom par central. Faz ainda uma bela homenagem a “A Princesa e o Plebeu” (aquele filme com o Gregory Peck e a Audrey Hepburn). Claro que Downey Jr não é Peck e nem Tomei é a Hepburn, mas o filme diverte pelas reviravoltas e pelas atuações competentes. Recomendo só para quem ainda acredita no amor e no destino. Previsível, mas descontraído. Uma boa sessão da tarde.
Dentro da Casa
4.1 553 Assista Agora"Dentro da Casa" (Dans La Maison, 2012) é um deleite de voyerismo. Em tempos de reality shows e programas do gênero, o diretor francês François Ozon fez uma pequena obra-prima que parodia esse gênero tão popular. Um aluno "penetra" na casa da família de um amigo, e começa a narrar os dramas dessas pessoas em forma de romance, nas redações que entrega ao seu professor de literatura. O professor vai ficando mais intrigado com as histórias, e se transforma em uma espécie de tutor literário do adolescente de 16 anos. As situações são cômicas, mas ao mesmo tempo dramáticas. Um filme que, se fosse americano, poderia ter sido dirigido por Woody Allen. Saboroso e com um final surpreendente. Recomendadíssimo.
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista Agora“As Vantagens de Ser Invisível” (The Perks of Being a Wallflower”, 2012) é um filme adolescente feito para públicos de todas as idades.
Ao contrário da grande maioria de filmes teen que rodam por aí, mostrando somente a necessidade de transar e se dar bem dos jovens, este pisa fundo em feridas e traumas de infância.
O elenco é muito bom. Emma Watson parece estar conseguindo, aos poucos, se livrar do estigma de “Hermione Granger” e Ezra Miller (Precisamos Falar sobre Kevin) é o grande destaque do filme, mostrando que ainda tem muito talento para revelar.
Charlie (Logan Lerman, protagonista da série Percy Jackson) é um rapaz problemático, que já esteve internado por problemas psicológicos e por estar traumatizado com a morte recente de um amigo. Na escola ele sofre bullying dos colegas e encontra conforto na amizade dos meio-irmãos Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller), dois excluídos por natureza. Seu amor platônico pela amiga Sam vai tomando forma, ao mesmo tempo em que ele entra em seu mundo de descobertas: as festas, as drogas, o sexo, as dúvidas e incertezas da adolescência.
Miller rouba a cena como o irmão gay de Sam, e suas cenas imitando Tim Curry em “Rocky Horror Picture Show” são impagáveis. O filme tem uma ótima trilha sonora conduzida por “Heroes” de David Bowie, e ainda apresenta L7, The Smiths, Sonic Youth, New Order, Love and Rockets, entre outros.
Muito bom!
Perigosas
2.4 184 Assista Agora“Perigosas” é o que se pode chamar de trash mesmo. O filme se situa em um gênero desconhecido que mistura pornô soft, lesbianismo, violência tarantinesca e sadomasoquismo.
As “atrizes” são muito bonitas, embora não saibam atuar. E alternam cenas em que exibem rostos, peitos e bundas em profusão, tudo em stop motion, jogando os cabelos para trás ou fazendo boquinhas sensuais sob o som de hard rock. Depois elas matam alguém, choram um pouquinho e , logo depois, jogam água umas nas outras, para brincarem de “blusa molhada”.
A trama é um pouco complexa, usando flashbacks que começam com minutos, horas, dias e até semanas atrás, para mostrar o que três mulheres lindas fazem com um prisioneiro no porta-malas em pleno deserto. Mas o que menos importa é a história. Afinal é um filme para quem gosta de ver mulheres brigando, batendo em homens, transando entre si e/ou até mordendo o sexo das outras (mas nada explícito).
É quase um remake mais apimentado de Faster, Pussycat! Kill! Kill! de 1965 (até o golpe de judô do original é imitado na íntegra).
Como o lesbianismo está presente em cada cena, tem a presença de Xena, A Princesa Guerreira (Lucy Lawless) e Gabriele (Renee O’Connor) no elenco, talvez como homenagens às rainhas do gênero; e até Kevin Sorbo (Hércules) dá as caras como um dos vilões.
O filme é tão ruim que se torna bom, ou melhor, divertido. Acredito que Quentin Tarantino e Robert Rodriguez tenham adorado. Sexo e violência ao extremo!
Amarga Esperança
4.1 22Falar da genialidade de Nicholas Ray é chover no molhado... “Amarga Esperança” (1949) foi um de seus primeiros filmes, mas nele o diretor já demonstrava sua preocupação com as pessoas que se perdem diante do vazio existencial. A história do jovem casal (Farley Granger e Cathy O’Donnell) que sonha com uma vida melhor, já prenunciava a obra mais conhecida de Ray, que viria a se chamar “Juventude Transviada”. Além disso serviu de inspiração para Arthur Penn dirigir “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas”. Obrigatório.
Jumanji
3.7 1,5K Assista AgoraAté hoje não sei em que momento “Jumanji” perdeu seu encanto, mas desconfio que foi no instante exato em que Robin Williams se transformou em um chato, e Kirsten Dunst se preparava para ser algo semelhante... É chato se transformar de uma jovem promesa em uma chatinha..... Os efeitos especiais, que encantavam em tempos de Jurassic Park, também ficaram datados... E hoje, com a HD, em que assisti, se tornaram ridiculos.... Uma pena, pois eu curtia esse filme na época. “Já foi” uma boa sessão da tarde. Tsc, tsc, tsc....
Jobs
3.1 750 Assista AgoraÉ chato ter que admitir, mas Ashton Kutcher encarnou o fundador da Apple no filme “Jobs”. O mundo corporativo está muito bem retratado, com direito aos ataques megalomaníacos de Jobs e muitas “puxadas de tapete” características da selva empresarial. O filme ainda tem um bom elenco de apoio e uma trilha sonora arrasadora, que inclui Bob Dylan e Cat Stevens. Vale a pena assistir!
O Tempo e o Vento
3.6 453 Assista AgoraÉ uma pena, mas a adaptação da obra de Érico Veríssimo para as telonas é bem chatinha...
Os recursos televisivos do diretor Jaime Bonjardim todo mundo já conhece da novela “O Pantanal” e da minissérie “A Casa das Sete Mulheres”: muitas paisagens e trilha sonora arrebatadora. No filme a fórmula segue a mesma: o sol se põe e nasce a todo instante na beleza do pampa gaúcho, bandos de quero-quero passeiam no céu e riachos cortam as planícies ao som de muita música.
Thiago Lacerda é o mesmo personagem Garibaldi da série, só trocou o sotaque italiano pelo gaúcho, pra interpretar Rodrigo Cambará. Mas sua atuação não é ruim, graças ao carisma do ator. Justamente o que falta à atriz que interpreta Bibiana jovem. O ator que interpreta Bento Amaral, deve ter a metade da altura do Thiago Lacerda, o que deixa o filme parecendo um remake Davi e Golias na cena do duelo. Fernanda Montenegro (Bibiana velha) é a narradora da saga, que deveria envolver 150 anos de história do Rio Grande do Sul, mas que se resume a contar seu amor pelo Capitão Rodrigo (qualquer semelhança com Camila Morgado, que também foi a narradora na minissérie “A Casa das Sete Mulheres”, não é mera coincidência) e alguns trechos do surgimento de sua família.
Personagens entram e saem de cena com poucas explicações sobre seu papel na história,na política gaúcha ou no amor de Bibiana.
Todos nós sabíamos que resumir a saga de Veríssimo em duas horas de projeção era uma tarefa impossível, mas o filme poderia ser menos artificial. Talvez a minissérie, que deverá ser lançada com outra parte do material filmado, corrija alguns erros, embora nem todos sejam passíveis de correção. É esperar pra ver...
Enquanto isso... fiquem com os livros!
O Segredo de Vera Drake
3.9 87 Assista AgoraNa Inglaterra de 1950, Vera Drake é uma senhorinha simpática, dedicada à família e que gosta muito de ajudar as pessoas. Trabalha de faxineira em algumas residências e, nas horas vagas, ajuda mulheres, que engravidaram indesejavelmente, na prática do aborto induzido.
Tudo é muito simples: Vera ( Imelda Staunton em papel memorável, que lhe valeu a indicação ao Oscar) usa um ralador de queijo pra despedaçar sabão, umas gotinhas de desinfetante, uma bacia com água e uma bombinha, com a qual injeta o líquido no útero das grávidas. “Você vai sentir uma dor lá embaixo e depois vai sangrar” diz ela às suas pacientes, com a maior naturalidade e inocência do mundo.
Quando uma de suas pacientes passa mal e é hospitalizada, a polícia entra na história, e o mundo de Vera Drake começa a ruir. Hostilizada pela família e pelos amigos, a mulher parece não entender o que fez de errado, além de ajudar as pessoas a se livrar de problemas indesejados.
O conflito ético fica latente, mas o filme não se posiciona a favor ou contra o aborto e, em alguns momentos, parece apostar na hipocrisia da sociedade, que prega uma moral inexistente.
Muito bom!
Os Inocentes
4.1 396“Os Inocentes” (1961) também poderia se chamar “Quando A Noviça Rebelde encontra Os Outros”.
Uma governanta (Debora Kerr em ótima atuação) é contratada para cuidar de um casal de órfãos em uma mansão isolada na paisagem britânica. O tio das crianças, que a contratou, só faz uma exigência: não incomodá-lo em hipótese alguma. E lhe dá autonomia para resolver qualquer situação. Entretanto, ao tomar contato com as crianças e com os outros empregados da casa, a governanta percebe que ali existe um mistério que envolve as crianças e um casal de empregados que morrera no local.
Tendo uma forte formação religiosa, a mulher, mesmo com medo, resolve tentar salvar as crianças da influência malévola dos espíritos.
Alternando cenas de pouca luz, onde os olhos de Kerr estão sempre procurando “as aberrações fantasmagóricas”, como ela chama; à belíssimas tomadas externas, onde os fantasmas aparecem sem o menor pudor, o diretor Jack Clayton (O Grande Gatsby, 1974) nos deixa sempre na dúvida, se as criaturas realmente existem ou são frutos da imaginação da mulher.
Aterrorizante!
Obsessão
2.6 8Quando resolveu filmar “Obsessão” (1998) , Steven Soderbergh sabia dos riscos que estava correndo, mas já tinha fama suficiente no mercado cinematográfico para fazê-lo, pois já havia vencido Cannes e sido indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar com seu filme de estreia (Sexo, Mentiras e Vídeotape).
O filme é quase um remake de “Baixeza” de 1949, que foi estrelado por Burt Lancaster, mas tem vida própria, pois o diretor acrescentou “sua assinatura” à história.
Desenvolvido em uma atmosfera “noir”, onde o preto e o branco são substituídos por cores fortes, como o vermelho e o verde, por exemplo, “Obsessão” possui uma narrativa não linear, sendo que a ação se passa em três momentos diferentes da vida do personagem (uma atual e duas em flash-back), para depois se resumir à duas e finalmente a uma: o momento atual.
Peter Gallagher (que já havia trabalhado com o diretor em Sexo, Mentiras...) interpreta um homem que retorna à cidade natal depois de ter fugido por conta de dívidas no jogo. Ao tentar reconquistar a ex-namorada, que abandonara na fuga, ele descobre que ela namora um gângster, e acaba se envolvendo em um perigoso triângulo amoroso.
O filme é denso, um pouco lento às vezes, devido ao tom intimista que Soderbergh impõe ao personagem. O diretor também usa e abusa do contra-plongée ( contra-mergulho, filmagem de baixo para cima), principalmente na cena em que Gallagher está hospitalizado e imobilizado, mostrando sua fragilidade diante dos demais personagens do filme.
O final também não segue as linhas tradicionais de desfecho, o que não deve ter contentado público e crítica na época de seu lançamento, mas isso é só mais um detalhe: o que fica mesmo é a identidade do autor, em cada cena da obra.
Vale a pena ser redescoberto!
Chamada de Emergência
3.7 1,5K Assista AgoraO diretor Brad Anderson tem um bom tino para dirigir filmes de ação. São dele o ótimo “Expresso Transiberiano” (2008) e o bom “O Operário”(2003).
Em “Chamada de Emergência”, Anderson também mantém um ritmo alucinante na história, mantendo-nos grudados na poltrona durante o filme.
A trama gira em torno da “Colméia”, central de atendimento de emergência da polícia, que nos EUA atende pelo número 911; onde uma atendente (Halle Berry, apenas mediana) se sente culpada por um assassinato em que retornou a ligação para a vítima, o que foi determinante na ocorrência do crime em questão. Traumatizada, ela agora orienta novos atendentes no setor, até receber uma ligação do mesmo assassino e terá que evitar uma segunda vítima. A personagem de Berry, mais uma vez, incorre no erro de se envolver emocionalmente com a vítima, atitude que ela própria recomenda que os novatos não adotem.
A motivação do assassino não fica clara em nenhum momento, e o filme cai na velha armadilha de virar uma história de vingança.
Uma pena, pois o ritmo é ágil e o filme merecia um desfecho melhor.
O Despertar
3.4 914 Assista AgoraTudo bem que filme de terror não é meu forte, mas de vez em quando eu “arrisco” assistir algo do gênero.
No caso de “O Despertar”, acho que o que me atraiu foi a presença de Rebecca Hall (Homem de Ferro 3, Vicky Cristina Barcelona, Atração Perigosa) que possui um rosto singular (mistura de garota sapeca, assustada, mas determinada) e uma beleza exótica. E realmente ela não decepciona, convence tanto no papel da cética e desmistificadora “caçadora de fantasmas” do início do filme , como no de vítima dos fantasmas do seu passado, que surge no decorrer da trama.
O filme vai parecer com outros do mesmo estilo, utilizar-se de clichês do gênero, etc. etc. Mas rende alguns sustos e consegue manter a atenção do espectador.
Bom filme!
Fronteira da Violência
3.0 17 Assista Agora"A Fronteira da Violência” trata do assunto: o Homem contra o Sistema.
Jack Nicholson vive um policial transferido para a fronteira EUA/México(The Border do título original) após a insistência da esposa (uma gastadora compulsiva). Ao chegar o local, o policial encontra colegas corruptos (Harvey Keitel, Oarren Woates, impagáveis), que facilitam a vida de quadrilhas encarregadas de manter a imigração legal dos mexicanos. Entre os interessados, há empresários querendo mão-de-obra barata, agentes de prostituição, traficantes de drogas e vendedores de bebês.
Diante dos gastos excessivos da mulher, Charlie Smith (Nicholson), inicialmente, aceita participar do esquema, sem perceber que envolve assassinatos e tráfico de crianças. Depois ele se comove com a história de uma família mexicana que tenta cruzar a fronteira do Rio Grande; e cuja mãe tem o filho raptado pelos criminosos e percebe na sujeira em que está metido. Agora é ele contra todos...
O diretor Tony Richardson dirigiu bons filmes nos anos 60 e 70, tendo conduzido vários astros da frente e de trás das câmeras (Orson Welles, Richard Burton, Lawrence Olivier, Anthony Hopkins) mas teve uma carreira decadente nos anos 80 e 90. Neste filme, com bela trilha sonora, a direção não se destaca, mas o time de atores é de primeiro nível.
Vale a pena conferir!
Xeque Mate
3.8 34Xeque – Mate parece uma atualização da famosa história de Cinderela.
Sandrine Bonnaire interpreta uma faxineira que, repentinamente, descobre uma paixão inexplicável pelo Jogo de Xadrez. Contrariando o marido e a filha, ela se joga de corpo e alma ao novo hobby, contando com a ajuda de seu rabugento patrão (Kevin Kline).
O filme é leve e despretensioso, e trata de maneira velada de preconceito sexual e profissional. O mundo do Xadrez, que é apresentado para ela, é predominantemente masculino, e a sua profissão é quase um empecilho à sua participação em torneios.
As atuações de Sandrine e Kevin seguram o filme que tem uma belíssima fotografia e ótimas externas, todas filmadas na Ilha de Córsega.
Bom filme!