Gosto muito do Rodrigo Aragão, mas me decepcionei bastante aqui. Super desinteressante, personagens chatíssimos e sem carisma, muita coisa literalmente cuspida na história sem o mínimo de coesão. A impressão é que bateram no liquidificar várias ideias, juntaram tudo e a mistureba virou "A Mata Negra".
Uma pena... Tomara que nos próximos filmes a gente volte a ver o Rodrigo Aragão de Mangue Negro e As Fábulas Negras
Não é exagero nenhum dizer que a Netflix está na vanguarda do entretenimento. O catálogo é cheio de bomba? É, sim. Mas, frequentemente, os caras surpreendem com filmes e séries como "Clickbait"
Trama cheia de mistério, reviravoltas, diferentes perspectivas, reflexões sobre família, sensacionalismo midiático, vida privada e a nossa relação com a tecnologia. Um pacote completo que prende do começo ao fim, garantindo 8 episódios que nunca são lentos ou chatos. Aposto que muita gente está vendo a minissérie de uma vez só ou, como eu, dividindo em apenas 2 dias.
Não dá pra deixar passar batido aqui o fato de termos personagens negros e mulheres fortes, decididas, inteligentes e com profundidade. Acrescente aí também um policial muçulmano, uma adolescente asiática, um jornalista gay e, pronto, a série capricha na representatividade.
De parte do elenco, gostei muito da atuação da Zoe Kazan. Para mim, a personagem mais humana e interessante de toda a história.
Ao final, fiquei com um gosto amargo de que tudo que aconteceu
com o Nick poderia acontecer com nós também. É ingenuidade pensar que existe privacidade no mundo tecnológico. Nossos dados estão aí, sendo compartilhados a bel-prazer na internet. E aposto que alguma vez você já utilizou o computador do trabalho para cuidar de assuntos pessoais. Quem garante que não tem ninguém vendo tudo que você faz nesse exato momento ou usando sua identidade?
Bobinho.... e SUPER DIVERTIDO! Me identifiquei e ri muito com várias situações do filme. Nosso mundo do trabalho home-office cheio de troca de e-mails, reuniões (ou "calls", pros mais americanizados), chamadas de vídeo, etc.
É aquele negócio: desligar o cérebro dos problemas e curtir sem medo de ser feliz.
Tão bom quanto o primeiro! Além da tensão, aqui a gente tem mais ação, o talento de Cillian Murphy e a interação dos personagens com outros humanos. Mas, pra mim, o maior destaque continua sendo a atriz Millicent Simmonds, que é uma pessoa com deficiência auditiva também na vida real. Ela arrasa muito, faz uma garota cheia de coragem, força, inteligência e determinada a fazer o que for preciso para proteger sua família. Espero que as portas de Hollywood estejam abertas e a gente possa vê-la em mais filmes.
Antes de ver o filme, fiquei sabendo que era dirigido por Lisa Joy, cunhada do Cristopher Nolan. Não sei se essa informação me influenciou, mas eu só conseguia ver o estilo do diretor de A Origem no visual, no roteiro, nos diálogos, na construção dos personagens, nos efeitos especiais.
Gostei da representação do nosso mundo em crise. O colapso climático transformou Miami em uma Veneza corrupta, suja e decadente, a humanidade trocou o dia pela noite, a desigualdade social seguiu escancarada (os ricos morando na parte seca da cidade), as cicatrizes de uma guerra mundial (não explicada de quem contra quem) estão vivas nos traumas, memórias e diálogos dos personagens. Daqui a alguns anos, poderemos dizer, pela nossa própria experiência, onde o filme errou e acertou em comparação com a realidade.
Apesar do capricho visual, o roteiro meio água com açúcar. Mistura elementos clássicos de ficção-científica e transforma em uma grande mistureba de muita coisa que já vimos em outras produções (A Origem e Matrix, pra citar apenas dois). E tem alguns furos que estão ali só por conveniência pra história funcionar.
Por exemplo, em determinado momento, o protagonista vivido pelo Hugh Jackman (que está bem no papel) vai em busca da Mae e acaba sendo espancado pelo policial corrupto interpretado pelo Cliff Curtis. Ora, por que motivos o vilão deixou passar a oportunidade de matá-lo? Pela sua personalidade, não é o tipo de pessoa que tem piedade dos inimigos.
Se eu recomendaria o filme? Claro, para ver num sábado de noite e ver sem pretensões em casa é uma boa. Agora, arriscar pegar Covid indo no cinema pra ver Caminhos da Memória não vale tanto a pena.
O papel da imprensa no buraco que nos metemos. Um documentário crítico, político, que traz algumas informações sobre junho de 2013 que eu mesmo não sabia (o fato da imprensa ter mudado repentinamente o viés da cobertura, direcionando a fúria para o governo federal). Novidade também a história do jornalista que foi preso sem acusações em Minas Gerais, na gestão do Aécio Neves.
O fato de trazer depoimentos de grandes nomes da comunicação como Noam Chomsky (considerado por muitos o maior intelectual vivo) e o premiado Glenn Greenwald agrega bastante em credibilidade e conteúdo para a produção.
Ninguém pode negar que a imprensa tem, sim, culpa pela ascensão do Bolsonaro. Fomentaram o antipetismo na população durante anos, transformaram a Lava Jato em uma trama novelesca, criaram o mito Moro, trataram as declarações do então deputado Bolsonaro como "polêmicas" em vez de "criminosas", convenceram a população de que o PT é comunista (o que virou quase um palavrão no Brasil).
E o Estadão, nas eleições de 2018, ainda meteu o editorial "Uma escolha difícil", meio que colocando Haddad e o capitão genocida no mesmo saco. Hoje, renegam o filho. É aquela frase "Crie corvos e eles te comerão os olhos".
Enfim, que o documentário chegue às faculdades de jornalismo e também à maior quantidade de pessoas fora da área - inclusive, fica a dica para assistir na Amazon.
História envolvente que prende o espectador. Lembrei do filme "Buscando" pela opção em contar o filme através de ações que acontecem no celular/computador.
Só o final que achei um pouco apressado e digamos decepcionante.
Seria mais legal se a Abu fosse alguma criminosa ou alguém querendo passar a perna no Jimmy, um cara bem possessivo, imaturo e apressado nas relações amorosas, diga-se de passagem. O que ela queria, no fim das contas, era sair da situação em que estava e para isso usou o que tinha ao seu alcance. Bastante compreensível a ação dela. Agora imagina o impacto que seria causado no espectador se ela fosse uma filha da p***, se o roteiro fizesse a gente sentir ódio dela da mesma forma que sentimos da Amy em Garota Exemplar? Com certeza elevaria o filme a um outro nível de qualidade.
Tem alguns furos e situações absurdas também. Como, por exemplo, o Jimmy conseguir entrar na sala de vigilância do prédio e roubar as imagens facilmente. Tipo, qualquer edifício coloca um porteiro/segurança para ficar vigiando as câmeras e não deixar ninguém entrar
O amor em tempos de ditadura contado com a sensibilidade típica do cinema chileno (especialista em abordar na telona esse período sombrio de sua história)
No final pode-se levantar o questionamento: afinal, não existia amor entre os dois? A resposta mais óbvia é "e sim, era amor". Mas nossa protagonista não tinha espaço no universo revolucionário dele, tão preconceituoso como tudo que conhecia até então. Ir à luta, pegar em armas, enfrentar ditaduras não está entre as prioridades de uma pessoa que só quer, no fim das contas, ser feliz. Logo, a vida dos dois juntos nunca teria sentido..
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O elenco está muito bom. O Alfredo Castro, que protagoniza o longa, é tipo um Ricardo Darín deles. Só acho que poderiam ter contratado uma atriz trans para o papel principal, assim como fizeram em Uma Mulher Fantástica, produção também chilena.
Fico feliz de ver cada vez mais vozes negras ocupando espaço no cinema, principalmente na direção.The Forty-Year-Old Version é um bom filme e a fotografia em preto e branco combinou perfeitamente.
É só uma pena que o filme tropece na representação de uma outra minoria. O agente gay da Radha, Archie, é totalmente estereotipado de uma maneira que já cansamos de ver em mil filmes e até novelas brasileiras, especialmente em produções que ridicularizam ou usam personagens LGBTs como mero acessório para piadas. Além do estereótipo de gay afeminado e excêntrico, Archie também lança mão de "favores sexuais" para conseguir emplacar alguns dos seus projetos. Aí está outro erro grave: em tempos de Me Too, usar isso como humor (como faz o longa) não é aceitável.
O Brasil da desigualdade, da violência, pobreza e ausência do Estado em tela.
Confesso que não sabia nada sobre o sequestro do ônibus 174 e o massacre da Candelária. Dois incidentes muito tristes que mostram o ciclo interminável da violência no nosso país. Em 2019, inclusive, o Rio também foi palco do sequestro de um ônibus que resultou na execução do sequestrador pela polícia. Dessa vez, com direito a comemoração com pulinhos do então governador no local do crime.
Como muita gente apontou abaixo, a sequência do sequestro em si poderia ser melhor explorada. Achei legal o filme explorar a história de vida do Sandro e mostrar além do estereótipo de criminoso. O diretor Bruno Barreto poderia ter estendido um pouco mais o terceiro ato, evidenciando o despreparo dos policiais, a cobertura midiática e a relação do protagonista com os reféns.
Um simples Google mostra que alguns detalhes da história foram alterados, o que é, até certo ponto, normal nesse tipo de adaptação.
Eu mesmo assisti ao filme e não tinha entendido que o Sandro não era filho da Marisa. Fui perceber só depois de ler os comentários daqui e ver que, na história real, essa confusão também aconteceu.
"Vamos de escolas de terceira para prisões de primeira linha"
Primeira produção original da Amazon, adaptação de uma peça da Grécia Antiga para a Chicago do século XXI - ou melhor, a Chi-Iraq (mistura de Chicago com Iraque). Uma metrópole de conflitos sociais e raciais que, como o próprio filme informa, matam mais cidadãos americanos do que as guerras do Iraque e Afeganistão juntas.
Meio teatral, meio musical, bem-humorado, satírico, com liberdade criativa para idealizar algumas soluções que a gente sabe que na vida real não chegam tão "fácil" assim. Em "Chi-Iraq", Spike Lee, político como sempre, entrega um belo filme. Não só no sentido visual, mas também pela denúncia da desigualdade, racismo e violência que afligem não só Chicago, mas todos os Estados Unidos. Inclusive, vemos alguns cartazes escritos Black Lives Matter, dialogando diretamente com o momento que vivemos.
Samuel L. Jackson quebrando a quarta parede é a cereja do bolo. E o que dizer do discurso do padre interpretado por John Cusack? A junção de um puta texto com uma puta atuação. Um ataque direto aos privilégios de uma elite enquanto a maioria sofre com o desemprego, a falta de acesso à educação, a violência - enfim, com a ausência do Estado. Não pude deixar de pensar que o padre do filme seria taxado de "comunista" e perseguido no Brasil bolsonarista simplesmente por combater as injustiças.
Ótimo filme que é pouquíssimo comentado e lembrado nas rodas cinéfilas.
Filme muito bonito e realista sobre a adaptação de uma família sul-coreana à vida nos EUA. Quase um documentário, até porque na introdução do filme a gente já fica sabendo que a história é baseada na vida do diretor Lee Isaac Chung.
"Minari" é, acima de tudo, humano. Família, amor, dinheiro, futuro, reconhecimento. Tudo isso está em jogo na vida do protagonista Jacob (Steve Yeun, famoso por seu personagem de The Walking Dead), seus filhos, sua esposa e sogra. A gente sabe que o Jacob ama a família, mas fica nítido que coloca suas ambições pessoais na frente do bem-estar deles.
Quem rouba a cena é o pequeno Alan Kim, na pele do David. Muito fofo, divertido, carismático e inteligente! Aquelas cenas em que tenta imitar o grito do pai e fala que a avó não é uma avó de verdade são ótimas. Desde cedo, já mostrando tanto talento. Já pensando no Oscar, é justo que o filme receba indicação tripla nas categorias de atuação. Melhor Ator para Steven Yeun, Melhor Ator Coadjuvante para David S. Kim e Melhor Atriz Coadjuvante para Yoon Yuh Jung (a vovó que "não é vovó de verdade" rs).
Infelizmente, considerando o histórico da Academia, acredito que o pequeno David S. Kim acabará esnobado. Digo isso porque, em 2016, Jacob Tremblay teve uma das melhores atuações do ano no filme "O Quarto de Jack" e foi esquecido no churrasco. Estarei na torcida pra que o mesmo não aconteça agora em 2021.
Coincidente, eu tive essa ideia lá em 2016/2017 em um momento de embriaguez. O diretor Thomas Vintenberg, o mesmo de "A Caça" (um dos longas mais impactantes que já vi), foi mais rápido que eu e transformou a pergunta em filme, buscando até uma teoria para validá-la.
Muito divertido ver como, no começo, o álcool torna tudo melhor na vida dos quatro amigos frustrados. As aulas de Martin saem da chatice, da morosidade e se tornam dinâmicas, participativas. É a motivação que estava faltando. Vendo os efeitos positivos, por que não aumentar a dose?
É aí que a conta chega... O que também "livra" o filme de ser acusado pelos moralistas de plantão de glamourizar o consumo excessivo de álcool. Algo que lembra o clássico Trainspotting. Filme no qual também vemos as "maravilhas" e "delícias" do consumo de heroína até que TCHÃ! Um acontecimento sem volta puxa os nossos protagonistas para a dura realidade.
Mads Mikkelsen, mais uma vez, mostra como é um ator foda. A cena final dele dançando é a melhor do filme, um momento de pura liberdade e descarrego do personagem. Se tivesse grana infinita pra fazer o meu próprio filme, super chamaria ele pra compor o elenco - o que o cara fez no já comentado "A Caça" não é pra qualquer um.
"Outra Rodada" (título em português do filme) ficou na minha cabeça dias depois de ter assistido. Mais especificamente as cenas de êxtase embaladas pela música What a Life, de Scarlet Pleasure. A escolha foi cirúrgica! Combinou certinho com o clima do filme e tenho certeza de que vai ficar na cabeça de quem está lendo esse texto também.
♫ What a life, what a night ♫ ♫ What a beautiful, beautiful ride ♫ ♫ Don't know where I'm in five but I'm young and alive ♫ ♫ Fuck what they are saying, what a life ♫
Terror genuinamente nacional com muito sangue, índios, europeus colonizadores, satanismo e fundamentalismo religioso. O grande show é a maquiagem, que não fica devendo em nada para as produções hollywoodianas: os monstrengos do filme se parecem com os orcs do Senhor dos Anéis, tamanho o capricho.
A montagem é um pouco confusa. Tem um momento estilo "A Origem" (rs) com um sonho dentro de um sonho - ou um sonho atrás de outro sonho, não sei. Apesar de ser o filme com o maior orçamento da carreira do Rodrigo Aragão (R$ 2 milhões), não é um dos mais divertidos. Se fosse fazer um TOP 3, colocaria Mangue Negro, Mar Negro e As Fábulas Negras, ou até mesmo A Noite do Chupacabras.
Rodrigo Aragão é um cineasta único no terror nacional, o herdeiro legítimo de José Mojica Marins, embora os filmes dele sejam bem diferentes daqueles do Zé do Caixão. Tenho fé de que vem muita coisa boa por aí.
A beleza da vida está nos pequenos detalhes. Comer uma pizza, sentir o vento no seu rosto, receber o abraço da mãe e uma calça costurada com carinho, ganhar um brinde do barbeiro. Coisas simples que parecem banais, mas que, na verdade, não têm preço. Acredito que essa seja a grande mensagem do filme.
Muito feliz em ver o primeiro protagonista negro em um filme da Pixar/Disney, ainda mais sendo alguém tão cativante como o músico Joe Gardner. Ponto para a representatividade!
Eu queria ter só 10% da criatividade da Pixar. Incrível como eles conseguem sair da casinha e conceber tramas bastante originais, divertidas, pensadas tanto para adultos como crianças. Eu mesmo ri alto e sozinho em dois momentos:
1) Joe e 22 totalmente atrapalhados saindo do quarto no hospital logo depois que a troca de corpos é feita. 2) 22 beijando a tia de Joe na boca.
Por outro lado, traz discussões bem adultas que provavelmente passam despercebidas pelas crianças. Exemplos: O dilema Estabilidade profissional/financeira X ousar e correr atrás dos seus próprios sonhos (Joe sonha em ser parte de uma banda de jazz, mas sua mãe pressiona para aceitar o emprego como professor de música), e vícios e obsessões tomando conta da vida (como no caso da alma presa "no trabalho").
Pra um filme de romance funcionar bem, você precisa criar empatia, se conectar com os personagens, torcer pela união deles. Infelizmente, não consegui ter essa experiência com Seu Nome Gravado em Mim (o "Seu Nome" no título foi uma tentativa de fisgar os fãs de Me Chame Pelo Seu Nome? rs).
Achei que a montagem prejudicou o resultado do filme, apesar dos atores esforçados e talentosos. Muitas idas e vindas na história... Não foi uma boa ideia colocar o menino contando a história para o padre (recurso super clichê também).
Eu não me aguentei e chorei quando o pai do Greg abraça o Manuel
. É incrível como a gente consegue se conectar com os personagens mesmo numa história tão curtinha. Que esse filme seja visto por muita gente e possa aquecer muitos corações. E parabéns à Disney pela iniciativa em trazer uma história protagonizada por um casal gay. Espero que, em breve, isso seja feito também em longas da empresa!
Muito inteligente da parte deles terem inserido um subtexto de relacionamento abusivo a esse tradicional personagem de terror. Isso sim que é modernizar, atualizar um clássico com maestria - eu mesmo me lembro de ter assistido à versão com o Kevin Bacon na Globo quando era criança.
A gente vê a protagonista (brilhantemente interpretada por Elisabeth Moss) se levantando no meio da madrugada, driblando um monte de câmeras, alarmes e um muro e logo se dá conta de que tudo isso não é, necessariamente, para proteger a propriedade de um inimigo externo - mas, sim, para mantê-la enclausurada e vigiada nessa verdadeira fortaleza tecnológica.
O filme traz uma sensação de agonia, tensão e desespero bem forte. A gente se sente no lugar da personagem, observando um cômodo vazio, uma parede, imaginando se o Homem Invisível está ou não ali. Uma experiência bem bacana de terror e suspense. Achei legal que, mesmo parecendo louca para os demais, a Cecilia nunca questiona sua própria sanidade. Ela sabe que está certa, afinal, sabe o grau da psicopatia, imprevisibilidade, obsessão e inteligência do seu ex-marido.
O final é perfeito. Não mudaria nada. A gente se sente vitorioso e aliviado junto com a Cecilia. Muitos roteiristas e diretores teriam caído na tentação de deixar o Adrian escapar impune como a vítima da história como forma de já engatar uma continuação. Leigh Whannell, que eu sempre vou lembrar por sua participação na série Jogos Mortais, não caiu nessa. O que é muito bom - mas, por um lado, me deixa pensando se teremos uma sequência, já que não ficaram pontas soltas. Se eu assistiria um Homem Invisível 2? Se tiver Elisabeth Moss e o mesmo capricho na direção e roteiro, com certeza!
O filme começa tropeçando, melhora no meio e termina super bem!
Nesse caso, achei que enrolaram muito tempo no começo. Claro que precisa mostrar um pouco dos personagens, apresentar eles se conhecendo, etc. Mas demora muito para chegar na parte da produção dos bolinhos e da vaca. É aí que tudo fica mais interessante e a gente passa a acompanhar a história com um olhar mais atento. No fundo, é a história de uma bonita e improvável amizade de duas pessoas tentando ascender socialmente num mundo hostil para eles.
Imagino que alguns vão dizer que o longa não tem um final, sendo que, na verdade, ele termina exatamente onde tem de terminar
São tantos filmes de super-herói lançados recentemente que os novos precisam ter algo que se destaque dos demais para serem atrativos. Mulher Maravilha 1984 não tem isso.
O roteiro, ambientado nos anos 80 durante a Guerra Fria, parece saído de um X-Men - dos fracos ainda, tipo o Apocalipse. O humor não funciona (alguém deu risada do Steve Trevor se atrapalhando com uma escada rolante?) e o romance, como é regra em filme de super herói, é chatíssimo e só ocupa tempo de tela que poderia ser usado para outras coisas.
O desenvolvimento da Mulher Leopardo é muito ruim. Motivação super fraca, cartunesca e clichê. Deveriam ter guardado a personagem pra ser a antagonista principal em um próximo filme, não a vilã secundária. O final então...
jura que conseguiram convencer o mundo a abrir mão dos seus desejos e sonhos? As pessoas da década de 1980 eram mais empáticas do que as pessoas de agora, que fazem festas, viajam a lazer e não usam máscara em plena pandemia? A Barbara do nada escolheu ser meio leopardo e meio humana? Maxwell Lord desistiu do plano de dominação mundial pra cuidar de um filho que ele nem ligava? Parece coisa de Sessão da Tarde
A diretora Patty Jenkins disse, em entrevista, que o vilão Maxwell Lord foi inspirado em Donald Trump. E, realmente, ficou bem parecido! O cabelo, os trejeitos, a maneira de falar, o fato de ser um ricaço com presença na TV, a aparência (com a diferença de ser mais jovem e magro). Em dado momento, ele até fala "You are hired" (Você está contratado), lembrando o clássico "You are fired" (Você está demitido), do reality show O Aprendiz, apresentado por Trump. Mesmo que o personagem seja meio tosco e bobo, achei legal e divertida a referência. Consegui gostar dele por causa disso.
Os efeitos especiais melhoraram bastante do primeiro filme para esse. A sequência de abertura, mostrando uma espécie de olimpíadas das amazonas, é LINDA. Tem cenários que eu adoraria ter visto na tela grande do cinema. Gostei muito também da cena da estrada no deserto à la Mad Max, embalada pela já icônica música-tema da Mulher Maravilha.
Vejo muita gente criticando a Gal Gadot como atriz, mas gosto bastante dela. Acho que se deu super bem como Mulher-Maravilha e torço para que consiga ir além disso. Que consiga bons papéis e mostre seu talento em filmes de drama, suspense, romance, terror... Enfim, que sua carreira deslanche no cinema.
Não conheço nada de rap, samba ou da carreira do Emicida, mas adorei o protagonismo negro, toda a parte de história e cultura.
O documentário é tecnicamente admirável, mesclando belíssimas cenas da apresentação no Theatro Municipal com imagens de arquivo e até animações. Mostra a força, a luta e a importância dos negros para a construção desse país chamado Brasil, bem como as injustiças e dores que sofreram e ainda sofrem.
Produção super atual, ainda mais em um ano de Black Lives Matter. O documentário surpreende ao abordar, ainda que de maneira breve, a crise do coronavírus (eu jurava que as filmagens tinham sido finalizadas antes da pandemia). E, em mais um triste reflexo da desigualdade racial e social, o longa confirma aquilo que vemos nos números: os negros são os mais vulneráveis à doença. Na cidade de São Paulo, a mortalidade entre negros é de 172 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto da população branca foi de 115 mortes a cada 100 mil, segundo dados do Instituto Pólis, divulgados pela Agência Brasil em agosto.
Fico imaginando se o documentário fosse produzido ao mesmo tempo em que teve o assassinato do João Alberto. As datas não bateram, mas com certeza a discussão ficaria ainda mais rica e impactante ao abordar a história do homem que morreu 2 vezes. A primeira quando foi espancado covardemente até a morte. A segunda quando, também covardemente, passaram a julgar seu passado e alguns, inclusive, a justificar o homicídio com base em supostas informações de que João Alberto teria ficha criminal. Os racistas não respeitam os negros em vida e, muito menos, na morte.
Graças ao documentário, conheci Lélia Gonzalez - engraçado que conhecia Angela Davis de nome, mas Lélia nunca tinha ouvido falar. Por que não estudamos nada sobre o movimento negro brasileiro nas escolas?
Fiquei pensativo com a frase do Simonal. Ele falando que torcia pro filho não ter que enfrentar as mesmas barreiras que a sua geração. Claro que muita coisa mudou, mas ainda tem um longo caminho a ser percorrido, com obstáculos enormes como preconceito, ódio, injustiça e desigualdade. Mas, como diz o rap "Pantera Negra", do próprio Emicida, "Com a garra, razão e frieza, mano// Se a barra é pesada, a certeza é voltar".
A Mata Negra
3.2 99Gosto muito do Rodrigo Aragão, mas me decepcionei bastante aqui. Super desinteressante, personagens chatíssimos e sem carisma, muita coisa literalmente cuspida na história sem o mínimo de coesão. A impressão é que bateram no liquidificar várias ideias, juntaram tudo e a mistureba virou "A Mata Negra".
Uma pena... Tomara que nos próximos filmes a gente volte a ver o Rodrigo Aragão de Mangue Negro e As Fábulas Negras
Clickbait (1ª Temporada)
3.6 203 Assista AgoraNão é exagero nenhum dizer que a Netflix está na vanguarda do entretenimento. O catálogo é cheio de bomba? É, sim. Mas, frequentemente, os caras surpreendem com filmes e séries como "Clickbait"
Trama cheia de mistério, reviravoltas, diferentes perspectivas, reflexões sobre família, sensacionalismo midiático, vida privada e a nossa relação com a tecnologia. Um pacote completo que prende do começo ao fim, garantindo 8 episódios que nunca são lentos ou chatos. Aposto que muita gente está vendo a minissérie de uma vez só ou, como eu, dividindo em apenas 2 dias.
Não dá pra deixar passar batido aqui o fato de termos personagens negros e mulheres fortes, decididas, inteligentes e com profundidade. Acrescente aí também um policial muçulmano, uma adolescente asiática, um jornalista gay e, pronto, a série capricha na representatividade.
De parte do elenco, gostei muito da atuação da Zoe Kazan. Para mim, a personagem mais humana e interessante de toda a história.
Ao final, fiquei com um gosto amargo de que tudo que aconteceu
com o Nick poderia acontecer com nós também. É ingenuidade pensar que existe privacidade no mundo tecnológico. Nossos dados estão aí, sendo compartilhados a bel-prazer na internet. E aposto que alguma vez você já utilizou o computador do trabalho para cuidar de assuntos pessoais. Quem garante que não tem ninguém vendo tudo que você faz nesse exato momento ou usando sua identidade?
Como Hackear Seu Chefe
2.7 37Bobinho.... e SUPER DIVERTIDO! Me identifiquei e ri muito com várias situações do filme. Nosso mundo do trabalho home-office cheio de troca de e-mails, reuniões (ou "calls", pros mais americanizados), chamadas de vídeo, etc.
É aquele negócio: desligar o cérebro dos problemas e curtir sem medo de ser feliz.
Um Lugar Silencioso - Parte II
3.6 1,2K Assista AgoraTão bom quanto o primeiro! Além da tensão, aqui a gente tem mais ação, o talento de Cillian Murphy e a interação dos personagens com outros humanos. Mas, pra mim, o maior destaque continua sendo a atriz Millicent Simmonds, que é uma pessoa com deficiência auditiva também na vida real. Ela arrasa muito, faz uma garota cheia de coragem, força, inteligência e determinada a fazer o que for preciso para proteger sua família. Espero que as portas de Hollywood estejam abertas e a gente possa vê-la em mais filmes.
Caminhos da Memória
2.8 216 Assista AgoraAntes de ver o filme, fiquei sabendo que era dirigido por Lisa Joy, cunhada do Cristopher Nolan. Não sei se essa informação me influenciou, mas eu só conseguia ver o estilo do diretor de A Origem no visual, no roteiro, nos diálogos, na construção dos personagens, nos efeitos especiais.
Gostei da representação do nosso mundo em crise. O colapso climático transformou Miami em uma Veneza corrupta, suja e decadente, a humanidade trocou o dia pela noite, a desigualdade social seguiu escancarada (os ricos morando na parte seca da cidade), as cicatrizes de uma guerra mundial (não explicada de quem contra quem) estão vivas nos traumas, memórias e diálogos dos personagens. Daqui a alguns anos, poderemos dizer, pela nossa própria experiência, onde o filme errou e acertou em comparação com a realidade.
Apesar do capricho visual, o roteiro meio água com açúcar. Mistura elementos clássicos de ficção-científica e transforma em uma grande mistureba de muita coisa que já vimos em outras produções (A Origem e Matrix, pra citar apenas dois). E tem alguns furos que estão ali só por conveniência pra história funcionar.
Por exemplo, em determinado momento, o protagonista vivido pelo Hugh Jackman (que está bem no papel) vai em busca da Mae e acaba sendo espancado pelo policial corrupto interpretado pelo Cliff Curtis. Ora, por que motivos o vilão deixou passar a oportunidade de matá-lo? Pela sua personalidade, não é o tipo de pessoa que tem piedade dos inimigos.
Se eu recomendaria o filme? Claro, para ver num sábado de noite e ver sem pretensões em casa é uma boa. Agora, arriscar pegar Covid indo no cinema pra ver Caminhos da Memória não vale tanto a pena.
O Processo
4.0 240Conta tudo aquilo que a gente - pessoas bem informadas - já sabe. Mas vale a pena ver e sofrer de novo com esse pesadelo chamado Brasil.
A Nossa Bandeira Jamais Será Vermelha
3.1 24O papel da imprensa no buraco que nos metemos. Um documentário crítico, político, que traz algumas informações sobre junho de 2013 que eu mesmo não sabia (o fato da imprensa ter mudado repentinamente o viés da cobertura, direcionando a fúria para o governo federal). Novidade também a história do jornalista que foi preso sem acusações em Minas Gerais, na gestão do Aécio Neves.
O fato de trazer depoimentos de grandes nomes da comunicação como Noam Chomsky (considerado por muitos o maior intelectual vivo) e o premiado Glenn Greenwald agrega bastante em credibilidade e conteúdo para a produção.
Ninguém pode negar que a imprensa tem, sim, culpa pela ascensão do Bolsonaro. Fomentaram o antipetismo na população durante anos, transformaram a Lava Jato em uma trama novelesca, criaram o mito Moro, trataram as declarações do então deputado Bolsonaro como "polêmicas" em vez de "criminosas", convenceram a população de que o PT é comunista (o que virou quase um palavrão no Brasil).
E o Estadão, nas eleições de 2018, ainda meteu o editorial "Uma escolha difícil", meio que colocando Haddad e o capitão genocida no mesmo saco. Hoje, renegam o filho. É aquela frase "Crie corvos e eles te comerão os olhos".
Enfim, que o documentário chegue às faculdades de jornalismo e também à maior quantidade de pessoas fora da área - inclusive, fica a dica para assistir na Amazon.
Te Vejo em Breve.
3.0 4História envolvente que prende o espectador. Lembrei do filme "Buscando" pela opção em contar o filme através de ações que acontecem no celular/computador.
Só o final que achei um pouco apressado e digamos decepcionante.
Seria mais legal se a Abu fosse alguma criminosa ou alguém querendo passar a perna no Jimmy, um cara bem possessivo, imaturo e apressado nas relações amorosas, diga-se de passagem. O que ela queria, no fim das contas, era sair da situação em que estava e para isso usou o que tinha ao seu alcance. Bastante compreensível a ação dela. Agora imagina o impacto que seria causado no espectador se ela fosse uma filha da p***, se o roteiro fizesse a gente sentir ódio dela da mesma forma que sentimos da Amy em Garota Exemplar? Com certeza elevaria o filme a um outro nível de qualidade.
Tem alguns furos e situações absurdas também. Como, por exemplo, o Jimmy conseguir entrar na sala de vigilância do prédio e roubar as imagens facilmente. Tipo, qualquer edifício coloca um porteiro/segurança para ficar vigiando as câmeras e não deixar ninguém entrar
De qualquer forma, foi legal terem tocado no tema do tráfico e exploração sexual de mulheres, crime que faz em vítimas em grande parte do mundo.
Tá disponível na Amazon e vale a pena assistir num sabadão de noite, no melhor estilo Supercine.
Tenho Medo Toureiro
3.8 34O amor em tempos de ditadura contado com a sensibilidade típica do cinema chileno (especialista em abordar na telona esse período sombrio de sua história)
No final pode-se levantar o questionamento: afinal, não existia amor entre os dois? A resposta mais óbvia é "e sim, era amor". Mas nossa protagonista não tinha espaço no universo revolucionário dele, tão preconceituoso como tudo que conhecia até então. Ir à luta, pegar em armas, enfrentar ditaduras não está entre as prioridades de uma pessoa que só quer, no fim das contas, ser feliz. Logo, a vida dos dois juntos nunca teria sentido..
O elenco está muito bom. O Alfredo Castro, que protagoniza o longa, é tipo um Ricardo Darín deles. Só acho que poderiam ter contratado uma atriz trans para o papel principal, assim como fizeram em Uma Mulher Fantástica, produção também chilena.
7 Caixas
3.9 189 Assista AgoraFilmaço imperdível. Paraguai mostrando que também faz cinema de primeira.
The Forty-Year-Old Version
4.0 31 Assista AgoraFico feliz de ver cada vez mais vozes negras ocupando espaço no cinema, principalmente na direção.The Forty-Year-Old Version é um bom filme e a fotografia em preto e branco combinou perfeitamente.
É só uma pena que o filme tropece na representação de uma outra minoria. O agente gay da Radha, Archie, é totalmente estereotipado de uma maneira que já cansamos de ver em mil filmes e até novelas brasileiras, especialmente em produções que ridicularizam ou usam personagens LGBTs como mero acessório para piadas. Além do estereótipo de gay afeminado e excêntrico, Archie também lança mão de "favores sexuais" para conseguir emplacar alguns dos seus projetos. Aí está outro erro grave: em tempos de Me Too, usar isso como humor (como faz o longa) não é aceitável.
Última Parada 174
3.5 601O Brasil da desigualdade, da violência, pobreza e ausência do Estado em tela.
Confesso que não sabia nada sobre o sequestro do ônibus 174 e o massacre da Candelária. Dois incidentes muito tristes que mostram o ciclo interminável da violência no nosso país. Em 2019, inclusive, o Rio também foi palco do sequestro de um ônibus que resultou na execução do sequestrador pela polícia. Dessa vez, com direito a comemoração com pulinhos do então governador no local do crime.
Como muita gente apontou abaixo, a sequência do sequestro em si poderia ser melhor explorada. Achei legal o filme explorar a história de vida do Sandro e mostrar além do estereótipo de criminoso. O diretor Bruno Barreto poderia ter estendido um pouco mais o terceiro ato, evidenciando o despreparo dos policiais, a cobertura midiática e a relação do protagonista com os reféns.
Um simples Google mostra que alguns detalhes da história foram alterados, o que é, até certo ponto, normal nesse tipo de adaptação.
Eu mesmo assisti ao filme e não tinha entendido que o Sandro não era filho da Marisa. Fui perceber só depois de ler os comentários daqui e ver que, na história real, essa confusão também aconteceu.
Chi-Raq
3.5 45 Assista Agora"Vamos de escolas de terceira para prisões de primeira linha"
Primeira produção original da Amazon, adaptação de uma peça da Grécia Antiga para a Chicago do século XXI - ou melhor, a Chi-Iraq (mistura de Chicago com Iraque). Uma metrópole de conflitos sociais e raciais que, como o próprio filme informa, matam mais cidadãos americanos do que as guerras do Iraque e Afeganistão juntas.
Meio teatral, meio musical, bem-humorado, satírico, com liberdade criativa para idealizar algumas soluções que a gente sabe que na vida real não chegam tão "fácil" assim. Em "Chi-Iraq", Spike Lee, político como sempre, entrega um belo filme. Não só no sentido visual, mas também pela denúncia da desigualdade, racismo e violência que afligem não só Chicago, mas todos os Estados Unidos. Inclusive, vemos alguns cartazes escritos Black Lives Matter, dialogando diretamente com o momento que vivemos.
Samuel L. Jackson quebrando a quarta parede é a cereja do bolo. E o que dizer do discurso do padre interpretado por John Cusack? A junção de um puta texto com uma puta atuação. Um ataque direto aos privilégios de uma elite enquanto a maioria sofre com o desemprego, a falta de acesso à educação, a violência - enfim, com a ausência do Estado. Não pude deixar de pensar que o padre do filme seria taxado de "comunista" e perseguido no Brasil bolsonarista simplesmente por combater as injustiças.
Ótimo filme que é pouquíssimo comentado e lembrado nas rodas cinéfilas.
"NO PEACE, NO PUSSY"
Vozes
2.9 305Ruim demais, genérico, clichê, vazio. Igual a trocentos filmes que já foram feitos sobre a mesma temática.
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 550 Assista AgoraFilme muito bonito e realista sobre a adaptação de uma família sul-coreana à vida nos EUA. Quase um documentário, até porque na introdução do filme a gente já fica sabendo que a história é baseada na vida do diretor Lee Isaac Chung.
"Minari" é, acima de tudo, humano. Família, amor, dinheiro, futuro, reconhecimento. Tudo isso está em jogo na vida do protagonista Jacob (Steve Yeun, famoso por seu personagem de The Walking Dead), seus filhos, sua esposa e sogra. A gente sabe que o Jacob ama a família, mas fica nítido que coloca suas ambições pessoais na frente do bem-estar deles.
Quem rouba a cena é o pequeno Alan Kim, na pele do David. Muito fofo, divertido, carismático e inteligente! Aquelas cenas em que tenta imitar o grito do pai e fala que a avó não é uma avó de verdade são ótimas. Desde cedo, já mostrando tanto talento. Já pensando no Oscar, é justo que o filme receba indicação tripla nas categorias de atuação. Melhor Ator para Steven Yeun, Melhor Ator Coadjuvante para David S. Kim e Melhor Atriz Coadjuvante para Yoon Yuh Jung (a vovó que "não é vovó de verdade" rs).
Infelizmente, considerando o histórico da Academia, acredito que o pequeno David S. Kim acabará esnobado. Digo isso porque, em 2016, Jacob Tremblay teve uma das melhores atuações do ano no filme "O Quarto de Jack" e foi esquecido no churrasco. Estarei na torcida pra que o mesmo não aconteça agora em 2021.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 798 Assista Agora"E se levássemos nossas vidas bêbados?"
Coincidente, eu tive essa ideia lá em 2016/2017 em um momento de embriaguez. O diretor Thomas Vintenberg, o mesmo de "A Caça" (um dos longas mais impactantes que já vi), foi mais rápido que eu e transformou a pergunta em filme, buscando até uma teoria para validá-la.
Muito divertido ver como, no começo, o álcool torna tudo melhor na vida dos quatro amigos frustrados. As aulas de Martin saem da chatice, da morosidade e se tornam dinâmicas, participativas. É a motivação que estava faltando. Vendo os efeitos positivos, por que não aumentar a dose?
É aí que a conta chega... O que também "livra" o filme de ser acusado pelos moralistas de plantão de glamourizar o consumo excessivo de álcool. Algo que lembra o clássico Trainspotting. Filme no qual também vemos as "maravilhas" e "delícias" do consumo de heroína até que TCHÃ! Um acontecimento sem volta puxa os nossos protagonistas para a dura realidade.
Mads Mikkelsen, mais uma vez, mostra como é um ator foda. A cena final dele dançando é a melhor do filme, um momento de pura liberdade e descarrego do personagem. Se tivesse grana infinita pra fazer o meu próprio filme, super chamaria ele pra compor o elenco - o que o cara fez no já comentado "A Caça" não é pra qualquer um.
"Outra Rodada" (título em português do filme) ficou na minha cabeça dias depois de ter assistido. Mais especificamente as cenas de êxtase embaladas pela música What a Life, de Scarlet Pleasure. A escolha foi cirúrgica! Combinou certinho com o clima do filme e tenho certeza de que vai ficar na cabeça de quem está lendo esse texto também.
♫ What a life, what a night ♫
♫ What a beautiful, beautiful ride ♫
♫ Don't know where I'm in five but I'm young and alive ♫
♫ Fuck what they are saying, what a life ♫
O Cemitério das Almas Perdidas
3.1 72Terror genuinamente nacional com muito sangue, índios, europeus colonizadores, satanismo e fundamentalismo religioso. O grande show é a maquiagem, que não fica devendo em nada para as produções hollywoodianas: os monstrengos do filme se parecem com os orcs do Senhor dos Anéis, tamanho o capricho.
A montagem é um pouco confusa. Tem um momento estilo "A Origem" (rs) com um sonho dentro de um sonho - ou um sonho atrás de outro sonho, não sei. Apesar de ser o filme com o maior orçamento da carreira do Rodrigo Aragão (R$ 2 milhões), não é um dos mais divertidos. Se fosse fazer um TOP 3, colocaria Mangue Negro, Mar Negro e As Fábulas Negras, ou até mesmo A Noite do Chupacabras.
Rodrigo Aragão é um cineasta único no terror nacional, o herdeiro legítimo de José Mojica Marins, embora os filmes dele sejam bem diferentes daqueles do Zé do Caixão. Tenho fé de que vem muita coisa boa por aí.
Soul
4.3 1,4KA beleza da vida está nos pequenos detalhes. Comer uma pizza, sentir o vento no seu rosto, receber o abraço da mãe e uma calça costurada com carinho, ganhar um brinde do barbeiro. Coisas simples que parecem banais, mas que, na verdade, não têm preço. Acredito que essa seja a grande mensagem do filme.
Muito feliz em ver o primeiro protagonista negro em um filme da Pixar/Disney, ainda mais sendo alguém tão cativante como o músico Joe Gardner. Ponto para a representatividade!
Eu queria ter só 10% da criatividade da Pixar. Incrível como eles conseguem sair da casinha e conceber tramas bastante originais, divertidas, pensadas tanto para adultos como crianças. Eu mesmo ri alto e sozinho em dois momentos:
1) Joe e 22 totalmente atrapalhados saindo do quarto no hospital logo depois que a troca de corpos é feita. 2) 22 beijando a tia de Joe na boca.
Por outro lado, traz discussões bem adultas que provavelmente passam despercebidas pelas crianças. Exemplos: O dilema Estabilidade profissional/financeira X ousar e correr atrás dos seus próprios sonhos (Joe sonha em ser parte de uma banda de jazz, mas sua mãe pressiona para aceitar o emprego como professor de música), e vícios e obsessões tomando conta da vida (como no caso da alma presa "no trabalho").
Seu Nome Gravado em Mim
4.0 180Pra um filme de romance funcionar bem, você precisa criar empatia, se conectar com os personagens, torcer pela união deles. Infelizmente, não consegui ter essa experiência com Seu Nome Gravado em Mim (o "Seu Nome" no título foi uma tentativa de fisgar os fãs de Me Chame Pelo Seu Nome? rs).
Achei que a montagem prejudicou o resultado do filme, apesar dos atores esforçados e talentosos. Muitas idas e vindas na história... Não foi uma boa ideia colocar o menino contando a história para o padre (recurso super clichê também).
Segredos Mágicos
4.2 379 minutos de pura beleza, sensibilidade e emoção. Um curta lindo, lindo!
Eu não me aguentei e chorei quando o pai do Greg abraça o Manuel
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraMuito inteligente da parte deles terem inserido um subtexto de relacionamento abusivo a esse tradicional personagem de terror. Isso sim que é modernizar, atualizar um clássico com maestria - eu mesmo me lembro de ter assistido à versão com o Kevin Bacon na Globo quando era criança.
A gente vê a protagonista (brilhantemente interpretada por Elisabeth Moss) se levantando no meio da madrugada, driblando um monte de câmeras, alarmes e um muro e logo se dá conta de que tudo isso não é, necessariamente, para proteger a propriedade de um inimigo externo - mas, sim, para mantê-la enclausurada e vigiada nessa verdadeira fortaleza tecnológica.
O filme traz uma sensação de agonia, tensão e desespero bem forte. A gente se sente no lugar da personagem, observando um cômodo vazio, uma parede, imaginando se o Homem Invisível está ou não ali. Uma experiência bem bacana de terror e suspense. Achei legal que, mesmo parecendo louca para os demais, a Cecilia nunca questiona sua própria sanidade. Ela sabe que está certa, afinal, sabe o grau da psicopatia, imprevisibilidade, obsessão e inteligência do seu ex-marido.
O final é perfeito. Não mudaria nada. A gente se sente vitorioso e aliviado junto com a Cecilia. Muitos roteiristas e diretores teriam caído na tentação de deixar o Adrian escapar impune como a vítima da história como forma de já engatar uma continuação. Leigh Whannell, que eu sempre vou lembrar por sua participação na série Jogos Mortais, não caiu nessa. O que é muito bom - mas, por um lado, me deixa pensando se teremos uma sequência, já que não ficaram pontas soltas. Se eu assistiria um Homem Invisível 2? Se tiver Elisabeth Moss e o mesmo capricho na direção e roteiro, com certeza!
First Cow: A Primeira Vaca da América
3.8 131 Assista AgoraO filme começa tropeçando, melhora no meio e termina super bem!
Nesse caso, achei que enrolaram muito tempo no começo. Claro que precisa mostrar um pouco dos personagens, apresentar eles se conhecendo, etc. Mas demora muito para chegar na parte da produção dos bolinhos e da vaca. É aí que tudo fica mais interessante e a gente passa a acompanhar a história com um olhar mais atento. No fundo, é a história de uma bonita e improvável amizade de duas pessoas tentando ascender socialmente num mundo hostil para eles.
Imagino que alguns vão dizer que o longa não tem um final, sendo que, na verdade, ele termina exatamente onde tem de terminar
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraSão tantos filmes de super-herói lançados recentemente que os novos precisam ter algo que se destaque dos demais para serem atrativos. Mulher Maravilha 1984 não tem isso.
O roteiro, ambientado nos anos 80 durante a Guerra Fria, parece saído de um X-Men - dos fracos ainda, tipo o Apocalipse. O humor não funciona (alguém deu risada do Steve Trevor se atrapalhando com uma escada rolante?) e o romance, como é regra em filme de super herói, é chatíssimo e só ocupa tempo de tela que poderia ser usado para outras coisas.
O desenvolvimento da Mulher Leopardo é muito ruim. Motivação super fraca, cartunesca e clichê. Deveriam ter guardado a personagem pra ser a antagonista principal em um próximo filme, não a vilã secundária. O final então...
jura que conseguiram convencer o mundo a abrir mão dos seus desejos e sonhos? As pessoas da década de 1980 eram mais empáticas do que as pessoas de agora, que fazem festas, viajam a lazer e não usam máscara em plena pandemia? A Barbara do nada escolheu ser meio leopardo e meio humana? Maxwell Lord desistiu do plano de dominação mundial pra cuidar de um filho que ele nem ligava? Parece coisa de Sessão da Tarde
A diretora Patty Jenkins disse, em entrevista, que o vilão Maxwell Lord foi inspirado em Donald Trump. E, realmente, ficou bem parecido! O cabelo, os trejeitos, a maneira de falar, o fato de ser um ricaço com presença na TV, a aparência (com a diferença de ser mais jovem e magro). Em dado momento, ele até fala "You are hired" (Você está contratado), lembrando o clássico "You are fired" (Você está demitido), do reality show O Aprendiz, apresentado por Trump. Mesmo que o personagem seja meio tosco e bobo, achei legal e divertida a referência. Consegui gostar dele por causa disso.
Os efeitos especiais melhoraram bastante do primeiro filme para esse. A sequência de abertura, mostrando uma espécie de olimpíadas das amazonas, é LINDA. Tem cenários que eu adoraria ter visto na tela grande do cinema. Gostei muito também da cena da estrada no deserto à la Mad Max, embalada pela já icônica música-tema da Mulher Maravilha.
Vejo muita gente criticando a Gal Gadot como atriz, mas gosto bastante dela. Acho que se deu super bem como Mulher-Maravilha e torço para que consiga ir além disso. Que consiga bons papéis e mostre seu talento em filmes de drama, suspense, romance, terror... Enfim, que sua carreira deslanche no cinema.
AmarElo - É Tudo Pra Ontem
4.6 354 Assista AgoraNão conheço nada de rap, samba ou da carreira do Emicida, mas adorei o protagonismo negro, toda a parte de história e cultura.
O documentário é tecnicamente admirável, mesclando belíssimas cenas da apresentação no Theatro Municipal com imagens de arquivo e até animações. Mostra a força, a luta e a importância dos negros para a construção desse país chamado Brasil, bem como as injustiças e dores que sofreram e ainda sofrem.
Produção super atual, ainda mais em um ano de Black Lives Matter. O documentário surpreende ao abordar, ainda que de maneira breve, a crise do coronavírus (eu jurava que as filmagens tinham sido finalizadas antes da pandemia). E, em mais um triste reflexo da desigualdade racial e social, o longa confirma aquilo que vemos nos números: os negros são os mais vulneráveis à doença. Na cidade de São Paulo, a mortalidade entre negros é de 172 óbitos por 100 mil habitantes, enquanto da população branca foi de 115 mortes a cada 100 mil, segundo dados do Instituto Pólis, divulgados pela Agência Brasil em agosto.
Fico imaginando se o documentário fosse produzido ao mesmo tempo em que teve o assassinato do João Alberto. As datas não bateram, mas com certeza a discussão ficaria ainda mais rica e impactante ao abordar a história do homem que morreu 2 vezes. A primeira quando foi espancado covardemente até a morte. A segunda quando, também covardemente, passaram a julgar seu passado e alguns, inclusive, a justificar o homicídio com base em supostas informações de que João Alberto teria ficha criminal. Os racistas
não respeitam os negros em vida e, muito menos, na morte.
Graças ao documentário, conheci Lélia Gonzalez - engraçado que conhecia Angela Davis de nome, mas Lélia nunca tinha ouvido falar. Por que não estudamos nada sobre o movimento negro brasileiro nas escolas?
Fiquei pensativo com a frase do Simonal. Ele falando que torcia pro filho não ter que enfrentar as mesmas barreiras que a sua geração. Claro que muita coisa mudou, mas ainda tem um longo caminho a ser percorrido, com obstáculos enormes como preconceito, ódio, injustiça e desigualdade. Mas, como diz o rap "Pantera Negra", do próprio Emicida, "Com a garra, razão e frieza, mano// Se a barra é pesada, a certeza é voltar".